WARLEY OLIVEIRA SILVA - portal.estacio.br · Objetivo: Comparar a eficácia de XP-endo Finisher e...

75
WARLEY OLIVEIRA SILVA COMPARAÇÃO DA REMOÇÃO DE DEBRIS ENTRE XP-ENDO FINISHER E IRRIGAÇÃO ULTRASSÔNICA PASSIVA (PUI) EM MOLARES INFERIORES COM CANAIS MESIAIS CLASSE II DE VERTUCCI 2019 Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura 22790-710 Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

Transcript of WARLEY OLIVEIRA SILVA - portal.estacio.br · Objetivo: Comparar a eficácia de XP-endo Finisher e...

i

WARLEY OLIVEIRA SILVA

COMPARAÇÃO DA REMOÇÃO DE DEBRIS ENTRE XP-ENDO FINISHER E IRRIGAÇÃO

ULTRASSÔNICA PASSIVA (PUI) EM MOLARES INFERIORES COM CANAIS

MESIAIS CLASSE II DE VERTUCCI

2019

Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura

22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

ii

WARLEY OLIVEIRA SILVA

COMPARAÇÃO DA REMOÇÃO DE DEBRIS ENTRE XP-ENDO FINISHER E IRRIGAÇÃO ULTRASSÔNICA PASSIVA (PUI) EM MOLARES INFERIORES

COM CANAIS MESIAIS CLASSE II DE VERTUCCI

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Odontologia, da

Universidade Estácio de Sá, como

parte dos requisitos para a obtenção do

grau de mestre em Odontologia

(Endodontia).

Orientadores:

Profa. Dra. Marília Marceliano-Alves

Prof. Dr. José Cláudio Provenzano

Universidade Estácio de Sá

Rio de Janeiro

2019

iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Ronaldo e Andréia, por sempre

acreditarem no meu potencial, por todo apoio, incentivo e paciência nessa fase

tão importante da minha vida.

Dedico carinhosamente este trabalho ao meu tio Sérgio Antônio (in memorian)

pela dedicação que teve como professor e paixão com os estudos, motivo de

inspiração e orgulho para mim.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por abençoar o meu caminho, ouvir minhas preces, por me

permitir realizar mais um sonho e ser fortaleza em minha vida.

Aos meus pais Ronaldo e Andréia, os meus maiores incentivadores!

Trabalharam intensamente para que eu pudesse estudar e chegar até aqui, me

ofereceram o melhor que podiam, abdicando dos seus desejos, sem vocês

nada seria possível! Obrigado por me mostrar desde criança o valor do estudo

e que nada é impossível quando há dedicação, persistência e amor no que se

faz. Dedico com todo carinho essa conquista a vocês que esculpiram o meu

caráter e lapidaram os meus valores.

Agradeço à minha família, pelo apoio, por torcerem por mim e estarem sempre

presentes.

À minha orientadora Professora Doutora Marília Marceliano Alves, pela

orientação, por contribuir em meu crescimento profissional, pelo empenho e

contribuições no trabalho, obrigado pela paciência e pelos ensinamentos.

Ao meu co-orientador Professor Doutor José Cláudio Provenzano, pelos

ensinamentos, empenho e contribuições em meu trabalho e formação.

Ao Professor Doutor Pablo Amoroso, pela contribuição nesse trabalho,

amizade estabelecida e por estar sempre disposto em ajudar.

Aos Professores: Doutor José Freitas Siqueira Júnior, Doutora Isabela Rôças e

Doutor Hélio Lopes pelos ensinamentos, por compartilhar uma Endodontia de

excelência, tenho muito orgulho de ter sido aluno de vocês.

Ao Professor Doutor Flávio Rodrigues Ferreira Alves, pelos ensinamentos, por

me ensinar que disciplina, seriedade e muito esforço são palavras de ordem

para alcançar a excelência. Obrigado pelo apoio, incentivo e oportunidades.

v

Ao Professor Doutor Lúcio Gonçalves, pelos ensinamentos, pela amizade e

estar sempre disposto em ajudar. Obrigado pelo incentivo e por contribuir em

meu crescimento profissional.

A todos os professores do PPGO (Doutora Luciana Armada, Doutor Dennis

Carvalho, Doutor Bernardo Mattos, Doutora Monica Schultz, Doutor Fábio

Ramoa, Doutor Fábio Vidal) pelos ensinamentos, amizade estabelecida e por

contribuir em minha formação profissional. Vocês foram essenciais nessa

jornada.

À secretária Ana Paula Moura Martins, pela paciência, amizade e

disponibilidade em ajudar sempre.

Aos meus amigos do mestrado Ximena Bermudez, José Palma, em especial

Patrícia Olivares, Giuliana Soimu e Aida por me ajudarem em meu trabalho e

pela amizade estabelecida, obrigado pelo carinho, ajuda e incentivo.

À minha amiga Débora Souto de Souza, por sempre me apoiar, incentivar a

buscar sempre mais, ensinar a ser mais paciente e também me ajudar com os

seus conhecimentos, obrigado pela amizade e por me ouvir quando precisei.

Ao meu amigo Professor Doutor Carlos Eduardo Pinto de Alcântara, pela

amizade, por me inserir no mundo da pesquisa me oferecendo a oportunidade

de iniciação científica na época da minha graduação.

Aos professores que tive na especialização, Doutora Renata Costa Val

Rodrigues, Doutor Alejandro Perez, Doutora Sabrina Castro Brasil, Mestre

Hector Rodrigues e Mestre Giane Silveira pelos ensinamentos, apoio e por me

incentivar a buscar sempre mais.

Aos meus professores da graduação que me incentivaram e ensinaram os

primeiros passos na Endodontia, Professor Doutor Janir Alves Soares e

Professora Doutora Suelleng Cunha.

Ao Professor Doutor Leandro Silva Marques e Professora Doutora Maria Letícia

Ramos Jorge, por todo incentivo e por despertar em mim o gosto pela pesquisa

ainda durante a graduação.

vi

Aos meus amigos Alejandro Perez Ron e Gaya Carolina Vieira, pelo apoio,

amizade e incentivo. Obrigado por me fazerem me sentir em casa no Rio de

Janeiro quando vim fazer o mestrado.

À Professora Mestre Fernanda Hecksher pelo apoio, incentivo desde o

aperfeiçoamento, especialização, pela amizade estabelecida e pelo carinho

que sempre me tratou, obrigado por estar sempre presente.

À minha turma da especialização que me incentivou a fazer o mestrado, em

especial Lorrayne Medeiros, Amanda Horst, Jacqueline Salomão, Kelly Reis,

Valquíria Lopes, Mariana Marialva.

Aos meus amigos Mateus Couto, Pedro Couto e Vinicius Chaves pelo apoio,

incentivo e se fazerem presentes sempre.

Ao meu amigo Ricardo Moreira, pelo apoio e incentivo, desde quando comecei

na Endodontia na especialização até o momento, por ser um grande amigo e

estar sempre disposto em ajudar.

À Secretaria Municipal de Saúde de Paraopeba-Mg, por me permitir conciliar o

mestrado com o trabalho. Em especial agradeço à secretária Marcia dos Anjos,

Cássia Martins e Cláudia Figueiredo Queiroz.

vii

EPÍGRAFE

―O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a

um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no

mínimo fará coisas admiráveis.‖

(José de Alencar)

viii

ÍNDICE

RESUMO....................................................................................................... .....x

ABSTRACT........................................................................................................xii

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................xiii

LISTA DE TABELAS..........................................................................................xv

LISTA DE ABREVIATURAS..............................................................................xvi

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2.REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 4

2.1 Etiologia do insucesso do tratamento endodôntico ...................................... 4

2.2-Preparo químico-mecânico com sistemas automatizados ........................... 6

2.3 Hyflex EDM ................................................................................................ 10

2.4. Métodos suplementares ............................................................................ 13

2.4.1 Irrigação Ultrassônica passiva (PUI) ....................................................... 14

2.4.2 Ponta Ultra X ........................................................................................... 20

2.4.3 XP-endo Finisher ..................................................................................... 20

2.4.4 PUI versus XP-endo Finisher e outros protocolos ................................... 21

2.5 Microtomografia computadorizada de raios-X ............................................ 24

3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 27

4. HIPÓTESE ................................................................................................... 28

5. OBJETIVO .................................................................................................... 29

5.1 Objetivos gerais .......................................................................................... 29

5.2 Objetivos específicos ................................................................................. 29

6. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 30

6.1. Parecer ético ............................................................................................. 30

ix

6.2. Seleção da amostra .................................................................................. 30

6.3. Preparo das amostras ............................................................................... 31

6.3.1 Microtomografia inicial para pareamento de amostras ............................ 32

6.3.2 Preparo químico-mecânico ...................................................................... 33

6.4 Abordagens suplementares ................................................................... .....36

6.4.1. Ponta Ultra-X .......................................................................................... 36

6.4.2. XP-endo Finisher .................................................................................... 38

6.5. Avaliação final por micro-CT ..................................................................... 39

6.6. Análise estatística ..................................................................................... 41

7. RESULTADOS ............................................................................................. 42

8. DISCUSSÃO ................................................................................................ 44

9. CONCLUSÃO ............................................................................................... 49

10. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 50

ANEXO 1 .......................................................................................................... 58

x

RESUMO

Objetivo: Comparar a eficácia de XP-endo Finisher e PUI com a ponta Ultra-X

em remover debris de canais mesiais classe II de Vertucci em molares

inferiores, após terem sido instrumentados com Hyflex EDM.

Materiais e métodos: Trinta e quatro raízes com canais mesiais classe II de

Vertucci de molares inferiores foram selecionados e escaneados em micro-CT

antes da abertura, posteriormente foram acessados e instrumentados com

Hyflex EDM. Após o preparo químico-mecânico os dentes foram novamente

escaneados para quantificar os debris e verificar as áreas que permaneceram.

Após os escaneamentos os dentes foram divididos em dois grupos (n=17), de

acordo com o método suplementar: PUI ou XP-endo Finisher. Posteriormente

aos processos suplementares, os espécimes passaram por outro

escaneamento para verificar qual método suplementar removeu maior

quantidade de debris. O teste T não pareado foi utilizado para a comparação

entre grupos (PUI versus XP-endo Finisher) e o teste T pareado para as

comparações intragrupo. Todos os valores foram processados utilizando o

programa Prism 6.0 (GraphPad Software, Inc., La Jolla, CA, USA) e foram

expressados como valores de mediana, mínima e máxima. O nível de

significância do teste foi de 5%.

Resultados: Ambos os métodos suplementares reduziram a quantidade de

debris em comparação com o volume inicial. No entanto, quando foi realizada a

comparação entre os dois métodos suplementares, houve maior redução do

volume de debris para XP-endo Finisher em comparação com PUI (p< 0.05). A

porcentagem de debris remanescentes foi significativamente menor no grupo

XP-endo Finisher (28.67%) em comparação com PUI (60.32%) (p<0.05).

Conclusão: Nenhum dos métodos suplementares foi capaz de remover os

debris completamente dos canais. No entanto o XP-endo Finisher demonstrou

melhor capacidade de remoção de debris e consequentemente este método

xi

suplementar resultou em menor média de debris remanescentes no canal

radicular.

Palavras-chave: Debris, Hyflex EDM, métodos suplementares, PUI, XP-endo

Finisher, canal radicular, microtomografia computadorizada.

xii

ABSTRACT

Aim: To compare the effectiveness of XP-endo Finisher and PUI with the Ultra-

X tip in removing debris from Vertucci class II mesial canals in lower molars

after instrumentation with Hyflex EDM.

Materials and Methods: Thirty-four teeth with Vertucci class II mesial canals of

mandibular molars were selected and scanned in micro-CT before,

subsequently accessed and instrumented with Hyflex EDM. After the chemical-

mechanical preparation the teeth were again scanned to quantify the debris

(mm3) and to verify the areas that remained. After scanning the teeth were

divided into two groups (n = 17) according to the supplementary method: PUI or

XP-endo Finisher. After the supplementary processes, the specimens

underwent another scan to verify which supplemental method removed the

largest amount of debris. The unpaired t-test was used for group comparison

(PUI versus XP-endo Finisher) and the paired t-test for intragroup comparisons.

All values were processed using the Prism 6.0 program (GraphPad Software,

Inc., La Jolla, CA, USA) and were expressed as median, minimum, and

maximum values. The significance level of the test was set at 5%.

Results: Both supplementary methods reduced the amount of debris compared

to the initial volume. However, when comparing the two supplementary

methods, there was a greater reduction in debris volume for XP-endo Finisher

compared with PUI (p <0.05). The percentage of debris remaining was

significantly lower in the XP-endo Finisher group (28.67%) compared to PUI

(60.32%) (p <0.05).

Conclusion: None of the supplementary methods was able to completely

remove the debris from the canals. However, XP-endo Finisher demonstrated

better debris removal capacity and consequently this supplemental method

resulted in a lower mean debris remaining in the root canal.

Keywords: Debris, Hyflex EDM, supplemental methods, PUI, XP-endo

Finisher, root canal, computed microtomography.

xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diferentes configurações de acordo com a Classificação de Vertucci,

imagens de micro-CT (MARCELIANO-ALVES et al.,2019) .............................. 30

Figura 2. Selamento da porção apical com Top Dam para criar o sistema

fechado. ........................................................................................................... 31

Figura 3. Microtomógrafo SkyScan 1174 v.2 (Bruker microCT, Kontich,

Bélgica). ........................................................................................................... 33

Figura 4. Sistema Hyflex EDM (Coltene, Whaledent, Suíça). Da esquerda para

direita: orifice opener 25/.12, glide path file 10/.05, shaping file 25/~. .............. 34

Figura 5. Seringas demarcadas para padronização do volume de hipoclorito de

sódio utilizado a cada troca de instrumento. .................................................... 34

Figura 6. Imagem representativa do processo irrigação-aspiração .................. 35

Figura 7. Seringas separadas para cada solução irrigadora e controle da

temperatura das soluções durante os métodos suplementares........................36

Figura 8. Imagem representativa da ponta Ultra-X acionada no canal mesial.

....................................................................................................................... ..37

Figura 9. Fluxograma do método suplementar PUI com ponta Ultra-X. ........... 37

Figura 10. Imagem representativa do Xp-endo Finisher acionado no canal

mesial ............................................................................................................... 38

Figura 11: Fluxograma do método suplementar Xp-endo Finisher. .................. 39

Figura 12: Imagem representativa dos debris dentinários presentes no sistema

de canais radiculares após a irrigação suplementar com os instrumentos em

teste: (A) SCR antes do preparo. (B) debris dentinários presentes após o

preapro. (C) debris dentinários após método suplementar. ............................. 40

Figura 13: Fluxograma representando a síntese metodológica do

estudo................................................................................................................41

xiv

Figura 14: Imagens 3D de micro-CT de canais mesiais classe II de Vertucci em

(A) SCR antes do preparo químico-mecânico, em (B) após o preparo com o

sistema Hyflex EDM e em (C) após abordagem suplementar com PUI (Ponta

Ultra-X)...............................................................................................................43

Figura 15: Imagens 3D de micro-CT de canais mesiais classe II de Vertucci em

(A) antes do preparo químico-mecânico, em (B) após o preparo com o sistema

Hyflex EDM e em (C) após abordagem suplementar com XP-endo finisher.....43

xv

LISTA DE TABELAS _______________________________________________________________ Tabela 1. Média e desvio padrão do volume inicial e final de debris (mm³) após

os procedimentos suplementares.....................................................................42

xvi

LISTA DE ABREVIATURAS _______________________________________________________________

EDTA Ácido etilenodiamino tetracético

Micro-CT Microtomografia computadorizada

NaOCl Hipoclorito de Sódio

NiTi Níquel-Titânio

PUI Irrigação ultrassônica passiva

RPM Rotação por minuto

SCR Sistema de canais radiculares

CT Comprimento de trabalho

1

1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________________

As complexidades anatômicas impõem limitações à limpeza e desinfecção do

sistema de canais radiculares (SCR), permanecendo regiões, tais como istmos,

deltas apicais, canais laterais e irregularidades anatômicas, preenchidas por

detritos, remanescentes pulpares e microrganismos, podendo culminar na

persistência de lesão perirradicular (SCHWENDICKE et al., 2017).

