XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT...

48
XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO CEARÁ Teresinha de M a . Bezerra S. Xavier , Academia Cearense de Ciências R. Oswaldo Cruz 176 / 400, Meireles, 60.125-150, Fortaleza- CE, [email protected] Airton Fontenele Sampaio Xavier MPCOMP / UECE / CEFET Maria Assunção Faus da Silva Dias Pedro Leite da Silva Dias Depto. de Ciências Atmosféricas – IAG - USP RBRH - Rev. Bras. Recursos Hídricos, Vol. 8 (2): 111-126

Transcript of XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT...

Page 1: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO CEARÁ

Teresinha de Ma. Bezerra S. Xavier , Academia Cearense de Ciências

R. Oswaldo Cruz 176 / 400, Meireles, 60.125-150, Fortaleza-CE, [email protected]

Airton Fontenele Sampaio XavierMPCOMP / UECE / CEFET

Maria Assunção Faus da Silva Dias Pedro Leite da Silva Dias

Depto. de Ciências Atmosféricas – IAG - USP

RBRH - Rev. Bras. Recursos Hídricos, Vol. 8 (2): 111-126

Page 2: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

RESUMO

Faz-se neste artigo uma avaliação das inter-relações dos eventos ENOS = “El Niño-Oscilação Sul” (ENSO) no Pacífico e posições médias da ZCIT = “Zona de Convergência Intertropical” (ITCZ) no Atlântico, com relação à chuva nas principais bacias hidrográficas do Ceará na “quadra chuvosa” (quadrimestre fevereiro-maio). Como, ainda, levando em conta a chuva mensal ao longo dos meses consecutivos do primeiro semestre de cada ano, isto é, de janeiro a junho.

Os resultados comprovam o papel significativo do posicionamento da ZCIT ao sul da linha equatorial, no sentido da instalação de chuvas sobre suas bacias. Ademais, fica revelado com muita nitidez o papel de eventos ENOS no Pacífico com relação ao posicionamento da ZCIT no Atlântico e com as chuvas nas bacias. Assim, o trabalho fornece subsídios para a análise da vulnerabilidade climática dessas bacias hidrográficas.

Lembremos que a Rede Hidrográfica do Estado do Ceará compreende um total de 11 (onze) bacias, algumas delas de fato sub-bacias de outras mais amplas. Além do caso peculiar da “Bacia Metropolitana”, compreendendo a Região Metropolitana de Fortaleza, na realidade um conjunto de bacias de pequeno porte assim reunidas em vista da importância da região por elas coberta, em termos populacionais e econômicos mas, ainda por comportar o “Complexo Pacoti-Riachão-Gavião”, sistema de reservatórios destinado ao abastecimento de Fortaleza e municípios vizinhos.

Page 3: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

DADOS Bacias Hidrográficas do Ceará

FIGURA 1As onze Bacias Hidrográficas do Ceará.Em amarelo as utilizadas neste trabalho, que cobrem a maior parte da extensãogeográfica estadual.

Nota :

Os resultados apresentados no corpo do artigo referem-se às bacias “Metropolitana” (litorânea) e do “Alto Jaguaribe” (esta interiorana e ao sul do Ceará). Para as demais bacias selecionadas, porém, os resultados foram análogos.

Page 4: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Séries Pluviométricas

Foram utilizadas séries pluviométricas para o período 1964-1999, devidamente consistidas. São séries “híbridas”, obtidas a partir daquelas extraidas dos bancos de dados ou arquivos da SUDENE, FUNCEME e DNAEE, perfazendo um total de 93 (noventa e três) postos. A tarefa de organização dessa “base de dados” deve-se ao primeiro autor, conforme XAVIER & XAVIER (1998, 1999).

Pseudo-Tensão do Vento no Atlântico

Dados mensais da componente meridional da “pseudo-tensão” no Atlântico cedidos pelo Prof. Dr. Jacques Servain / IRD / Brest / França, em pontos de grade de 2 graus x 2 graus.

Cronologia de Episódios ENOS-ENSO

Conforme XAVIER & XAVIER (2000) e XAVIER et al. (2000-b), com base no Índice de Oscilação Sul de Troup e na série do “JMA-Index” (da Agência Japonesa de Meteorologia) para as anomalias da TSM no Pacífico na área 4o N – 4o S e 150o W – 90o W [ver FIG. 2]

Page 5: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

FIGURA 2 - Índice da TSM no Pacífico Equatorial e área respectiva cf. JMA-“Japanese Meteorological Agency”

Page 6: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Xi Q(0,15) Q(0,15) Xi Q(0,35) Q(0,35) Xi Q(0,65) Q(0,65) Xi Q(0,85) Xi Q(0,85)

METODOLOGIA

Técnica dos QuantisPara cada uma das bacias hidrográficas, a chuva foi expressa em termos das médias mensais para o período 1964/99. Relativamente a cada bacia e à “quadra chuvosa” (fevereiro-maio) calcularam-se os quantis para as ordens quantílicas” p = 0,15 ; 0,35 ; 0,65 ; 0,85 . Assim, dado um valor Xi da chuva na “quadra chuvosa” do ano i considera-se que este valor corresponderá a uma das 5 classes :

- 2 = MS = “muito seco” - 1 = S = “seco” 0 = N = “normal”

1 = C = “chuvoso” 2 = MC = “muito chuvoso”

conforme se verifique, respectivamente :

Page 7: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

A técnica dos “quantis” foi empregada no trabalho pioneiro de Pinkayan (1966), para a análise das ocorrências de chuvas e sua variabilidade em extensa área continental (Estados Unidos da |América do Norte).

