UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
COMPÓSITO REFORÇADO COM SISAL PARA APLICAÇÃO NA MODA
JOSÉ ORLANDO DE OLIVEIRA
NATAL-RN
2012
JOSÉ ORLANDO DE OLIVEIRA
COMPÓSITO REFORÇADO COM SISAL PARA APLICAÇÃO NA MODA
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Mecânica da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivan
NATAL-RN
2012
JOSÉ ORLANDO DE OLIVEIRA
COMPÓSITO REFORÇADO COM SISAL PARA APLICAÇÃO NA MODA
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia Mecânica da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Mecânica.
Aprovada em: 30 de março de 2012.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________ Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam (Orientador - Presidente)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
__________________________________________________________ Prof. Dra. Maria Gorete Felipe (Examinadora interna ao programa)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________ Prof. Dr. Roberto Silva (Examinador externo)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
A inspiração
"Quando uma criatura humana desperta para um grande invento e sobre ele
lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor".
Goethe, filósofo alemão.
Aos meus pais, Luiz Cândido e Luiza Rodrigues (in memoriam), pelos
exemplos de fé, humildade e pelos esforços empreendidos em minha educação,
minhas irmãs Heloisa Oliveira e Maria da Conceição pelo incentivo, meu irmão
Francisco Antônio (in memoriam) e ao meu cãozinho Tchiquinho pela companhia
nos dias e noites deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus cuja presença sentia a cada dia, na
realização desta dissertação, nos momentos de aflição, manifestando-se da maneira
mais sutil, como sinal de paz.
Ao prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam pela orientação, apoio e
dedicação na elaboração deste trabalho.
Aos professores, funcionários e colegas do Departamento de Engenharia
Mecânica e Engenharia Têxtil, do Centro de Tecnologia da UFRN.
Aos colegas do Laboratório de Engenharia Têxtil, Dany Kramer, Brismark e
em especial, a Alcione Galvão, pela paciência e dedicação no desenvolvimento
deste trabalho.
Aos meus amigos Umberto Oliveira, Saymon Betwel, Sebastião Dantas,
Danillo Fox, Nilda de Oliveira, Virginia Galvão, Jolúzia Batista, Maria José Emilio,
Marcos Lurentino, Leila Lurentino e Angélica Timbó, pela colaboração no
desenvolvimento deste trabalho.
Ao senhor Francisco de Assis Bráz, do Laboratório de Material de Construção
da UFRN pela pesagem das fibras.
Ao Centro de Tecnologias do Gás-RN, pela realização dos Ensaios de
Microscopia Eletrônica de Varredura.
Ao Laboratório de Metais e Ensaios Mecânicos da UFRN, pela realização dos
Ensaios Mecânicos.
Ao Sr. Luciano Arruda Câmara, diretor da empresa TEC ARTE, pelo corte das
amostras do compósito.
À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração
deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
A busca por novas tecnologias ecologicamente corretas tem se tornado uma grande
preocupação nas últimas décadas. Estudos comprovam que compósitos poliméricos
reforçados por fibras naturais são adequadas a um grande número de aplicações e
seu uso é vantajoso em termos econômicos e ecológicos. O objetivo desta pesquisa
é a fabricação de um compósito reforçado com fibra de sisal tingida e matriz de
poliéster para aplicação na moda: vestuário, têxteis lar, acessórios de moda etc.
Para o seu beneficiamento, as fibras de sisal foram submetidas aos diversos
processos: tratamento químico com hidróxido de sódio (NaOH) na retirada das
impurezas; alvejamento para remoção da cor amarelada natural da fibra e tingimento
com corantes diretos para conferir as cores azul, verde e alaranjado. As fibras
tingidas foram cortadas com comprimento de 30 mm e utilizadas na confecção das
mantas. Para isso utilizou-se um preparador de manta por imersão, desenvolvido no
Laboratório de Químico Têxtil da UFRN. Os compósitos medindo 300 x 300 x 3 mm
foram moldados por compressão, com poliéster insaturado ortoftálico como matriz, e
as amostras nos tamanhos 150 x25 x3 mm foram cortadas com auxílio de uma
máquina à laser, para serem submetidas à análise mecânica de tração e flexão. As
propriedades mecânicas de tração e flexão em três pontos foram realizadas no
Laboratório de Metais e Ensaios Mecânicos de Engenharia de Materiais da UFRN.
