ZEE Mato Grosso
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21 www.ipam.org.br Relatrio de Atividades IPAM 2011
Cenrios para a Amaznia
O Zoneamento Scio Econmico e Ecolgico (ZSEE) uma importante ferramenta de ordenamento territorial que, se bem utilizada, pode diminuir conflitos sobre os recursos naturais e reduzir a presso sobre as florestas. Avaliar os impactos desse tipo de poltica
no Mato Grosso essencial para identificar os possveis impactos deste instrumento poltico de gesto sobre as florestas do estado.
andRa azevedo
zoneamento scio econmico ecolgico do mato Grosso
O que ?
o Zoneamento Scio econmico ecolgico (ZSee) do
Mato Grosso tem uma trajetria de aproximadamente 20
anos na elaborao de seus estudos, no qual foram gastos
por volta de 34 milhes de reais, alm do envolvimento de
tcnicos e pesquisadores de vrias instituies do Brasil.
a aprovao e sano governamental em abril de 2011
resultou na lei 9523/2011, que est sendo fortemente con-
testada pela sociedade civil dento do estado do Mato Gros-
so. entre os motivos de contestao est a mudana entre
as categorias de uso que foi realizada nos ltimos meses
antes da aprovao pela assembleia legislativa. Nesse sen-
tido, a equipe tcnica do iPaM, liderada pela cientista Clau-
dia Stickler, procedeu um anlise espacial para identificao
dos impactos nas modificaes da lei aprovada em relao
ao projeto enviado pelo executivo em 2008.
a metodologia utilizada foi baseada em modelagem
espacial levando em conta todo territrio do Mato Grosso,
com o uso da plataforma do dinamica eGo (http://www.
csr.ufmg.br/dinamica/). esse modelo tem resoluo de
200 metros e foi calibrado e rodado com base em bacias
hidrolgicas, biomas ecolgicos, e zonas definidas pelo(s)
ZSee(s). Nele, as florestas e o cerrado obedecem aos cri-
trios e normativas estabelecidas pelo Cdigo florestal
(Medida Provisria. 2166/65) e outras polticas de ordena-
mento do solo, no caso, o ZSee.
Principais resultados
Na mudana das categorias feitas no zoneamento
aprovado no houve muita diferena em termos de des-
matamento, por qu?
o ZSee aprovado incorporou s reas consolidadas
grande parte da Categoria 2 do ZSee executivo, que j
tinha 50% de floresta e 55% de cerrado desmatados;
Como resultado, 59% de floresta e 67% de cerrado j
esto desmatados na nova Categoria 1 do novo zone-
amento. em relao ao que havia no zoneamento do
executivo na Categoria 1 ( 68% de desmatamento em
floresta e 73% em cerrado) no houve muita altera-
o em termos de reas j abertas.
entretanto, na comparao entre o zoneamento en-
viado pelo executivo (sem flexibilizao) com o que
foi aprovado (com flexibilizao em todo estado) hou-
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Cenrios para a Amaznia
ve perdas expressivas, sobretudo em termos de reas
de regenerao que no sero efetuadas, principal-
mente pela severa diminuio nas reas destinadas s
unidades de conservao e da retirada de varias terras
indgenas no homologadas. a Mudana de ZSee
executivo para ZSee aprovado (com flexibilizao do
ltimo) significa perdas de:
46 mil km2 de floresta
atual (2007) zsee executivo - sem Flex
zsee aprovado - sem Flex zsee aprovado - com Flex
cenrios da cobertura florestal (verde escuro para floresta e areia para cerrado) e regenerao (verde claro) com e sem flexibilizao da reserva legal de 80% para 50% no zoneamento executivo e no zoneamento aprovado
116 mil km2 de cerrado
162 mil km2 de rea em regenerao
390 MtCo2e (gs carbnico equivalente): isso equi-
vale a 40% de reduo das emisses que o estado
teve entre 2006 a 2010 por conta do declnio do des-
matamento.
aumento de produo agropecuria e reduo de
desmatamento:
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Cenrios para a Amaznia
o iPaM colaborou no estudo publicado na revista
PNaS (Proceedings of the National academy of Sciences)
liderado pela pesquisadora Mrcia Macedo. o estudo
procura (1) esclarecer quais as trajetrias de uso da terra
que explicam estes padres e (2) analisar as tendncias de
mercado e iniciativas polticas que acompanharam esta
reduo no desmatamento.
dentre os principais resultados evidenciou-se que: a)
na primeira metade da dcada de 2000 o desmatamento
estava correlacionado expanso e produo de soja; na
segunda metade da dcada, houve uma forte reduo no
desmatamento acompanhada pelo aumento contnuo
da produo de soja; b) 2006 a 2010 a expanso da soja
ocorreu principalmente em pastagens ou reas degrada-
das, ao invs de provocar novos desmatamentos.
Desmatamento no bioma Amaznico do Mato Grosso, toneladas de soja produzidas, e cabeas de gado produzidas entre 2001 e 2010. O aumento na produo corresponde a uma expanso de trs milhes de hectares para o plantio (soja) e dez milhes de hectares para a pecuria (supondo uma cabea de gado por hectare).Referncia do artigo: Marcia N. Macedo, Ruth S. DeFries, Douglas C. Morton, Claudia M. Stickler, Gillian L. Galford, and Yosio E. Shimabukuro. Decoupling of deforestation and soy production in the southern Amazon during the late 2000s. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 109(4): 1341-1346. www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1111374109
PaRticiPao em 3 consultas pblicas e 1 seminrio sobre a minuta de REDD+ no Mato Grosso;
PaRticiPao em 5 reunies do Grupo de Trabalho de REDD+ do Mato Grosso; PaRticiPao no seminrio social sobre o Zoneamento socioeconmico
ecolgico em Cuiab para apresentao do estudo sobre o impacto das alteraes do zoneamento;
PaRticiPao da oficina de 3 dias em Cuiab para a elaborao do plano de agricultura de baixo carbono para o Mato Grosso;
caPacitao indgena na oficina sobre REDD+ no Xingu e em Cuiab; colaboRao de 1 artigo em revista de repercusso internacional.
indicadoRes
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Cenrios para a Amaznia
Participao nas consultas pblicas de redd+;
oficina para elaborao do plano aBC de Mato
Grosso;
MelHoRes MoMentos
equiPe: andra azevedo, Marcelo Stabile, Ber-
nhard Smid, Juliana Splendore.
PaRceRias: Secretaria estadual de Meio ambiente
e instituto Centro Vida (iCV).
FinanciadoRes: Climate Work alliance, Funda-
o Moore.
Seminrio social sobre o Zoneamento Socioeconmico Ecolgico e Cdigo Florestal, em Cuiab, para apresentao do estudo sobre o impacto das alteraes do zoneamento
Avaliao
os trabalhos no Mato Grosso tm evoludo, e a par-
ticipao de vrios encontros no estado tem ajudado a
entender melhor os problemas na elaborao e imple-
mentao das polticas ambientais, bem como vislumbrar
solues factveis.
Perspectivaspara 2012
Continuidade do trabalho de anlise e fortalecimento
na implementao de polticas ambientais e realizao de
seminrios no estado para divulgao dos resultados das
anlises.