Voz de Esperança Nov/Dez 2014

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A saudação do anjo Gabriel, embora pronun- ciada em tempo de Anunciação, é fundamento bíblico para o dogma da Imaculada Conceição. Alegra-te, Cheia de Graça. Aquela Graça que te cobrirá com a sua sombra é a mesma Graça que, querendo construir habitação entre nós, prepara em Maria uma digna moradora para Seu Filho. Dom do excesso e excelso amor de Deus, con- cedido por antecipação à Imaculada, não é nem privilégio exclusivo nem evasão da humanidade. A Graça derramada em Maria, desde a sua con- cepção, é também gratuitamente espargida so- bre cada um de nós, por Seu Filho muito amado. Graça que não rera dos limites do espaço nem das debilidades da história, antes convida ao transcendente e ao desejo de Deus, ordenando os passos da vida na comunhão com Deus e com os irmãos, e na liberdade perante as coisas e o mundo. A Semana dos Seminários, que estamos pres- tes a viver, propõe-nos o Seminário como tempo da Graça de Deus, lugar onde é possível: primeiro, fazer a experiência da alegria que nos vem de sa- bermos o quanto somos amados por Deus; para, depois, assumirmos o compromisso de sermos Servidores da alegria do Evangelho, preparando o encontro e a morada de Cristo em cada pessoa e em cada ambiente. Maria, a Cheia de Graça é, para todo o cren- te, transparência da incomparável predilecção do amor de Deus, a todos oferecido. E, para o presbí- tero, ícone da alegria que é gerar Cristo em quan- tos lhe são confiados. ALEGRA-TE! EDITORIAL Director: P.e Avelino Marques Amorim Ano XX - 5ª Série | Nº 43 | Bimestral 1,00 € UM DOMINGO DIFERENTE O que se pretende é que sejam pessoas de amanhã, mais justas e mais viradas para o próximo Fáma e Manuel Silva p. 7 A CHEIA DE GRAÇA “Cheia de Graça” é o mais belo tulo de Maria, este é o nome que o próprio Deus lhe deu Pe. Hermenegildo Faria p. 2-3 NOV - DEZ / 2014 SERVIDORES SEMANA DOS SEMINÁRIOS 9 A 16 DE NOVEMBRO 2014 DA ALEGRIA DO EVANGELHO

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Revista bimestral do Seminário Arquidiocesano de Braga

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A saudação do anjo Gabriel, embora pronun-ciada em tempo de Anunciação, é fundamento bíblico para o dogma da Imaculada Conceição. Alegra-te, Cheia de Graça. Aquela Graça que te cobrirá com a sua sombra é a mesma Graça que, querendo construir habitação entre nós, prepara em Maria uma digna moradora para Seu Filho.

Dom do excesso e excelso amor de Deus, con-cedido por antecipação à Imaculada, não é nem privilégio exclusivo nem evasão da humanidade. A Graça derramada em Maria, desde a sua con-cepção, é também gratuitamente espargida so-bre cada um de nós, por Seu Filho muito amado. Graça que não retira dos limites do espaço nem das debilidades da história, antes convida ao transcendente e ao desejo de Deus, ordenando os passos da vida na comunhão com Deus e com os irmãos, e na liberdade perante as coisas e o mundo.

A Semana dos Seminários, que estamos pres-tes a viver, propõe-nos o Seminário como tempo da Graça de Deus, lugar onde é possível: primeiro, fazer a experiência da alegria que nos vem de sa-bermos o quanto somos amados por Deus; para, depois, assumirmos o compromisso de sermos Servidores da alegria do Evangelho, preparando o encontro e a morada de Cristo em cada pessoa e em cada ambiente.

Maria, a Cheia de Graça é, para todo o cren-te, transparência da incomparável predilecção do amor de Deus, a todos oferecido. E, para o presbí-tero, ícone da alegria que é gerar Cristo em quan-tos lhe são confiados.