Com a finalidade de contornar tais limitações, o uso de soluções irrigadoras

durante o preparo químico do canal radicular tem sido considerado crucial no

tratamento endodôntico, visto que facilita a ação dos instrumentos intracanais, bem

como remove as impurezas e raspas dentinárias geradas durante a instrumentação

(HAAPASALO et al., 2011).

De acordo com VIOLICH et al. (2010), quando instrumentos manuais ou

rotatórios são utilizados são produzidos debris resultantes do processo de

instrumentação, os quais contém matéria orgânica e inorgânica, que podem se

espalhar pela superfície interna da parede do canal, sendo denominado então de

smear layer, a qual deve ser removida pela ação conjunta da irrigação e aspiração.

Os debris devem ser removidos do interior do sistema de canais radiculares

para evitar o acúmulo e obliteração do canal radicular, o que pode contribuir para

iatrogenias como desvios e transportes apicais. Além disso em caso de canais

infectados é de extrema importância a remoção dos debris, pois podem contribuir e

servir como fonte de reinfecção do canal radicular, por comprometer o fluxo do

irrigante durante o processo de irrigação-aspiração do canal radicular (KELEŞ et al.,

2016).

Diversos métodos suplementares como o uso de dispositivos sônicos e

ultrassônicos, têm sido utilizados com o objetivo de potencializar as soluções

irrigadoras fornecendo melhorias na desinfecção do canal radicular e redução de

detritos resultantes do corte de instrumentos. Esses métodos proporcionam a

penetração do irrigante em áreas de difícil acesso (ZHAO et al., 2019), pois os

detritos resultantes da instrumentação se acumulam não apenas em istmos, mas

também em canais acessórios e ramificações (PAQUÉ et al., 2011).

2

O instrumento XP-endo Finisher (FKG Dentaire, La Chaux-de-Fonds,

Switzerland) é feito de níquel-titânio (NiTi) com uma propriedade M-wire, ou seja,

frente a variações de temperatura no interior do canal, devido a sua elasticidade e

memória de forma, modificam seu formato inicial, expandindo-se e contraindo-se de

acordo com a anatomia do canal, alcançando maiores áreas de paredes dentinárias.

Inicia-se o preparo com diâmetro 25/00 sendo recomendado para ser utilizado após

a instrumentação do canal radicular, como uma forma de abordagem suplementar

para fornecer melhorias na limpeza e desinfecção do sistema de canais radiculares

(ALVES et al., 2016; DE DEUS et al., 2019a).

Outro instrumento é a ponta Ultra X (Eighteeth Medical Technology Co., Ltd,

Changzhou, China), ponta de aço e flexível ativada no ultrassom Eighteeth Medical

Ultra X (Eighteeth Medical Technology Co., Ltd, Changzhou, China). Segundo o

fabricante, o aparato funciona com frequências ultrassônicas de 45kHz, que utilizam

o princípio da microfiltração acústica, agitação e cavitação para alcançar áreas de

difícil instrumentação do complexo SCR, com potencial de desorganizar o biofilme, a

camada de smear layer, abrir os túbulos dentinários entupidos, amplificando a

eficiência dos irrigantes (http/www.eighteeth.com).

A quantidade de detritos removidos do interior do canal radicular foi

amplamente avaliada por microscopia eletrônica de varredura e, mais recentemente,

tem sido sugerido a microtomografia computadorizada (micro-CT), devido sua

análise detalhada e não destrutiva de imagens 3D, que permite avaliar a redução de

detritos antes e após vários passos suplementares (PAQUÉ et al.,2009), uma vez

que não impõe injúrias mecânicas prévias (MARCELIANO-ALVES et al., 2016;

SIQUEIRA et al., 2018)

Além disso, imagens de micro-CT têm sido utilizadas para avaliar a quantidade

de detritos, resultantes da instrumentação, que são transportados para áreas

estreitas dos canais radiculares como os ístmos e reentrâncias e que tem o

potencial de comprometer o sucesso da terapia por abrigar microrganismos

(PAQUÉ et al., 2011).

Diante do exposto, faz-se importante a avaliação da efetividade de diferentes

procedimentos suplementares ao preparo químico-mecânico, na remoção de

3

detritos dentinários, em regiões de istmo em molares inferiores, valendo-se da

micro-CT, como método de aferição.

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Etiologia do insucesso do tratamento endodôntico

O tratamento endodôntico tem como objetivos principais prevenir ou tratar a

periodontite apical para que o dente possa ser mantido na cavidade oral em

condições saudáveis (SIQUEIRA et al., 2014). O sucesso no tratamento

endodôntico depende da redução da carga bacteriana a um nível que seja

compatível com a cura dos tecidos perirradiculares. Idealmente os microrganismos

deveriam ser eliminados completamente, mas devido à complexidade anatômica,

estes permanecem abrigados em istmos e reentrâncias do canal (SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2008). Contudo como é desconhecido o limiar crítico que é compatível com

o nível de cura, a pesquisa endodôntica concentrou-se no desenvolvimento de

técnicas de preparo que possam promover a remoção completa do biofilme

bacteriano (NEELAKANTAN et al., 2017).

Por outro lado, mesmo com a realização adequada do tratamento, pode haver

o fracasso, seja quando houve a reinfecção ou ainda a manutenção da infecção

intrarradicular. Assim, quando não pode ser eliminada pelo tratamento do canal

radicular convencional, por exemplo, devido à complexidade anatômica, o

tratamento pode ser complementado com cirurgia endodôntica (HAAPASALO et al.,

2011).

De acordo com SIQUEIRA (2002), a falha do tratamento endodôntico pode ser

devido a fatores microbiológicos e fatores não microbiológicos intrínsecos ou

extrínsecos. Dentre os fatores microbiológicos destaca-se a infecção intrarradicular,

no qual o canal infectado constitui a principal fonte de irritação microbiana

persistente nos tecidos perirradiculares e em alguns casos a infecção extra-

radiculares. Mesmo em um tratamento endodôntico que seguiu todos os protocolos

padrões se houver bactérias persistentes no canal radicular poderá haver o fracasso

do tratamento.

Como causas não microbiológicas intrínsecas responsáveis pela falha do

tratamento endodôntico são mencionados os cristais de colesterol e os cistos

verdadeiros; como causas extrínsecas as reações por corpo estranho por materiais

5

extruídos para fora do forame como materiais obturadores, cone de papel e

alimentos (SIQUEIRA et al., 2014).

Na maioria das vezes quando o tratamento endodôntico é instituído, o preparo

químico mecânico em um canal radicular infectado promove um distúrbio no

ambiente. As bactérias encontradas no interior do canal podem ser decorrentes de

uma infecção persistente, ou seja, que resistiram ao preparo químico-mecânico ou

decorrentes de infecção secundária, que são bactérias introduzidas no canal devido

à quebra da cadeia asséptica ou infiltração no selamento coronário. Em um canal

radicular obturado a presença de periodontite apical pode indicar que houve

resistência bacteriana ao preparo químico mecânico ou a quebra da cadeia

asséptica (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008).

Segundo TABASSUM & KHAN (2016), a etiologia da falha do tratamento

endodôntico pode ser atribuída além da persistência de bactérias (intra e extra-

radiculares) há outros fatores como inadequada obturação do canal radicular,

inadequado selamento coronário, canais não tratados (tanto principal como

acessórios), procedimentos iatrogênicos como um inadequado desenho de acesso

da cavidade, complicações na instrumentação (degraus, perfuração e instrumentos

fraturados) que impossibilitam a desinfecção de determinadas regiões do canal

radicular favorecendo o fracasso do tratamento.

Outros fatores que podem ter influência em dentes tratados endodonticamente

são condições como fratura radicular que podem predispor a infecções secundárias,

ocasionando o insucesso do tratamento. Fraturas radiculares podem ser

colonizadas por bactérias da saliva e placa bacteriana e ser um trajeto pelo qual os

microrganismos podem alcançar a porção apical do canal radicular (RICUCCI &

SIQUEIRA, 2011).

NAIR et al. (2005) destacam que em casos de dentes com periodontite apical

os protocolos do preparo químico mecânico devem ser seguidos rigorosamente e se

torna essencial o uso de uma medicação intracanal, devido ao fato do instrumento

não conseguir tocar todas as áreas do canal radicular e principalmente áreas

inacessíveis aos instrumentos endodônticos, como as complexidades anatômicas,

regiões como istmos e canais acessórios. No entanto um trabalho clássico de

ORSTAVIK & HAPASALO (1990) demonstraram através de experimentos in vitro

6

com dentes bovinos contaminados que a presença de smear layer atrasou o efeito

da medicação intracanal, mas não eliminou a sua ação, esse trabalho evidenciou a

importância da remoção da smear layer antes do uso da medicação intracanal.

TORABINEJAD et al. (2002) demonstraram que a presença de smear layer além de

afetar a penetração da medicação intracanal em túbulos dentinários e outras áreas

de complexidade que o instrumento não tem alcance, pode afetar também o

selamento do canal pelo material obturador.

NEGISHI et al. (2005) avaliaram o risco de falha do tratamento endodôntico em

dentes com sem patência. A taxa de sucesso do tratamento foi mais baixa em

comparação com dentes com patência. Os autores consideraram que a presença de

lesão pré-operatória é um fator predisponente para o fracasso em casos de dentes

com contrição apical inacessível, nesses casos o clínico deve complementar o

tratamento com cirurgia apical em caso de insucesso.

2.2-Preparo químico-mecânico com sistemas automatizados

É importante conhecer a anatomia do canal radicular para realização de um

tratamento adequado, pois o sucesso em tratamento endodôntico depende de uma

adequada limpeza, modelagem e obturação do SCR (CAPUTO et al., 2016). O

preparo químico-mecânico do canal radicular é uma etapa muito importante, pois

esta fase do tratamento vai influenciar a eficácia de todas as etapas subsequentes,

que inclui o debridamento mecânico, otimização da formatação do canal,

favorecendo a adequada obturação (PETERS, 2004).

O processo de irrigação e desinfecção dos canais radiculares requer o uso de

substâncias que dissolvem matéria orgânica e inorgânica e também ação

antimicrobiana. O hipoclorito de sódio (NaOCl) tem ação antimicrobiana e dissolve

matéria orgânica, enquanto o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) possui ação

quelante, age como solvente de matéria inorgânica e tem ação efetiva na remoção

da smear layer (HAAPASALO et al., 2005). O uso dessas duas soluções representa

um ótimo protocolo para o processo de limpeza do SCR (KOÇAK et al., 2017). Além

da ação de solvente de tecido orgânico e inorgânico, o fluxo da solução irrigadora

deve permitir o seu alcance em áreas de difícil acesso. Em canais retos isso é

facilmente alcançado, no entanto em canais curvos e canais ovais muitas vezes a

7

irrigação convencional não consegue atingir todas as áreas (METZGER et al.,

2013). A ação do fluxo do irrigante permite que debris sejam removidos do interior

do canal radicular, durante e após a preparação do canal (VERSIANI et al., 2016).

Por outro lado, a literatura considera que procedimentos químico-mecânicos

exercem um papel importante na eliminação ou redução da carga microbiana do

canal radicular principal, mas a efetividade dos instrumentos e irrigantes pode ser

prejudicada em casos de anatomia complexa (ALVES et al., 2011; NAIR et al., 2005;

PETERS, 2004).

O preparo dos canais radiculares é caracterizado tradicionalmente pelo uso de

uma série de instrumentos com diâmetros da ponta crescentes, que quando

acionados no canal, levam à sua formatação (NEVES et al., 2016). O movimento

dos instrumentos de encontro às paredes leva a formação de raspas de dentina, a

smear layer, que pode se depositar sobre as paredes do canal radicular e na porção

apical. Após o preparo químico-mecânico esses resíduos resultantes da

instrumentação, se não removidos, podem permanecer em áreas onde os

instrumentos e as soluções químicas irrigadoras não alcançam (FERREIRA et al.,

2004). Devido a regiões anatômicas complexas como istmos, pode ser difícil o

irrigante remover detritos dessas regiões após aderidos a parede do canal (XU et

al., 2018).

Esse fato é especialmente importante em canais infectados, pois os detritos de

tecido duro podem conter bactérias e servir como um nicho para reinfecção do canal

radicular (VERSIANI et al., 2016). A irrigação final com NaOCl e EDTA é

recomendado a remover componentes orgânicos e inorgânicos da smear layer,

respectivamente (CARVALHO et al., 2008; KUAH et al., 2009). Debris não

removidos dos canais radiculares podem comprometer o selamento do material

obturador, no entanto diversos estudos têm mostrado que mesmo com protocolos

rigorosos de instrumentação/irrigação ocorre a permanência de debris (LOPES et

al., 2018). Uma revisão sistemática realizada por SHAHRAVAN et al. (2007)

demonstrou que a remoção da smear layer, melhora a capacidade seladora da

obturação, no entanto fatores como técnica de obturação e o cimento utilizado não

interferiram na capacidade de selar melhor o canal radicular.

8

ENDAL et al. (2011) realizaram um estudo onde foi quantificado debris

dentinários em áreas de istmos durante a instrumentação/irrigação e a quantidade

de material obturador que permaneceu nessa região. Foram selecionados 7 molares

inferiores com canais mesiais separados, 2 desses dentes possuíam anastomoses

entre os canais mesiais nos 5 mm apicais e 5 dentes possuíam istmos com

comunicação continua entre os canais do terço coronário até o terço apical. Os

canais radiculares foram instrumentados com ProTaper Universal e durante a

irrigação foi utilizado NaOCl a 5% e após foi utilizado EDTA a 17% para irrigação

final. Foi constatado que aproximadamente 35,2% do volume do istmo foi

preenchido com debris dentinários após a instrumentação/irrigação. A porcentagem

média do volume de material obturador na região de istmo foi considerada baixa

(57,5%) em comparação com o canal principal (98,5%). Os autores desse estudo

demonstraram que mesmo com irrigação copiosa durante a instrumentação dos

canais radiculares com o emprego de soluções que dissolvem matéria orgânica e

inorgânica não foi possível remover totalmente os debris resultantes da

instrumentação.

