Yanoff Catarata e Cirurgia Refrativa Cap.04 5 Tradução Marcelo Gouvea
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PARTE 3 CIRURGIA REFRATIVA
Ceratomileuse subepitelial a laser (LASEK) e Epi-LASIK.
Leonard P. K. Ang, Dimitri T. Azar
Definições
A ceratomileuse subepitelial a laser (LASEK) e o epi-LASIK são
procedimentos refrativos de ablação de superfície da córnea.
O LASEK envolve a criação de um flap epitelial com álcool diluído e o
reposicionamento do mesmo após a ablação a laser.
O epi-LASIK envolve a separação mecânica do epitélio corneano do
estroma com o uso de um separador epitelial motorizado.
Características principais
O LASEK e o epi-LASIK são considerados para pacientes com córneas
finas, excessivamente curvadas ou planas e para aqueles com
predisposição para lesões no flap.
Comparados à ceratectomia fotorrefrativa, o LASEK e o epi-LASIK
podem fornecer maior conforto pós-operatório, recuperação visual mais
acelerada e menor risco de enevoamento da córnea.
Complicações intraoperatórias relacionadas ao LASEK incluem:
vazamento de álcool, descolamento epitelial incompleto e complicações
relacionadas ao procedimento a laser.
Complicações intraoperatórias relacionadas ao epi-LASIK incluem:
aquelas relacionadas ao flap (quando estas ocorrem, o procedimento
pode ser convertido para PRK) e as relacionadas ao procedimento a
laser.
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Complicações pós-operatórias incluem: cicatrização epitelial, dor,
infiltrados e infecção, olho seco e enevoamento da córnea.
INTRODUÇÃO
A ceratomileuse subepitelial a laser (LASEK) e o epi-LASIK são
procedimentos refrativos ablativos corneanos superficiais que combinam as
vantagens do LASIK (ceratomileuse in situ assistida por laser) com as
vantagens do PRK (ceratectomia fotorrefrativa), ao mesmo tempo que corrige
alguns dos problemas de ambos procedimentos1-11. O LASEK foi primeiro criado
independentemente em 1996 por D. Azar,2 assim como por Cimberle e
Camellin.3 O LASEK envolve a criação de um flap epitelial com uma solução de
álcool diluído e o reposicionamento desse flap após uma ablação a laser,
eliminando quaisquer complicações inerentes do flap. O epi-LASIK representa
um desenvolvimento mais recente em cirurgias refrativas, utilizando-se de um
separador epitelial motorizado para separar mecanicamente o epitélio corneano
do estroma completamente sem o uso de álcool ou de substâncias químicas.7,8
Esse aparelho utiliza uma lâmina oscilatória própria para separar a camada
epitelial na camada da membrana de Bowman, sem dissecar o estroma
corneano.
INDICAÇÕES
O LASEK e o epi-LASIK devem ser realizados em pacientes com níveis
de miopia e astigmatismo miópico de baixo a moderado – aqueles que
possuem baixo risco de enevoamento subepitelial. Os candidatos ideais para o
LASEK e o epi-LASIK são aqueles com miopia de nível médio a moderado de
até -7,00 D.5,10 O LASEK também tem se mostrado eficaz para hiperopias de
até +4,00 D.12
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Cirurgiões devem considerar tais procedimentos ablativos refrativos
superficiais para pacientes cujas características corneanas possam expô-los a
maior risco sob o LASIK, como aqueles com córneas finas nas quais restariam
menos de 250 μm de leito estromal residual caso fosse realizado o LASIK, e
naqueles com córneas muito curvadas e planas. Também deve-se preferir tais
procedimentos cirúrgicos para pacientes com profissões ou estilos de vida que
os predisponham a lesões do flap, tais como praticantes de esportes de contato
e militares. O LASEK também pode ser uma escolha melhor para pacientes
com fissuras palpebrais, nos quais o microcerátomo não pode ser bem
aplicado.
