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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA
APOSTILA ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR: EVOLUÇÃO E TEORIAS
MINAS GERAIS
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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR
A educação física já recebeu diversas nomenclaturas, entre elas pode-se
citar que inicialmente esta foi denominada de Gymnastica, visto que sua base era
fundamentada, especialmente, nos conhecimentos da Medicina e na necessidade de
constituição do Estado Nacional. O ideário de civilidade exigia uma nova forma de
lidar com o corpo e conceber a vida, pautada na conquista individual do organismo
sadio e da vontade disciplinada, por isso, o termo Gymnastica (SOARES, 2001).
Com o objetivo acima, no século XIX a Educação Física foi incorporada no
currículo do Ensino Secundário Brasileiro na forma de exercícios ginásticos, esgrima
e evoluções militares, sendo esta destinada a apenas algumas classes sociais
(VAGO, 2002). Neste período a educação física possuía como característica o
militarismo e valorização de exercícios físicos, especialmente para o
condicionamento físico intenso.
Sendo assim, neste período a Educação Física sofreu influências de
alguns métodos de ensino, entre eles, pode-se citar o método francês, principal
referência na década de 60, que preconizava uma Educação Física orientada pelos
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princípios anátomo-fisiológicos, ou seja, o desenvolvimento físico (COLETIVO DE
AUTORES, 1992). Em seguida, Betti (1991) afirma que a Educação Física brasileira
sofreu forte influência do Método Desportivo Generalizado, que procurava atenuar o
caráter formal da ginástica incluindo o conteúdo esportivo, com ênfase no aspecto
lúdico.
Na década de 70 o governo militar apoiou a Educação Física na escola
objetivando tanto a formação de um exército composto por uma juventude forte e
saudável como a desmobilização de forças oposicionistas. Assim, estreitaram-se os
vínculos entre esporte e nacionalismo, (BETTI, 1991). Nesta fase continua sendo
dado ênfase a base militar como ensinamentos da educação física.
Nos anos 80, em detrimento ao novo contexto político, o modelo de
esporte de alto rendimento para a escola passa a ser fortemente criticado, visto que,
dentro do ambiente escolar, a função da educação física não poderia ser a de formar
atletas, e pensando assim foram sendo criadas novas visões com relação à
educação física na escola (CBC, 2002). Com essas novas visões, as formas de se
ensinar a educação física deixa de ser através do militarismo e passa a ser pensado
outras formas de se praticar a educação física.
A partir da década de 90 algumas discussões foram contempladas pela
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) n. 9394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabeleceu, em seu art. 26 :”A Educação Física, integrada à proposta pedagógica
da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas
etárias e às necessidades da população escolar, sendo facultativa nos cursos
noturnos” (BRASIL, 1996).
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A redação desse artigo da Lei de Diretrizes e Base - LDB foi alterada duas
vezes. Primeiramente, incluindo o termo obrigatório, por meio da Lei n. 10.328 de 12
de dezembro de 2003, pela Lei n. 10.793, incorporando a seguinte redação:
Parágrafo 3º. – A educação Física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da
educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
Maior de trinta anos de idade;
Que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação
similar, estiver obrigado à prática da educação física;
Que tenha prole (BRASIL, 1996, s/p).
Esse dispositivo legal já está completamente ultrapassado e sem
fundamento, visto que a prática da educação física é realizada por todos no
ambiente escolar. Pois como afirma os CBC´s (2002) a Educação Física na escola
constitui direito de todos, e não privilégio dos considerados jovens, hábeis e
saudáveis, pois esta valoriza o ser humano em sua totalidade, ou seja,
holisticamente, e não apenas como um corpo “sadio”.
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Após essa viagem no tempo, pode-se perceber que a educação física
sofreu influências de vários modelos de ensino, e por isso, hoje ainda podemos
verificar várias formas de se ensinar a educação física na escola. Fato este,
preocupante, pois não conseguimos encontrar ainda uma maneira única de se
ensinar e desenvolver a educação física na escola.
