Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente...

69
Revista da Estrutura de Aço | Volume 6 | Número 2 Volume 6 | Número 2 Agosto de 2017

Transcript of Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente...

Page 1: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

Revista da Estrutura de Aço | Volume 6 | Número 2

Volume 6 | Número 2Agosto de 2017

Page 2: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

Revista da Estrutura de Aço | Volume 6 | Número 2

ARTIGOSSolução mista para pavimentos com lajes alveolares e

vigas metálicasGustavo Japiassú Filizzola e Marcelo de Araújo Ferreira

Análise estrutural de um sistema de movimentação efixação para galpão móvel

Arielton Vinícius Trindade, Agenor Dias de Meira Júnior e Márcio Walber

Análise numérica de ligações tipo “T” com perfis tubulares de paredes esbeltas

Messias Júnio Lopes Guerra, Arlene Maria Cunha Sarmanho, Gabriel Vieira Nunes, Daniel José Rocha Pereira, João Batista da Silva Neto

Determinação experimental do coeficiente de atrito em superfícies de aço pintadas

Maximiliano Malite e Vitor Cesar Valenciani

86

103

124

144

Page 3: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT 

 * Autor correspondente 

Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 

Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102 ‐ ISSN 2238‐9377 

 Solução mista para pavimentos com lajes 

alveolares e vigas metálicas Gustavo Japiassú Filizzola1* e Marcelo de Araújo Ferreira2 

 

1 Programa de Pós‐Graduação em Estruturas e Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos, Rodovia Washington Luís (SP‐310), Km 235, São Carlos ‐ 

SP, [email protected] 2 Programa de Pós‐Graduação em Estruturas e Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos, Rodovia Washington Luís (SP‐310), Km 235, São Carlos ‐ 

SP, [email protected]  Composite solution for floors with hollow core slabs and steel beams 

 

Resumo Lajes  alveolares  são  elementos  de  elevada  otimização  de  projeto,  sustentabilidade  e racionalização,  considerando  tanto  a  fabricação  quanto  o  projeto.  São  feitas  de  concreto protendido  com  pré‐tração,  e  são  produzidas  por  extrusão  ou  moldagem,  garantindo padronização do produto. Vencem grandes vãos, dispensando escoramentos e fôrmas. São o elemento de fabricação aberta mais utilizando no mundo, podendo ser utilizado em diversos sistemas construtivos. A utilização da  laje alveolar em sistemas mistos é comum nos Estados Unidos e Europa, enquanto que no Brasil ainda é pouco utilizada. Perfis de aço têm elevado potencial para serem aplicados em sistemas mistos, por serem leves, industrializados, terem alta resistência à tração e vencerem grandes vãos. Este trabalho apresenta conceitos do uso de vigas mistas formadas por perfis de aço e lajes alveolares, sendo apresentado um estudo de caso ao final (laje alveolar versus laje com fôrma de aço incorporada). 

Palavras‐chave: vigas mistas, lajes alveolares  Abstract   Hollow  core  slabs  are  elements  that  provide  a  high‐performance  design,  sustainability  and rationalization.  They  are made  of  prestressed  concrete with  pre‐tensioned wires, made  by extruders or molders, ensuring a standard product. Achieve  long spans without propping nor molds. They are the most employed open cicle element in the world, being able to be used with almost all kinds of structural systems. The use of hollow core slabs in composite construction is common in the USA and in Europe, while not in Brazil. Steel profiles are very useful in composite construction,  since  they  are  lightweight, manufactured,  have  good  tension  resistance  and spanning capabilities. This paper presents composite solution for floors with hollow core slabs and steel beams in Brazil, with a comparative study case at the end (hollow core slabs versus steel deck). 

  Keywords: composite beams, hollow core slabs.  

Page 4: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

87 

1 Introdução 

No mundo, as construções mistas têm cada vez mais ganhado espaço, por serem 

mais  sustentáveis,  mais  rápidas  e,  usualmente,  mais  econômicas  pelo  fato  de 

aproveitarem ao máximo as melhores características de cada material. Uma construção 

mista  pode  custar  consideravelmente  menos  que  uma  construção  que  utiliza  um 

material principal. Estas vêm preenchendo lacunas da engenharia moderna, permitindo 

maiores vãos, maior flexibilidade nos projetos, pilares mais esbeltos e vigas mais baixas. 

A utilização de vigas de aço  ligadas mecanicamente a  lajes permite  formar uma 

seção mista. Desta  forma, os dois materiais podem  ter suas principais características 

aproveitadas,  aumentando  a  eficiência  estrutural.  Quando  utilizadas  lajes 

industrializadas, formam os sistemas mistos  industrializados. Goodchild (1995) afirma 

que esse tipo de construção pode prover economia, rapidez, flexibilidade, alta qualidade 

e uma estética agradável, com uma obra mais diversificada.  

Pesquisas  de  Canassa,  Ferreira  e  Serra  (2007)  realizadas  pelo  NETPRE‐  UFSCar 

mostram  como  são  distribuídas  as  aplicações  do  concreto  pré‐moldado  e  outros 

sistemas em construções mistas industrializadas no Brasil. A estatística, apresentada na 

Figura 1,  foi elaborada a partir do  levantamento de 30 edifícios apresentados  como 

construções mistas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. 

  

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Distribuição do uso de diferentes sistemas em construções mistas (Canassa, 

Ferreira e Serra, 2007). 

Page 5: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

88 

Baseado na pesquisa supracitada, pode‐se ver que que dentre os tipos de elementos 

pré‐moldados  de  concreto,  o  que  tem maior  potencial  para  utilização  em  sistemas 

mistos  industrializados  é  a  laje.  De  acordo  ainda  com  a mesma  pesquisa,  as  lajes 

alveolares são os elementos que se adaptam de melhor forma aos sistemas construtivos 

de  ciclo  aberto  (elementos  intercambiáveis  entre  diferentes  sistemas  construtivos), 

podendo ser utilizados como lajes ou painéis (paredes) estruturais.  

As vigas mistas  formadas por perfis de aço e  lajes alveolares  já vem há algum 

tempo sendo utilizadas em larga escala em outros países, como Reino Unido e Finlândia. 

Algumas possibilidades da seção mista formada por estes elementos são apresentadas 

nas Figuras 2 a 4. 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2 – Lajes sobre as mesas superiores do perfil (adaptado de 

http://www.steelconstruction.info/images/0/02/M1_Fig18.png). 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 3 – Lajes chanfradas sobre perfis de aço (Ferreira, 2012). 

Page 6: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

89 

 

 

 

 

 

 

Figura 4 – Lajes sobre as mesas inferiores do perfil (piso misto de pequena altura) 

(http://www.girder‐slab.com/images/home/gst‐system‐illustration‐no‐text.png). 

 

No Brasil, as aplicações ainda são escassas. Um exemplo é um dos shoppings de Belo 

Horizonte, apresentado nas Figuras 5 e 6.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 5 – Obra de shopping em Belo Horizonte: aplicação de laje alveolar em estrutura 

metálica (Premo Pré‐Moldados, 2012). 

 

 

 

 

Page 7: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

90 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 6 – Obra de shopping em Belo Horizonte: aplicação de laje alveolar em estrutura 

metálica (Premo Pré‐Moldados, 2012). 

O pouco conhecimento sobre essa tipologia de piso misto com lajes alveolares ainda é 

um dos maiores entraves para sua disseminação no Brasil, não havendo manuais de 

projeto nacionais para guiar os projetistas e também a ABNT NBR 8800:2008 não trata 

deste assunto. 

Neste trabalho pretende‐se explanar alguns aspectos de lajes alveolares e de lajes 

com  fôrma  de  aço  incorporada.  São  apresentadas  algumas  das  recomendações  de 

dimensionamento de vigas mistas formadas por lajes alveolares, retirados de manuais 

estrangeiros. Ao final, é apresentado um estudo de caso de um pavimento misto, onde 

são  substituídas  as  lajes  com  fôrma  de  aço  incorporada  por  lajes  alveolares,  com 

substituição dos perfis e eliminação de vigas. 

2 Componentes do Edifício 

Um edifício em estruturas mistas é composto basicamente de vigas, pilares, lajes e 

eventuais  estruturas  de  estabilização  (núcleos  rígidos,  contraventamentos,  pórticos, 

etc). O  lançamento estrutural adequado e escolha dos elementos é essencial para a 

estabilidade e a eficiência estrutural, influenciando diretamente nos custos da obra.  Em 

geral, a escolha do tipo de laje irá definir os vãos entre vigas e pilares. Neste estudo são 

Page 8: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

91 

comparadas lajes alveolares e lajes com fôrmas de aço incorporada em sistemas mistos, 

ambas discutidas brevemente abaixo.  

2.1 Lajes alveolares 

Lajes  alveolares  são  elementos  pré‐moldados  de  seção  transversal  variável.  Tal 

variação  na  seção  existe  devido  à  presença  dos  alvéolos,  que  são  núcleos  vazios 

existentes no  sentido  longitudinal do elemento,  separados pelas nervuras, conforme 

ilustrado na Figura 7. A presença de alvéolos neste  tipo de  laje  resulta em um peso 

próprio consideravelmente menor do elemento. 

 

 

 

 

Figura 7 – Seção típica de lajes alveolares e seus componentes. 

O mercado  apresenta  diferentes  seções  de  lajes  alveolares.  Além  da  altura,  os 

fabricantes variam a largura de modulação (módulos de 1198 mm a 1250 mm), a posição 

e  quantidade  dos  cabos  e  os  formatos  e  quantidades  dos  alvéolos  (Figura  8).  Essas 

diferenças  são  consequências  do maquinário  e  do  processo  de  produção  (processo 

convencional, por extrusão ou por moldagem). 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 8 – Diferentes seções de lajes alveolares (COSTA, 2009). 

Page 9: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

92 

As  lajes  são  armadas  por  cordoalhas  (positivas  e  em  alguns  casos,  negativas) 

protendidas com pré‐tração, o que permite vencerem grandes vãos (da ordem de 15 

metros). A protensão contribui para a capacidade de suporte e redução na espessura, 

controle da fissuração e dos deslocamentos; quando prontas na fábrica, naturalmente 

já possuem contra‐flecha. Dispensam o uso de escoramentos na fase construtiva. Não 

possuem armadura de cisalhamento, sendo o concreto protendido o responsável pela 

resistência deste tipo de esforço.  

Elementos de lajes alveolares são um dos mais modernos produtos da indústria de 

concreto pré‐fabricado, devido ao altíssimo controle na execução das mesmas, desde a 

fabricação  até  a  estocagem.  O  concreto  utilizado  na  fabricação  destas  é  de  alto 

desempenho, atingindo valores de fck na faixa dos 50 MPa. Os detalhes de projetos que 

exigem corte do elemento, como canto de pilares, furos e/ou aberturas são executados 

diretamente na fábrica. Segundo Melo (2007), a grande eficiência e baixo custo das lajes 

alveolares  são  atingidos  quando  se  tem  padronização  do  projeto.  Neste  quesito,  o 

projeto de paginação do pavimento ganha grande importância. 

Durante a fase construtiva, é usual que recebam uma capa de concreto estrutural. 

A  capa  ajuda  na  distribuição  de  esforços  para  as  lajes  adjacentes  e  contribui 

consideravelmente para o aumento de rigidez dos elementos. 

2.2 Lajes com fôrma de aço incorporada 

Lajes com fôrma de aço incorporada são elementos mistos compostos por fôrmas 

metálicas  (também conhecidas por telhas‐fôrma) e uma capa de concreto estrutural, 

conforme Figura 9. A aderência mecânica entre os elementos é garantida pelas mossas 

presentes nas fôrmas. 

 

 

 

 

Figura 9 – Laje com fôrma de aço incorporada e seus componentes (Catálogo Técnico 

Polydeck 59S ArcelorMittal, 2016). 

Page 10: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

93 

Neste sistema, a própria  fôrma metálica é utilizada como armadura positiva. Em 

alguns casos, visando aumentar os esforços resistentes de projeto, a armadura positiva 

pode ser complementada com aço em vergalhões. O cisalhamento é resistido pela fôrma 

metálica e pelo concreto. Para  retração e  fissuração,  faz‐se o uso de  telas. O uso de 

escoramento é necessário quando a concepção estrutural não é bem idealizada, ou em 

casos raros. 

No Brasil, as fôrmas são fornecidas com larguras úteis que variam de 820 mm a 915 

mm.  Isso, mais uma vez, exige que o projeto seja padronizado e paginado, visando a 

eficiência e baixo custo do sistema estrutural.  

Podem ser utilizadas em diversos sistemas construtivos, como alvenaria estrutural, 

concreto  armado  e/ou  protendido  e  estruturas  metálicas.  Quando  utilizadas  em 

associação com este último, permitem compor vigas mistas com perfis de aço  tanto 

perpendiculares quanto paralelos às nervuras da fôrma. Neste caso os conectores de 

cisalhamento podem ser soldados diretamente sobre a fôrma. 

3 Parâmetros de projeto 

As vigas mistas  são dimensionadas  conforme a ABNT NBR 8800:2008 e, quando 

utilizadas lajes alveolares, seguindo ainda recomendações das publicações SCI P287, SCI 

P351  e  SCI  P401.  Esta  última  recomenda  que  a  resistência  dos  conectores  de 

cisalhamento seja calculada conforme as expressões do Eurocode 4 (2004), acrescidas 

de um fator de redução k. Quando a distância livre mínima entre as lajes sobre o perfil 

(70 mm para conectores soldados na fábrica e 85 mm para conectores soldados no local) 

e a quantidade de armadura de costura são respeitados, este fator pode ser tomado 

como 0,9. Este fator independe do tipo de acabamento da laje (face da extremidade reta 

ou chanfrada) e da presença ou não da capa estrutural.  

