Escola de Inteligência Militar do ExércitoEscola de Inteligência Militar do ExércitoEscola de Inteligência Militar do ExércitoEscola de Inteligência Militar do Exército
A LucernaA LucernaA LucernaA Lucerna
Ano II - Nº 4 - Nov/2013ISSN 2316 - 364X
Ano II - Nº 4 - Nov/2013ISSN 2316 - 364X
Artigos científicosArtigos científicosArtigos científicosArtigos científicos
1 EDITORIAL
2 A INTELIGÊNCIA EM APOIO ÀS OPERAÇÕES NO
AMBIENTE TERRORISTA
Renato de Oliveira Assis
Marco Lúcio Niendziela
Willian Pina Botelho
14 O APOIO DA INTELIGÊNCIA NO LEVANTAMENTO DOS
STAKEHOLDES NAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO
Luiz Octávio Carvalho de Penna
Emerson da Silva Moraes
João Gustavo B. de Albuquerque
Pablo Ourthe Cabale
31 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS DE
INTELIGÊNCIA DAS FORÇAS ARMADAS, PARA CONSTRUÇÃO DE
CENÁRIOS PROSPECTIVOS PELO MINISTÉRIO DA DEFESA
Luiz Fernando Medeiros Nóbrega
Jason Silva Diamantino
Emerson Garcia Cavaleiro
Raphael Gustavo Frischgesell
46 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO TERRENO, CONDIÇÕES
METEOROLÓGICAS E INIMIGO (PITCI) POR INTERMÉDIO DO
PROGRAMA "C2 EM COMBATE"
Antonio José Gonçalves Pinto
Paulo Cezar Crocetti
Marcus Vinícius de Andrade Gama
ESCOLA DE INTELIGÊNCIA MILITAR DO EXÉRCITO Cel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira Comissão Editorial da Revista "A LUCERNA" Cel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira Ten Cel Inf André Luiz Veloso Ten Cel Cav Vagner Knopp de Carvalho
Ten Cel Inf Marcelo Barbosa Lima Gasse Maj Inf Márcio Fernandes do Nascimento Maj Art André Santos Relva da Fonte Maj Art André Horta Piancó
Maj Art Carlos Gustavo Monteiro Maj Inf Sérgio Henrique Lopes Rendeiro
Capa
1º Sgt Com Leandro Salin Andres
Elaboração Gráfica S Ten QMB Luís Fernando Silva Alves
Revisão Cel Inf Antônio Jorge Dantas de Oliveira Ten Cel Cav Vagner Knopp de Carvalho
Catalogação bibliográfica internacional, normalização
e editoração Biblioteca do Colégio Militar de Brasília Disponível em: http://www.esimex.ensino.eb.br
Contatos:
Av. Duque de Caxias, S/Nr - SMU Cep: 70630-000 - Brasília-DF E-mail: [email protected] Tiragem desta edição: 150 (cento e cinquenta) exemplares
Impressão: Gráfica Athalaia - Brasília-DF
Os artigos desta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da EsIMEx. É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A Lucerna / Escola de Inteligência Militar do Exército. Ano II Nº 4 (nov 2013). Brasília: Athalaia, 2013. 55p.
Semestral ISSN 2316-364X 1. Inteligência Militar 2. Exército Brasileiro 3. Escola de Inteligência Militar do Exército CDU: 355.40(81)
2 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
RENATO DE OLIVEIRA ASSIS 1
MARCO LÚCIO NIENDZIELA1
WILLIAN PINA BOTELHO1
1 Oficiais do Exército Brasileiro, Bacharéis em Ciências Mili-
tares pela Academia Militar das Agulhas Negras e Mestres em
Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Ofici-
ais.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil deixou de ocupar uma posição de coad-
juvante e passou a ser um dos principais líderes
mundiais na discussão de temas multilaterais atuais.
O envolvimento brasileiro na solução de questões
sensíveis pode tornar o país alvo de ataques extre-
mistas contrários às posições defendidas pelo Brasil.
Da mesma forma, o País ocupa posição de destaque
A INTELIGÊNCIA EM APOIO ÀS OPERAÇÕES NO AMBIENTE TERRORISTA
RESUMO
No dia 11 de setembro de 2001, uma série de atentados terroristas ocorreu nos Estados Unidos.
Uma organização até então desconhecida pela maioria dos órgãos de segurança internacional, denomi-
nada Al-Qaeda, planejou e executou o sequestro de aviões comerciais de passageiros. Dois desses avi-
ões foram conduzidos e se chocaram com as torres do edifício World Trade Center, em Nova York. A
terceira aeronave colidiu com o Pentágono - sede do Departamento de Defesa americano. Tal atentado
provocou cerca de 3.000 (três mil) mortes, a maioria de civis. Indubitavelmente, os dramáticos eventos
perpetrados em 11 de setembro vieram a constituir um rompimento no que se refere à Nova Ordem
Mundial e às ameaças à Segurança Internacional. Trata-se do surgimento da Guerra Irregular e, nesse
universo, está o terrorismo. O Brasil, por sua vez, tem aumentado sua projeção internacional desde o
início do século, a partir de sua estabilização política e econômica. Da mesma forma, o fenômeno da
globalização aproximou o país dos centros de decisão internacional, colocando-o em posição de desta-
que em discussões como o meio ambiente, a questão nuclear, a questão energética e a solução de con-
flitos no mundo, dentre outros. Tais fatores se aliaram à escolha do país para sediar Grandes Eventos
Mundiais, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em
2016. Tudo isso projetou a imagem do Brasil no cenário internacional, inserindo-o também em discus-
sões políticas sensíveis que podem atrair para si o risco de atentados terroristas. Estes visam a causar
grande impacto por meio de ações contundentes, desafiando o poder estatal e semeando o terror entre
as sociedades. Nesse mister, o Brasil, ao ocupar nova posição no contexto geopolítico mundial, neces-
sita possuir um sistema de Inteligência que o proteja de ataques dessa natureza. Porém, sua atual es-
trutura possui entraves que dificultam tal responsabilidade e que precisam ser melhorados, dados que
pretendem ser abordados no presente trabalho.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 3
no sistema internacional ao ser escolhido para sediar
a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016.
O País, por sua vez, precisa estar preparado para
atuar eficazmente em ações preventivas e operativas
para se adequar ao ambiente antiterror. Para tanto,
deve contar com Forças Armadas e Órgãos Federais
e Estaduais, civis e militares, em condições de agi-
rem contra o terrorismo em território nacional, inte-
grando seus esforços em prol da segurança do Esta-
do brasileiro. Nesse mister, a presente pesquisa tem
por finalidade definir a atuação integrada dos dife-
rentes órgãos de Inteligência do Brasil dentro de um
ambiente onde o terrorismo passa a ser um ator pre-
sente.
1.1 CONCEITOS E MÉTODOS
1.1.1 Delimitação do Tema
A Inteligência em apoio às Operações no am-
biente terrorista.
1.1.2 Problema
A integração entre os serviços de inteligência
de diferentes órgãos civis e militares, federais e es-
taduais, no combate ao terrorismo, carece de melho-
rias. O Exército Brasileiro (EB) ainda se relaciona
pouco com o Ministério da Justiça.
O mesmo ocorre com a Polícia Federal. Os
Órgãos de Segurança Pública (OSP) Estaduais, por
sua vez, mantêm certa aproximação com o EB, man-
tendo um vínculo amistoso respeitoso e funcional,
mas não o suficiente para permitir a integração ne-
cessária para tratar o assunto. Da mesma forma, o
EB pouco se relaciona com as Polícias Civis.
1.1.3 Questões de Estudo
- O emprego da Inteligência deve ser centrali-
zado em caso de ações terroristas no Brasil?
- Por quem (em qual nível)?
- De quê forma?
- O atual nível de integração entre os diferen-
tes órgãos de Inteligência do país permite sua ação
eficaz no ambiente terrorista?
- O quê deve ser feito para que a atual estrutu-
ra de Inteligência do país seja eficiente e eficaz?
1.1.4 Objetivo
O objetivo geral do trabalho será atingido pelo
cumprimento dos objetivos específicos propostos e
julgados pertinentes. Cada item particular contribui-
rá para a precisão da pesquisa e para se chegar a uma
visão holística da problemática em questão, validan-
do ou não a hipótese formulada.
1.1.4.1 Objetivo Geral
Analisar o atual nível de integração entre os
diferentes órgãos de inteligência do Brasil e apresen-
tar procedimentos para seu emprego eficaz no Teatro
de Operações Anti e Contraterror.
1.1.4.2 Objetivos Específicos
- Apresentar a atual conjuntura do sistema
político internacional, o papel do terrorismo nesse
contexto e suas consequências para o Brasil;
- Apresentar os órgãos de Inteligência do
Brasil;
- Apresentar as principais possibilidades e
limitações do Estado Brasileiro no combate ao terro-
rismo;
- Apresentar as ações já desencadeadas pelo
Brasil para o combate ao terrorismo;
- Apresentar as propostas de integração dos
diferentes órgãos de inteligência no combate ao ter-
rorismo.
4 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
2 O AMBIENTE TERRORISTA GLOBAL
2.1 O FINANCIAMENTO AO TERRORISMO
O terrorismo somente sobrevive ao longo dos a-
nos se apresentar uma sólida base financeira que
possa lhe assegurar uma estrutura de modus operan-
di internacional. A prática da disseminação do medo
por meio de grandes atos praticados por grupos ter-
roristas apresenta um alto custo financeiro, vez que,
em sua grande maioria, depende de um mínimo de
organização logística.
A atividade terrorista se financia mediante ativi-
dades tanto legítimas como ilegítimas. Existe uma
grande variedade de atividades que contribuem para
a manutenção econômica do terrorismo. A mais des-
tacada e usual consiste no tráfico de drogas, porém,
não se pode deixar de citar outras atividades, como o
tráfico de pessoas, a falsificação de produtos, os
sequestros, a extorsão, a lavagem de capitais, etc.
Todavia, merece relevo mencionar que o vínculo
entre a estruturação econômica do terrorismo e o
comércio ilegal de drogas acabou por apresentar, nos
últimos anos, de forma exacerbada, um aumento
quantitativo nunca antes visto. A razão se deve,
principalmente, à expulsão dos talibãs do Afeganis-
tão, pois muitos deles se reagruparam no Paquistão.
Ademais, vale destacar que os recursos para o fi-
nanciamento de atos terroristas não advém tão so-
mente do narcotráfico, mas também do tráfico de
imigrantes, da extorsão, da lavagem de capitais, da
corrupção estatal e privada, etc.
Nessa direção, pode-se afirmar que a reciclagem
de bens ilícitos e o terrorismo são delitos sem fron-
teiras e que caminham juntos, tendo em vista a reali-
dade atual das grandes organizações criminosas co-
mo, por exemplo, as grandes máfias, as quais neces-
sitam de recursos financeiros “limpos” e “desemba-
raçados” para que suas atividades e objetivos pos-
sam ser alcançados com mais rapidez e eficiência.
Em síntese, a repressão do financiamento do ter-
rorismo é uma meta ambiciosa dos Estados, e seu
êxito dependerá da capacidade destes em dispor de
leis vigorosas e instrumentos de aplicação apropria-
dos ao enfraquecimento do poder financeiro dos
grupos terroristas.
2.2 O "MODUS OPERANDI" DO TERRORISMO
Na atualidade, em qualquer parte do mundo, po-
dem se desenvolver atividades de apoio logístico ou
de recrutamento ao terrorismo. Isso se deve à sua
própria lógica de disseminação transnacional, que
busca continuamente novas áreas de atuação e, tam-
bém, às vantagens específicas que cada país pode
oferecer a membros de organizações extremistas,
como facilidades de obtenção de documentos falsos
ou de acesso a seu território, além de movimentação,
refúgio e acesso a bens de natureza material e tecno-
lógica.
A descentralização das organizações extremistas
amplia sua capacidade operacional e lhes permite
realizar atentado quando as circunstâncias lhes fo-
rem favoráveis e onde menos se espera, para poten-
cializar o efeito surpresa e o sentimento de insegu-
rança, objetivos próprios do ato terrorista. Desse
modo, cidadãos e interesses de qualquer país, ainda
que não sejam os alvos ideais, em termos ideológi-
co-religiosos, podem servir de “pontes” para que
organizações extremistas atinjam, embora indireta-
mente, seus principais oponentes.
O novo cenário geopolítico no Pós-Guerra Fria
determinou a redução dos fundos destinados por
Estados a grupos terroristas. Após o 11 de setembro,
diversos dispositivos legais bloquearam bens e di-
nheiro de patrocinadores e organizações terroristas.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 5
Assim, estas recorreram às atividades criminosas, o
que resultou em alianças entre terrorismo e crime
organizado. Esses acordos levaram ao intercâmbio
de know-how específico, como: lavagem de dinhei-
ro, produção de explosivos e contrabando. Hoje,
esses grupos possuem características de ambos.
O terrorismo suicida pode ser visto, em princípio,
como um gesto de paixão e fanatismo. Todavia, não
se pode negar sua racionalidade, premeditação e
cálculo, tanto para destruir quanto para aproveitar-se
da mídia, sedenta de audiência. Este pode acontecer
a qualquer hora, em qualquer parte, e mina qualquer
forma eficaz de segurança preventiva. Homens-
bomba continuarão a ser utilizados, por serem de
baixo custo e causarem grandes danos materiais e
poderoso efeito moral no inimigo mais poderoso,
que está preparado apenas para a guerra convencio-
nal (LIMA, 2005).
De qualquer maneira, o terrorismo representa ris-
co para as nações e deve ser evitado. Certos grupos
podem atuar além das fronteiras nacionais, como o
fez a Al-Qaeda, em 11 de setembro de 2001, ao der-
rubar as torres do World Trade Center, em Nova
Iorque. Órgãos de Inteligência devem, portanto, pes-
quisar as causas profundas do terrorismo, estudar e
conhecer cada organização extremista em sua espe-
cificidade, de modo a levar às autoridades conheci-
mentos precisos e úteis à tomada de decisão.
A estruturação das redes terroristas não obedece a
uma formalidade. A formação de suas células carac-
teriza-se pela espontaneidade e é constituída por
parentes e amigos. As ações são desencadeadas a
partir das estruturas inferiores e são decididas local-
mente pela base, contribuindo para o baixo custo
operacional e financeiro. A rede apenas assume a
autoria do atentado. As células são pouco permeá-
veis à infiltração pelo fato de serem formadas em
torno de núcleos familiares ou de convívio social
prévio.
Uma visão bastante interessante é do Gen R/1
Álvaro Souza Pinheiro. Para este estudioso as atuais
organizações terroristas estruturam-se, de maneira
geral, em quatro níveis. O primeiro, a grande base
para os demais, é o do Apoio Passivo, que, normal-
mente, aproveita-se de idiossincrasias, tais como
bolsões de pobreza, corrupção, tráfico de drogas,
conflitos étnicos e religiosos, que se constituem em
oportunidades para cooptar simpatizantes nos diver-
sificados ambientes operacionais em presença. O
segundo é o do Apoio Ativo, o segundo maior e o
mais importante nível da organização terrorista, pois
é o braço de suporte que propicia meios de toda na-
tureza para a organização. Mantém canais de comu-
nicações, opera áreas de homizio, a Inteligência e a
Contrainteligência, além de assegurar que todas as
necessidades logísticas sejam atendidas. O terceiro
nível é o dos Quadros Ativos, braço armado da or-
ganização, responsável pelo planejamento e execu-
ção dos atentados. O quarto nível, o mais alto, é o da
Liderança, responsável pela definição das diretrizes
gerais e pelas ações estratégicas; via de regra, mani-
pula ideologias e filosofias, estabelecendo um ideá-
rio em seu próprio benefício.
Um aspecto importante do sistema de comando e
controle das mais relevantes organizações terroristas
na atualidade é que, embora enfatizando a disciplina
e a hierarquia nas suas estruturas, raramente apre-
sentará estruturas verticalizadas. De uma maneira
geral, toda a integração é efetuada por redes (net-
works). A própria Al Qaeda opera suas redes valen-
do-se de meios diversificados, desde correspondên-
cias pessoais e anúncios anônimos em jornais, até os
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mais sofisticados recursos disponíveis na tecnologia
da informação, telefones celulares e por satélite,
Internet, e-mails criptografados, videotapes e CD-
ROMs (read-only memory), dentre outros.
3 O BRASIL NO AMBIENTE TERRORISTA
3.1 O BRASIL E O CONTEXTO MUNDIAL
Analisando o cenário internacional, o nosso país
alcançou elevado desenvolvimento econômico nos
últimos anos. Tais fatos podem ser exemplificados
da seguinte maneira:
- foram descobertas jazidas de petróleo no
Pré-sal o que projeta o país como um dos grandes
produtores mundiais;
- o Brasil vive uma relativa estabilidade so-
cial em função da redução das desigualdades e da
pobreza extrema;
- em termos religiosos, predominam o cato-
licismo e as igrejas pentecostais de origem cristã;
- o país possui liderança regional no sub-
continente sulamericano, participando ativamente de
organizações como o Mercado Comum do Sul -
Mercosul, a Organização dos Estados Americanos –
OEA, e a União das Nações Sulamericanas – Una-
sul;
- o Brasil exerce liderança mundial na dis-
cussão de assuntos atuais como a reformulação do
Conselho de Segurança da ONU e os subsídios agrí-
colas concedidos nos Estados Unidos e Europa;
- o país compõe o “BRICS”, juntamente
com China, Rússia, Índia, China e África do Sul,
formando o grupo cujas economias serão as maiores
do mundo em 2030, segundo projeções do banco
Goldman Sachs;
- a nação é vista no restante do globo como
um local de turismo e liberdade sexual;
- o Brasil é um dos maiores exportadores
mundiais de commodities, principalmente grãos e
minérios;
- desde 2007, grandes eventos vêm ocor-
rendo em solo pátrio, como os jogos Panamericanos
(2007), Encontro da Juventude (2013), Copa das
Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e
Jogos Olímpicos (2016); e
- o Brasil passa a ser destino de vários tra-
balhadores europeus afetados pela crise econômica
que aflige o velho continente.
Verifica-se que o Brasil passou a fazer parte da
“sociedade de risco”, ou seja, aquela que se torna
alvo de algum objetivo por qualquer motivação, seja
ela religiosa, política ou outra. Nessa conjuntura, as
fronteiras do Brasil se alargaram sob os efeitos posi-
tivos e negativos da globalização.
3.2 A TRÍPLICE FRONTEIRA
Segundo a Polícia Federal do Brasil, existem
muitas histórias relacionando a cidade de Foz do
Iguaçu, maior da região, com o terrorismo. Porém,
nada que confirme tais acusações. A falta de fiscali-
zação das milhares de pessoas que cruzam diaria-
mente a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu à
Cidade do Leste, no Paraguai, é uma constatação
natural. O acesso livre de turistas para quem cruza a
ponte a pé ou se acomoda no interior de ônibus, car-
ros de passeio e motos é constante. Um ambiente
bastante propício para a disseminação de atividades
ilícitas.
3.3 A ESTRUTURA ANTITERROR NO BRASIL
A Secretaria de Acompanhamento e Estudos Ins-
titucionais – SAEI, do Gabinete de Segurança Insti-
tucional da Presidência da República – GSI/PR é,
atualmente, um dos principais órgãos do governo
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 7
federal responsável pelo desenvolvimento de estudos
estratégicos em torno da ameaça terrorista no Brasil.
Em parceria com outros órgãos, como a Polícia Fe-
deral, o Ministério da Defesa, o Ministério da Justi-
ça, o Conselho de Controle de Atividades Financei-
ras do Brasil – Coaf, a Receita Federal e a Agência
Brasileira de Inteligência – ABIN, no qual os setores
de inteligência desses respectivos órgãos estão inclu-
ídos, compõe o atual esquema de coordenação das
medidas anti e contraterror no Brasil.
O terrorismo internacional é pauta constante de
análise sistemática e pragmática da SAEI. A elabo-
ração do primeiro projeto de lei antiterror no Brasil
por essa Secretaria tomou força após o lançamento
da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008. Esta
prevê a ameaça terrorista em território nacional, pro-
jeta o Brasil para o centro das discussões internacio-
nais, lideradas por nações que já foram vítimas da
Al-Qaeda, do Hezbollah, do Hamas ou da Jihad Is-
lâmica.
3.4 O BRASIL NO AMBIENTE TERRORISTA
Os órgãos de inteligência brasileiros, entre eles a
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e a
Inteligência das Forças Armadas, afirmam que não
há registros de existência de grupos, células ou
atividades terroristas internacionais em território
brasileiro. Há indícios, porém, de que grupos
terroristas estejam realizando intercâmbio
“técnico”com organizações criminosas ligadas ao
narcotráfico, o que é possível visto que o modus
operandi dessas organizações nos recentes episódios
nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e de
materiais apreendidos em algumas favelas cariocas.
Em uma sociedade globalizada, alguns fatores
contribuem para a ocorrência de atentados. Entre
estes, estão a precariedade das medidas de segurança
e controle no Brasil, a facilidade de ingresso em
território nacional em virtude da grande extensão de
fronteiras terrestres e marítimas e a existência de
pontos de apoio constituídos por segmentos da
comunidade árabe-palestina nos estados de São
Paulo, Pará e Rio Grande do Sul, contrários às
políticas de paz com o Estado de Israel (acordo de
Oslo).
3.5 AS VULNERABILIDADES DO BRASIL
O Brasil apresenta 2 (dois) tipos de
vulnerabilidades: as estruturais e as conjunturais. As
primeiras destacam-se pela grande extensão de
fronteiras terrestres e marítimas (segundo dados do
Ministério da Defesa, o Brasil possui 17.5 mil
quilômetros de fronteiras terrestres com nove
tríplices fronteiras e 8 mil quilômetros de fronteiras
marítimas).
As vulnerabilidades conjunturais compreendem
os grandes vazios territoriais sem fiscalização e
controle, resultado da concentracão demográfica na
faixa litorânea do país, a falta de um plano de
emergência nacional contra terroristas, as
deficiências no controle de entrada, permanência e
saída de estrangeiros em território nacional,
deficiências de efetivos e equipamentos nas Forças
Armadas e na Polícia Federal e obstáculos na
legislação penal brasileira, que não tipifica o crime
de terrorismo.
Abaixo, enumeramos resumidamente alguns do
fatores de vulnerabilidade para a ocorrência de atos
terroristas ou presença de grupos internacionais,
segundo especialistas da Polícia Federal:
- densa malha viária, hidroviária,
aeroportuária e portuária;
8 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
- ausência do Estado em grandes extensões
do território nacional e deficiências dos instrumentos
de fiscalização e controle, notadamente em área de
fronteira;
- grande número de campos de pouso
clandestinos ou não controlados;
- mercado financeiro estável, o que
possibilita a lavagem de dinheiro;
- crescimento de organizações criminosas
ligadas ao narcotráfico e ao tráfico de armas;
- contato destas organizações criminosas com
grupos terroristas internacionais;
- despreparo técnico e deficiências
tecnológicas das polícias estaduais para atuar neste
tipo de crime.