Contraindicações para esses procedimentos incluem ceratopatia de
exposição, ceratopatia neuropática, casos graves de olho seco (síndrome de
Sjögren), ceratocone, cicatrizes corneanas centrais ou paracentrais, miopia
instável e astigmatismo irregular.4,5
VANTAGENS
As vantagens do LASEK e do epi-LASIK em relação ao PRK incluem
maior conforto pós-operatório,6,13,14 recuperação visual mais acelerada10,12,13 e
menor risco de enevoamento da córnea. Os pacientes apresentam melhor
acuidade visual em comparação ao PRK, permitindo a realização de cirurgia
bilateral simultânea. Como não envolvem criação de flap corneano, o LASEK e
o epi-LASIK evitam as complicações relacionadas ao flap e à interface que
estão associadas ao LASIK.15,16 A ausência de um flap corneano lamelar
também reduz o risco de ceratectasia iatrogênica.5-17 O LASEK é um
procedimento refrativo mais seguro em comparação ao LASIK para pacientes
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com erros de refração corneanos relacionados a implantes, pois córneas pós-
ceratoplastias tendem a ser mais curvadas.
TÉCNICAS CIRÚRGICAS LASEK E EPI-LASIK
Avaliação Pré-Operatória
Tanto o LASEK quanto o epi-LASIK exigem que os pacientes passem
por uma avaliação pré-operatória de rotina para outros procedimentos
cirúrgicos refrativos. A avaliação oftálmica inclui acuidade visual não corrigida
(UCVA), melhor acuidade visual corrigida (BCVA), refração manifesta e sob
cicloplegia, dominância ocular, exames corneano e ocular externo por lâmpada
de fenda, tamanho da pupila, tonometria, ceratometria, paquimetria,
videoceratografia computadorizada, análise de frente de onda e uma
oftalmoscopia.
Técnica Cirúrgica LASEK (Fig. 3-4-1)
Imediatamente antes da cirurgia, antibióticos tópicos de amplo espectro
(por exemplo, tobramicina ou fluoroquinolonas) podem ser aplicados
profilaticamente. Alguns cirurgiões também utilizam medicamentos tópicos anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs) para aliviar dores. Etanol diluído a uma
concentração de 18% é preparado ao depositar 2 ml de álcool desidratado em
uma seringa de 12 ml e diluído com água estéril para 11 ml.2,5
A pele periocular é limpada, um pano esterilizado é posto sobre o olho e
uma gota de um anestésico tópico (p. ex. 0,5% de proparacaína ou tetracaína)
é introduzida. Um espéculo de olho é usado para fornecer uma visualização
mais adequada do globo.
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A córnea é marcada com círculos de 3 mm ao redor da periferia
corneana para dar ao cirurgião pontos de referência precisos para realinhar o
flap sobre o leito corneano. Um dosador de álcool consistindo de um marcador
semiafiado customizado de 7 ou 9 mm (ASICO®, Westmond, IL) conectado a
um cabo metálico oco serve como reservatório para o álcool 18%.
Pressão firme é aplicada sobre o centro da córnea e um botão é
pressionado na parte lateral do cabo, liberando o álcool no reservatório do
marcador. Alternativamente, um marcador óptico de 7 mm (Storz®, St. Louis,
MO) é utilizado para delinear a área centralizada na pupila. Uma leve pressão é
aplicada na córnea enquanto o cilindro do marcador é preenchido com duas
gotas de etanol 18%. Após um período de 25 a 35 segundos, o etanol é
absorvido utilizando um orifício de aspiração seguido por esponjas secas
(Weck-cel® ou Merocel®; Xomed, Jacksonville, FL) para prevenir o
derramamento de álcool no epitélio fora do cilindro do marcador. Se for
necessário, a aplicação do etanol pode ser repetida por mais um período de 10
a 15 segundos.
