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Periódico de comunicaçâo da Associaçâo Brasileira

,,LBP/v4 de Psicoterapia e Medicina Comportamental

N°5 marco/I 995

EDItORIAL

0 III Encontro realizado em Campinas foi brilhante em pelo menos dois aspectos:

qualidade das exposicoes e presenca do Prof. Keller e Da. Frances.

0 Encontro conseguiu reunir num mesmo contexto as contribuiçôes

teórico-experimentais da Análise do Comportarnento e modelos de atuacao clinica, fornecendo aos

participantes um painel didático e abrangente do momento especial porque passa a Terapia

Comportarnental. Nunca as preocupacoes do saber académico estiverarn tao entrosadas corn as

questoes da prtica, produzindo urna influência reciproca extremamente salutar e construtiva. A

prosseguir este modelo de co-participacáo nossa area como urn todo (pesquisa, teoria e aplicacão)

muito terá a ganhar. Contarnos corn isso.

A presenca do Prof. Keller foi emocionante em vários sentidos. Sua apresentacão

surpreendeu (embora, para sermos justos devessemos dizer que a qualidade das contribuic(5es do

Prof. Keller não surpreendem: dele se pode esperar sempre o melbor) a todos pela lucidez de seu

conteLido e pelo exemplo vivo que nos deu de fé no futuro... desde que nós próprios nos

engajernos em comportamentos que produzam urn futuro melhor. A responsabilidade é nossa, é

possivel e deve ser assumida, já! Ao lado disso, as figuras hurnanas do Prof. Keller e de sua

esposa Da. Frances nos inspiram a acreditar no ser humano. Talvez, eles próprios tenham

dificuldades para avaliar a extensão do bern que fizeram para todos que corn eles tiveram contato neste Encontro.

0 Prof. Keller também explicitou o significado desta sua vinda ao Brasil. Depois de sua

apresentacào comentou: "agora considero minha missáo definitivarnente cumprida". Disse também

que ha muitos anos não tinha experienciado

1)iretoria emoçöes tao fortes e tao significativas: Frances e

eu, desde ha rnuitos anos náo nos sentIamos tao Presidente. Hélo José Guilhardi

felizes." E. no cartáo de Natal que nos enviou 'os Vice Presidente Maria Luisa Guedes Primeiro Secretário André Luis Jonas momentos corn vocés em Campinas forarn o ponto

Segundo Secretário' Maly Delitti Terceiro Secretãrio Roberto Alves Banaco alto do rneu ano...". Como se pode observar o

Primeiro Tesoureiro: Maria Beatriz Barbosa Pinho Madi significado desse encontro foi profundo para todos. Segundo Tesoureiro. Laiz Helena de Souza Ferreira

Não poderia ser meihor!

INFORMATIVO ABPMC

RESUMO DOS DADOS DOS PARTICIPAJVLES DO III ENCONLRO

0 III Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental, realizado em Campinas, SP nos dias 23, 24 e 25 de setembro / 1994, contou corn 607 participantes - 280 profissionais e 327 estudantes - de 76 cidades e 14 estados: BA, CE, DF, GO, MG, MS, PA, PB, PR, RJ, RN, RS, SC e SP.

Dados EstatIsticos dos Participantes:

I- Estado de SP 429 pessoas 70,67%

Outros Estados 178 pessoas 29,33%

Cidades de malor representaço

il

CI DADE

Campinas

São Paulo

Brasilia

Santos

Rio de Janeiro IN

IL Goiánia

(11

Londrina PR

Belém PA

Curitiba PR

S.J.Rio Freto SP

Belo Horizonte MG

22

20

18

17

16

I 12

11

0/ /0

33,45

17,63

3,96

3,79

3,63

3,30

2,97

2,80

2,64

1,82

ESTADO PESSOA

SP 203

SP 107

Pt _ 24

SP 23

WORKSHOP EM TEIIYVPIYV COGNHIvt HAS DESORDENS HA ANSIEDADE E EM nlERAPIA COGNITIVA COM CASAIS

0 professor Frank M. Dattilio, da Universidade da Pennsylvania e do The Beck Institute for Cognitive Therapy and Research realizou urn "workshop" sobre estes temas em São Paulo, nos dias 21, 22 e 23 de marco, pp., iniciando o programa de formação em terapia cognitiva. Esta iniciativa da Workshopsy merece pleno apoio da nossa Associaçao pelos cuidados que tern dispensado a organizaçao das suas realizaçOes e qualidade dos eventos.