As amostras resultantes das propriedades mecânicas foram avaliadas no
Microscopio Eletronico de Varredura (MEV) no CTGás RN. Com base nas análises
dos resultados dos ensaios mecânicos, observou-se que os compositos tiveram bom
comportamento mecânico, tanto na tração como na flexão. Também observou-se
que no ensaio de absorção de água, as amostras tiveram um percentual diferente
entre si, isso ocorreu devido à variação da densidade encontrada nas mantas. As
imagens do MEV mostraram as falhas provenientes do processo de fabricação e a
adesão fibra/matriz. Quando foram preparadas as amostras com as fibras tingidas
para serem aplicadas na moda, os resultados foram positivos e pode-se concluir que
o objetivo principal do presente trabalho foi atingido.
Palavras-chave: Compósito. Fibra de sisal. Resina de poliéster. Tingimento. Moda.
ABSTRACT
The objective of this research is the fabrication of a composite reinforced with dyed
sisal fiber and polyester matrix for application in the fields such as, fashion, clothing,
interior textiles; fashion accessories are some of the examples. For the fabrication of
the composite, the sisal fibers were subjected to processes such as: chemical
treatment with sodium hydroxide (NaOH) in the removal of impurities; bleaching for
removing the yellowish color of the natural fiber and dyeing with direct dyes to confer
the colors blue, green and orange. The search for new technologies ecologically
correct has become a major concern in recent decades. Studies show that composite
polymer reinforced by natural fibers is suitable for a large number of applications, and
its use is advantageous in terms of economic and ecological. The dyed fibers were
cut to a length of 30 mm, is used in the confection of webs. For this purpose, a web
preparer by immersion, developed in the Laboratory of Chemical Textile of UFRN.
The composite sheets measuring 300 x 300 x3 mm were molded by compression,
with unsaturated orthophthalic polyester as matrix, and the samples in sizes 150 x 25
x 3 mm were cut with the aid of a laser machine, to be subjected to traction and
flexion. The mechanical properties of traction and flexion in three points were
performed in the Laboratory of metal and mechanical tests of Materials Engineering
of UFRN. The resulting samples from the tests were evaluated in scanning electron
microscope (SEM) at CTGas RN. On the basis of the analysis of the results from the
mechanical tests, it was observed that the composite had good mechanical behavior,
both in traction as in flexion. Furthermore, it was observed that in the water
absorption test, the samples had a different percentage among themselves, this
occurred due to the variation of density found in the fibre webs. The images of the
SEM showed the failures from the manufacturing process and the adhesion of
fibre/matrix. When the samples were prepared with the dyed fibers to be applied in
fashion, the results were positive, and it can be concluded that the main objective of
this work was achieved.
Keywords: Composite. Sisal fibre. Polyester Resin. Dyeing. Fashion.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Classificação das fibras têxteis................................................... 17
Quadro 1 Características e propriedades da fibra de sisal......................... 19
Fotografia 1 Plantação de sisal....................................................................... 19
Fotografia 2 Secagem da fibra de sisal........................................................... 20
Quadro 2 Municípios do Rio Grande do Norte produtores de sisal em 2002 21
Quadro 3 Tipos de corantes e seus campos de aplicação.......................... 22
Quadro 4 Propriedades da resina de poliéster............................................ 25
Fluxograma 1 Esquema de classificação para vários tipos de compósitos........ 26
Quadro 5 Propriedades físicas e mecânicas de fibras vegetais mais
utilizadas.....................................................................................