Uma lâmina de uma tesoura Vannas curva modificada ou de um
microfórceps é inserida sob o epitélio, contornando a margem delineada do
mesmo, deixando de 2 a 3 horas de margem intacta, preferencialmente na
posição de 12 horas. O epitélio solto é removido como uma única camada com
um fórceps, uma espátula ou uma esponja Merocel®, deixando um flap de
epitélio ainda conectado. A ablação a laser é então imediatamente iniciada
utilizando um excimer laser.
Após a ablação, uma cânula de câmara anterior de 30 gauge é usada
para hidratar o estroma e a camada epitelial com uma solução salina
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balanceada. A camada epitelial é substituída no estroma utilizando a parte reta
da cânula sob irrigação intermitente. É preciso tomar cuidado ao realinhar o
flap epitelial utilizando as marcas anteriores para evitar defeitos epiteliais. O
flap é então deixado para secar por um período de 2 a 5 minutos.
Uma lente de contato terapêutica é colocada sobre o olho operado ao
término do procedimento.
A Técnica Cirúrgica Epi-LASIK (Fig. 3-4-2)
O olho é primeiro anestesiado com um colírio anestésico tópico (p. ex.
proparacaína 0,5% ou tetracaína). Após limpar a área periocular, um pano
esterilizado é colocado e um espéculo ocular é inserido para garantir exposição
adequada. Após irrigação com uma solução salina balanceada utilizando uma
cânula de câmara anterior, o epitélio corneano é secado com esponjas. A
córnea é marcada com um marcador LASIK padrão.
O separador subepitelial é aplicado ao olho, e a sucção é ligada via
controle de pedal. A lâmina oscilatória separa o epitélio, deixando uma incisão
nasal de 2 a 3 mm, a sucção é encerrada e o aparelho é removido do olho. A
camada epitelial é refletida nasalmente utilizando uma esponja Merocel®
umedecida ou uma espátula, revelando o estroma corneano. Uma ablação a
laser é então iniciada imediatamente, utilizando um excimer laser. Após o
tratamento a laser, a córnea é irrigada com uma solução salina balanceada e a
superfície epitelial é cuidadosamente reposicionada utilizando a parte reta da
cânula. A camada epitelial substituída é então deixada para secar por um
período de 2 a 3 minutos, dando tempo para a adesão do estroma corneano.
Alguns cirurgiões podem optar por descartar o flap epitelial. Nessa situação, o
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separador subepitelial simplesmente removeria o epitélio antes da ablação a
laser.
Ao fim do procedimento, uma lente de contato terapêutica é colocada
sobre o olho operado.
REGIME PÓS-OPERATÓRIO
Tanto para o LASEK quanto para o epi-LASIK, a rotina pós-operatória
inclui a aplicação de uma combinação de antibióticos (p. ex. uma
fluoroquinolona), corticosteroides (p. ex. dexametasona 0,1% ou acetato de
prednisolona 1%) e AINEs (p. ex. diclofenaco sódico 0,1%) em forma de colírio
sobre o olho. O corticosteroide tópico é afunilado por um período de 2 meses.
Também é recomendado fazer lubrificações frequentes com lágrimas artificiais
sem preservativos. Analgésicos orais são prescritos pelos primeiros dias,
consumidos como e quando necessários. As lentes de contato terapêuticas
normalmente são mantidas por um período de 5 a 7 dias.
COMPLICAÇÕES
Tanto o procedimento LASEK quanto o epi-LASIK apresentam
complicações pós-operatórias semelhantes, mas certas complicações
intraoperatórias são específicas de cada um.
Complicações Intraoperatórias Relacionadas ao LASEK
Vazamento de álcool durante a cirurgia
Pode ocorrer vazamento de álcool durante o LASEK e o mesmo cair
sobre o limbo e o epitélio conjuntival. Quando isso acontecer, deve ser
imediatamente absorvido com uma esponja e a área deve ser totalmente
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irrigada com solução salina balanceada. Nenhuma complicação significante de
longo prazo deve ocorrer se a irrigação for prontamente realizada.