Uma revisão detalhada quanto a todos os aspectos metodológicos dessa técnica encontra-se em Xavier & Xavier (1998) (1999). Bem como em XAVIER (2001, cap. 5) e ainda no livro XAVIER et al (2002).

Depois, numa sequência de artigos entre os quais Xavier & Xavier (1984-a, 1984-b, 1987-a, 1987-b, 1989, 1990) tal metodologia foi então aplicada para o problema da classificação e monitoração da ocorrência de anos secos ou chuvosos no Nordeste Brasileiro, em particular no Estado do Ceará.

Page 8: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Posicionamento da ZCIT

Para determinar o posicionamento da ZCIT com relação à linha equatorial utiliza-se a metodologia desenvolvida em Xavier & Xavier (1997) e Xavier et al. (1997/1998) (1998). Produtos obtidos : 1] representação gráfica da ZCIT na bacia do Atlântico (não se usou neste trabalho); 2] séries numéricas das posições médias latitudinais (meridianos 370W e 350W)

Figura 3Meridiano 35W (“Ponta de Seixas-PB” =340 47’ 30” W)

= Ceará = “Nordeste

Page 9: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Figura 4 com a evolução da posição latitudinal da ZCIT no meridiano 350 W de jan./64 a maio/97 revelando haver ficado próxima de 160 N em sua posição mais ao norte e chegando na sua maior incursão ao sul do equador próxima a 70 S.

Figura 5 com gráfico de jan./74 a jan./84 denotando-se que em 1978-1983 a ZCIT quase não passou para o sul da linha do equador (sintomático, pois 1979/83 corresponde a 5 anos históricos de seca no Nordeste).

De fato, na continuação do presente artigo trabalhar-se-á, exclusivamente, com respeito à posição da ZCIT sobre o meridiano de 370 W.

As latitudes ao norte da linha do equador são consideradas positivas (+) e aquelas ao sul, negativas (-) .

Page 10: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Figura 4 350 W 01/64-05/97 Figura 5 350 W 01/74-01/84

01/64 05/72 09/80 01/89 05/97 mês/ano

8 S

EQ

8 N

16 N

ZCIT (graus N-S) a 35 W

01/74 01/84 mês/ano

8 S

EQ

8 N

16 N

ZCIT (graus N-S) a 35 W

Page 11: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

1 = ocorrência de EL NIÑO

0 = “ano neutro”

-1 = ocorrência de LA NIÑA

EVENTOS ENOS / ENSO

Quanto a esses eventos considerou-se uma classificação simplificada :

apenas quando o fenômeno ocorreu ou persistiu no 1º semestre

Page 12: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Assim, para as ocorrências de “El Niño” foram levados em conta apenas aqueles anos i em que o fenômeno ocorreu ou persistiu até aos primeiros meses dos referidos anos, ou seja, anos i-1 / i ou * / i , sendo portanto descartados ou tratados como “neutros” os anos i-1 / *.

Conforme as notações utilizadas em XAVIER et al. (1995) e XAVIER & XAVIER (2000), sob a forma i-1 / i onde i refere-se à ocorrência do fenômeno EN (“EL Niño”) no 1o semestre de um dado ano i , enquanto i-1 a sua ocorrência no 2o semestre precedente. Por sua vez * significa sua não ocorrência no semestre correspondente, quando se nota * / i ou i-1 / *

Page 13: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

ANÁLISES DE VARIÂNCIA (AV)

Foram efetuadas as seguintes análises de variâncias :

1] AV da chuva (mm) fev.-mai. classes de eventos ENOS {-1 , 0 , 1} (*)

2] AV da posição da ZCIT fev.-mai. classes de eventos ENOS (*)

3] AV da posição da ZCIT fev.-mai. classes da chuva : {-2, -1, 0, 1, 2} (**)

(*) LN, ano neutro, EN (**) MS, S, N, C, MC em fev.-mai.

4] AV da posição da ZCIT em cada mês de jan. a jun. classes da chuva na “quadra chuvosa” (quadrimestre fev.-mai.)

Page 14: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

(i) realização de testes para a homogeneidade da variância no contexto de cada análise (testes de Cochran e de Bartlett);

(ii) realização de testes de normalidade (CHI2 e Kolmogorov-Smirnov).