28
Fotografia 3 Fibra desfibrada.......................................................................... 29
Fotografia 4 Fibra depois do tratamento químico............................................ 30
Fotografia 5 Fibras de sisal após o alvejamento............................................. 31
Fotografia 6 Banho maria................................................................................ 32
Fotografia 7 Fibras tingidas............................................................................. 32
Fotografia 8 Suporte de vidro.......................................................................... 33
Fotografia 9 Peça de tecnil.............................................................................. 33
Fotografia 10 Distribuição das fibras................................................................. 34
Fotografia 11 Fibras submersas........................................................................ 34
Fotografia 12 Manta........................................................................................... 34
Fotografia 13 Molde de madeira........................................................................ 35
Fotografia 14 Adição da resina.......................................................................... 36
Fotografia 15 Adição da fibra............................................................................ 36
Fotografia 16 Compósito presando................................................................... 36
Fotografia 17 Compósito................................................................................... 37
Figura 2 Marcações no formato de coqueiro............................................. 37
Figura 3 Marcações no formato de flor...................................................... 38
Figura 4 Figura 2 – Marcações no formato de pássaro............................. 38
Figura 5 Marcações das amostras para os ensaios mecânicos................ 38
Fotografia 18 Amostras do formato de coqueiro............................................... 39
Fotografia 19 Amostras do formato de flor ....................................................... 39
Fotografia 20 Amostras do formato de pássaro ............................................... 39
Fotografia 21 Máquina de ensaios mecânicos.................................................. 40
Figura 6 Representação do ensaio de flexão............................................ 41
Fotografia 22 Amostras do ensaio de flexão...................................................... 42
Fotografia 23 Amostras do ensaio de absorção submersas.............................. 42
Fotografia 24 Equipamento para realização do MEV........................................ 43
Gráfico 1 Média do percentual de absorção de água dos compósitos........ 44
Gráfico 2 Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito azul..............................................................................................
45
Gráfico 3 Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito verde............................................................................................
45
Gráfico 4 Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito alaranjado....................................................................................
46
Quadro 6 Propriedades mecânicas a tração............................................... 46
Gráfico 5 Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito azul..............................................................................................
47
Gráfico 6 Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito verde............................................................................................
48
Gráfico 7 Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito alaranjado....................................................................................
48
Quadro 7 Propriedades mecânicas a flexão................................................ 49
Imagem 1 Imagem 1 – Superfície da Amostra SPA..................................... 50
Imagem 2 Imagem 1 – Superfície da Amostra SPV..................................... 51
Imagem 3 Imagem 1 – Superfície da Amostra SPL...................................... 51
Imagem 4 Cisalhamento da amostra SPA.................................................... 52
Imagem 5 Desaderência da Amostra SPV................................................... 52
Imagem 6 Desaderência da Amostra SPL................................................... 53
Imagem 7 Fibra de sisal 53
Imagem 8 Aderência da Amostra SPL. 54
Imagem 9 Arranque da fibra de sisal 54
Fotografia 25 Acessório de cabelo 55
Fotografia 26 Aplique em cabelo 56
Fotografia 27 Aplique em calçado. 56
Fotografia 28 Acessório 57
Fotografia 29 Aplique em chapéu. 57
LISTA DE EQUAÇÕES
Eq. 1 Resistência à flexão...................................................................... 42
Eq. 2 Deformação máxima à flexão........................................................ 42
Eq. 3 Módulo de elasticidade à flexão.................................................... 42
Eq. 4 Absorção de água......................................................................... 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Aa Absorção de água
ASTM American Society for Testing and Materials
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SPA Sisal/poliéster azul
SPL Sisal/poliéster alaranjado
SPV Sisal/poliéster verde
MEV Microscópio eletrônico de varredura
Absorção de água
Peso do corpo de prova úmido
Peso do corpo de prova seco
Tensão de Flexão (Mpa)
Carga máxima aplicada (N)
Distância entre os apoios (mm)
Largura do corpo de prova (mm)
Espessura do corpo de prova (mm)
Deformação máxima à flexão (%)
Deflexão no centro do corpo de prova (mm)
Módulo de elasticidade à flexão (Mpa)
Inclinação do trecho linear da curva tensão x deflexão, (N/mm)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 14
2. OBJETIVOS............................................................................................. 16
2.1 OBJETIVOS GERAIS............................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................... 16