As vigas, quando compactas  (caso da maioria das vigas de edifícios), podem  ser 

dimensionadas  utilizando  as  propriedades  plásticas  da  seção.  O  espaçamento  e 

quantidade  dos  conectores  de  cisalhamento  define  o  grau  de  interação.  Quando 

utilizadas  lajes  com  fôrma  de  aço  incorporada,  a  ABNT NBR  8800:2008  despreza  a 

contribuição  do  concreto  situado  abaixo  da  altura  das  nervuras  da  fôrma. Quando 

utilizadas lajes alveolares, o SCI P287 e o SCI P401 recomendam que a linha neutra deve 

Page 11: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

94 

cortar o perfil. Quando isso não for possível, deve‐se obrigatoriamente utilizar interação 

parcial.  

A armadura de costura, quando utilizadas lajes alveolares, deve ter diâmetro de 16 

mm e ser alocada dentro de alvéolos recortados, como mostram as Figura 10 e 11. O 

espaçamento destas deve ficar entre 20 e 35 cm. Os alvéolos que recebem a armadura 

de costura devem ser posteriormente preenchidos com concreto. 

 

 

 

 

Figura 10 – Recortes em alvéolos (http://www.bison.co.uk/media/1395/composite‐

steel‐beams‐tab.jpg). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 11 – Montagem da armadura de costura em lajes chanfradas 

(http://www.bison.co.uk/pdf/Composite‐Steel‐Beam‐Design‐Considerations.pdf). 

 

Quando utilizada construção não escorada para lajes alveolares, o SCI P287 e o SCI 

P401  recomendam  ainda que  a  viga  seja  verificada  à  torção durante o processo  de 

montagem, de forma que o ângulo de rotação seja inferior a 2 graus quando só há lajes 

apoiando em um lado da viga (fase não balanceada). 

Page 12: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

95 

Para resistir aos carregamentos da fase não balanceada e reduzir os deslocamentos, 

o SCI P401 recomenda que as ligações entre vigas e pilares sejam feitas utilizando chapas 

de extremidade com altura total. 

4 Estudo de caso 

4.1 Edifício em estudo 

O  edifício  em  estudo  é  um  empreendimento  com  térreo,  2  pavimentos  tipo, 

cobertura e torre para caixa d’água. Cada pavimento possui aproximadamente 1174 m² 

de área em projeção e pé direito (piso a piso) de 414 cm. Os pilares são pré‐moldados 

em concreto armado e engastados na  fundação. O pavimento em ambas situações é 

contraventado.  A  laje  é  considerada  rígida  o  suficiente  para  garantir  o  efeito  de 

diafragma rígido.  

A finalidade da edificação é comercial, para lojas.  

As plantas em osso do edifício são apresentadas nas Figuras 12 a 15 (medidas em 

milímetros). As escadas e elevadores,  localizados no  vazio  central do edifício,  foram 

omitidos destas plantas. Os pilares estão locados nas intersecções dos eixos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 12 – Planta do edifício‐ solução com lajes alveolares. 

 

 

 

Page 13: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

96 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 13 – Planta do edifício‐ solução com lajes com fôrma de aço incorporada. 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 14 – Elevação Norte / Sul do edifício. 

 

 

 

 

 

 

 

Page 14: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

97 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 15 – Elevação Leste / Oeste do edifício. 

4.2 Materiais 

As  lajes  foram  escolhidas  de  acordo  com  manuais  e  catálogos  de  fabricantes 

brasileiros. A laje alveolar escolhida possui 25 cm de altura total (sendo 5 cm referentes 

à capa de concreto C30), 9 alvéolos, peso próprio de 4 kN/m² e é biapoiada. A laje com 

fôrma de aço  incorporada escolhida possui 14 cm de altura total (sendo a fôrma com 

altura de 7,5 cm e a capa de concreto C30 com 6,5 cm), espessura da fôrma de 1,25 mm, 

peso próprio de 2,55 kN/m² e é contínua. 

Os perfis de aço que formam as vigas mistas são de aço estrutural ASTM A572 GR50, 

com  tensão de  escoamento  igual  à  345 MPa,  tensão de  ruptura  igual  à  450 MPa  e 

módulo de elasticidade igual à 200 GPa. 

Para as vigas mistas formadas por lajes alveolares, os conectores de cisalhamento 

têm  135 mm  de  altura;  para  as  vigas mistas  formadas  por  lajes  com  fôrma  de  aço 

incorporada, 115 mm de altura. Em ambas situações, os conectores possuem 19 mm de 

diâmetro e tensão de ruptura igual a 400 MPa. 

4.3 Ações 

Foram consideradas apenas cargas distribuídas nas lajes. Em ambos estudos, além 

do peso próprio dos elementos, atuam sobre as lajes: 

Page 15: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

98 

‐Cargas permanentes devido à revestimentos de piso, forros de gesso e paredes em 

gesso acartonado: 2 kN/m²; 

‐Cargas variáveis para lojas (tabela 2 da ABNT NBR 6120:1980):  4 kN/m². 

4.4 Dimensionamento das vigas 

As  vigas  foram  dimensionadas  utilizando  as  propriedades  plásticas  da  seção, 

mediante  uma  análise  elástica.  Todas  foram  consideradas  biapoiadas,  com  vãos 

considerados entre eixos de apoios. Nas vigas mistas formadas por lajes com fôrma de 

aço incorporada, utilizou‐se interação completa nas vigas V3 e interação parcial (99%) 

nas vigas V1 e V2. O uso da interação parcial, neste caso, está relacionado à restrição de 

espaçamento dos conectores, que deve ser igual a distância entre os centros das ondas 

baixas da fôrma (274 mm). Nas vigas mistas formadas por  lajes alveolares, utilizou‐se 

interação parcial (90%). O uso da interação parcial, neste caso, é recomendado pelo SCI 

P401 quando a  linha neutra plástica corta a  laje. O grau de  interação de 90% é o que 

resulta  em  momentos  fletores  de  projeto  mais  próximos  dos  momentos  fletores 

resistentes. As vigas foram consideradas não escoradas durante a construção. Nas lajes 

alveolares, os alvéolos que não recebem a armadura de costura não são preenchidos 

com concreto; portanto, o concreto abaixo do topo dos alvéolos foi desprezado. As vigas 

de borda e de contorno das caixas de elevadores e escadas não foram dimensionadas 

como mistas e utilizaram os mesmos perfis das vigas mistas. 

A resistência individual dos conectores de cisalhamento foi calculada conforme as 

expressões da ABNT NBR 8800:2008. Quando utilizadas  lajes alveolares, a resistência 

dos  conectores  foi  multiplicada  pelo  fator  redutor  k,  igual  a  0,9,  conforme 

recomendação do SCI P401. 

No cálculo para o estado limite de serviço, ambas soluções exigiram contra‐flechas 

em todas as vigas mistas. As tensões em serviço, em ambas soluções, ficaram inferiores 

à tensão de escoamento do perfil de aço. 

A largura efetiva calculada para a solução com lajes alveolares foi de 240 cm. Para 

a solução com lajes com fôrmas de aço incorporada, a largura efetiva calculada das vigas 

principais foi de 200 cm; para as vigas secundárias, foi de 240 cm. O detalhamento da 

seção da viga mista com a laje alveolar é apresentado na Figura 16. 

Page 16: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

99 

 

 

 

 

 

 

Figura 16 – Seção da viga mista com laje alveolar. 

4.5 Consumo de materiais 

Os  consumos médios de aço em perfis por pavimento para a  solução  com  lajes 

alveolares  e  com  lajes  com  fôrma  de  aço  incorporada  são  apresentados, 

respectivamente, nas tabelas 1 e 2. As vigas foram nomeadas de acordo com o esquema 

de fabricação, ou seja, vigas com esforços diferentes, mas com repetição na fabricação 

recebem o mesmo nome. 

Tabela 1 – Consumo de materiais na solução com lajes alveolares.  

Elemento  Tipo  Peso total (kg)  Consumo/m² 

Viga V1  Soldado‐ CVS 450x130  23574,3 

28,1 Viga V2  Soldado‐ CVS 450x130  1204,7 

Viga V3  Soldado‐ CVS 450x130  7767,0 

Viga V4  Soldado‐ CVS 450x130  392,3 

Ligações (5%)  Chapas e parafusos  1733,6  1,5 

Total  34671,8  29,5 

 

 

 Tabela 2 – Consumo de materiais na solução com lajes com fôrma de aço incorporada. 

Elemento  Tipo  Peso total (kg)  Consumo/m² 

Viga V1  Soldado‐ VS 450x60  10943,2 

29,5 Viga V2  Soldado‐ VS 450x60  8388,3 

Viga V3  Soldado‐ VS 600x111  14933,1 

Viga V4  Soldado‐ VS 450x60  227,6 

Ligações (5%)  Chapas e parafusos  1815,4  1,6 

Total  36307,6  31,1 

  

Page 17: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

100 

Por pavimento,  a  solução  com  lajes  alveolares  consumiu  aproximadamente 964 

conectores de cisalhamento (322,9 kg), exigiu 74,5 m³ de concreto moldado no local e 

3907 kg de aço em telas soldadas. A solução com lajes com fôrma de aço incorporada 

consumiu aproximadamente 1783 conectores  (523,8kg), exigiu 135,1 m³ de concreto 

moldado no local e 4912 kg de aço em telas soldadas.

4.6 Carga em um pilar 

As  duas  soluções  fornecem  carregamentos  diferentes  nos  pilares. Diante  disso, 

comparou‐se a carga axial no pilar P8 (intersecção dos eixos 2 e B) para as diferentes 

soluções do pavimento. Quando utilizadas lajes alveolares, a força normal de projeto na 

cabeça do pilar, proveniente de um pavimento tipo, é de 1271 kN. Quando utilizadas 

lajes com fôrma de aço incorporada, é de 1127 kN. 

4.7 Conclusões 

O consumo de perfis de aço por metro quadrado foi 5% menor em relação à solução 

com  lajes  com  fôrma de  aço  incorporada. Em peso,  a quantidade de  conectores de 

cisalhamento foi 38% menor; em quantidade, foi 46% menor. Estes últimos podem ainda 

ser soldados nas fábricas quando a solução com lajes alveolares é utilizada. A quantidade 

de concreto moldado no local foi 45% menor. O peso das telas de aço soldadas foi 20% 

menor. 

A  solução  com  lajes  com  fôrma  de  aço  incorporada  gerou  esforços  normais  de 

projeto no pilar P8 11,3% menores em relação à solução com lajes alveolares.  

A  altura  livre  do  pavimento  na  solução  com  lajes  alveolares  foi  de  344  cm. Na 

solução com lajes com fôrma de aço incorporada, 340 cm sob as vigas V3 e 355 cm sob 

as demais vigas.  

A inexistência de vigas paralelas à V3 na solução com lajes alveolares facilita ainda 

as instalações prediais. A redução na quantidade de vigas reduz gastos com a mão de 

obra, principalmente ligações. 

O espaçamento restrito da armadura de costura quando utilizadas lajes alveolares 

exige com que a laje tenha mais alvéolos. A necessidade da abertura dos alvéolos para 

alocação destas armaduras gera uma etapa a mais de trabalho na fábrica. 

Page 18: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

101 

 Analisando os consumos de materiais desta edificação e o exposto, a solução de 

vigas  mistas  formadas  por  lajes  alveolares  mostrou‐se  viável.  A  dispensa  de 

escoramento  em  ambas  soluções  pode  ainda  liberar  mais  frentes  de  trabalho  no 

pavimento.  Destaca‐se  ainda  que  neste  artigo  foram  utilizados  vão  usuais  para 

estruturas metálicas. Entretanto, pode‐se aumentar a eficiência do sistema aumentando 

o vão das lajes alveolares, que são mais competitivas com vãos entre 10 e 12 metros. 

5 Agradecimentos 

À Universidade Federal de São Carlos, ao Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré‐

Moldados de Concreto (NETPre), ao senhor Francisco Celso Silva Rocha. 

6 Referências bibliográficas 

ARCELORMITTAL. Catálogo Técnico Polydeck 59S. 12. ed. São Paulo, Brasil, 2016. 3 p. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, Brasil, 1980. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, Brasil, 2008. 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA DE NORMAS  TÉCNICAS. NBR  9062:  Projeto  e  execução  de estruturas de concreto pré‐moldado. Rio de Janeiro, Brasil, 2006. 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  14861:  Lajes  alveolares  pré‐moldadas de concreto protendido ‐ Requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro, Brasil, 2011. 

BISON  MANUFACTURING  LTD  (2016).  Composite  Steel  Beam.  Disponível  em:  < http://www.bison.co.uk/media/1395/composite‐steel‐beams‐tab.jpg>. Acesso  em:  15 Out. 2016.  

BISON  MANUFACTURING  LTD  (2016).  Composite  Steel  Beam.  Disponível  em: <http://www.bison.co.uk/pdf/Composite‐Steel‐Beam‐Design‐Considerations.pdf>. Acesso em: 31 Mar. 2017.  

COSTA,  O.  O.  da.  Avaliação  de  desempenho  de  elementos  de  lajes  alveolares protendidas pré‐fabricadas. 2009. 155  f. Dissertação  (Mestrado) – Programa de Pós‐Graduação em Estruturas e Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.  

CANASSA, P. A. V. A.; FERREIRA, M. de A.; SERRA, S. M. B.. A Utilização de Estruturas Pré‐fabricadas de Concreto em Construções Mistas no Brasil.  In: Congresso Brasileiro do Concreto, 49., 2007. Bento Gonçalves. Anais... Bento Gonçalves: IBRACON, 2007. p. 1‐16.  

Page 19: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

102 

EUROPEAN  COMMITTEE  FOR  STANDARDIZATION.  Eurocode  4:  Design  of  composite steel and concrete structures. Part 1.1: General Rules and rules for building. Bruxelas, Bélgica, 2004.  