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CIJRSO DE ATUALIZAçA0 EI rflflU)IA COGMTIVOCOMPORTAMENrIAL

Estão abertas as inscricoes para uma nova turma de interessados nesta abordagem. 0 curso será realizado entre malo e novembro, quinzenalmente, durante seis horas cada aula. 0 programa consistirá das principals questoes relacionadas a prática da terapia cognitivo-comportamental tais como: transtornos da ansiedade, transtornos afetivos, alimentares, sexuals, de personalidade, psicossomáticos, neuropsicolágicos e problemas de avaliação e formuiacào de casos, da relacão terapêutica, de usa de medicamentos, éticos etc. 0 curso serâ ministrado por Bernard Range, Eliane Falcone e Helene Shinohara, além de outros professores convidados. lnformacOes: Vita Clinica, telefone (021) 295-1998.

CONGRESSO MIJNDLtI DE TERAPItS COGNITIVA E COMPORnIAMENFAL

Recebemos do Dr. Bernard Range, ex-presidente da ABPMC, informaçoes sabre as negociaçoes que ele conduziu, corn a finalidade de sediar a Congresso Mundial de Terapia (Cognitivo) Comportamental no Brasil em 1998. Transcrevemos abaixo seu relatório:

Coma é do conhecirnento dos associados, vim fazendo negociaçOes junto as associaçoes internacionais (AABT, EABCT. ALAMOC etc.) para sediar no Brasil o referido Congresso Mundial em 1998. Tivemos uma aprovacao inicial que requeria uma proposta formal a ser apresentada no Congresso da EABCT, em setembro de 1993/1-ondres. Tal foi feito. No Congresso da ABPMC, em setembro de 1993, ao qual estive presente apenas parcialmente, em funcao de meu compromisso em Londres, cheguei a mostrar aos associados a nossa proposta, completa e detalhada, por todos elogiada. Lembro aos associados que a proposta era para sediar a Congresso no Rio de Janeiro. cidade considerada atraente, do ponto de vista turistico internacional.

lnfelizmente, naquelas mesmas semanas que antecederam a minha ida, o Rio foi sede das chacinas da Candelária (onde vários menores abandonados foram brutalmente assassinados por grupos de extermlnio) e da favela de Vigàrio Geral (onde 21 pessoas foram também brutalmente assassinadas por forças policiais e para-oficiais). Apesar de revoitado e envergonhado cam estes acontecimentos em minha cidade, fui para Londres corn medo das repercussOes destes acontecimentos. Nâo houve mençao sabre des, e foram feitas referéncias as mais elogiosas ao nosso piano. Foi salientado, entretanto, que uma decisão final teria que ser adiada por canta do interesse de se realizar urn congresso conjunto entre as associacOes comportamentais (Association for Advancement of Behavior Therapy/AABT, Eulopean Association for Behaviour and Cognitive Therapies/EABCT, Associación Latino-americana de Modificaciôn de Comportamiento/ALAMOC, Japanese Association for Behavior Therapy/JABT, Australian Association for Cognitive-Behavior Therapy/AACBT) e a International of Cognitive Psychotherapy (IACP). Esta se dizia impedida de poder tamar qualquer decisão ate a primeiro Congresso Mundial (conjunto), de 1995, em Copenhagen, em funcao da decisão de seus associados no ültimo Congresso da IACP. em Toronto, de primeiro avaliar a experiëncia de urn congresso mundial entre arnbas as abordagens para depois tornar qualquer decisão sabre cangressos futuras.

Coma pareceu a muitas representantes internacionais que houve urn desequiiibrio na votação, em que uma assaciaçãa (IACP) teve praticamente poder de veto em relação a inclinação de autras cinco associacoes nacianajs, transnacionais e internacionais, foi proposta uma nova forma de

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decisöes em questoes internacionais, a ser discutida no Congresso da AABT de 1994, em San Diego, Calif árnia.