3.6 PERSPECTIVAS DE ATAQUE TERRORISTA
NO BRASIL
Os atentados terroristas ocorridos na Embaixada
de Israel em 1992 e na Associação Mutual Israelita
da Argentina (Amia) em 1994, ambos em Buenos
Aires, ativaram, pela primeira vez, o alerta do órgão
de Inteligência do Brasil no tocante à presença e à
atuação de terroristas na América do Sul. País sofre
pressões para a adoção de medidas que visem a neu-
tralizar eventuais ameaças terroristas, incluindo o
aprimoramento do controle de estrangeiros e do en-
vio de recursos financeiros ao exterior.
As pressões internacionais para que o Brasil seja
um parceiro ativo das grandes potências no combate
ao terrorismo internacional já são sensíveis e tendem
a crescer. A participação nesse processo vai ao en-
contro dos interesses do País, de maior presença no
cenário mundial, inclusive com pretensões de assen-
to permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Nesse sentido, Buzanelli (2010, p. 44 – 49) elen-
cou dez situações que poderiam envolver o Brasil na
questão do terrorismo:
- atentado no exterior atingindo circunstanci-
almente nacionais ou interesses brasileiros, como no
caso do diplomata Sérgio Vieira de Mello, morto em
Bagdá;
- atentado no exterior contra nacionais, repre-
sentações oficiais ou empresas brasileiras, em fun-
ção do maior protagonismo do país na cena interna-
cional;
- atentado no Brasil contra alvos tradicionais
do terrorismo;
- atentado no Brasil por ocasião de mega e-
ventos;
- atentado no Brasil contra autoridades es-
trangeiras em visita;
- atentado no Brasil contra autoridades na-
cionais, no caso da busca pelo autor de notoriedade
súbita;
- atentado ou sabotagem contra infraestrutura
crítica e recursos essenciais, incluso o terrorismo
cibernético;
- atentado contra instalações e meios de
transporte, abastecimento ou lazer;
- utilização do território nacional como área
de homizio, trânsito, recrutamento e captação de
recursos; e
- reflexos das medidas antiterroristas adota-
das pelos países centrais.
Ademais, a noção de que o Brasil é um país
pacífico, com tolerância religiosa e racial, com for-
mação multirracial, conhecido como o país do car-
naval e do futebol, afastado política e geografica-
mente do foco de tensão dos grupos radicais islâmi-
cos, nada disso afastaria uma eventual escolha pela
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 9
execução de atentados no território nacional frente
às características do terrorismo.
4 A INTELIGÊNCIA NO AMBIENTE DO
TERRORISMO
4.1 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
A inteligência no contexto de terrorismo tem
como suas atribuições a obtenção, análise e
disseminação de conhecimentos necessários para
instrumentalizar o processo decisório nacional.
Portanto, no caso em questão, a inteligência é a
responsável pela identificação de células ou grupos
existentes no país, suas bases e regiões de homizio,
prováveis alvos e possibilidades de atuação,
financiadores, ligações com organizações criminosas
e outros segmentos da sociedade, apoiadores,
motivações para uma ação terrorista, elaboração de
conhecimentos e cenários prospectivos, entre outros.
Nesse sentido, um dos ingredientes de sucesso de
governos na luta contra o terrorismo nacional ou
internacional repousa em quatro fatores, amplamente
debatidos pela Comissão Federal dos EUA, que
analisou os episódios do 11 de setembro e apontou
falhas no sistema: (1) confiabilidade na qualidade
das análises e estimativas apresentadas por seus
orgãos ou sistema de inteligência; (2) que o produto
analítico não sofra influências políticas ou de outros
interesses; (3) a real capacidade desses órgãos na
coleta, busca e análise de dados; (4) o nível de
integração e cooperação destes, interna e
externamente, principalmente no que se refere ao
compartilhamento de dados, não obstante o fato de
que os cenários elaborados possam apresentar
divergências, o que seria natural pela diversidade
cultural e entedimento de seus diversos analistas.
Nesse último item, em especial, foi amplamente
discutida pelos integrantes da Comissão a agilidade
dos órgãos de inteligência em repassar os
conhecimentos elaborados às autoridades ou
organizações policiais que irão efetivamente
desencadear a operação de captura e prisão. Outro
fator de suma importância e missão da inteligência é
o interrogatório dos capturados sob a ótica do
levantamento da maior quantidade possível de dados
sobre o grupo, perfil, ligações e natureza,
excetuando-se o aspecto criminal.
De outra forma, também ficou evidente que,
mesmo com o desenvolvimento de altas tecnologias
e dos diversos ramos da atividade que se
complementam, como a inteligência de sinais e a
inteligência geoespacial (uso de satélites), ainda
assim o trabalho de fontes humanas jamais poderá
ser desprezado; ao contrário, assume de importância
ainda maior, pois são estas que irão processar e
analisar os dados que a tecnologia nos disponibiliza.
Portanto, o papel da inteligência é preponderante
não apenas como prevenção na busca de dados
objetivando a detecção e neutralização de ameaças,
mas também como ferramenta para a elaboração do
planejamento tático e estratégico, subsidiando com
informações a ação de grupos especializados e, em
seu sentido mais amplo, contribuindo na construção
de políticas institucionais abrangentes.
Logo abaixo apresentamos algumas variáveis
retiradas de um Estudo de Situação de Inteligência
da Agência Central de Inteligência (CIA) elaborado
na década de 1970 quando a prática de grandes
atentados terroristas por grupos nacionalistas. Por
sua complexidade nas técnicas de busca e coleta de
dados, podemos avaliar a necessidade e a
importância do assessoramento da área de
10 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
inteligência para a tomada de decisões tanto no
plano tático como no estratégico.
4.1.1 O levantamento de dados para análise
Os elementos a serem considerados estão
divididos em oito variáveis, tais como características
do grupo, doutrina e tendência, base interna,
características de eventos, características do meio
local, características do cenário global,
interdependência, mudanças sociais e econômicas e
ambiente político.
Quanto às caracteristicas do grupo: é necessário
conhecer o nome da organização ou quem controla
seus membros; país de origem e o relacionamento
com o governo do país de origem, tamanho e
extensão, lideranças e a formação de seus
integrantes no que concerne à média de idades, o
grau de escolaridade e qualificação profissional.
Quanto à doutrina e tendências: a tipologia básica
com particularidades como questões étnicas,
religiosas, linguísticas e regionais, o nacionalismo, a
ideologia e tendência ou não ao anarquismo, a
posição política (esquerdismo radical, comunismo
ortodoxo, extrema direita ou extrema esquerda) e
patologias.
Quanto à base interna são levantados dados sobre
o alcance do apoio e simpatia popular, ligação com
organizações sociais, políticas ou criminosas e
relacionamentos com outros grupos. Também são
necessários dados sobre as ligacões externas com
outros grupos terroristas internacionais ou
transnacionais e governos estrangeiros.
No item características dos eventos busca-se
avaliar o local dos incidentes e a natueraza da ação.
Neste último avalia-se: sequestro, tomada de reféns,
se houve explosão e qual o tipo de carga ou aparelho
detonador, se foram enviadas em cartas ou
encomendas; se houve assaltos armados ou
emboscadas e o tipo de armamento utilizado; se
houve sequestro ou desvio de aeronaves, navios ou
outros meios; se a ação foi por incêndio criminoso,
assassinatos ou mutilação; e se a ação ocorreu por
poluição química, bacteriológica ou radiológica.
No que concerne a esse item em particular, consta
ainda a quantidade e a nacionalidade das vítimas e
dos terroristas, a natureza das exigências
(publicidade, libertação de prisioneiros, pagamento
de resgate, ação ou mudança política), o alvo das
exigências (se governos, empresas ou organizações
internacionais) e duração dos incidentes (atitudes da
pessoas e de autoridades governamentais, até onde
foram satisfeitas as exigências dos terroristas,
extensão dos danos e governos que concederam asilo
aos terroristas).
Quanto às características do ambiente local: tipo e
eficiência da repressão governamental, tradições e
atitudes da sociedade em relação à autoridade e a
violência, homogeneidade da população, níveis de
descontentamento popular e divergências internas,
nível de desenvolvimento socioeconômico,
industrialização, urbanização, alfabetização e
escolaridade da população, desníveis sociais
(distribuição de renda, restrições a mobilidade social
e política).
Quanto às características do cenário global: são
analisados aspectos do progresso tecnológico, com
armamentos sofisticados, sistemas de comunicação
(alcance e influência), comércio internacional de
armas, ações para combater o contrabando de armas,
insumos e produtos químicos disponíveis, entre
outros. Na variável interdependência são verificadas
as vulnerabilidades mais recentes, os sistemas de
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 11
transportes, centro comerciais e de comunicações,
para avaliar posteriomente a probabilidade de serem
futuros alvos da ação terrorista. Aqui, busca-se
identificar o surgimento de novas ideologias,
insatisfações, grandes concentrações de pessoas e a
taxas de imigrantes legais e ilegais.
No ambiente político são consideradas alterações
nas prioridades e valores da sociedade, a diluição ou
desgaste da autoridade governamental, o aumento de
organizações internacionais e agentes estrangeiros
que poderão fornecer apoio moral e material,
acordos, tratados e convenções nacionais e
internacionais relacionadas à atividade terroristas,
comportamentao dos países que apoiam os grupos
ou células terroristas, contatos e cooperação entre
grupos terroristas.
A partir da análise desses dados é possível a
utilização da técnica de estudo de cenários e torna-se
mais fácil o assessoramento da inteligência na
tomada de decisões governamentais, pois possui
potencial de uma ação terrorista futura.
4.2 A CONTRAINFORMAÇÃO
A contrainformação é uma das principais estraté-
gias adotadas pelos serviços de inteligência que
combatem o terrorismo. O seu significado forma
uma ponte entre a manipulação da verdade e a dis-
simulação por meio de estratégias que confundem,
iludem e mascaram as reais intenções de uma pesso-
a, grupo ou instituição.
Porém, a contrainformação é também utilizada
por ideólogos terroristas para obter apoio popular às
suas ações. Descobrir o que existe na mente de terro-
ristas é o maior desafio de um Estado, afinal nunca
se sabe, até que seja colocado em prática, quando
acontecerá um novo atentado liderado por organiza-
ções que se utilizam do terrorismo para difundir sua
ideologia ou outros grupos fundamentalistas.
Um dos principais objetivos dos líderes terroristas
é a dissimulação de suas reais intenções, sempre
manipulando a verdade, normalmente apoiados por
um séquito de simpatizantes. O fator surpresa é a
única certeza que oferece vantagens para a elabora-
ção de seus planos ocultos.
4.3 A INTEGRAÇÃO BRASILEIRA DEFICIENTE
A integração entre os serviços de inteligência de
diferentes órgãos civis e militares, federais e estadu-
ais, no combate ao terrorismo no Brasil, carece de
melhorias. O Exército Brasileiro (EB) ainda se rela-
ciona pouco com o Ministério da Justiça. O mesmo
ocorre com a Polícia Federal. Os Órgãos de Segu-
rança Pública (OSP) Estaduais, por sua vez, mantêm
certa aproximação com o EB, mantendo um vínculo
amistoso respeitoso e funcional, mas não o suficien-
te para permitir a integração necessária para tratar o
assunto. Da mesma forma, o EB pouco se relaciona
com as Polícias Civis.
4.4 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO
COMBATE AO TERROR
Cabe às agências de inteligência o papel primor-
dial no que concerne à coleta de dados e a produção
de conhecimento para combater o terrorismo. A a-
meaça terrorista necessita ser rastreada e identificada
em tempo oportuno para que o comandante em um
teatro de operações possa avaliar o grau de sua ame-
aça e decidir quanto a melhor maneira de neutralizá-
la.
A tarefa de coletar dados se tornou um paradoxo.
Hoje em dia a facilidade de se obter dados de pesso-
as e instituições contrasta com a elevada quantidade
de informações disponíveis. Por conseguinte, cresce
12 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
o papel de um analista que possa filtrar e extrair o
que é relevante para as operações contraterror. Além
disso, o analista determina se o dado é fidedigno, a
sua importância e o seu valor. Assim, colabora com
os comandantes, facilitando o processo decisório e
mostrando a sua relevância ao sistema de segurança.
5 CONCLUSÃO
A partir de uma análise de risco de ameaças, em
função das conjunturas global, regional e nacional, é
plausível levantar-se a ameaça terrorista exógena,
materializada por grupos terroristas transnacionais
contemporâneos. Estes, normalmente de origem
fundamentalista islâmica, lançariam seus atentados a
partir de plataformas terrestres limítrofes ao territó-
rio nacional, com destaque para a região da Tríplice
Fronteira. O conflito armado do Século XXI está
sendo e será o Conflito Irregular Assimétrico, onde
se enquadra o terrorismo. Dessa forma, as ações anti
e contraterror podem ser assim definidas:
- existência de um eficiente e eficaz sistema
de Comando e Controle, por meio da integração de
agências governamentais e Forças Armadas, defi-
nindo responsabilidades e criando uma hierarquia de
trabalhos, obedecendo ao princípio da Unidade de
Comando, que pode ser conferido ou a um órgão
civil ou mesmo diretamente às Forças Armadas;
- esse sistema de Comando e Controle tem
por finalidade garantir a eficácia dos trabalhos den-
tro do mais completo ambiente operacional intera-
gências;
- essa integração visa a incrementar a quali-
dade de dados e informações, resultando em uma
consciência situacional muito mais acurada e numa
sincronização das três funções operacionais científi-
co-tecnológicas básicas: o sensoreamento, o proces-
samento e a atuação;
- o apoio de Inteligência possibilita aos co-
mandantes, em todos os níveis, a manutenção da
iniciativa das ações, conservando uma postura ;
- o estabelecimento de Centros Nacionais
Conjuntos de Combate ao Terrorismo, assim como
feito em países como os Estados Unidos, Reino Uni-
do, Alemanha, França, Rússia e Áustria, adotando
como seu ponto focal a atividade de Inteligência,
num ambiente de prevenção e combate ao terroris-
mo. Esses centros são organizações governamentais
especificamente responsáveis pela análise e integra-
ção das informações de todos os matizes, tanto refe-
rentes às células terroristas, quanto às atividades
básicas de Antiterrorismo, Contraterrorismo e admi-
nistração de consequências pós-ataques. São conce-
bidos para operar como verdadeiros centros de Pla-
nejamento de Inteligência Conjunta;
- especial atenção deve ser dada à análise de
risco de ameaça, na medida em que se constitui no
documento que inicia todo o processo de planeja-
mento e execução das atividades de prevenção e
combate ao terrorismo. Deve responder aos Elemen-
tos Essenciais de Inteligência nos questionamentos
referentes à lideranças, motivações políti-
co/ideológicas/religiosas/étnicas, "modus operandi"
usuais, capacitação operacional, fonte de recursos,
etc;
- atualmente, a análise de risco de ameaça
determina um impositivo intercâmbio com agências
de Inteligência de outros países; e
- deve-se determinar o Coordenador da A-
ção Contraterrorista - CACT, que deve ser assesso-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 13
rado por um Estado-Maior específico para o ambien-
te operacional em que atua, a fim de manter o prin-
cípio da Unidade de Comando.
As ameaças existentes atualmente já seriam
suficientes para que o tema terrorismo fosse tratado
no Brasil com o máximo rigor e preocupação. Toda-
via não é exatamente esse ambiente que se percebe.
Na verdade, o que se observa, é que mesmo no nível
do Governo Federal, e de uma maneira geral, na
sociedade, há uma crença de que o país está imune a
esse tipo de problema. Que o território nacional está
protegido por uma falsa sensação de afastamento
físico dos focos dos conflitos armados que se preci-
pitam nos cinco continentes.
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Terror. Rio de Janeiro: Ed. Apicuri, 2010.
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68.
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(reservada): Atividade de Inteligência Militar - 1ª Parte (Con-
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Estudos de Pessoal. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais: Rio
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PINHEIRO, Álvaro de Souza. A Prevenção e o Combate ao
Terrorismo no Século XXI. CEE ECEME: Rio de Janeiro,
2010.
WOLOSZYN, André L. Terrorismo Global. Rio de Janeiro:
Bibliex, 2010.
14 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
LUIZ OCTÁVIO CARVALHO DE PENNA 1
EMERSON DA SILVA MORAES 2
JOÃO GUSTAVO B. DE ALBUQUERQUE 3
PABLO OURTHE CABALE 4
1 Oficial FN da Marinha do Brasil - Mestre em Ciências Navais
(EGN).
2 Oficial de Engenharia do Exército Brasileiro - Mestre em
Ciências Militares (ECEME).
3 Oficial de Artilharia do Exército Brasileiro - Mestre em
Ciências Militares (ECEME).
4 Oficial do Exército da República Oriental do Uruguai.
1 INTRODUÇÃO
O processo de globalização, ocorrido a partir do
fim dos anos 70, implicou, sem sombra de dúvida,
em aumento dos riscos à segurança nacional, pois
passou a existir um caráter não tradicional. A situa-
ção tornou-se ainda mais complexa depois dos ata-
ques de 11 de setembro, que ocasionaram uma mu-
dança significativa nas relações entre as operações
militares e os meios de comunicação em massa, nes-
te, inclusos, os novos meios de tecnologia da infor-
O APOIO DA INTELIGÊNCIA NO LEVENTAMENTO DOS STAKEHOLDERS NAS
OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO
RESUMO
Apresenta uma visão sobre a definição das Operações de Informação dentro de um contexto da reali-
dade brasileira, com o intuito de atender as demandas dos conflitos de Quarta Geração. Demonstra o impacto
do gramscismo na opinião pública brasileira e nos meios de comunicação tradicionais e nos virais. No decor-
rer do trabalho, apresenta uma definição da Teoria dos Stakeholders adaptada pelos autores à realidade do E-
xército Brasileiro, bem como uma visão de como trabalhar com o apoio de stakeholders para controlar o am-
biente informacional com menos custos e com maior aceitabilidade pela sociedade e pelos meios de comuni-
cação de massa. Discorre sobre como a Inteligência pode apoiar as Operações de Informação por intermédio
da produção do conhecimento e do monitoramento dos stakeholders. Discorre como seria o apoio da Inteli-
gência nesta produção do conhecimento sobre os stakeholders apoiando as Operações Psicológicas, os Assun-
tos Civis, as Operações Interagências, a Guerra Cibernética, a Guerra Eletrônica e a Comunicação Social. En-
fatiza a importância da fonte humana de Inteligência na produção de conhecimento sobre os stakeholders. Tra-
ta da viabilidade e da exequibilidade do apoio de Inteligência às Operações de Informação. São abordadas
possibilidades de atuação da Inteligência nas Operações de Informação, com enfoque nos stakeholders. Enfa-
tiza a importância dos RCN e dos EEI no levantamento de dados. Aborda a crescente importância das fontes
abertas na produção de conhecimentos sobre o stakeholders. Descreve a relevância do Apoio de Inteligência
às Operações de Informação. Para comprovar as ideias desenvolvidas ao longo do trabalho, realizou-se ampla
pesquisa. Por fim, na conclusão, analisa e ratifica as hipóteses levantadas ao longo do trabalho, enfatizando a
exequibilidade do apoio da Inteligência no levantamento e monitoramento de stakeholders, bem como a im-
possibilidade de conduzir este tipo de operação sem o apoio decisivo da Inteligência.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 15
mação (TI). Este atentado, episódio que é um marco
na história da humanidade, trouxe à tona uma cruel e
degradante ameaça que se caracteriza por não ter
limites, estratégias ou objetivos definidos, mas que
se caracteriza em impactar as sociedades de forma
transnacional.
O surgimento deste tipo de ameaça não tradicional,
que utiliza as tecnologias da informação em escala
global para alcançar grandes massas populacionais,
inclui-se no que se denomina Guerras de IV Gera-
ção. Thomas X. Hammes5 define como “uma com-
plexa arena de conflito de baixa intensidade. (…).
Abrangem o espectro político, social, econômico e
militar e envolvem agentes nacionais, internacionais,
transnacionais e subnacionais”.
Por isso, as Operações de Informação têm, cada
vez mais, ocupado um papel central nos diversos
Teatros de Operações pela importância crescente de
se controlar o fluxo de informações e seu impacto
nas operações militares.
Um exemplo disto são as mídias sociais, em seus
diversos vetores e a sua capacidade viral de trans-
missão da informação, verdadeira ou manipulada,
em tempo real a qualquer parte do mundo. Este am-
biente favorece, cada vez mais, o “comunicador sem
face”.
Neste ambiente difuso no qual as forças militares
estão se tornando crescentemente dependentes dos
meios de tecnologia da informação e que têm de
atuar conjuntamente com outras forças militares e
5 Guerra de quarta geração (Fourth Generation Warfare –
4GW) é o termo usado pelos analistas e estrategistas militares
para descrever a última fase da guerra na era da tecnologia da
informação e das comunicações globalizadas.
com outros atores estatais e não-estatais e que, ain-
da, são influenciadas decisivamente pela opinião
pública nacional e internacional, faz-se mister con-
trolar, influenciar ou redirecionar o fluxo de infor-
mações em prol dos objetivos militares das forças
que atuam, dentro e fora do Teatro de Operações.
Não se fazem mais guerras sem o apoio da opinião
pública. Vivemos a “ditadura da democracia”.
Restrições de ordem política, econômicas, morais e
legais para as forças militares podem ser controladas
ou relativizadas com uma bem-sucedida Campanha
de Informações. Basta, na história recente, obser-
varmos o caso da Guerra dos Balcãs, considerado
um dos primeiros casos de emprego moderno das
Operações de Informação. Os líderes do governo
semearam o medo e a paranoia entre os sérvios-
bósnios, que, por sua vez, desenvolveram um ódio
violento contra os de etnia bósnia e croata na antiga
Iugoslávia, o que ajudou a convencer os sérvios que
eles estavam, de fato, lutando pela sua sobrevivência
como um povo. Embora essas mensagens fossem
extremamente eficazes entre os sérvios, estes fracas-
saram em influenciar atores externos ao conflito, o
que ocasionou sua derrota, sem que tivessem sofrido
reveses militares significativos durante a guerra ci-
vil.
No Brasil, a situação é ainda mais complexa. Os
meios culturais e a mídia sofrem forte intervenção,
causada pela infiltração gramscista6. Desta forma,
6 Gramscismo deriva das ideias do filósofo comunista italiano
Antônio Gramsci. Procura implantar o marxismo com os ativis-
tas comunistas se infiltrando nos meios jornalísticos, na mídia,
na religião, na política, nos meios educacionais reescrevendo a
História e contando no lugar dela uma história mentirosa para o
povo pensar que o comunismo sempre foi apoiado pelo povo.