FERREIRA,  M.  de  A.  Construção  Mista  Industrializada.  In:  SEMINÁRIO  LATINO AMERICANO  DE  PROJETO  E  APLICAÇÕES  DE  ESTRUTURAS  DE  CONCRETO  PRÉ‐FABRICADOS, 2012, São Paulo. Palestras... São Paulo: ABCIC, 2012. 

GIRDER‐SLAB  TECHNOLOGIES  (2016).  The  Girder‐Slab  System.  Disponível  em: <http://www.girder‐slab.com/images/home/gst‐system‐illustration‐no‐text.png>. Acesso em: 16 Out. 2016. 

GOODCHILD, C. H. Hybrid Concrete Construction: Combining Structural Materials for Speed, Quality  and  Economy  in Buildings.  1.  ed. Berks: Crowthorne British Cement Association, 1995. 

MELO, C. E. E. Manual Munte de Projetos em Pré‐Fabricados de Concreto. São Paulo: PINI, 2007. 

NARDIN, S. CIV 266‐ Introdução aos Sistemas Estruturais Mistos e Híbridos de Aço e Concreto. 29 set. 2014, 05 dez. 2014. Notas de Aula. São Carlos, 2014. 

Premo Pré‐Moldados. Obra de shopping em Belo Horizonte: aplicação de laje alveolar em estrutura metálica. Foto cedida para banco de obras NETPRE. 2012. 

STEELCONSTRUCTION.INFO  (2012).  Composite  Beam  With  PCC  Hollow  Core  Slab. Disponível  em:  <http://www.steelconstruction.info/images/0/02/M1_Fig18.png>. Acesso em: 16 Out. 2016. 

THE STEEL CONSTRUCTION INSTITUTE. PUBLICATION P287: Design of Composite Beams Using Precast Concrete Slabs. Ascot, Reino Unido, 2003. 

THE STEEL CONSTRUCTION  INSTITUTE. PUBLICATION P351: Precast concrete floors  in steel framed buildings. Ascot, Reino Unido, 2007. 

THE STEEL CONSTRUCTION INSTITUTE. PUBLICATION P401: Design of Composite Beams Using Precast Concrete Slabs In Accordance With Eurocode 4. Ascot, Reino Unido, 2014. 

Page 20: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

      Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICTo 

* Autor correspondente 

 

Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 103‐123 ‐ ISSN 2238‐9377

Recebido: 02/03/2017 Aprovado: 17/06/2017 

 Análise estrutural de um sistema de 

movimentação e fixação para galpão móvel Arielton Vinícius Trindade1, Agenor Dias de Meira Júnior2 e Márcio Walber2 

1 Mestre em Projeto e Processos de Fabricação, Universidade de Passo Fundo, [email protected] 

2 Professor do Programa de Pós‐Graduação em Projeto e Processos de Fabricação, Universidade de Passo Fundo, BR 285 Bairro São José, Passo 

Fundo/RS, [email protected] e [email protected] 

 

Structural analysis of a moving and fixing system for mobile shed 

Resumo 

A utilização de galpões móveis na fabricação de peças da área naval tem melhorado as condições de trabalho das pessoas que estão expostas à  intempéries e possibilitando que componentes sejam fabricados em  locais variados. Um dos principais  itens do galpão móvel é o sistema de movimentação  e  fixação, pois  recebem  as  ações decorrentes do  vento, do peso próprio da estrutura e da força acidental. Neste trabalho utiliza‐se o método de elementos finitos, através do  software Ansys/Ls‐Dyna para  simular a  força máxima que o  sistema de movimentação e fixação suporta antes de entrar em colapso, por plastificação das chapas que compõe o sistema ou a deformação plástica do mancal, aplicando‐se como condições de contorno os movimentos de rotação e de translação no pilar, o qual está vinculado à base e realizando‐se a verificação da tendência ao tombamento do galpão móvel. 

 

Palavras‐chave: Galpão móvel, estrutura de aço, elementos finitos. 

 Abstract   

The use of mobile sheds in the manufacture of pieces of the naval area has improved the working conditions  of  people  who  are  exposed  to  the  weather  and  allowing  components  to  be manufactured in various locations. One of the main items of the mobile shed is the system of movement and fixation, they receive the actions to the wind, the own weight of the structure and the accidental load. In this study is used the finite element method, through the software Ansys  /  Ls‐Dyna,  to  simulate  the maximum  load  that  the  system of movement  and  fixation supports before collapsing, by plastification of the plates that compose the system or the plastic deformation  of  the  bearing,  applying  as  boundary  conditions,  the  rotation  and  translation movement in the pillar, which is linked to the base and verifying the tendency to tilt the mobile shed. 

Keywords: Mobile shed, steel structure, finite elements. 

Page 21: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

104 

 

1 Introdução 

Considerando o aperfeiçoamento constante das empresas da área naval em busca pela 

qualidade  e  aumento  da  produtividade,  os  galpões  móveis  estabelecem  valor 

significativo. Os galpões móveis auxiliam na melhoria das condições de  trabalho dos 

funcionários, conforme previsto na norma regulamentadora NR 21:1999 e também na 

diminuição da perda de produção devido aos fatores climáticos, visto que os galpões 

móveis abrangem uma ampla área de cobertura na fabricação de peças e componentes. 

A  área  dos  galpões  de  aço móveis  possui  abrangência  superior  aos  galpões  de  aço 

típicos,  pois,  estes,  estão  fixados  em  determinado  local  sem  a  possibilidade  de 

deslocamento, a menos que sejam desmontados.  

A Figura 1 apresenta o desenho esquemático de movimentação do galpão de aço. O 

galpão é apoiado em trilhos e cada trilho é posicionado em  linhas de eixo dos pilares 

seguindo uma  trajetória definida. Esta  trajetória é pré‐estabelecida de acordo com a 

necessidade  de  cada  empresa,  possibilitando  assim  a  fabricação  e  montagem  de 

estruturas de grande porte e com dificuldade no manuseio. Desse modo, as estruturas 

de grande porte podem ser produzidas em  locais variados tornando o processo mais 

produtivo, reduzindo os tempos ociosos da manufatura e buscando uma organização 

racional do layout das fábricas. 

 

Figura 1 ‐ Desenho esquemático de movimentação do galpão de aço móvel. 

O  propósito  deste  trabalho  é  analisar  a  estrutura  de  um  sistema  de  fixação  e 

movimentação para galpão móvel que foi desenvolvido por Trindade (2016) através do 

método de elementos finitos. Além da análise, serão comparados os resultados obtidos 

com as reações de apoio que são determinadas através da aplicação como condições de 

Page 22: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

105 

 

contorno,  dos  esforços  de  vento  prescritos  na  norma  ABNT  NBR  6123:1988  e  das 

combinações de ações previstas na norma ABNT NBR 8800:2008 em uma simulação da 

estrutura simplificada como pórtico. Para esta simulação foi utilizado o software Ftool, 

no qual essas ações podem provocar o movimento ou arranque do galpão de aço da sua 

posição de trabalho, bem como a falha por colapso plástico das peças que compõem o 

sistema de movimentação e fixação. 

2 Metodologia desenvolvida 

2.1 Ações atuantes no pórtico 

As ações do vento atuantes no sistema de fixação e movimentação do galpão de aço 

seguem a prescrição da norma ABNT NBR 6123:1988. Na Figura 2 (a), é ilustrada a seção 

transversal do  galpão  com  as  cotas entre os pilares,  a  altura  livre e  a  inclinação da 

cobertura. A Figura 2 (b) mostra a elevação lateral com o espaçamento entre os pórticos 

e a largura total. 

 

Figura 2 ‐ Dimensões macro do galpão de aço, medidas em milímetros. 

As considerações para o cálculo da ação do vento, listadas a seguir, são para o galpão 

ilustrado na Figura 2, sendo: 

‐ Velocidade básica do vento Vo = 50 m/s; 

‐ Fator topográfico S1 = 1 terreno plano;  

‐ Fator de rugosidade S2 = categoria I adotada ‐ classe B. Na Tabela 1 são mostrados os 

diferentes valores do fator de rugosidade de acordo com a altura do galpão. 

      Tabela 1 ‐ Fator de rugosidade S2. 

 

SEÇÃO TRANSVERSAL

20000

1200

0

1328

5

ELEVAÇÃO LATERAL

4 X 7500 = 30000

contraventamentosverticais

vigas de travamento

viga de açoperfil W410x60.0

pilar de açoperfil W610x101.0

(a) (b)

Page 23: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

106 

 

‐ Fator estatístico S3 = 0,95; 

Para o cálculo da velocidade característica do vento (Vk) é utilizada a velocidade básica 

do vento  (Vo), o  fator  topográfico S1, o  fator de  rugosidade do  terreno S2 e o  fator 

estatístico  S3,  conforme  apresentado  na  Equação  (2.1).  Para  determinar  a  pressão 

dinâmica (qk) do vento é utilizada a Equação (2.2).  

. . . (2.1) 

0,613. (2.2) 

A ação permanente  (FGi,k) estimada para a estrutura de aço é de 0,10 kN/m² para as 

telhas, 0,05 kN/m² para os contraventos, 0,10 kN/m² para as terças e tirantes e de 0,20 

kN/m² para as vigas e pilares, totalizando 0,45 kN/m², que de acordo com Bellei (1998), 

é classificado como um galpão leve. O carregamento uniformemente distribuído sobre 

o pórtico, conforme Pravia et al. (2010) é dado pela multiplicação da ação permanente 

pelo espaçamento entre os pórticos (Figura 2) para obter‐se então a força por metro, ou 

seja, 3,375 kN/m. 

A ação acidental (FQi,k), conforme a norma ABNT NBR 8800:2008 (anexo B), não deve ser 

menor  que  0,25  kN/m².  Portanto,  para  determinar  o  carregamento  uniformemente 

distribuído, é multiplicado o valor da ação acidental pelo espaçamento entre os pórticos 

(Figura 2), sendo o valor da força por metro em um pórtico de 1,875 kN/m. 

2.2 Combinações de ações atuantes no pórtico 

As combinações de ações seguem a prescrição da norma ABNT NBR 8800:2008 e neste 

trabalho estão denominadas por FD,1, FD,2 e FD,3.  A Figura 3 (a) apresenta a combinação 

de ações  FD,1 e nela  são utilizados os  coeficientes de ponderação  referente ao peso 

próprio da estrutura de aço e as ações variáveis, resultando numa força distribuída, no 

eixo Y, de 7,03 kN/m. A Figura 3 (b) e (c) mostra as combinações FD,2 e FD,3 em que são 

utilizadas as forças resultantes da ação do vento mais nocivas para a estrutura, sendo as 

forças devido ao vento decompostas segundo os eixos globais para a montagem das 

combinações, onde são obtidos como resultados, no eixo X, a força distribuída máxima 

de  ‐16,3  kN/m e de 12,7  kN/m  respectivamente e para o eixo Y, a  força distribuída 

máxima de ‐12,9 kN/m para ambas as combinações de ações. 

Page 24: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

107 

 

 

 

Figura 3 ‐ Força por metro (a) FD,1, (b) FD,2 e (c) FD,3. 

3 Resultados da análise estrutural do pórtico 

Na  análise  do  comportamento  estrutural  do  galpão  de  aço  é  utilizado  o  programa 

computacional Ftool (2015), o qual calcula o deslocamento, os esforços axiais, cortantes 

e os momentos  fletores que atuam na estrutura. A vinculação utilizada na base dos 

pilares  é o  engaste  rígido, pois nessa  condição,  surgem  como  reações de  apoio  um 

momento  fletor,  uma  reação  vertical  e  uma  reação  horizontal.  Como  o  objetivo  da 

análise é a obtenção do momento de tombamento do galpão, esta vinculação é a mais 

adequada. Com o vínculo rígido, não é considerada qualquer tendência de giro do pilar 

da base, decorrentes dos aspectos construtivos da base do pilar, que não é projetada 

para  ser  rígida,  podendo  ocorrer  alguma  rotação,  ou  seja,  a  vinculação  pode  ser 

considerada semirrígida. Na Figura 4 é apresentado os resultados das reações nas bases, 

juntamente com a geometria deformada dos pórticos analisados nas três combinações 

de ações previstas FD,1, FD,2 e FD,3. 

 

Figura 4 ‐ Reações nas bases, (a) FD1, (b) FD2, (c) FD3. 

Na Tabela 2 serão apresentadas as maiores ações na base A e B do pórtico sendo que: 

N é o esforço axial em kN; 

7,03 kN/m 12,9 kN/m

1,42

kN

/m16

,3 k

N/m

1,42

kN

/m

16,3

kN

/m

12,9 kN/m

0,95

kN

/m

7,79 kN/m

A

C D

B

E

A

C D

B

E D

A

C

B

E

12,7

kN

/m

9,1

kN/m(a) (b)

20 m

12 m

x

y

x

y

x

y

sem escala

Decomposição das açõesA

"A" "A"

5°(c)

sem escala

Decomposição das açõesA

21.8 kN 95.3 kNm

70.3 kN 21.8 kN 95.3 kNm

70.3 kN

A

C D

B

E(a)

x

y A

C D

B

E(b)

x

y

84.3 kN 132.9 kNm

129.0 kN

84.3 kN132.9 kNm

129.0 kN

A

C

B

E(c)

x

y

181.5 kN789.7 kNm

139.4 kN 89.1 kN 435.3 kNm

68.3 kN

Page 25: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

108 

 

M é o momento fletor em kN.m, sendo o sentido horário com sinal negativo e o sentido 

anti‐horário sinal positivo; 

V é o esforço cortante em kN. 

Tabela 2 ‐ Resumo das ações nas bases do pórtico principal. 