METODOLOGIA EMPREGADA NAS AULAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR –
ENSINO FUNDAMENTAL
Diante dos fatos relatados acima, não é difícil de entender que a
metodologia empregada nas aulas de educação física no ensino escolar,
principalmente no ensino fundamental, ainda está engatinhando para um
aprimoramento, ou seja, mesmo no século XXI, esta não tem uma receita ou guia
prático a ser seguido. Por isso, este sub-tema vêm descrever sobre algumas
maneiras metodológicas de se trabalhar a educação física na escola, visto ser, este
um dos pontos dessa pesquisa.
Sendo assim, existem diversas maneiras de se ensinar a educação física,
essas formas são as mais distintas possíveis. O que existe para guiar essa
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metodologia são os documentos norteadores para a prática da mesma, mas ainda
falta muito para que os professores tenham um plano de ensino em comum.
Este fato, pode ser explicitado pela falta de materiais didáticos reflexivos
sobre a educação física, visto que, todas as outras disciplinas possuem um livro
didático a ser seguido durante o ano letivo e este fato não acontece com a educação
física, que além de não possuir livros, também possuem poucos ou quase nenhum
material de apoio na escola. Por isso, Kunz (1994, p. 143), relata que:
A organização de um ‘programa mínimo’ para a Educação
Física, deverá, pelo menos, conseguir pôr fim à nossa
‘bagunça interna’ enquanto disciplina/atividade escolar, ou seja,
o fato de não termos um programa de conteúdos numa
hierarquia de complexidade, nem objetivos claramente
definidos para cada série de ensino. O professor decide, de
acordo com alguns fatores, entre eles o seu bom ou mau
humor, o que ensinar (KUNZ, 1994, p.143).
Partindo dessa afirmação, nota-se que a educação física é uma disciplina
onde a metodologia de trabalho do professor, muitas vezes, é ditada pela
preferência do professor ou do aluno, e isso faz com que determinados conteúdos
sejam valorizados em detrimento de outros. Os conteúdos em sua maioria das
vezes, são escolhidos por serem mais fácil de ser ensinado, ou pelo professor
possuir maior afinidade ou habilidade com o conteúdo (especialmente os esportes),
sendo assim, os conteúdos teóricos e que exigem maior reflexão por parte do
professor e do aluno são deixados de fora.
Este fato foi revisto, visto que, o compromisso do professor de educação
física em ensinar e formar cidadãos é o mesmo do que os dos outros professores,
visto que, através da educação física consegue-se desenvolver os aspectos físicos,
cognitivo e psicossocial do aluno. Então por que não trabalhar a educação física de
maneira adequada, utilizando uma metodologia universal?
De acordo com um dos documentos que norteiam o ensino da educação
física no estado de Minas Gerais, existem várias estratégias metodológicas que
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podem ser utilizadas dentro das aulas de educação física, dentre elas, os CBC´s
(2002, p. 21), destacam:
Análise de imagens e sons (filmes, vídeos, fotografias,
desenhos, pinturas, propagandas, músicas, charges, murais,
documentários); de objetos (troféus, flâmulas, medalhas,
certificados, diplomas, brinquedos, maquetes, cenários,
fantasias); de textos (livros, contos, crônicas, jornais, revistas,
poesias, histórias, paródias), dentre outros;
Pesquisa, entrevista, júri simulado, seminário, palestra;
Debate com profissionais e atletas convidados;
Visita à comunidade, em especial aos espaços de esporte e
lazer;
Teatro e cinema;
Oficina de brinquedos e brincadeiras;
Feira e eventos artísticos e culturais;
Campeonatos, excursões diversas;
Com essas estratégias metodológicas o professor de educação física
pode utilizar de vários espaços existentes na escola, como pátio, salas de aula, sala
de vídeo, biblioteca, entre outros; não necessitando ficar preso ou condicionado
somente a quadra esportiva.
Essas estratégias metodológicas relatam a realidade das escolas
brasileiras, visto que, as maiorias das escolas de rede pública exigem do professor
bom senso e criatividade para adaptar certos conteúdos aos espaços disponíveis.