DE DEUS et al. (2015) verificaram a quantidade de debris produzido pelo

alargamento apical com diferentes instrumentos reciprocantes (WaveOne e

Reciproc) e rotatório (BioRace), comparando se instrumentos reciprocantes

produzia menor quantidade de debris em comparação com rotatório, se

instrumentos reciprocantes produzem quantidade similar de debris e se o

alargamento apical seria uma estratégia efetiva para reduzir a quantidade de debris

produzidos pelos instrumentos. Uma amostra de trinta molares inferiores, classe II

de Vertucci, foram divididos de forma equivalentes em três grupos de acordo com o

sistema de instrumentação: WaveOne, Reciproc e BioRace. Foram realizados

escaneamento dos dentes no micro-CT antes da instrumentação, após a

instrumentação com um instrumento de tamanho 25 e após a instrumentação com

instrumento de tamanho 40. No grupo Reciproc foi utilizado R25 até o comprimento

de trabalho e após foi utilizado a R40 até que alcançasse o comprimento de

trabalho. No grupo WaveOne foi feito protocolo semelhante ao grupo Reciproc. No

grupo BioRace os instrumentos foram utilizados na seguinte sequência: BR0

(25/0.08), BR1 (15/0.05), BR2 (25/0.04), BR3 (25/0.06), BR4 (35/0.04) E BR5

(40/0.04) e após cada troca de instrumentos os canais foram irrigados com 2 mL de

9

NaOCl a 5.25% por 1 minuto através de uma bomba peristáltica. Uma irrigação final

com EDTA a 17% foi distribuído a 1 mL/minuto por 5 minutos seguida por 5 mL de

água destilada, em ambos os grupos. Nenhum dos sistemas utilizados removeram

completamente os debris, o sistema de instrumentação utilizado não influenciou na

quantidade de debris produzidos (p< 0.05), enquanto uma significativa redução de

debris foi verificada após adicional alargamento com os instrumentos (p< 0.05).

XU et al. (2018) compararam a eficácia de remoção de debris em quatro

grupos de acordo com diferentes formatações do terço apical. Foram incluídos 40

molares inferiores com canais separados na amostra e foram distribuídos dez em

cada grupo de acordo com o instrumento utilizado no preparo apical. Os canais

foram instrumentados com o sistema IRace (FKG, Dentaire) e alargamento apical

foram feitos em 4 grupos de acordo com os instrumentos 25/0.04, 30/0.04, 35/0.04 e

40/0.04. Imagens de micro-CT foram obtidas antes e após o preparo do canal

radicular. Foi verificado que no grupo que utilizou instrumento de maior diâmetro

(40/0.04) foi removido maior quantidade de dentina e permaneceu menor

quantidade de debris em comparação com os demais grupos (p</0,05). A

quantidade de debris remanescentes para os quatro grupos (25/0.04; 30/0.04;

35/0.04 e 40/0.04) foram respectivamente: 11.67 ±2.99, 8.00 ±2.71, 7.17 ±2.88 e

4.51 ± 1.61. Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos

30/0.04 e 35/0.04.

PEREZ et al. (2017) demonstraram que a profundidade que a agulha é

posicionada durante a irrigação dos canais radiculares exerce influência na remoção

de debris. Portanto, 20 molares inferiores foram instrumentados com Reciproc R25,

irrigados com NaOCl a 5,25% e então, divididos em dois grupos de acordo com a

profundidade que a agulha foi inserida: 1 mm aquém do comprimento de trabalho e

5 mm aquém do comprimento de trabalho. Quando a agulha foi posicionada a 1 mm

aquém do comprimento de trabalho uma média de 0.92% do volume total do canal

radicular foi preenchido com debris. Em contrapartida, quando a agulha foi

posicionada a 5 mm aquém do comprimento de trabalho 2.43% do volume total do

canal radicular foi preenchido com debris. A profundidade que agulha é posicionada

no canal radicular exerceu influência significativa na remoção de debris.

10

POGGIO et al. (2014) investigaram em um estudo in vitro, a capacidade de

limpeza de Mtwo e Reciproc em dentes unirradiculares. Foram divididos 40 dentes

em dois grupos de acordo com o sistema de instrumentação utilizado: Reciproc

(n=20) e Mtwo (n=20). Os canais foram irrigados com 1 mL de NaOCl a 5,25%

seguido por 1 mL de EDTA a 17% após cada troca de instrumento no grupo Mtwo e

após cada movimento de entrada e saída para o grupo Reciproc. Após a

instrumentação foi deixado no canal EDTA a 17% por 2 minutos seguidos de NaOCl

a 5,25% por 3 minutos. Irrigação com álcool concluiu o processo de irrigação. Foi

constatado que Mtwo deixou menor quantidade de smear layer no terço médio e

apical em comparação com Reciproc.

2.3 Hyflex EDM

Hyflex EDM são instrumentos que possuem a tecnologia de memória

controlada, fabricados a partir de uma descarga elétrica, processo pelo qual utiliza a

erosão por uma centelha para endurecer a superfície do instrumento,

proporcionando melhor resistência à fratura e eficiência de corte (OZYUREK et al.,

2017).

IACONO et al. (2017) realizaram um estudo com o objetivo de analisar a

superfície estrutural de Hyflex EDM e Hyflex CM, ambas novas e utilizadas após 8

ciclos de instrumentação em canais severamente curvos. Foi realizado análise por

difração de raios-X em Hyflex EDM e CM novas e utilizadas para avaliar a

composição da fase do instrumento. A temperatura de transformação de fase foi

determinada por um scanner diferencial de calorimetria. Estereoscopia Micro-

Raman foi utilizada para esclarecer a natureza da superfície de camada do

instrumento. Através da análise por difração de raios-X foi verificado que Hyflex

EDM revelou a presença das fases martensita e fase R romboédrica, enquanto uma

mistura martensita e austenita foram identificados em Hyflex CM. A análise da

temperatura de transformação de fase demonstrou superior finalização austenita em

temperaturas de eletrodeposição. Foram verificadas diferenças significativas em

nano-dureza e módulo de elasticidade entre Hyflex EDM e CM. Microscopia

eletrônica de varredura de campo de emissão de elétron confirmou que ambas as

11

limas foram cobertas por uma camada de óxido. Hyflex EMD demonstrou maior

dureza quando comparada com Hyflex CM.

MANDAVA et al. (2018) constataram que Hyflex EDM em comparação com

Vortex Blue e instrumentação manual, induziu maiores defeitos dentinários como a

formação de micro fraturas após o procedimento de instrumentação do canal

radicular. Através de imagens de micro-CT antes e após a instrumentação foram

verificados os defeitos produzidos pelos instrumentos nas paredes do canal

radicular. Neste estudo os autores utilizaram 60 molares inferiores, raízes mesiais

com curvatura moderada e foi observada em qual terço do canal era formada a

micro fratura, se o defeito observado era uma micro fratura completa ou incompleta.

Ambos os sistemas exibiram formação de defeitos dentinários no terço cervical e

médio. Instrumentação manual resultou em menores defeitos, e Hyflex provocou

maiores defeitos seguido por Vortex Blue.

USLU et al. (2018b) compararam a resistência à fadiga cíclica de Hyflex EDM,

R pilot e Path Files no glide path de canais artificiais com dupla curvatura. Nesse

estudo os autores verificaram que R Pilot apresentou maior resistência a fadiga

cíclica, seguido por Hyflex EDM e por Path files. Houve fratura de cada uma das

limas testadas na curvatura coronária e apical.

GUNDOGAR & OZYUREK (2017) ao comparar à resistência a fadiga cíclica

entre Hyflex EDM, Reciproc Blue, One Shape e Wave One Gold em canais

artificiais, constataram que Hyflex EDM apresentou maior resistência à fadiga cíclica

e One Shape obteve menor resistência à fadiga cíclica.

PIRANI et al. (2016) avaliaram as alterações microestrutural e na superfície de

Hyflex EDM novas e utilizadas e também verificaram resistência à fadiga. Nesse

trabalho 15 Hyflex EDM novas foram utilizadas em canais mesiais curvos de

molares inferiores e cada Hyflex foi utilizada em 10 canais curvos. Análise de

microscopia eletrônica de varredura em Hyflex confirmaram a presença de uma

superfície externa com textura irregular derivada do processo de fabricação.

Nenhuma alteração de superfície e degradação foi observada entre instrumentos

novos e usada. Análise metalográfica de instrumentos novos e usados mostrou uma

estrutura homogênea, composta principalmente por grãos de martensita lenticular e

12

algumas austenita residuais. O teste de fadiga cíclica demonstrou um aumento de

resistência à fadiga até 700% da Hyflex EDM em comparação com a Hyflex CM.

USLU et al. (2018a) comparam as alterações topográficas de superfície de

Hyflex EDM e Hyflex CM após a instrumentação do canal radicular. Foram utilizadas

8 limas de cada em 64 canais severamente curvos de molares e a cada avanço do

instrumento no canal radicular ou troca de lima era utilizado 1 mL NaOCl 2.5%.

Após a instrumentação dos canais radiculares os instrumentos foram lavados com 5

mL de água destilada e secos com um swab, foram limpos ultrasonicamente e

esterilizados. O grupo Hyflex CM demonstrou menores deformações de superfícies

na lâmina de corte e ranhura adjacente em comparação com o grupo Hyflex EDM,

que demonstrou defeitos como trincas e microcavidades após a preparação do

canal radicular. Rugosidade de superfície foi maior para Hyflex CM em comparação

com EDM.

Em um estudo realizado por OZYUREK et al. (2017) foi comparado a

capacidade de formatação dos canais radiculares dos instrumentos Reciproc, Hyflex

EDM e Wave One Gold em canais artificiais em forma de ―S‖. A quantidade de

resina removida dos blocos por cada instrumento foi mensurado através de imagens

digitais em um software. Reciproc removeu maior quantidade de resina em todas as

regiões em comparação com Wave One Gold e Hyflex EDM.

USLU et al. (2018c) verificaram a quantidade de debris extruídos do forame

apical dos instrumentos Hyflex EDM, Reciproc Blue e XP-endo Shaper. Um total de

60 pré-molares inferiores foram selecionados e os dentes foram distribuídos em três

grupos de acordo com o sistema de instrumentação utilizado. Os debris produzidos

durante a instrumentação foram coletados em tubos de Eppendorf. A quantidade de

debris extruídos foi calculado através do peso do aparato onde o dente estava

posicionado subtraindo o valor do aparato sem os dentes do valor do peso pós-

preparação. Foi constatado que todos os instrumentos causaram extrusão de

debris, no entanto XP-endo Shaper extruiu menor quantidade de debris em

comparação com Reciproc (p< 0.05). A diferença de debris que Hyflex EDM

produziu em comparação com os outros grupos não foi significante.

Um estudo de VENINO et al. (2017) compararam a capacidade de

instrumentação de Hyflex EDM e Protaper Next. Foram avaliados parâmetros como

13

transporte do canal radicular e razão de centralização nas direções mesiodistal e

vestíbulolingual em cinco níveis respectivos: ponto médio do terço apical, nos terços

médio e cervical e limites entre eles. Variações em volume, superfície e forma

transversal foram mensuradas para o terço cervical, médio e apical. Ambos os

instrumentos apresentaram segurança similares com relação a preservação da

anatomia original do canal radicular e Hyflex EDM demonstrou melhor capacidade

de centralização e transporte na direção vestíbulo lingual entre os terços coronários

e médio.

2.4. Métodos suplementares

Diversos são os métodos suplementares que foram introduzidos para melhorar

a eficácia de limpeza do SCR (GU et al., 2009). Alguns autores compararam a

eficácia de remoção de debris com irrigação ativada com laser e irrigação ativada de

forma ultrassônica (VERSTRAETEN et al., 2017). Além de métodos ultrassônicos,

diversos estudos também compararam a efetividade de métodos que utilizam

pressão negativa apical (EndoVac) com outros métodos na remoção de debris

(CASTAGNOLA et al., 2014;VERSIANI et al., 2016; SUMAN et al., 2017; SILVA et

al., 2019)

VIOLICH et al. (2010) demonstraram em uma revisão de literatura a

importância da remoção da smear layer e os diversos métodos que podem ser

utilizados para remoção como irrigação com substâncias químicas, técnicas de

ativação do irrigante com ultrassom e com laser e o uso alternado de substâncias

como hipoclorito e EDTA.

VIRDEE et al. (2018) realizaram uma revisão sistemática e metanálise com o

objetivo de estabelecer se técnicas de ativação do irrigante resultam em melhor

eficácia na remoção de debris em comparação com irrigação convencional. As

técnicas avaliadas foram ativação manual dinâmica do irrigante, irrigação

ultrassônica passiva (PUI), irrigação sônica e pressão apical negativa. Apesar das

limitações desses trabalhos e heterogeneidade dos estudos incluídos, as técnicas

de ativação do irrigante demonstraram melhor capacidade de remoção de debris em

comparação com irrigação convencional, no entanto mais estudos com protocolos

14

padronizados são necessários para que dados fornecidos in vitro tenha uma

representatividade no dia a dia do clínico.

KARADE et al. (2017) avaliaram quatro métodos suplementares para remoção

de debris resultantes da instrumentação. Neste trabalho foram utilizados 40 pré-

molares instrumentados manualmente até o instrumento 40 e irrigados durante o

preparo químico-mecânico com NaOCl a 5,25% a cada troca de instrumento. Após a

instrumentação e os métodos suplementares, cada dente foi seccionado e as raízes

foram avaliadas sobre microscópio eletrônico de varredura. Através da análise das

imagens foi verificado que os métodos suplementares não diferiram quanta a

eficácia de remoção de debris nos terços coronários e médio. Na porção apical

nenhum dos métodos removeu completamente os debris, no entanto o sistema

EndoVac demonstrou melhor efetividade.

2.4.1 Irrigação Ultrassônica passiva (PUI)

Irrigação ultrassônica passiva (PUI) foi descrito primeiramente por WELLER et

al., 1980. PUI consiste da ativação ultrassônica de um irrigante geralmente

hipoclorito de sódio. A PUI pode se referir tanto a colocação do irrigante com uma

seringa com posterior ativação ultrassônica ou contínua distribuição do irrigante

através de uma peça de mão ultrassônica (PAIVA et al., 2013).

A solução irrigadora torna-se ativada devido à implosão de bolhas de

microcavidades e efeitos hidrodinâmicos. Um segundo efeito que tem sido descrito

seria o efeito térmico no canal radicular. Parte da energia é transformada em calor,

a qual leva a uma temperatura intracanal de 45°C. O efeito térmico poderia ser

vantajoso quando usado em combinação com o hipoclorito de sódio (NEUHAUS et

al., 2016). Outro fenômeno que ocorre é a microcorrente acústica que é o rápido

movimento do fluido em movimento circular em torno da ponta ultrassônica (VAN

DER SLUIS et al., 2007).

A eficácia de limpeza do PUI implica na efetividade de remover debris

dentinários, microrganismos (planctônicos ou em biofilme) e tecidos orgânicos do

canal radicular. Porque a transmissão ativa do irrigante é potencial para entrar em

contato com uma superfície maior da parede do canal. A cavitação transitória ocorre

15

apenas quando a ponta ultrassônica pode vibrar livremente no canal ou quando

tocar (sem intenção) a parede do canal radicular. (VAN DER SLUIS et al., 2007)

Cavitação é a formação de espaços vazios submicroscópicos como um

resultado do cisalhamento do fluido por alternância, movimento de alta frequência

do tipo de instrumento ultrassônico. Este movimento é produzido por uma

magnetostricção da haste metálica ou ―pilha‖ em um campo eletromagnético fixo em

que tem um campo alternado sobreposto a ele (WELLER et al., 1980) .

FREIRE et al. (2015) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a

eficácia da irrigação ultrassônica passiva (PUI) e EndoVac em remover detritos

dentinários e avaliar a influência dos detritos na obturação dos canais radiculares.