ALEGRA-TE!EDITORIAL

Director: P.e Avelino Marques AmorimAno XX - 5ª Série | Nº 43 | Bimestral1,00 €

UM DOMINGO

DIFERENTE

O que se pretende é que sejam pessoas de amanhã, mais justas e mais viradas para o próximo

Fátima e Manuel Silvap. 7

A CHEIA

DE GRAÇA

“Cheia de Graça” é o mais belo título de Maria, este é o nome que o próprio Deus lhe deu

Pe. Hermenegildo Fariap. 2-3

NOV - DEZ / 2014

SERVIDORES

SEMANA DOS SEMINÁRIOS9 A 16 DE NOVEMBRO 2014

DA ALEGRIADO EVANGELHO

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VISÃO

A CHEIA DE GRAÇA

Pe. Hermenegildo Faria

A Solenidade da Imaculada Conceição é uma das ce-lebrações marianas mais belas e populares. Maria não somente não cometeu pecado algum, mas foi também preservada da herança comum a todo o género humano: o pecado original. Este privilégio foi confiado a Maria em vista da missão que Deus lhe confiou: a de ser a mãe do Redentor. O fundamento bíblico deste dogma está nas palavras que o Arcanjo Gabriel dirige à jovem de Nazaré. “Avé, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28) “Cheia de graça” é o mais belo título de Maria, este é o nome que o próprio Deus lhe deu para indicar que, desde toda a eternidade, ela é a bem-amada, a eleita do Senhor para acolher o “amor incarnado de Deus” (Deus Caritas est, nº 12).

A palavra “imaculada” refere quase automaticamente à ideia de “sem-mancha”, “sem-nódoa”. O pecado é as-sim compreendido como algo que nos suja, nos mancha. O pecado original seria uma espécie de “nódoa” que os nossos pais nos transmitiram desde a nossa conceção. O Batismo seria assim o sacramento da “lavagem” que a água significaria de forma eminente. Todavia, se nós preferimos a linguagem da Graça, a Imaculada Concei-ção pode ser aprofundada não tanto do ponto de vista da mácula mas antes da plenitude. Maria é a Imaculada Conceição porque é a Cheia de Graça. Isso permite que nos afastemos da analogia da mancha para procurarmos outras analogias.

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Imaginemos que o pecado seria como que uma bre-cha em nós pela qual a Graça de Deus se escapava, como um tanque que verte. Maria, desde a sua conceção, é o vaso imaculado que permaneceu sempre cheio da Graça de Deus. Por isso, ela pode cantar: “Porque olhou para a humildade da sua serva…” (Lc 1, 48). A humildade é a vir-tude pela qual nós, esvaziados de nós mesmos, deixamos que a Graça de Deus nos encha. O rico, que é despedido de mãos vazias, é aquele que se incha e se enche de si próprio, atitude que são Paulo apelida de “kauquesis”, que podemos traduzir por jactância. Maria, mesmo sen-do a Cheia de Graça, é a sedenta e a faminta a quem Deus enche de bens (Lc 1, 53). Maria é a pobre de si própria e a cheia da Graça de Deus.

A palavra “graça” remete principalmente para dois sentidos: um que dá o substantivo “graciosidade” ou beleza interior; outro que tem a ver com aquilo que não tem preço: é de graça. Em Maria, tudo é recebido e dado de graça. Ela põe assim em prática as palavras de seu filho quando diz: “Recebeste de graça, dai de graça” (Mt 10, 8). Este é o maior testemunho que a “Cheia de Graça” pode dar ao homem de hoje. O nos-so mundo mercantiliza tudo. Tudo é objeto de transa-ção, de cotação, de preço. Duas tendências, opondo-se aparentemente, marcam o mundo político e social dos tempos modernos. Uma tende a consagrar o modelo capitalista de mercado com a sua lei suprema da oferta

e da procura; outra, através das chamadas lutas socie-tais, alarga o campo do mercado, destruindo a família e a maternidade que são os lugares por excelência da gratuidade: alugam-se barrigas, compram-se filhos, ta-belam-se pensões de alimentos, calculam-se partilhas de divórcio, patrocina-se o congelamento de ovócitos para que a mulher adie e comprometa a sua realização pessoal pela maternidade. A direita liberal de merca-do, associada à esquerda societal destruidora das ins-tituições tradicionais do exercício da gratuidade, fazem advir a “Besta selvagem do capitalismo” profetizada e temida por Hegel.

A Maria, a “Imaculada”, a “Cheia de graça”, peçamos a graça de redescobrir a gratuidade, o preço das coisas sem preço, porque, “Se alguém desse toda a riqueza de sua casa para comprar o amor, seria ainda tratado com des-prezo.” (Ct 8, 7) O fim dos tempos será o triunfo, não da sociedade libertina de mercado, mas sim da comunhão na gratuidade, como o anuncia o profeta Isaías: “Atenção! Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água. Mes-mo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimen-ta? E o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos? Se me escutardes, havereis de comer do melhor, e saborear pratos deliciosos.” (Is 55, 1-2) Por isso, no fim, o Coração Imaculado de Maria triunfará.