16 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
são incapazes de ver e esclarecer à população brasi-
leira dos perigos que o País corre e as demandas que
têm de ser atendidas para a consecução dos Objeti-
vos Nacionais Permanentes (ONP)7.
Mas mesmo o atendimento dos ONP, por mais ób-
vios que sejam, são relativizados pelos óbices cria-
dos. Estes óbices podem ser caracterizados pela
atuação de ONGs, grupos ambientalistas, movimen-
tos de pressão, dentre outros. Essas organizações
procuram respaldo em temas de grande aceitação
popular e, muitas vezes, atendendo aos objetivos de
outras nações, com o intuito de criar uma opinião
pública contrária à consecução dos ONP. As opera-
ções militares não fogem desta realidade.
Nos conflitos de Quarta Geração é fundamental a-
tuação preventiva, com o intuito de neutralizar a
propaganda adversa e obter atitudes positivas da
opinião pública para com as operações militares,
neste ambiente operacional caracterizado por ser
extremamente sensível e complexo.
A segunda guerra do Golfo foi o palco para o de-
senvolvimento de uma nova doutrina para gerenciar
o processo de obtenção do domínio da informação,
denominada Operações de Informação.
A despeito de ainda não haver um consenso do que
sejam Operações de Informação no Exército Brasi-
leiro, pode-se considerar as Operações de Informa-
ção como o conjunto de atividades empreendidas por
atores militares e não militares para formar uma
concepção básica do conflito ou da situação e, por-
7 De acordo com a doutrina da Escola Superior de Guerra,
Objetivos Nacionais Permanentes (ONP) são objetivos nacio-
nais que perduram no tempo. São seis: Democracia, Soberania,
Paz Social, Progresso, Integração Nacional e Integridade do
Patrimônio Nacional"
tanto, afetar as atitudes e os comportamentos do pú-
blico-alvo de modo a favorecer as operações milita-
res amigas e / ou dificultar que a força inimiga ou
adversa consiga estes mesmos objetivos. Alguns
exemplos de atividades de Operações de Informação
incluem contatos com stakeholders,, distribuição de
produtos como panfletos e folhetos, ACISO, conta-
tos e entrevistas com órgãos da imprensa, anúncios
pela televisão e rádio, disseminação de informações
pela internet e qualquer outra atividade que promova
a disseminação de informações e, principalmente, de
ideias.
Desse modo, as Operações de Informação encetam
uma gama variada e diversificada de atividades mul-
tidisciplinar que contribuirão para a identificação,
exploração, análise e sensibilização dos públicos
alvos. Embora ainda não haja uma visão totalmente
consolidada no Ministério da Defesa Brasileiro, po-
demos incluir as seguintes atividades militares que
darão suporte as Operações de Informação:
• Informações Públicas (Comunicação Social);
• Operações Psicológicas;
• Guerra Cibernética;
• Inteligência;
• Guerra Eletrônica;
• Operações Interagências;
• Assuntos Civis
Pode-se observar que as Operações de Informação
são complexas e multidisciplinares. Mas, existe um
componente que é a base de todas as Operações de
Informação que é o ser humano, haja vista que este é
o ente a ser influenciado.
As Operações de Informação necessitam de conhe-
cimentos para serem planejadas e conduzidas. Nesse
quesito a inteligência contribuirá por intermédio da
obtenção, em operações de inteligência, na coleta,
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 17
nas fontes de qualquer natureza, com especial aten-
ção as novas mídias e ao ambiente cibernético. O
processamento rápido dos dados obtidos, sua poste-
rior análise e difusão oportuna, permitirão aos Co-
mandantes que conduzem as Op Info a possibilidade
de trabalhar novos públicos-alvo e a explorar capa-
cidades críticas do adversário.
2 O PROBLEMA
As Operações de Informação são complexas e mul-
tidisciplinares. Além da necessidade de integração
de diversos atores, elas ainda estão sujeitas ao ampa-
ro legal brasileiro e pela limitação de meios, doutri-
na e estruturas do Exército Brasileiro.
O grande questionamento na condução das Op Info
é como impactar o componente humano de uma
forma mais eficaz e com poucos recursos? As em-
presas já se utilizam da Teoria dos Stakeholders a
mais de trinta anos para realizar ações com cunho
similar, seja para vender um produto, seja para esva-
ziar grupos de pressão.
Questiona-se, então, como a Inteligência pode atu-
ar de forma a contribuir decisivamente para as Ope-
rações de Informação, atuando sobre este componen-
te fundamental, os stakeholders, favorecendo nossas
operações militares, dentro e fora do Teatro de Ope-
rações, e tornando o ambiente psicossocial hostil às
forças adversas?
Diante do problema a Inteligência pode contribuir
para as Operações de Informação levantando dados
negados sobre stakeholders que possam impactar
nas operações, permitindo assim o levantamento de
indicadores de impacto previstos nos planos.
Verifica-se também a adequabilidade do emprego
da Inteligência como um meio de neutralização das
ações adversas, por meio de um acompanhamento
sistematizado das Forças Adversas
A obtenção de dados que atendam os indicadores
de impacto levantados nos Planos de Campanhas e
no Plano de Comunicação Social é outra contribui-
ção da Atividade de Inteligência nas Op Info.
3 OS STAKEHOLDERS E AS OPERAÇÕES DE
INFORMAÇÃO
O termo inglês stakeholder designa uma pessoa,
grupo ou entidade com legítimos interesses nas a-
ções e no desempenho de uma organização ou soci-
edade e cujas decisões e atuações possam afetar,
direta ou indiretamente, essa outra organização ou
sociedade. Estão incluídos nos stakeholders os fun-
cionários, gestores, proprietários, fornecedores, cli-
entes, credores, Estado (enquanto entidade fiscal e
reguladora), sindicatos e diversas outras pessoas ou
entidades que se relacionam com a organização ou
que tenham impacto sobre suas ações.
Para que se possa entender a influência e o alcance
do poder de influenciação destas pessoas ou organi-
zações, tratar-se-á superficialmente sobre a Teoria
dos Stakeholders, para que se possa entender como
estas pessoas ou organizações são importantes para
as Op Info e como a Inteligência pode apoiar as Op
Info atuando sobre os stakeholders.
Em 1984, Freeman publicou o livro Administração
estratégica: a abordagem da parte interessada, no
qual definiu stakeholder como “qualquer grupo ou
indivíduo que foi afetado ou pode afetar a realização
dos objetivos da organização”. Como observado
pelo autor, esse objetivo refere-se à sobrevivência da
organização. Para ele, cada organização possui sta-
keholders específicos. Essa deve identificá-los e
incluir seus interesses em suas decisões estratégicas.
18 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
O termo stakeholder apareceu, pela primeira vez,
no trabalho do Standard Research Institute – SRI
(agora SRI International) na década de 1960, e esse
trabalho via o apoio dos stakeholders como um dos
principais componentes do sucesso de uma empresa.
A Teoria dos Staheholders é hoje universal nas
empresas. Os críticos não a desconsideram, mas a-
penas apresentam formas diferentes de interpretá-la.
Estas pessoas ou instituições têm a capacidade de
direcionar ou influenciar o comportamento e as ati-
tudes de muitas outras, gerando um efeito compor-
tamental exponencial.
Embora os conceitos sejam inicialmente semelhan-
tes, o stakeholder é muito diferente de um líder. Na
verdade, o primeiro abrange e engloba o segundo.
Dentro do arquétipo militar é muito comum esta
associação. O líder é um stakeholder, mas a maioria
dos stakeholders não são líderes. Inclusive, um líder
pode ser influenciado por diversos stakeholders. Um
comerciante, um médico ou mesmo uma instituição
ou empresa, podem ser stakeholders. Qualquer pes-
soa ou entidade que impacte nossas operações é um
stakeholder.
Num ambiente de operações militares de quarta ge-
ração existem relações de interdependência entre
estes diversos componentes (stakeholders) e a tropa.
Estas relações são marcadas por influências recípro-
cas que resultam em um maior ou menor impacto
nas operações. Esta reciprocidade deve ser estudada
e o decisor deve ter mecanismos para mudar esta
influência recíproca quando ela é considerada desfa-
vorável.
Apenas como forma de se vislumbrar o emprego
desta Teoria nas operações militares, a figura abaixo
ilustra os possíveis stakeholders macro de uma ope-
ração militar:
Figura 01 – Modelo da Teoria dos Stakeholders de Frelman,
adaptado pelo autor para a realidade de uma operação militar
Fonte: os autores.
Os stakeholders estão efetivamente envolvidos na
operação, seja de forma direta, seja de forma indire-
ta. Eles têm interesses que podem ser positivamente
ou negativamente afetados pela execução da opera-
ção. Eles podem, ainda, exercer influência sobre a
obtenção dos materiais de emprego militar necessá-
rios às operações, sobre os membros do estado-
maior, sobre as tropas ou sobre a capacidade de atu-
ação da opinião pública.
Podemos verificar que são diversos os stakeholders
e que é difícil harmonizar todos os interesses em
jogo. Os stakeholders internos são a cadeia de co-
mando, o estado-maior, os comandantes de fração,
oficiais em geral, praças em funções chaves, além
das lideranças no seio da tropa. Já os stakeholders
externos são todos aqueles que podem influenciar a
atuação de uma determina tropa em operações. Po-
dem ser desde políticos até integrantes de determi-
nada comunidade.
Operação
Militar
Comando da
Operação
Comunidade
local
Governo
Brasileiro
Comunidade
Internacional
Militares
envolvidos Fornecedores
Empresas
terceirizadas
ONGs sociais e
ambientais
Escalão Superior
Governos
Estrangeiros
Agências
Governamentais ONU e suas
agências
Mídias
tradicionais e
cibernéticas
Poder Judiciário
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 19
4 A INTELIGÊNCIA, STAKEHOLDERS E O-
PERAÇÕES PSICOLÓGICAS
O impacto das ações psicológicas num cenário de
conflito de 4ª Geração é saturado pela atuação dos
mais diversos stakeholders.
De acordo com o Departamento de Defesa dos Es-
tados Unidos, as Operações Psicológicas são o nú-
cleo central (core) das Op Info. No entanto, as Op
Psc estão intimamente ligadas à Inteligência, pois
sem a qual é impossível planejar e conduzir um Pla-
no de Campanhas bem sucedido.
As Op Psc exigem um planejamento prévio e mi-
nucioso, muitas vezes demorado. Essas operações
devem estar integradas no planejamento do maior
escalão das forças militares presentes no Teatro de
Operações.
Dessa forma, faz-se mister realizar um levantamen-
to dos stakeholders presentes na operação. A célula
de Op Info deverá levantar quais são os interesses
envolvidos, quem será impactado e quem poderá
impactar as operações.
A partir daí, é necessário categorizar os stakehol-
ders. Um exemplo de como se faria isto seria separá-
los por categorias, identificando seu trabalho, res-
ponsabilidades, área de atuação, pessoas influencia-
das, capacidade de impacto nas operações. Para i-
dentificar seu papel e responsabilidades, dever-se-á
criar um Repertório dos Conhecimentos Necessários
para facilitar o monitoramento de cada categoria de
stakeholders, e por conseguinte produzir conheci-
mentos sobre esses públicos.
Com estes conhecimentos em mão, a célula de Op
Info poderá iniciar um planejamento de como atuar
para reforçar comportamentos desejáveis, ou para
evitar ou limitar sua capacidade de impacto negativo
ou ainda para realizar a gestão das partes interessa-
das nas operações. A adoção dessas medidas permi-
tirá o julgamento de quem são os principais stake-
holders com base em sua capacidade de influênciar
nas operações. A partir daí, será necessário priorizar
as Op Psc com foco nos stakeholders com capacida-
de de influenciar nas operações.
É sempre necessário preparar um plano de acom-
panhamento dos stakeholders. Este plano seria geri-
do pela célula de Info. As campanhas de Op Psc
incluiriam estas pessoas como públicos-alvo priori-
tários, seja para reforçar sua influência, seja para
eliminar ou reduzir sua capacidade de influenciação,
de acordo com os objetivos da operação.
A Inteligência deve acompanhar continuamente os
stakeholders que influenciam os públicos-alvo espe-
cificados nos planejamentos para manter o conheci-
mento sobre os stakeholder atualizado. Outro produ-
to que a Inteligência pode fornecer às Op Psc, num
contexto de Op Info, é o de oferecer um feedback
sobre as reações do grupo de controle sobre o resul-
tado obtido com as mensagens de Op Psc e se houve
mudança no comportamento dos stakeholders moni-
torados. A atuação afinada e pontual da estrutura de
intelgiência nas operações, oferecendo os conheci-
mentos necessários e oportunos com a Turma de
Avaliação do Destacamento de Operações Psicoló-
gicas se reveste de fundamental importância para as
Operações em curso. Além disso, a Inteligência pode
obter preciosos dados por intermédio de interrogató-
rios de prisioneiros de guerra, elementos adversos
presos, desertores das forças amigas que depois de
analisados e sintetizados servirão para avaliar, pla-
nejar e executar operações psicológicas em tempo
real e verificar a eficácia das operações em curso,
bem como atualizar o quadro sobre os principais
stakeholders.
20 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Os planejadores de Op Psc devem envidar esforços
para suas necessidades de inteligência sejam difun-
didas as estruturas de inteligência de forma oportuna
de modo que os dados possam ser buscados, proces-
sados e difundidos em tempo hábil. Quando apropri-
ado, os operadores psicológicos também devem i-
dentificar as lacunas de conhecimento para que ge-
rem outras necessidades de inteligência para reorien-
tar o esforço de busca das fontes de diversas nature-
zas para a produção de conhecimentos relevantes e
oportunos sobre os stakeholders.
O Oficial de Inteligência do grande comando em
presença na área de operações também pode auxiliar
o oficial responsável pelo planejamento das Op Psc-
na preparação do Plano de Busca, principalmente na
definição dos Elementos Essenciais de Inteligência
que tenham requisitos específicos e, após a consoli-
dação e das informações obtidas, pode auxiliar na
produção de conhecimentos atinentes aos stakehol-
ders.
Não há hoje nenhum estudo no Brasil que quantifi-
que em estatística qualitativa e quantitativa os im-
pactos da atuação integrada da Inteligência com as
Operações Psicológicas. Com a criação do Sistema
Operacional Informação alguns estudos estão em
andamento, mas, de acordo com a pesquisa realizada
pelos autores deste trabalho, nenhum aborda a sis-
temática de como se daria esta integração. Não há,
pois, medidas de eficácia comprovadas desta inte-
gração.
A abordagem das Op Psc enfocando os stakehol-
ders diminui as limitações legais e materiais impos-
tas ao Exército Brasileiro e permite um apoio inte-
gral da Inteligência às Op Psc num contexto de Op
Info.
5 OPERAÇÕES INTERAGÊNCIAS
Segundo o Manual MD 33 M-12 (2012), “Agên-
cia” é uma organização ou instituição com estrutura
e competência formalmente constituídas, podendo
ser governamental ou não, militar ou civil, nacional
ou internacional. Seguindo o citado conceito, as “O-
perações Interagências” são a interação das Forças
Armadas com outras agências com a finalidade de
conciliar interesses e coordenar esforços para a con-
secução de objetivos ou propósitos convergentes que
atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de
ações, a dispersão de recursos e a divergência de
soluções com eficiência, eficácia, efetividade e me-
nores custos.
A Inteligência pode contribuir para as Operações
Interagências buscando dados e produzindo conhe-
cimentos sobre stakeholders que tenham potencial
para impactar ou até impossibilitar a realização des-
sas operações.
A Força Terrestre (FT) pode operar em Operações
Interagências como única força armada presente ou,
também, em Op Cj coordenada pelo Ministério da
Defesa (MD). Atualmente, por imposição do próprio
MD, as ações da FT são, em sua maioria, de forma
conjunta com as outras forças, o que caracteriza essa
forma como a maior probabilidade de emprego em
Op Interagências.
O conceito de processo interagências estabelece
uma visão clara de orientação de esforços visando a
alcançar objetivos convergentes. Durante uma Ope-
ração Interagências, os stakeholders podem impactar
o desenrolar dessa operação, atuando sobre os meios
de comunicações. Um stakeholder pode, facilmente,
ser oriundo da mídia televisiva, impressa ou radio-
fônica, atividades que geralmente são exercidas por
fortes formadores de opinião.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 21
A inteligência pode levantar com antecedência,
desde que devidamente orientada, os dados de sta-
keholders dos meios de comunicação que tem poten-
cial para prejudicar as Operações Interagências. Da
posse dos conhecimentos produzidos a partir dos
dados obtidos o comando da operação pode agir
sobre esse formador de opinião de várias formas.
Uma dessas formas é utilizar as Operações Psicoló-
gicas para influenciar o pensamento do stakeholder,
fazendo com que ele atode atitude de apoio a opera-
ção. Outra forma é utilizar a Guerra Cibernética para
evitar as transmissões de mídia que prejudicam as
ações do Comando Cj.
As ONG são outros atores que poderão atuar em
uma operação interagências. Essas organizações têm
como características sua independência, sua diversi-
dade e sua flexibilidade. Elas possuem uma capaci-
dade de responder rápida e eficazmente às crises,
contribuindo na reduzição as demandas de recursos
que são necessários para a operação.
As organizações não governamentais, geralmente,
possuem vários contatos locais na área de operações
e, por esse motivo, são uma valiosa fonte de dados
sobre as atitudes do governo local e da população
durante uma Operação interagências. O EM Cj deve
explorar o conhecimento dessas organizações, jun-
tamente com o de outras agências presentes na área
de operações com a finalidade de levantar e identifi-
car problemas locais que devem ser levados em con-
ta no contexto das Op Interagências.
Entretanto, a obtenção de dados disponíveis nas
ONG deve ser realizada sempre com ressalvas, pois,
quase sempre existem stakeholders dentro dessas
organizações que possuem imensa influência em
uma determinada localidade e que podem prejudicar
as operações interagências. A identifição desses in-
divíduos influentes, podem ser realizadas por um
trabalho sistemático de Inteligência visando a obten-
ção dos dados necessários dos stakeholders dentro
das ONG. Após a obtenção dos dados necessários,
as Op Psc podem atuar visando a influenciar o pen-
samento do stakeholder menos sensível, para que ele
deixe de prejudicar a operação.
Dentre as Operações Interagências, destacam-se as
Operações ÁGATA, que têm atuado em toda a faixa de
fronteira brasileira, com intuito de combater os delitos
transfronteiriços e ambientais. Atualmente, já está em
sua sétima edição.
Fig 02 - Militares do Exército Brasileiro em atuação
na “Operação Ágata 7” na fronteira sul do país.
Fonte: http://www.forte.jor.br/category/noticiario-nacional/, em 31/05/2013
Diante do exposto, a Inteligência deve contribuir
na Operação Interagência por meio de um trabalho
sistematizado, com o objetivo de reduzir as incerte-
zas do comandante sobre os stakeholder que atuam
nesse ambiente operacional. Também é importante
ferramenta de apoio ao processo decisório ao ofere-
cer os conhecimentos necessários para que o Cmt,
por intermédio das Op Psc possa mudar atitudes e
comportamentos dos stakeholders.
6 ASSUNTOS CIVIS
Os países da Organização do Tratado do Atlântico
Norte possuem um conceito doutrinário com relação
à missão dos Assuntos Civis, o qual é definido como
“apoio ao relacionamento do Comandante com as
22 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
autoridades civis e população civil, a promoção da
legitimidade da missão e o aumento da eficácia das
operações militares”8.
As operações desenvolvidas pelos exércitos mais
operativos do Mundo têm XXXX lições aprendidas
a cerca da importância dos Assuntos Civis para o
sucesso dessas operações.
O conceito atual de assuntos civis para apoiar a
administração civil foi originado em operações rea-
lizadas pelos governos militares instituídos durante a
II Guerra Mundial e no período pós-guerra. Forças
de Assuntos Civis foram criadas para ajudar as for-
ças aliadas a governar a Alemanha durante o período
de ocupação. Para cumprir essa missão, o Exército
recrutou oficiais de Assuntos Civis diretamente na
população civil para aproveitar do seu conhecimento
do campo operacional.
Desde o fim da II Guerra Mundial existiram nume-
rosos exemplos dessas operações relacionadas à re-
construção do aparato de governo.
Os Estados Unidos da América provocaram uma
mudança significativa no panorama dos Assuntos
Civis, com a criação da Agência dos Estados Unidos
para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
No entanto, as experiências das unidades de assun-
tos civis que operaram em ambientes não conven-
cionais, como nas missões de paz sob a égide das
Nações Unidas no Congo e no Haiti, também de-
monstraram que as missões das unidades de Assun-
tos Civis é diferente nessas operações, onde é muito
importante ganhar a confiança da população e de
8 Manual de Campanha do Exercito de EE.UU. 41-10, Civil
Affairs Operations. (Washington, DC: Imprensa do Governo
dos EE.UU., Janeiro de 1993), págs. 1-1
seus líderes por parte da tropa lá empregada. Erros
de avaliação em um ambiente de Op Paz podem le-
var ao fracasso militar.
Em 2011, a Comissão Especial de Operações de
Manutenção da Paz de Nações Unidas concordou em
referenciar a função de Assuntos Civis pela primeira
vez em um relatório legislativo, reconhecendo o
importante papel dos oficiais de Assuntos Civis nas
operações de Manutenção da Paz, inclusive, através
de representações cruzadas, monitoramento e facili-
tação ao nível local, apoio a construção de confian-
ça, gestão de conflitos, reconciliação e apoio à res-
tauração e ampliação da autoridade do Estado. A
Comissão Especial destacou que a implementação
bem sucedida de muitos mandatos de operações de
manutenção da paz exige ligação consistente com o
governo local, com a população e, salienta ainda, a
inclusão de pessoal local em componentes de Assun-
tos Civis.
As agências de Inteligência e Seções de Assuntos
Civis podem ser beneficiadas pela troca de conheci-
mentos sobre os stakeholders que atuam numa de-
terminada sociedade. Esta colaboração pode condu-
zir a operações conjuntas ou a uma colaboração mais
estreita, porque pode manipular os atores para bene-
fício de ambas e para o cumprimento da missão atri-
buída ao Comandante do Teatro de Operações.
Os projetos desenvolvidos pela Seção de Assuntos
Civis serão, normalmente, de interesse para os líde-
res locais e para a população em geral, gerando ain-
da mais atração aos stakeholders.
Essas premissas são validas tanto para as Opera-
ções de Combate como para as Operações de Manu-
tenção da Paz.
Na determinação e individualização dos atores faz-
se mister fazer um levantamento do Ambiente Ope-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 23
racional, o qual inclui os aspectos psicossociais, cul-
turais, sociais, econômicos, políticos, religiosos,
dentre outros da população da região que se está
operando. O levantamento sistemático de dados,
pelas estruturas de inteligência e a produção de co-
nhecimento a cerca do ambiente operacional e dos
atores, permitirá a melhor individualização do efeito
das ações sobre os stakeholders da sociedade e por
conseguinte, impactando toda sociedade.