 

Através dos dados  informados na Tabela 2, conclui‐se que os maiores esforços axiais, 

esforços cortantes e momentos atuantes no centro geométrico das bases A e B dos 

pilares de aço são os seguintes:  

a) esforços axiais de 139,4 kN na base A e 129,0 kN na base B; 

b) esforços cortantes de 181,5 kN na base A e 89,1 kN na base B; 

c) o momento fletor de ‐789,7 kN.m na base A e ‐435,3 kN.m na base B. 

A seguir, será realizada a análise estrutural do sistema de movimentação e fixação do 

galpão de aço móvel através da prescrição para o pilar de aço de rotação, translação 

horizontal e vertical e a combinação desses, utilizando o método de elementos finitos. 

4 Procedimento para a análise em elementos finitos 

Com  finalidade de  realizar  a  análise estrutural do  conjunto montado,  foi utilizado o 

software  de  elementos  finitos  Ls‐Dyna  em  uma  análise  plástica  para  simular  uma 

condição  extrema  no  mancal.  A  análise  foi  realizada  através  da  prescrição  de 

deslocamento de  rotação e/ou de  translação, provocado pela ação do vento, com o 

colapso  total  do mecanismo  de  fixação/translação  do  galpão  de  aço,  por meio  da 

plastificação  das  chapas  que  constituem  o  mecanismo.  O  objetivo,  portanto,  é 

determinar a força de colapso plástico do mecanismo de fixação/translação do galpão 

de aço e compará‐la com as ações da Tabela 2, originada pelas forças atuantes na base 

BasesTipos de esforços

Combinação FD,1

Combinação FD,2

Combinação FD,3

N (axial) -70,3 129,0 139,4

M (momento) 95,3 132,9 -789,7

V (cortante) -21,8 -84,3 181,5N (axial) -70,3 129,0 68,3

M (momento) -95,3 -132,9 -435,3V (cortante) 21,8 84,3 89,1

B

A

Page 26: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

109 

 

do galpão. Desta  forma, determina‐se a segurança da estrutura conforme os estados 

limites últimos, referente à falha por colapso de sobrecarga do mecanismo.  

Segundo a norma ABNT NBR 8800:2008, o método dos estados‐limites utilizado para o 

dimensionamento  de  uma  estrutura  exige  que  nenhum  estado‐limite  aplicável  seja 

excedido quando  a estrutura  for  submetida  a  todas  as  combinações  apropriadas de 

ações. Se um ou mais estados‐limites forem excedidos, a estrutura não atende mais aos 

objetivos para os quais foi projetada. 

As condições usuais de segurança, referente aos estados‐limites últimos, são expressas 

pela desigualdade da Equação  (4.1) para a situação em que é  realizada a verificação 

isolada dos esforços atuantes. 

( 4.1 ) 

Assim: 

Sd representa os valores de cálculo dos esforços atuantes; 

Rd representa os valores de cálculo dos correspondentes esforços resistentes. 

Neste trabalho, não estão sendo medidas as tensões e deformações nos componentes 

estruturais do mecanismo de fixação projetado. Ou seja, foi realizada uma verificação 

das  forças de  colapso global da estrutura por grandes  rotações e/ou deslocamentos 

horizontais  e  verticais,  comparando  com  os  dados  obtidos  das  reações  de  apoios 

durante a análise estrutural do pórtico. 

Para  a  realização  desta  análise,  foi  desenvolvido  o  modelamento  3D  no  software 

Solidworks, no qual  foi possível  gerar o modelo de maneira  confiável. Assim,  foram 

eliminadas possíveis falhas de compatibilização entre as peças que compõem o conjunto 

mantendo a folga entre os componentes (Figura 5 (b)), cuja folga é prevista para facilitar 

o manuseio, também foram mantidas somente as peças que possuem função estrutural 

(Figura 5 (a)), exceto a base de concreto e os chumbadores.  

Page 27: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

110 

 

 

Figura 5 ‐ Modelo para a análise em elementos finitos. 

O modelo 3D é então importado para o software Ansys/Ls‐Dyna para a definição do tipo 

de  elemento  a  ser  utilizado  na  análise. Optou‐se  pelo  elemento  section_solid_3  da 

biblioteca de elementos finitos do Ls‐Dyna (2003), o qual é composto por um elemento 

de oito nós quadrático de  integração cheia e com rotações nodais. Através de testes 

com diferentes refinos de malha, comprovou‐se que o refino da malha não precisa ser 

levado  em  consideração,  até  o  instante  em  que  as  folgas  entre  as  peças,  previstas 

durante o modelamento 3D  são mantidas, podendo‐se utilizar uma malha grosseira. 

Após o contato entre as peças ocorre um aumento na rigidez do conjunto, fazendo com 

que  o  refino  da malha  apresente  pequenas  variações  nos  resultados  das  forças  e 

momentos de  reação, que  são obtidos a partir do corpo  rígido  (pilar  I). Neste artigo 

apresentou‐se uma malha  fina, a qual  foi utilizada nos  testes do  refino da malha. A 

discretização utilizada no modelo gerou 351.563 elementos e 91.440 nós.  

O conjunto sistema de fixação e movimentação e o pilar de aço são divididos em duas 

partes: uma dessas partes  é  composta  com material  rígido  e  a  outra,  com material 

plástico cinemático, a fim de reduzir o esforço computacional, o qual é reduzido pela 

utilização do material rígido. A Figura 6 (a) mostra a discretização utilizada. A Figura 6 

(b) apresenta o pilar de aço definido como material rígido e para os trilhos, o mecanismo 

de fixação e movimentação, o material utilizado é o plástico cinemático. 

Page 28: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

111 

 

 

Figura 6 ‐ (a) Discretização da malha, (b) Tipos de materiais e sentido dos esforços. 

Para simular a condição extrema em que o mecanismo de fixação e movimentação está 

sendo  solicitado,  foram  prescritas  rotações  e  deslocamentos  como  condições  de 

contorno, utilizando o comando *BOUNDARY_PRESCRIBED_MOTION_RIGID_LOCAL do 

software Ls‐Dyna, sendo essas prescrições aplicadas no centro de massa do material 

rígido. Foram prescritos rotação em torno do eixo Z para simular o momento, translação 

em torno do eixo X para simular o esforço cortante e translação na direção positiva de 

Y para simular o esforço axial.  

Para determinar a velocidade de rotação em  torno do eixo Z, utilizou‐se da Equação 

(4.2), onde V0 é a velocidade básica do vento, w é a velocidade de rotação em radianos 

por segundo e r é o raio do pilar de aço, obteve‐se dessa forma a velocidade de rotação 

de 8,33 rad/s, sendo aplicada no centro de massa do pilar de aço. 

. ( 4.2 ) 

A velocidade de translação nas direções X e Y são de 2 m/s e 1 m/s, respectivamente. 

Utilizou‐se como critério para definir as velocidades de  translação, o  tempo em que 

ocorre o contato entre as peças, de acordo com a velocidade de rotação, ou seja, no 

tempo  de  0,001  s,  e  o  deslocamento  mínimo  permitido  previsto  durante  o 

desenvolvimento do modelo 3D, sendo de 2 mm na translação horizontal e de 1 mm na 

translação  vertical  conforme  Figura  5  (b). O  aumento  da  velocidade  de  rotação  ou 

translação faz com que ocorra um aumento na rigidez do conjunto, fazendo com que as 

Page 29: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

112 

 

forças de reações sejam maiores do que as que realmente incidem na estrutura, devido 

ao efeito do impacto entre as partes dos componentes do conjunto. 

A  parte  superior  do  pilar  de  aço  não  possui  vinculação.  O  vínculo  de  restrição  ao 

deslocamento nas direções x, y e z acontece na superfície inferior da mesa do trilho. O 

software Ansys/Ls‐Dyna permite a escolha do número de pontos para saída dos arquivos 

gráficos que são armazenados, neste caso num arquivo de saída chamado *bndout, que 

fornece o gráfico da força versus tempo e no arquivo de saída *rbdout, que fornece o 

gráfico do deslocamento e/ou rotação pelo tempo. Através desses arquivos de saída são 

gerados os gráficos do momento versus rotação e da força versus deslocamento. 

Realizaram‐se quatro tipos de análises numéricas a fim de verificar estruturalmente o 

conjunto de fixação do galpão de aço. Na primeira análise foi prescrita somente rotação, 

produzindo como  resultado um momento. Na  segunda análise  foi prescrita  somente 

translação  horizontal,  produzindo  como  resultado  o  esforço  cortante.  Na  terceira 

análise, apenas a translação vertical, produzindo como resultado um esforço axial e na 

quarta  análise,  foi  prescrita,  simultaneamente,  rotação  e  translação  horizontal  e/ou 

vertical, produzindo como resultado o momento e os esforços cortante e axial. A partir 

das análises realizadas, obtiveram‐se o comportamento ao longo do tempo dos valores 

de momento  e  respectivas  rotações  e  força  e  respectivos  deslocamentos.  Com  os 

resultados obtidos foram gerados os gráficos de momento e forças versus rotações e 

deslocamentos. 

5 Resultados da análise numérica do conjunto 

5.1 Simulação do momento 

Na primeira simulação é utilizada somente a prescrição de rotação em torno do eixo Z, 

para representar a ação de tombamento do galpão de aço, conforme ilustrado na Figura 

6 (b).  

A Figura 7 ilustra a deformação da estrutura diante desta prescrição e o nível escalonado 

da velocidade em rad/s, que a estrutura suporta antes de entrar em colapso. A Figura 7 

(a) mostra que o contato entre a roda/trilho manteve‐se para o momento de 972 kN.m 

Page 30: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

113 

 

e  na  Figura  7  (b)  tem‐se  a  deformação  plástica  do  eixo  inferior  e  o  início  do 

descarrilamento para a rotação de 0,011 rad. 

 

Figura 7 ‐ Sequência de deformação considerando a prescrição de rotação. 

O gráfico da Figura 8 apresenta o momento/rotação referente à simulação de prescrição 

de rotação, na qual é possível observar que a estrutura suportou um momento de 972 

kN.m com rotação de 0,004 rad (Figura 7 (a)). No intervalo de momento de 972 kN.m e 

694  kN.m  (Figura 7  (b)), passa  a ocorrer deformação plástica no  suporte de  fixação 

(Figura 9), após este ponto a estrutura entra em colapso. 

 

Figura 8 ‐ Gráfico do momento x rotação. 

A Figura 9 apresenta uma seção do mecanismo de fixação para realizar o comparativo 

da deformação da estrutura durante o intervalo de carregamento de 972 KN.m e 694 

Page 31: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

114 

 

KN.m. Na Figura 9 (a) é ilustrada a deformação da estrutura para o carregamento de 972 

kN.m,  na  qual  é  possível  verificar  que  a  folga  entre  as  peças,  prevista  durante  o 

modelamento 3D, manteve‐se. A Figura 9 (b) mostra a deformação da estrutura devido 

a continuação da prescrição de rotação, sendo que para este carregamento ocorre a 

continuação do contato entre as peças e o início do descarrilamento.  

 

Figura 9 ‐ (a) Folga entre as peças e (b) Contato entre as peças. 

Para  o  cálculo  de  segurança  da  estrutura,  considerando  somente  o momento,  são 

utilizados os dados da  Tabela 2, cujo maior momento atuante na estrutura é de 789,7 

kN.m  e  o momento  de  carregamento  de  972  kN.m. Utilizou‐se  este  carregamento, 

devido a estrutura não apresentar deslocamento ou deformação plástica. Por meio da 

Equação (4.1) é possível verificar a condição de segurança da estrutura, em que: 

972 789,7  

Através  desta  avaliação,  a  estrutura  projetada  atende  aos  requisitos  de  segurança 

previstos em norma para a situação de aplicação de somente o momento na estrutura 

de fixação. 

5.2 Simulação do esforço cortante 

Na segunda análise, é utilizada somente a prescrição de translação no pilar da estrutura 

no sentido do eixo X para simular uma situação de força horizontal pura sobre a base de 

fixação, gerando como resposta o esforço cortante atuante na estrutura nesta situação, 

conforme ilustrado na Figura 6 (b).  

A Figura 10 (a) ilustra que a folga prevista entre as peças, durante o modelamento 3D é 

mantida. Também apresenta, através da variação de cores, o deslocamento da estrutura 

Page 32: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

115 

 

ao longo do eixo X. Na Figura 10 (b) devido à continuação da prescrição de translação, 

ocorre o aumento do contato entre as peças e o deslocamento da roda inferior. 

 

Figura 10 ‐ Sequência de deformação considerando o esforço cortante. 

O gráfico da Figura 11 mostra o resultado do esforço cortante, ou seja, a força no sentido 

do eixo X, em  função do deslocamento, na qual é possível  verificar que a estrutura 

suportou uma força de 685 kN para o deslocamento de 1,0 mm.  

Para o  intervalo de carregamento de 685 kN  (Figura 10  (a)) e 235 kN  (Figura 10  (b)), 

devido a continuação da prescrição de translação, a estrutura entra em colapso. 

 

Figura 11 ‐ Gráfico do esforço cortante x deslocamento. 

No cálculo da segurança da estrutura, considerando somente a força no sentido do eixo 

X, são utilizadas os dados da Tabela 2, cujo maior esforço atuante na estrutura é de 

Page 33: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

116 

 

181,5 kN na base do eixo A. Por meio da Equação  (4.1), é verificada   a condição de 

segurança da estrutura, sendo: 

685 181,5  

Através  desta  avaliação,  a  estrutura  projetada  atende  aos  requisitos  de  segurança 

previstos em norma para a situação de aplicação da força no sentido do eixo X. 

5.3 Simulação do esforço axial 

Na terceira análise, é utilizada a prescrição de translação para o pilar de aço no sentido 

do eixo Y para simular a atuação do esforço axial, simulando uma situação de sucção 

com arrancamento da estrutura de sua fixação na base, conforme ilustrado na Figura 6 

(b).  

