Zuleika Torrealba é Uma Parada
-
Upload
sebastiao-ribeiro -
Category
Travel
-
view
3.914 -
download
3
Transcript of Zuleika Torrealba é Uma Parada
Tietagem nas pistas
Volta e meia, nomes conheci-dos dos brasileiros são ouvidos em remates no Estado. Entre os maiores investidores de cavalos e gado de elite estão o diretor de TV e cinema Jayme Monjar-dim e o narrador e comentarista Galvão Bueno. Ambos são sócios de criatórios gaúchos.
Monjardim é parceiro de Francisco Mar-tins Bastos So-brinho na caba-nha La Pasión, de Uruguaiana. Protagonizou
um dos maiores negócios na Expointer ao com-prar a égua BT Ostra do Junco por R$ 160 mil em parceria com Francisco Tellechea, no leilão Po-tro de Ouro, quinta-feira passada. Em abril, vendeu, para Tellechea, metade do cavalo Pozo Azul Des-linde por R$ 315 mil.
Galvão man-tém proprieda-de em Pedras Altas em parce-ria com o cria-dor Ivan Maga-lhães. Em maio, esteve na Capi-tal, onde adqui-riu, com Luiz Eduardo Batalha, 50% da vaca angus Reconquista 593 Grand Canyon Bartolomé por R$ 60 mil.
ATRAÇÃO PELO PAMPA
Eles são de foraDe Parispara Bagé SEBASTIÃO RIBEIRO
Zuleika Torrealba, 74 anos, é uma parada. A última dela foi comprar uma casa por R$ 30 mil na Expointer e se mudar para lá durante
a feira. Até domingo, seu endereço é o Parque Assis Brasil, em Esteio.
– Acho que sou a primeira cria-dora a fazer uma casa para ficar no parque. Trouxe (do Rio) meu copei-ro, eletricista, chefe de manutenção e estou bem instalada – conta.
Carioca, proprietária do Grupo Libra, um dos grandes no Brasil em terminais portuários e navegação, Zuleika agita o mercado pecuário gaúcho há quatro anos. Foi quando comprou uma fazenda perto do ha-ras do filho – o Stud TNT, em Bagé – e começou a investir na criação de gado leiteiro jersey, fundando a Ca-banha Da Maya. Hoje, importa em-briões e tem um plantel de mais de 200 vacas da raça, além de cerca de cem bovinos angus e cavalos criou-los. Na hora de comprar animais, não brinca. Sua presença em um remate faz sorrir qualquer leiloeiro:
ela desembolsa quanto for preciso para levar o que há de melhor.
– Não compro animais para ga-nhar concurso. A essa altura da vi-da, o que eu quero é fazer a melhor genética para poder dividir com a comunidade – diz.
Com 1m62cm de altura, cabe-los curtos e vestida com um toque masculino – chapéu, blazer, calça, camisa e sapato mocassim –, Zu-leika não tem papas na língua e faz jus à fama de durona. A voz rouca e o tom imperativo até na hora de ser carinhosa não combinam com os afagos que costuma fazer em seus animais. Ou então, com seus gestos altruístas. Na quarta-feira, em uma pista de julgamentos, um menino pediu dinheiro para viajar para São Paulo, onde dizia ter uma cirurgia para retirar um câncer na garganta. Sem alterar o semblante, num gesto natural, Zuleika preen-cheu um cheque de R$ 700 e entre-gou-o ao garoto.
No parque Assis Brasil, a criadora não pára quieta. Anda para lá e para cá com seu carrinho elétrico. Quan-do encontra um paradeiro, logo um “assessor” aparece para abrir uma cadeira estilo diretor de cinema para acomodá-la. Entre os amigos, fala alto, diz cobras e lagartos de quem não gosta e faz mil elogios aos companheiros. Extravasa a mesma
energia que a faz pular até as sete da manhã no camarote alugado todos os carnavais no sambódromo do Rio. Entre um papo e outro, Zulei-ka telefona para o marido, Gonçalo Torrealba, para um dos quatro filhos ou dos 16 netos, entre eles Gabriel, 10 anos e Gonçalinho, 8.
– Alô. Quem fala? Olha, diz pro Gonçalinho para ele estudar para poder faltar aula e ir numa feira co-migo. E avisa o Gabriel que eu vou comprar um casal de ovelhas criou-las e levar para ele – diz em uma das tantas ligações.