É importante a colaboração entre as Agencias de
Inteligência e as Seções ou organismos criados para
atuar em Assuntos Civis, ambos têm a estrutura ade-
quada para trabalhar conjuntamente e compartilhar
conhecimentos para obter um melhor resultado na
condução de ações que dêem legitimidade a missão
e incremente a eficácia das Operações Militares.
Eles podem ser utilizados como fonte de dados e ou
conhecimentos e proporcionar enlace.
7 GUERRA CIBERNÉTICA
Segundo a Doutrina Militar de Comando e Contro-
le, a Guerra Cibernética corresponde ao uso ofensivo
e defensivo de informação e sistemas de informação
para negar, explorar, corromper ou destruir capaci-
dades de C² do adversário. Compreende ações que
envolvem as ferramentas de Tecnologia da Informa-
ção (TI) para desestabilizar os Sistemas de Tecnolo-
gia da Informação para C² (STIC²) do oponente e
defender os próprios STIC². A oportunidade para o
emprego dessas operações ou a sua efetiva utilização
será proporcional à dependência do oponente em
relação a TI.
A Guerra Cibernética engloba o ataque a redes de
computadores, a proteção contra ataques e a explo-
ração dessas redes para fins de produção de conhe-
cimento de Inteligência, atuando, basicamente, na
esfera das Operações de Informação. Dentro dessas
operações, a Inteligência também pode contribuir,
fornecendo conhecimentos sobre stakeholders que
atuam no espaço cibernético. Esses conhecimentos
deverão ser XXXX para as estruturas de Guerra Ci-
bernética que poderão explorar as deficiências desse
adversário. Normalmente stakeholders que atuam no
ambiente cibernético, isoladamente, ou ainda, coor-
denando e influenciando grupos de hackers.
Os grupos de hackers visam a atacar quase todo o
tipo de redes, como as de governos, de empresas
públicas ou privadas, de particulares e de instalações
militares. A finalidade desses ataques é, principal-
mente, prejudicar as expressões econômica, científi-
co-tecnológica, política, militar e psicossocial de um
país.
Atualmente, a pirataria cibernética está dissemina-
da, entre todas as classes e níveis sociais, favorecen-
do a influência de stakeholders sobre um maior nú-
mero de pessoas, as quais são recrutadas como hac-
kers. O recrutamento visa a realizar ataques ciberné-
ticos, os quais se tornaram uma arma de guerra com
capacidade de atuação em todo o mundo.
A inteligência da fonte cibernética tem condições
de monitorar o espaço cibernético, visando reconhe-
cer e vigiar a “ameaça hacker”, suas redes e os sta-
keholders que as influenciam. Após o levantamento,
a inteligência poderá produzir conhecimentos sobre
esses indivíduos. Utilizando esses conhecimentos, as
Operações Psicológicas poderão atuar sobre as ame-
ças / forças adversas com a finalidade de mudar-lhes
o comportamento ou a posição ideológica. Nesse
contexto a Guerra Cibernética, também, terá condi-
ções de realizar uma engenharia social ou uma cam-
panha de “trollagem” sobre os referidos stakehol-
ders.
24 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Os stakeholders podem estar dentro da imprensa e
dos meios de comunicações, influenciando as emis-
sões e, dessa forma, prejudicando operações conjun-
tas, interagências ou da própria Força Terrestre.
Os peritos norte-americanos já criaram o termo
"cybergedon", ou apocalipse cibernético, o qual po-
deria acontecer quando uma sociedade muito avan-
çada, na qual tudo de importante é dependente dos
computadores, fosse sabotada. Essa sabotagem seria
conduzida por hackers influenciados por algum sta-
keholder, e destruiria quase toda a infrainstrutora, da
referida sociedade. Se os EUA sofrerem um ataque
cibernético em seu território, o governo do país po-
derá responder com um contra-ataque cibernético,
ou uma resposta militar tradicional.
A infraestrutura e a tecnologia de segurança ciber-
nética no Brasil estão desatualizadas, contribuindo
para a ação dos hackers. Aproveitando a situação, os
stakeholders podem influenciar algum grupo de
hackers, os quais canalizariam seus ataques ciberné-
ticos contra a infraestrutura nacional, o governo ou
alguma operação militar.
Atualmente, o Brasil é uma das principais fontes de
ataques cibernéticos do mundo. Essa situação justifi-
ca as precauções do governo e do CDCiber do Exér-
cito Brasileiro com a Defesa Cibernética durante os
grandes eventos, que o país sediará até 2016.
Dentro de uma Op de Informação, o CDCiber utili-
za o Destacamento de Defesa Cibernética, o qual
pode apoiar uma operação em qualquer parte do ter-
ritório nacional, desenvolvendo a Guerra ou Defesa
Cibernética. Esse destacamento irá atuar nos grandes
eventos na célula das Op de Informação juntamente
com a Inteligência, contribuindo na identificação e
monitoramento dos stakeholders que possuam aces-
so a importantes sistemas computacionais.
8 GUERRA ELETRÔNICA
No combate moderno, verificam-se mudanças no
cenário de um conflito armado, pois este ficou muito
mais dinâmico e abrangente, onde a informação flui
com muito mais rapidez, sem restrição das distâncias
envolvidas.
Como se pode observar, a importância desta infor-
mação que flui pelo ambiente operacional já vem
sendo destacada por grandes pensadores do passado,
como é o caso de Sun Tzu (544-496 AC) e Clause-
witz (1780-1831), que já valorizavam este relevante
fator de força. Isto está constatado quando Sun Tzu
(2006, p.28), afirma que “se conhecermos nossas
forças, mas não as do inimigo, para cada vitória te-
remos uma derrota. Se conhecermos o inimigo e a
nós mesmos, não precisamos temer o resultado de
uma centena de combates”.
Fica desta forma ressaltada a importância da posse
da informação para proporcionar um melhor desem-
penho das tarefas, tanto em épocas passadas como
no mundo moderno. Mas o que significa este termo
informação? Dentre várias publicações existentes, a
publicação conjunta 6-0 (UNITED STATES, 1995,
p. I-4) diz que a informação é originada de um dado
coletado do ambiente, devendo ser interpretada e
empregada corretamente. De forma sucessiva, há um
processo que é iniciado com o dado que, ao ser tra-
tado, torna-se uma informação. Aplicada a uma me-
todologia, ela se transforma em conhecimento, sobre
o qual é realizado um julgamento para, finalmente,
resultar na compreensão.
Fica marcante também neste cenário, o avanço tec-
nológico dos meios envolvidos, meios estes que, no
caso do tema abordado, realizam emissões eletro-
magnéticas, deliberadas ou acidentais, como os rada-
res e os sistemas de radiocomunicações. Tais emis-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 25
sões podem ser exploradas e vir a tornar-se objeto de
interesse para o sistema de inteligência, podendo
representar uma importante fonte de obtenção de
dados.
Estas emissões constituem uma das fontes de dados
utilizadas pela Atividade de Inteligência, que é a
fonte de sinais, a qual fornece dados mediante o uso
de sensores eletrônicos, na exploração do espectro
eletromagnético. Esta ação de explorar o espectro e
de tirar proveito das emissões é realizada pela Ativi-
dade de Guerra Eletrônica (GE), que segundo o ma-
nual C 34-1(BRASIL,1999, p. A-6), a define como:
“o conjunto de ações que visam assegurar o
emprego eficiente das emissões eletromag-
néticas próprias, ao mesmo tempo em que
buscam impedir, dificultar ou tirar proveito
das emissões inimigas”.
Dessa forma, verifica-se que a Atividade de Inteli-
gência e a Atividade de GE estão estritamente rela-
cionadas, onde tanto uma quanto a outra podem con-
tribuir reciprocamente na obtenção de dados sobre
stakeholders que podem impactar ou até impossibili-
tar que determinadas operações sejam realizadas.
Observa-se que a cada dia que passa fica mais níti-
do que quem detém a informação está mais fadado a
ter sucesso em seus objetivos e esta informação têm
que ser transmitida por algum meio, ou seja, sempre
tem um emissor e um receptor, e quando o espectro
eletromagnético é o ambiente por onde são trafega-
das estas informações, cresce de importância a ativi-
dade de GE, que possui a capacidade de explorar
estas emissões e a partir daí apoiar de forma mais
efetiva o decisor no cumprimento de sua missão.
A GE atua diretamente relacionada com as ativida-
des de Inteligência, reconhecimento e vigilância para
levantar os stakeholders, que por serem fortes for-
madores de opinião, atuam diretamente nos meios de
comunicações presentes no ambiente operacional.
Dessa forma, o sistema de GE operacionaliza todas
as atividades relacionadas à exploração do espectro
eletromagnético, em proveito do Sistema de Inteli-
gência, compondo com as demais fontes o quadro
operacional dos stakeholders. Cabe ressaltar que o
emprego imediato de seus produtos se adéqua à sua
relevante aptidão para monitorar as ações dos stake-
holders, ou seja, manter constante vigilância sobre
suas ações, por cujo intermédio, o Sistema de Inteli-
gência recebe grande quantidade de informações
passíveis de serem integradas às demais fontes de
dados para a produção de conhecimento e delinea-
mento do cenário operacional.
Pode-se notar que é totalmente viável o suporte da
Inteligência às ações de GE num contexto de Op
Info, com foco nos stakeholders.
9 COMUNICAÇÃO SOCIAL
Com o avanço tecnológico, o surgimento de redes
globais de relacionamentos e de meios que favore-
cem a divulgação instantânea da informação, fica
marcante a evolução do processo de comunicação
entre os membros de uma sociedade, possibilitando,
assim, um maior acesso destes à informação e con-
seqüentemente, influenciando seus comportamentos
diante de temas potencialmente sensíveis, ligados à
defesa nacional e à segurança da população. Com
isso, constata-se que o poder e a influência da opini-
ão pública no contexto atual são latentes, marcantes
e, em muitos casos, decisivos para respaldar deci-
sões político-militares, e desta forma, o posiciona-
mento da opinião pública é um fenômeno cada vez
mais estudado pelos governos e forças armadas.
Nos recentes conflitos, os correspondentes de guer-
ra das grandes redes de comunicação vêm transmi-
tindo, instantaneamente, os efeitos da guerra direto
dos campos de batalha para todo o mundo, assim
26 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
imagens e notícias não só informam, mas também
influenciam e manipulam o comportamento da opi-
nião pública. Nesse contexto, os exércitos necessi-
tam atuar pró-ativamente e manter a sociedade e os
públicos-alvo de interesse, informados dos objetivos
e das operações em curso, sem no caso, deixar de
observar o sigilo necessário para não comprometer o
sucesso das operações.
A Comunicação Social (Com Soc) em operações
militares, apesar de não ser algo novo, é produto da
crescente necessidade, por parte das Forças Arma-
das, de obter o apoio da opinião pública nacional e
internacional e de assegurar a coesão das tropas.
Nesse contexto, a opinião pública é considerada um
fator de decisão, porque influencia o planejamento
militar em todos os níveis – estratégico, operacional
e tático – e interfere na escolha e na definição das
estratégias e opções militares. Isso fica constatado
pelo que prevê o manual C 45-1(BRASIL, 2009, p.
1-2 e p. 4-8), quando diz que:
“A Opinião Pública é um dos fatores pre-
ponderantes a ser considerado no proces-
so decisório. A obtenção de dados sobre a
Opinião Pública pode ser realizada por
meio de pesquisa a qual servirá de base
para o planejamento das atividades de
Com Soc.”
“Os planejamentos operacionais devem
considerar mais esse fator – “Opinião Pú-
blica” – para o sucesso da operação.”
“Durante o planejamento do emprego da
Força devem ser analisadas as conseqüên-
cias e repercussões da manobra a executar
perante a opinião pública local, nacional e
internacional.”
Observa-se nos tempos modernos, que com o a-
vanço dos sistemas de comunicações, as informa-
ções são passadas com muito mais rapidez e os a-
contecimentos de uma determinada campanha mili-
tar são vistos quase que instantaneamente, e decor-
rente disto, as pessoas formulam suas opiniões e as
expressam rapidamente, influenciando outras e mais
outras, formando verdadeiras redes. Diante deste
fato, cresce de importância a opinião pública no pla-
nejamento das operações militares, ficando a cargo
das Com Soc a responsabilidade de explorar da me-
lhor forma esta variável.
Com isso, para que se possa obter o apoio desta o-
pinião pública para nossas ações, tem que fazer um
trabalho em cima deste público-alvo formador desta
opinião, com o intuito de atraí-los para nossa causa,
e neste momento a figura dos stakeholders aparece e
são ferramentas de fundamental importância para se
conseguir nosso intuito.
Com a exploração destes stakeholders em nosso
favor, aliado ao fato da necessidade de integração da
Com Soc com as outras atividades de apoio, como a
Op Psico, a GE e a Inteligência, buscando a sinergia
nas atividades, verifica-se que a Com Soc atua proa-
tivamente no seu propósito, que é de dar a notícia
que interessa à Força antes de ser surpreendido pela
notícia que não interessa e assim constata-se que a
Com Soc atua diretamente relacionada com as Ope-
rações de Inteligência na exploração dos stakehol-
ders.
10 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve por objetivo verificar co-
mo a Inteligência poderia apoiar as Operações de
Informação por intermédio de sua atuação sobre os
stakeholders.
Pelas razões apresentadas ao longo do trabalho, as
Operações de Informação são vitais para a atuação
de qualquer força tanto em um conflito de Quarta
Geração quanto em um contexto de guerra conven-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 27
cional. Não se faz nenhuma ação militar sem superi-
oridade de informações.
As Operações de Informação já são uma realidade
para o Ministério da Defesa. O Exército Brasileiro já
criou o Sistema Informações. No entanto, até o mo-
mento, não há uma doutrina esse sistema. Sabe-se da
experiência de outros exércitos, particularmente o
dos Estados Unidos, mas esta não se aplica à reali-
dade brasileira.
Assim, uma eventual abordagem das Operações de
Informação pelo Exército Brasileiro terá que consi-
derar a restrição à liberdade de atuação. A Teoria
dos Stakeholders, já amplamente consagrada nos
meios empresariais brasileiros, é uma das possíveis
soluções.
A execução da atividade de Inteligência nas Ope-
rações de Informação com o foco nos stakeholders é
plenamente viável como instrumento de assessora-
mento para apoiar os diversos sistemas envolvidos
nas Op Info.
Nos questionários respondidos, inclusive por mili-
tares do Centro de Inteligência do Exército, ficou
patente que todos concordaram que a Inteligência
pode dar uma importante contribuição às Op Info,
em cada uma das abordagens exploradas no presente
trabalho.
A Inteligência apoiará a definição da inclusão dos
RCN e dos EEI para atender a necessidade de co-
nhecer os stakeholders. Diversas informações po-
dem ser obtidas por intermédio do contato das tropas
diretamente com os stakeholders ou com os públi-
cos-alvo impactados pelas operações militares.
A pesquisa em fontes abertas, principalmente com
aquelas feitas por intermédio da rede mundial de
computadores, é outra importante fonte de conheci-
mento da qual a Inteligência pode se valer para apoi-
ar as Op Info. Com a superlativação das redes soci-
ais, cada vez mais a fonte cibernética se torna priori-
tária.
O levantamento dos stakeholders pode apoiar
qualquer ramo das Op Info. O ser humano é a única
constante em qualquer sistema.
A Inteligência pode apoia as Op Info fornecendo
conhecimentos precisos, oportunos e relevantes so-
bre os stakeholders no ambiente operacional. Os
conhecimentos produzidos pelos analistas de Inteli-
gência são de fundamental importância para alimen-
tar e assessorar os decisores responsáveis pelo plane-
jamento e condução das Op Info.
Concluindo, o papel da Inteligência nas Operações
de Informação é relevante na medida que os conhe-
cimentos produzidos conferem ao poder de influen-
ciação as Operações de Informação no ambiente
operacional moderno é irrefutável que não se faz Op
Info sem o apoio da Inteligência.
28 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
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EsIMEx - 2º Semestre de 2013 31
LUIZ FERNANDO MEDEIROS NÓBREGA 1
JASON SILVA DIAMANTINO 2
EMERSON GARCIA CAVALEIRO 3
RAPHAEL GUSTAVO FRISCHGESELL 4
1.INTRODUÇÃO
O Ministério da Defesa (MD), como órgão centra-
lizador e coordenador do trabalho prospectivo de
planejamento no nível setorial, aglutina conhecimen-
tos gerados por diferentes fontes, cada uma com suas
peculiaridades, similitudes e diferenças. Para isso,
uma metodologia adequada para o trato dos conhe-
cimentos coletados faz-se necessária, num processo
1 Oficial de Cavalaria do Exército Brasileiro - Mestre em
Ciências Militares (ECEME)
2 Oficial de Intendência do Exército Brasileiro - Mestre em
Ciências Militares (ECEME).
3 Oficial de Artilharia do Exército Brasileiro - Mestre em
Ciências Militares (ECEME).
4 Oficial da Marinha do Brasil - Mestre em Ciências Navais
(EGN).
de integração que supere as características de cada
Força Armada (FA).
Os estudos teóricos, as análises conjunturais e a
construção de cenários prospectivos constituem par-
te primordial da Concepção Estratégica e Configura-
ção de Forças, primeira fase da Sistemática de Pla-
nejamento Estratégico Militar (SPEM). Estas ativi-
dades ocorrem desde o nível nacional e desenvol-
vem-se nos níveis setorial (MD) e subsetorial (For-
ças Armadas).
É fundamental, na construção de cenários prospec-
tivos, o trabalho do MD no desenvolvimento dos
cenários comuns entre as FA, de forma a aproximar
os planejamentos no nível político-estratégico e uni-
formizar procedimentos gerais que orientarão a for-
mulação de Conceitos Estratégicos de Emprego,
bem como de Configuração das Forças (nível subse-
torial).
O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS DE INTELIGÊNCIA DAS FORÇAS
ARMADAS, PARA CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROSPECTIVOS PELO MD
RESUMO
Este artigo avaliou em que medida e com que metodologia ocorrem a produção e integração dos co-
nhecimentos, as similitudes e divergências de cada sistema de inteligência, tudo visando a apontar alternativas
que possam aprimorar o modelo atualmente vigente. Foi estabelecido um arcabouço teórico, onde foi abordada
a organização sistêmica da Inteligência, o Planejamento Estratégico Militar e breve teoria sobre a construção
de cenários. A partir dos resultados da pesquisa de campo , ficou evidenciada a existência insipiente de inte-
gração, os prejuízos decorrentes da inexistência de um Política Nacional de Inteligência aprovada e implanta-
da, além dos resultados positivos decorrentes do trabalho do Sistema de Planejamento Estratégico de Defesa
(SPED). Como conclusão, ressaltou-se a necessidade de maior integração, a indicação do método de cenariza-
ção mais adaptável ao modelo vigente, bem como as tendências para cada SI como partícipes do processo de
alimentação e atualização das conjunturas nacional e internacional.
32 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Diante disso, coloca-se um problema: em face das
peculiaridades, similitudes e diferenças na atividade
de Inteligência desenvolvida por cada Sistema de
Inteligência (SI) das FA, em que medida o processo
de integração dos conhecimentos produzidos tem
sido efetivo, para formulação das conjunturas e
construção de cenários prospectivos?
Coube a esta pesquisa, portanto, estudar o processo
de integração dos sistemas de inteligência estratégi-
cos (SIE) das Forças Armadas (FA), naquilo que
cada um apóia na formulação das conjunturas nacio-
nal e internacional, numa perspectiva setorial, para
construção de cenários prospectivos pelo MD.
A hipótese básica foi da necessidade de aprimora-
mento do processo de integração entre os órgãos do
Sistema de Inteligência Estratégica do Ministério da
Defesa (SIE/MD) pertencentes às FA, na análise
conjuntural e na construção de cenários. O objetivo
foi o de responder às seguintes questões de estudo,
tendo em vista tratar-se de pesquisa de natureza no-
tadamente qualitativa: qual a metodologia para a
formulação de cenários prospectivos no MD? Quais
as metodologias utilizadas para a formulação de ce-
nários prospectivos nas Forças Singulares? Existe
uma metodologia para integração de conhecimentos,
no processo de formulação das conjunturas pelo
MD? Quais são os órgãos internos responsáveis pelo
acompanhamento e elaboração de cenários em cada
uma das Forças Singulares? O MD possui estrutura
para o acompanhamento da conjuntura nacional e
internacional e construção de cenários prospectivos?
Quais são os pontos semelhantes e divergentes na
estrutura de Inteligência dos SI das FA, componen-
tes do SIE/MD, que possam impactar no processo de
integração para construção dos cenários prospectivos
comuns?
Como objetivo geral buscou-se estudar o processo
de integração de conhecimentos produzidos pelos
órgãos componentes do SIE/MD, notadamente dos
SI das FA, propondo possíveis oportunidades de
melhoria para a SPEM.
Partindo-se da premissa que tais análises reportam-
se não apenas ao cenário nacional, em todos os seus
campos de poder, mas também ao entorno estratégi-
co e cenário internacional, é notória a importância
do trabalho realizado pelos diversos componentes do
SISBIN, notadamente os pertencentes ao Sistema de
Inteligência Estratégica (SIE/MD).
A tarefa de aproximar SI de órgãos distintos e fazê-
los trabalhar em regime de cooperação já é, por si
só, um grande desafio. Sabe-se, entretanto, que a
desejada integração pressupõe esforço dirigido e
convergente de todos os atores envolvidos. Quais-
quer medidas que favoreçam tal ambiente são de
grande relevância, não apenas para o SINDE/MD,
mas principalmente para o PEM sob responsabilida-
de do MD, pois, uma vez alcançado o “estado da
arte”, as Forças passarão a alimentar o processo e
realizar as avaliações dos cenários de forma adequa-
da, como preconiza o regulamento que a instituiu.
2 A INTELIGÊNCIA E O PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
2.1 VISÃO SISTÊMICA DA INTELIGÊNCIA
A atividade de Inteligência, no Brasil, está organi-
zada em uma estrutura sistêmica, ou seja, “os diver-
sos órgãos que tratam da atividade constituem um
conjunto de partes interatuantes e interdependentes,
operando em proveito de um mesmo objetivo, res-
peitada a autonomia funcional de cada uma e obser-
vadas as normas legais pertinentes.” (BRASIL,
2005, p. 16).
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 33
O SISBIN tem por objetivo “integrar as ações de
planejamento e execução da atividade de Inteligên-
cia do País, com a finalidade de fornecer subsídios
ao Presidente da República nos assuntos de interesse
nacional.” (BRASIL, 2006, p. 16).