Rumei para Ia, esperançoso de que houvesse uma mudança nesta forma injusta de decisöes. Nesta mesma semana, o Exército Brasileiro tomou conta da cidade do Rio de Janeiro, corn toda a midia veiculando as noticias mais alarrnantes sobre as condiçoes de vida na cidade (em parte

verdadeiras, em parte falsas, Segundo interesses politico-elejtorejros diversos). Este noticiário repercutiu de forma ampla na Europa e EUA, através das grandes redes nacionais e internacionais de TV par ondas e a cabo. Encontrei-rne em um ambiente defensivo e resistente a qualquer evento no Rio de Janeiro. Não adiantariam novas propostas de locals alternativos no Brash, já que a proposta formal era para o Rio e, assim, outros locais exigiriam novas propostas formais especificas. (E born lembrar que o Congresso Mundial de 1988 que estava previsto para Bogota, Colombia, jé havia sido cancelado, as vésperas de sua realização, e transferido para Edimburgo, pela questao de segurança naquela cidade, na época, dominada pelo narcotráfico).

Aproveitando-se habilmente das resisténcias, as mexicanos ofereceram Acapulco como sede, considerando que estava previsto que a Congresso se realizasse na America Latina e que, se nenhum local latino-americano fosse formalmente proposto, o Congresso se realizarha na Europa. Como naquela época, não havia qualquer dUvida sobre as condiçoes econOmicas e de segurança daquele pals em sediar a Congresso, foi votada sua aprovaçáo, corn meu endosso, já que nossa causa estava perdida e era preferivel urn local de nossa regiao a outro distante e já redundante. Esta decisão devera ser confirmada ou nao conforme a decisão da IACP, em Copenhagen. F tudo indica que sera confirmada.

Larnento as condiçoes que escaparam ao meu poder pessoal e que vierarn a impedir que este evento de grande importância para nOs nos escapasse quando estava quase em nossas mãos. Tenham certeza de que dediquei todo o meu empenho pessoal, a custa de sacrifjcios farniliares, profissionais, financeiros (as despesas foram todas arcadas pessoalmente) para que ele aqui se realizasse.

Gostana, antes de terminar, de fazer urn agradecimento püblico a yang, na pessoa da Supenntendente de Eventos e Congressos, Sra. Claudete Portela, e ao Rio Convention Bureau, na pessoa da Sra. Lilia Santos, por todo a apoio logIstico, técnico e ate financeiro (coma custeio ou desconto em passagens aéreas internacionais) oferecido.

Sinto-me, entretanto, muito tranquilo corn a esforço e confiante em que, adiante, a Congresso Mundiaf aqui se realizara, tendo em vista os elogios a nossa proposta, considerada a mais profissional já apresentada e ao incentivo quase unãnime para que persistissemos em nosso objetivo, na medida em que as condiçoes de segurança melhorassem na cidade e no pals'.

ABPMC INFORMATI7%JlbO.SE

A partir de rnarco a ABPMC conta corn urn computador (modelo 486 DX II). para agilizar seus trabalhos de secretaria e tesourania. Esperamos corn esta importante aquisição preencher algumas lacunas nos trabaihos administrativos e nas comunicaçoes entre a Diretoria e nossos Associados

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IV ENCONTRO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIA E MEDICINA COMPORTAMENTAJ.

Durante o ültirno Encontro a Diretoria foi procurada por pessoas interessadas em realize IV Encontro: urna de Belo Horizonte e duas de São Paulo. Dois desses contatos não evoluiram al dessa rnanifestaçao de interesse e nao concretizaram a forrnaUzaçao de nenhuma proposta. Houv apresentação de urn projeto pretirninar que foi analisado pela Diretoria. Esse projeto não nos deb seguros sobre as reals condicoes de realizacao do Encontro, de modo que se decidlu pela aceitação. Dado que, ate a presente data, não houve mais nenhurna proposta para a organizaçao dc Encontro, decidiu-se que neste ano ele ainda será realizado em Carnpinas nos dias 22, 23 e 24 seternbro. Esperarnos poder adiantar no prOximo Boletirn alguns dados da programação.