Descolamento epitelial incompleto
Exposição insuficiente ao álcool e técnicas cirúrgicas fracas podem levar
a um descolamento epitelial incompleto. Ele, por sua vez, pode resultar em um
rompimento do flap, fragmentação, ou na criação de buttonhole. Se a
separação do epitélio for difícil, uma aplicação adicional de álcool normalmente
é suficiente para facilitar o descolamento completo da camada epitelial. Se
esse método também falhar, o epitélio restante pode ser raspado e o
procedimento pode ser facilmente convertido para PRK.
Complicações Intraoperatórias Relacionadas ao Epi-LASIK
A maior diferença entre o LASEK e o epi-LASIK está no fato de a
separação da camada epitelial ser feita mecanicamente, sem expor a córnea a
álcool ou outros agentes químicos que podem ser tóxicos para as células
epiteliais.18,19 O uso do separador epitelial motorizado, entretanto, cria um grupo
diferente de problemas com o flap, como um flap epitelial solto ou incompleto,
além de rompimento, fragmentação ou criação de buttonholes no flap. Mas
diferente das complicações relacionadas ao flap do LASIK, quando estas
complicações ocorrem no epi-LASIK, o epitélio residual pode ser removido
mecanicamente e o procedimento pode ser facilmente convertido em um PRK
padrão com resultados igualmente satisfatórios. Aqui o epi-LASIK oferece mais
vantagens do que o LASIK, no qual as complicações relacionadas ao flap
corneano frequentemente exigem que o procedimento seja abortado.
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COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS IMEDIATAS DO LASEK E DO EPI-
LASIK
Cicatrização Epitelial
A epitelização completa no LASEK e no epi-LASIK frequentemente
ocorre em um período de 3 a 5 dias, semelhante a como ocorre no PRK.6,7,20-22
Atrasos na regeneração epitelial podem ocorrer ocasionalmente em pacientes
com olho seco, lagoftalmo, intolerância a lentes de contato e doença da
membrana fina pré-existente. Usos mais prolongados de uma lente de contato
terapêutica e lubrificantes tópicos normalmente são suficientes para melhorar o
processo de cicatrização.
Dor
A dor pós-operatória do LASEK e do epi-LASIK é menor do que a dor
proporcionada pelo PRK,8,12,14 provavelmente porque a camada epitelial atua
como um revestimento de proteção sobre o estroma removido. A resolução da
dor acompanha o fechamento epitelial. A maior parte da dor pode ser
adequadamente controlada com AINEs orais.
Infiltrados e Infecção
Infiltrados estéreis leves podem ser observados após o LASEK. Eles são
superficiais e podem ser múltiplos. A exposição ao álcool por mais de 40
segundos é um fator predisponente. O uso de colírios de AINEs nos primeiros
dias de pós-operatório facilita a resolução desses infiltrados.
Apesar de infecções após o LASEK serem extremamente raras, deve-se
diferenciá-las dos infiltrados estéreis. Um infiltrado branco crescente indicativo
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de infecção deve ser prontamente submetido a cultura para identificação
microbiológica e tratado com antibióticos.
Olho Seco
A síndrome do olho seco pode ser agravada após o LASEK ou o epi-
LASEK. Pacientes com olho seco preexistente devem ser avisados que seus
sintomas podem piorar após a cirurgia. Lubrificação frequente com lágrimas
artificiais durante o dia e pomadas à noite normalmente são de ajuda. Plugues
punctais podem ser ocasionalmente necessários caso persistam os sintomas.
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATIVAS EM LONGO PRAZO
Enevoamento Corneano
O LASEK e o epi-LASIK, como o PRK, são associados a enevoamento
subepitelial em tratamentos de dioptrias mais altas.20,23 Ocorre maior
enevoamento pós-operatório da córnea quanto maior for a profundidade de
ablação. O enevoamento da córnea ocorre como uma resposta de cicatrização
da córnea após o tratamento a excimer laser que induz a ativação e migração
de ceratócitos e a síntese de novos colágenos.12,24 Apesar de se acreditar que a
cobertura de flap epitelial nos procedimentos LASEK e epi-LASIK reduz a
liberação de citocinas e de fatores de crescimento pelo estroma e pelo epitélio
danificado, levando a uma redução da apoptose dos ceratócitos estromais e da
síntese de colágeno, ainda pode vir a ocorrer um nível médio a alto de
enevoamento com graus mais elevados de tratamento. O enevoamento da
córnea pode ser tratado através da ceratectomia fototerapêutica ou da
raspagem mecânica com tratamento de mitomicina.