3 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................... 17
3.1 FIBRAS TÊXTEIS ..................................................................................
3.2 FIBRAS VEGETAIS................................................................................ 17
3.3 FIBRA DE SISAL ................................................................................... 18
3.3.1 Plantio e colheita.................................................................................. 18
3.3.2 Obtenção das fibras............................................................................. 19
3.3.3 Produção no Brasil............................................................................... 20
3.3.4 Produção no Rio Grande do Norte...................................................... 21
3.4 TINGIMENTO......................................................................................... 22
3.4.1 Tingimento de Fibras Celulósicas com Corantes Diretos................. 23
3.4.2 Tipos de Corantes Diretos.................................................................... 23
3.5 MATRIZES POLIMÉRICAS..................................................................... 20
3.5.1 Poliéster................................................................................................ 21
3.6 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS............................................................. 22
3.6.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras naturais................... 23
3.7 MODA....................................................................................................... 24
4. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 26
4.1 BENEFICIAMENTO DAS FIBRAS DE SISAL......................................... 26
4.1.1 Tratamento químico............................................................................ 26
4.1.2 Alvejamento........................................................................................... 27
4.1.3 Tingimento............................................................................................. 28
4.2 PREPARAÇÃO DAS MANTAS............................................................... 29
4.3 FABRICAÇÃO DO COMPÓSITO........................................................... 32
4.4 ENSAIOS MECÂNICOS......................................................................... 37
4.4.1 Ensaio de Tração.................................................................................. 37
4.4.2 Ensaio de Flexão em três pontos....................................................... 38
4.5 ENSAIO DE ABSORÇÃO....................................................................... 39
4.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA................................. 41
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................... 42
5.1 ABSORÇÃO DE ÁGUA.......................................................................... 42
5.2 ENSAIO DE TRAÇÃO............................................................................ 43
5.3 ENSAIO DE FLEXÃO EM TRÊS PONTOS............................................ 45
5.4 ANÁLISE DAS IMAGENS DO MEV........................................................ 46
5.5 APLICAÇÃO DO COMPÓSITO NO VESTUÁRIO.................................. 51
6 CONCLUSÕES....................................................................................... 52
7 SUGESTÕES.......................................................................................... 54
REFERÊNCIAS....................................................................................... 55
14
1 INTRODUÇÃO
A investigação de tecnologias ecologicamente corretas tem se tornado uma
grande preocupação nas últimas décadas. Estudos evidenciam que compósitos
poliméricos reforçados por fibras vegetais tais como juta, sisal, abacaxi, curauá e
cânhamo, entre outras, são adequadas a um grande número de aplicações e seu
uso é vantajoso em termos econômicos e ecológicos.
Os materiais compósitos são formados por uma matriz e uma ou mais fases
dispersas, possuindo propriedades que não são obtidas pelos materiais constituintes
matriz e a fase dispersa, separadamente (MENDONÇA, 2005). As propriedades dos
compósitos são influenciadas pela constituição, distribuição e interação entre as
matérias-primas, bem como pela orientação das fibras. Desta maneira, variando-se a
quantidade ou percentual das matérias-primas constituintes ou a orientação das
fibras pode-se alcançar a resistência e a rigidez desejada para um determinado
compósito.
A utilização de fibras vegetais em produtos comerciais contribui para gerar
riqueza e reduzir o impacto ambiental causado pela produção e descarte de bens de
consumo já que são materiais abundantes de fontes renováveis e colaboram para o
melhor aproveitamento do potencial agrícola brasileiro.