(ii) realização de uma Análise de Variância não-paramétrica (teste de Kruskal-Wallis) quando isso for indicado para dirimir dúvidas. (*)

(*)De fato, a rigor, exige-se a condição de homogeneidade da variância com respeito às várias Classes (HOMOCEDASTICIDADE) e a NORMALIDADE da variável X em causa. Quando essas condições não são preenchidas, recomenda-se complementar a análise através do teste de Krukal-Wallis.

Apesar da Análise de Variância Clássica ser um teste considerado robusto, são tomadas algumas precauções, tais como :

Page 15: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Deve ser lembrado, outrossim, que através de uma análise de variância obtem-se, unicamente, informação sobre o comportamento global das médias com respeito às várias classes. Assim, quando da rejeição da “hipótese nula”, apenas se sabe que os grupos não podem ser considerados “iguais” ou provenientes de uma mesma “população”. Porém, não é fornecido qualquer informe a respeito da localização das diferenças detectadas.

Para esse fim, devem ser empregados testes suplementares de comparações múltiplas (como aquele mais simples, baseado no desvio mínimo ou LSD, o de Tuckey, o de Scheffé, etc.).

Todas essas precauções foram tomadas, no contexto deste trabalho. Porém, a maioria dos resultados de tais testes são omitidos, para não sobrecarregar o texto e as conclusões a serem apresentadas. Contudo, são sempre apresentados os níveis de significância para as análises efetuadas, em termos das probabilidades p de erro, bem como são apresentados os gráficos para os “intervalos de confiança” das médias com respeito às várias classes.

Page 16: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

RESULTADOS

O Pacífico X Posição Média da ZCIT e Chuva nas Bacias

Assim, com base nessas figuras, conclui-se que a chuva média nas duas bacias durante a “quadra chuvosa” decresce progressivamente, com respeito às ocorrências de anos de “La Niña”, anos “neutros” e de “El Niño”

Nas Figuras 6 e 7 avalia-se a Influência de Eventos ENOS (-1 = LN, ”, 0 = ano neutro, 1 = EN) sobre a Chuva nas Bacias Metropolitana e do Alto Jaguaribe durante a quadra chuvosa (fev.-mai.)

Page 17: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

-1 0 1 Ind. ENOS

500

800

1100

1400

m0_hfm

-1 0 1 Ind. ENOS

300

500

700

900

j1h_fm

FIGURA 6Bacia Metropolitanachuva X classes ENOS

FIGURA 7 Bacia do Alto Jaguaribechuva X classes ENOS obs : nas ordenadas a chuva em mm

Page 18: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

As tabelas para a Análise de Variância, correspondentes, são apresentadas na Tabela 1, para a Bacia Metropolitana e, na Tabela 2, para a Bacia do Alto Jaguaribe.

Assim, as probabilidades de erro são da ordem de p = 0,03 e de p = 0,02 , respectivamente. As tabelas também incluem os valores para a chuva média, com respeito às ocorrências das várias categorias de eventos ENOS, isto é, 1 = EL NIÑO, 0 = “ano neutro” e -1 = LA NIÑA

Page 19: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

TABELA 1 Análise de Variância para a Chuva na Bacia Metropolitana acumulada de Fevereiro a Maio, juntamente com os valores para a chuva média, conforme o estado do Pacífico Equatorial ( -1 = anos de “La Niña”, 0 = anos “neutros” e 1 = anos de “El Niño” )

Page 20: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

[continuação da Tabela 1]

Valores Médios e Intervalos de Confiança 95% para m0h_fm (chuva média na Bacia Metropolitana) em função de ind_enos

-------------------------------------------------------------------------------------- Chuva Média Intervalos de Confiança 95 %Classe efetivo (mm) para as médias (mm)-------------------------------------------------------------------------------------- -1 7 1070,61 920,57 a 1220,66 0 16 928,58 829,34 a 1027,83 1 12 716,15 601,55 a 830,75--------------------------------------------------------------------------------------Total 35 884,15--------------------------------------------------------------------------------------

Page 21: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

TABELA 2 Análise de Variância para a Chuva na Bacia do Alto Jaguaribe, acumulada de Fevereiro a Maio, juntamente com os valores para a chuva média, conforme o estado do Pacífico Equatorial ( -1 = anos de “La Niña”, 0 = anos “neutros” e 1 = anos de “El Niño” )

Page 22: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

[continuação da Tabela 2]

Valores Médios e Intervalos de Confiança 95% para j1h_fm (chuva média na RMF) em função de ind_enos

------------------------------------------------------------------------------------- Chuva Média Intervalos de Confiança 95 %Classe efetivo (mm) para as médias (mm)------------------------------------------------------------------------------------- -1 7 675,09 582,13 a 768,04 0 16 557,83 496,35 a 619,32 1 12 433,94 362,94 a 504,38-------------------------------------------------------------------------------------Total 35 538,81-------------------------------------------------------------------------------------

Page 23: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Na Figura 8 verifica-se a tendência da posição média da ZCIT na “quadra chuvosa”, ao longo do meridiano de 370 W, de permanecer em torno da linha equatorial nos anos 1 = EN, enquanto passa a alcançar posições progressivamente mais ao sul e mais próximas do Nordeste setentrional nos anos 0 = “neutros” e -1 = LN.