Entretanto, é importante ressaltar que os conteúdos não podem ser determinados
pelo espaço, ou pela falta dele. Os profissionais de educação física podem valorizar
todos os espaços existentes no ambiente escolar (como os descritos no parágrafo
anterior) e não deixar com que a falta de um espaço apropriado seja empecilho para
a realização de alguma atividade (BRASIL, 1998).
Essa falta de espaço físico ou de materiais específicos para as aulas de
educação física são outros fatores que contribuem para que não exista uma
metodologia de ensino específica entre os professores, visto que, alguns possuem
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quadra apropriada, materiais específicos para os esportes, jogos, equipamentos de
ginástica ou dança.
CONTEÚDO CURRICULAR DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os conteúdos que podem ser trabalhados nas aulas de educação física no
estado de Minas Gerais, são os mais diversos possíveis, estes retratam sobre o
esporte, os jogos e brincadeiras, a ginástica, a dança e movimentos expressivos.
Nesta variedade de conteúdos, os professores de educação física podem realizar o
seu plano de ensino (chamado por alguns de planejamento anual) e também o seu
plano de aula (ou diário).
Estes documentos são fundamentais para o cumprimento dos conteúdos
durante o ano letivo, pois sem um planejamento, nenhum ser humano consegue se
organizar e cumprir com as exigências do seu trabalho, ou seja, com os conteúdos
serem ensinados.
Esses conteúdos de ensino, segundo Zabala (1998, p. 44) podem ser
discutidos sobre três naturezas: procedimental, atitudinal e conceitual:
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Procedimental: conteúdos que se referem aos fazeres/vivências das
diferentes práticas educativas: jogar, fazer exercício físico, dançar, ler,
escrever, desenhar, dentre outras. A aprendizagem desses conteúdos
implica, assim, a realização de ações e a reflexão sobre a atividade, tendo em
vista a consciência da atuação e a utilização deles em contextos
diferenciados.
Atitudinal: conteúdos relacionados à aprendizagem de valores (princípios ou
idéias éticas), atitudes (predisposições relativamente estáveis para atuar de
determinada maneira) e normas (padrões ou regras de comportamento
segundo determinado grupo social). Esses conteúdos são configurados pelos
componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos (sentimentos e
preferências) e de conduta (ações e intenções). Exemplos: respeito ao
colega, cooperação, autonomia, solidariedade, adoção de hábitos saudáveis.
Assim, aprende-se uma atitude quando a pessoa pensa, sente e atua de
forma coerente diante uma situação concreta.
Conceitual: conteúdos relacionados a conceitos ou idéias-chave presentes
na base da construção da identidade das ações pedagógicas. São
informações e fundamentos básicos para a aprendizagem dos porquês, da
importância, dos limites e possibilidades das vivências corporais. São
exemplos desses conteúdos os conceitos de corpo, organismo, saúde,
esporte, técnica, tática, qualidade de vida e beleza. A aprendizagem desses
conteúdos não se mostra apenas quando o educando repete a definição do
conceito, mas quando é capaz de utilizá-lo para a interpretação,
compreensão, exposição, análise ou avaliação de uma situação. Os conceitos
são dinâmicos, evoluem historicamente com o avanço nas construções de
saberes de cada área de conhecimento. Por isso, sempre podemos ampliar
ou aprofundar saberes, tornando-os significativos.
Focando a disciplina de educação física, conseguimos identificar cada
uma dessa natureza, visto que, os alunos entendem o porquê de determinado
movimento ou gesto (procedimental); os alunos respeitar as diferenças e limites
individuais de cada pessoa, não podendo criticar e ridicularizar o seu colega
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(atitudinal) e também os alunos sabem o conceito e significado de tudo o que realiza
(conceitual). Utilizando esses três pilares é possível fazer com que a metodologia da
aula de educação física se torne mais transparente e viável.
Nos CBC´s da Educação Física (2002), os conteúdos de ensino que
estruturam e identificam essa área de conhecimento como componente curricular
são denominados eixos temáticos. Estes são: esporte, jogos e brincadeiras,
ginástica, dança e movimentos expressivos.
1. Esporte: é uma manifestação específica da cultura de movimento
que, na sociedade moderna vem-se constituindo como principal
referência seja como prática corporal propriamente dita, seja pelos
princípios e valores que expressa e ajuda a consolidar. Este pode
ser subdividido em conforme relata os Brasil (1998) e CBC (2002, p.
