Volume Morto Do Sistema Cantareira Faz Um Ano e Vira

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Volume morto do sistema Cantareira faz um ano e vira 'reserva fixa' FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO 16/05/2015 02h00 - Atualizado às 10h56 No início de 2014, às vésperas de uma estiagem recorde, a população da Grande SP foi apresentada a um novo termo: volume morto. A expressão usada para designar a porção de água que fica nas partes mais baixas das represas logo tomou as rodas de conversas. O tal volume morto, ou a oficial "reserva técnica", acabou sendo a aposta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e da Sabesp para abastecer 8 milhões de pessoas a partir de maio daquele ano –às vésperas do período eleitoral. A ideia era, a partir de obras urgentes de R$ 80 milhões, usá-lo apenas durante quatro meses, até que viessem as chuvas de outubro. Mas as chuvas não vieram, e o volume morto faz um ano, sem que o governo do Estado saiba quando poderá abrir mão de uma medida que deveria ser apenas emergencial. Neste sábado (16), o manancial registrou queda após três dias seguidos de estabilidade. Agora, opera com 15,2% de sua capacidade. A última vez em que o

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Volume morto do sistema Cantareira faz um ano e vira 'reserva fixa'FABRCIO LOBELDE SO PAULO16/05/201502h00- Atualizado s 10h56No incio de 2014, s vsperas de uma estiagem recorde, a populao da Grande SP foi apresentada a um novo termo: volume morto.A expresso usada para designar a poro de gua que fica nas partes mais baixas das represas logo tomou as rodas de conversas.O tal volume morto, ou a oficial "reserva tcnica", acabou sendo a aposta do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e da Sabesp para abastecer 8 milhes de pessoas a partir de maio daquele ano s vsperas do perodo eleitoral.A ideia era, a partir de obras urgentes de R$ 80 milhes, us-lo apenas durante quatro meses, at que viessem as chuvas de outubro.Mas as chuvas no vieram, e o volume morto faz um ano, sem que o governo do Estado saiba quando poder abrir mo de uma medida que deveria ser apenas emergencial.Neste sbado (16), o manancial registrou queda aps trs dias seguidos de estabilidade. Agora, opera com 15,2% de sua capacidade. A ltima vez em que o Cantareira tinha registrado queda havia sido no ltimo domingo (10).Para voltar a operar no volume til (acima do nvel original de captao), precisa atingir 22,7% o problema que a estiagem que vai at outubro j comeou.

A CRISEEm janeiro de 2014, com o maior reservatrio da regio metropolitana perdendo cada vez mais gua, as projees apontavam que, sem chuvas, o Cantareira poderia chegar a seu nvel zero em junho."Nessa hora, em vrias conversas, surgiu a ideia de usar a reserva tcnica. Era algo desconhecido para ns, a gente no faz esse tipo de operao", diz Marco Antnio Barros, superintendente da regio metropolitana da Sabesp.Editoria de Arte/Folhapress

A estatal ento foi alertada sobre uma experincia no Cear que, desde os anos 90, usava bombas flutuantes para captar gua abaixo do nvel til de seus reservatrios.Para adaptar a experincia cearense seca paulista, a Sabesp calculou que teriam que bombear 180 bilhes de litros de gua. Essa era a poro necessria para abastecer So Paulo at outubro, ms que marca o incio da temporada chuvosa e quando a Sabesp esperava que as chuvas elevariam o nvel da represa.Quando a obra foi anunciada, o temor de alguns era que a gua do fundo das represas contivesse mais detritos e contaminantes e, por isso, sua qualidade seria pior.Segundo o professor de hidrologia da Universidade Federal do RS e diretor da Rhama Consultoria, Carlos Tucci, o receio sobre a qualidade da gua ocorre sempre quando se fala em explorar o volume morto de qualquer represa.No caso do Cantareira, porm, as condies so diferentes. "O Cantareira uma rea protegida, ento a contaminao por ocupao irregular pequena", afirma Tucci.Outro receio era o de que se poderia esgotar de forma quase que irreversvel a represa.Em novembro do ano passado, com o Cantareira prximo a um colapso, a Sabesp teve que explorar uma segunda cota do volume morto.O aumento do nvel dos reservatrios o que espera Sidney Trindade, 50, dono de uma pousada e de uma marina no municpio de Bragana Paulista, s margens da represa. Com a seca, ele viu seus lucros carem 70%. "Lucro, no estou tendo nenhum. Estou esperando chover."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/05/1629825-volume-morto-do-sistema-cantareira-faz-um-ano-e-vira-reserva-fixa.shtml