PAINEL DE DEBATES

Esta secção do Boletirn tern por objetivo apresentar textos, ja publicados ou originals, c estimulern o debate de ternas relevantes ao desenvolvimento da Terapia Cornportarnental. Tamb inclui comentários a respeito dos textos, que expressern as opiniöes de nossos associados e leitor Todos aqueles que quiserem colaborar enviando artigos ou comentários devern enviar sua contribuiç para a Associaçao.

B.F. Skinner para Terapeutas Comportamentais*

Brenna H. Biy Rutgers - The State University

Tratados, em outros aspectos eruditos, de terapia comportamental, ocasionalmente, fazem atribuiçöes a obra de B.F. Skinner, que pesquisas nas fontes originals mostram serem inexatas Para evitar equivocos, algumas idéias, frequentemente mal interpretadas, são aqui revisadas Por

exemplo, conceitos skinnerianos de reforço e resposta são determinados individual e historicamente muito mais do que e Irequentemente reconhecido. 0 critério pragmático de verdade de Skinner não deve ser confundido corn o critério mais cornum do correspondéncia. De acordo corn a crença popular,

o objeto de estudo de Skinner é comportamento, mas, ao contrârio dessa crença, pensarnentos e sentimentos privados são considerados comportamentos. A luta de Skinner contra o "mentalismo' é urn repUdio a constructos hipotéticos, não a sentimentos e pensamentos privados. Esta evitaçào de constructos hipotéticos, contudo, não impede Skinner de lidar corn cornportarnentos complexos Ao contrârio, Skinner formulou suficientes teorias inexploradas sobre a origern e manutenção do comportarnento verbal, formação de conceito, solução de problerna e criatividade para manter teáricos e pesquisadores ocupados por décadas.

Recentemente, relendo Skinner, tornei-me ciente de uma guinada consensual que ocorreu em relaçao ao seu trabalho em parte da literatura de terapia comportamental. Por outro lado, tratados, em outros aspectos eruditos, de terapia comportamental fazem atribuiçôes a obra de B.F. Skinner, que pesquisas nas fontes originals mostram serem inexatas. Corn o objetivo de

* the Behacr Therapist, 1991, 14, n. 1. pp 9 e 10

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contribuir para uma meihor compreensão de sua obra, ofereço uma breve revisão de algumas das noçöes mais frequentemente mal interpretadas.

CONCEITOS DE SKINNER

A filosofia de ciència e os conceitos teOricos de Skinner são, frequentemente, confundidos corn os de Pavlov e os de Watson, mesmo tendo Skinner, de fato, gastado a major parte de sua vida desenvolvendo urn behaviorismo radicalmente diferente e mais abrangente. Ate a publicaçao de The Behavior of Organisms (Skinner, 1938), a probabilidade de urn comportamento era explicada unicamente pela sua contiguidade temporal corn urn estirnulo antecedente. A descoberta nao intuitiva de Skinner de que a probabilidade de urn comportamento pode também ser uma função de suas consequências passadas, tern sido aceita como conhecimento comum. Infelizmente, contudo, a hipótese operante tern sido aprendida num vácuo concejtuaj. Exceto entre os analistas de comportamento os fundamentos teOricos e filosófjcos que acornpanharn a descoberta são, virtualmente, desconhecidos e, assirn, aparentemente, esquecidos.

Quando uma consequência operante é designada a priori como urn reforço na literatura de terapia comportamental, o conceito de reforço de Skinner é, frequentemente, confundido corn a conceito de reforço incondicionado de Pavlov. Os reforços incondicionados de Pavlov são reforços quer sejam ou não contiguos a uma resposta candicionada. Por outro lado, por causa da descobei-ta de Skinner, que a frequência comportamental pode ser uma função de consequências passadas, não se pode saber, para urn determinado individuo, num dado rnomento, se uma consequência especifica é reforçadora ou não. Pode-se apenas conhecer dentro de urn cantexto e no tempo. De acordo corn Skinner (1950), uma consequência especifica pode ser identificada corn exatidâo apenas retrospectivamente, quando, sob condiçöes especIficas, sua ocorrència, fidedignarnente aurnenta a frequència do comportamento precedente.