Zuleika gosta mesmo de animais. Também criadora de cães poodle, há cinco anos ela fatura os maiores prê-mios da raça nos Estados Unidos. Ainda é apaixonada por ovelhei-ro gaúcho, “uma mistura de collie com guaipeca e talvez policial” que um dia pretende ver transformada em raça. Gaudério, aliás, foi seu pri-meiro ovelheiro, e dorme com ela na cama da casa de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Aliás, é nessa casa de montanha e no pampa gaúcho que Zuleika encontra a tranqüilidade aparentemente tão distante de sua personalidade.
– Sabe, eu sempre gostei muito da França. Mas hoje em dia, troquei Paris por Bagé – define.
/ PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO DE 20076 PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO DE 2007 / 7
e investem aqui
Apaixonada por animais, Zuleika Torrealba comprou uma casa dentro do parque Assis Brasil para realizar negócios na Expointer
EMÍLIO
PEDR
OS
O
O paulista Felipe Moura
adquiriu em parceria com a
sogra Cláudia Scalzilli Souza um exemplar
da raça angus
Ponte entre Cacequi e São PauloTHIAGO COPETTI
O pecuarista Felipe Moura, pau-lista e criador de angus em São Paulo, encontrou no Rio Grande do Sul características que consi-dera ideais para desenvolver o seu negócio. Moura aponta o Estado como um “local de muitas oportu-nidades” por tradição na pecuária, tamanho das propriedades rurais, mercado e clima.
Na Expointer, o paulista comprou em parceria com a sogra, Cláudia
Scalzilli Souza, o campeão rústico PO da raça por R$ 15 mil. A famí-lia gaúcha na qual ele entrou após o casamento, garante Moura, não é o motivo para aplicar no Estado.
– Invisto aqui independente-mente de ter casado com uma gaú-cha. Enquanto muita gente acre-dita que as oportunidades estão no Centro-Oeste, acho que é mais vantajoso vir para o Sul. Aqui, ape-sar de muito criador não levar em conta, temos o frio, e as gramíneas de inverno são uma alternativa que
pode reduzir custos com silagem, por exemplo – explica.
Em São Paulo, Moura prioriza os negócios com sêmen e cobertura bovina, enquanto que no Rio Gran-de do Sul, nas terras da família da mulher, em Cacequi, o rebanho é de gado comercial, principalmente. Mas também na cabanha paulista a genética está presente, em aquisi-ções anteriores de Moura, e ajudam a fazer a ponte entre os dois Estados.
Durante a Expointer, se reúne em Esteio um grupo de investidores que vive além do Rio Mampituba e escolheu o Rio Grande do Sul como criatório. São empresários, pecuaristas e cabanheiros que optaram por expandir suas áreas de atuação em direção ao extremo sul do país por diferentes motivos. Em comum, eles têm a agressividade que leva seus nomes a se destacarem nas pistas de leilão e julgamentos, sempre associados a vultosos negócios.
Da selva de pedra para São BorjaISABEL MARCHEZAN
A família trouxe os investimentos de Alexandre Cenacchi para São Borja, e os resultados obtidos o fazem ampliá-los ca-da vez mais. Criador de 3 mil cabeças de gado hereford, braford e angus em uma área de 4 mil hectares, o empresário pau-lista incorporou, há dois anos, uma caba-nha de cavalos crioulos e uma criação de
ovinos à Estância Santa Marta, onde cos-tuma passar uma semana por mês.
Doada em vida pela sogra de Cenacchi à mulher dele, a área em São Borja já foi parcialmente coberta com plantação de soja e arroz, mas o empresário optou por dar prioridade à pecuária. Em dois anos, investiu R$ 800 mil na cabanha de criou-los, onde hoje tem 40 éguas e quatro ga-ranhões – três deles importados do Chile, como Maquena Albertio, cujas 10 cober-turas foram vendidas a R$ 15 mil cada no remate da Cabanha Santa Angélica.
O empresário pensou em aplicar no Centro-Oeste. Mas depois do contato com
São Borja, passou a investir sua poupança pessoal no Estado, conta.
O Rio Grande do Sul tem “condições excepcionais” para a pecuária, e isso tem de ser melhor aproveitado porque se pode produzir uma carne com a qualidade “que o Centro-Oeste não po-de ter”, afirma. Porém, para chegar ao posto de melhor carne do mundo, diz, os gaúchos precisam copiar um pou-co o centro do país: lá, embora a carne produzida com gado zebu não seja tão boa, existe uniformidade.
DAN
IEL MAR
ENC
O
FOTO
S VALDIR FRIO
LIN, B
D
Monjardim
Galvão Bueno