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ARTE

IMACULADA CONCEIÇÃO (II)

Luís da Silva Pereira

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Este quadro de Zurbarán concilia dois tipos iconográficos da Imaculada Conceição: um em voga desde finais do séc. XV e que perdura ainda no séc. XVI, representando vários sím-bolos marianos; outro que se esta-beleceu a partir de Murillo, e que já prescinde deles.

Francisco de Zurbarán nasceu perto de Badajoz, em 1598 e faleceu em Madrid, em 1664. É considera-do, com Velásquez e Ribera, um dos maiores pintores espanhóis do Sécu-lo de Ouro. Há quem lhe chame o Ca-ravaggio espanhol pelos contrastes do claro-escuro, pela rudeza e simpli-cidade dos tipos humanos, pelo rea-lismo e misticismo das personagens que pinta.

O quadro a óleo que apresen-tamos encontra-se no Museu do Prado. A Imaculada ostenta as ca-racterísticas mais frequentes: de pé, rosto juvenilíssimo, mãos pos-tas, cabeça inclinada, em sinal de humildade, olhando para a terra, cabelos longos e soltos. Os pés co-bertos pela túnica, não branca, mas cor-de-rosa, convencionalmente a cor feminina, poisam sobre o cres-cente lunar virado para baixo. O

dragão que eles costumam pisar, não se encontra representado. O manto azul desenha-se ligeiramen-te ovalado, quebrando a verticali-dade da Virgem. O nimbo, cercado por cabeças de anjos que se diluem na luz, mostra dez estrelas. Costu-mam ser doze, mas supomos que as outras duas se escondem por detrás da cabeça. Este atributo é tirado do Apocalipse (cap. 12, 1): “Depois apareceu no céu um grande sinal: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”.

As nuvens douradas entreabrem-se para mostrar símbolos da Imacula-da, formando, com outros dispersos pela paisagem, uma espécie de ladai-nha pictórica.

Do nosso lado direito, de cima para baixo, podemos ver: 1. uma es-cada, símbolo que alude à escada de Jacob (Génesis 28, 12), significando que, através de Nossa Senhora, Deus desce à terra e os homens sobem ao céu; 2. um espelho, lembrando as palavras do Livro da Sabedoria (7, 26): “ela é o espelho sem mancha da actividade de Deus”; 3. a estrela da manhã, símbolo tirado do Eclesiásti-

co (50, 6): “Como estrela da manhã brilha no meio das nuvens”.

Do lado esquerdo e também de cima para baixo: 1. uma porta, lem-brando a “porta do céu”, que surge no Génesis (28,17): “Aqui é a porta do céu”; 2. o templo de ouro ou casa de Deus. Recorda a descrição do ta-bernáculo no Livro do Êxodo (cap. 25); por fim, a estrela do mar que orienta o navegante, símbolo tirado da antífona “Ave maris stella”.

Nos elementos da paisagem, ao fundo do quadro, encontramos ain-da: 1. a nau que evoca a mulher virtu-osa, no Livro dos Provérbios (30, 14): “É semelhante ao navio do mercador que traz os víveres de longe”; 2. a palmeira de Engadi (Eclesiástico 24, 18); 3. a cidade de Deus, (salmo 86, 3): “Gloriosas coisas apregoam de ti, ó cidade de Deus”; e ainda podemos vislumbrar, na cidade, o que será a Torre de David ou a Torre de Marfim, títulos marianos da ladainha.

Como toda a arte sacra, a pintura tem uma evidente função didáctica e mantém sempre uma relação funda-mentadora com o texto bíblico, que Northrop Frye chamou o Grande Có-digo.

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SEMINÁRIO MENOR

Foi nos dias 20 e 21 de Setem-bro que a comunidade de Seminário Menor realizou um fim-de-semana diferente nos belos concelhos de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto. Mais que um tempo de momentos lúdicos, animação e con-vívio, foi ocasião para programarmos juntos este novo ano, como oportu-nidade de fortalecemos a amizade e favorecermos a integração dos novos elementos.