Uma outra implicaçao conceitual da hipôtese operante é que não se pode conhecer, antecipadamente quão ampla e uma classe de comportamento, ou quantas variaçôes de urn comportamento são afetadas por uma relação comportarnentoconsequencia especifica. Nem 0 nivel de análise de comportamento (molar versus molecular), nem a unidade comportamental são determinados por antecipação pela Iógica ou por uma definição arbitrária. Em vez disso, eles são determinados através do tempo, a medida que são observadas, sob condiçöes especificas, quais probabilidades de comportamento se alteram corn a acorrência de urn reforço estabelecido A classe de resposta nãa pode ser completamente antecipada, como quando uma criança, reforçada por conservar a seu quarto limpo, meihora também sua pontualidade e higiene pessoal. "Nôs dividirnos comportamento em unidades rápidas e rigidas e depois nos surpreendemos ao perceber que a organisrno ignora os lirnites que estabelecemos"(Skinner, 1953, p.94).

Nós, também, nem sempre lembramos que a hipôtese operante não requer conscjéncia de nossa parte. A maioria de nosso comportamento é, na verdade, adquirida sem nossa cansciéncja. Talvez, esqueçamos esta realidade porque, como seres humanas, quando as coisas acontecem, gastamos muito tempo descrevendo e explicando nasso comportamento para nOs mesmos e para os outros. Em vez de conceber a consciência como algo dada, Skinner considera o ato de tarnar-se consciente de contingéncias de comportamento como urn outro comportamento aprendido, a ser explicado por sua história de reforçarnento. Desse modo, em vez de aceitar afirmaçães de propósitos, intençöes ou desejos como explicaçOes finais de comportamento Skinner (1963) os cansidera como compartamentos em ültima instància, a serem explicados.

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VALORES DE SKINNER

A análise experimental do comportamento (AEC) é um método que Skinner usou para descobrir o condicionamento operante. AEC e uma disciplina cientifica, urn conjunto de comportarnentos que cientistas comportarnentais usam para aumentar seus conhecimentos sobre o comportamento humano.

Uma hipótese, frequentemente, mal entendida da AEC é seu critério pragmático de verdade. Dado que Skinner valoriza prediçâo e controle, urn fenOmeno não é considerado explicado por ele ate que se conheça o suficiente sobre seus determinantes, de forma que ele possa ser previsto ou controlado. Inversamente, uma vez urn fenOmeno podendo ser controlado, Skinner o considera explicado.

Outros psicOlogos preferem urn critério de correspondéncia corno verdade, valorizando explicaçoes que "façarn sentido" ou sejam "lOgicas". Como mérito de Skinner, ele reconhece a existéncia de critérios alternativos de verdade e aceita que é inütil tentar conciliar diferenças nos valores. Ele escreveu: "Eu não vejo vantagem em argumentar corn aqueles que querern fazer as coisas de urn modo diferente"(Skinner, 1967, p.12).

OBJETO DE ESTUDO DE SKINNER

Para Skinner, o objeto de estudo da psicologia é o comportamento. Urn ponto, continuamente interpretado de forma errônea, é que Skinner, diferenternente de Watson, não se comprornete corn a observabilidade püblica (Skinner. 1945). A firn de evitar dualismo. Skinner define os eventos privados, subjetivos, tais como pensarnento e sentimento. como "sirnplesrnente mais comportamento a ser explicado"(Skinner, 1974. p. 115). Portanto, ele não é O pOsitivista lógico que seus criticos descrevem.

Quando Skinner rejeita o "mentalisrno" e algumas formas de teorizaçâo, ele não está rejeitando pensamentos e sentimentos. Ele está rejeitando o uso de constructos hipotéticos. Skinner terne que especulaçoes sobre processos mentais impeçam a pesquisa de meios práticos de mudança de comportamento (isto e, previsão e controle); teme, ainda, que os cientistas acreditem que explicararn o comportamento quando, na verdade, apenas desenvolveram urn constructo. Uma diferença relacionada entre a caminho cientIfico de Skinner e ode outros e sua "atitude de esperar sem pressa por aquilo que ainda está por ser analisado ou ainda por ser explicado" (Skinner, 1969, p.84). Em vez de desenvolver urn canstructo, Skinner defende a observação sistemática e paciente das contingéncias arnbientais ate que se conheça o bastante para demonstrar controle experimental.