A Figura 12 (a) ilustra que o contato entre a roda e o trilho manteve‐se, diante da força 

de 744 kN. Na Figura 12 (b) apresenta a continuidade da prescrição de translação no 

eixo Y, em que ocorre a deformação plástica do eixo inferior e a falta de contato entre 

o trilho e a roda. 

 

Figura 12 ‐ Sequência de deformação considerando o esforço axial. 

O gráfico da Figura 13  ilustra o comportamento da estrutura diante da prescrição de 

deslocamento ao longo do eixo Y, pelo esforço axial. Conforme apresentado no gráfico, 

a estrutura suportou o carregamento de 744 kN para o deslocamento de 1,0 mm. 

Page 34: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

117 

 

No  intervalo de  carregamento de 744  kN  (Figura 12  (a)) e 520  kN  (Figura 12  (b)),  a 

estrutura obteve um comportamento não linear de deslocamento, devido à deformação 

plástica dos eixos inferiores e ocorre a falta de contato entre o trilho e a roda. Após este 

intervalo de carregamento a estrutura entra em colapso. 

 

Figura 13 ‐ Gráfico do esforço axial x deslocamento. 

No cálculo da segurança da estrutura, considerando somente a força no sentido do eixo 

Y, ou seja, sucção com arrancamento e utilizando os dados da Tabela 2, cujos maiores 

esforços atuantes na estrutura são de 139,4 kN para a combinação FD3 e de 129,0 kN 

na combinação FD2, é possível verificar que estes valores são inferiores ao encontrado, 

como pode ser analisado através da Equação (4.1) em que a condição de segurança da 

estrutura é dada por: 

744 139,4

Por meio dessa avaliação, foi observado que a força necessária para arrancar a estrutura 

de  sua  base  é  superior  à  que  ocorre  na  análise  FD3  originadas  pela  ação  do  vento 

conforme  apresentado  na  Figura  5  ,  desta  forma  a  estrutura  projetada  atende  os 

requisitos de segurança previstos em norma para a situação de aplicação da força no 

sentido do eixo Y. 

5.4 Simulação do momento, esforços cortante e axial 

Na quarta análise, é  realizada a  simulação considerando a prescrição de  rotação em 

torno do eixo Z,  translação nos eixos X e Y, atuando  simultaneamente na estrutura, 

conforme ilustrado na Figura 6 (b).  

Page 35: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

118 

 

A  Figura  14  apresenta  a  deformação  da  estrutura  diante  desta  prescrição  e  o  nível 

escalonado da velocidade de deslocamento da estrutura em radianos por segundo. A  

Figura 14 (a) ilustra a folga entre peças, previstas durante o modelamento da estrutura 

manteve‐se. A Figura 14 (b) mostra o início do descarrilamento entre a roda/trilho e o 

contato entre o suporte de ligação e o suporte de fixação, decorrente da continuidade 

do carregamento na estrutura. 

 

Figura 14 ‐ Deformação considerando o momento, esforços cortante e axial. 

O gráfico da Figura 15 mostra o momento/rotação referente à simulação de prescrição 

das forças que atuam simultaneamente no sistema de movimentação e fixação. Nesse 

gráfico é verificado que a estrutura suportou o momento de 856 kN.m com a rotação de 

0,004 rad, onde tem‐se o contato entre as peças, porém sem apresentar deformação 

plástica. 

Para o intervalo de carregamento de 856 kN.m (Figura 14 (a) e 625 kN.m (Figura 14 (b)), 

ocorre a continuação do contato entre as peças e o início do descarrilamento, antes da 

estrutura entrar em colapso. 

Page 36: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

119 

 

 

Figura 15 ‐ Gráfico do momento x rotação. 

A Figura 16 apresenta uma seção do mecanismo de fixação para realizar o comparativo 

da deformação da estrutura. Na Figura 16 (a) é ilustrada a deformação da estrutura para 

o carregamento de 856 kN.m, nela é possível verificar a folga entre as peças, prevista 

durante o modelamento 3D foi mantida.  

A Figura 16  (b) mostra a deformação da estrutura para a rotação de 0,011 radianos, 

sendo  que  para  essa  rotação  ocorre  o  contato  entre  as  peças  e  o  início  do 

descarrilamento.  

 

Figura 16 ‐ Deslocamento não linear, (a) Folga entre peças e (b) Contato entre peças. 

Na Figura 17 (a) tem‐se o gráfico do esforço cortante/deslocamento para a simulação 

de aplicação simultânea das forças na estrutura, que ao ser comparado com a simulação 

da prescrição de translação horizontal, conforme gráfico da Figura 11, observa‐se que 

os resultados obtidos foram próximos. No caso da Figura 17 (b), que apresenta o gráfico 

do  esforço  axial/deslocamento,  o  resultado  das  forças  também  se  aproximou  da 

simulação individual do esforço axial de acordo com a Figura 13. 

Page 37: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

120 

 

   

Figura 17 ‐ (a) Esforço cortante x deslocamento, (b) esforço axial x deslocamento. 

No cálculo da segurança da estrutura é considerada a atuação simultânea da prescrição 

de rotação em torno do eixo Z e da translação nos eixos X e Y, utilizando os dados da 

Tabela 2, cujo maior momento atuante na estrutura é de 789,7 kN.m, esforço cortante 

de 181,5 kN e esforço axial de 139,4 kN na base do eixo A. Por meio da Equação (4.1) é 

verificada a condição de segurança da estrutura, obtendo para o momento: 

856 789,7  

Esforço cortante: 

357 181,5  

Esforço axial: 

717 139,4  

5.5 Análise do coeficiente de segurança 

Na análise do coeficiente de  segurança é possível observar que para a  simulação de 

rotação pura, para simular o efeito do momento no sistema de movimentação e fixação, 

foi obtido o coefiente de segurança de 1,2 que se comparado com a simulação das forças 

combinadas, o qual o coeficiente de segurança encontrado é de 1,1, observa‐se que esta 

diminuição no coeficiente de segurança, teve como influência as demais forças atuantes 

na estrutura. 

No  caso da  translação horizontal pura e da  translação vertical pura obteve‐se  como 

coeficiente de segurança os valores de 3,8 e 5,3 respectivamente, sendo esses valores 

próximos da simulação combinada das forças. A  

Page 38: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

121 

 

Tabela  3  mostra  os  coeficientes  de  segurança  para  as  simulações  individuais  e 

combinadas das forças, é observado que os coeficientes de segurança variam desde 1,1 

para a situação de rotação até 5,3 no caso da prescrição de translação vertical. 

Tabela 3 ‐ Coeficientes de segurança. 

 

Por meio dessas avaliações, a estrutura projetada atende aos requisitos de segurança 

previstos em norma para a situação de aplicação simultânea dos esforços na estrutura. 

Através da análise em elementos finitos, o sistema de movimentação e fixação atende 

aos requisitos de segurança na situação de carregamento conforme Tabela 2. 

6 Conclusões 

A  análise  estrutural  do  projeto  teve  como  início  a  obtenção  das  ações  atuantes  no 

sistema de movimentação e  fixação,  através da  aplicação das normas  referentes  ao 

dimensionamento de edificações e com o auxílio do programa Ftool (2015) na análise 

estrutural  simplificada do pórtico. Na determinação das ações de vento atuantes na 

estrutura,  adotou‐se  a maior  velocidade  de  vento  que  consta  na  norma ABNT NBR 

6123:1988, ou seja, 50 m/s ou 180 km/h e dos coeficientes de rugosidade categoria I, 

sendo esta a mais severa condição para a estrutura. Sendo assim, o projeto desenvolvido 

atende a qualquer região do território nacional. A análise em elementos finitos fez‐se 

necessária  para  analisar  como  o  conjunto  de  fixação  e movimentação  se  comporta 

diante  das  forças  originadas  da  análise  do  pórtico.  Os  resultados  apresentados 

mostraram‐se  satisfatórios,  atendendo  a  segurança  estrutural  referente  ao  estado 

limite último (ELU) da norma ABNT NBR 8800:2008. 

Na realização de todas as simulações a estrutura suportou um pico de carregamento 

sem  apresentar  deformação  plástica,  por  isso  foi  utilizado  esse  pico  para  realizar  a 

análise da segurança estrutural. Dando continuidade na aplicação da força, a estrutura 

mostrou um comportamento  irregular de deslocamento antes de entrar em colapso, 

1,2 3,8 5,3 1,1 2,0 5,1

Esforço axialMomentoEsforço 

cortanteEsforço axial Momento

Esforço 

cortante

Coeficientes de segurança

Rotação em 

torno do eixo Z

Translação no 

eixo X

Translação no 

eixo Y

Prescrição de rotação em torno do eixo Z, 

translação nos eixos X e Y

Page 39: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

122 

 

devido ao contato entre as peças e a deformação plástica, como podem ser observadas 

nas Figuras 7, 10, 12 e 14. 

Na primeira análise, ao utilizar a prescrição de  rotação em  torno do eixo Z, a  fim de 

simular a atuação do momento na estrutura, os resultados mostram que o sistema de 

fixação suportou um momento de 972 kN.m, sendo esse momento em torno de vinte 

por cento maior, comparado com o momento em que a estrutura poderá estar sendo 

submetida. 

Na  segunda análise, utilizou‐se a prescrição de  translação no  sentido do eixo X para 

simular o esforço cortante atuando na estrutura. Nesta análise, a estrutura suportou 

uma  força de 685 kN sem apresentar deformação plástica  (Figura 11), se comparado 

com a força que poderá atuar na estrutura de 181,5 kN na  linha de eixo A do pórtico 

(Tabela 2), a estrutura atende a necessidade do projeto. 

Na terceira análise,  foi utilizada a prescrição de translação no sentido do eixo Y para 

simular o esforço axial atuando na estrutura, ou seja, o efeito de sucção do galpão. Para 

essa simulação, a estrutura suportou uma força de 744 kN sem apresentar deformação 

plástica, sendo este carregamento superior ao previsto no cálculo das ações na base do 

pórtico (Tabela 2), atendendo assim o proposto pelo projeto. 

A quarta análise foi considerada a hipótese mais crítica, a que a estrutura poderá estar 

sendo submetida, ou seja, a atuação simultânea dos esforços cortante, axial e momento, 

através da prescrição de rotação em torno do eixo Z, translação nos eixos X e Y. Para 

essa situação de carregamento, a estrutura suportou um momento de 856 kN.m com a 

rotação de 0,004 rad sem apresentar deformação plástica, comparado com o momento 

de 789,7 kN.m (Tabela 2) que poderá atuar na estrutura, nos casos dos esforços cortante 

e axial, os resultados obtidos foram próximos da análise individual das forças atuantes 

no sistema de fixação, atendendo a necessidade do projeto.  

As  peças  do  sistema  de  movimentação  e  fixação  que  apresentaram  maiores 

deformações, nos casos de rotação em torno do eixo Z, translação nos eixos X e Y e na 

atuação simultânea das  forças são os suportes de  ligação do pilar de aço no eixo, os 

quais entram em contato com o suporte de fixação e  inicia‐se a deformação plástica. 

Page 40: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

123 

 

Também os eixos das rodas inferiores do suporte de fixação apresentaram deformação 

plástica no caso da atuação de carregamento no eixo Y. Para obter melhores resultados, 

pode‐se aumentar a espessura das chapas dos suportes de ligação ou substituir o tipo 

de  aço.  Também  foi  observado  que  a  deformação  plástica  verificada  nas  peças  do 

sistema foi com forças superiores às originadas pelos esforços de vento, peso próprio 

da estrutura e da ação acidental, atendendo com segurança a necessidade do projeto.  

7 Referências bibliográficas 

ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS ‐ ABNT. NBR 6123: Forças Devidas ao Vento 

em Edificações. Rio de Janeiro, 1988. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ‐ ABNT. NBR 8800: Projeto de Estruturas de 

aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. Rio de Janeiro, 2008. 

BELLEI, Ildony. Edifícios Industriais em Aço. São Paulo, 1998. 

LS‐DYNA User Manual  ‐ Non  linear Dynamic Analysis of Strutures – Version 970. Livermore 

Software Technology Corporation 7374, Las Pocitas Road Livermore, 2003. 

MARTHA, L. F. FTOOL ‐ Versão 3.01. Rio de Janeiro, 2015. 

NORMA REGULAMENTADORA. NR 21: Trabalhos a Céu Aberto – Procedimento 21.1. 

1999. N. R. (15 de Dezembro de 1999). Acesso em 03 de Janeiro de 2017, disponível em 

http://portal.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR‐21atualizada.pdf 

PRAVIA, Zacarias M.Chamberlain; DREHMER, Gilnei Artur; JÚNIOR, Enio Mesacasa. Galpões para 

Usos Gerais. Rio de Janeiro, 2010. 

SOLIDWORKS  ‐  Introdução  ao  Solidworks  ‐ Versão  2014. Dassault  Systemes  S.A., Waltham, 

Wyman Street, Mass, 2014.  

TRINDADE, Arielton V. Desenvolvimento  de  um  Sistema  de Movimentação  e  Fixação  para 

Galpão De aço Industrial. Dissertação (Mestrado) – Programa de pós‐graduação em projeto e 

processos de fabricação, Universidade de Passo Fundo, 2016. 