Acantonamos no centro paroquial de Rio Douro - Cabeceiras de Basto, onde fomos recebidos de coração aberto. A partir daí preenchemos aqueles dois dias, com celebrações eucarísticas em diversas paróquias para a angariação de fundos para as obras de restauro do Seminário Me-nor, houve momentos também de reflexão sobre o novo ano, e ainda também, e porque o tempo o permi-tiu, um jogo de futebol no complexo desportivo de Alvite, e o recuperar de energias numa refeição partilha-da pela família de um seminarista. Por fim, terminamos o dia com uma dinâmica sob o lema pastoral dos Se-minários para este ano “Fazei tudo o que Ele vos disser…”.

O centro do domingo foi a Euca-ristia nas diferentes comunidades paroquiais de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto, que nos ex-pressaram a sua alegria e gratidão pela nossa presença. Nelas, a Equipa

À DESCOBERTA …Diogo Azevedo, 11º ano

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Formadora exortou os jovens à des-coberta da própria vocação, pois com Deus não perdemos nada, antes ga-nhamos tudo, já que Ele é caminho a seguir, luz que vale a pena acender, vida que merece ser agarrada, Amor que vale a pena amar. Ficou ainda o apelo a rezar pelas vocações, e aos agentes pastorais que não deixassem de as propor aos jovens que lhes es-tão confiados, pois a vida consagrada é um projeto de vida com sentido de felicidade. Insistiram que não deve-mos ter medo de despertar a voca-ção a algum jovem que manifesta alegria em servir a Igreja, ou até o gosto de colaborar com a paróquia. As comunidades necessitam de pas-

tores, e essa é a tarefa de todos, pois um rebanho sem o pastor não é um rebanho feliz, pois não tem quem lhe sirva o alimento da Palavra de Deus.

Foram dois dias cheios de vida, de alegria, de conhecimento e de graça, pois há pessoas que rezam pelos se-minários e que gostam de colaborar com eles, para que nada lhes falte, e foi isso o que as paroquias de Cabe-ceiras de Basto e de Celorico de Bas-to, com todo o carinho, afeto e sim-plicidade nos testemunharam. Como diz a música “ Deus é amor”, assim como seguir Jesus é amar a felicida-de, é amar a vida e é a caminhar nes-ta dádiva autêntica de amar a Cristo que damos sentido à vida.

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UM DOMINGO DIFERENTE

Maria de Fátima e Manuel Silva

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Domingo, dia 19 de novembro, se não fosse o dia do encontro das famí-lias no seminário menor, onde está um dos nossos filhos, e iria ser um domingo igual a tantos outros.

Chegamos ao seminário pelas 9.45h, e a celebração iria começar às 10.00h; entramos no átrio onde já es-tavam diversos pais que esperavam pelo início da celebração. É curioso os olhares que se cruzam dos que chegam com os que já se encontram. Olhares que tentam fazer um exer-cício de conhecimento, mas como ainda somos novos nestas andanças, acabamos por ficar pelo sorriso na cara e o bom dia. No entanto estes encontros são para isso mesmo, para nos conhecermos, confraternizar e quebrar essa barreira.

Terminada a celebração tivemos um tempinho para beber um café e de seguida iniciou-se um encontro informal porém muito formativo que nós, damos graças a Deus, de estarmos dispostos a ouvir e partilhar vivências de vida para que possamos juntos ul-trapassar dificuldades. Dessas partilhas destacamos os temas: a falta de diálo-go entre o casal na resolução de pro-blemas” tabu “que ao longo do tempo vão asfixiando a vivência matrimonial, e a maneira como terceiros interferem no nosso relacionamento, quer eles sejam os pais, sogros, irmãos etc. Bem como a educação dos nossos filhos, re-lativamente a estes.

Estivemos a refletir que estando nós inseridos numa sociedade extre-mamente consumista não é a dar-

lhes tudo que eles nos pedem que os vamos fazer melhores cidadãos pelo contrário estaremos é a fazê-los cres-cer mais virados para si mesmos, e o que se pretende é que sejam pessoas de amanhã, mais justas e mais vira-das para o próximo. E isto é de uma grandeza extraordinária.

É de salientar, e agradecer a to-dos, que promovem este tipo de iniciativas, pois são estas partilhas que nos fazem crescer, não só como pessoas mas também como cristãos responsáveis pelo amadurecimen-to da nossa fé. Destacamos ainda a promessa da continuidade destes encontros que de certeza vão ser ri-quíssimos nos conteúdos, para que possamos de facto dar testemunho disso mesmo.