Mediante coordenação, órgãos das unidades da Fe-
deração também poderão compor o SISBIN. A FI-
GURA 1 apresenta o Sistema Brasileiro de Inteli-
gência, com seus órgãos mais atuantes:
FIGURA 1 - Sistema Brasileiro de Inteligência
FONTE: SCIE - MD (2013)
O SINDE “integra as ações de planejamento e exe-
cução da atividade de Inteligência de Defesa, com a
finalidade de assessorar o processo decisório no âm-
bito do Ministério da Defesa – MD.” (BRASIL,
2006, p.16).
Conforme dispõe o Manual MD-32-M-01 (BRA-
SIL, 2011), o Órgão Central do SINDE é o Depar-
tamento de Inteligência Estratégica – DIE, da Secre-
taria de Política, Estratégia e Assuntos Internacio-
nais do MD. Atualmente, o órgão que trata da Inteli-
gência no mais alto nível, no âmbito do MD, é a
Subchefia de Inteligência Estratégica (SCIE), subor-
dinada à Chefia de Assuntos Estratégicos e gerente
do SINDE.
O Brasil ainda não possui, oficialmente, sua Políti-
ca Nacional de Inteligência (PNI), uma vez que,
mesmo tendo sido cumpridas as etapas previstas do
artigo 5° da Lei N° 9883, de 07 de dezembro de
19995, aguarda ainda, desde 2010, a sua fixação e
sanção presidencial (LIMA, 2012, p.55).
Para Gonçalves (2008, p. 187) na PNI devem cons-
tar os objetivos nacionais, as áreas prioritárias de
atuação, bem como diretrizes norteadoras da ativi-
dade de Inteligência de Estado em consonância com
ordenamento constitucional e legal vigente. A essên-
cia do PNI, portanto, consistiria fundamentalmente
em oferecer aos órgãos do SISBIN as condições
indispensáveis para produzir conhecimentos visando
ao aprimoramento, no plano estratégico, do processo
decisório e da ação governamental, à prevenção de
eventuais ameaças e ao aproveitamento das oportu-
nidades oferecidas ao País (BRASIL, 2009).
2.2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Conforme preconiza o SPED (BRASIL,2012), o
Planejamento Estratégico não se trata de um plano,
mas de um
"processo de GESTÃO fundamentado
na elaboração de diagnósticos e na de-
finição de objetivos de longo prazo e es-
tratégias de transformação. Seu propósito
é a criação de condições futuras para a ob-
5 A referida Lei institui o Sistema Brasileiro de Inteligência,
cria a Agência Brasileira de Inteligência e dá outras providên-
cias. No Art. 5° estabelece que a execução da PNI, deve ser
fixada pelo Presidente da República, levado a efeito pela A-
BIN, sob supervisão da Câmara de Relações Exteriores e Defe-
sa Nacional do Conselho de Governo. Determina ainda que
antes de fixada pelo Presidente da República a mesma deve ser
remetida ao exame e sugestão do órgão de controle externo da
atividade de inteligência, exercida atualmente pela Comissão
Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI).
SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA
A B I N(órgão central)
M F
C O A F
S R F
Banco Central
M D - SINDE
AIOP
CIM / EMA / CON
CIE / EME
CIAer / EMAer
M J
S E N A S P
D I P / D P F
D P R F
Sec Nac Justiça
CASA CIVIL
M R E
C O C I T
M T E
Sec Executiva
MS
ANVISA
M M A
Sec Executiva
34 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
tenção e constante aperfeiçoamento de
capacidades de defesa do Estado brasi-
leiro. Portanto, exige a capacidade de
"pensar no amanhã", que difere do costu-
me de "preocupar-se com o hoje". (BRA-
SIL, 2012, p. 4)
Ainda conforme o SPED (BRASIL, 2012), o Pla-
nejamento Estratégico, no âmbito do MD, está rela-
cionado com a adaptação das Forças a um ambiente
mutável, sujeito a incerteza a respeito dos eventos do
ambiente, sendo orientado para o futuro, ou seja, seu
horizonte de tempo é o longo prazo.
Fig 2 - Fases e Etapas do SPED
Fonte: SPED (BRASIL, 2012)
Como se vê na FIGURA 2, as fases são elaboradas
em sequência crescente. O produto final de cada
fase, após difusão dentro das Forças Armadas, é
avaliado pelo Comitê de Planejamento Estratégico
(CoPE), com a devida ratificação dos Comandantes
de Força, por intermédio dos respectivos Chefes de
Estado-Maior, e submetido à aprovação do Ministro
de Estado da Defesa, na condição de Decisor Estra-
tégico.
Os planos estratégicos do Ministério da Defesa tra-
balham com horizonte temporal de 20 anos, com
atualizações anuais e quadrienais, ou quando houver
alterações significativas na conjuntura. As atualiza-
ções anuais compatibilizam o planejamento com a
Lei de Orçamento Anual (LOA), ao passo que as
atualizações quadrienais visam compatibilizar a pla-
nejamento com o Plano Plurianual (PPA).
A metodologia de planejamento estratégico do Mi-
nistério da Defesa está em fase inicial de desenvol-
vimento, e seu primeiro ciclo terá por base o ano de
2012, concluindo o Plano Estratégico de Defesa
(PED) em 2014, que será compatibilizado ao PPA
em 2015, e entrará em vigor em 2016. O ciclo está
representado na FIGURA 3, em seguida:
Fig 3 -Ciclo de Produção do Planejamento Estratégico no MD
Fonte: SPED (BRASIL, 2012)
O MD30-M-01 (BRASIL, 2011) divide o Planeja-
mento Estratégico em três etapas características:
Avaliação da Conjuntura e Elaboração de Cenários;
Exame de Situação e Planejamento; e Controle das
Operações Militares.
O Planejamento Estratégico Militar (PEM) está re-
gulado desde 2005 pelo Manual MD-51-M-01 - Sis-
temática de Planejamento Estratégico Militar. O
PEM decorre, portanto, da Sistemática do Planeja-
mento Estratégico Militar (SPEM), um amplo pro-
cesso que tem por finalidade estabelecer a sistemati-
zação do planejamento de alto nível para as Forças
Armadas (FA), contribuindo com os objetivos da
Defesa Nacional.
O PEM objetiva, portanto, seguindo o ensino do
MD51-M-01, definir e organizar as atividades rela-
cionadas com o preparo e o emprego do poder mili-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 35
tar. Para tal, expressa-se em três níveis: o nacional,
formado pelas mais altas autoridades do País; o seto-
rial, constituído pelo Ministério da Defesa e o subse-
torial, composto pelas FA.
A formalização deste processo de análise conjuntu-
ral setorial (âmbito MD) dá-se pela Avaliação Estra-
tégica de Defesa (AED), um diagnóstico, sob a ótica
da defesa, “dos ambientes internacional, regional e
nacional visando a subsidiar os planejamentos estra-
tégicos decorrentes da PDN, realizados no Ministé-
rio da Defesa, de modo a possibilitar a formulação
da Política e Estratégia Militares de Defesa” (BRA-
SIL, 2005, p.5)
O SPED preconiza que a operacionalização dessa
metodologia deve se dar mediante a "criação de
grupos de trabalho (GT) temáticos, relacionados
às fases e compostos por representantes do MD,
das Forças e, sempre que adequado, de outros
órgãos governamentais (Legislativo, Executivo e
Judiciário) e não governamentais". (BRASIL, 2012,
p.7).
A SPEM subdivide-se em três fases: Concepção
Estratégica e Configuração de Forças, Planejamento
do Preparo e Planejamento do Emprego Operacio-
nal. Conforme preconiza o Manual MD-51-M-01:
“As atividades da fase da Concepção Es-
tratégica e Configuração de Forças rela-
cionam-se com o processo de identifica-
ção de forças militares necessárias à capa-
cidade que a nação deve dispor para a sua
defesa, enquanto que as atividades da fase
do planejamento do Preparo são as con-
cernentes à obtenção e ao preparo das for-
ças militares identificadas. As atividades
da fase do planejamento do Emprego O-
peracional constituem-se das formulações
de estruturas operativas e de doutrinas que
permitam o emprego das forças milita-
res.” (BRASIL, 2005, p.9)
Os estudos teóricos, as análises conjunturais e a
construção de cenários prospectivos constituem par-
te primordial da fase preliminar à Concepção Estra-
tégica e Configuração de Forças. Tais atividades são
coordenadas de modo centralizado pelo MD, com a
participação das FA, a fim de uniformizar a constru-
ção dos cenários. Após a construção do cenário
prospectivo comum, as FA trabalham separadamente
na configuração de cada, em consonância ainda com
a EMilD e a PMD.
Fig 4 - Fluxograma do Planejamento Estratégico Militar
Fonte: SCIE - MD (2013)
Conforme pode-se observar na FIGURA 4, antece-
dendo à formulação da Política Militar de Defesa
(PMD) e da Estratégia militar de Defesa (EMiD), o
trabalho da SCIE é alimentado por uma Avaliação
Estratégica de Inteligência de Defesa, bem como
pelas Avaliações Estratégicas Setoriais de cada For-
ça, que se somam às avaliações conjunturais conso-
nantes com o Plano de Inteligência de Defesa (PIN-
DE), documento que orienta toda a produção de inte-
ligência no âmbito do MD.
Para tal, o trabalho de alimentação de dados é rea-
lizado em ciclos quadrienais, onde ocorrem periódi-
cas avaliações de conjuntura. Essas avaliações são
apreciações que expressam a opinião de diversos
36 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
analistas sobre fatos e situações, passados e presen-
tes, ou de um futuro imediato, referente às conjuntu-
ras nacional e internacional.
Da apreciação resultante de cada ciclo anual, con-
solidada a cada quatro anos, alia-se o trabalho reali-
zado subsetorialmente por cada FA (AES). O vetor
resultante é a avaliação da Defesa (AEID), que con-
substancia os produtos principais da SPEM, quais
sejam a PMD e a EMiD.
4 A CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PROS-
PECTIVOS
O primeiro a empregar a palavra “prospectiva” foi
o filósofo e pedagogo francês Gaston Berger em sua
obra A atitude prospectiva, de 1957, estabelecendo
como descrever um futuro desejável para o mundo.
Berger propôs o uso do termo “prospectiva” para
mostrar a necessidade de uma atitude orientada para
o futuro.
No Brasil, segundo Buarque (1988), a prática de
elaboração de cenários é recente. As primeiras em-
presas a utilizarem tal prática de elaboração de cená-
rios foram o Banco Nacional do Desenvolvimento
(BNDES), a ELETROBRÁS, a PETROBRÁS e a
ELETRONORTE, em meados da década de 1980,
em função de operarem com projetos de longo perí-
odo de maturação, o que exigia uma visão de longo
prazo.
Uma nova utilização da técnica prospectiva no
Brasil foi coordenada pela antiga Secretaria de As-
suntos Estratégicos da Presidência da República
(SAE), que iniciou em 1996 os estudos que geraram,
em 1997, os Cenários Exploratórios do Brasil 2020
e, em 1998, os cenários desejados para o Brasil. A
iniciativa da SAE incentivou a discussão do tema no
país. (MARCIAL E GRUMBACH, pag 32)
Concordando com as palavras de Peter Schwarts6,
quando trata de prospectar o futuro, há três ideias
que não podem ser esquecidas em qualquer contex-
to: “sempre teremos surpresas; conseguiremos lidar
com elas; muitas podem ser previstas. Na verdade,
podemos fazer algumas suposições bastantes boas
acerca de como a maioria se dará” (SCHWARTS,
2003, p. 15).
Realizado o levantamento e análise das conjuntu-
ras, inicia-se a construção de cenários prospectivos.
Esse processo utiliza metodologias científicas pró-
prias para formular uma antevisão de futuro, em face
da qual deverá ser preparada a capacitação militar.
Trata-se, portanto de um processo pró-ativo, que
busca vislumbrar cenários de tendência e aproximá-
los de cenários desejáveis, na tentativa de reduzir
vicissitudes causadas pela dificuldade de se prever
com oportunidade tensões indesejáveis.
No Exército Brasileiro, a 7ª Subchefia do Estado-
Maior do Exército (7ª SCh EME) tem a responsabi-
lidade de monitorar as conjunturas nacional e inter-
nacional para determinar situações, na área externa
ao EB, que aconselhem iniciativas para superar con-
flitos e crises ou para atender interesses da Defesa
Nacional. Tal missão é consequência direta da ne-
cessidade de monitoramento dos eventos que podem
interferir no cenário alvo, produto principal da análi-
se estratégica desenvolvida pelo Estado-Maior do
Exército, por meio da 7ª SCh EME.
Já o monitoramento de eventos tem por objetivo
fornecer subsídios para a atualização do diagnóstico
estratégico do EB, para a elaboração de cenários e
6 SCHWARTS, Peter. Cenários: as surpresas inevitá-
veis. Rio de Janeiro: Campus, 2003
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 37
de indicações, visando atingir o cenário alvo, que
pode ser impactado em razão de ruptura de tendên-
cias e/ou modificação nas estratégias dos atores en-
volvidos. (CARVALHO, 2012)
Podem-se dividir as técnicas de elaboração de ce-
nários em três grupos: de ajuda à criatividade; de
avaliação e de análise multicritérios.
As técnicas de ajuda à criatividade são as seguin-
tes: Brainstorming, Sinéctica, Análise morfológica e
Questionários e entrevistas.
As técnicas de avaliação são: Método Delphi, Mé-
todo dos Impactos Cruzados, Modelagem e simula-
ção. O método consiste em interrogar individual-
mente, por meio de sucessivos questionários, um
determinado grupo de peritos. Depois de cada apli-
cação do questionário aos peritos, as questões são
analisadas e apresentadas a eles outra vez para que
tenham a oportunidade de rever suas opiniões.
No Método Delphi atuam dois grupos: o de peritos,
que é consultado a distância, e o de analistas, que
analisa e interpreta as respostas.
O grupo de peritos tem por tarefa, mediante um
processo de raciocínio lógico, a elaboração de esti-
mativas, que serão comparadas, corrigidas e comple-
tadas em fases sequenciais de estimulação, com base
nas respostas dadas a sucessivos questionários.
(MARCIAL & GRUMBACH, Pag 63). O grupo de
análise (ou controle) tem como tarefa controlar o
processo de elaboração de juízos de valor emitidos
pelos peritos, procurando não promover grandes
alterações que descaracterizem aquelas opiniões em
seu conjunto.
Já o método dos Impactos Cruzados engloba uma
família de técnicas que visam avaliar a influência
que a ocorrência de determinado evento teria sobre
as probabilidades de ocorrência de outros eventos. O
método leva em conta a interdependência de várias
das questões formuladas, possibilitando que o estudo
que se está realizando adquira um enfoque mais glo-
bal, mais sistêmico e, portanto, mais de acordo com
uma visão prospectiva (MARCIAL & GRUMBA-
CH, Pag 64).
A Modelagem e simulação é o estabelecimento de
um modelo matemático para o sistema que se está
estudando. A utilização experimental desses mode-
los constitui a simulação. Variando os parâmetros do
modelo, selecionamos as “políticas”de funcionamen-
to do sistema que mais nos convém, de acordo com
os critérios previamente estabelecidos.
Por fim, as técnicas de análises multicritérios são:
Método dos Éxamenes (Método dos Concursos),
Método Pattern, Método Electre, Método AHP (A-
nalytic Hierarchy Process), Método Macbeth.
Para Godet e Roubelat (1996), citado por MAR-
CIAL & GRUMBACH, Pag 69, não há apenas um
método de construção de cenário, mas vários méto-
dos. Porém, o termo “método de cenário” só se apli-
caria a uma abordagem que incluísse alguns passos
específicos, como análise de sistemas; retrospectiva;
identificação das variáveis, seu comportamento e
relações; estratégia dos atores e elaboração de cená-
rios múltiplos.
Entre os métodos existentes, os descritos por Mi-
chel Godet, Peter Schwartz, Michel Porter e Raul
Grumbach possuem base conceitual digna de men-
ção. Eles diferem no que diz respeito aos passos
utilizados e, não, à filosofia. Todos seguem os prin-
cípios descritos pela prospectiva.
4.1 OS CENÁRIOS DE DEFESA ATUAIS
A Assessoria de Planejamento Institucional (AS-
PLAN), órgão de assessoria direta do Ministro da
Defesa, responde pela execução do Sistema de Pla-
38 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
nejamento Estratégico de Defesa (SPED). O SPED
tem como produto final os Cenários de Defesa, de-
senvolvidos com o propósito de orientar todo o pro-
cesso de planejamento estratégico do Ministério da
Defesa. Dessa forma, provê cenários futuros que
fundamentam documentos basilares, como a Política
Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defe-
sa, a Política Setorial de Defesa, o Plano Estratégico
de Defesa, além das políticas, estratégias e planos
análogos das Forças Armadas.
Os Cenários de Defesa agregam aspectos conjuntu-
rais e estruturais que podem afetar, nos diversos âm-
bitos analisados, a segurança e a defesa nacionais,
além de suas possíveis evoluções. Assim, pode-se
identificar, em análise posterior, as capacidades ne-
cessárias à garantia da integridade e da soberania do
Estado brasileiro, bem como as ações a implementar
para alcançá-las.
Outro objetivo que de perto interessa a essa pesqui-
sa é que, a partir do Cenários de Defesa as Forças
dispõem de um conjunto de conhecimentos comuns,
a partir dos quais são tomadas as decisões e condu-
zida a gestão estratégica. Em especial busca-se co-
ordenar ações e estabelecer sinergias que resultem
em melhor aproveitamento dos recursos orçamentá-
rios, além de incrementar a eficiência administrativa
e operacional.
A abordagem realizada restringe-se a identificar fa-
tos portadores de futuro, suas respectivas tendências
e possíveis desdobramentos, oportunidades e amea-
ças, sem elaborar juízo de valor sobre as relações de
causa e efeito. Eventos futuros capazes de gerar
grande impacto, mesmo que classificados como im-
prováveis, são analisados, sendo que o nível de deta-
lhamento restringe-se à segurança e à defesa nacio-
nais como um todo, deixando desdobramentos espe-
cíficos a critério de cada Força.
A metodologia para o desenvolvimento dos cená-
rios engloba, além das técnicas de elaboração de
cenários, visitas e consultas a empresas estatais e
privadas, instituições de ensino civis, Escola Superi-
or de Guerra (ESG), além de Marinha, Exército e
Aeronáutica. Os trabalhos são desenvolvidos de
forma conjunta pelos diversos setores da Adminis-
tração Central – Secretarias, EMCFA e CENSIPAN
– e pelas Forças Armadas, os quais fornecem infor-
mações e análises com foco em suas respectivas
áreas.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
A análise a seguir é o resultado da compilação das
pesquisas de campo aplicadas a analistas e operado-
res dos diversos órgãos que compõem o SINDE.
Foram enviados questionários qualitativos ao CIM,
CIAer, CIE, 2ª e 7ª Subchefias do EME, SCIE/MD e
SAE/GSI; além disso, foram aproveitadas observa-
ções realizadas durante visitas de instrução da EsI-
MEx7 ao MD, ao CIM e ao CIAer, bem como entre-
vistas pessoais com integrantes da SCIE/MD e AS-
PLAN/MD.
Quanto ao trabalho de formulação de cenários
prospectivos no MD, foi verificado que no MD tal
atividade não está vinculada à Inteligência Estratégi-
ca (SCIE), senão à Assessoria de Planejamento Insti-
tucional do Ministério da Defesa, (ASPLAN), órgão
de assessoramento direto do Ministro da Defesa.
Isso robustece a importância do assunto perante a
estrutura do MD, ao passo em que envolve órgãos
7 Palestras realizadas para integrantes do Curso Avançado de
Inteligência para Oficiais no ano de 2013.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 39
distintos nas tarefas de análise conjuntural e formu-
lação de cenários.
A composição mista dos integrantes tanto da SCIE,
quanto da SPE, favorece a integração dos conheci-
mentos produzidos por cada Força. Já no nível da
ASPLAN, a estrutura existente é favorecida pelo
nível dos integrantes que formam o CoPE, os quais
permeiam toda a estrutura e acessam as diversas
estruturas de inteligência.
A Subchefia de Política e Estratégia (SPE) elabora
apenas a atualização da análise conjuntural, que
quadrienualmente é base para reedição da Avaliação
Estratégica de Inteligência de Defesa (AEID), traba-
lho que subsidia a elaboração da Política Militar de
Defesa (PMD) e da Estratégia Militar de Defesa
(EMiD).
Analisando a metodologia para o desenvolvimento
dos cenários, preconizada no SPED, esta engloba
visitas e consultas a empresas estatais e privadas,
instituições de ensino civis, Escola Superior de
Guerra (ESG), além de Marinha, Exército e Aero-
náutica, tendo o ciclo de teste iniciado em 2012.. Os
trabalhos foram desenvolvidos de forma conjunta,
pelos diversos setores da Administração Central –
Secretarias, EMCFA e CENSIPAN – e pelas Forças
Armadas, os quais forneceram informações e análi-
ses a partir do trabalho realizado em cada área en-
volvida.
O produto deste trabalho será o documento entitu-
lado "Cenários de Defesa 2035", ainda em fase de
aprovação no âmbito do MD, o que representa uma
evolução na gestão estratégica do MD, provendo
cenários futuros que verdadeiramente fundamenta-
rão a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Na-
cional de Defesa, a Política Setorial de Defesa, o
Plano Estratégico de Defesa, bem como as políticas,
estratégias e planos análogos das Forças Armadas.
Contudo, o limite temporal estendido é questionável,
ou seja, de 35 (trinta e cinco) anos, uma vez que
autores consagrados como Grumbach apontam para
cenarizações com limites temporais médios de 10
(dez) anos.
A criação GT temáticos para construção de cená-
rios, propostos pelo SPED e compostos por repre-
sentantes do MD, das Forças e de representantes de
outros órgãos do Legislativo, Executivo e Judiciário,
ainda se apresenta de forma insipiente. A previsão,
também, de um grupo de trabalho composto por in-
tegrantes do MD e das três FA, a fim de atualizar as
análises realizadas, conforme preconiza a SPEM,
não é uma realidade, não obstante haja a atualização
conjuntural com base nos conhecimentos, oriundos
de cada Força, que chegam ao MD sob a forma de
atualizações conjunturais.
A existência do Comitê de Planejamento Estratégi-
co (CoPE), composto pelos Chefe de Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), Chefes de
Estado-Maior dos Comandos da Marinha (EMA), do
Exército (EME) e da Aeronáutica (EMAER), Secre-
tários das SEORI, SEPESD e SEPROD, Chefes de
Preparo e Emprego, de Assuntos Estratégicos e de
Logística, além do Assessor de Planejamento Insti-
tucional indica uma tendência à maior integração do
trabalho de cenarização, mas também é uma estrutu-
ra insipiente, cujo funcionamento e efetividade ainda
não são possíveis mensurar.