Page 41: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICTo

* Autor correspondente

Recebido: 29/05/2017 Aprovado: 07/08/2017 

Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 124‐143 ‐ ISSN 2238‐9377

 

Análise numérica de ligações tipo “T” com perfis tubulares de paredes esbeltas 

Messias Júnio Lopes Guerra1, Arlene Maria Cunha Sarmanho2*, Gabriel Vieira Nunes1, Daniel José Rocha Pereira3, João Batista da Silva Neto3 

 

1Departamento de Edificações – IFMG,  [email protected][email protected] 

2Programa de Pós‐Graduação em Engenharia Civil – PROPEC – DECIV/EM/UFOP, [email protected] 

3Departamento de Engenharia Civil – DECIV/EM/UFOP,  [email protected][email protected] 

 

Numerical analysis of “T” joints with thin walled hollow sections 

Resumo 

Neste trabalho é apresentada uma análise teórica e numérica de ligações soldadas do tipo “T” 

formadas por perfis tubulares de aço de seções esbeltas, com seção transversal retangular no 

banzo e circular no montante. Os estudos avaliam o comportamento, os modos de  falha e a 

carga última da ligação. Foi analisada a influência dos parâmetros 2 (razão entre a largura e a 

espessura do banzo) e  (razão entre o diâmetro do montante e a largura banzo). Os modelos 

numéricos  em  elementos  finitos  e  os  resultados  foram  comparados  com  as  prescrições 

normativas  recentes, utilizando o  critério de deformação  limite para determinação da  carga 

última para o modo de falha de plastificação da parede superior do banzo. 

Palavras‐chave: análise numérica, perfis tubulares, ligações tipo T. 

Abstract 

This work  presents  a  theoretical  and  numerical  study  of  "T"  joints  formed  by  hollow  steel 

sections, with slender rectangular hollow sections for the chord and circular hollow sections for 

the  braces.  The  studies  evaluate  the  behavior,  failure  modes  and  the  ultimate  load.  The 

influence of the parameters 2(ratio between the width and thickness of the chord) and  (ratio 

between  the diameter of  the  brace  and width of  the  chord) were  analyzed.  The  numerical 

models  on  finite  elements  and  the  results  were  compared  with  the  recent  normative 

prescriptions, using the deformation  limit criterion for determination of the ultimate  load for 

the chord plastification failure mode. 

Keywords: numerical analysis, hollow sections, T joints. 

Page 42: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

125

1 Introdução 

Em diversos países a construção metálica faz uso intensivo de estruturas com perfis de 

seção tubular. No Brasil, o emprego desses perfis na construção metálica ainda está em 

fase  de  crescimento,  sendo  utilizados  praticamente  em  colunas,  sistemas  treliçados 

(Figura 1), pontes e passarelas (Araújo et al., 2016). 

 

 

Figura 1 ‐ Estrutura tubular da cobertura do terminal intermodal do Largo da Batata, 

São Paulo. Fonte: Disponível em < http://infraestruturaurbana.pini.com>. Acesso em: 2 

abr. 2016. 

Os perfis de aço de seções tubulares, por sua forma geométrica, são eficientes quando 

solicitados  a  cargas  axiais,  torção  e  efeitos  combinados. Na  avaliação  estrutural  de 

sistemas treliçados com elementos de seção tubular as ligações são objeto de diversas 

pesquisas principalmente em  função das características diferentes  se comparadas as 

ligações com perfis abertos. 

A  utilização  atual  no  Brasil  das  estruturas  tubulares  em  sistemas  treliçados  envolve 

grandes  vãos  com  cargas  elevadas,  e  as  formulações  existentes  em  prescrições  de 

normas nacionais e internacionais são direcionadas para seções tubulares compactas. 

Page 43: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

126

A utilização de perfis  tubulares de seção  transversal esbelta em  ligações de sistemas 

treliçados necessita de estudos específicos de modo a viabilizar sua aplicação e avaliação 

estrutural.   

Desta forma, foi realizado um estudo teórico e numérico de ligações formadas por perfis 

tubulares em aço de seção esbelta, de acordo com a classificação do Eurocode 3. As 

ligações  analisadas  são  do  tipo  "T"  com  seção  retangular  no  banzo  e  circular  no 

montante,  sendo  o montante  submetido  a  carregamento  axial  de  compressão.  No 

estudo são observados os modos de falha, a carga última, bem como a aplicabilidade do 

critério de deformação  limite para o estado  limite último. Os resultados dos estudos 

numéricos são comparados com as prescrições para perfis tubulares de seção compacta.  

 

2 Dimensionamento de ligações tubulares

O  dimensionamento  das  ligações  tubulares  soldadas  nas  prescrições  existentes  são 

função dos modos de  falha  e de  limites de  relações  geométricas que  garantam um 

comportamento  dúctil  da  ligação.  A  seguir  têm‐se  os modos  de  falha  possíveis  em 

ligações tubulares, os parâmetros geométricos e as formulações para a verificação da 

capacidade resistente da ligação "T" segundo as normas NBR 16239 (2013), Eurocode 3 

(2010) e ISO 14346 (2013). 

 

2.1 Modos de falha 

Para as ligações soldadas com perfis tubulares retangulares para os banzos e circulares 

para montante/diagonais e considerando a força aplicada axialmente nestes elementos, 

podem ocorrer os modos de falha representados na Tabela 1.  

Page 44: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

127

Tabela 1 ‐ Modos de falha em ligações soldadas compostas por banzo em perfis 

retangulares e montantes/diagonais por perfis circulares ou retangulares.  

Modo de Falha 

Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo na região da ligação.

Plastificação da face lateral da  seção  transversal  do banzo  junto  na  região  da ligação. 

Plastificação  ou instabilidade  por cisalhamento  do  banzo, junto  a  diagonais  ou montantes. 

Ruptura  por  punção  da parede  do  banzo  na  área de  contato  com  diagonais ou montantes. 

Ruptura ou plastificação na região  da  solda  ou flambagem  localizada  de diagonais  ou  montantes devido  distribuição  não uniforme de tensão. 

Flambagem  localizada  de diagonais  ou  montantes comprimidos, na região da ligação. 

Flambagem  localizada  da face  do  banzo  atrás  do montante  tracionado,  na região da ligação. 

 

2.2 Parâmetros e limites geométricos 

Para a ligação tipo "T" tem‐se na Figura 2 a representação dos parâmetros geométrico 

sem que o índice 0 (zero) relaciona‐se ao banzo e ao índice 1 (um) o montante. 

 

 

Page 45: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

128

 

 

Onde: d1 ‐ diâmetro externo da seção transversal do tubo circular do montante comprimido ou tracionado; b0 ‐ largura do tubo retangular do banzo; h0 ‐ altura do tubo retangular do banzo; t0 ‐ espessura da parede do tubo do banzo; t1 ‐ espessura da parede do tubo do montante comprimido ou tracionado; N1 – força axial solicitante de cálculo no montante. 

Figura 2–Parâmetro geométrico da ligação tipo “T” composta por perfis tubulares 

circulares ou retangulares. 

Os  seguintes  parâmetros  geométricos  são  utilizados  nas  análises  e  formulações 

existentes: 

a) Relação entre o diâmetro do montante e a largura do banzo, representada por , dada 

por: 

1

0

d

b 2.1

b) Relação entre a largura do banzo e a sua espessura, representada por 2dada por:  

0

0

b2

t 2.2

Na  Tabela  2  estão  indicadas  as  relações  geométricas  e  de material  que  devem  ser 

atendidas para as ligações tipo “T” segundo as normas NBR 16239 (2013), Eurocode 3 

(2010)  e  ISO  14346  (2013). Observa‐se  que  as  relações  são  para  seções  compactas 

(Classes 1 e 2) e são limites de validade das equações de determinação da capacidade 

resistente das prescrições normativas. 

Page 46: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

129

Tabela 2 ‐ Condições de validade geométrica e de material para ligações tipo “T”. 

Ligação “T” NBR 16239 (2013) 

Eurocode 3 (2010) ISO 14346 (2013) 

Relação  entre  banzo  e montante

0,4 0,8 0,25 0,80 

0,1 0,01  

Montante  Compressão  0,05  

Classe 1 

Classe 1 ou 2 e 

50 

Banzo  ‐ 

36

1,45  

36

1,45  

35Classe1ou2

 

 

35Classe 1 ou 2

 

Classe 1 ou 2 e  

40 

40 

Tensão de escoamento -

-  

0,8  

460 a 

Onde: 

i ‐ índice do elemento, igual a 1 para montante da ligação "T"; 

 ‐ resistência ao escoamento do aço do perfil do banzo; 

 ‐ resistência ao escoamento do aço do perfil da ligação; a Quando   ≥ 355MPa, deve ser multiplicado por 0,9.

2.3 Força axial resistente de cálculo para o montante para ligações tipo “T” 

Na Tabela 3,  segundo as normas NBR 16239  (2013), Eurocode 3  (2010) e  ISO 14346 

(2013), estão apresentadas as forças axiais resistentes de cálculo para o montante de 

uma ligação do tipo “T", apenas para o modo de falha de plastificação da face ou de toda 

a seção transversal do banzo na região da ligação. Esse modo de falha pode ser descrito 

como Modo A, de acordo com a classificação da NBR 16239 (2013). Destaca‐se que as 

formulações aparentemente diferem no cálculo das cargas últimas, mas como resultado 

final, possuem o mesmo valor numérico considerando‐se que não há carregamentos 

aplicados no banzo. 

 

Page 47: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

130

Tabela 3 ‐ Força axial resistente de cálculo para o modo de falha A para ligações tipo 

“T” segundo às prescrições. 

Modo de falha  NBR 16239 (2013) e Eurocode 3 (2010)  ISO 14346 (2013) 

Plastificação da face do banzo na região da ligação 

Modo A 

, 12,2 4,4 1   ∗  

Parâm

etros 

Para n< 0:       

1,30,4

 

Para n ≥ 0:   

1,0 Onde: 

,, M ,

 

sendo  ,   determinado  considerando sinal negativo para compressão. 

21

4

1 | |  

Onde: 

, , 

 

Para Tração: 

0,1 Para compressão: 

0,5 0,5  

Onde: 

kn ‐ Fator de redução da resistência devido a carga no banzo; 

Razão entre a largura do montante (d1) e largura do banzo (b0); 

 ‐ relação entre a altura do montante no plano da estrutura e a largura do banzo. 

n – Razão de tensão no banzo; 

σ0,sd– Máxima tensão de compressão de cálculo do banzo na superfície de contato com montantes; 

fy0– Resistência ao escoamento do aço do perfil do banzo; 

N0,Sd‐ Força axial solicitante de cálculo no banzo; 

M0,Sd–Momento fletor solicitante de cálculo no banzo; 

A0 ‐ Área da seção transversal do banzo; 

W0– Módulo de resistência elástico da seção transversal do banzo; 

Npl,0‐ Força axial de plastificação da seção do banzo; 

Mpl,0 –Momento fletor de plastificação da seção do banzo; 

Para montante de perfil circular, multiplicam‐se as forças axiais resistentes acima por (π/4). 

 

3 Deformação limite 

Para a determinação da  resistência da  ligação, um método consolidado por diversos 

pesquisadores (Lu et al., 1994, Zhao, 2010) considera a deformação limite para fora do 

plano,  caracterizando  o  estado  limite  último,  que  governa  o  dimensionamento  da 

ligação  tubular.  Este método  considera  que  quando  não  ocorre  um  pico  de  carga 

Page 48: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

131

máxima bem definida, essa pode ser associada a plastificação da face superior do banzo 

(Modo A) conforme uma deformação relativa, ∆ (Figura 3). Neste caso, essa deformação 

limite é de 3% da largura da face do banzo (b0) (Figura 4). Caso esse pico de carga máxima 

ocorra antes do limite de 3% de b0, essa carga será a resistência da ligação.  

 Figura 3 ‐ Deformação relativa na face do banzo, Δ, para o modo de falha A. 

 Figura 4 ‐ Método para obtenção da carga última da ligação – Nnum (Zhao, 2010). 

4 Análise numérica

Para a análise numérica foram consideradas seções de paredes esbeltas. De acordo com 

a classificação do Eurocode 3  (2010), os perfis  são divididos em classes de 1 a 4. As 

normas utilizadas nesse trabalho são validas para perfis compactos (classes 1 e 2) e nas 

análises foram utilizados perfis das classes 3 e 4 (Eurocode 3, 2010), segundo a descrição 

a seguir: 

Page 49: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

132

Classe 3: são aquelas em que a tensão na fibra de compressão mais externa da 

seção transversal, assumindo uma distribuição elástica de tensões, pode atingir 

a resistência ao escoamento, mas a flambagem local impede o desenvolvimento 

do momento plástico; 

Classe 4: são aquelas em que a flambagem  local  irá ocorrer antes de atingir a 

tensão de escoamento em uma ou mais partes da seção transversal. 

As ligações "T" em estudo possuem geometria que não atendem aos limites de validade 

do Eurocode 3 (2010), da NBR 16239 (2013) e da ISO 14346 (2013) dados na Tabela 2. 

Assim, os modelos utilizados para as análises são os descritos na Tabela 4, na qual se 

tem a classificação da seção e a informação e se os limites são ou não obedecidos. 

 

Tabela 4 ‐ Nomenclatura e parâmetros geométricos dos modelos numéricos. 

Série  Modelos  t0      

(mm)b0      

(mm) d1     

(mm)

Classificação ‐Eurocode 3 (2010) 

SN1 SN1 60‐0,32 a 

60 c 0,32 

2,00 

120 

38,0 Classe 4 

SN1 60‐0,42 b  0,42  50,0 

SN2 SN2 53‐0,32 a 

53,3 c0,32 

2,25 38,0 

Classe 4 SN2 53‐0,42 b  0,42  50,0 

SN3 SN3 40‐0,32 a 

40 c 0,32 

3,00 38,0 

Classe 3 SN3 40‐0,42 b  0,42  50,0 

SN4 SN475‐0,25 b 

75 c 0,25 

2,00 

150 

38,0 Classe 4 

SN475‐0,33 b  0,33  50,0 

SN5 SN566‐0,25 b 

66,7 c0,25 

2,25 38,0 

Classe 4 SN566‐0,33 b  0,33  50,0 

SN6 SN650‐0,25 b 

50 c 0,25 

3,00 38,0 

Classe 4 SN650‐0,33 b  0,33  50,0 

a Os limites da NBR 16239 e Eurocode 3 são atendidos para , limite  da ISO 14346 

não atendido (ver Tabela 2) quanto ao parâmetro ;  b Limites da NBR 16239, Eurocode 3 e  ISO 14346 não atendidos  (ver Tabela 2) 

quanto ao parâmetro ; c Limites da NBR 16239, Eurocode 3 e  ISO 14346 não atendidos  (ver Tabela 2) 

quanto ao parâmetro 2.  