FORMAçA0 DE CONCEITO, soiuçAo DE PROBLEMAS, CRIATIVIDADE E OUTRAS FORMAS COMPLEXAS DE COMPORTAMENTO

Embora Skinner tenha mastrado relativamente pouco envolvimento experimental corn compartamentas hurnanos camplexos, tais como pensarnento e sentimento, urn de seus legados concejtuajs mais importantes e a extensâo da análise operante para fenâmenos mais camplexas, tal corno a comportamento verbal. A análise funcional de Skinner do comportamento daqueles que falani (Skinner, 1957) e a análise funcional do comportamento dos que ouvern (Skinner, 1969) estâo em nitido contraste corn estudos linguisticos mais tradicionais da estrutura de produtos de linguagern.

0 conceito de Skinner de "comportamento governado por regras" fornece urn referencial para a eventual análise experimental de determinantes verbais de camportamentos adaptativos e inadaptativos. 'Comportamento governado por regra' e, de fato, a operante generalizacjo, seguir regras. Skinner introduziu este conceito em uma anälise dos componentes verbais de salução de prablemas (Skinner, 1966). Para Skinner, 'regras' são descriçoes verbais

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de contingências de comportamento privadas (auto-produzidas) e pUblicas (auto-praduzidas ou produzidas par outros). Portanto, a canceito de regras pode ser aplicado para anaUsar as determinantes de seguir instruçöes, seguir conseihos, e outro comportamento complexo, corno comportamento "auto dirigido", em que aquele que fala e a que ouve estão na mesma pele. Dado que regras" é urn conceito skinneriana relativamente nova, estão ainda sob considerável debate sua definição operacional precisa, sua gama de aplicação e suas metodologias experimentais (Cerutti, 1989; Hayes, 1989).

Skinner propOe que o born senso e as instruçães podern estirnular comportamento de seguir regras, bern coma comportamento para a qual o indivlduo nâo experienciou cantata direto cam contingéncias naturais, dal a maioria dos individuos terem histOrias de condicionamenta extensas em seguir instruçöes. As consequências que, inicialrnente, reforçam seguir regras são aquelas que tern acompanhado a comportamento generalizado de seguir regras no passado (por exempia, aprovação dos pals ou consequências diretamente reforcadaras). Ernbora, Skinner (1966), frequentemente, aponte distinçöes entre comportamento que e modelado diretamente par contingências e comportamento gavernada par regras especificas, ou comportamento de seguir regras, as princlpios operantes, que se assume estarern envalvidas na aquisição do operante generalizado, seguir regras, sãa exatamente as mesmos daqueles envolvidos na aquisição de comportamento rnodelada par contingências. A Unica distinção entre a aquisiçãa dos dais é que comportamento generalizado de "seguir regras" sempre tern urn antecedente verbal privado ou püblica; enquanta que comportamento madelado par contingéncias pade ter urn antecedente verbal, não verbal ou nenhum antecedente (Parrot, 1987).

CO NC LUSAO

Quer terapeutas compartamentais utilizem ou nãa a referencial skinneriana para estudar a comportamento operante complexo, privada ou püblico, eu proponho que, para referências futuras para seu trabalho, eles utilizem fontes originals, em vez do consenso errönea que foi desenvolvida em algumas fantes secundárias. Espera que esta breve revisãa ilustre que as valores de Skinner, seu objeta de estuda e, particularrnente, seus conceitas teóricos sabre comportamento humana complexo são muita diferentes daquila que e frequentemente retratado.

COMEVIAi{I Os

Oportuna a contribuicãa do trabaiho acima para evidenciar os precanceitos existentes,

mesmo entre aqueles que se dizem comportamentalistas, em relacaa a abra de Skinner. Muitas de

suas contribuicöes estãa senda retomadas e, afinal estudadas, apos sua marte. Assim, se faz justiça a

urn dos pensadares mais pradigiasas de nossa epaca: muito criticado e pouco conhecido. Sua

contribuicao muda a paradigma de compreensãa do ser humana, a que, além de complexo, mexe corn

rnuitas valores e crenças enraizados. Entende-se porque é tao pouco cornpreendido. 0 artigo é breve e

pouco explicita sabre as cantribuicöes mais significativas de Skinner. PrapOe porem, uma atitude

positiva: estudá-la diretamente. Par isso jà vale a pena!

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