A proposta dos Cenários de Defesa vem ao encon-
tro da necessidade de uniformizar os planejamentos
das Forças, a partir da premissa de que disporão de
um conjunto de conhecimentos comuns, a partir dos
quais serão tomadas as decisões. Tal medida redun-
40 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
dará na desejada sinergia e na eficiência administra-
tiva e operacional.
Quanto às metodologias utilizadas para a formula-
ção de cenários prospectivos nas Forças Singulares,
ficou patente a discrepância entre as Forças. A Força
Terrestre utiliza-se do Método Grumbach, e realiza
seu estudo voltado, essencialmente, para os interes-
ses da Força, seus projetos estruturantes e necessi-
dades peculiares. Já as demais forças não realizam
propriamente o trabalho de cenarização, mas de ava-
liação e atualização das conjunturas interna e exter-
na.
Respondentes apontaram que a Força Terrestre
vem utilizando o software PUMA para construção
de cenários. Diante do que foi estudado quanto aos
métodos de cenarização, pode-se afirmar que o Mé-
todo Grumbach, como adaptação dos métodos de
Schwartz e Godet à realidade nacional, apresenta-se
como o mais adaptado para o trabalho de construção
de cenários prospectivos.
Quanto à metodologia para integração de conheci-
mentos, no processo de formulação das conjunturas,
no MD, o método inicia-se com a elaboração de um
documento base, chamado Informativo de Defesa.
Esse documento, não classificado, é elaborado diari-
amente a partir de coleta e seleção, em fontes aber-
tas, de matérias de mídias de maior relevância para
os Objetivos de Inteligência de Defesa previstos no
Plano de Inteligência de Defesa (PINDE); e é divul-
gado para o Subchefe de Inteligência Estratégica,
para os adidos, para a Chefia de Assuntos Estratégi-
cos, para os Subchefes de Política e Estratégia, para
a Subchefia de Assuntos Internacionais, para o
CEMCFA e para o SINDE.
Não obstante a base doutrinária da atividade de In-
teligência no Brasil ser oriunda dos EUA, o modelo
francês analisado demonstra que a integração se faz
na medida em que o órgão de maior nível do sistema
permeia, controla e integra a inteligência em todos
os demais níveis (operacional e tático).
Após a divulgação do Informativo de Defesa, os
analistas de inteligência do MD aprofundam o co-
nhecimento das matérias selecionadas daquele dia, e
levantam, junto as fontes disponíveis, a veracidade
dos dados contidos no documento.
A partir de uma avaliação dos Informativos de De-
fesa, realizada semanalmente, e os conhecimentos
recebidos dos órgãos do SINDE e do SISBIN é pro-
duzido o documento denominado Sumário de Inteli-
gência. Este documento tem um tramite similar ao
Informativo de Defesa, porém já possui classificação
reservado e o raciocínio do analista que pode apre-
sentar uma visão prospectiva.
Por sua vez, a Avaliação da Conjuntura, realizada
quadrimestralmente, é elaborada a partir dos Sumá-
rios de Inteligência, seguindo o mesmo processo dos
documentos anteriores. Este documento é a base
para a elaboração da Avaliação Estratégica de Inteli-
gência de Defesa, realizada quadrienualmente. Al-
guns assuntos presentes nos documentos anteceden-
tes podem perder sua relevância e assim, não consta-
rem desta avaliação.
Pôde-se observar que essa sistemática, muito em-
bora não constar nos manuais já elencados no corpo
desta pesquisa, vem garantindo um fluxo de conhe-
cimentos entre os órgãos do SINDE, mesmo que
num volume proporcionalmente reduzido, dado o
tamanho e complexidade dos órgãos integrantes do
SINDE, em especial as Forças Armadas. As pesqui-
sas apontaram o CIE como o órgão com maior quan-
tidade de documentos enviados (60% do volume
total), seguido das aditâncias militares, da ABIN, e
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 41
finalmente do CIM e CIAer, nesta ordem de produ-
ção de conhecimentos. A produção de conhecimen-
tos mencionada sofre, contudo, dificuldades para ser
tratada oportunamente pela SCIE/MD, em face do
pequeno efetivo disponível para essa tarefa.
Os cenários de segurança institucional geram mais
de seiscentos subtemas, em acompanhamento tanto
pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
quanto pelos demais órgãos do SISBIN. Nesse nível,
os conhecimentos somente são difundidos por meio
dos Relatórios de Inteligência (RELINT), e a inte-
gração não se dá de forma sistêmica.
Quanto aos órgãos internos responsáveis pelo a-
companhamento e elaboração de cenários, em cada
uma das Forças Singulares, pôde-se observar dife-
rentes formas pelas quais o assunto é tratado: no
Sistema de Inteligência da Marinha (SIMAR), por
exemplo, o Centro de Inteligência da Marinha (CIM)
e o Comando de Operações Navais (ComOpNav)
encaminham subsídios para o Estado Maior da Ar-
mada (EMA) produzir as Conjunturas Nacionais e
Internacionais, quadrimestralmente. Por sua vez, as
Conjunturas vão servir de base para a produção de
uma estimativa com valor quadrianual, denominada
Avaliação Estratégica da Marinha (AEMAR). A
AEMAR é apresentada ao MD como subsídio para a
produção da Avaliação Estratégica de Inteligência
de Defesa. Não há elaboração de cenários prospecti-
vos, dada a dificuldade no calculo probabilístico;
Já no Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), a
base para a produção de documentos estratégicos
parte desde as agências de inteligência até o Centro
de Inteligência do Exército (CIE), passando pelos
Comandos Militares de Área. Após a tramitação do
conhecimento produzido no SIEx, o CIE e o EME
são capazes de produzir as Conjunturas e Cenários.
Quanto ao Sistema de Inteligência da Aeronáutica
(CIAer), conquanto os resultados de pesquisa de
campo aplicada não possam ter sido analisados, foi
possível observar que o trabalho de cenarização não
é realizado por aquele órgão, mas tão somente o de
atualização conjuntural.
Verificou-se ainda que os pontos semelhantes e di-
vergentes na estrutura de Inteligência dos SI das FA,
componentes do SIE/MD, não impactam diretamen-
te no processo de integração para construção dos
cenários prospectivos comuns. Em verdade, não há
integração plena de bancos de dados, mas são o
compartilhamento de conhecimentos pertinentes e
úteis, em função de cada situação em estudo, fato
esse que se repete também nos demais órgãos com-
ponentes tanto do SINDE quanto do SISBIN.
Os Sistemas de Inteligência das Forças singulares
possuem estruturas distintas. Assim, dentro destas
estruturas, os órgãos internos responsáveis pelo a-
companhamento e elaboração de cenários não são
correspondentes. A edição recente, entretanto, do
SPED veio sopesar as diferenças subsetoriais num
esforço integrador, isto é, envolvendo a Defesa co-
mo um todo, com o objetivo de se obter um compor-
tamento global e sistêmico, mesmo que o trato, pro-
dução e difusão do conhecimento gerado no âmbito
de cada Força divirja quanto ao método.
O SPED veio como um processo de construção do
consenso, em face da diversidade dos interesses e
necessidades. Sua implementação efetiva deverá
oferecer parâmetros de atendimento de todos os en-
volvidos, operacionalmente sendo realizado em cada
órgão do SINDE.
Quanto aos sistemas de Inteligência das Forças
singulares, analisando a estrutura da Marinha do
Brasil, o SIMAR possui três órgãos de cúpula. O
42 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
EMA, responsável pela centralização, coordenação e
produção do conhecimento do campo externo rela-
cionados ao conhecimento estratégico-militar (Con-
junturas) e pela centralização de comunicações de
inteligência com os Adidos Navais. O ComOpNav,
responsável pela centralização, coordenação e pro-
dução dos conhecimentos no campo operacional. E o
CIM, responsável pela centralização, coordenação e
produção dos conhecimentos no campo interno e do
campo externo que afete o campo interno. Os três
órgãos fazem parte do SINDE, mas observa-se a
compartimentação da atividade de Inteligência, com
órgãos distintos responsáveis pelos níveis estratégi-
co, operacional e tático.
Já no SIEx, tal compartimentação não acontece,
posto que o CIE é o órgão central do sistema e res-
ponsável pela produção do conhecimento nos níveis
estratégico, operacional e tático. A confecção de
cenários voltados para a Força terrestre fica a cargo
da 7ª Subchefia do EME, que também participa do
SINDE e é capaz de produzir Cenários, monitorando
e controlando os cenários produzidos, alimentado
por atualizações conjunturais emanadas do CIE.
Soma-se a esse órgãos, ainda, a 2ª Subchefia do
EME, que participa do SIEx no campo da doutrina,
legislação, coordenação dentro do SIEx no campo
político, entre outras atividades.
Todos os Órgãos integrantes do SINDE participam
ativamente do acompanhamento da conjuntura e
elaboração dos cenários prospectivos. De uma forma
geral, os Órgãos integrantes do SINDE repassam
conhecimento de Inteligência para o MD. Contudo, a
integração dos órgãos do SINDE ainda é considera-
da insipiente e parte dos documentos produzidos
pelos órgãos circulam apenas no âmbito dos seus
respectivos sistemas.
Tal tarefa é dificultada pela pouca quantidade de
reuniões do Conselho Consultivo do SINDE (CON-
SECON/SINDE), o que poderia minimizar os efeitos
da baixa integração entre os chefes e analistas, que
atuam somente em atitude colaborativa, sem coorde-
nação. Corroborando com este quadro existem, ain-
da, resistências nos órgãos de Inteligência das For-
ças com relação ao MD, sobretudo em face da falta
de coordenação e integração das atividades por esse
órgão.
Nesse sentido, foi observado que a breve e espera-
da edição do novo Manual de Inteligência de Defesa,
pelo MD, poderá normatizar melhor o trâmite dos
conhecimentos entre os integrantes do SINDE, so-
bretudo no nível estratégico, objeto do presente tra-
balho.
Outro fato pertinente para agravar este quadro, é a
pouca importância dada a Inteligência no âmbito do
MD, por falta de conhecimento e por resquícios do
período de governo militar. Prova desta afirmação é
a demanda recebida pela SCIE para assuntos da as-
sessoria de imprensa, das relações públicas ou mes-
mo de uma delegacia de polícia.
Quanto a tramitação do conhecimento, a SCIE re-
cebe os documentos via Rede de Inteligência de De-
fesa (RINDE), o que aumenta a credibilidade da
SINDE. Os documentos trafegam por redes pré-
estabelecidas e criptografadas, com identificação de
destinatários e remetentes.
Diante das constatações e respostas de pesquisas, a
interação do SISBIN com o SINDE no acompanha-
mento da conjuntura e na elaboração dos cenários
prospectivos é aquela que se dá apenas de forma
eventual, por meio de documentos de inteligência. A
inexistência de uma Política Nacional de Inteligên-
cia agrava o quadro atual, no sentido de gerar inde-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 43
finições quanto ao alcance, limite e obrigatoriedade
do trâmite das informações, bem como insegurança
quanto ao trato sigiloso do conhecimento partilhado.
Aspecto relevante, observado por um dos respon-
dentes, diz respeito ao baixo nível de profundidade e
importância com que o assunto relativo à Análise de
Conjunturas e Prospecção de Cenários é tratado no
Curso de Inteligência Estratégica, da Escola Superi-
or de Guerra (ESG). O ambiente congrega integran-
tes de todos os órgãos integrantes do SINDE, apre-
sentando-se como fórum ideal para disseminação da
necessidade de integração e fomento da atividade de
Inteligência no mais alto nível, sobretudo quanto ao
tema em estudo.
Conforme exposto nas pesquisas aplicadas, atual-
mente não existe interação efetiva do SISBIN com o
SINDE. A dificuldade de integração do SINDE com
os órgãos do SISBIN é gerada pela falta de confiabi-
lidade entre os órgãos.
A fim de melhor evidenciar os principais resulta-
dos alcançados em relação à construção de cenários
e avaliação de conjunturas, o ANEXO B do presente
trabalho sintetiza os aspectos mais relevantes apre-
sentados pelos respondentes.
6 CONCLUSÃO
Ao final da presente exposição teórica, por meio da
qual foram estudados os pressupostos doutrinários
que norteiam o Planejamento Estratégico de Defesa,
bem como analisado o processo de integração dos
sistemas de inteligência estratégicos das Forças Ar-
madas, no trabalho de formulação das conjunturas
nacional e internacional e na construção de cenários
prospectivos, é possível afiançar que a integração
sistêmica é uma realidade em construção.
Não obstante as peculiaridades, similitudes e dife-
renças na atividade de Inteligência, desenvolvida por
cada estrutura de Inteligência das FA, o processo de
integração dos conhecimentos produzidos, no nível
MD, tem gerado efetividade, para formulação das
conjunturas e construção de cenários prospectivos
no âmbito do MD, todavia num processo em etapa
inicial, cuja gênese ocorreu há menos de um ano.
As estruturas de Inteligência do SINDE não estão
subordinadas a um mesmo órgão central; guardam
com a SCIE/MD e AIOp/MD ligações de ordem
técnica, o que diverge da estrutura norte-americana e
francesa, analisadas nesta obra. Somente a adoção de
um modelo similar poderá, de fato, integrar os níveis
estratégico, operacional e tático das três FA, o que
não parece ser a proposta assumida pelo MD, nem
mesmo a longo prazo.
As diferenças estruturais dos SI de cada Força ge-
ram diferentes níveis de resposta às demandas de
produção de conhecimento. Uma vez que o trabalho
de construção de cenários envolve grau de reflexão
mais aprofundado e efetivos maiores envolvidos no
processo, tal trabalho apresenta-se mais estruturado
na Força Terrestre, ao passo que as demais Forças
concentram seus esforços na avaliação e atualização
conjuntural, nos campos externos e interno.
De fato, com a absorção dessa tarefa pelo nível se-
torial (MD), é muito provável que as Forças apresen-
tem uma configuração mais voltada para a alimenta-
ção, do nível ministerial, com dados e conhecimen-
tos analíticos (apreciações e estimativas), em produ-
tos específicos como a AEID e os Cenários de Defe-
sa.
Há, sem dúvida, necessidade de implementação e
otimização do processo de integração entre os ór-
gãos do Sistema de Inteligência Estratégica do Mi-
nistério da Defesa (SIE/MD) pertencentes às FA,
uma vez que os conhecimentos produzidos muitas
44 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
vezes nascem e morrem no âmbito dos respectivos
órgãos que o produziram. Um dos fóruns mais ade-
quados para fomentar a desejada integração é, sem
dúvida, a Escola Superior de Guerra, onde novas
propostas e modelos de disseminação do conheci-
mento certamente são produzidos.
A constatação de que a redundância e falta de integra-
ção ocorrem, não somente entre os órgãos do SINDE,
mas até dentro das próprias Forças, demonstra que a
integração plena é uma falácia, senão uma desnecessi-
dade. O compartilhamento de dados não precisa dar-se
de forma plena, mas apenas aquele que seja oportuno
quanto aos conhecimentos produzidos pertinentes ao
objeto de estudo. A edição do novo Manual de Inteli-
gência de Defesa deverá apontar os rumos e parâmetros
nos quais se dará tal compartilhamento.
A criação de estruturas como o Comitê de Plane-
jamento Estratégico (CoPE), composto pelos Chefe
de Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
(EMCFA), Chefes de Estado-Maior dos Comandos
da Marinha (EMA), do Exército (EME) e da Aero-
náutica (EMAER), Secretários das SEORI, SEPESD
e SEPROD, Chefes de Preparo e Emprego, de As-
suntos Estratégicos e de Logística, além do Assessor
de Planejamento Institucional, indicam positivas
contribuições para uma integração de qualidade, em
especial no trabalho de cenarização. Os resultados
do SPED e da formulação do "Cenários de Defesa",
entretanto, são futuros e incertos, não obstante sina-
lizem significativa melhora no processo em estudo.
Com a efetivação dos Cenários de Defesa, haverá
melhor uniformização dos planejamentos das For-
ças, a partir da premissa de que disporão de um con-
junto de conhecimentos comuns, a partir dos quais
serão tomadas as decisões. A construção dos Planos
Estratégicos Militares dar-se-ão, assim, em confor-
midade com o que preconiza a doutrina, quando pla-
nejamentos serão alinhados desde o nível estratégi-
co.
A inexistência de uma Política Nacional de Inteli-
gência (PNI), há tempos em discussão nas câmaras
legislativas do País, cria dificuldades sensíveis para
o processo de integração e desvincula, ainda, a ativi-
dade de Inteligência do nível político. Sendo efeti-
vada, seu benefício maior será o de integrar e orien-
tar os diversos sistemas de inteligência, seja padro-
nizando técnicas, seja estabelecendo canais técnicos
efetivos e duradouros, além de fortalecer e legitimar
a atividade de Inteligência por meio de um controle
regulamentado.
Por fim, à luz dos objetivos específicos traçados, iden-
tificou-se a metodologia utilizada para integração de
conhecimentos, no processo de formulação das conjun-
turas pelo MD, que mesmo de forma ainda insipiente,
por meio do SPED, promete aproximar os SI num es-
forço comum de formular Cenários de Defesa aplicáveis
à realidades específicas de cada FA.
Ainda, foi possível identificar que as estruturas de
apoio à atividade de Inteligência, nas FA, são diver-
gentes e tratam com graus de profundidade disso-
nantes o trabalho de análise conjuntural e formula-
ção de cenários. Isso impacta no processo de inte-
gração para construção dos cenários prospectivos
comuns, cuja tarefa melhor cabe ao nível setorial.
Finalmente, mostrou-se que a formulação de cená-
rios prospectivos nas Forças Singulares é trabalho
realizado apenas pela Força Terrestre, não necessari-
amente alinhado com os Cenários de Defesa, mas
consoante seus projetos particulares. Essa tarefa vem
sendo desempenhada em face da ausência da formu-
lação de cenários no nível setorial, o que deverá ser
paulatinamente absorvido pelo MD.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 45
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46 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
ANTONIO JOSÉ GONÇALVES PINTO 1
PAULO CEZAR CROCETTI 2
MARCUS VINÍCIUS DE ANDRADE GAMA 3
1 Oficial do Quadro de Engenheiros Militares do Exército
Brasileiro, Graduado em Engenharia da Computação pelo Insti-
tuto Militar de Engenharia (IME), Mestre em Engenharia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em
Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar pela
Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
2 Oficial da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, Mestre
em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais (EsAO) e Especialista em Inteligência Militar pela
Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
3 Oficial da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, Mestre
em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército (ECEME) e Especialista em Inteligência Militar
pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx).
1 INTRODUÇÃO
A importância do “Estudo de Situação do Coman-
dante” fica evidenciada na clássica comparação,
discutida por ANTONY (1995), entre o jogo de xa-
drez e o desenvolvimento das operações militares.
Jogadores de xadrez e comandantes do campo de
batalha necessitam de uma visão clara da situação
para avaliarem suas opções, assim como as dos seus
adversários.
Tanto no xadrez quanto nas operações militares, os
contendores comandam numerosos recursos (peças
do jogo ou elementos de manobra) que possuem
características específicas e as estratégias emprega-
das variam ao longo do tempo. Grupos de peças de
O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO TERRENO, CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E
INIMIGO (PITCI) POR INTERMÉDIO DO PROGRAMA "C2 EM COMBATE"
RESUMO
O “Estudo de Situação” pode ser entendido como uma metodologia aplicada para a produção do co-
nhecimento necessário para condução das operações militares. Neste contexto, duas áreas assumem grande
relevância: a de Comando e Controle (C2) e a de Inteligência. Enquanto o C2 garante aos comandantes de
todos os escalões a consciência situacional e a direção das ações, a Inteligência reduz as incertezas do campo
de batalha pela integração de fontes para produção de conhecimentos relevantes. No Exército Brasileiro (EB),
o estudo realizado pela Inteligência no campo de batalha é denominado “Processo de Integração Terreno,
Condições Meteorológicas e Inimigo” (PITCI). Um mecanismo que automatize o processo deve manter uma
perspectiva global para assegurar que o significado de cada fragmento de informação seja reconhecido e utili-
zado corretamente e com oportunidade. Diante de tais demandas, o EB desenvolveu o programa C2 em Com-
bate. A pesquisa proposta faz uma revisão bibliográfica sobre o PITCI, preconizado nos manuais militares, e
em paralelo, sobre o estado da arte do programa C2 em Combate, visando determinar a sua relevância no pro-
cesso. Para cumprir tal objetivo, uma pesquisa de campo foi realizada para identificar os principais aspectos
que envolvem o binômio PTICI-C2 em Combate. Um estudo de caso apresentado ao final da pesquisa conso-
lida empiricamente os conhecimentos adquiridos com o trabalho.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 47
xadrez são análogas às organizações de alto nível em
um campo de batalha e o próprio tabuleiro de xadrez
representa as restrições de movimento semelhante às
impostas pelo terreno, pelas condições meteorológi-
cas, pela logística e por outras características típicas
do problema militar. Em ambos os domínios, os ob-
jetivos de alto nível do oponente podem ser conhe-
cidos, mas a tática empregada e os objetivos inter-
mediários são tipicamente desconhecidos.
O comandante militar possui uma visão mais in-
completa e imprecisa do campo de jogo do que o
mestre de xadrez. Este último possui o conhecimen-
to completo da localização das forças oponentes
(peças no tabuleiro), das suas limitações (tabuleiro),
da doutrina do adversário (movimento das peças) e
conta com total controle de todos os recursos dispo-
níveis. Embora os dois problemas sejam metafori-
camente similares, o “Estudo de Situação do Co-
mandante” envolve uma maior complexidade.
O “Estudo de Situação” pode ser entendido como
uma metodologia para produção do conhecimento
necessário para condução das operações militares.
Neste contexto, duas áreas assumem grande relevân-
cia: a de Comando e Controle (C2) e a de Inteligên-
cia. Enquanto a área de C2 garante aos comandantes
de todos os escalões a consciência situacional e a
direção das ações militares necessárias à vitória, a
Inteligência reduz as incertezas do campo de batalha
pela integração das informações relativas ao terreno,
às condições meteorológicas e ao inimigo.
No Exército Brasileiro (EB), o estudo realizado pe-
la Inteligência no campo de batalha é denominado
“Processo de Integração Terreno, Condições Meteo-
rológicas e Inimigo (PITCI)”, sendo definido como
um processo cíclico de caráter gráfico, que permite a
obtenção das possibilidades do inimigo e de seus
possíveis objetivos, além de cooperar na montagem
das linhas de ação. Auxilia, ainda, a análise das li-
nhas de ação opostas, apoia a decisão do comandan-
te, facilita a direção do esforço de busca e permite o
acompanhamento da evolução do combate. (BRA-
SIL, 1999, p. 4-1)
A “digitalização do campo de batalha”, imposta pe-
los avanços tecnológicos no campo militar, tem re-
duzido o tempo disponível e ampliado exponencial-
mente o volume de dados que devem ser considera-
dos no processo de tomada de decisão operacional.