Neste caso tem-se uma probabilidade de erro de apenas p = 0,0017. Pode ainda adiantar que em anos de EN a posição média da ZCIT durante a quadra chuvosa fica dentro do intervalo de confiança que vai de 0,72 graus sul a 0,42 graus norte, portanto, em torno da linha do equador, enquanto para anos de “La Niña”, vai de 2,0 a 3,5 graus sul.

Page 24: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

- 1 0 1 Ind. ENOS

4 o S

2 o S

EQ

2 o N

ww37fm

FIGURA 8 ZCIT x classes ENOS

Page 25: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

Na Figura 9 têm-se as posições médias da ZCIT durante a “quadra chuvosa”, em função dos anos para os quais a chuva acumulada no referido período, na Bacia Metropolitana, classificaram-se nas categorias -2 = MS = “muito seco”, -1 = S = “seco”, 0 = N – “normal”, 1 = C = “chuvoso” e 2 = MC = “muito chuvoso”.

Conclui-se, então, que a ZCIT localiza-se progressivamente cada vez mais ao sul da linha do equador, com respeito ao acréscimo na chuva.

Obtemos resultado análogo para a Bacia do Alto Jaguaribe.

Page 26: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

-2 -1 0 1 2 Bac. Metropolitana

4oS

2oS

EQ

2oN

ww37fm

FIGURA 9 ZCIT x classes CHUVA na Bacia Metropolitana

Page 27: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

POSICIONAMENTO da ZCIT mês a mês (JANEIRO a JUNHO) em função da CLASSE da CHUVA TOTAL na QUADRA CHUVOSA (fevereiro-maio)

Examina-se, agora, o posicionamento da ZCIT, mês a mês (de janeiro a junho) em função da chuva acumulada de fevereiro a maio, de novo expressada em termos das classes indo de -2 = MS (muito seco) até 2 = MC (muito chuvoso). Mais uma vez constata-se que a posição da ZCIT situa-se mais ao sul nos anos de LA NIÑA e mais ao norte nos anos de EL Nino. Figs. 10 e 11

Page 28: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

- 2 - 1 0 1 2

3 o S

1 , 5 o S

E Q

1 , 5 o N

2 o N

J A N

- 2 - 1 0 1 2

5 o S

2 .5 o S

E Q

2 . 5 o N

F E V

- 2 - 1 0 1 2

6 o S

3 o S

E Q

6 o N

M A R

- 2 - 1 0 1 2

2 o S

0 E Q

2

4 o N

M A I

- 2 - 1 0 1 2

3 o N

4

5

6

7 o N

J U N

- 2 - 1 0 1 2

6 o S

3 o S

E Q

3 o N

A B R

FIGURA 10 BACIA METROPOLITANA-CE

Intervalos de Confiança para as Latitudes Médias da Posição da ZCIT ao longo do Meridiano de 37W, de Janeiro a Junho, com com relação às “classes” desde - 2 = MS (Muito Seco) até 2 = MC (Muito Chuvoso) na quadra chuvosa fev.-mai.

Page 29: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

ANÁLISE MÊS a MÊS (janeiro a junho) para o caso da BACIA METROPOLITANA

De fato, para este mês, o nível de significância é p = 0,14 (logo há uma probabilidade da ordem de 15% para que esse resultado possa dever-se ao puro azar, em termos da análise de variância clássica). Não obstante, o fato das médias decrescerem progressivamente desde a classe –2 = MS até à classe 2 = MC, é uma indicação de que tais resultados são provavelmente legítimos, isto é, que a partir dos anos muito secos até aos muito chuvosos, a ZCIT situa-se progressivamente (em termos médios) em latitudes cada vez mais próximas do Ceará.

1) Em JANEIRO, a posição média (ponto médio do segmento que representa o intervalo de confiança) situa-se ao norte ou acima da linha do equador, para as classes -2 = MS (muito seco), -1 = S e 0 = N ; descendo discretamente ao sul dessa linha, para a classe 1 = C (chuvoso). Ao passo que para a classe 2 = = MC (muito chuvoso) já alcança uma posição próxima de –1,5 (ou seja 1,5 S, portanto, abaixo do equador).

Na verdade, um teste de comparações múltiplas, mostra que {-2,-1,0} é um grupo homogêneo que difere significativamente da classe {2}. Ver Tabela 3 .