Foram incluídos 24 molares inferiores (primeiro e segundo molares), com uma

curvatura variando entre 25° a 35° de acordo com a classificação de Schneider. As

raízes foram padronizadas a um comprimento de 17 mm. Imagens de micro-CT

foram utilizadas antes e após a instrumentação, após a irrigação final e após a

obturação. Os canais mesiais foram preparados com Reciproc R25, e os dentes

foram divididos em dois grupos de acordo com o protocolo de irrigação final:

EndoVac (n=12) e PUI (n=12). A técnica de obturação utilizada foi onda de

condensação contínua. Imagens de micro-CT demonstraram que detritos ocuparam

uma média de 3.4% do volume do canal radicular. Com relação ao protocolo de

irrigação final a média de debris removidos com PUI e Endovac foram

respectivamente 55.5% e 53.65%, no entanto o valor de p não foi estatisticamente

significativo p>0.5, não havendo diferenças estatisticamente significativas entre os

dois protocolos. Não foram verificadas diferenças entre os grupos com relação ao

volume ocupado pelo material obturador e espaços não preenchidos.

Al-Ali et al. (2012) compararam a efetividade de quatro protocolos de irrigação

dos canais radiculares em remover detritos dos canais radiculares. Uma amostra de

107 molares superiores e inferiores foram instrumentados com Mtwo e divididos em

quatro grupos de acordo com o protocolo final de irrigação: Grupo 1 (28 dentes) foi

realizado agitação manual de hipoclorito de sódio 1% e EDTA 15%, Grupo 2 (26

dentes) foi realizado a agitação com CanalBrush de NaOCl a 1% e EDTA a 15%,

Grupo 3 (26 dentes) foi utilizado peróxido de hidrogênio 3% alternado com

hipoclorito de sódio, Grupo 4 (27 dentes) agitação ultrassônica passiva de NaOCl a

16

1% e EDTA a 15%. Para avaliação histológica foram preparadas 11 raízes de cada

grupo para avaliar a porcentagem de tecido pulpar remanescente no terço apical.

PUI e Canalbrush foram igualmente eficazes em remover mais smear layer em

comparação com agitação manual e o uso alternado de NaOCl a 1% e peróxido de

hidrogênio. A limpeza de áreas complexas como istmos foi mais eficaz com o uso

alternado de NaOCl a 1% e peróxido de hidrogênio em comparação com PUI e

agitação manual.

PAQUÉ et al. (2011) verificaram o acúmulo de detritos em canais mesiais de

molares inferiores, provenientes da instrumentação com o sistema ProTaper até o

instrumento F3. Os dentes foram escaneados quatro vezes no micro-CT: antes da

instrumentação, após a instrumentação e irrigação com hipoclorito de sódio, após

irrigação com EDTA a 17% e após PUI. Foi constatado acúmulo de detritos não

apenas em istmos, mas também em canais acessórios e ramificações.

Instrumentação dos canais radiculares e irrigação com hipoclorito de sódio a 1%

seguido por 5 mL de NaOCl a 1% deixou no interior dos canais 6.9 ±4.2% do

volume total do canal obturado. Este valor foi reduzido para 4.9 ± 3.6% do volume

após a irrigação com EDTA a 17%. Após etapa subsequente com PUI resultou em

valores mais significantes de 3.7 ± 2.8% do volume. Metade dos detritos resultantes

da instrumentação não pôde ser removida mesmo com métodos suplementares.

MANCINI et al. (2013) verificaram a efetividade de remoção da smear layer por

meio de PUI, Endovac e Endoactivator ao nível de 1, 3, 5 e 8 mm apicais. Uma

amostra de 65 pré-molares inferiores foi utilizada. Os dentes foram descoronados e

tiveram o comprimento do canal radicular padronizados em 16 mm. Os dentes

foram instrumentados até o instrumento F4 da ProTaper e para verificar a

quantidade de debris foi utilizado microscopia eletrônica de varredura, após a

clivagem das raízes em duas partes. Os dentes foram divididos em dois grupos

controles (positivo e negativo) e três grupos experimentais (EndoVac, PUI,

Endoactivator).O grupo EndoVac demonstrou melhor limpeza no nível de 1 mm do

ápice em comparação com os demais sistemas. No nível dos 3 mm apicais, o grupo

EndoVac e Endoactivator mostraram diferenças significativas, 34% e 24%

respectivamente, em comparação com o grupo negativo controle. Ao nível de 5 mm

do ápice, os grupos EndoVac, Endoactivator e PUI demonstraram diferenças

significativas em comparação com o grupo controle negativo (40%, 40% e 28%

17

respectivamente). Ao nível de 5 e 8 mm do ápice PUI e EndoVac não tiveram

diferenças significativas, no entanto removeram mais debris em comparação com os

grupos controle.

MARTINS et al. (2014) realizaram um estudo in vitro, comparando a

efetividade de remoção de debris de solução salina, clorexidina 2% e NaOCl a

2,5% com e sem PUI, em incisivos laterais de bovinos. Neste trabalho foram

utilizados 90 dentes divididos em 3 grupos de acordo com a solução irrigadora e

posteriormente cada grupo foi subdividido em 2 grupos de acordo com o uso ou não

do protocolo de PUI. Os grupos que realizaram PUI ativaram a solução irrigadora

por 20 segundos três vezes. A análise de debris foi realizada através de microscopia

eletrônica de varredura. Nenhuma associação foi encontrada com relação à

quantidade de debris removidos e as diferentes soluções utilizadas. No entanto

quando foi realizado PUI houve maior efetividade na remoção de debris em

comparação quando não foi realizado este procedimento.

Um estudo de MOZO et al. (2014) compararam a capacidade de remoção de

debris de diferentes protocolos de ativação do irrigante. Foram instrumentados com

Mtwo 40 pré-molares com canais únicos, utilizando um volume de 12.5 mL de

NaOCl a 2,5% durante a instrumentação, após os canais foram irrigados com 2 mL

de EDTA a 17% por 2 minutos. Os dentes foram divididos em quatro grupos, (n=10),

de acordo com o protocolo de agitação do irrigante: grupo A (irrigação com NaOCl a

2.5% com agulha Miraject e sem agitação utrassônica), grupo B (PUI com NaOCl a

2.5% e ponta 20 da Irrisafe), grupo C (PUI com NaOCl a 2.5% e ponta 25 da

Irrisafe), grupo D (PUI com NaOCl a 2.5% e uma lima K 25). Os grupos B, C e D

foram irrigados com 5 mL de NaOCl a 2.5%, seguido por PUI em 3 ciclos de 20

segundos cada por canal. Foi verificado que irrigação convencional removeu debris

em 63% das amostras em todos os terços e que PUI com Irrisafe (grupos B e C) e

PUI com lima K removeu em 93% e 80% das amostras respectivamente, diferenças

significativas foram observadas entre irrigação convencional e PUI com pontas

Irrisafe (p< 0,05). No terço apical PUI com Irrisafe (grupos B e C) eliminaram mais

debris e abriram mais túbulos dentinários em comparação com irrigação

convencional.

18

SCHMIDT et al. (2015) avaliaram a eficácia de PUI com EDTA a 17% e NaOCl

a 1% em remover smear layer. Foram selecionados 32 pré-molares com canais

retos ou ligeiramente curvos e instrumentados até o instrumento F4 da ProTaper.

Após a instrumentação as raízes foram clivadas com o auxílio de um disco de lixa e

um cinzel para avaliação em microscopia eletrônica de varredura. Em seguida as

metades de cada dente foram unidas e realizado o preenchimento da linha de

clivagem com Topdam. Posteriormente os dentes foram divididos em quatro grupos

de acordo com o protocolo final de irrigação utilizado. Grupo 1 (EDTA + NaOCl),

Grupo 2 (EDTA com PUI + NaOCl), Grupo 3 (EDTA + NaOCl com PUI), Grupo 4

(EDTA + NaOCl, ambos com PUI). Através das imagens de microscopia eletrônica

de varredura, foi verificado que o terço cervical das amostras de todos os grupos

exibiram alta porcentagem da remoção de smear layer e túbulos dentinários

abertos, seguido por terço médio e apical. Quando todos os terços foram

comparados, os resultados de diferentes grupos foram similares, exceto para o terço

cervical, onde a maior porcentagem de túbulos dentinários foi observado em

amostras do grupo 2 comparado com o grupo 4. Comparando PUI com NaOCl a 1%

não mostrou eficiência na remoção da smear layer em comparação com irrigação

convencional.

SILVA et al. (2019) realizaram um estudo comparando a eficácia de PUI,

Endovac, Self Adjusting File (SAF) e Easy Clean em remover debris após a

instrumentação com Reciproc (R40) de molares inferirores com istmos tipo I e III.

Durante o preparo químico-mecânico, 20 mL de NaOCl a 5.25% foi utilizado e

também foi realizado o protocolo final de irrigação com 5 mL de NaOCl a 5.25% e 2

mL de EDTA a 17%. Através de imagens de micro-CT foi possível constatar que

todos os protocolos finais utilizados após a instrumentação obtiveram a mesma

efetividade em remover debris, sem diferenças significativas. Nenhum dos

protocolos removeu completamente os debris resultantes da instrumentação dos

canais radiculares.

TANOMARU-FILHO et al. (2015) compararam a eficácia de limpeza de PUI em

dois métodos diferentes, pelo qual em um foi empregado PUI com irrigação

contínua e no outro PUI com irrigação intermitente, irrigação manual convencional a

1 mm do ápice, irrigação manual convencional a 3 mm do ápice. Neste trabalho

foram utilizados 32 dentes artificiais com canal radicular único e quatro canais

19

laterais foram confeccionados a 4 mm e 7 mm aquém do ápice. As raízes foram

preenchidas com uma solução com contraste e distribuídas nos quatro grupos que

representavam os protocolos avaliados. Imagens de micro-CT foram obtidas antes e

após o procedimento. Foi verificado que não houve diferenças na eficácia de

limpeza entre PUI com irrigação intermitente, PUI com irrigação contínua. Porém a 1

mm do ápice, esses métodos demonstraram melhor eficácia em comparação com

irrigação manual convencional e a 3 mm do ápice o que demonstrou menor

capacidade de limpeza no terço apical.

ANDRABI et al. (2014) verificaram a efetividade de remoção de smear layer de

PUI e ativação manual dinâmica. Foram incluídos 45 pré-molares inferiores

instrumentados até a lima F4 do sistema ProTaper, empregando durante o preparo

químico-mecânico NaOCl a 3%. Após, os dentes foram distribuídos em três grupos,

dois experimentais e um controle. No grupo A foi utilizado NaOCl a 3% e EDTA a

17% sem agitação das soluções, grupo B NaOCl a 3% e EDTA a 17% com PUI,

grupo C NaOCl a 3% e EDTA a 17% com ativação manual com um cone de guta

percha. Posteriormente as raízes foram seccionadas para análise em microscópio

eletrônico de varredura. Não foram verificadas diferenças na media de smear layer

nos terços coronários e médio entre os grupos, no entanto no terço apical os grupos

B (PUI) e C (Agitação Manual Dinâmica) tiveram menor média de smear layer em

comparação com a região apical do grupo controle. Não foi verificada diferença

entre os terços coronários, médio e apical entre os grupos B e C.

SCHIAVOTELO et al. (2017) compararam a eficácia de remoção de smear

layer entre PUI e Endoactivator. Foram selecionados 60 molares superiores e

instrumentados com WaveOne Primary e durante o preparo químico-mecânico os

canais foram irrigados com 3 mL de NaOCl a 2.5% após cada inserção do

instrumento reciprocante no canal, totalizando 4 inserções até atingir o comprimento

de trabalho. Para comparação dos protocolos de irrigação foram utilizados 54

dentes distribuídos em três grupos, um controle, grupo PUI e Endoactivator.

Posteriormente as raízes foram seccionadas e preparadas para análise em

microscopia eletrônica de varredura. Foram obtidas imagens dos terços médio e

apical. Nenhuma diferença foi encontrada na capacidade de remoção de smear

layer entre PUI e Endoactivator no terço apical, no entanto no terço cervical e médio

20

Endoactivator possuiu melhor eficácia de remoção de smear layer em comparação

com PUI.

2.4.2 Ponta Ultra X

Uma nova ponta flexível e aço-inoxidável é a Ultra X (Eighteeth Medical

Technology Co., Ltd, Changzhou, China), que é ativada no ultrassom Eighteeth

Medical Ultra X (Eighteeth Medical Technology Co., Ltd, Changzhou, China). O

fabricante informa que aparelho funciona em frequências ultrassônicas de 45kHz,

que utilizam o princípio da microfiltração acústica, agitação e cavitação para

alcançar áreas de difícil instrumentação do complexo sistema de canais radiculares,

com potencial de desorganizar a camada de smear layer e biofilme e abrir os

túbulos dentinários entupidos, remover restos dentinários, amplificar a eficiência dos

irrigantes.

Até o fechamento desse trabalho não foram encontrados estudos avaliando a

efetividade desse material.

2.4.3 XP-endo Finisher

XP-endo Finisher é um instrumento que possui taper zero e a propriedade de

expansão no interior do canal radicular e a capacidade de promover a agitação da

solução irrigadora sem remover estrutura dentinária (ELNAGHY et al., 2017; DE

DEUS et al., 2019). DE DEUS et al., 2019 destaca que o instrumento XP-endo

Finisher possui algumas vantagens sobre PUI, contudo nenhum estudo tem

confirmada essa declaração.

Em um estudo realizado por AZIMIAN et al. (2019) foi avaliada a quantidade de

smear layer e debris residuais com a agitação de diferentes soluções irrigadoras.

Uma amostra de 50 segundo pré-molares inferiores foi selecionada e

instrumentados com o sistema BioRace até o instrumento 40. Durante o preparo-

químico mecânico foi empregado NaOCl a 2,5% e irrigação final com solução salina.

Os dentes foram divididos em 5 grupos, o grupo 1 foi utilizado XP-endo Finisher +

solução salina, grupo 2 XP-endo Finisher + EDTA, grupo 3 XP-endo Finisher +

NaOCl, grupo 4 XP-endo Finisher + NaOCl e EDTA e o grupo controle EDTA+

21

NaOCl não utilizou XP-endo Finisher. Posteriormente os dentes foram clivados

longitudinalmente para análise em microscópio eletrônico e quantificado debris e

smear layer nos terços coronários, médio e apical. O grupo que apresentou maior

quantidade de debris residuais foi XP-endo Finisher + solução salina. Os grupos XP-

endo Finisher + solução salina e XP-endo Finisher+ NaOCl obtiveram menor

eficácia na remoção de debris sem diferenças significativas entre os dois grupos.

Não houve diferenças significativas entre os grupos 2, 3, 4 e o grupo controle com

relação à remoção de debris. Grupos 2 e 4 não obtiveram diferenças significativas

com relação a smear layer com o grupo controle.

