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Por Daniel John FurunoA
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Você em FOCOEsqueça as
comparações e conheça a si mesmo:
seguindo esse simples conselho, é
possível melhorar sua auto-imagem e, conseqüentemente,
acumular vitórias na vida acadêmica
Sem ter ao menos uma idéia da carreira que deseja seguir, o adolescente se vê diante do
desafi o do vestibular. Alguns de seus colegas conseguiram ser aprovados logo na primei-
ra tentativa, mas ele não se julga capaz disso. Matricula-se, portanto, em um cursinho
preparatório. O pai, médico, torcendo para que o primogênito siga seus passos, comenta
que o fi lho de um amigo foi aprovado em uma grande universidade pública. Tentando incentivar,
a mãe diz que pode até ser uma faculdade privada, o que importa é passar. O adolescente não diz
nada, mas sente seu estômago doer ao pensar que, se não fosse pelas aulas particulares, nem mesmo
teria conseguido se formar no Ensino Médio.
Situações com a descrita no parágrafo acima, infelizmente, retratam a realidade de inúmeros jovens.
A comparação de resultados é algo constante em nossas vidas e, até certo ponto, pode ser considerada
um hábito saudável. “Na busca do sucesso pessoal e da satisfação, é comum escolher um amigo, um
atleta ou um empresário bem-sucedido como referência. Mas é bom ressaltar que o excesso de foco
em outra pessoa tira o foco de nós mesmos. Além disso, o caminho que cada um vai percorrer para
alcançar o que deseja será totalmente diferente, porque nós somos únicos”, afi rma Heloísa Yoshida,
psicóloga, pedagoga, coach de carreira e diretora da Sistêmica Desenvolvimento de Pessoas.
Parece óbvio, mas é difícil fugir das tais comparações, que, muitas vezes, levam as pessoas a
se sentirem em desvantagem. Isso pode decorrer tanto da mera consciência de se estar, de fato,
menos preparado, como de um problema um pouco mais grave. Sentir-se constantemente em
uma situação inferior à dos outros pode ser fruto de distorções relacionadas ao autoconceito.
“Trata-se de um conjunto de sentimentos, idéias e opiniões que a pessoa tem de si. Está totalmente
Comportamento10
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baseado em seus valores e crenças individuais
e é construído ao longo da história de vida
pessoal, escolar e familiar, fruto das comu-
nicações, interlocuções, interações sociais e
experiências”, explica Heloísa Yoshida.
Espelho distorcidoO autoconceito refl ete diretamente na con-
duta de uma pessoa diante da vida, incluindo
o estudo e o trabalho, o que signifi ca que dis-
torções na idéia que a pessoa faz de si mesma
podem comprometer seu desempenho em
uma prova ou em uma entrevista de emprego,
por exemplo. “Há diversos casos de jovens que
dizem que não gostam de estudar ou que não
se sentem capazes, mas que, simplesmente,
não estão sendo colocados diante de algo
de seu interesse ou não estão recebendo o
estímulo correto. Já vi muitos professores de
Ensino Médio que, em vez de estimularem
seus alunos, destacando o que eles podem
conseguir, apontam apenas o que eles têm a
perder”, explica Walkyria Maria Coelho, psicó-
loga, psicoterapeuta e instrutora da Sociedade
Brasileira de PNL.
Não é difícil imaginar que a infância e a
adolescência desempenham papel importante
na formação do autoconceito. “Um compor-
tamento inseguro geralmente está associado
a um autoconceito negativo que a pessoa tem
sobre suas habilidades e competências. Pode
ter origem, por exemplo, em rótulos recebidos
na infância, que foram internalizados pela
pessoa”, diz Heloísa Yoshida. “A adolescência
já é uma fase complicada, pois o jovem está
preocupado com sua imagem e suas relações
sociais. Some-se a isso o fato de que, muitas
vezes, os pais projetam suas expectativas em
seus fi lhos ou, então, os matriculam em es-
colas disciplinadoras, para tentar resolver os
problemas com os quais não conseguem lidar
dentro de casa. Além disso, há nosso sistema
Solução possívelApesar de, geralmente, terem sua origem
ligada aos anos de formação, as distorções no
autoconceito podem ser solucionadas mesmo
quando a pessoa já se encontra na fase adulta.
“Na verdade, acaba sendo mais difícil trabalhar
essas questões com crianças e adolescentes, pois
o processo envolve mais gente – os pais e os
professores, notadamente. Adultos dependem
apenas de si mesmos e, em muitos casos, o
tratamento é bastante rápido, uma vez que é
basicamente uma questão comportamental”,
aponta Walkyria Coelho. “Em primeiro lugar,
é preciso que a pessoa busque a mudança,
porque nenhum terapeuta, professor ou coach
poderá ajudá-la se ela não quiser. Em seguida, é
necessário iniciar um processo de autoconhe-
cimento e de ressignifi cação de sua estória de
vida, rótulos e frustrações, entre outros. Nesse
sentido, a PNL ajuda a pessoa a desenvolver
estratégias mentais e elaborar um plano de
ação para guiá-lo até onde ele quer chegar. Por
ser uma ciência que estuda o refl exo de nossas
experiências em nosso comportamento, ela
nos habilita a organizar o pensamento, a ad-
ministrar as emoções e a agir com objetividade
e assertividade. Ela nos ensina a mudar formas
de pensamento negativas e a desconstruir cren-
ças que limitam a nossa vida e nos impedem
de dar passos na direção de nossos desejos”,
conclui Heloísa Yoshida.
Há casos de jovens
que dizem que não
se sentem capazes,
mas que apenas não
estão recebendo o
estímulo correto
de ensino, que valoriza apenas o resultado fi -
nal, e não o processo, o esforço – daí vem toda
a cultura da ‘cola’ e das pessoas que pagam
para que outros façam suas monografi as ou
trabalhos de conclusão de curso”, completa
Walkyria Coelho.
11INTELIGÊNCIA & APRENDIZAGEM
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