Page 30: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

TABELA 3 Teste de Comparações Múltiplas para Z3701, com respeito às 5 Classes para a Chuva em Fevereiro-Maio, na Bacia Metropolitana (posição da ZCIT em Janeiro) Dados: Z3701; Classes: m0h_fm ; Método: 95 % LSD

--------------------------------------------------------------------- Classe # Média Grupos Homogêneos(*)---------------------------------------------------------------------

2 5 -1.5600000 X 1 8 -0.4875000 XX 0 9 0.2888889 X -1 8 0.3625000 X -2 5 0.7200000 X

--------------------------------------------------------------------- (*) Neste caso, há dois grupos, correspondentes às duas colunas nas quais se distribuem os “X” Note-se que os dois grupos se interpenetram, pois a “classe 1” pertence, simultaneamente, a ambos os grupos

Page 31: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

2) Já em FEVEREIRO, a posição média da ZCIT mantém-se ao norte da linha do equador apenas para a classe –2 = MS. Ao passo que para todas as demais classes de anos, desde –1 = S até 2 = MC, a ZCIT sobre o meridiano de 370 W posiciona-se em média ao sul do equador e em latitudes progressivamente cada vez mais próxima do Ceará. Assim, nos anos na categoria 2 = MC (muito chuvoso), essa posição média fica em torno (aproximadamente) de - 3,7 (ou 3,7 S).

Por outro lado, o resultado da Análise de Variância é significativo, com probabilidade de erro p = 0,028 < 5%

3) Em MARÇO, o comportamento é análogo ao do mês anterior. Contudo, ocorre a circunstância de que a Análise de Variância passa a ser altamente significativa, com p = 0,0003 < 1/1000. Foi para esse mês que os maiores contrastes foram detectados no contexto de um teste de comparações mútiplas de médias, conforme a Tabela 4, a seguir.

Page 32: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

TABELA 4 Teste de Comparações Múltiplas para Z3703 (*), respeito às 5 Classes para a Chuva em Fevereiro-Maio na “Bacia Metropolitana”

Dados: Z3703; Classes: m0h_fm ; Método: 95 % LSD--------------------------------------------------------------------------Nïvel # Média Grupos Homogêneos (**)--------------------------------------------------------------------------

2 5 -4.0400000 X 1 8 -3.5250000 XX 0 9 -2.2111111 XX -1 8 -1.5750000 X -2 5 0.2000000 X -------------------------------------------------------------------------- (*) Z3703 = posição média da ZCIT em março

(**) Note-se que, agora, há 4 grupos !

Page 33: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

4) Em ABRIL, a posição média da ZCIT permanece acima (ao norte) da linha do equador, para os anos nas classes -2 = MS (muito seco) e -1 = S (seco) na “Bacia Metropolitana”. Já para as classes 0 = N (normal), 1 = C (chuvoso) e 2 = MC (chuvoso), situa-se abaixo (ao sul) do equador. A Análise da Variância, ainda, mantém-se altamente significativa, com p = 0,0005 < 1/1000.

5) Em MAIO, para as classes -2 = MS e -1 = S, a ZCIT já migrou, sobre o meridiano 370 W, para uma posição média entre 2 N e 3 N, isto é, bem ao norte da linha do equador. Note-se que para as classes de anos 0 = N (normal) e 1 = C (chuvoso), sua posição média também já se situa no hemisfério norte, porém entre o equador e a latitude de 1 N. Contudo, para os anos 2 = MC (muito chuvoso), a posição média da ZCIT ainda se encontra um pouco abaixo da linha do equador. No caso, as diferenças detectadas através da Análise da Variância mostram-se ainda estatisticamente significativas, com p = 0,004 < 1%.

Page 34: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

6) Finalmente, em JUNHO, quando a “quadra chuvosa” costuma já estar encerrada, note-se que por sua vez a ZCIT migrou inteiramente para o hemisfério Norte, com posições médias alcançadas entre 3,5 N e 5,5 N , aproximadamante. A Análise de Variância não mostra mais diferenças estatisticamente significativas, pois p = 0,277 > 25%. Além disso, também não ocorrem quaisquer diferenças significativas no contexto de testes de comparações múltiplas entre as classes; ou seja, o “grupo” {-2-1,0,1,2} é suposto homogêneo.

Não obstante, o gráfico sugere que a migração para o Norte, acima do equador, é mais rápida nos anos secos e menos rápida nos anos chuvosos.

PARA O CASO DA BACIA DO ALTO JAGUARIBE os resultados são análogos. Ver a FIGURA 11 e a análise subseqüente.

Page 35: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

- 2 - 1 0 1 2 - 3 - 2

0

2

J A N

- 2 - 1 0 1 2 - 4 .5 - 2 .5 - 1 .5 - 0 .5 1 .5

F E V

- 2 - 1 0 1 2 - 6

- 4

- 2

0

2

M A R

- 2 - 1 0 1 2 - 6

- 3

0

3

A B R

- 2 - 1 0 1 2 - 2

0

2

4

M A I

- 2 - 1 0 1 2 3

4 . 5

6

J U N

Figura 11 BACIA do ALTO JAGUARIBE - CE Intervalos de Confiança para as Latitudes Médias da Posição da ZCIT ao longo do Meridiano de 37W, de Janeiro a Junho, com com relação às “classes” desde - 2 = MS (Muito Seco) até 2 = MC (Muito Chuvoso) na quadra chuvosa fev.-maio

Page 36: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

ANÁLISE MÊS a MÊS (janeiro a junho) para o caso da REGIÃO METROPOLITANA

Para a Bacia do Alto Jaguaribe, no Sudoeste do Estado do Ceará, a influência da ZCIT ainda pode ser nitidamente percebida, para isso bastando inspecionar a Figura 11.).