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José Miguel Neto, 2.º ano de Teologia

a bela arte usada para a construção desta bonita igreja, sobretudo os re-tábulos de talha maneirista2.

De seguida, utilizando as excelen-tes condições dos espaços circundan-tes à Ermida de Nossa Senhora, situa-da no Monte Castro, junto à igreja do Mosteiro de S. Romão, demos início ao convívio, onde também o clima foi nosso amigo presenteando-nos com a presença do sol, levando para longe a chuva que, com muita abundância, tinha caído durante a viagem.

Este passeio, bem como outros momentos de convívio que se repe-tem ao longo do ano, servem para o estreitar de relações entre semina-ristas e entre famílias, pois o Passeio das Famílias serve também como apresentação e integração dos novos seminaristas e respetivas famílias na comunidade Seminário.

Após momentos de conversa, de jogo de cartas e também de de-gustação de alguns petiscos, deu-se o regresso a Braga, retemperados e animados para iniciar as lides de mais um ano letivo, que como usualmente se avizinha intenso.

Mais um ano lectivo começou nos Seminários Arquidiocesanos de Braga, e como habitualmente esse início foi marcado pelo já tradicional Passeio das Famílias. Assim, no pas-sado dia 14 de Setembro, as Equipas Formadoras, os Seminaristas e as res-pectivas famílias rumaram até terras da Diocese de Viana do Castelo, mais concretamente até S. Romão do Nei-va, para alguns momentos de conví-vio ao longo do dia.

Apesar da instabilidade atmos-férica no início da manhã, a boa disposição era reinante entre todos, pois é sempre agradável ter uma oportunidade para estar em família aproveitando também para estreitar

os laços com os membros da família Seminário, sendo também um atrati-vo, a possibilidade de conhecer no-vos locais das Dioceses de Braga ou de Viana do Castelo.

Após a viagem até S. Romão do Neiva, com uma pequena paragem em Barcelos para pequeno-almoço, reunimo-nos na Igreja do Mosteiro de S. Romão do Neiva. Este mosteiro beneditino teve a sua construção nos séc. X-XI, sendo que no decurso dos séculos seguintes sofreu várias obras de reconstrução, datando a atual construção do séc. XVII1.

Aí celebramos a Eucaristia, apro-veitando para louvar a Deus de várias formas, uma delas contemplando

SEMINÁRIO MAIOR

A FAMÍLIA EM CONVÍVIO

1 Fonte: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patri-monio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/156220 (consultado em 01/10/14).2 Fonte: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patri-monio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/156220 (consultado em 01/10/14).

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res em miniatura dos automóveis das mais variadas marcas e das diversas personalidades que têm marcado os séculos XX e XXI.

No dia 28, de manhã, foram apre-sentadas em plenário, pelo porta-voz de cada grupo, as reflexões efectua-das pelos seus membros no dia an-terior. Perspectivou-se, em seguida, o ano lectivo que a comunidade tem pela frente, saindo-se em seguida para a visita ao museu de pintura Abel Manta, tendo como principal acervo a obra do pintor referido, fi-lho da terra, mas exibindo também obras de outros importantes pintores do panorama artístico nacional.

Após o almoço, marcado pelo agradável ambiente fomentado não só pela boa qualidade gastronómi-ca, mas também pelo jovial convívio entre a comunidade do Seminário maior de Braga e a comunidade dos missionários que tão bem acolheram os bracarenses, partiu-se para a via-gem de regresso à antiga cidade de Augusto, não sem antes se parar um pouco nas rústicas e históricas locali-dades de Folgosinho e de Linhares da Beira, onde se subiu aos respectivos castelos e se teve a oportunidade de contemplar as belíssimas serranias coroadas de verdes píncaros que en-volvem aquelas aldeias.

Assim se perspectivou um ano lectivo que constitui mais um passo na nossa peregrinação.

No fim-de-semana de 27 e 28 de Setembro, a comunidade do Semi-nário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo realizou o seu encontro anual de pro-gramação para o ano lectivo de 2014-2015. O encontro realizou-se no Se-minário dos Missionários de S. João Baptista, em Gouveia, cidade situada entre os píncaros da belíssima Cordi-lheira Central, urbe muito acolhedo-ra que manifestou abertamente esta qualidade das suas gentes na forma amável como os seminaristas e seus formadores foram recebidos.