Os modelos numéricos são em elementos finitos, sendo utilizado o software comercial 

ANSYS  (2012). Os modelos  analisados  foram  divididos  em  séries,  de  acordo  com  a 

espessura do banzo, relacionado com parâmetro 2e com o parâmetro  (Tabela 4).  

Page 50: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

133

O elemento utilizado nas análises para esta tipologia de ligação, foi o elemento de casca, 

o qual possui 4 nós e seis graus de liberdade por nó (SHELL 181), apresentado na Figura 

5.  Este elemento  considera esforços de  flexão,  cisalhamento e efeito de membrana 

sendo utilizado por diversos pesquisadores no estudo de  ligações  tubulares  (Mayor, 

2013, Mendanha 2007, Nunes, 2012, Nizer et al., 2015). 

 

Figura 5 ‐ Elemento de casca Shell 181 (ANSYS, 2012). 

O  material  utilizado  nas  análises  tem  o  diagrama  tensão‐deformação  bi‐linear  e 

inelástico (Figura 6). 

 

 

Figura 6 ‐ Representação esquemática do Diagrama tensão x deformação bi‐linear 

utilizado nas análises numéricas. 

 

Para a modelagem foram utilizadas as seguintes características: 

Módulo de elasticidade: E = 210 GPa; 

Page 51: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

134

Coeficiente de Poisson: ν = 0,3; 

Módulo de elasticidade tangente do perfil do banzo: Et=3987MPa; 

Módulo de elasticidade tangente do perfil do montante: Et=2500MPa; 

Tensão de escoamento do perfil do montante (Aço A36):  fy1 = 250MPa; 

Tensão de escoamento do perfil do banzo (Aço A36):  fy0 = 250MPa; 

 

4.1 Modelagem em elementos finitos 

Na  construção  dos modelos  numéricos  com  perfis  de  seção  transversal  retangular, 

foram considerados os raios de dobramento do banzo iguais a duas vezes a espessura 

da seção transversal dos perfis do banzo, conforme apresentado na Figura 7. 

 

 

Figura 7 – Representação dos modelos numéricos e os raios de dobramento do banzo. 

A malha  de  elementos  finitos  foi  gerada  com  uma  forma  adequada  de  arranjo  dos 

elementos que possibilitasse o refinamento nas regiões de concentração de tensões, 

região  de  união  entre  o  montante  e  o  banzo  das  ligações,  Figura  8,  sendo  seu 

refinamento baseado em estudos anteriores (Nunes, 2011).  

Page 52: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

135

 

Figura 8 ‐ Detalhe da malha dos modelos numéricos geradas no software ANSYS 

(2012). 

Para a modelagem do filete de solda o elemento foi o mesmo utilizado na modelagem 

dos elementos da ligação (SHELL 181). A espessura da garganta do filete de solda foi de 

uma  vez  e  meia  a  espessura  do  montante  (Nunes,  2012).  Na  Figura  9  tem‐se  a 

representação da malha da solda utilizada.  

 

 

Figura 9 ‐ Representação do cordão de solda dos modelos com elemento de casca 

SHELL 181 ‐ ANSYS (2012). 

Quanto  às  condições  de  contorno  do  banzo,  foi  considerada  engastada  e  apoiada. 

Portando, para a extremidade engastada, restringiu‐se todos os graus de liberdade e a 

extremidade  apoiada  restringiu‐se  somente  na  direção  Z  (Figura  10  (a)).  Para  o 

Page 53: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

136

montante  foi restringido apenas o grau de  liberdade em X, Figura 10  (b), simulando, 

assim, as condições de contorno de uma rótula. 

 

   

(a) ‐ Extremidades do banzo.  (b) ‐ Extremidade do montante. 

Figura 10 ‐ Condições de contorno das extremidades dos modelos. 

Nos modelos numéricos  foram  consideradas  tanto  a não  linearidade  física quanto  a 

geométrica, utilizando o algoritmo de Lagrange atualizado. A aplicação do carregamento 

do montante foi realizada por meio de controle de deslocamentos aplicados de forma 

incremental sendo utilizado o método iterativo de Newton‐Raphson. 

 

4.2 Apresentação e análise dos resultados 

As séries avaliadas, apresentadas na Tabela 4, foram analisadas segundo os resultados 

numéricos do deslocamento relativo, Δ, da face superior do banzo para cada etapa de 

carregamento. Conforme mencionado anteriormente, as análises consideram o critério 

de deformação  limite em que o carregamento último corresponde ao deslocamento 

relativo  a  3%  da  largura  da  face  superior  do  banzo  (b0).  A  Figura  11  ilustra  o 

deslocamento Δ obtido na análise numérica. 

 

Page 54: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

137

 

Figura 11 ‐ Deslocamento relativo (Δ) da face superior do banzo para 3%b0. 

Na Figuras 12 e 13 tem‐se representado os resultados dos deslocamentos relativos dos 

modelos versus o carregamento aplicado e a  indicação de 3% de b0. A nomenclatura 

utilizada na identificação dos modelos segue a seguinte identificação: SNX Y‐Z onde SN 

é a abreviatura de série numérica, X corresponde ao número da série, Y é o valor do 

parâmetro 2 e Z é o valor do parâmetro . 

Pode‐se observar nas curvas das Figuras 12 e 13 que o deslocamento relativo, Δ, para as 

seis  séries  avaliadas  possuem  coerência  entre  os  resultados,  apresentando  a  carga 

última menor para aqueles modelos  com maiores valores do parâmetro 2ou  seja, 

maior esbeltez. Ao comparar as séries com relação ao valor de , observa‐se que a cada 

dois modelos da mesma série, quanto maior o valor de  maior o valor da carga última. 

Isso se justifica pois com  maior, tem‐se um maior diâmetro do montante propiciando 

uma melhor distribuição da compressão axial na parede do banzo e diminuindo o efeito 

da punção. 

Δ

Page 55: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

138

Figura 12 –Curva Carga x Deslocamento Relativo, Δ, SN1, SN2 e SN3. 

Figura 13 – Curva Carga x Deslocamento Relativo, Δ, SN4, SN5 e SN6. 

Com relação ao modo de falha, pôde‐se observar o modo de falha da plastificação da 

face  superior  do  banzo, modo  A,  em  todas  as  séries.  As  Figuras  14  e  15  ilustram, 

respectivamente, o deslocamento relativo, Δ, e o modo de falha de plastificação na face 

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

0 5 10 15 20

Carga (kN

)

Δ (mm)

Nu (3%)

SN1 59‐0,32

SN1 59‐0,42

SN2 50‐0,32

SN2 50‐0,42

SN3 40‐0,32

SN3 40‐0,42

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

0 5 10 15 20

Carga (kN

)

Δ (mm)

Nu (3%)

SN4 75‐0,25

SN4 75‐0,33

SN5 66‐0,25

SN5 66‐0,33

SN6 50‐0,25

SN6 50‐0,33

Page 56: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

139

superior do banzo avaliados por meio da distribuição de tensões de von Mises para os 

modelos com b0=150mm. 

 

 

Figura 14 ‐ Deslocamento relativo, Δ, de 3%b0 (4,5mm) para = 0,33. 

 

Figura 15 ‐ Plastificação da face superior do banzo para =0,33.

 

5 Comparação dos resultados numéricos com as prescrições 

As  comparações  dos  resultados  obtidos  para  a  resistência  das  ligações,  segundo  as 

prescrições normativas consideradas neste trabalho, são apresentadas na Tabela 5. A 

Tabela 5 contém: os parâmetros geométricos, os valores das cargas últimas  teóricas 

(N1), os valores das cargas últimas numéricas (Nnum) e a relação entre N1 e Nnum..  

Page 57: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

140

Tabela 5 – Resultados teóricos e numéricos. 

Série  Modelos  2  t0     

(mm)b0     

(mm)N1(kN)

Nnum (kN) 

 

SN1 SN1 59‐0,32 

60 0,32 

2,00 

120 

5,00  6,49  0,85 

SN1 59‐0,42  0,42  5,79  7,80  0,82 

SN2 SN2 50‐0,32 

53,3 0,32 

2,25 6,33  9,79  0,71 

SN2 50‐0,42  0,42  7,33  11,82  0,68 

SN3 SN3 40‐0,32 

40 0,32 

3,00 11,26  16,14  0,77 

SN3 40‐0,42  0,42  13,02  19,44  0,74 

SN4 SN4 75‐0,25 

75 0,25 

2,00 

150 

4,57  5,25  0,96 

SN4 75‐0,33  0,33  5,07  6,03  0,93 

SN5 SN5 66‐0,25 

66,7 0,25 

2,25 5,78  7,16  0,89 

SN5 66‐0,33  0,33  6,42  8,24  0,86 

SN6 SN6 50‐0,25 

50 0,25 

3,00 10,27  13,73  0,82 

SN6 50‐0,33  0,33  11,41  15,75  0,80 

N1  ‐  Carga  última  obtida  nas  prescrições NBR  16239  (2013),  Eurocode  3 (2010) e ISO 14346 (2013) 

 

Pelos resultados obtidos pode‐se destacar que os valores das cargas últimas, numéricas 

e teóricas, tiveram melhor correlação para os modelos com largura do banzo b0 de 150 

mm. Observa‐se ainda que para todos os modelos, as cargas últimas obtidas pela análise 

numérica são superiores às resistências prescritas pelas normas consideradas na análise, 

como apresentado pela coluna N1/Nnum. Essa relação menor que 1 resulta em uma carga 

última prevista por norma está a favor da segurança.  

Vale destacar que a  resistência da  ligação  (Nnum) dos modelos com maior  largura do 

banzo (b0) é menor que daqueles modelos com menor b0. Isto é justificado pela melhor 

distribuição do carregamento do montante, elevando, assim, a carga última da ligação.  

Destaca‐se,  também, a  influência do parâmetro 2,  relacionado  com a espessura da 

seção  transversal do banzo, na carga última da  ligação. Desta  forma, observa‐se que 

para banzos com espessuras maiores tem‐se um aumento na carga última da ligação. 

 

6 Considerações finais

A análise numérica realizada foi dividida em 6 séries distintas, possuindo duas larguras 

(b0) para os banzos (120mm e 150mm), os quais possuíram espessuras iguais a 2,0 mm, 

2,25 mm e 3,0 mm, respectivamente. Para cada espessura do banzo, foram adotados 

Page 58: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

141

dois diâmetros diferentes para o montante, 38 mm e 50 mm. Com a combinação das 

dimensões  dos  elementos  da  ligação  tem‐se  a  variação  dos  parâmetros 

geométricos2(d0/t0) e  (d1/b0).  

Na modelagem  numérica  foram  observados  o  comportamento  da  ligação, modo  de 

falha e deslocamento  limite da  face superior do banzo. Os  resultados  indicaram boa 

correlação entre si, sendo o modo de  falha observado, na totalidade dos modelos, o 

Modo A, caracterizado pela plastificação da face superior do banzo na região da ligação. 

Para a análise da carga última numérica foi utilizado o critério de deformação limite que 

se mostrou adequado para os modelos. Para este critério foi utilizado o estado  limite 

último (Zhao, 2010), dado por um deslocamento relativo da face superior do banzo, Δ, 

igual a 3% da largura deste elemento (b0), para obtenção da carga máxima de todos os 

modelos.  

Para os modelos das seis séries, as cargas últimas numéricas (Nnum) foram maiores que 

as obtidas nas prescrições (N1). 

Para os modelos com 0,32, a dispersão entreN1eNnum foi um pouco menor que dos 

modelos com 0,42. Vale destacar que essa dispersão maior, para os modelos com 

= 0,42, é justificada pela melhor distribuição do carregamento do montante, elevando, 

assim, a carga última da ligação.  

É  importante destacar a  influência do parâmetro 2, relacionado com a espessura da 

seção  transversal do banzo, ou  seja,  sua esbeltez, na carga última da  ligação.  Isto é, 

quanto menor o valor de 2menor esbeltez, observa‐se um aumento na carga última. 

Destaca‐se que os modelos analisados pertencem às classes 3 e 4, o que contraria o 

Eurocode 3 (2010), que limita a utilização de perfis com esbeltez somente das classes 1 

e 2, não esbeltos. Segundo os resultados obtidos na análise numérica, as equações para 

dimensionamento da ligação “T” das prescrições apresentam resultados conservadores. 

Destaca‐se  que  modos  locais  de  estabilidade  não  ocorrem  para  o  carregamento 

estudado na ligação.  

 

Page 59: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

142

7 Agradecimentos

Os  autores  agradecem  à  Universidade  Federal  de  Ouro  Preto  (UFOP),  FAPEMIG 

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais), CNPq (Conselho Nacional 

de  Pesquisa)  e  a  CAPES  (Coordenação  de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível 

Superior). 

 

8 Referências bibliográficas

Ansys, Inc. ANSYS documentation for release 12.0, 2012. 

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16239: Projetos de Estrutura de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edificações com Perfis Tubulares. Rio de Janeiro, 2013. 

ARAÚJO,  Afonso  Henrique  Mascarenhas  de;  SARMANHO,  Arlene  Maria  Cunha; BATISTA,  Eduardode  Miranda;  REQUENA,  João  Alberto  Venegas;  FAKURY, RicardoHallal; PIMENTA, Roberval José. Projeto de Estruturas de Edificações com Perfis Tubulares de Aço. 1. ed. Belo Horizonte: Ed. do Autor, 2016. 