ELNAGHY et al. (2017) compararam a eficácia da XP-endo Finisher com

outros protocolos de agitação do irrigante em remover debris de canais radiculares

curvos de molares inferiores. Os canais foram instrumentados com BT-Race,

utilizando como irrigante NaOCl a 2.5% e posteriormente divididos dentro de cinco

grupos de acordo com a técnica de agitação do irrigante: grupo controle, grupo sem

agitação do irrigante, agitação do irrigante com lima, XP-endo Finisher e

EndoActivator. A avaliação de debris remanescentes foi verificada através de

microscopia eletrônica de varredura, após o corte das raízes longitudinalmente,

avaliando debris no terço coronário, médio e apical. XP-endo Finisher e

EndoActivator revelaram menores quantidades de debris em todos os terços dos

canais radiculares, em comparação com as demais técnicas, não havendo

diferenças significativas entre eles. O terço apical foi a região com mais

concentração de debris em todos os grupos em comparação com os demais terços

do canal radicular, exceto no grupo controle positivo que não houve diferença

significativa entre os terços do canal radicular. Não houve diferença significativa

entre o grupo agitação do irrigante com a lima e não agitar o irrigante em remover

debris em todos os terços do canal radicular.

2.4.4 PUI versus XP-endo Finisher e outros protocolos

ZHAO et al. (2019) avaliaram o acúmulo de debris resultantes da

instrumentação e áreas não tocadas pelos instrumentos Reciproc Blue e XP-endo

Shaper e posteriormente verificaram a eficácia de abordagens suplementares com

XP-endo Finisher, PUI e irrigação com seringa. Uma amostra de 70 molares

22

inferiores em C, foram incluídos e subdivididos em dois grupos de acordo com o

sistema de instrumentação. Imagens de micro-CT foram obtidas antes da

instrumentação, após a instrumentação e abordagens suplementares. Durante a

instrumentação foi utilizado um protocolo de irrigação similar foi empregado em

ambos os grupos, 4 mL de NaOCl a 2% no glide path e 6 mL durante a formatação

dos canais. Cada lima foi utilizada na instrumentação de apenas um dente. A

porcentagem de paredes não tocadas foram 33.04% para Reciproc Blue e 30.45%

para Xp-endo Shaper. Em todos os grupos houve maior quantidade de detritos na

porção apical em comparação com a porção coronária. Instrumentação com

Reciproc Blue deixou mais detritos (2.8%) em comparação com XP-endo Shaper

(1.1%). A quantidade de dentina removida foi similar em ambos os grupos. Com

relação as abordagens suplementares PUI e XP-endo Finisher reduziram com maior

eficiência a quantidade de detritos dos canais radiculares em comparação com

irrigação com seringa e agulha de irrigação, essa diferença foi significativa para

Reciproc Blue, mas não para XP-endo Shaper.

LEONI et al. (2017) realizaram um estudo, com o objetivo de avaliar a eficácia

de quatro protocolos finais de irrigação na redução de detritos acumulados

resultantes da instrumentação em canais mesiais de molares inferiores (tipo I de

Vertucci) através da análise por micro-CT. A amostra foi composta por 40 canais

mesiais de molares inferiores, os canais mesiais foram instrumentados com

WaveOne Small e Primary sem auxílio de substância irrigadora para permitir o

acúmulo de detritos nos canais mesiais. Após, os dentes foram distribuídos dentro

de quatro grupos, de acordo com os seguintes protocolos finais de irrigação:

pressão apical positiva (irrigação convencional), irrigação ultrassônica passiva (PUI),

Self-Adjusting File (SAF) e XP-endo Finisher. O protocolo final foi realizado minutos

utilizando um total de 5.5 mL de NaOCl a 2.5% por 2 minutos em cada canal. Após

o protocolo final foi observado redução de detritos em todos os grupos, no entanto

PUI e XP-endo Finisher demonstraram maior porcentagem média na redução de

detritos (94.1% e 89.7%, respectivamente) em comparação com a SAF e pressão

apical positiva (45.7% e 41.3%, respectivamente).

DE DEUS et al. (2019) realizaram um estudo comparando a eficácia da

remoção de debris dos canais de Xp-endo Finisher e PUI. Foram selecionados vinte

incisivos inferiores com canais que foram instrumentados com Reciproc R25, e para

23

irrigação foi utilizado 5 mL de NaOCl a 5.25% com uma seringa e uma agulha

Navitip, 30G (Ultradent, South Jordan, UT). Imagens de micro-CT foram obtidas

antes da instrumentação e posteriormente aos protocolos de irrigação final. Após a

instrumentação com Reciproc R25 os dentes foram divididos em dois grupos (n= 10)

de protocolos de irrigação final: PUI e XP-endo Finisher. No grupo XP-endo

Finisher os canais foram preenchidos com 0.5 mL de NaOCl a 5.25% e o

instrumento foi inserido sem rotação no canal. Após o acionamento para rotação o

instrumento foi ativado por 1 minuto utilizando movimento lento e suave de 7-8 mm

no sentido do comprimento do canal radicular, após o uso da XP-endo Finisher os

canais foram irrigados com 4.5 mL de NaOCl a 5.25%. De forma semelhante no

grupo PUI cada canal foi preenchido com 0.5 mL de NaOCl a 5.25% e foi realizado

o procedimento por 20 segundos até 2 mm aquém do comprimento de trabalho

utilizando uma ponta ultrassônica (Irrisonic, Helse Dental Technology, Santa Rosa

de Viterbo, São Paulo, Brasil). Após os canais foram irrigados com 1.5 mL de

hipoclorito de sódio 5.25% e ativado novamente por 20 segundos, esse

procedimento foi repetido com renovação do hipoclorito novamente com um volume

de 1.5 mL, resultando em um total 4.5 mL por canal durante 1 minuto. Debris foram

considerados como material com densidade similar a da dentina em regiões

previamente ocupadas por espaços vazios e quantificado pela interseção de

imagens antes e após o protocolo final de irrigação. Neste estudo ambos os

protocolos de irrigação apresentaram efetividade similares na remoção de debris em

canais ovais, houve uma redução de 62.67% para XP-endo Finisher e 62.66% para

PUI, no entanto nenhum dos protocolos finais de irrigação removeram

completamente os debris.

XIN et al. (2019) avaliaram a efetividade de XP-endo Finisher e PUI em

remover smear layer em canais instrumentados com sistema rotatório 3S. Uma

amostra de 60 pré molares inferiores foram utilizados e após o preparo químico

mecânico os dentes foram distribuídos em 6 grupos de acordo com o protocolo final

de irrigação. Grupo A (foi utilizado XP-endo Finisher + 3 mL de NaOCl a 3% por 1

minuto), grupo B (XP-endo Finisher + 3 mL de NaOCl a 3% por 1 minuto, seguido

por 4 mL de EDTA a 17% por 1 minuto), grupo C (PUI + 3 mL de NaOCl a 3% por 1

minuto), grupo D (PUI + 3 mL de NaOCl a 3% seguido de EDTA a 17% por 1

minuto), grupo E (3 mL de NaOCl a 3% por 1 minuto, utilizando seringa com agulha

24

30G), grupo F (3 mL de NaOCl a 3% por 1 minuto utilizando seringa e agulha 30G

seguido por 4 mL de EDTA a 17%). As raízes foram clivadas longitudinalmente para

análise em microscópio eletrônico, onde foi verificado o número médio de túbulos

dentinários abertos, nos terços cervical, médio e apical. Toda a superfície do canal

radicular nos grupos A, C e E foram cobertas por smear layer. Grupos A e C

apresentaram maior número de túbulos dentinários abertos em comparação com o

grupo E (p< 0,05), sem diferenças estatisticamente significativas entre o grupo A e C

(p> 0,05). Nos terços apical e médio do grupo B e D e no terço médio do grupo F foi

verificada uma pequena quantidade de smear layer e os túbulos dentinários

estavam abertos ou semiabertos. A smear layer nos grupos B e D no terço médio

foram removidas e os túbulos dentinários foram mais visíveis que os outros grupos.

2.5 Microtomografia computadorizada de raios-X

Diversos são os métodos empregados para avaliar remoção de smear layer e

debris do interior do SCR, microscopia eletrônica de varredura é um deles, no

entanto requer a destruição do espécime para obtenção de imagens (PLOTINO et

al., 2006) . Além disso, micro-CT apresenta a vantagem de ser um método que não

necessita destruição do espécime para obtenção de imagens. (VILAS-BÔAS et al.,

2011; VERSIANI et al., 2013; ORDINOLA-ZAPATA et al., 2013; LEONI et al., 2014;

MARCELIANO-ALVES et al., 2016).

Através da tecnologia de imagens de micro-CT o acúmulo de detritos

provenientes da instrumentação pode ser calculado em áreas de istmos e áreas

instrumentadas do canal radicular de forma separada. Dessa forma é possível

verificar o efeito de determinada técnica de instrumentação ao longo do canal

radicular ou protocolo de irrigação em cada uma dessas áreas ou ao longo do

sistema de canais radiculares como um todo (DE DEUS et al., 2014).

O estudo de PAQUÉ et al. (2009) foi pioneiro em utilizar essa tecnologia na

identificação de produção de debris através do escaneamento dos espécimes e

softwares que geram imagens e reconstruções em três dimensões.

O estudo de ROBINSON et al. (2012) destacou a capacidade que o uso do

micro-CT proporciona para avaliar debris provenientes da instrumentação, através

da sobreposição de imagens pré e pós instrumentação e através da distinção entre

25

tecido estrutural (dentina) e debris gerados durante o preparo químico-mecânico.

Neste estudo os autores avaliaram quantitativamente e qualitativamente os debris

provenientes da instrumentação no canal radicular e verificaram que a

complexidade anatômica tem um papel contribuinte na permanência dos debris e

que nenhum método utilizado de irrigação conseguiu remover completamente os

debris.

DE-DEUS et al. (2014) avaliaram o acúmulo de debris através da tecnologia de

micro-CT em molares inferiores com canais classe II de Vertucci. Três molares

foram utilizados e um dos três protocolos foi realizado: irrigação com NaOCl a

5.25% + EDTA, água bidestilada e nenhuma solução irrigadora. Após o preparo-

químico mecânico, os dentes foram escaneados e com o auxilio de softwares foi

quantificada a quantidade de debris. O canal radicular que não foi empregada

irrigação foi obturado com 34.6% do volume com debris. Enquanto que o uso de

água bidestilada ou NaOCl seguido de EDTA demonstrou uma porcentagem na

redução de debris de 16% e 11.3% respectivamente.

VERSIANI et al. (2016), avaliaram a remoção de debris por Endovac e

irrigação convencional, através de imagens de micro-CT antes e após os protocolos

finais de irrigação. Neste trabalho foram incluídos molares inferiores com 1 canal

distal e 2 mesiais conectados por um istmo. Após instrumentação com BioRace os

dentes foram divididos em dois grupos: pressão apical negativa (Endovac) e

pressão apical positiva (irrigação convencional), distribuindo 20 canais mesiais e 10

distais em cada grupo. Parâmetros como mudança no volume, área de superfície,

paredes não tocadas e acúmulo de debris foram avaliados. Não foi encontrado

diferenças significativas entre os dois grupos com relação a volume e área de

superfície nos canais mesiais e distais. Para ambos os grupos não foi verificado

acúmulo de debris. No entanto, nos canais mesiais, o grupo irrigação convencional

teve maior média de acúmulo de debris em comparação com o grupo Endovac.

CESÁRIO et al. (2018) realizaram uma comparação através de micro-CT da

capacidade de diferentes protocolos de irrigação na remoção de debris. Neste

estudo foram utilizados canais artificiais, 50 protótipos de acrílico de incisivos

superiores. Os espécimes foram divididos longitudinalmente e foi confeccionado um

sulco na superfície interna do canal radicular, região que foi depositado debris

26

dentinários. Os espécimes foram divididos em 5 grupos: agulha com saída na ponta,

agulha com saída lateral, easy clean com movimento reciprocante, easy clean em

movimento rotatório contínuo, PUI. Os espécimes foram escaneados antes e após

os protocolos de irrigação para quantificação do volume de debris. Não foram

encontradas diferenças significativas entre PUI e easy clean com movimento

rotatório contínuo (p> 0,05). Easy clean em movimento rotatório continuo foi mais

eficaz que as técnicas de irrigação convencional (p< 0,05).

LOPES et al. (2018) verificaram através de imagens de micro-CT as áreas não

tocadas e quantificaram os debris produzidos pelos instrumentos Protaper Next e

Twist File. Foram selecionados 20 molares inferiores com istmos tipo I ou tipo III

classificados de acordo com o estudo de FAN et al., 2010. Os dentes foram

divididos em dois grupos de acordo com o sistema de instrumentação e foi utilizado

hipoclorito de sódio 5.25% como solução irrigadora e EDTA 17% como protocolo de

irrigação final. Foi constatado que as áreas não tocadas e o acúmulo de debris por

ambos os instrumentos foram similares, não havendo diferenças significativas.

Através de imagens de micro-CT, STRINGHETA et al.(2019) avaliaram a

capacidade de formatação de quatro instrumentos em molares inferiores.

Parâmetros como volume de debris resultantes da instrumentação, volume de

dentina removida, índice de modelo estrutural e áreas não tocadas foram avaliados

através da comparação de dados pré e pós-instrumentação. Os instrumentos

avaliados foram: Reciproc, Protaper Next, Wave One Gold, ProDesign Logic. Não

houve diferenças significativas entre os sistemas avaliados com relação aos

parâmetros: volume de dentina removida, aumento do volume do canal, áreas não

tocadas, volume de debris acumulados. No entanto Protaper Next e Wave One Gold

foram associados o maior aumento do índice de volume estrutural em comparação

com Prodesign logic.

27

3. JUSTIFICATIVA

Diversos são os métodos suplementares utilizados para fornecer melhor

limpeza dos canais radiculares. No entanto, os estudos apontam que nenhum

método é capaz de remover completamente os debris do interior do canal radicular.

Com a inserção de novos sistemas coadjuvantes ao PQM, como o XP-endo Finisher

e ponta Ultra-X, tornam-se necessários estudos que avaliem o potencial em remover

debris do canal radicular, visto que a permanência de detritos pode interferir no

sucesso do tratamento endodôntico.

28

4. HIPÓTESE

Uma vez que XP-endo Finisher tem evidências de sucesso na literatura e de

acordo com algumas vantagens apresentadas pelo fabricante, espera-se melhores

resultados para esse protocolo, quando comparado à ponta Ultra-X, no que tange a

remoção de detritos.

29

5. OBJETIVO

5.1 Objetivos gerais

Comparar a eficácia de XP-endo Finisher e ponta Ultra-X em remover debris

de canais mesiais de molares inferiores classe II de Vertucci, após terem sido

instrumentados com Hyflex EDM.

5.2 Objetivos específicos

Verificar através de imagens de micro-CT qual abordagem suplementar removeu

maior quantidade de debris do canal radicular.

30

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. Parecer ético

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ (Anexo I).

6.2. Seleção da amostra

Neste estudo em uma total de 420 molares inferiores do Banco de Dentes da

Universidade Estácio de Sá foram selecionados 34 molares inferiores com canais

mesiais classe II de Vertucci que são caracterizados por possuírem dois canais

diferentes que se unem finalizando em um único canal até o terço apical

(VERTUCCI, 1984). A figura 1 ilustra as diferentes conformações de canais de

acordo com a classificação de Vertucci (MARCELIANO-ALVES et al., 2019). Como

critério de inclusão, os dentes deveriam apresentar rizogênese completa, ausência

de tratamento endodôntico prévio ou fraturas radiculares. Os dentes foram

submetidos à escaneamento em micro-CT previamente, para confirmação de tais

condições.