Complicações Relacionadas ao Laser
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Complicações relacionadas ao laser são semelhantes às de outros
procedimentos refrativos a laser. Isso inclui a hipocorreção, hipercorreção,
descentralização, ofuscamento, halos e regressão.
CONCLUSÕES CLÍNICAS
Resultados Clínicos do LASEK e do Epi-LASIK
O LASEK tem se mostrado um procedimento seguro e eficaz para o
tratamento de miopia baixa a moderada.10,11,21,25-29 A maioria dos pacientes
alcança fechamento epitelial completo dentro de 5 dias, e quase todos o
conseguem dentro de uma semana.6,21,22 No período pós-operatório, de 56 a
82% dos pacientes alcançou UCVA de 20/20 ou melhor, e mais de 95% dos
pacientes alcançou UCVA de 20/40 ou melhor.10,11,21,25,26 Em termos de
previsibilidade, mais de 80% dos olhos ficaram na faixa de +0,50 D e mais de
94% dos olhos ficaram na faixa de +1,00 D do erro refrativo pós-operatório
desejado.10,11,21,25,26 O procedimento foi considerado muito estável com poucos
pacientes regredindo em mais de 1,00 D dentro dos primeiros 2 anos.11,30
O epi-LASIK tem se mostrado um método seguro e eficaz para o
tratamento de miopia baixa a moderada e astigmatismo miópico.8,9,20
Kasanevaki et al. mostraram que em 234 olhos de 138 pacientes que passaram
pelo epi-LASIK para a correção de miopia na faixa de -1,0 a 7,25 D, em 1 ano
após o tratamento, o equivalente esférico dos olhos tratados variou de -1,25 a
+0,625 D (em termos de SD, -0,180,6 D), com 80,33% dos olhos na faixa de
0,5 D e 96,72% na faixa de 1 D da correção pretendida. 86% dos olhos tinham
córneas claras e 14% apresentaram enevoamento (vestigial) clinicamente
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insignificante.9 O tempo médio de cicatrização epitelial foi de 4,700,87 dias
(variando de 3 a 7 dias).9
Diversos estudos que compararam os resultados clínicos de manter (on-
flap) ou descartar (off-flap) o flap epitelial concluíram que não havia diferenças
clinicamente significantes na acuidade e recuperação visual, tempo de
fechamento epitelial, percepção de dor e formação de enevoamento entre os
dois grupos.28-30
Comparando os resultados visuais entre o LASEK e o epi-LASIK,
Hondur et al. concluíram que os resultados visuais eram semelhantes para
ambos procedimentos.31
LASEK E EPI-LASIK VERSUS PRK E LASIK
Vários estudos demonstraram que o LASEK reduzia a incidência de
dores pós-operatórias significantes e enevoamento corneano em comparação
ao PRK.6,12,23,36 Em vários estudos, o LASEK e o PRK apresentaram resultados
visuais semelhantes em termos de UCVA, BCVA e previsibilidade pós-
operatórios.6,12,32,33 Sia et al. provaram que o epi-LASIK apresenta resultados
visuais melhores, além de eficácia e estabilidade refrativas superiores em
relação ao PRK.12 O’Doherty et al. compararam os resultados do epi-LASIK, do
LASEK e do PRK e chegaram à conclusão de que não havia diferenças
significativas na experiência de dor após 24 horas e no resultado visual entre
os três grupos.14
Ao comparar o LASEK e o LASIK, Kim et al.34 demonstraram que olhos
com LASIK apresentavam resultados superiores em previsibilidade visual e
UCVA, além de menor enevoamento corneano. Kaya et al. demonstraram que
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não havia diferenças estatisticamente significativas no UCVA, BSCVA e erros
refrativos esférico e cilíndrico entre olhos com LASIK e LASEK.35
A maior vantagem do LASEK e do epi-LASIK sobre o LASIK está na
eliminação do microcerátomo, evitando complicações relacionadas ao flap. No
caso do LASEK ou do epi-LASIK, caso ocorram complicações no flap epitelial,
o procedimento pode ser completado de forma segura e eficaz como um
procedimento PRK padrão.