EN 1993‐1‐8, Eurocode 3: Design of steel structures – Structures – Part 1‐8: Design of joints. CEN, ECCS, Brussels, 2010. 

ISO  14346:  Static  design  procedure  for  welded  hollow  –  section  joints  – Recommendations. 1st ed., Geneva, Switzerland, 2013. 

LU, L. H.; de WINKEL, G. D.; YU, Y.; WARDENIER, J. Deformation limit for the ultimate strength of hollow  section  joints. Proc. of 6th  Intl. Symp. on Tubular Structures, Melbourne, p. 341–347, 1994 

MAYOR,  Iara  Souto;  NUNES,  Gabriel  Vieira;  SARMANHO,  Arlene  Maria Cunha; REQUENA, João Alberto Venegas; ARAÚJO, Afonso Henrique Mascarenhas de. Theoretical and experimental analysis of RHS/CHS K gap joints. Revista Escola de Minas, v. 66, p. 295‐300, 2013. 

MENDANHA, Fabiano Oliveira; FREITAS, Arlene Maria Sarmanho; FREITAS, Marcílio Souza da Rocha; MUNIZ, Cereno de Freitas Diniz Gonçalves. Análise de ligações em perfis  tubulares de aço do  tipo K e KT com afastamento entre as diagonais e o montante.Revista da Escola de Minas, v.60, p. 419‐423, 2007. 

NUNES, Gabriel Vieira; FREITAS, Arlene Maria Sarmanho;ARAÚJO, Afonso Henrique Mascarenhas de; REQUENA, João Alberto Venegas; LIMA, Luciano Ornelas Rodrigues de. Análise do comportamento de ligações tubulares “T”. XXXII Cilamce ‐ Congresso ibero latino americano de métodos computacionais em engenharia, v.1, p. 1 – 10, 2011. 

NUNES,  Gabriel  Vieira.Estudo  paramétrico  de  ligações  tipo  "T",  "K"  E  "KT" compostas  por  perfis  tubulares  de  seção  retangular  e  circular.  Dissertação  de mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2012. 

NIZER,  Adriano;LIMA,  Luciano  Ornelas  Rodrigues  de;  VELLASCO  Pedro  Colmar Gonçalves da Silva; ANDRADE, Sebastião Arthur  Lopes de; GOULART, Evandro da Silva;  SILVA,  André  T.  da;  NEVES,  Luis  F.  da  C.  Experimental  and  numerical 

Page 60: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

 

143

assessment  of  RHS  T‐joints  subjected  to  brace  and  chord  axial  forces.  Ernst &SohnVerlagfürArchitektur und TechnischeWissenschaften GmbH & Co. KG, Berlin ‐ Steel Construction – Design and Research, v. 9, p. 315‐322, 2016. 

ZHAO, Xiao‐Ling; WARDENIER, J.; PACKER, J. A.; VANDERVEGTE, G. J. Current static design guidance for hollow‐section joints. Structures and Buildings 163, SB6 p. 361–373, 2010. 

 

Page 61: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICTo   

* Autor correspondente 

Recebido: 24/04/2017 Aprovado: 30/05/217 

Recebido: 24/04/2017 Aprovado: 30/05/2017 

Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 144‐152 ‐ ISSN 2238‐9377

 NOTA TÉCNICA 

Determinação experimental do coeficiente de atrito em superfícies de aço pintadas 

Maximiliano Malite1* e Vitor Cesar Valenciani2  

1* Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP Av. Trabalhador São‐Carlense, 400 – São Carlos, SP ‐ [email protected] 

 2 Gerente de Engenharia, ICEC – Criatividade e Inovação na Construção Rodovia Euclides da Cunha, km 455 – Distrito Industrial ‐ Mirassol, SP 

[email protected]  

  

Experimental determination of the slip coefficient in coated surfaces 

 

Resumo Para avaliação da força resistente ao deslizamento em ligações parafusadas é de fundamental importância conhecer o coeficiente de atrito, o qual depende  fortemente das condições das superfícies  em  contato.  Nesse  trabalho  são  apresentados  os  resultados  dos  ensaios  de deslizamento realizados para a determinação do coeficiente de atrito médio em superfícies de aço  jateadas  e  revestidas  por  um  esquema  de  pintura  destinado  a  ambientes  de  alta agressividade.  Palavras‐chave: Ligação por atrito, coeficiente de atrito, ensaio de deslizamento.   Abstract In order to evaluate the slip load in slip‐critical joints it is of fundamental importance to know the  slip  coefficient,  which  depends  strongly  on  the  faying  surfaces  conditions.  This  work presents  the  results of  the  slip  tests performed  to determine of  the mean  slip coefficient  in blast‐cleaned steel faying surfaces coated with a paint scheme for aggressive environments.   Keywords: Slip‐critical joint, slip coefficient, slip test.    

1 Introdução  

As  ligações parafusadas do  tipo  atrito devem  ser projetadas para que não ocorra  o 

deslizamento entre as partes, portanto, o conhecimento do coeficiente de atrito é de 

fundamental importância para a avaliação da força resistente ao deslizamento.  

Para  superfícies  de  aço  não  revestidas,  a  RCSC  (2014)  e  a ANSI/AISC  360‐16  (2016) 

estabelecem duas classes de superfícies: 

Page 62: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

145

Classe  A  (µ  =  0,30):  superfícies  laminadas,  limpas,  isentas  de  óleos  ou  graxas  e 

superfícies galvanizadas a quente com rugosidade aumentada por meio de escova de 

aço (escovação manual). A ABNT NBR 8800:2008 indica, nesse caso, µ = 0,35. 

Classe B (µ = 0,50): superfícies jateadas.  

As superfícies jateadas e revestidas podem ser também classificadas como classe A ou 

classe B desde que o  coeficiente de  atrito médio, determinado  experimentalmente, 

atinja os valores correspondentes anotados anteriormente. 

Para superfícies revestidas, KULAK et al. (2001) apresentam valores do coeficiente de 

atrito para diversos casos, incluindo galvanização, metalização e pintura.  

Nas  estruturas  pintadas,  é  usual  manter  a  região  da  ligação  isenta  de  pintura, 

propiciando assim maiores valores do coeficiente de atrito. Entretanto, em casos de 

ambiente altamente agressivo, é recomendável aplicar revestimento protetor em toda 

a  superfície,  inclusive  na  região  da  ligação,  o  que  implica  em  valores menores  do 

coeficiente de atrito e da necessidade de ensaios para sua determinação.  

No  presente  trabalho  foi  determinado  experimentalmente  o  coeficiente  de  atrito 

médio  para  o  esquema  de  pintura  descrito  na  Tabela  1,  destinado  a  ambientes  de 

elevada agressividade: 

 

Tabela 1 – Esquema de pintura analisado 

Camada  Revestimento Método de aplicação 

Espessura especificada 

(µm) 

Espessura avaliada (µm) 

1ª. demão Primer  epóxi  poliamida  rico  em zinco 

Conv. Spray  75  94 

2ª. demão Primer  epóxi  poliamida,  de  alto teor de sólidos e com pigmentação à base de fosfato de zinco 

Airless  125  148 

3ª. demão Acabamento  em  tinta  poliuretano acrílico alifático 

Conv. Spray  50  55 

Preparação da superfície:  jateamento padrão SA 2.1/2 – rugosidade especificada de 40 µm a 85 µm. Rugosidade obtida de 64 µm. 

 

Page 63: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

146

2 Procedimento de ensaio  

Os ensaios de deslizamento (slip tests) foram realizados no Laboratório de Estruturas 

da EESC‐USP, conforme as recomendações da RCSC (2014).  

O coeficiente de atrito médio (µ) foi determinado com base em cinco corpos de prova 

idênticos, submetidos ao mesmo esquema de pintura especificado para a estrutura. O 

intervalo  de  tempo  (em  horas)  entre  a  aplicação  do  revestimento  e  os  ensaios  foi 

registrado e indicado no relatório. 

Cada corpo de prova foi constituído por três chapas de mesmas dimensões e mantidas 

em  contato  por  meio  de  uma  força  de  protensão  constante  durante  o  ensaio, 

equivalente  à  força mínima  de  protensão  especificada  para  um  parafuso  A490  de 

diâmetro 22 mm (7/8”). Em seguida foi aplicada continuamente a força de compressão 

e  registrados os  valores da  força e do deslizamento  relativo, de modo  a  se obter  a 

curva força‐deslizamento. A Figura 1  ilustra o corpo de prova e a Figura 2 o esquema 

de ensaio. 

A  força  de  compressão  foi  aplicada  por  uma  máquina  de  ensaio  servo‐hidráulica, 

marca  INSTRON, modelo HVL300 (capacidade nominal de 1.500 kN), com controle de 

deslocamento do pistão do atuador a uma taxa de 0,076 mm/minuto (Figura 3).  

A força de protensão (clamping force) foi aplicada por meio de um cilindro hidráulico 

vazado, marca ENERPAC, modelo RCH 306 (capacidade nominal de 300 kN) e medida 

por meio de célula de carga com capacidade nominal de 300 kN  (Figura 4). Durante 

todo o ensaio, a força de protensão foi mantida na faixa de 216 kN a 220 kN. 

Para medição dos deslocamentos  relativos no corpo de prova  (deslizamentos)  foram 

instalados dois transdutores de deslocamento resistivos, marca VISHAY, modelo HS10 

(Figura 5). Os transdutores foram instalados após a força de compressão atingir 7,5 kN, 

de  modo  a  eliminar  folgas  e  deformações  iniciais  do  sistema.  Os  ensaios  foram 

conduzidos até se atingir um deslizamento mínimo de 1,27 mm.  

 

Page 64: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

147

Figura 1 – Dimensões do corpo de prova (RCSC, 2014) 

 

 

Figura 2 – Esquema de ensaio (RCSC, 2014) 

Page 65: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

148

 

 

Figura 3 – Vista geral do aparato de ensaio 

Figura 4 – Sistema de aplicação da força de protensão 

 

Page 66: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

149

 

Figura 5 – Transdutores de deslocamento 

 

3 Resultados 

O coeficiente de atrito para cada corpo de prova (ks) foi calculado como a seguir: 

 

força de deslizamento

2 x força de protensãosk  

 

Os  resultados  dos  cinco  ensaios  bem  como  o  coeficiente  de  atrito  médio  estão 

indicados na Tabela 2 (MALITE, 2017).   

De acordo com a RCSC  (2014), a  força de deslizamento deve ser obtida com base na 

análise da curva força‐deslizamento. Tipicamente três curvas são observadas e a força 

de deslizamento, para cada caso, é definida como (Figura 6): 

Curva  tipo  (a):  corresponde  ao  valor  máximo  (peak  load),  desde  que  o 

deslizamento correspondente seja inferior a 0,5 mm. 

Curva tipo (b): corresponde ao ponto em que há um aumento brusco na taxa de 

deslizamento (presença de um patamar). 

Curva tipo (c):  corresponde ao deslizamento de 0,5 mm. 

Page 67: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

150

 

Figura 6 – Curvas típicas força‐deslizamento (RCSC, 2014) 

 

Todas  as  curvas  obtidas  foram  do  tipo  c  (resposta  gradual),  portanto  a  força  de 

deslizamento é aquela correspondente a um deslizamento de 0,5 mm. Na Figura 7 é 

mostrada a curva  força‐deslizamento para o corpo de prova 4, onde o deslizamento 

corresponde à média dos dois transdutores.  

 

Tabela 2 – Resultados dos ensaios  

Corpo de prova  Força de deslizamento (kN)  ks 

1  115  0,26 

2  86  0,20 

3  99  0,23 

4  104  0,24 

5  102  0,23 

Coeficiente de atrito médio µ = 0,23 Desvio padrão: 0,022 

Coeficiente de variação: 9,34% Nota: o intervalo de tempo entre a aplicação do revestimento e os ensaios foi de 98 horas. 

Page 68: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

151

Figura 7 – Curva força‐deslizamento para o corpo de prova 4 

 

O  aspecto  típico  das  superfícies  em  contato,  após  ensaio,  pode  ser  visualizado  na 

Figura 8, referente ao corpo de prova 4. 

Figura 8 – Aspecto típico das superfícies em contato após ensaio 

Page 69: Volume 6 | Número 2 · Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT * Autor correspondente Recebido: 29/11/2016 Aprovado: 07/06/2017 Volume 6. Número 2 (agosto/2017). p. 86‐102

152

4 Conclusões 

Todas  as  curvas  força‐deslizamento  obtidas  foram  do  tipo  c  (resposta  gradual)  e  o 

coeficiente de atrito médio resultou  igual a 0,23. Conforme a RSCS (2014), tal valor é 

inferior ao mínimo estabelecido para as superfícies classe A (µ = 0,30), porém próximo 

ao  indicado em KULAK et al.  (2001) para  superfícies  jateadas com areia e  revestidas 

com tintas orgânicas ricas em zinco, igual a 0,27. 

 

5 Referências bibliográficas 

AMERICAN  INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION. ANSI/AISC 360‐16. Specification  for structural steel buildings. Chicago, 2016. 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE NORMAS  TÉCNICAS.  ABNT NBR  8800:2008.  Projeto  de estruturas  de  aço  e  de  estruturas mistas  de  aço  e  concreto  de  edifícios.  Rio  de Janeiro, 2008. 

KULAK,  G.L.;  FISCHER,  J.W.;  STRUIK,  J.H.A.  Guide  to  design  criteria  for  bolted  and riveted joints. American Institute of Steel Construction. Chicago, 2001. 

MALITE, M. Determination of  the slip coefficient of a coating used  in bolted  joints. School of Engineering of Sao Carlos – University of Sao Paulo. Technical Report, 2017. 

RESEARCH  COUNCIL  ON  STRUCTURAL  CONNECTIONS  (RCSC).  Specification  for structural joints using high‐strength bolts. Chicago, 2014.