Note-se que para JANEIRO, FEVEREIRO e JUNHO, respectivamente, as probabilidades de erro (ou níveis de significância) nas Análises de Variância foram p = 0,19 > 20%, p = 0,066 > 5% e p 0,20 = 20 %, respectivamente. Para MARÇO e ABRIL, porém, as Análises de Variância passam a dar resultados altamente significativos, isto é, com probabilidades de erro muito pequenas : p = 0,0018 2/1000 e p = 0,0007 1/1000. Finalmente, relativamente ao mês de MAIO, o resultado ainda foi significativo, com p = 0,015 < 2%. Por outro lado, note-se que entre Fevereiro e Maio, novamente, denota-se a circunstância de que as posições latitudinais médias alcançadas pela ZCIT, sobre o meridiano de 370 W, decrescem progressivamente desde a classe - 2 = MS (muito seco) até à classe 2 = MC (muito chuvoso).

Page 37: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

REAVALIAÇÃO DE RESULTADOS PRECEDENTES

Os resultados precedentes, para as Bacias Metropolitana e do Alto Jaguaribe, merecem ser reavaliados, tendo em vista que os efetivos das 5 (cinco) classes são pequenos. Por exemplo, para a “Bacia Metropolitana”, seus efetivos são 5, 8, 11, 8 e 9, resp. ; para a Bacia do Alto Jaguaribe, 5, 7, 11, 7 e 5, resp.

A simetria para os efetivos das classes decorre, por sua vez, da simetria na escolha das “ordens quantílicas” que definem os extremos para os intervalos de classes. Embora, “a priori”, não se pudesse prever uma simetria perfeita com relação a tais frequências observadas.

Page 38: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

De fato, devido a que os efetivos das classes são pequenos, seria de esperar algum viês na determinação dos intervalos de confiança para os valores médios da ZCIT. Não obstante, isso pode ser controlado mediante a inspeção de gráficos em que comparecem os valores observacionais das posições latitudinais das ZCIT com respeito às várias classes, em vez dos respectivos intervalos de confiança, estimados. Por exemplo, para os valores da ZCIT no mês de Abril referidos às classes na “Bacia Metropolitana”, tem-se a Figura 12.

Ora, comparando este gráfico (Fig. 12) com o gráfico correspondente para os intervalos de confiança das posições médias da ZCIT, também em Abril (na Fig. 10), chega-se à conclusão de serem são compatíveis entre si, a menos de um “outlier” (valor excessivamente elevado) para uma das posições latitudinais da ZCIT, na classe 0 = N (normal).

Page 39: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

-2 -1 0 1 2-5.6

-3.6

-1.6

0.4

2.4

FIGURA 12 Pontos observacionais (em vermelho) para as posições latitudinais da ZCIT sobre o meridiano de 370 W, no mês de Abril, para as classes -2, -1, 0, 1, 2 = MS, S, N, C, MC da chuva observada no Quadrimestre fevereiro-maio, sobre a “Bacia Metropolitana”

Page 40: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

A ZCIT e a Chuva nas demais Bacias

Com respeito às demais Bacias (dos rios Acaraú, Coreaú, Banabuiú e Salgado) os resultados são análogos. Para algumas dessas bacias trabalhou-se apenas com 3 (três) classes : -1 = MS ou S ; 0 = N ; 1 = C ou MC ; com efeito, para fins da Análise de Variância, teríamos efetivos excessivamente pequenos em algumas das cinco classes originais.

Page 41: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

CONCLUSÕES

1. Os resultados obtidos confirmam a importância da migração da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) a latitudes ao sul da linha do equador, ou seja, sobre o Atlântico intertropical sul, em termos de constituir o principal sistema atmosférico responsável pelo desencadeamento de chuvas sobre o Estado do Ceará e, particularmente, sobre suas bacias hidrográficas. Por outro lado, também mostram inequivocamente o papel de eventos ENOS-“El Niño-Oscilação Sul”.

2. Lembremos, que a movimentação da ZCIT está ligada a vários fenômenos meteorológico-oceanográficos, em particular a formação do “dipolo” no Atlântico intertropical, bem como, o enfraquecimento da componente meridional do vento junto à costa do Nordeste brasileiro.

Page 42: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

3. A Região do Cariri, no quadrante sudeste do Ceará, costuma-se considerar em separado, pois sua “quadra chuvosa” coincide geralmente com o quadrimestre janeiro-abril. Além disso, as frentes frias do sul parecem aí exercer um papel significativo com respeito à ocorrência de certos episódios de chuvas.