21):
Esporte educacional: praticado nos sistemas de ensino e em formas
assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da
cidadania e a prática do lazer;
Esporte de participação: praticado de modo voluntário, compreendendo as
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde
e educação e na preservação do meio ambiente; e
Esporte de rendimento: praticado segundo normas gerais desta Lei e das
regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade de
obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País, e estas com as
de outras nações.
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2. Jogos e Brincadeiras: estes são ações culturais que possuem
características a intencionalidade e curiosidades resultantes de em
um processo lúdico, autônomo, criativo, possibilitando a construção
e reconstrução de regras; diferentes maneiras de se tratar com o
tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginário
(CBC, 2002).
3. Ginástica: estas incluem desde as atividades físicas, praticadas
informalmente, sem sistematização, até os exercícios físicos,
praticados regularmente e de forma sistemática. Como exemplo de
atividades relacionadas à ginástica, pode-se citar: caminhadas,
corridas, musculação, e também as atividades mais complexas:
como a Ginástica Artística, Rítmica e Aeróbica, estas já
consideradas como esporte. Todas elas têm em comum a “arte de
exercitar o corpo” (CBC, 2002).
4. Dança e Expressões Rítmicas: é uma manifestação da cultura de
movimento também importante e relevante em todo o mundo (CBC,
2002). É uma das maneiras de expressar emoções, sentimentos, e
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mostrar através do movimento corporal sua maneira de pensar e
agir.
Esses conteúdos são relatados em todos os documentos que explicam
sobre educação física escolar. Nestes são abordados tanto a sua teoria quanto a
sua prática. Em cada eixo temático descrito acima, existem diversos conteúdos a
serem trabalhados durante o ano letivo, mas ainda falta uma especificação de série
e nível de aprofundamento a ser seguido em cada ano do ensino fundamental.
Isso faz com que o professor de educação física mais uma vez privilegie
alguns conteúdos em seu dia-a-dia, essa preferência muitas vezes se dá por conta
dos alunos ou até mesmo por facilidades práticas do cotidiano (seja espaço escolar,
número de materiais, habilidade, etc.).
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO,
PLANO DE ENSINO E PLANO DE AULA –
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A
PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA
ESCOLA.
Dentro do universo escolar, o que não falta são documentos que regem a
organização desse espaço. Dentre esses documentos estão o Projeto Político
Pedagógico conhecido como PPP; o plano de ensino, conhecido por muitos como
planejamento anual e o plano de aula, também chamado de plano diário. Esses
servem como base para a organização do cotidiano escolar, por isso, são de
fundamental importância na vida de todos os professores, inclusive o de educação
física.
Com as mudanças advindas a partir da LDB de 1996, a Educação Física
passou a ter um novo pensar e um novo agir dos seus professores (MELO, 2006).
Dentre as novas atribuições estava à participação direta do professor na elaboração
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do Projeto Político Pedagógico/Proposta Político Pedagógico (PPP) da escola.
Sendo assim, o professor de educação física juntamente com todos os outros
professores, fazem parte da construção do PPP e também com que o mesmo seja
cumprido no ambiente escolar.
Segundo os PCN (1998), o PPP é construído em conjunto com os
profissionais da educação, os quais buscam articular valor e objetivos à realidade
local da comunidade escolar (BRASIL, 1998). Pois de nada adianta um documento
que só funcione no papel e não condiz com a realidade vivida.
Marques (2003) lembra que a adoção de políticas neoliberais pelas
instâncias superiores do governo delibera novo padrão de intervenção, o chamado
“Estado Mínimo”. Desta forma, o PPP se configura como possibilidade de autonomia
relativa das escolas, visto que esta não pode fugir as exigências e padrão
estabelecido pelos documentos norteadores emanados das redes de ensino.
Marques (2003) enfatiza que o planejamento/elaboração do PPP contribui
para a construção da autonomia visto que se constitui em uma maneira de organizar
a comunidade escolar para discutir as práticas do cotidiano escolar, promovendo um
aprendizado democrático.