O sisal é uma fibra ligno-celulósica leve e atóxica, que apresenta alto módulo
e resistência específica, custa aproximadamente dez vezes menos que a fibra de
vidro, e, ao contrário desta fibra inorgânica, causa menos danos por abrasão aos
equipamentos e moldes. Entre as principais vantagens do sisal podemos citar a
facilidade de modificação superficial, característica das fibras vegetais, sua
abundância no Brasil, facilidade de cultivo, o fato de ser um material biodegradável
que provem de fonte renovável, além de apresentar boas propriedades como
isolante térmico e acústico (FROLLINI, 2004). Estes fatores, ligados à alta
tenacidade, resistência à abrasão e ao baixo custo, tornam o sisal uma das mais
estudadas fibras naturais.
Poliéster é uma classe de materiais obtidos por meio de uma reação de
condensação entre um poliálcool e um ácido policarboxílico. Dependendo de sua
formulação, ausência ou presença de duplas ligações entre os átomos de carbono
(insaturações) que formam sua cadeia molecular, podem ser classificados como
saturados e insaturados. Os poliésteres saturados geram polímeros termoplásticos
15
enquanto os insaturados sofrem reações de cura e geram resinas termofixas
(RODRIGUES, 2007).
Para criar algo novo é fundamental utilizar elementos de universos diferentes
e é justamente essa soma aliada ao rigor técnico que faz com que as criações feitas
com compósitos reforçado com fibras vegetais descontinuas e aleatório possam ser
aplicadas na moda.
16
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Fabricação de compósito polimérico, reforçado por fibras de sisal tingidas,
para aplicação na moda.
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS
1. Tratar quimicamente as fibras de sisal, alvejando e tingindo;
2. Fabricar mantas de sisal tinto;
3. Fabricar o compósito;
4. Realizar ensaios mecânicos;
5. Realizar ensaio de absorção de água;
6. Analisar as imagens do microscópio eletrônico de varredura;
7. Estudar a aplicabilidade dos compósitos com reforço de sisal na moda.
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 FIBRAS TÊXTEIS
As fibras têxteis são caracterizadas pela sua flexibilidade, finura e grande
comprimento em relação à sua dimensão transversal máxima, o que as tornam,
apropriadas para aplicações têxteis. Estas aplicações realizam-se através de
operações de transformação industrial, tais como: cardagem, penteagem, fiação,
tecelagem, malharia, etc.
As fibras podem ser descontínuas e contínuas. As descontínuas têm
comprimento limitado a alguns centímetros. As contínuas têm um comprimento muito
grande e é limitado apenas por razões técnicas (LADCHUMANANANDASIVAM,
2005).
As fibras têxteis são classificadas em naturais e manufaturadas (figura 1). As
fibras manufaturadas são subdividas em polímeros naturais e polímeros sintéticos.
As fibras naturais são classificadas em vegetais (compostas basicamente por
celulose), animais (compostas por proteínas) e minerais (retiradas de certos tipos de
rochas).
Figura 1 - Classificação das fibras têxteis.
Fonte: LADCHUMANANANDSIVAM, 2005.
18
3.2 FIBRAS VEGETAIS
As fibras vegetais são classificadas de acordo com a sua origem e podem
ser de semente, caule e folhas. Este tipo de fibra é tradicionalmente utilizada para a
produção de fios, cordas, sacarias, mantas, tapetes, artefatos de decoração etc. Os
materiais compósitos estruturais aparecem como importante campo para utilização
destas fibras como reforço em matrizes poliméricas termorrígidas ou termoplásticas
em substituição às fibras sintéticas (TAVARES, 2008).
A abundância, o baixo impacto ambiental e a presença de boas propriedades
mecânicas, físicas e térmicas são características importantes das fibras naturais,
despertando assim, o interesse de aplicação das indústrias em diversas áreas.
Os principais componentes da fibra são a celulose, a lignina e a hemicelulose.
A lignina atua como o material de cimentação, unindo as microfibrilas e a
hemicelulose como interface entre a microfibrila de celulose e a lignina (RIBEIRO,
2011).