Daí a importância que teria numa etapa ulterior deste trabalho que pudesse ser empreendida uma análise detalhada para a chuva na Bacia do Rio Salgado, por exemplo, não só com relação à posição da ZCIT como, também, com respeito às incursões das frentes frias.

4. Finalmente, seria válido também examinar a questão da recarga das reservas hídricas do Estado do Ceará, em especial no que concerne aos grandes açudes situadas nas suas diversas bacias hidrográficas, em função igualmente de eventos ENOS e das incursões da ZCIT ao sul da linha do equador.

5. De fato, esta modalidade de trabalho fornece subsídios para a análise da vulnerabilidade climática dessas bacias hidrográficas. Por outro lado, relaciona-se intimamente com nosso Projeto “TEMPO DE CHUVA” para previsão regionalizada da chuva no Estado do Ceará e nas suas bacias durante a “quadra chuvosa”; ver XAVIER et al. (1998) (2000-c) (2000-d).

Page 43: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Jacques Servain, do IRD / Centro da Bretanha / Brest / França, pela cessão dos dados da “.pseudo-tensão” do vento no Atlântico e pelo encorajamento ao longo de tantos anos.

Ao CNPq pelo apoio através de bolsas de pesquisa e o financiamento de vários projetos, desde a década de 80; como, também, à FAPESP. Ainda à FUNCAP - Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa, pelo suporte, nos últimos anos, no que concerne à realização de pesquisas sobre a climatologia e a previsão regional da chuva no Estado do Ceará.

Page 44: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

BIBLIOGRAFIA

ESTADO DO CEARÁ / SRH-SOHIDRA-FUNCEME (1992), Plano Estadual dos Recursos Hídricos, Estudos de Base I , Fortaleza-Ceará, páginas i-xxvii / 407-867.

Macedo, M.V.A (1981), Aproveitamento Hídrico das Bacias Fluviais do Ceará, Ministério do Interior – DNOCS, Fortaleza-Ceará, 176 páginas.

Pinkayan, S. (1966), Conditional Probabilities of Occurence of Wet and Dry Years Over a Large Continental Area; Hydrology Papers, Number 12, Colorado State University, Fort-Collins, Col.

(CONTINUA)

Xavier, T. de Ma.B.S. & Xavier, A.F.S. (1984-a), Dry and Wet Periods Characterization Over Drougth Polygon("Polígono das Secas") in Northeast Brazil, 2nd. WMO Sympos. on Mteorological Aspects of Tropical Droughts, Fortaleza-Ceará, 1984 [ versão estendida : Relatório de Pesquisa, 52 páginas, Fortaleza-CE ].+

Xavier, T. de Ma.B.S. & Xavier, A.F.S. (1984-b), Classificação de Anos Secos e Chuvosos na Região NE. do Brasil e sua Distribuição Espacial, Anais do III Congresso Brasileiro de Meteorologia, Belo Horizonte, Vol.3, páginas 267-275.

Page 45: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

BIBLIOGRAFIA (CONTINUAÇÃO)

Xavier, T.de Ma.B.S. & Xavier, A.F.S. (1987-a), Aplicação de Filtragem Binária no Estudo da Ocorrência de Períodos Secos ou Chuvosos no Nordeste Brasileiro, Anais do 7o. Simpósio Brasileiro de Hidrologia e Recursos Hídricos / 3o. Simpósio Luso-Brasileiro de Hidráulica e Recursos Hídricos, Salvador-Bahia, Novembro 1987, Vol. 2, paginas 617-629.

Xavier, T. de Ma.B.S. & Xavier, A.F.S. (1987-b), Classificação e Monitoração de Períodos Secos ou Chuvosos e Cálculo de Índices Pluviométricos para a Região Nordeste do Brasil, Revista Bras. de Engenharia - Caderno de Recursos Hídricos, Vol. 5, No. 2, páginas 7-31.

Xavier, T. de Ma.B. S. & Xavier, A. F. S. (1989), Caractérisation et Moniteurisation des Periodes Sèches et Pluvieuses au Nord-Est du Brésil [ Em: Bret, B., Coord., LES HOMMES FACE AUX SECHERESSES - NORDESTE BRÉSILIEN ET SAHEL AFRICAN, IHEAL & EST Ed., Collection IHEAL, N 42 / Série Thèses et Colloques N 1 (Institut des Hautes Etudes de l'Amérique Latine, Université de Paris III / Nouvelle Sorbonne), Paris, pp. 93-99.

Xavier, T. de Ma. B. S & Xavier, A.F.S. (1990), Binary Filtering for the Study of Persistence and Alternance of Dry and Wet Years in Northeast-Brazil; Extended Abstrats of Papers Presented at the 3d WMO Symposium on Meteorological Aspects of Tropical Droughts With Emphasis on Long-Range Forecasting; Niamey-Niger (Tropical Meteorology Research Programme Report Series), Report N0 36 / WMO/TD-N0 353 , pp. 255-261.