Para Libâneo (1994, p. 230) citado por Brito (s/d), o PPP “é um guia de
orientações para o planejamento do processo de ensino [...]” e consensual entre o
corpo docente. Ele completa dizendo ainda que:
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[...] é o plano pedagógico e administrativo da unidade escolar,
onde se explicita a concepção pedagógica do corpo docente,
as bases teórico metodológicas da organização didática, a
contextualização social, econômica, política e cultural da
escola, a caracterização da clientela escolar, os objetivos
educacionais gerais, a estrutura curricular, diretrizes
metodológicas gerais, o sistema de avaliação do plano, a
estrutura organizacional e administrativa.
Melo (2006, p. 188) lembra também que:
[...] cabe ao professor de Educação Física envolver-se numa
rotina escolar que permita situar claramente seus conteúdos
de ensino e sua organização nos diferentes ciclos de
escolarização.
Isso porque, a partir do momento em que se considera parte integrante da
escola, o professor de Educação Física se faz presente na elaboração do PPP e no
dia-a-dia escolar. Isso garante a articulação da educação física com os demais
componentes curriculares, realizando assim trabalhos interdisciplinares; o professor
também participa da definição da abordagem educacional a ser seguida, estabelece
coletivamente os conteúdos a serem abordados; a carga horária destinada a cada
conteúdo; o uso dos materiais e espaços, tanto físico quanto representativo na
comunidade escolar. Enfim, a Educação Física assumirá sua responsabilidade
enquanto componente curricular obrigatório, tornando-se assim realmente peça
fundamental da formação básica.
Além da participação na elaboração do PPP espera-se do professor a
elaboração de um roteiro organizado ou plano de ensino (em geral é feito para todo
o período letivo - um ano), este documento é conhecido por muitos professores
como planejamento anual e geralmente as escolas também utilizam esse termo.
Libâneo (1994, p. 233) citado por Brito (s/d, s/p) define plano de ensino
como,
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[...] um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano
ou semestre. É denominado também como plano de curso ou
plano de unidades didáticas e contém os seguintes
componentes: justificativa da disciplina em relação aos
objetivos da escola; objetivos gerais; objetivos específicos;
conteúdo (com divisão temática de cada unidade); tempo
provável e desenvolvimento metodológico (atividade do
professor e dos alunos).
Conforme a citação acima nota-se que esse documento é o que direciona
as atividades durante todo o ano letivo. Lopes (1996) concorda com Brito (s/d, s/p)
sobre os objetivos do planejamento: [...] “planejamento é um processo de
racionalização, organização e ordenação da ação docente, articulando a atividade
escolar e a problemática do contexto social” [...].
Libâneo (1994) afirma ainda que a ação de planejar se configura como
uma atividade de reflexão e não ao simples preenchimento de formulários, visto que
nele se relacionam os aspectos políticos, econômicos sociais e culturais aos
objetivos que se espera alcançar.
Para sua elaboração são necessárias algumas considerações e/ou
requisitos (LIBÂNEO, 1994 citado por BRITO, S/D):
a) objetivos e tarefas: o porquê e como fazer;
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b) exigências dos planos e programas oficiais: PPP, diretriz
curricular e outros;
c) condições prévias dos alunos para a aprendizagem: saber
quem são, como pensam e que tipo de experiências já tiveram;
d) princípios e as condições do processo de transmissão e
assimilação ativa dos conteúdos: conhecer o local e o espaço
disponível, a quantidade e conservação dos materiais,
sentimentos e expectativas dos alunos.
De acordo com a reflexão de Melo (2006), pouco se ensina sobre estas
tarefas nos cursos de formação em Educação Física.
Melo (2006) e Libâneo (1994) comentam ainda que, além do PPP e do
plano anual, se faz necessário organização para se alcançar a efetivação da
aprendizagem pelo aluno e para isto existe o plano de aulas.
A aprendizagem nas aulas é uma atividade planejada, e não algo casual e
espontâneo. É o detalhamento do plano de ensino. As unidades e subunidades que
foram previstas em linhas gerais são agora especificadas e sistematizadas para uma
situação didática real (LIBÂNEO, 1994, p. 241).