Figura 1. Diferentes configurações de acordo com a Classificação de Vertucci, imagens de micro-CT (MARCELIANO-ALVES et al.,2019)

31

6.3. Preparo das amostras

Foi realizado o acesso dos dentes com brocas diamantadas de alta rotação

1013 (FKG-Sorensen, São Paulo, SP). A remoção do teto da câmara pulpar e a

confecção da forma de conveniência foram realizadas com broca Endo Z

(Dentsply, Maillefer, Suíça). Após a abertura coronária, foi realizada uma

marcação na parede vestibular para facilitar a identificação do canal vestibular e

lingual das raízes mesiais para posteriormente realizar a patência dos canais e

estabelecer o comprimento de trabalho (CT).

A patência dos canais radiculares foi realizada com um lima 10 tipo Ker

(Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), a distância da ponta do instrumento ao

cursor foi medida com régua milimetrada, quando a ponta da lima foi visualizada

saindo pelo forame e então, foi recuado 1 mm e registrado o CT de cada espécime.

Posteriormente foi realizado o selamento do forame apical dos dentes com Top Dam

(FGM,Joinville, Brasil) e fotopolimerização por 20 segundos (figura 2), para simular

um sistema de canal fechado e proporcionar o acúmulo de debris no interior do

canal radicular (VERSIANI et al., 2016).

Figura 2. Selamento da porção apical com Top Dam para criar o sistema fechado.

32

6.3.1 Microtomografia inicial para pareamento de amostras

Para confirmar a classificação classe II de Vertucci, os dentes foram

escaneados no Microtomógrafo SkyScan 1174 (Bruker micro-CT, Kontich, Bélgica)

(figura 3) do laboratório de micro-CT do Programa de Pós-graduação em Programa

de Engenharia Nuclear, no Laboratório de Instrumentação Nuclear do Instituto

Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE) da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) operando a (passo de rotação de

0,5º, rotação de 360º em torno do eixo vertical, tamanho de pixel de 9,9 μm e filtro

de alumínio de 1,0 mm de espessura. O software NRecon v.1.7.4.6 (Bruker-micro-

CT, Kontich, Bélgica) foi utilizado para reconstruir as imagens da amostra, utilizando

os seguintes parâmetros: correção endurecimento por feixe definida em 50%,

correção de artefato em anel de 5 e suavização definida em 0.

Após a fase de reconstrução das seções, foram realizados o processamento e

a análise de imagens pelo programa CTan (v1.6.6.0, Bruker Micro-CT, Kontich,

Bélgica), alterando valores de pixels do canal radicular, em um processo

denominado binarização. Nesse mesmo programa, foram mensurados os

parâmetros tridimensionais de área de superfície (mm2) e volume (mm3) e

morfologia interna inicial dos canais, de maneira a permitir o pareamento das

amostras e divisão em dois grupos experimentais (n=17) cada grupo:

instrumentados com HyFlex EDM e irrigação final complementada com XP-

endo finisher

instrumentados com HyFlex EDM e irrigação final complementada com ponta

Ultra-X

O programa CTvol v2.2.3.0 (Bruker Micro-CT, Kontich, Bélgica) permitiram a

visualização dos modelos 3D dos canais antes do preparo químico-mecânico. Para

facilitar a visualização, foi utilizado o código de cor verde para identificar os canais

hígidos, não instrumentados.

33

Figura 3. Microtomógrafo SkyScan 1174 v.2 (Bruker microCT, Kontich, Bélgica).

6.3.2 Preparo químico-mecânico

Os canais foram instrumentados empregando o sistema Hyflex EDM (Coltene,

Whaledent, Suíça) (figura 4). O pré-alargamento do terço cervical foi realizado com

o instrumento 25/.12, seguido do glide path com o 10/.05 até o CT e por fim a

modelagem com instrumento 25/~ também no CT. Todos os instrumentos foram

operados em um motor VDW Silver Reciproc a um torque de 2,5 N/cm a 500 rpm,

exceto o de glide path, que foi utilizado com torque de 1,8 N/cm a 300 rpm,

conforme orientação do fabricante. A cada troca de instrumento os canais foram

irrigados com 2 mL de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2.5% (Asfer Indústria Química

Ltda, São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil) por 30 segundos. Um total de 6 mL de

NaOCl foi utilizado após essa etapa.

34

Figura 4. Sistema Hyflex EDM (Coltene, Whaledent, Suíça). Da esquerda para direita: orifice opener

25/.12, glide path file 10/.05, shaping file 25/~

A irrigação foi realizada com seringa hipodérmica de 5 mL (descartável) e

agulha Navitip de 30 G (Ultradent, South Jordan, UT, USA), introduzida a uma

profundidade de 2 mm do CT (figura 5). Cada conjunto de limas do sistema Hyflex

EDM, foi utilizado em três dentes e descartados. A aspiração da solução do interior

do canal, foi feita por meio de cânula de aspiração (Flex Suctor Endodôntico

Angelus, Londrina, PR, Brasil) (figura 6).

Figura 5. Seringas demarcadas para padronização do volume de hipoclorito de sódio utilizado a cada troca de instrumentos

35

Após a instrumentação foi realizado um novo escaneamento em micro-CT com

os mesmos parâmetros já descritos anteriormente, e reconstrução das imagens

para então os dentes se submeterem ao processo de abordagem suplementar com

ponta Ultra-X e XP-endo Finisher. Para a realização dos passos subsequentes, as

soluções irrigadoras foram carreadas até o canal, com o auxílio de uma seringa

hipodérmica de 5 mL acoplada à uma agulha Navitip de 30G (Ultradent, South

Jordan, UT, USA), introduzidas a 2 mm aquém do CT. Foi utilizada uma seringa e

uma agulha para cada solução, em ambos os métodos suplementares as soluções

irrigadoras foram aquecidas a 37°C e havia a presença de heater para garantir a

permanência das soluções aquecidas (Figura 7).

Figura 6. Imagem representativa do processo de irrigação/aspiração

36

Figura 7. Seringas separadas para cada solução irrigadora e controle da temperatura das soluções durante os métodos suplementares.

6.4 Abordagens suplementares

6.4.1. Ponta Ultra-X

A abordagem suplementar com a ponta Ultra-X foi realizada, utilizando-se o

ultrassom Eighteeth Medical, com uma potência de 22,5 Khz. Uma única ponta foi

utilizada em todos os dentes do grupo PUI. Os canais foram inicialmente irrigados

com 2 mL de NaOCl a 2,5% aquecida a 37°C (Asfer Indústria Química Ltda) por 30

segundos . Em seguida a ponta Ultra-X foi inserida até o CT e acionada em repouso

por 60 segundos (figura 8), quando então a solução foi aspirada. Logo após, 2 mL

de EDTA a 17% aquecido a 37°C foi agitado por 60 segundos e após aspirado.

Esse ciclo foi repetido mais uma vez para cada substância, totalizando 4 mL de

NaOCl e 4 mL de EDTA ao final deste método suplementar representado na figura

9.

Todas as soluções foram carreadas até o canal e aspiradas, conforme descrito

no preparo químico-mecânico. Foi utilizada uma seringa e uma agulha para cada

solução.

37

Figura 8. Imagem representativa da Ponta Ultra-X acionada no canal mesial.

Figura 9. Fluxograma do método suplementar PUI com Ponta Ultra-X

NaOCl 2,5% e EDTA 17% aquecidos a 37°C

38

6.4.2. XP-endo Finisher

O instrumento XP-endo Finsiher foi acoplado em um contra-ângulo resfriado

com gás refrigerante Endo Ice Spray (Maquira, Maringá, PR, Brasil) e removido do

tubo plástico através do movimento de rotação lateral. A solução de NaOCl a 2,5%

aquecida a 37°C foi utilizada na irrigação do canal radicular (2 mL por 30 segundos).

O instrumento inserido no canal e então a rotação foi iniciada, por meio de motor

VDW Silver operando a 800 rpm e torque de 1 N/cm por 60 segundos, utilizando

pecking motion de 7-8 mm pressionando o instrumento contra as paredes do canal

(figura 10). A solução foi aspirada do canal e em seguida 2 mL de EDTA a 17% foi

agitado por 60 segundos. O protocolo foi repetido mais uma vez para cada

substância, também totalizando 4 mL de NaOCl e 4 mL de EDTA. Os irrigantes

foram previamente aquecidos em banho maria a 37°C para todos os procedimentos

intracanais. Cada instrumento foi utilizado para um dente (dois canais) e

posteriormente descartado. Síntese desta abordagem suplementar (figura 11).

Figura 10. Imagem representativa do XP-endo Finisher

acionado no canal mesial.

39

Figura 11. Fluxograma do método suplementar XP-endo Finisher

6.5. Avaliação final por micro-CT

Após o processo de métodos suplementares os espécimes foram

reescaneados com os mesmos parâmetros descritos anteriormente. Após a fase de

reconstrução das raízes, os modelos inicial e final dos canais foram convertidos do

formato BMP para o formato NRRD no software Image J (Fiji 1.49b; Java 1.6.0 24

[64bit]) e registrados no programa Slicer v1. 5.1.2 (www.slicer.org, Artificial

Intelligence Laboratory of Massachusetts Institute of Technology and Surgical

Planning Laboratory at Brigham and Women‘s Hospital and Harvard Medical School,

Chapel Hill, NC, EUA) utilizando o algorítmo de registro Brains.

O volume (mm3) e área de superfície (mm2), da região de istmo e em toda

extensão do canal, foram avaliados e a quantidade de debris foi calculada no

programa Image J, os debris foram considerados como material com densidade

similar a da dentina em regiões previamente ocupadas por espaços vazios e

quantificado pela intersecção de imagens antes e após o protocolo final de

irrigação. Os dados morfométricos foram obtidos pela ferramenta 3D object conter e

foi inserido na planilha o valor de object volume (mm3). Este parâmetro será descrito

em percentagem que expressará a efetividade da remoção de debris dentinários

800 rpm/1 N Motor VDW Silver NaOCl 2,5% e EDTA 17% aquecidos a 37°C

40

após os procedimentos suplementares. O programa CTAn CTan v1.6.6.0 (Bruker

Micro-CT) foi utilizado para a obtenção dos modelos tridimensionais e o programa

CTvol v 2.2.3.0 (Bruker Micro-CT) permitiu o estabelecimento dos códigos de cores

(vermelho para canal instrumentado e azul para debris) e visualização gráfica dos

modelos 3D (Figura 12). A figura 13 representa a síntese de toda a metodologia.

Figura 12. Imagem representativa dos debris dentinários presentes no sistema de canais radiculares após a irrigação suplementar com os instrumentos em teste: (A) SCR antes do preparo. (B) Debris dentinários presentes após o preparo. (C) Debris dentinários após método suplementar.

41

Figura 13. Fluxograma representando síntese metodológica do estudo

6.6. Análise estatística

Inicialmente os dados foram lançados em uma planilha do Excel (Windows),

própria para formação de banco de dados, constando os dados da avaliação

morfométrica 3D (volume, área de superfície e SMI). E em seguida foi realizada a

análise dos dados intergrupo, para avaliar se existem diferenças significativas na

remoção de debris entre os métodos suplementares. O teste de Shapiro–Wilk

revelou normalidade entre os grupos sobre os resultados obtidos de acúmulo de

debris. O teste T não pareado foi utilizado para a comparação entre grupos (PUI vs

XPendo finisher) e o test T pareado para as comparações intragrupo. Todos os

valores foram processados utilizando o programa Prism 6.0 (GraphPad Software,

Inc., La Jolla, CA, USA) e foram expressados como valores de média e desvio

padrão. O nível de significância do teste foi de 5%.

42

7. RESULTADOS

Através da tabela 1, é possível verificar a média e o desvio padrão dos

volumes de debris iniciais e finais após os métodos suplementares entre os dois

grupos (XP-endo Finisher e PUI). Não houve diferenças significativas entre os

volumes iniciais de ambos os grupos demostrando o pareamento dos mesmos (p>

0.05).

Ambos os métodos suplementares reduziram a quantidade de debris em

comparação com o volume inicial. No entanto, quando foi realizada a comparação

entre os dois métodos suplementares, houve maior redução do volume de debris

para XP-endo Finisher em comparação com PUI (p< 0.05). A porcentagem de debris

remanescentes foi significativamente menor no grupo XP-endo Finisher (28.67%)

em comparação com PUI (60.32%) (p<0.05).

Tabela 1. Média e desvio padrão do volume inicial de debris após o preparo químico mecânico e

final de debris (mm3) após os procedimentos suplementares. Letras minúsculas mostram diferenças

significativas entre grupos e letras maiúsculas mostram diferenças intragrupos.

Volume inicial

(mm3)

Volume Final

(mm3)

% de debris remanescentes

PUI 4,13 ± 1,09aA

2,45 ± 0,86aB

60,32 ± 18,73a

XPendo finisher

4,25 ± 1,03aA

1,11 ± 0,88bB

28,67 ± 24,19b

43

Figura 14: Imagens 3D de micro-CT de canais mesiais classe II de Vertucci em (A) SCR antes do preparo químico-mecânico, em (B) após o preparo com o sistema Hyflex EDM e em (C) após abordagem suplementar com PUI (ponta Ultra-X).

Figura 15: Imagens 3D de micro-CT de canais mesiais classe II de Vertucci em (A) SCR antes do preparo, em (B) após o preparo com o sistema Hyflex EDM e em (C) após abordagem suplementar com XP-endo Finisher.

44

8. DISCUSSÃO

O sucesso do tratamento endodôntico depende de uma limpeza adequada do

sistema de canais radiculares, formatação e uma obturação tridimensional. No

entanto quando o profissional não tem conhecimento da anatomia do sistema de

canais radiculares pode ocorrer iatrogenias e comprometer o sucesso do tratamento

(MARCELIANO-ALVES et al., 2019).

Os instrumentos mecanizados de níquel de titânio são um grande avanço na

Endodontia e proporcionam preparos mais centrados e também minimizam erros

como desvios, degraus e outras iatrogenias, entretanto, os profissionais devem

conhecer as propriedades dos instrumentos que estão utilizando (ÖZYÜREK et al,

2017). O sistema utilizado no preparo químico mecânico neste estudo foi Hyflex

EDM, por ser um sistema com boas propriedades mecânicas de acordo com vários

estudos (IACONO et al., 2016; GUNDOGAR & OZYUREK, 2017; VENINO et al.,

2017) e recentes no mercado. Este é o primeiro instrumento endodôntico que é

fabricado por descargas elétricas (PIRANI et al., 2016), essa forma de fabricação

torna o instrumento mais resistente à fratura e com melhor pode de corte

(https:/www.coltene.com/fileadmin/DATA/EM/Products/Endodontics/Root_Canal_Sh

aping/Hyflex_EDM/31328_HyflexEDM_Brochure_US.pdf).

Além do mais, a maioria dos estudos disponíveis na literatura sobre Hyflex

EDM discute as suas propriedades mecânicas, principalmente com relação à

resistência à fadiga cíclica e análise estrutural do instrumento, sendo necessários

mais estudos que abordem outros parâmetros relacionados ao preparo químico-

mecânico como produção de debris, apenas um estudo foi verificado na literatura

com relação aos debris, entretanto, o mesmo aborda extrusão de debris por este

sistema em comparação com outros (USLU et al., 2018c).

Neste estudo o elemento dentário selecionado para constituir a amostra foram

os primeiros molares inferiores, principalmente por se tratar do dente com maior

prevalência de tratamento endodôntico (RAZMI et al, 2008; RICUCCI et al., 2011).