(CONTINUA)

Page 46: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

BIBLIOGRAFIA (CONTINUAÇÃO)

(CONTINUA)

Xavier, T.de Ma. B.S.; Silva Dias, M.A.F.da & XAVIER, A.F.S. (1995), Impact of ENSO Episodes on the Autumn Rainfall Patterns Near São Paulo, International Journal of Climatology, Vol.15

Xavier, T. de Ma. B. S. & Xavier, A. F. S. (1997), Papel da Componente Meridional do Vento na Costa do Nordeste para a Previsão da Chuva no Estado do Ceará [ em : Artigos Selecionados do XII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 16-20 Nov./97, Vitória-ES, Anais, Vol. 1, pp. 537-543 ].

Xavier, T. de Ma. B. S., Xavier, A .F. S., Silva Dias, P. L. da & Silva Dias, M. A. F. da (1997/1998), Papel da Componente Meridional do Vento na Costa do Nordeste Brasileiro e de Outras Covariáveis para Prever a Chuva no Estado do Ceará (1964-1997) : Cadernos Atena, No 7A, 1997, Fortaleza-Ceará, 23 páginas (pre-print) e Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 1998, Vol. 3, No. 4, pp. 121-139.

Xavier, T.de Ma.B. S., Xavier, A .F. S., Silva Dias, P.L. da & Silva Dias, M.A.F. da (1998), Componente Meridional do Vento na Costa do Nordeste e a ZCIT : Relações com a Chuva (1964-98), Anais do X Congresso Braileiro de Meteorologia e VIII Congresso da FLISMET (em CD-ROM, 5 páginas), Brasília, Outubro 1998 ; reproduzido em Cadernos Atenas, No. 13, Novembro 1998, Fortaleza-CE.

Page 47: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

BIBLIOGRAFIA (CONTINUAÇÃO)

Xavier, T. de Ma. B. S. & Xavier, A. F. S. (1998), Quantis para Séries Pluviométricas do Estado do Ceará e Caracterização de Períodos Secos ou Excepcionalmente Chuvosos, Anais do X Congresso Braileiro de Meteorologia e VIII Congresso da FLISMET (em CD-ROM, 5 páginas), Brasília, Outubro 1998.

Xavier, T. de Ma. B. S. & Xavier, A. F. S. (1999), Caracterização de Períodos Secos ou Excepcionalmente Chuvosos no Estado do Ceará através da Técnica dos Quantis : 1964-1998, Revista Brasileira de Meteorologia , Vol. 14, No. 2, dezembro de 1999, pp. 63-78.

Xavier, A.F.S., Xavier, T.de Ma.B.S. & Malveira, H., (1999), A Zona de Convergência Intertropical-ZCIT e suas Relações com a Chuva das Principais Bacias Hidrográficas do Ceará, Anais do Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos-ABRH, Belo Horizonte-MG (em CD-ROM).

Xavier, T.de Ma.B.S., Xavier, A.F.S., Silva Dias, P. L. da & Silva Dias, M.A.F. da (2000-a), A Zona de Convergência Intertropical-ZCIT e suas Relações com a Chuva no Ceará (1964-98), Revista Brasileira de Meteorologia / Brazilian J. Meteorology, Vol. 15, N. 1, Junho de 2000, pp. 27-43.

(CONTINUA)

Page 48: XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS INTER-RELAÇÕES ENTRE EVENTOS ENOS (ENSO), A ZCIT (ITCZ) NO ATLÂNTICO E A CHUVA NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO.

BIBLIOGRAFIA (CONTINUAÇÃO)

Xavier, T.de Ma.B.S., Xavier, A.F.S., Alves, J. M. B. & Outros (2000-b), Climatologia da Precipitação no Ceará e suas Relações com Eventos El Niño e La Niña : 1900-1999, Anais do XI CBMET – Congresso Brasileiro de Meteorologia (em CD-ROM), Rio de Janeiro, 16-20 de Outubro de 2000.

Xavier, A.F.S. & Xavier, T.de Ma.B.S. (2000), Uma Análise da Cronologia de Eventos ENOS (El Niño e La Niña) : 1900-2000, Anais do XI CBMET – Congresso Bras. de Meteorologia (em CD-ROM), Rio de Janeiro, 16-20 de Outubro de 2000.

Xavier, T.de Ma.B.S., Xavier, A.F.S., Silva Dias, P. L. da & Silva Dias, M.A.F. da (2000-c), Previsão Regional da Chuva para o Estado do Ceará através do Projeto“ Tempo de Chuva” : 1964-1999, Revista Brasileira de Recursos Hídricos-ABRH, Vol.5, N.3, Julho/Setembro-2000.

Xavier, T.de Ma.B.S., Xavier, A.F.S., Silva Dias, P. L. da & Silva Dias, M.A.F. da (2000-d), Modelos Estocásticos de Previsão Regional da Chuva no Ceará : Avaliação para as Quadras Chuvosas de 1997 a 2000, Anais do XI CBMET–Congresso Brasileiro de Meteorologia (em CD-ROM) Rio de Janeiro, 16-20 de Outubro de 2000..