Libâneo (1994) lembra que o período de aula é variável e que dificilmente
é possível completar, em uma única aula, o desenvolvimento de uma unidade ou
tópico descrito no plano de ensino, por isso é importante articular os conteúdos e
distribuí-los de acordo com sua assimilação e fixação. Diante disto, o ideal é planejar
não só uma aula, mas um conjunto delas.
Frente a estas definições é possível compreender os passos para
organização e definição de documentos na escola. É evidente ainda que a
elaboração dos documentos expostos acima se apresenta como meio de aproximar
a comunidade do cotidiano escolar e, principalmente, colaboram para que a
Educação Física, assim como o demais componentes curriculares, sintonizem seus
conteúdos com os objetivos almejados pela comunidade escolar.
Depois de analisados todos os documentos descritos acima, o Profissional
de Educação Física, monta o seu plano de ensino e os planos de aula. Mas nesta
hora surgem as seguintes indagações: O que trabalhar? Quais conteúdos devem ser
priorizados?
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A escolha dos conteúdos, segundo Libâneo (1994), é em última instância,
do professor, pois é ele quem conhece os alunos, sua origem social, suas vivências
e sabe as exigências que enfrentarão na vida social. No entanto, como Betti (1999) e
Stefane (2003) lembram, a escolha de conteúdos pelo professor de Educação Física
está relacionada aos assuntos que este domina e/ou são do seu interesse.
Sendo assim, a escolha destes perpassa por suas experiências e
preferências pessoais, formação inicial e continuada. A escolha está ligada ainda à
linha teórica da escola, à relevância atribuída pela equipe pedagógica à elaboração
do projeto político pedagógico (PPP), à seleção dos objetivos e resultados
esperados a cada ano e à preocupação em ampliar as possibilidades de
aprendizado e vivência dos alunos.
Tal como Melo (2006, p. 188) afirma, o professor de Educação Física atua
na escola de maneira comprometida, objetivando as necessidades e interesses do
seu aluno para. Sendo assim, o professor preocupa-se com a organização e seleção
dos conteúdos de maneira coerente. E para tal fato, os professores precisam
entender o que vêm a ser os conteúdos. Segundo Libâneo (1994), Zaballa (1998),
Coll et al. (2000), Rodrigues et al (2006), os conteúdos são um conjunto de saberes
culturais, hábitos, habilidades, conceitos, crenças, sentimentos, atitudes e interesses
organizados objetivando a assimilação e aplicação na vida prática de modo a
produzir um desenvolvimento e socialização adequada à sociedade a qual fazem
parte. Coll et al. (2000, p. 13), completa dizendo que os conteúdos,
[...] constituem-se de fato em um elo essencial no processo de
concretização das intenções educativas [...] indicam e definem
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aqueles aspectos do desenvolvimento dos alunos que a
educação escolar tenta promover.
Por isso, para montarmos o plano de ensino e o plano de aula, articula-se
com o Projeto Político Pedagógico da instituição e com os objetivos educacionais
pretendidos para a Educação Básica e, considerando ainda, a situação concreta dos
alunos, a especificidade da comunidade local e a formação do professor, serão
elaboradas as atividades pedagógicas a fim de desenvolver as competências
necessárias à formação integral do cidadão.
Estruturar um programa de Educação Física e selecionar os seus
conteúdos é um problema metodológico básico, uma vez que, quando se aponta o
conhecimento e os métodos para sua assimilação, se evidencia a natureza do
pensamento teórico que se pretende desenvolver nos alunos, como afirma Badaró e
Santos (S/D).
Podemos dizer que o programa é o pilar da disciplina e que seus
elementos principais são, de acordo com Badaró e Santos (S/D):
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1) o conhecimento de que trata a disciplina, sistematizado e
distribuído, que geralmente se denomina de conteúdos de
ensino;
2) o tempo pedagogicamente necessário para o processo de
apropriação do conhecimento;
3) os procedimentos didático-metodológicos para ensiná-lo.