O PITCI busca prover uma abordagem holística para
a análise da informação que endereça a complexida-
de do “Estudo de Situação”. Um mecanismo que
automatize o processo deve manter uma perspectiva
global para assegurar que o significado de cada
fragmento de informação seja reconhecido e utiliza-
do corretamente e com oportunidade. Diante de tais
demandas, foi desenvolvido o programa “C2 em
Combate”.
O Programa C2 em Combate (C2Cmb) é um soft-
ware desenvolvido pelo EB para condução de opera-
ções militares, possibilitando a integração das in-
formações dos seguintes sistemas operacionais: co-
mando e controle; inteligência; manobra; apoio de
fogo; defesa antiaérea; mobilidade, contramobilida-
de e proteção; e logístico. Nos dias atuais, constitui-
se como a principal ferramenta computacional para
apoiar o Sistema de Comando e Controle da Força
Terrestre (SC2FTer), sendo enquadrado como um
sistema de apoio à decisão. O C2Cmb automatiza o
ciclo de Comando e Controle em operações, inde-
pendente de escalão, sendo empregado prioritaria-
mente nos Centros de Comando e Controle e Postos
de Comando.
48 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
A pesquisa proposta neste trabalho trata sobre a in-
tegração do terreno, condições meteorológicas e
inimigo no estudo de situação de operações milita-
res, buscando identificar as potencialidades agrega-
das ao processo por intermédio do programa C2 em
Combate.
2 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DO TER-
RENO, CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E
INIMIGO
Poucos conflitos na História moderna podem ser
caracterizados como pontos de inflexão na evolução
da Doutrina Militar. A Guerra do Golfo de 1991,
depois rebatizada como 1ª Guerra do Golfo, foi, em
muitos aspectos, um destes conflitos históricos.
Maior campanha “convencional” desde a 2ª Guerra
Mundial, a Guerra do Golfo serviu para aplicação de
um sem número de aprimoramentos doutrinários que
se encontravam em desenvolvimento nas Forças
Armadas estadunidenses desde a década de 1980.
Além de campo de testes para novos sistemas de
armas, a rápida campanha serviu para validar novas
concepções doutrinárias e iniciar o processo de “di-
gitalização do campo de batalha”. O trânsito de da-
dos aumentou exponencialmente em relação aos
conflitos anteriores e novos processos metodológi-
cos buscaram integrar esta grande quantidade de
informações e apresentá-la de maneira a subsidiar as
decisões do nível tático ao estratégico.
No Brasil, o primeiro manual que refletiu os ensi-
namentos adquiridos durante a Guerra do Golfo foi
publicado, em 1996, pela Portaria nº 126, do Estado-
Maior do Exército (EME), de 5 de dezembro. Trata-
se da 1ª Edição da Instrução Provisória (IP) 100-1 –
Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego
da Força Terrestre (Doutrina Delta). O novo manual
abordava um campo de batalha moderno que de-
mandava um sistema de Comando e Controle (C2)
“calcado em modernos e eficientes sistemas de co-
municações e de inteligência, na informatização, no
sensoriamento e na guerra eletrônica” (BRASIL,
1996, p. 1-3). A IP serviria de base para a aprovação
da 3ª Edição do Manual de Campanha (C) 100-5 –
Operações, que foi definitivamente incorporado à
Doutrina Militar Brasileira (DMB) no ano seguinte.
O Manual de Operações apresentou um arcabouço
completamente novo, que serviria de base para todos
os demais manuais que abordavam, direta ou indire-
tamente, operações militares em campanha. Ele in-
troduziu oficialmente o conceito de “sistemas opera-
cionais”, e “sincronização do combate”. O texto a
seguir ilustra perfeitamente a nova concepção dou-
trinária, que servirá de base para outros estudos nes-
te trabalho.
Os elementos de combate, apoio ao com-
bate e logísticos interagem, integrando
sistemas operacionais, que permitem ao
comandante coordenar o emprego opor-
tuno e sincronizado de seus meios no
tempo, no espaço e na finalidade. Os sis-
temas operacionais são: comando e con-
trole; inteligência; manobra; apoio de fo-
go; defesa antiaérea; mobilidade, con-
tramobilidade e proteção; e logístico.
(BRASIL, 1997, p. 2-13).
Como se pode observar no conceito, a integração
dos sistemas operacionais passou a ser um objetivo
permanente com o intuito de permitir ao Comandan-
te realizar o emprego sincronizado dos seus meios
no tempo e no espaço.
Dois sistemas operacionais serão mais relevantes
para o desenvolvimento deste trabalho: o Comando e
Controle (C2) e o de Inteligência. O mesmo manual
afirma que o C2 “permite aos comandantes de todos
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 49
os escalões visualizarem o campo de batalha, apre-
ender a situação e dirigir as ações militares necessá-
rias à vitória” (BRASIL, 1997, p. 2-13). Mais à fren-
te, também afirma que a Inteligência deve “fornecer
uma visão precisa do campo de batalha”, estando
esse sistema “intimamente ligado ao de comando e
controle”. Esta ligação poderá ser observada em di-
versos outros manuais doutrinários, tanto da área de
C2, como da área de Inteligência.
2.1 FUNDAMENTOS DO PITCI
Após a publicação do novo C 100-5, diversos no-
vos manuais passaram a ser revisados e republicados
em novas edições, com os conceitos básicos do Ma-
nual de Operações e da Doutrina Delta inseridos em
seu bojo. O manual que define o processo chamado
de “Estudo de Situação” teve uma nova edição pu-
blicada em 2003, pela Portaria do EME de 8 de se-
tembro. O C 101-5 – Estado-Maior e Ordens – 1º e
2º Volumes, 2ª Edição, revogou a versão anterior,
que estava vigente desde 1971, alterando uma dou-
trina em vigor há mais de três décadas. O novo ma-
nual inseriu, pela primeira vez em um documento
doutrinário do EB, o termo PITCI, apesar de o acrô-
nimo já vir sendo empregado em diversas IP em
elaboração. Com o C 101-5, o PITCI passou a ser
fase obrigatória do planejamento operacional em
todos os níveis, do tático ao estratégico. No entanto,
o detalhamento da metodologia para realização do
PITCI não foi inserida no novo manual, tendo esta
tarefa sido delegada para o conjunto de manuais que
regulam a Atividade de Inteligência Militar no EB.
Antes mesmo da aprovação do novo C 101-5, e
dois anos após a aprovação do C 100-5, foi publica-
da a IP 30-1 – A Atividade de Inteligência Militar –
2ª Parte: A Inteligência nas Operações Militares.
Aprovada pela Portaria nº 186 do EME, reservada,
de 6 de dezembro de 1999, esta IP apresenta em seu
primeiro capítulo sua finalidade principal, que é a-
presentada a seguir.
Estas Instruções Provisórias (IP) propor-
cionam uma orientação aos comandantes,
oficiais de inteligência (Of Intlg), assim
como ao Estado-Maior (EM) de todas as
Armas, Quadros e Serviços de todos esca-
lões de comando. Referem-se aos proce-
dimentos a serem adotados para a execu-
ção da Atividade de Inteligência, voltada
para o emprego da Força Terrestre em
Operações Militares, sejam de Defesa Ex-
terna (Def Ext), de Defesa Interna (Def
Int) ou de Manutenção da Paz (Mnt Paz).
(BRASIL, 1999, p. 1-1)
A abrangência da sua finalidade demonstra que o
manual buscou ser, efetivamente, o documento bási-
co de consulta para a realização da Atividade de
Inteligência em qualquer tipo de operação, em qual-
quer escalão de execução. No seu bojo, são apresen-
tados todos os principais procedimentos a serem
seguidos pelos profissionais de Inteligência visando
a assessorar os Comandantes nos mais diversos ní-
veis. A importância do PITCI pode ser observada
pelo simples fato de que 5 (cinco) dos 11 (onze)
capítulos são dedicados a este assunto. No capítulo
4, a definição de PITCI é apresentada.
O Processo de Integração Terreno, Con-
dições Meteorológicas e Inimigo (PITCI)
pode ser definido como um processo cí-
clico de caráter gráfico, que permite, me-
diante a análise integrada, a obtenção
das possibilidades do inimigo e de seus
possíveis objetivos e cooperar na monta-
gem das linhas de ação. Auxilia, ainda, a
análise das linhas de ação opostas, apóia
a decisão do comandante, facilita a dire-
50 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
ção do esforço de busca e permite o a-
companhamento da evolução do combate
(estudo de situação continuado). (BRA-
SIL, 1999, p. 4-1)
Observa-se, da definição, alguns aspectos
importantes. Os primeiros termos do texto apontam
para a retroalimentação do processo, ao mencionar
que ele é cíclico e, portanto, contínuo. A seguir, um
elemento chave na execução do PITCI é a forma de
sua apresentação, ressaltada, desde a definição, pelo
seu “caráter gráfico”. Este aspecto do PITCI pode
ser claramente observado nos procedimentos meto-
dológicos adotados em cada uma de suas fases.
Segundo a IP 30-1, o PITCI está subdivido
em quatro fases distintas, a saber:
- 1ª Fase: Determinação e avaliação da área de operações;
- 2ª Fase: Análise do Terreno e das Condi-
ções Meteorológicas;
- 3ª Fase: Avaliação do Inimigo; e
- 4ª Fase: Integração.
3 PROGRAMA “C2 EM COMBATE”
O Programa “C2 em Combate” teve sua origem na
Portaria nº 11 do EME, de 8 de março de 2002. Esta
Portaria estabeleceu um Grupo de Trabalho (GT)
que teria como principal tarefa a de apresentar uma
proposta de modelo conceitual para o Sistema de
Comando e Controle da Força Terrestre (SC2FTer),
nos níveis Brigada (Bda) e Divisão de Exército
(DE). O GT buscou integrar representantes do pró-
prio EME, como Órgão de Direção Geral (ODG) do
EB, com integrantes da área de Ensino, Ciência e
Tecnologia, Operações e Logística, de acordo com a
estrutura vigente à época. Em cerca de cinco meses,
o GT apresentou uma proposta que, segundo o seu
relatório final, buscou inserir a Força Terrestre no
processo de “digitalização do campo de batalha”,
vigente desde a década de 1990.
O modelo apresentado era audacioso, na medida
em que buscava modernizar um sistema vigente por
décadas, inserindo definitivamente o tráfego de da-
dos nas redes de comunicações táticas. Sobre a in-
fraestrutura de hardware criada para permitir o esta-
belecimento destas ligações, o modelo apresentava a
necessidade de criação de um software de Comando
de Controle (C2) nacional. No relatório final, foi
ressaltado que a “dependência externa em termos de
C2, especialmente em software de Apoio à Decisão,
é indesejável e inadequada” (BRASIL, 2003, an.
H.). Os motivos para o desenvolvimento de uma
solução autóctone são amplamente conhecidos. A
área de C2 permeia todas as operações militares,
impactando diretamente todos os “sistemas opera-
cionais” empregados no campo de batalha. Os custos
para aquisição e manutenção de sistemas “de prate-
leira” podem se tornar proibitivos, além de não per-
mitir a customização que, por vezes, a evolução da
Doutrina Militar pode exigir. Por fim, a sensibilida-
de dos dados transmitidos pelos meios de C2 exige
uma garantia de segurança que pode não ser assegu-
rada por empresas com sede em outros países.
Desde sua concepção em 2002, até os dias atuais,
foram mais de dez anos de desenvolvimento que
geraram cinco versões principais do programa. Sua
versão atual, difundida em 29 de outubro de 2012, é
a 5.0.3. O Portal de Comando e Controle é o sítio
corporativo na Intranet do Exército Brasileiro res-
ponsável por divulgar informações sobre a família
de aplicativos de Comando e Controle. Dentro do
seu conteúdo, são apresentadas definições relevan-
tes, como a transcrita a seguir.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 51
O Programa C2 em Combate é a ferra-
menta de software para apoiar uma Bri-
gada em operações, no contexto do Sis-
tema de Comando e Controle da Força
Terrestre (SC2FTer). Como um software
de Comando e Controle (C2), destina-se à
condução de operações militares e possi-
bilita a integração das informações dos
Sistemas Operacionais de Combate: Ma-
nobra, Inteligência, Apoio de Fogo, Co-
mando e Controle, Defesa Antiaérea, Lo-
gística e Mobilidade, Contramobilidade e
Proteção. (BRASIL, 2013)
Observa-se, da definição, o amplo escopo de pos-
sibilidades atribuído ao Programa C2 em Combate.
Mais do que um sistema de comunicações, permitin-
do a ligação entre os elementos de combate, apoio
ao combate e logísticos, a ferramenta tem como ob-
jetivo a integração de informações utilizadas pelos
sete sistemas operacionais preconizados no Manual
de Operações. Esta possibilidade de integração abre
um amplo leque de possibilidades que podem ser
aproveitadas particularmente na Atividade de Inteli-
gência Militar.
4 VISÃO TÉCNCIA E OPERACIONAL
4.1 VISÃO DO ANALISTA DE INTELIGÊNCIA
O estudo desenvolvido nesta seção teve por objeti-
vo verificar o grau de conhecimento, por parte dos
analistas de inteligência, do programa C2 Cmb e,
principalmente, das possibilidades e limitações na
realização do PITCI. Assim, com enfoque eminen-
temente objetivo, foi estruturada uma entrevista com
perguntas diretas e claras sobre o assunto, contando
com a colaboração de oficiais superiores com Curso
de Comando e Estado-Maior (CCEM).
Objetivou-se saber se o militar, após concluir o
CCEM, foi designado para compor o Estado-Maior
(EM) de uma Grande Unidade (GU) e qual a função
ou funções que desempenhou, tendo como resultado
os gráficos das figuras 1 e 2 a seguir, em que quase
50% dos entrevistados foi designado para integrar o
EM de uma GU na função de oficial de inteligência,
sendo a maior parte em Comando de Brigada.
Fig 1 – Função desempenhada - Fonte: O autor
Fig 2 – Grande Comando (%) - Fonte: O autor
Na sequência, intencionou-se saber se o oficial de
EM tem conhecimento do PITCI e se empregou, ao
longo da função, esse processo no planejamento das
manobras, obtendo como resultado o gráfico da
figura 3. Entretanto, quando se questiona sobre o
emprego do processo no planejamento das
manobras, apenas 19% afirma ter empregado com
certa frequência, como mostra o gráfico da figura 4.
52 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Inferindo-se que, apesar do assessor de EM ter co-
nhecimento do PITCI, o seu emprego ainda é incipi-
ente.
Fig 3 – Conhece o PITCI - Fonte: O autor
Na sequência, questionou-se sobre os meios utili-
zados para a obtenção de dados para a 2ª fase do
PITCI, cujas respostas estão representadas nos gráfi-
cos das figuras 5 e 6.
Fig 5 – Estudo do terreno - Fonte: O autor
Fig 6 – Estudo das condições meteorológicas - Fonte: O autor
Observa-se que, para o estudo do terreno, a carta
topográfica ainda é o meio mais utilizado nessa fase,
representando mais de 80% das referências. Para o
estudo das condições meteorológicas, a internet e as
informações obtidas no DAMEPLAN ainda são as
fontes para obtenção de dados climáticos.
No questionamento sobre a 3ª fase do PITCI, cuja
intenção era saber qual o meio utilizado pelo asses-
sor de EM para realizar o estudo do inimigo, foi ob-
servado que as informações são buscadas principal-
mente no DAMEPLAN.
Fig 7 – Estudo do inimigo - Fonte: O autor
Isso, muito provavelmente, é reflexo da influência
da metodologia utilizada nos bancos escolares e a
falta de adestramento dos oficiais de inteligência em
buscar dados do inimigo no terreno, em fotografias,
imagens de satélite, ou outras fontes mais situacio-
nais.
Concluindo a primeira parte dos questionamentos,
buscou-se saber por qual meio os dados foram
transmitidos para o escalão superior e subordinado,
obtendo-se como resposta, a carta topográfica como
sendo a forma mais utilizada para a transmissão das
informações, como ilustra o gráfico da figura 8.
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 53
Fig 8 – Transmissão das informações - Fonte: O autor
Pode se concluir, parcialmente, que apesar dos ofi-
ciais de EM terem conhecimento do PITCI, seu em-
prego ainda não está arraigado na cultura do assessor
e, mesmo com meios mais modernos, a carta topo-
gráfica e o DAMEPLAN são os mais utilizados para
obtenção de dados, muito provavelmente, pela influ-
ência dos bancos escolares.
Na segunda parte do questionário ao qual os analis-
tas foram submetidos, a intenção, era avaliar o grau
de conhecimento do programa C2 Cmb e a sua utili-
zação no PTICI, tendo 100% dos entrevistados afir-
mado conhecer o programa, sendo que apenas 19%
afirma conhecer razoavelmente mal. Pode-se infe-
rir, portanto, que não há razão para não utilização do
programa no planejamento de manobras militares.
Num segundo questionamento, a grande maioria
afirmou que não sabe operar o sistema, tendo conhe-
cimento apenas na condição de assessor de EM, con-
forme representado no gráfico da figura 10.
Fig 9 – Conhece o C2 em Combate - Fonte: O autor
Fig 10 – Conhecimento do C2 - Fonte: O autor
Na sequência, intencionou-se saber se a ferramenta
era utilizada, principalmente na busca de dados de
inteligência. Como resultado, obteve-se um elevado
percentual de oficiais que empregaram poucas ou
nenhuma vez o C2 em planejamento de manobras e,
ainda, um percentual baixo de oficiais de
inteligência, conforme os gráficos das figuras 11 e
12.
Fig 11 – Utiliza o C2 em Combate - Fonte: O autor
Fig 12 – Utilizou o C2 em Combate - Fonte: O autor
54 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Passou-se, então, a questionar sobre o emprego do
programa C2 Cmb no PITCI. Como resultado da 2ª
fase, obteve-se os gráficos das figuras 13 (estudo do
terreno) e 14 (estudo das condições meteorológicas).
Fig 13 – Estudo do Terreno - Fonte: O autor
Fig 14 – Estudo das condições climáticas - Fonte: O autor
De posse desses percentuais, pode-se inferir que a
grande maioria dos assessores não tem o hábito de
empregar o programa C2 Cmb nessa fase e, muito
provavelmente, não tem conhecimento das possibili-
dades do programa.
Concluindo com a 3ª fase do PITCI, foi levantado
se os assessores utilizaram o programa para realizar
o estudo do inimigo e os valores revelam que o as-
sessor de EM pouco utiliza-se desse programa para
realizar o estudo. Foram também formulados questi-
onamentos sobre a opinião do analista do emprego
do programa C2 Cmb no PITCI e 41% das respostas
afirmam como sendo necessário o emprego do pro-
grama no PITCI.
Fig 15 – Estudo do inimigo - Fonte: O autor
Fig 16 – C2 em Combate no PITCI - Fonte: O autor
Finalizando os questionamentos, foi buscado obter
do analista a sua opinião sobre ser ou não vantajoso
a utilização do programa C2 Cmb no PITCI e,
mesmo com o pouco conhecimento e emprego do
programa nesse processo, a grande maioria dos
entrevistados julgou que é vantajoso, conforme nos
revela os dados constantes no gráfico da figura 17.
Fig 17 – C2 em Combate no PITCI - Fonte: O autor
Finalizou-se o questionário deixando espaço ao en-
trevistado para opinar sobre o programa C2 em
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 55
Cmb, obtendo-se algumas informações importantes,
a saber:
Há uma grande dificuldade em se obter cartas
militares atualizadas em formato digital para
carregar o sistema, e a cartas existentes, na sua
maioria, não dispõe de recursos 3D e são pesadas,
gerando travamento do sistema;
Ferramenta muito importante, mas que
necessita aprimoramento para se tornar mais útil,
principalmente na inserção dos dados de forma
mais automatizada;
Ferramenta vantajosa, porém seu manuseio
pode ser mais facilitado se as opções de inserção
de dados não fossem eminentemente manuais.
4.2 VISÃO DO DESENVOLVEDOR DO C2
CMB
Esta seção foi elaborada a partir da entrevista reali-
zada com a equipe de desenvolvimento do C2 Cmb,
responsável pela manutenção evolutiva e corretiva
do sistema, abordando as seguintes áreas que envol-
vem o C2 Cmb: a Engenharia de Sistemas, o Banco
de Dados, o Sistema de Apoio à Decisão e o Sistema
de Informações Geográficas.
O projeto C2 Cmb faz parte do portfólio do Centro
de Desenvolvimento de Sistemas do Exército Brasi-
leiro e conta com uma equipe própria de desenvol-
vimento. Atualmente, o grupo de desenvolvimento
possui doze militares dedicados ao projeto, sendo
um major, quatro capitães e dois tenentes e cinco
sargentos. Quando a necessidade exige, a equipe é
reforçada por técnicos civis contratados e conta ain-
da, com especialistas de outras organizações milita-
res da Força Terrestre.
O C2 Cmb é uma ferramenta voltada primariamen-
te para a condução de operações militares, de qual-
quer natureza, sendo que os principais usuários são o
Comando de Operações Terrestres (CO Ter) e os
Comandos Militares de Área. No entanto, uma de
suas características é a facilidade de adaptação e
reutilização, cabendo destacar, por exemplo, o seu
emprego como sistema de tratamento de incidentes
nos V Jogos Mundiais Militares, em 2011.
Os requisitos de evolução do C2 Cmb visam aten-
der prioritariamente a necessidade do SC2FTer e,
quando possível, as solicitações de outros usuários.
Todos os requisitos identificados sofrem uma análise
e são inseridos com ordem de prioridade no registro
de requisitos de software do projeto. A ordem de
prioridade é revista constantemente e pode ser alte-
rada conforme os seguintes fatores: dependência,
oportunidade, complexidade e valor a ser agregado
ao usuário.
A gerência de configuração do C2 Cmb adota uma
metodologia rígida para controlar as versões do
software, as mudanças realizadas (alterações do có-
digo, as bibliotecas utilizadas e os scripts de iniciali-
zação) e a auditoria das configurações. Tal rigor no
processo de desenvolvimento garante o registro do
que foi alterado, a causa da mudança e quando ocor-
reu, quem fez a alteração e se é possível reproduzir
tal mudança.
O gerenciamento da qualidade do C2 Cmb é reali-
zado por meio da realização de testes antes da entre-
ga da versão de produção; de testes de compilação,
testes de stress, testes descentralizados de funciona-
lidades individuais e testes com várias máquinas e
usuários. O objetivo das avaliações é assegurar que o
56 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
produto atenda ou supere as expectativas dos usuá-
rios.
A equipe adota a metodologia de desenvolvimento
software ágil chamada SCRUM. Tal metodologia é
baseada em ciclos com período de tempo definido,
chamados sprints, onde se trabalha para alcançar
objetivos bem definidos. Estes objetivos são repre-
sentados em uma lista de itens a realizar e é constan-
temente atualizada. A maior vantagem de tal meto-
dologia é a valorização da qualidade do produto com
a realização de testes contínuos.