Devido às ligações de hidrogênio, as fibras vegetais são de natureza hidrófila.
Este é o maior problema das fibras vegetais quando usadas como reforço em
compósitos poliméricos, pois são incompatíveis com a maioria dos polímeros que
são hidrofóbicos. Sua natureza hidrófila influência as propriedades mecânicas e
físicas das fibras e conseqüentemente dos compósitos que as utilizam (D’ALMEIDA;
CALDO; BARRETO, 2005).
3.3 FIBRA DE SISAL
O sisal é uma fibra vegetal de folha, extraídas da planta Agave Sisalana. O
sisal hoje substitui alguns produtos que eram obtidos a partir do cânhamo. Ele só
alcançou importância comercial no início do século XIX. Sua origem e seu campo
econômico foi no México, na península de Iucatã, onde o embarque era feito no
Porto de Sisal, o que dizem, originou o nome da fibra, pelo qual é hoje conhecida
(LADCHUMANANANDSIVAM, 2005). O quadro 1, a seguir, lista as características e
propriedades da fibra de sisal.
19
Quadro 1 - Características e propriedades da fibra de sisal
Comprimento Fibras elementares 2,5 a 3,0 mm; fibras técnicas 60 a 120 mm
Densidade 1,5 g/cm3 Regain 14 %;
Resistencia 17 a 20 kN Brilho Ótimo Toque Duro Cor Branca creme até quase amarela Pureza Ótima
Tingibilidade Ótima Fonte: LADCHUMANANANDSIVAM, 2005.
3.3.1 Plantio e colheita
O sisal é uma planta própria para cultivo em climas tropical e subtropical.
Após o plantio, o sisal só estará pronto para a colheita após 5 a 6 anos. Para isto,
cortam-se as folhas mais por baixo de forma que restem de 12 a 18 folhas por planta
e o corte poderá ser feito várias vezes ao ano (LADCHUMANANANDSIVAM, 2005). As folhas possuem de 1,0 a 1,5 m de comprimento e as fibras estão no cerne
da folha, que contêm de 3 a 5 % de fibras. Cada folha pesa cerca de 1 kg.
Dependendo do solo a planta pode durar até 25 anos. A fotografia 1 mostra uma
plantação de sisal.
Fotografia 1 - Plantação de sisal
Fonte: EMBRAPA, 2011.
20
3.3.2 Obtenção das fibras
Para a obtenção das fibras, descarnam-se as folhas, de preferência logo após
o corte, pois a armazenagem provoca rápida putrefação, prejudicando a qualidade
das fibras, principalmente seu brilho e resistência.
Os processos de descarnar, esmagar e raspar o cerne da folha para destacar
as fibras é feito mecanicamente no raspador, com a ajuda de um jato de água. As
fibras são secas ao ar livre (fotografia 2) e após a secagem é feita uma outra
limpeza, mecanicamente com escovas para deixar as fibras aptas para o processo
de fiação.
Fotografia 2 - Secagem da fibra de sisal
Fonte: EMBRAPA, 2011
3.3.3 Produção no Brasil
No Brasil, os principais produtores são os estados da Paraíba e da Bahia.
Esta fibra está entre as fibras vegetais mais utilizadas mundialmente. Sua difusão
pelo Brasil ocorreu aproximadamente na década de 20, inicialmente no estado da
Paraíba e somente no final da década de 30 foi difundido pela Bahia. Atualmente o
Brasil é o maior produtor de sisal do mundo e a Bahia é responsável por 80% da
produção da fibra nacional (VIEIRA, 2008).
Entre 1965 e 1974, o Brasil produzia mais de 200 mil toneladas/ano de sisal.