Em especial a raiz mesial por ser uma raiz com várias complexidades anatômicas, o

que pode dificultar a obtenção de melhores resultados em termos de desinfecção e

45

capacidade de preparo dos canais radiculares (SIQUEIRA et al., 2013). Além do

mais, os canais mesiais de molares inferiores não seguem um padrão consistente e

dentre as dificuldades se destacam curvaturas, istmos, ramificações e canais

acessórios, ocorre ainda uma alta variabilidade de diâmetros apicais nas raízes

mesiais e a presença de istmos no terço apical não é incomum mesmo a 1 mm do

ápice (VILLAS-BOAS et al., 2011).

Os molares inferiores com canais mesiais classe II de Vertucci foram

selecionados no presente trabalho, por ser uma classificação que não é rara, são

considerados a segunda configuração mais comum de molares inferiores (de

PABLO et al., 2010) e se caracterizam por possuírem dois canais radiculares

diferentes que se juntam e terminam em um forame (VERTUCCI, 1984). Esses

canais tem a porção apical mais oval quando os dois canais radiculares se fundem a

3 mm do ápice (KELEŞ et al., 2017).

As complexidades anatômicas constituem um desafio durante o preparo

químico-mecânico, pois essas regiões podem abrigar microrganismos e detritos

provenientes da instrumentação (DUQUE et al. 2017). Mesmo diante da inovação

do desenho dos instrumentos, o debridamento das paredes do canal favorece o

acúmulo de debris, o qual é um efeito indesejável por comprometer outras etapas do

tratamento (LOPES et al., 2018). Destaca-se que em canais infectados a presença

de debris pode contribuir e servir como fonte de reinfecção do canal radicular, por

comprometer o fluxo do irrigante durante o processo de irrigação-aspiração do canal

radicular (KELEŞ et al., 2016).

As regiões de istmos em canais mesiais merecem atenção durante o preparo

químico-mecânico, principalmente por se tratar de uma região que pode abrigar

detritos provenientes da instrumentação, o que pode comprometer a desinfecção e

obturação adequada (PASSALIDOU et al., 2018). Os istmos em canais mesiais de

molares inferiores ocorrem em uma frequência de 54.8% (de PABLO et al., 2010).

Diante do problema de debris gerados durante o preparo químico-mecânico,

diversos estudos concentraram em verificar métodos de agitação do irrigante para

proporcionar que o mesmo alcance áreas de difícil acesso que a irrigação

convencional por agulha e seringa não alcança e consequentemente otimizar o

46

tratamento (MARTINS JUSTO et al., 2014; PLOTINO et al., 2016; DUQUE et al.,

2017; YLMAZ et al., 2017; URBAN et al., 2017; PASSALIDOU et al., 2018).

O presente estudo avaliou dois métodos suplementares, visto que grande

quantidade de debris permaneceu no interior do sistema de canais radiculares após

o preparo químico-mecânico. O selamento da porção apical com resina epóxi

(TOPDAM, FGM, Joinville, Brasil) simulou um sistema de canal fechado e teve

como objetivo aproximar ao máximo da condição clínica e proporcionar o acúmulo

de debris, este método foi utilizado baseado em um estudo prévio (VERSIANI et al.,

2016).

A PUI, um método suplementar descrito em um estudo clássico de WELLER et

al., 1980, tem sua eficácia comprovada em trabalhos que verificaram que houve

maior redução de debris quando foi realizado PUI em comparação quando apenas

irrigação convencional foi utilizada (PAQUE et al., 2011; MARTINS et al., 2014)

estes achados demonstram que é essencial a utilização de um método suplementar

não finalizando o tratamento endodôntico apenas com irrigação convencional, além

do efeito de maior redução de debris os estudos também demonstram o efeito de

maior abertura de túbulos dentinários, o que é um efeito benéfico por promover

maior permeabilidade de medicação intracanal e melhor selamento no momento da

obturação (MOZO et al., 2014).

No entanto quando se verifica na literatura estudos que comparam PUI com

outros métodos suplementares existe uma controvérsia em qual método remove

maior quantidade de debris. Essas diferenças se devem a questões metodológicas

dos estudos com relação ao dente utilizado, sistema de instrumentação empregado,

método suplementar que está comparando. VIRDEE et al., 2018 através de uma

revisão sistemática e metanálise destacaram que os dados dos estudos são tão

heterogêneos que torna difícil identificar a superioridade de algum método, sendo

então necessário estudos que padronizem mais as metodologias e utilizem

amostras representativas.

Na literatura há estudos que encontraram que não há diferença entre PUI em

comparação com outros métodos (ANDRABI et al., 2014; FREIRE et al., 2015;

SILVA et al., 2018) e também há estudos que encontraram maior superioridade

com outros métodos em determinados terços do canal radicular (MANCINI et al.,

47

2013; SCHIAVOTELO et al., 2017). Neste trabalho a PUI foi realizada com a ponta

Ultra-X, uma ponta recentemente introduzida no mercado, sendo o pioneiro em

investigar a eficácia de remoção de debris com essa ponta.

Outro método suplementar avaliado neste trabalho foi a XP-endo Finisher, um

instrumento de NiTi tratado termomecanicamente e com a propriedade M-wire,

preconizada para ser utilizada após o preparo químico-mecânico como forma de

abordagem suplementar, sendo considerada a primeira liga de NiTi que combina

memória de forma e superelasticidade durante a aplicação clínica (ZUPANC et al.,

2018).

No presente estudo os dois métodos suplementares reduziram a quantidade

de debris em relação ao volume pós preparo químico-mecânico, no entanto, foi

verificado que XP-endo Finisher reduziu significativamente a quantidade de debris

em comparação com PUI, sendo que PUI obteve uma média de 2,45, XP-endo

Finisher apresentou uma média de 1,11. Nenhumas das abordagens suplementares

foram capazes de remover completamente os debris do interior do sistema de

canais radiculares, tal achado, corrobora com estudos prévios disponíveis na

literatura (ZHAO et al., 2019; DE DEUS et al., 2019a). No entanto, a abordagem

suplementar com XP-endo Finisher deixou menor quantidade de debris em

comparação com PUI, uma média respectivamente de 28,67 e 60,32, sendo essa

diferença significativa (p< 0,05). A melhor efetividade da XP-endo Finisher neste

estudo pode ser justificada pelo fato de promover melhor distribuição do irrigante e

consequentemente maior redução de debris. Tais achados corroboram com um

estudo recente realizado por YANES-PACHECO et al. 2019, onde foi comparado a

distribuição do irrigante entre PUI e XP-endo Finisher em canais mesiais de

molares inferiores e foi constatado que XP-endo Finisher promoveu melhor

distribuição do irrigante, especialmente no segmento apical, no entanto na área de

istmos não verificaram diferenças.

Muitos estudos que avaliaram os debris utilizaram a técnica de microscopia

eletrônica para visualização dos mesmos (MANCINI et al., 2013; ANDRABI et al.,

2014; MARTINS et al., 2014; SCHIMIDT et al., 2015; ELNAGHY et al., 2017;

KARADE et al., 2017;SCHIAVOTELO et al., 2017; AZIMIAN et al., 2019; XIN et al.,

2019), tal técnica tem a grande desvantagem de necessitar da destruição do

48

espécime para obtenção das imagens e impossibilita a execução de trabalhos que

tem como objetivo avaliar a redução de detritos antes e após vários passos

suplementares. O micro-CT apresenta a grande vantagem de permitir a

quantificação de debris sem destruir o espécime e foi empregado neste estudo e

outros diversos publicados na literatura (PAQUÉ et al., 2011; FREIRE et al., 2015;

TONOMARU-FILHO et al., 2015; SILVA et al., 2018; ZHAO et al., 2019; DE DEUS

et al., 2019).

49

9. CONCLUSÃO

Nenhum dos métodos suplementares foi capaz de remover os debris

completamente dos canais. No entanto o XP-endo Finisher demonstrou melhor

capacidade de remoção de debris e consequentemente este método suplementar

resultou em menor média de debris remanescentes no canal radicular.

50

10. REFERÊNCIAS

__________________________________________________________________

Abou-Rass M, Frank AL, Glick DH (1980). The anticurvatura filing method to prepare the curved root canal. J Am Dent Assoc 101: 792-794.

Al-Ali M, Sathorn C, Parashos P (2012). Root canal debridement efficacy of different final irrigation protocols. Int Endod J 45:898-906.

Alves FR, Almeida BM, Neves MA, Moreno JO, Rôças IN, Siqueira JFJr (2011). Disinfecting oval-shaped root canals: Effectiveness of different supplementary approaches. J Endod 37: 496-501.

Alves FR, Marceliano-Alves MF, Sousa JC, Silveira SB, Provenzano JC, Siqueira JFJr (2016). Removal of Root Canal Fillings in Curved Canals Using Either Reciprocating Single- or Rotary Multi-instrument Systems and a Supplementary Step with the XP-Endo Finisher. J Endod 42:1114-1119.

Andrabi SM, Kumar A, Zia A, Iftekhar H, Alam S, Siddiqui S (2014). Effect of passive ultrasonic irrigation and manual dynamic irrigation on smear layer removal from root canals in a closed apex in vitro model. J Investig Clin Dent 5:188-193..

Azimian S, Bakhtiar H, Azimi S, Esnaashari E (2019). In vitro effect of XP-Endo finisher on the amount of residual debris and smear layer on the root canal walls. Dent Res J 16: 179-184.

Caputo BV, Noro Filho GA, de Andrade Salgado DM, Moura- Netto C, Giovani EM, Costa C (2016). Evaluation of the Root Canal Morphology of Molars by Using Cone-beam Computed Tomography in a Brazilian Population: Part I. J Endod 42:1604-1607.

Carvalho AS, Camargo CH, Valera MC, Camargo SE, Mancini MN (2008). The effect of EDTA with and without ultrasonics on removal of the smear layer J Endod 34: 1396-1400.

Castagnola R, Lajolo C, Minciacchi I, Cretella G, Foti R, Marigo L, Gambarini G, Angerame D, Somma F (2014). Efficacy of three different irrigation techniques in the removal of smear layer and organic debris from root canal wall: A scanning electron microscope study. Giornale Italiano di Endodonzia 28:79-86.

Cesario F, Hungaro Duarte MA, Duque JA, Alcade MP, De Andrade FB, Reis SMV,

De Vasconcelos BC, Vivan RR (2018). Comparisons by microcomputed tomography

of the efficiency of different irrigation techniques for removing dentinal debris from

artificial grooves. J Conserv Dent 21:383-387.

De Deus G, Belladonna FG, De Siqueira ZA, Perez R, Carvalho MS, Souza EM, Lopes RT, Silva EJNL (2019a). Micro-CT comparison of XP-endo Finisher and passive ultrasonic irrigation as final irrigation protocols on the removal of accumulated hard-tissue debris from oval shaped-canals. Clin Oral Investig 23:3087-3093.

51

De Deus G, Belladonna FG, Zuolo AS, Cavalcante DM, Carvalhal JCA, Simões-Carvalho M, Lopes RT, Silva EJNL (2019b). XP-endo Finisher R instrument optimizes the removal of root filling remnants in oval-shaped canals. Int Endod J 52:899-907.

De Deus G, Marins J, Neves AA, Reis C, Fidel S, Versiani MA, Alves H, Lopes RT, Paciornik S (2014). Assessing accumulated hard-tissue debris using micro-computed tomography and free softwarefor image processing and analysis. J Endod 40:271-276.

De-Deus G, Marins J, Silva EJ, Souza E, Belladonna FG, Reis C, Machado AS, Lopes RT, Versiani MA, Paciornik S, Neves AA (2015). Accumulated hard tissue debris produced during reciprocating and rotary nickel-titanium canal preparation. J Endod 41:676-681.

De Pablo OV, Estevez R, Péix Sánchez M, Heilborn C, Cohenca N (2010). Root anatomy and canal configuration of the permanente mandibular first molar: a systematic review. J Endod 36:1919-1931.

Duque JA, Duarte MAH, Canali ICF, Zancan RF, Vivan RR, Bernardes RA, Bramante CM (2017). Comparative Effectiveness of New Mechanical Irrigant Agitating Devices for Debris Removal from the Canal and Isthmus of Mesial Roots of Mandibular Molars. J Endod 43: 326-331.

Eighteeth Medical Ultra-X: http: http://www.eighteeth.com/ULTRA-X/. Accessed August 12, 2019. Elnaghy AM, Mandodorah A, Elsaka SE (2017). Effectiveness of XP-endo Finisher, EndoActivator,and File agitation on debris and smear layer removal in curved root canals: a comparative study. Odontology 105:178-183.

Endal U, Shen Y, Knut A, Gao Y, Haapasalo M (2011). A High-resolution computed tomographic study of changes in root canal isthmus area by instrumentation and root filling. J Endod 37: 223-227.

Ferreira RB, Alfredo E, Porto de Arruda M, Silva Sousa YT, Sousa-Neto MD (2004). Histological analysis of the cleaning capacity of nickel-titanium rotary instrumentation with ultrasonic irrigation in root canals. Aust Endod J 30: 56-58.

Freire LG, Iglecias EF, Cunha RS, Dos Santos M, Gavini G (2015). Micro–computed tomographic evaluation of hard tissue debris removal after different irrigation methods and Its influence on the filling of curved canals. J Endod 41: 1660-1666.

Gu LS, Kim JR, Ling J, Choi KK, Pashley DH, Tay FR (2009). Review of Contemporary Irrigant Agitation Techniques and Devices. J Endod 35:791-804.

Gündoğar M, Özyürek T (2017). Cyclic Fatigue Resistance of OneShape, HyFlex EDM, WaveOne Gold, and Reciproc Blue Nickel-titanium Instruments. J Endod 43:1192-1196.

Haapasalo M, Endal U, Zandi H, Coil JM (2005). Eradication of endodontic infection by instrumentation and irrigation solutions. Endod Topics 10:77-102.

52

Haapasalo M, Shen Y, Ricucci D (2011). Reasons for persistent and emerging post-treatment endodontic disease. Endod Topics 18: 31-50.

Hyflex EDM directions for use. Available at: https://www.coltene.com/fileadmin/Data/EN/Products/Endodontics/Root_Canal_Shaping/HyFlex_EDM/31328A_HyFlexEDM_Brochure_US.pdf Accessed August 12, 2019. Iacono F, Pirani C, Generali L, Bolelli G, Sassatelli P, Lusvarghi L, Gandolfi MG, Giorgini L, Prati C (2017). Structural analysis of HyFlex EDM instruments. Int Endod J 50: 303-313.

Karade P, Chopade R, Patil S, Hoshing U, Rao M, Rane N, Chopade A, KulKarni A (2017). Efficiency of Different Endodontic Irrigation and Activation Systems in Removal of the Smear Layer: A Scanning Electron Microscopy Study. Iran Endod J 12:414-418.

Keleş A, Alçin H, Sousa-Neto MD, Versiani MA (2016). Supplementary steps for removing hard tissue debris from isthmus-containing canal systems. J Endod 42:1677-1682.

Keleş A, Keskin C (2017). Apical root canal morphology of mesial roots of mandibular first molar teeth with Vertucci type II configuration by means of micro-computed tomography. J Endod 43:481-485.

Kfir A, Blau-Venezia N, Goldberger T, Abramovitz I, Wigler R (2018). Efficacy of self-adjusting file, XP-endo finisher and passive ultrasonic irrigation on the removal of calcium hydroxide paste from an artificial standardized groove. Aust Endod J 44:26-31.