O desenvolvimento do Programa C2 tem como
uma de suas premissas básicas o amplo uso de soft-
ware livre. Dentre as principais tecnologias envolvi-
das encontramos o C++ (linguagem de programa-
ção); QT 4.X (plataforma para desenvolvimento em
liguagem C++); o SQLite (biblioteca que implemen-
ta um banco de dados); o Openscenegraph (biblio-
teca para o desenvolvimento de aplicações gráficas
de elevado desempenho); e o Openssl (biblioteca de
funções básicas de criptografia).
O banco de dados adotado no C2 Cmb é o SQLite.
Este banco de dados é recomendado onde a simpli-
cidade da administração, implementação e manuten-
ção são mais importantes que incontáveis recursos
de programas mais complexos. Os “Dados Médios
de Planejamento” (DAMEPLAN) representam in-
sumo fundamental para o trabalho do analista de
inteligência no PITCI, sendo que embora o SQLite
suporte o carregamento da base de dados com dados
do DAMEPLAN, para utilização efetiva dos dados é
necessário desenvolver um modelo de integração
destas informações com o modelo de Comando e
Controle.
O C2 Cmb implementa um sistema que permite a
análise de um grande número de variáveis para que
seja possível o posicionamento a uma determinada
questão. O Sistema de Apoio a Decisão do C2 Cmb
conta com funcionalidades relacionadas com o apoio
à decisão, como conectividade, posicionamento (tro-
pas, instalações e medidas de coordenação e contro-
le, amigas e inimigas, rastreamento em tempo real),
inventário de material e pessoal, planejamento de
operações, ordem de operações, visualização 3D
(perfil do terreno) e visualização de formas geográ-
ficas como hidrografia e cotas. O C2 Cmb não pos-
sui um SAD específico para o analista de inteligên-
cia utilizar no PITCI, cabendo ressaltar que o siste-
ma ainda não está automatizado, no sentido de ma-
nipular os dados e propor linhas de ação para deter-
minadas situações ao usuário.
O C2 Cmb conta com subsistema que permite e fa-
cilita a análise, gestão ou representação do espaço e
dos fenômenos que nele ocorrem. O SIG utilizado
no C2 Cmb é o ATLANTE, que foi desenvolvido
pelo CIGEx com base no Consórcio Geoespacial
Aberto, que encoraja o desenvolvimento e a imple-
mentação de padrões para conteúdo e serviços de
informações geográficas. Atualmente, os padrões
adotados são o WMS (Serviço de mapa pela Inter-
net), GeoTiff, JPEG georreferenciado e shapefile.
O SIG do C2 Cmb já conta com recursos importan-
tes para o analista de inteligência durante o PITCI
como, por exemplo, a visualização dos perfis do
terreno, a partir do modelo 3D, na geração do calco
da análise altimétrica do relevo, a sobreposição de
camadas com informações georeferenciadas na ela-
boração do calco de restrição de movimentos e, ain-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 57
da, exibir informações meteorológicas e astronômi-
cas (luminosidade) a partir de fontes externas.
5 ESTUDO DE CASO
Para constatar as alegações dos usuários do pro-
grama sobre as possibilidades e limitações do em-
prego do C2 Cmb no PITCI, foi organizado um caso
esquemático de forma a observar e estudar o funcio-
namento do programa.
O caso foi montado de forma a seguir, criteriosa-
mente, todas as fases do PITCI, inserindo os dados
necessários a facilitar a compreensão, por parte do
decisor, das interferências do terreno, condições
meteorológicas e inimigo, integrando-as ao final do
estudo.
5.1 PREPARAÇAO DO PROGRAMA
Nesta fase preparatória, foi instalado o programa
C2 em Cmb em um laptop HP 630, com processador
Intel Core i3, adquirido pelo Comando da 3ª Divisão
de Exército com a finalidade de ser utilizado no
Centro de Operações daquele Grande Comando pelo
chefe da 4ª Seção. Iguais equipamentos foram distri-
buídos, também, para os demais integrantes do EM.
Após a instalação, foram carregadas cartas digitali-
zadas para se criar um cenário de operações. Uma
das grandes dificuldades é encontrar cartas com di-
mensão de arquivo compatível com o programa,
bem como o formato.
As cartas disponíveis não são atuais, e os dados e-
xistentes sobre estradas, cidades, obras de arte, etc,
não são confiáveis. Além disso, são pouquíssimas as
cartas disponíveis em cenário 3D. O computador,
por consequência, deve proporcionar suporte a Sha-
der (instrução da placa de vídeo que facilita a confi-
guração de luz e sombras para imagem 3D) para que
os cenários 3D apresentem nitidez e detalhamento
adequados. Assim, os recursos que o programa dis-
põe nesse cenário não podem ser utilizados.
Para esse estudo de caso foram carregadas 08 (oito)
cartas da Região Sul do País, na escala 1:50.000
(ITAPEVI –RS; CACEQUI –RS; ROSARIO DO
SUL –RS; ROSÁRIO DO SUL N – RS; AZEVEDO
SODRÉ –RS; GUARA –RS; SAICA – RS E UMBU
–RS). Quando se tentou carregar mais cartas, o pro-
grama apresentou seguido travamento no equipa-
mento.
Inicialmente a manobra montada foi uma “Marcha
para o Combate de uma Divisão de Exército”. Para
uma melhor visualização, ao final de missão, foi
preparado um ataque coordenado de uma Brigada de
Cavalaria Blindada com o objetivo de isolar uma
localidade.
5.2 MONTAGEM DO CASO ESQUEMÁTICO
Para a montagem do caso esquemático, foi seguido
o que prevê a IP 30-1 – A ATIVIDADE DE INTE-
LIGÊNCIA MILITAR, 2ª PARTE – A INTELI-
GÊNCIA NAS OPERAÇÕES MILITARES, que a
partir do seu Capitulo 4 descreve o Processo de Inte-
gração Terreno, Condições Meteorológicas e Inimi-
go – PITCI.
No intuito de realizar uma análise integrada para
montar uma linha de ação, o processo foi estruturado
de forma a apresentar um caráter gráfico para apoiar
a decisão do comandante.
Deste modo, forão apresentados extratos de cartas
com a representação dos dados inseridos no progra-
ma, de acordo com cada fase do PITCI.
5.2.1 Determinação e avaliação da área de opera-
ções (1ª Fase)
Para se estabelecer o espaço geográfico que será
utilizado para o planejamento da manobra, foram
58 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
observadas a Zona de Ação e a Área de Interesse. À
soma desses espaços dá-se o nome de Área de Ope-
rações.
Ao delimitar a área de Operações do caso esque-
mático, encontrou-se a primeira dificuldade do pro-
grama: a resolução da carta x espaço na tela. Quando
se trabalha com detalhes como acidentes do terreno
que sejam facilmente identificáveis para servirem de
limitadores de Z Aç ou como controladores do mo-
vimento, esses pontos devem, também, ser clara-
mente identificados no planejamento realizado. Com
o espaço de tela de um computador, esses detalhes
não foram vistos.
Quando se tentou entrar nesses detalhes do terreno,
foi necessário aumentar as definições da carta utili-
zando-se da ferramenta zoom. Porém, isto dificultou
a realização do traçado dos limites e linhas de con-
trole, já que a ferramenta restringe o traçado de li-
nhas fora da área de trabalho sem ter que modificar
o posicionamento da mesma, seja pela habilidade do
operador em manusear a ferramenta “NAVEGA-
ÇÃO” ou, parando o traçado para modificar o posi-
cionamento da carta com a ferramenta “PAN”.
Assim, foi delimitada a Zona de Ação da 5ª DE
conforme figura 18.
Fig 18 - Delimitação da Zona de Ação da 5ª DE
Fonte: O autor – Estudo de Caso
Na sequência, foi estabelecida a área de interesse
da 5ª DE, conforme figura 19. Para poder desenhar a
área de interesse, foi utilizada a ferramenta “DESE-
NHAR POLÍGONO”, colocando uma máscara com
transparência suficiente para visualização sem, con-
tudo, esconder os dados do terreno existentes na
carta.
Fig 19 - Delimitação da Area de Interesse da 5ª DE
Fonte: O autor – Estudo de Caso
E concluindo, como já foi dito, foi necessário au-
mentar o zoom para visualizar detalhes do terreno.
Por isso, foi estabelecido uma área menor de traba-
lho na carta, com a manobra de uma Brigada de Ca-
valaria Blindada realizando um Ataque Coordenado.
Para isso, novamente utilizando a ferramenta “zo-
om”, foi destacado em qual porção do terreno seria
realizada essa manobra, conforme figura 20.
Fig 20 - Delimitação da Zona de Ação da 5ª Bda C Bld
Fonte: O autor – Estudo de Caso
Delimitacão da área de atuação
da 5ª Bda C Bld
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 59
5.2.2 - Estudo do terreno e das condições meteo-
rológicas (2ª Fase)
5.2.2.1 Análise dos aspectos gerais do terreno
Para essa análise, o detalhamento é realizado em
sete etapas, de forma a determinar os aspectos gerais
e militares do terreno que interferem na operação, de
acordo com o escalão considerado, nesse caso, da 5ª
Bda C Bld.
Na primeira etapa foram levantados os dados co-
nhecidos na documentação existente. Uma juntada
de cartas topográficas, fotografias aéreas, imagens
de satélite, reconhecimentos no terreno, é fundamen-
tal para concluir essa etapa.
Na Etapa Nr 2, é elaborado um calco dos aspectos
do terreno.
No estudo dos aspectos gerais do terreno, busca-se
interpretar os dados topográficos existentes como a
vegetação, hidrografia, as elevações existentes e sua
declividade, a natureza do solo, as obras de arte e as
alterações no terreno que impactem a mobilidade.
Assim, levantam-se os terrenos impeditivos, restri-
tivos e adequados para o movimento de tropas, de
acordo com a natureza das mesmas.
A junção dessas duas etapas nos permitiu chegar a
um calco de restrição de movimento em caso de
tempo bom, conforme figura 21.
Fig 21 - Calco de restrição de movimento
Fonte: O autor – Estudo de Caso
A dificuldade encontrada na composição desse cal-
co foi ter que desenhar os polígonos de restrição
manualmente, pois as cartas não são inteligentes e o
programa não consegue identificar, automaticamen-
te, se o desenho de uma mata densa é impeditivo ou
restritivo ao deslocamento de tropas, principalmente
motorizadas, mecanizadas ou blindadas.
Além disso, a carência de cartas em 3D não permi-
te identificar qual a declividade do terreno e sua in-
terferência no deslocamento de tropas. Essas ferra-
mentas automáticas, se disponibilizadas, poderiam
aumentar a eficácia do programa nessas etapas estu-
dadas.
5.2.2.2 Análise das condições meteorológicas
Essa é a etapa 3 da 2ª fase do PITCI. Utilizando a
ferramenta condições meteorológicas, pode-se le-
vantar o prognóstico das condições meteorológicas
para a área de operações para o período considerado.
Os dados dessa ferramenta são obtidos através de
uma busca na internet.
No caso esquemático, foi digitada a localidade de
Rosário do Sul e obtido a previsão para o período,
conforme figura 22, mas para efeito de estudos, foi
considerada a probabilidade de chuvas, o que tem
interferência para a manobra.
Fig 22 - Previsão do tempo para a Região
Fonte: O autor – Estudo de Caso
60 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
Assim, depois de uma análise das condições climá-
ticas e sua interferência no terreno, foi montado um
calco de restrição de movimento em caso de chuvas,
conforme figura 23.
Fig 23 - Calco de restrição de movimento em caso de chuvas
Fonte: O autor – Estudo de Caso
A dificuldade nessa etapa é que o link de acesso ao
banco de dados de clima direciona para um site do
CPTEC/INPE, cujos dados são apresentados para 3
dias, e não são discriminados por hora do dia. As-
sim, fica impreciso usar esses dados como subsídio
para o planejamento do emprego de tropas.
5.2.2.3 Integração do terreno com as condições me-
teorológicas.
Na etapa 4, depois de confeccionados os calços das
etapas anteriores, os mesmos foram superpostos, já
que o programa permite a seleção de quais cenários
serão visualizados. Dessa forma, chegou-se ao calco
de restrição de movimento, conforme figura 24.
Fig 24 - Calco de restrição integrado terreno e clima
Fonte: O autor – Estudo de Caso
5.2.2.4 Identificação dos corredores de mobilidade e
das vias de acesso.
Com o calco de restrição de movimento pronto, já
se torna possível identificar os corredores de mobili-
dade e as vias de acesso que afetam ou não o movi-
mento das tropas.
Com base no DAMEPLAN, foram medidos os es-
paços no terreno com a ferramenta régua para identi-
ficar a capacidade de cada corredor de mobilidade,
conforme exemplo da figura 25.
O espaço existente nos terrenos adequados devem
ser adequados à área necessária para o movimento
de tropas blindadas, que irão atuar nessa faixa de
terreno.
A dificuldade encontrada reside no tempo necessá-
rio para medir cada espaço existente.
Fig 25 - Medição do terreno para avaliação do espa-
ço para manobra - Fonte: O autor – Estudo de Caso
Antes de se desenhar os corredores de mobilidade,
foram levantados os acidentes capitais que influen-
ciam a manobra planejada. O resultado é representa-
do na figura 26.
Ferramenta régua
em uso
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 61
Fig 26 - Acidentes capitais
Fonte: O autor – Estudo de Caso
Quando se tentou desenhar os corredores de mobi-
lidade, deparou-se com uma dificuldade que é a au-
sência de uma ferramenta que desenhasse conforme
a padronização de manual. Um subterfúgio para isso
foi colocar a letra “I” como separador de subunida-
de, conforme apresentado na figura 27.
Fig 27 - Corredores de Mobilidade
Fonte: O autor – Estudo de Caso
Pelo mesmo motivo, as vias de acesso também fo-
ram simbolizadas de forma diferente do que prescre-
ve os manuais, por essa limitação do programa. Foi
utilizado a ferramenta “DESENHAR CORREDOR”
para representação gráfica, o que resultou a figura
28.
Fig 28 - Vias de Acesso
Fonte: O autor – Estudo de Caso
5.2.2.5 Análise do terreno
Com base nas vias de acesso levantadas, se faz
uma minuciosa análise tanto para o lado do amigo
quanto do inimigo de forma a se levantar aspectos
como: Observação e campos de tiro, cobertas e abri-
gos, obstáculos, acidentes capitais, adequação do
espaço para manobra, facilidade de movimento e
outros aspectos relevantes.
Cada um desses aspectos pode acrescentar um as-
pecto gráfico no calco de integração, mas que deve
ser realizado em cada via de acesso. Ao final, uma
comparação de vias de acesso deve ser realizada.
As cartas em 3D apresentam melhores recursos pa-
ra a obtenção desses dados, já que permitem dimen-
sionar o campo de batalha virtualmente, inclusive
com a visualização do que é ou não visto pelo ob-
servador em qualquer ponto no terreno.
Por não dispormos de cartas desse tipo, não foi
possível montar um gráfico adequado para essa fase
e, muito menos, efetuar a comparação das vias de
acesso.
5.2.2.6 Efeitos do terreno sobre as operações mili-
tares.
Após toda a produção gráfica do terreno, o analista
de inteligência deve concluir sobre os efeitos para as
operações, devendo deduzir qual é mais favorável
para o tipo de operação que será desencadeada.
Isso poderá, ao final dos trabalhos, ser apresentado,
também, de forma gráfica, para o decisor, mas deve-
rá, também, ser convencionado pelo operador do
programa, já que o mesmo não possui uma ferra-
menta adequada para otimizar esse processo.
62 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
5.2.3 - Estudo do Inimigo (3ª Fase)
O estudo do inimigo com o emprego do programa
depende, basicamente, da habilidade do operador em
lançar os dados corretamente no sistema, pois já foi
realizado o processo de estudo do terreno e condi-
ções meteorológicas e seus impactos para ambos os
contendores.
Assim, cabe apenas localizar, com base nos dados
levantados pelo sistema de inteligência existente,
seja das fontes humanas, de sinais ou de imagens, o
posicionamento das tropas inimigas.
Após isso, e possível visualizar as principais hipó-
teses que o inimigo poderá desencadear.
Para se visualizar a representação no Programa C2
Cmb o dispositivo, valor, localização e composição
das tropas inimigas, foi apresentada a figura 44.
Fig 29 - Situação do Inimigo
Fonte: O autor – Estudo de Caso
Ao final, apresentar-se-ia um calco completo de si-
tuação do inimigo referente a suas unidades de ma-
nobra, apoio de fogo e logística, de forma a subsidiar
o decisor quanto às operações que poderão ser de-
sencadeadas e sua interferência na manobra.
5.2.4 4ª Fase - Integração
A integração é a consolidação de todos os estudos
realizados pelo oficial de inteligência de forma a
apresentar ao comandante a “linha de ação mais
provável do inimigo”.
A metodologia empregada permite o acompanha-
mento evolutivo e situacional no inimigo e poderá
ser representada em forma de uma matriz das linhas
de ação.
Pode ser montado, ainda, uma sequência de calços
de eventos com o posicionamento atual e futuro das
tropas inimigas, utilizando-se do mesmo processo
braçal.
O lançamento de dados no programa pelos elemen-
tos de 1º escalão sobre o posicionamento das tropas
inimigas, utilizando-se de transmissão por radiofre-
quência, poderá agilizar o processo decisório dos
escalões enquadrantes, porém, os equipamentos de-
vem ser modernizados e militarizados para possuí-
rem capacidade e rusticidade nas operações.
6 CONCLUSÃO
No Exército Brasileiro (EB), o estudo realizado pe-
la Inteligência no combate é denominado “Processo
de Integração Terreno, Condições Meteorológicas e
Inimigo (PITCI)”. A chamada “digitalização do
campo de batalha” imposta pelos avanços tecnológi-
cos do campo militar tem reduzido o tempo disponí-
vel e ampliado exponencialmente o volume de in-
formações a serem consideradas no processo de to-
mada de decisão operacional. Neste contexto, o EB
desenvolveu o programa “C2 em Combate”.
Este trabalho de pesquisa teve como objetivo de-
terminar a relevância da utilização da do programa
“C2 em Combate” como subsídio ao PITCI. A pes-
quisa analisou o uso dessa ferramenta, identificando
as vantagens e as desvantagens para o analista de
Inteligência. Adicionalmente, explorou os procedi-
EsIMEx - 2º Semestre de 2013 63
mentos adotados pelo analista na execução da Ativi-
dade de Inteligência voltada para o Emprego da For-
ça Terrestre em Operações Militares.
O estudo do PITCI revelou a grande demanda do
analista no esforço de análise, com muitas tarefas
repetitivas que exigem tempo, particularmente se a
área a ser analisada for muito grande. A profundida-
de da análise está diretamente relacionada com o
tempo disponível para realizá-la. Assim, é importan-
te disponibilizar, para o analista, ferramentas que
diminuam o trabalho manual a ser realizado na aná-
lise do terreno e condições meteorológicas.
O PITCI também exige do analista a consulta a ex-
tensos bancos de dados sobre MEM e Matriz Dou-
trinária do Inimigo. Por exemplo, para cada arma-
mento empregado pelo inimigo, o analista poderá
desenhar, graficamente, o seu raio de ação com base
em suas características técnicas, morfologia do ter-
reno e coberturas vegetais, o que pode ser uma tarefa
extremamente desgastante. Da mesma maneira que
no estudo do terreno, o estudo do Inimigo poderá
facilmente demandar muito tempo do analista, tem-
po este normalmente escasso.
Os cenários que se apresentam no combate moder-
no indicam um aumento na complexidade das opera-
ções, que se desenrolarão em um ambiente de com-
bate continuado, com grandes demandas de Inteli-
gência. O PITCI já se apresenta como um processo
consagrado para subsidiar os planejadores na seleção
da melhor linha de ação possível para fazer frente ao
Inimigo moderno. Quanto mais ferramentas forem
disponibilizadas para o analista de Inteligência, vi-
sando a facilitar seu trabalho e diminuir o tempo
necessário para a realização de sua análise, melhores
serão as condições para se fazer face ao combate
moderno.
O Programa C2 em Combate tem sido utilizado
amplamente no âmbito do Exército Brasileiro, tendo
como principal cliente o Comando de Operações
Terrestres (COTER) que utiliza o software para efe-
tivamente controlar todas as operações com emprego
de tropa atualmente em curso. Seu uso em campanha
tem sido bastante amplo, sendo o software de co-
mando e controle adotado em Simulações de Com-
bate e Exercícios de Campanha em todo o Brasil.
Suas ferramentas gráficas e seus recursos cartográfi-
cos permitem utilizá-lo como ferramenta auxiliar de
análise.
Dos recursos que ele disponibiliza, pode-se obser-
var que é possível a representação gráfica das cama-
das elaboradas nas 4 (quatro) fases do PICTI. Um
limitador do sistema é a própria tela do computador
aonde o sistema estará rodando, que limitará a visão
da área a ser analisada. Por fim, desenhar uma medi-
da de coordenação e controle na tela de um compu-
tador é, inevitavelmente, mais demorado do que de-
senhá-la usando o tradicional método de “lápis e
papel”. A grande vantagem no desenho no computa-
dor será na divulgação do trabalho de análise.
A pesquisa junto aos responsáveis pelo desenvol-
vimento do programa C2 em Combate verificou-se
que a equipe adota padrões modernos e possui plena
capacidade de evolução. O banco de dados pode
suportar dados do DAMEPLAN e, embora não pos-
sua um SAD específico para auxiliar o analista de
inteligência no PITCI, o mesmo poderá ser desen-
volvido no futuro. No caso das entrevistas realizadas
com os assessores de EM foi possível verificar que
apesar das afirmações de que é vantajoso o emprego
64 EsIMEx - 2º Semestre de 2013
do programa C2 em Combate no PITCI, ficou evi-
denciado que a grande maioria dos usuários desco-
nhece ou não emprega essa ferramenta.
No estudo de caso realizado foi possível verificar
empiricamente alguns aspectos do emprego do C2
em Combate no PITCI. O destaque foi a grande evo-
lução das ferramentas disponíveis para inserção de
dados sobre o terreno, clima e inimigo que resultam
em uma visualização gráfica de todos os fatores que
podem influenciar uma manobra planejada. A opor-
tunidade de melhoria identificada foi referente a
automação das ferramentas e atualização de cartas
vetorizadas, principalmente em terceira dimensão,
para maior efetividade do programa como ferramen-
ta de apoio ao PITCI.
Por fim, diante do trabalho de pesquisa realizado,
verifica-se que é possível empregar com restrições o
C2 em Combate no PITCI. Tais restrições constitu-
em requisitos de evolução do programa.
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