Em suma, procedimentos ablativos superficiais a laser na forma de
LASEK ou epi-LASIK parecem ser opções de tratamento seguras e eficazes
para miopias de nível baixo a moderado. Eles podem ser oferecidos em várias
situações nas quais o LASIK não seja uma opção viável: devido a espessura
corneana inadequada, em correções comparativamente altas, pupilas grandes
ou forma frusta de ceratocones. Os resultados refrativos do LASEK e do epi-
LASIK são excelentes, comparáveis àqueles obtidos com o LASIK e o PRK.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legendas de imagens
Fig. 3-4-1 Nossa técnica LASEK atual. (A) Múltiplas marcas são feitas ao
redor da periferia da córnea, simulando um padrão floral. (B) Um dispensador
de álcool consistindo em um marcador semiafiado customizado de 7 ou 9 mm
fixado a um cabo oco de metal serve como reservatório para álcool 18%.
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Pressão firme é aplicada sobre a córnea e o álcool é liberado no reservatório
do marcador. (C) Após um período de 25 a 30 segundos, o etanol é absorvido
usando uma esponja de celulose seca. (D) Uma lâmina de uma tesoura
Vannas modificada (observe a protuberância na ponta da lâmina inferior) é
então inserida sob o epitélio e tracejada ao redor da margem delineada do
epitélio, deixando uma conexão de 3-2 horas de margem intacta,
preferivelmente na posição de 12 horas. (E) O epitélio parcialmente solto é
descolado como uma única camada utilizando uma esponja Merocel® ou a
borda de um microfórceps, deixando-o preso pela conexão. (F) Após a ablação
a laser, utiliza-se uma cânula de câmara anterior para hidratar o estroma e o
flap epitelial com uma solução salina balanceada. (G) O flap epitelial é
recolocado sobre o estroma utilizando a cânula sob irrigação intermitente. (H)
Toma-se cuidado para realinhar o flap epitelial utilizando as marcas anteriores
e evitar a formação de defeitos epiteliais. O flap é deixado para secar por um
período de 2 a 5 minutos. Aplica-se corticosteroides tópicos e medicamentos
antibióticos. (I) Coloca-se uma lente de contato terapêutica. (Reproduzido de
Azar DT, Taneri S. LASEK. In:
Azar DT, Gatinel D, Hoang-Xuan T, editores. Refractive surgery. 2nd ed.
Philadelphia, PA: Elsevier; 2007. p. 239–47.)
Fig. 3-4-2 A técnica epi-LASIK. (A) Marcas são aplicadas ao redor da periferia
corneana. (B, C) O epicerátomo é aplicado no olho com sucção; a lâmina
oscilatória separa o epitélio. Quando o separador atinge sua posição final, a
sucção é encerrada e o aparelho é removido do olho. (D) Com o uso de uma
esponja Merocel® umedecida ou uma espátula de metal, o epitélio é refletido
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de forma a revelar o estroma da córnea. (E) A ablação a laser é realizada. (F,
G) A córnea é irritada com uma solução salina balanceada e a camada epitelial
é cuidadosamente reposicionada. (H, I) A camada epitelial substituída é
deixada para secar por um período de 2 a 3 minutos, e uma lente de contato
terapêutica é colocada. (Reproduzido com permissão de Azar DT, editor,
Ghanern RC, editor de DVD. Refractive surgergy. 2nd ed. St Louis, MO: Mosby
Elsevier; 2006).