Iniciaram-se os trabalhos no dia 27 de manhã, desdobrando-se em dois momentos principais, onde, depois de um plenário introdutório

em cada um desses momentos, os seminaristas se dividiram em vários grupos para reflectir sobre alguns aspectos importantes da vida da co-munidade, nomeadamente no que respeita aos âmbitos da formação intelectual e da formação espiritual. Após o almoço, a visita às principais lagoas e ao cume da Serra da Estrela proporcionou momentos salutares de convívio que muito favoreceu o enriquecimento e a consolidação das relações fraternas da comunidade do Seminário bracarense. À noite do mesmo dia, houve ainda tempo para a visita ao Museu da Miniatura Auto-móvel, em Gouveia, onde se encon-tra uma vasta colecção de exempla-

Tiago Varanda, 3º Ano Teologia

MAIS UM ANO, MAIS UM PASSO

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Pedro Antunes, 1º Ano Teologia

SEMINÁRIO MAIOR

DIA DA ACTIVIDADE MISSIONÁRIA

Realizou-se no passado dia 9 de Outubro, o terceiro Dia da Actividade Missionária, no Seminário Conciliar São Pedro e São Paulo. Neste dia, o Seminário foi visitado por algumas ordens religiosas edificadas na Arqui-

diocese de Braga, que desenvolvem actividades missionárias um pouco por todo o mundo. Este encontro começou com a celebração da Eu-caristia, seguido de jantar convívio e de uma pequena conferência sobre a actividade missionária.

A conferência teve como objeti-vo apresentar um pouco do que é, do que foi e qual a importância das missões religiosas, tendo em conta a exortação que Jesus fez aos seus apóstolos: «Ide, pois, fazei discípu-

los de todos os povos, Baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espi-rito Santo.» (Mt 28, 19). Esta é uma tarefa árdua, dadas as desigualda-des sociais e a pobreza absoluta que afeta alguns países. Neste ponto, o orador de serviço foi o Padre Eduar-

do Martins que, na partilha da sua(s) experiência(s), realçou o quão difícil e moroso é levar Jesus sacramen-tado a alguns locais do mundo, por vezes, quase inacessíveis. Por sua vez, Marta Oliveira partilhou a sua experiência missionária na Guiné-Bissau, na qual o seu grupo missio-nário procurou anunciar a Boa-Nova de Jesus e apoiar a comunidade noutras áreas, como por exemplo na saúde. Alguns dos aspectos que marcaram esta experiência, para além das graves dificuldades econó-micas e sociais da região, foram a re-cepção que a comunidade local fez aos missionários, as relações fortes de afinidade e amor que se criaram com a comunidade, apesar desta ex-periência durar cerca de um mês, e a predisposição para aprender mais sobre Jesus. No fim do encontro foi lançado o desafio aos seminaristas do Seminário Conciliar para se abri-rem à possibilidade de uma experi-ência missionária.

Este encontro foi para mim espe-cial, porque para além de ser o pri-meiro, tive a possibilidade de conhe-cer com pormenor, uma outra forma de ser um anunciador de Cristo. Enquanto seminaristas em discerni-mento vocacional, este encontro per-mitiu refletir sobre uma das questões levantadas no retiro espiritual: “a que clamores eu gostaria de responder?” Foi portanto um passo muito mar-cante nesta caminhada vocacional.

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Sandra Pereira

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VOLUNTARIADO

Numa inovadora iniciativa a Pas-toral Universitária de Braga continua este ano a abrir caminho e a desper-tar os jovens universitários para o vo-luntariado.

Com esta iniciativa pretende-se mostrar que o voluntariado se pode assumir como uma das forças de transformação social, como meio de participação cívica dos cidadãos, como um espaço onde a sociedade dá voz aos seus anseios e expressa a sua vontade de mudança em prol dos mais desfavorecidos e desprotegidos socialmente.

saberes. Os voluntários e os bene-ficiários podem, assim partilhar ex-periências e fomentar o convívio in-ter-geracional e o desenvolvimento de comportamentos sociais e huma-nos; o projeto Mais Horizonte que é desenvolvido no Instituto Juvenil de Maria Imaculada no apoio ao estu-do e orientação escolar das jovens, mas também através de sessões de motivação, visitas a locais de inte-resse e realização de atividades lú-dicas e culturais que possibilitem a aquisição de novas competências e conhecimentos; o Projeto Homem que pretende acompanhar os uten-tes desta instituição através da di-namização de atividades de caráter lúdico e cultural para promoção de partilha de experiências e saberes, bem como ações de sensibilização para a saúde, prevenção e seguran-ça e o projeto na Casa de Saúde do Bom Jesus que promove atividades de leitura e/ou artes, dinamização e utilização de meios informáticos e partilha de histórias de vida para as senhoras portadoras de doença mental.