Nas décadas de 1980 e 1990 houve um declínio na produção, reduzindo-se a
patamares inferiores a 150 mil toneladas/ano. No final da década de 1990, no
entanto, a produção passou a apresentar sinais de recuperação, chegando a 194 mil
21
no ano de 2000, segundo dados do IBGE. No ano de 2003, a produção brasileira
atingiu mais de 170 mil toneladas. Os principais produtores brasileiros, atualmente,
são a Bahia (95,65%), a Paraíba (3,35%) e Rio Grande do Norte (0,73%)
3.3.4 Produção no Rio Grande do Norte
Segundo dados do IBGE, a produção atual do Estado é registrada somente
nos municípios de Coronel Ezequiel, Jaçanã, João Câmara, Monte das Gameleiras e
Pureza. Estes municípios, juntos, produziram no ano de 2002, um total de 2.787
toneladas de fibra, ocupando a terceira posição no ranking brasileiro de produtores
de sisal. O maior produtor de sisal do Estado, segundo dados do IBGE, é o
município de João Câmara, com 3.000 hectares de área plantada e uma produção
de 2.100 toneladas, o correspondente a 75,3% de toda a produção estadual. Essa
produção gera uma receita total de aproximadamente R$1,5 milhão (Quadro 2).
Quadro 2 - Municípios do Rio Grande do Norte produtores de sisal em 2002
Município Quantidade Produzida (toneladas de fibra)
Valor da Produção (mil
Reais)
Área Plantada (hectare)
Área Colhida (hectare)
Coronel Ezequiel 380 133 950 950
Jaçanã 146 51 365 365
João Câmara 2.100 1.218 3.000 3.000
Monte das Gameleiras 152 3 30 30
Pureza 9 88 235 235
Total 2.787 1.493 4.580 4.580
Fonte: IBGE, 2002.
22
3.4 TINGIMENTO
O tingimento é executado para conferir cor aos fios ou tecidos e aumentar o
valor do produto. Os materiais têxteis são tingidos usando uma ampla gama de
corantes, técnicas e equipamentos. Os corantes usados pela indústria têxtil são em
grande parte sintéticos, tipicamente derivados do alcatrão e derivados do petróleo. O
quadro 3 apresenta os tipos de corantes e seus campos de aplicação (MACEDO,
2002).
Quadro 3 - Tipos de corantes e seus campos de aplicação
Corantes Fibra
Proteica
Fibra
Celulósica
Fibra
Acetato
Triacetato
Fibra
Poliamida
Fibra
Poliéster
Fibra
Acrílica
Ácido X X
Azóico X X X X
Básico X
À tina X X
Direto X X X
Disperso X X X X
Pigmento X X X X X X
Reativo X X X
Sulfuroso X
Fonte: MALUF, 2003.
A adsorção e retenção do corante na fibra pode ser química, física ou ambas,
dependendo da fibra e do corante. Ex.: algodão, corantes reativos, poliéster,
corantes dispersos.
O grau de adsorção é função de vários fatores, tais como, temperatura, pH,
auxiliares químicos e tempo. É muito importante o uso dos auxiliares químicos
adequados para cada classe de corante.
23
3.4.1 Tingimento de fibras celulósicas com corantes diretos
A maioria dos corantes diretos é constituída de compostos azóicos
sulfonados, muito semelhantes aos corantes ácidos, porém, em geral com cadeias
mais longas. Dada essa semelhança, alguns corantes diretos tingem também a lã,
seda e poliamida. Os corantes de cor turquesa são derivados de ftalocianina
(COSTA, 1990)
Um corante direto para ser substantivo para com a celulose deve atender aos
requisitos:
• Linearidade - O corante deve situar-se paralelamente à celulose para
poder estabelecer as ligações por pontes de Hidrogênio. Para isso precisa
ter uma estrutura linear;
• Coplanaridade - Pelo mesmo motivo deve estar inteiramente no mesmo
plano;
• Pontes de Hidrogênio;
• O corante deve ter grupos químicos que possibilitem as ligações por
pontes de Hidrogênio. Tais grupos podem ser amínicos, fenólicos, azóicos
ou amídicos;
• Sistemas conjugados de duplas ligações (grupos azo) - Estes sistemas
favorecem a linearidade e coplanaridade;
• Grupos solubilizantes - são grupos sulfônicos localizados em posição
oposta aos grupos que fazem as pontes de hidrogênio.