Este último item é o que diz para o professor “como fazer” na Educação
Física. Assim, para auxiliar o professor na execução de suas aulas, eis os principais
procedimentos que poderão ser adotados pelos professores (CBC, 2002):
Atividades de integração e socialização;
Atividades individuais e em grupos;
Pequenos e grandes jogos;
Jogos de construção de regras;
Atividades com músicas;
Estafetas, circuitos e contestes;
Aulas historiadas;
Variedade de materiais e ambientes;
Atividades com sucatas e construção de materiais;
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Desafios motores e cognitivos;
Passeios e caminhadas;
Jogos cooperativos, competitivos e recreativos;
Aulas teóricas;
Aulas expositiva-dialogadas;
Aulas práticas;
Atividades de interdisciplinaridade;
Atividades culturais;
Participação em competições e eventos esportivos culturais e sociais;
Atividades naturais, livres e orientadas;
Feedback corretivo (concorrente e final).
21
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23
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
1- A educação física já recebeu diversas nomenclaturas, entre elas pode-
se citar que inicialmente esta foi denominada de:
a) Educação do Corpo
b) Gymnastica
c) Movimento do corpo
d) Exercícios físicos
2- A educação Física sofreu influências de alguns métodos de ensino,
entre eles, pode-se citar o método francês, principal referência na
década de:
a) 90
b) 80
c) 70
d) 60
3- Na década de 70 o governo militar apoiou a Educação Física na escola
objetivando tanto a formação de um exército composto por uma
juventude forte e saudável como a desmobilização de forças
oposicionistas. Assim, estreitaram-se os vínculos entre esporte e
nacionalismo. Nesta fase continua sendo dado ênfase a base
_________ como ensinamentos da educação física.
Complete a frase:
a) Higienista
b) Militar
c) Corporal
d) Postural
4- De acordo com um dos documentos que norteiam o ensino da
educação física no estado de Minas Gerais, existem várias estratégias
24
metodológicas que podem ser utilizadas dentro das aulas de educação
física, dentre elas, os CBC´s (2002, p. 21), destacam:
a) Análise de imagens e sons (filmes, vídeos, fotografias, desenhos,
pinturas, propagandas, músicas, charges, murais, documentários); de
objetos (troféus, flâmulas, medalhas, certificados, diplomas,
brinquedos, maquetes, cenários, fantasias); de textos (livros, contos,
crônicas, jornais, revistas, poesias, histórias, paródias), dentre outros;
b) Pesquisa, entrevista, júri simulado, seminário, palestra;
c) Debate com profissionais e atletas convidados;
d) Todas as alternativas estão corretas.
5- Os conteúdos que podem ser trabalhados nas aulas de educação
física no estado de Minas Gerais segundo do CBC, são os mais
diversos possíveis, estes retratam sobre o:
a) Esporte.
b) os jogos e brincadeiras.
c) a ginástica.
d) Todas as alternativas estão corretas.
6- Os conteúdos de ensino, segundo Zabala (1998, p. 44) podem ser
discutidos sobre três naturezas. Estas são, exceto:
a) Procedimental
b) Atitudinal
c) Postural
d) Conceitual
7- O esporte é uma manifestação específica da cultura de movimento
que, na sociedade moderna vem-se constituindo como principal
referência seja como prática corporal propriamente dita, seja pelos
princípios e valores que expressa e ajuda a consolidar. Este pode ser
subdividido em, exceto:
a) Esporte de competição
b) Esporte educacional
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c) Esporte de participação
d) Esporte de rendimento
8- Dentro do universo escolar, o que não falta são documentos que
regem a organização desse espaço. Dentre esses documentos estão
o, exceto:
a) Projeto Político Pedagógico
b) Diário escolar
c) O plano de ensino
d) O plano de aula
9- A lei de diretrizes e bases da educação é do ano de:
a) 1995
b) 1994
c) 1997
d) 1996
10- Para auxiliar o professor na execução de suas aulas, eis os principais
procedimentos que poderão ser adotados pelos professores:
a) Pequenos e grandes jogos;
b) Jogos de construção de regras;
c) Aulas expositiva-dialogadas;
d) Todas as alternativas estão corretas.
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