Koçak S, Bağcı N, Çiçek E, Türker SA, Can Sağlam B, Koçak MM (2017). Influence of passive ultrasonic irrigation on the efficiency of various irrigation solutions in removing smear layer: scanning electron microscope study. Microsc Res Tech 80: 537-542.

Kuah HG, Lui JN, Tseng PS, Chen NN (2009). The effect of EDTA with and without ultrasonics on removal of the smear layer. J Endod 35:393-396.

Leoni GB, Versiani MA, Pécora JD, Damião SNM (2014). Micro–computed tomographic analysis of the root canal morphology of mandibular incisors. J Endod 40:710-716.

Leoni GB, Versiani MA, Silva-Sousa YT, Bruniera JF, Pécora JD, Sousa-Neto MD (2017). Int Endod J 50: 398-406.

Lopes RMV, Marins FC, Marins FC, Belladona FG, Souza EM, De-Deus G, Lopes RT, Silva EJN (2018). Untouched canal areas and debris accumulation after root canal preparation with rotary and adaptive systems. Aust Endod J 44: 260-266.

Mancini M, Cerroni L, Iorio L, Armelin E, Conte G, Cianconi L (2013). Smear Layer Removal and Canal Cleanliness Using Different Irrigation Systems (EndoActivator,

53

EndoVac, and Passive Ultrasonic Irrigation): Field Emission Scanning Electron Microscopic Evaluation in an In Vitro Study. J Endod. 39: 1456-1460.

Mandava J, Yelisela RK, Arikatla SK, Ravi RC (2018). Micro-computed tomographic evaluation of dentinal defects after root canal preparation with hyflex edm and vortex blue rotary systems. J Clin Exp Dent 10: 844-851.

Marceliano-Alves M, Alves FR, Mendes DM, Provenzano JC (2016). Micro–computed tomography analysis of the root canal morphology of palatal roots of maxillary first molars. J Endod 42:280-283.

Martins Justo A, Abreu da Rosa R, Santini MF, Cardoso FMB, Pereira JR, Húngaro DMA, Reis SMV (2014). Smear layer removal and canal cleanliness using different irrigation systems (EndoActivator, EndoVac, and Passive Ultrasonic Irrigation): field emission scanning electron microscopic evaluation in an in vitro study. J Endod 40:2009-2014.

Metzger Z, Solomonov M, Kfir A (2013). The role of mechanical instrumentation in the cleaning of root canals. Endod Topics 29:87-109.

Mozo S, Llena C, Chieffi N, Forner L, Ferrari M (2014). Effectiveness of passive ultrasonic irrigation in improving elimination of smear layer and opening dentinal tubules. J Clin Exp Dent 6:47-52.

Nair PN, Henry S, Cano V, Vera J (2005). Microbial status of apical root canal system of human mandibular first molars with primary apical periodontitis after ‗‗one-visit‘‘ endodontic treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 99:231-252.

Neelakantan P, Romero M, Vera J, Daood U, Khan AU, Cheung GSP (2017). Biofilms in Endodontics—Current Status and Future Directions.Int J Mol Sci 18. 3-21.

Negishi J, Kawanami M, Ogami E (2005). Risk analysis of failure of root canal treatment for teeth with inaccessible apical constriction. J Dent 33:399-404.

Neuhaus KW, Liebi M, Stauffacher S, Erick S, Lussi A (2016). Antibacterial Efficacy of a New Sonic Irrigation Device for Root Canal Disinfection. J Endod 42:1799-1803.

Neves MA, Provenzano JC, Rôças IN, Siqueira JFJr (2016). Clinical antibacterial effectiveness of root canal preparation with reciprocating single instrument or continuously rotating multi-instrument systems. J Endod 42:25-29.

Ordinola-Zapata R, Bramante CM, Villas-Boas MH, Cavenago BC, Duarte MH, Versiani MA (2013). Morphologic Micro–computed tomography analysis of mandibular premolars with three root canals. J Endod 39:1130-1135.

Orstavik D, Haapasalo M (1990). Disinfection by endodontic irrigants and dressings of experimentally infected dentinal tubules. Endodod Dent Traumatol 6:142-149.

Özyürek T, Yılmaz K, Uslu G (2017). Shaping ability of reciproc, WaveOne GOLD, and HyFlex EDM single-file systems in simulated S-shaped canals. J Endod 43: 805-809.

54

Paiva SS, Siqueira JFJr, Rôças IN, Carmo FL, Leite DC, Ferreira DC, Rachid CT, Rosado AS (2013). Molecular Microbiological Evaluation of Passive Ultrasonic Activation as a Supplementary Disinfecting Step: A Clinical Study. J Endod 39:190-194.

Paqué F, Boessler C, Zehnder M (2011). Accumulated hard tissue debris levels in mesial roots of mandibular molars after sequential irrigation steps. Int Endod J 44:148-153.

Paqué F, Laib A, Gautschi H, Zehnder M (2009). Hard-Tissue Debris Accumulation Analysis by High-Resolution Computed Tomography Scans. J Endod 35: 1044-1047.

Passalidou S, Calberson F, De Bruyne M, De Moor R, Meire MA (2018). Debris removal from the mesial root canal system of mandibular molars with laser-activated. J Endod 44: 16971701.

Perez R, Neves AA, Belladonna FG, Silva EJNL, Souza EM, Fidel S, Versiani MA, Lima I, Carvalho C, De-Deus G (2017). Impact of needle insertion depth on the removal of hard-tissue debris. Int Endod J 50: 560-568.

Peters, OA (2004). Current Challenges and Concepts in the Preparation of Root Canal Systems: A Review. J Endod 30:559-567.

Pirani C, Iacono F, Generali L, Sassatelli P, Nucci C, Lusvarghi L, Gandolfi MG, Prati C (2016). HyFlex EDM: superficial features, metallurgical analysis and fatigue resistance of innovative electro discharge machined NiTi rotary instruments. Int Endod J 49:483-493.

Plotino G, Grande NM, Pecci R, Bedini R, Pameijer CH, Somma F (2006). Three-dimensional imaging using microcomputed tomography forstudying tooth macromorphology. J Am Dent Assoc 137:1555-1561.

Plotino G, Cortese T, Grande NM, Leonardi DP, Di Giorgio G, Testarelli L, Gambarini G (2016). New Technologies to improve root canal disinfection. Braz Dent J 27:3-8.

Poggio C, Dagna A, Chiesa M, Scribante A, Beltrami R, Colombo M (2014). Effects of NiTi rotary and reciprocating instruments on debris and smear layer scores: an SEM evaluation. J Appl Biomater Funct Mater 30: 256-262.

Razmi H, Shokouhinejad N, Hooshyar M (2008). An in Vitro Study of the number of distal roots and canals in mandibular first molars in Iranian population. Iran Endod J 2:126-130.

Ricucci D, Siqueira JFJr (2011). Recurrent apical periodontitis and late endodontic treatment failure related to coronal leakage: a case report. J Endod 37: 1171-1175.

Robinson JP, Lumley PJ, Claridge E, Cooper PR, Grover LM, Williams RL, Walmsley AD (2012). An analytical Micro CT methodology for quantifying inorganic dentine debris following internal tooth preparation. J Dent 40:9991005.

55

Schiavotelo TCL, Coelho MS, Rasquin LC, Rocha DGP, Fontana CE, Bueno CEDS (2017). Ex-vivo Smear layer removal efficacy of two activated irrigation techniques after reciprocating instrumentation in curved canals. Open Dent J 11: 512-519.

Schwendicke F, Gostemeyer G (2017). Single-visit or multiple-visit root canal treatment: systematic review, meta-analysis and trial sequential analysis. BMJ Journals: 7.

Shahravan A, Haghdoost AA, Adl A, Rahimi H, Shadifar F (2007). Effect of smear layer on sealing ability of canal obturation: a systematic review and meta-analysis. J Endod 33:96-105.

Schimidt TF, Teixeira CS, Felippe MC, Felippe WT, Pashley DH, Bortoluzzi EA (2015). Effect of ultrasonic activation of irrigants on smear layer removal. J Endod 41:1359-1363.

Silva EJNL, Belladonnna FG, Zuolo AS, Rodrigues E, Ehrhardt IC, Souza EM, De-Deus G (2018). Effectiveness of XP endo Finisher and XP-endo Finisher R in removing root filling remnants: a micro-CT study. Int Endod J 51:86-91.

Silva EJNL, Carvalho CR, Belladonna FG, Prado MC, Lopes RT, De-Deus G, Moreira EJL (2019). Micro-CT evaluation of different final irrigation protocols on the removal of hard-tissue debris from isthmus containing mesial root of mandibular molars. Clin Oral Investig 23:681-687.

Siqueira JFJr (2002). Endodontic infections: Concepts, paradigms, and perspectives. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 94: 281-2893.

Siqueira JF, Alves FR, Versiani MA, Rôças IN, Almeida BM, Neves MA, Sousa-Neto MD (2013). Correlative Bacteriologic and Micro–Computed Tomographic Analysis of Mandibular Molar Mesial Canals Prepared by Self-Adjusting File, Reciproc, and Twisted File Systems. J Endod 39:1044-1050.

Siqueira JFJr, Rôças IN (2008). Clinical Implications and Microbiology of Bacterial Persistence after Treatment Procedures. J Endod 34: 1291-1301.

Siqueira JFJr, Rôças IN, Ricucci D, Hulsmann M (2014). Causes and management of post-treatment apical periodontitis. Br Dent J 216:305-312

Siqueira JF, Rôças IN, Marceliano-Alves MF, Perez AR, Ricucci D (2018). Unprepared root canal surface areas: causes, clinical implications, and therapeutic strategies. Braz Oral Research: 32.

Stringheta CP, Bueno CES, Kato AS, Freire LG, Iglecias EF, Santos M, Pelegrine RA (2019). Micro computed tomographic evaluation of the shaping ability of four instrumentation systems in curved root canals. Int Endod J 52:908-916.

Suman S, Verma P, Praksh-Tikku A, Bains R, Kumar-Shakya (2017). A Comparative Evaluation of Smear Layer Removal Using Apical Negative Pressure (EndoVac), Sonic Irrigation (EndoActivator) and Er:YAG laser -An In Vitro SEM Study. J Clin Exp Dent 9:981-987.

56

Tabassum S, Khan FR (2016). Failure of endodontic treatment: The usual suspects. Eur J Dent 10:144-147.

Tanomaru-Filho M, Torres FF, Chávez-Andrade GM, Miano LM, Guerreiro-Tanomaru JM (2015). Intermittent or continuous ultrasonically activated irrigation: micro-computed tomographic evaluation of root canal system cleaning. Clin Oral Investig 20:1541-1546.

Torabinejad M, Handysides R, Khademi AA, Bakland LK (2002). Clinical implications of the smear layer in endodontics: a review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 94: 658-666.

Turkaydin D, Demir E, Basturk FB, Sazak Övecoglu H (2017). Efficacy of XP-Endo Finisher in the Removal of Triple Antibiotic Paste from Immature Root Canals. J Endod 43:1528-1531.

Urban K, Donnermeyer D, Schäfer E, Bürklein S (2017). Canal cleanliness using different irrigation activation systems: a SEM evaluation. Clin Oral Investig 21:2681-2687.

Uslu G, Özyürek T, Yilmaz K. Comparison of alterations in the surface topographies of HyFlex CM and HyFlex EDM nickel-titanium files after root canal preparation: A three-dimensional optical profilometry study (2018b). J Endod 44: 115-119.

Uslu G, Özyürek T, Yılmaz K, Gündoğar M (2018a). Cyclic fatigue resistance of R-Pilot, HyFlex EDM and PathFile nickel-titanium glide path files in artificial canals with double (S-shaped) curvature. Int Endod J 51:584-589.

Uslu G, Özyürek T, Yilmaz K, Gündoğar M (2018c). Apically Extruded Debris during Root Canal Instrumentation with Reciproc Blue, HyFlex EDM, and XP-endo Shaper Nickel-titanium Files. J Endod 44: 856-859

Van der Sluis LW, Versluis M, Wu MK, Wesselink PR (2007). Passive ultrasonic irrigation of the root canal: a review of the literature. Int Endod J 40:415-416.

Varela P, Souza E, De Deus G, Duran-Sindreu F, Mercadé M (2019). Effectiveness of complementary irrigation routines in debriding pulp tissue from root canals instrumented with a single reciprocating file. Int Endod J 52:475-483.

Venino PM, Citterio CL, Pellegatta A, Ciccarelli M, Maddalone M (2017). A micro–computed tomography evaluation of the shaping ability of two nickel titanium instruments, HyFlex EDM and ProTaper Next. J Endod 43:628-632.

Versiani MA, Alves FR, Andrade-Junior CV, Marceliano-Alves MF, Provenzano JC, Rôças IN, Sousa-Neto MD, Siqueira JFJr (2016). Micro-CT evaluation of the efficacy of hard-tissue removal from the root canal and isthmus area by positive and negative pressure irrigation systems. Int Endod J 49: 1079-1087.

Versiani MA, Pécora JD, Sousa-Neto MD (2013). Microcomputed tomography analysis of the root canal morphology of single rooted mandibular canines.Int Endod J 46:800-807.

57

Verstraeten J, Jacquet W, De Moor RJG, Meire MA (2017). Hard tissue debris removal from the mesial root canal system of mandibular molars with ultrasonically and laser-activated irrigation: a micro-computed tomography study. Lasers Med Sci 32:1965-1970.

Vertucci FJ (1984). Root canal anatomy of the human permanent teeth. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 58:589-599. Villas-Bôas MH, Bernardineli N, Cavenago BC, Marciano M, Del Carpio-Perochena A, de Moraes IG, Duarte MH, Bramante CM, Ordinola-Zapata R (2011). Micro–Computed Tomography Study of the Internal Anatomy of Mesial Root Canals of Mandibular Molars. J Endod 37: 1682-1686.

Violich DR, Chandler NP (2010). The smear layer in endodontics – a review. Int Endod Journal 43:2-15.

Virdee SS, Seymour DW, Farnell D, Bhamra G, Bhakta S (2018). Efficacy of irrigant activation techniques in removing intracanal smear layer and debris from mature permanent teeth: a systematic review and meta-analysis. Int Endod J 51:605-621.

Weller RN, Brady JM, Bernier WE (1980). Efficacy of ultrasonic cleaning. J Endod 6: 740-743.

Xin Y, Yang J, Song KY (2019). In vitro evaluation of the effectiveness of XP-endo Finisher file on smear layer removal after root canal instrumentation. West China Journal of Stomatology 37: 48-52.

Xu K, Wang J, Wang K, Gen N, Li J (2018). Micro-computed tomographic evaluation of the effect of the final apical size prepared by rotary nickel-titanium files on the removal efficacy of hard-tissue debris. J Int Med Res 46:2219-2229.

XP-endo Finisher directions for use: https://www.fkg.ch/sites/default/files/201809_FKG_IFU_No106_XPendo%20Finisher_EN_FR_DE_web.pdf. Acessed September 15, 2019. Zhao Y, Fan W, Xu T, Tay FR, Gutmann JL, Fan B (2019). Evaluation of several instrumentation techniques and irrigation methods on the percentage of untouched canal wall and accumulated dentine debris in C-shaped canals. Int Endod J (in press). Doi: 10.1111/iej.13119.

58

ANEXO 1

Parecer ético

59