Cada um dos projetos é desenvol-vido e orientado por um coordena-dor que terá a seu cargo o grupo de voluntários e procurará agilizar as ati-vidades entre estes e as entidades.

A Pastoral Universitária procura assim a reafirmação da pessoa cristã ao proporcionar o encontro com Cris-to na comunidade e no outro.

PASTORAL UNIVERSITÁRIA

O voluntário doa o seu tempo, mas sobretudo a sua pessoa em toda a sua complexidade (capacidades, sentimentos e experiência) a uma causa, a um ideal.

A Pastoral Universitária propõe este ano 4 projetos: o projeto Mais Proximidade que colabora com a junta de freguesia de Maximinos, Sé e Cividade e visa o acompanha-mento social de idosos que vivem em contexto de solidão ou isola-mento, através de visitas ao domi-cilio, apoio no desenvolvimento de tarefas e troca de experiências e

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FORMAÇÃO DE ANIMADORES: UM CAMINHO DE QUALIDADE NA PASTORAL DE JOVENS

Propriedade do Semináriode Nossa Senhora da Conceição

Rua de S. Domingos, 94 B4710 - 435 BragaTelf: 253 202 820 | Fax: 253 202 821

www.diocese-braga.pt/seminariomenorwww.fazsentido.com.ptseminariomenor@[email protected]

N.º de Registo: 1152 88Depósito Legal N.º 40196/91Tiragem: 4000 Exemplares

Agradecemos os donativos que alguns assinantes nos fazem chegar. Não sendo de pagamento obrigatório, o Jornal só é viável com as vossas ajudas de custo! As ofertas deste bimestre totalizam 200,00 €.

Podem enviar o vosso donativo para o endereço abaixo descrito, ou directamente para o NIB:0007 0602 00472310008 15.

Que o Senhor vos conceda o Seu amor e Graça.

Os artigos publicados no “Voz de Esperança” seguem,ou não, o novo acordo ortográfico consoante a escolha dos autores.

PASTORAL DE JOVENS

Uma das mais fortes apostas do Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens de Braga tem sido a Formação de Animadores de grupos de jovens.

Porquê Formação para Animadores?Ao longo dos anos de trabalho com grupos de jovens fomo-nos apercebendo das vá-

rias necessidades que estes levantavam, tanto no que diz respeito à falta de itinerários práticos de orientação para o funcionamento dos grupos, como da falta de formação e de competências para animar um grupo de jovens.

A vontade de trabalhar e de agarrar o projeto de Jesus Cristo é imensa, mas existe falta de estrutura e preparação de muitos dos jovens para levar a bom porto a tarefa de animar outros jovens. Por isso, acreditamos que a Formação de Animadores é um passo fundamental na qualidade do anúncio que queremos fazer para e com os jovens.

As Bases para a Pastoral Juvenil indicam-nos que os agentes e responsáveis da Pas-toral Juvenil devem ser “testemunhos de fé”, ter “sentido comunitário”, “capacidade de diálogo” e “competências necessárias”. Sem animadores maduros na Fé, que tenham oportunidade de se preparar, crescer e formar, não conseguiremos levar os jovens pelo caminho exigente de santidade que Cristo nos propõe.

Porque um itinerário de fé credível precisa de animadores motivados e prepara-dos, a Formação de Animadores tem o objetivo de dotar os animadores de conteúdos e competências, organizadas em 3 etapas: 1. Curso para assimilar ideias relativas aos conteúdos da fé; 2. Curso para promover competências específicas para orientar um grupo, apoiando-se num itinerário estruturado e testado; 3. Curso para autonomizar o animador na utilização dos seus conhecimentos na Pastoral Juvenil.

Num mundo com uma realidade complexa, de progressão tecnológica ultrarrápida, de fortes pressões para a realização individual e um crescimento económico feroz, o serviço de anunciar o Evangelho aos jovens e de os transformar em discípulos compro-metidos com Cristo é uma tarefa árdua, que necessita de uma preparação sólida e capaz de animar e apaixonar os jovens para o serviço dessa missão.

INSCREVE-TE!– endereço: [email protected] – início da formação: 22 de novembro, no Seminário Menor