3.4.2 Tipos de Corantes Diretos
Corantes diretos comuns - Têm piores solidezes a luz e_aos tratamentos
úmidos. Mesmo, após tratamentos posteriores, em geral, não há grande melhora da
solidez. O Preto Direto 22 é uma exceção: as suas solidezes são bastante boas
quando o tingimento é tratado com Formaldeído ou com fixadores contendo sais de
cobre.
Corantes sólidos à luz - Têm bons níveis de solidez a luz e com mediana
solidez úmida. Esta última é melhorada com um tratamento posterior com um
24
fixador, embora, fixadores para corantes diretos, em geral, provocam piora de
solidez à luz.
Corantes tratáveis com fixadores contendo cobre - são corantes que
alcançam bons níveis de solidez a luz e aos tratamentos úmidos, quando sofrem um
tratamento posterior com fixadores contendo sais de cobre. Em geral, constituem
uma seleção dos corantes sólidos à luz.
Corantes tratáveis com Sulfato de Cobre/ Ácido Acético - corantes que
alcançam excelentes solidezes à luz e úmidas quando submetidos a tratamentos
posteriores com Sulfato de cobre + ácido acético ou com fixadores contendo sais de
cobre.
Corantes diazotáveis - corantes cujas solidezes são muito melhoradas
quando submetidos posteriormente a uma diazotação com Ácido Clorídrico e Nitrito
de sódio e, em seguida, um desenvolvimento com Meta Toluilene Diamina ou b-
Naphtol.
Novos corantes diretos: há no mercado uma nova geração de corantes
substantivos apresentando excelentes valores de solidez após um tratamento com
um fixador reatante. São isentos de metais e colorem muito pouco os efluentes,
atendendo as atuais exigências ecológicas.
3.5 MATRIZES POLIMÉRICAS
Há dois tipos de matrizes poliméricos que são nomeados como termofixos e
termoplásticos. A principal diferença entre cada um está no comportamento destes
materiais quando aquecidos, ou seja, os termoplásticos são polímeros capazes de
serem moldados várias vezes devido às suas características de se tornarem fluídos
quando aquecidos a uma determinada temperatura e depois se solidificarem quando
há um decréscimo desta temperatura (RODRIGUES, 2007). Por outro lado, os
termorrígidos não são capazes de se tornarem fluídos, pois durante o processo de
cura que é normalmente exotérmico, sofre reações químicas irreversíveis, com a
25
formação de uma grande quantidade de ligações cruzadas (ligações covalentes)
entre as cadeias macromoleculares, tornando-se rígido, infusível e insolúvel.
Na atualidade, os polímeros termorrígidos (resinas) têm sido empregados
para uso estrutural em materiais compósitos por apresentarem algumas vantagens
em relação aos termoplásticos, tais como resistência à fluência e à deformação sob
carregamento, alta estabilidade dimensional, boas propriedades de isolamento
térmico e elétrico e elevada rigidez (OLIVEIRA, 2007).
3.5.1 Poliéster
Poliéster é uma categoria de materiais obtidos geralmente por meio de uma
reação de condensação entre um poli álcool e um acido poli carboxílico. Os
poliésteres estão entre os mais versáteis polímeros sintéticos conhecidos, pois
podem ser encontrados comercialmente como fibras, plásticos, filmes e resinas
(MENDONÇA, 2005).
As resinas de poliéster são utilizadas na fabricação de peças moldadas, com
ou sem fibra de vidro, tais como: piscinas, barcos, banheiras, tanques, telhas,
domos, botões, bijuterias, assentos sanitários, móveis para jardim, massa plástica,
mármore sintético, etc. Elas fazem parte de uma família diferente e complexa de
resinas sintéticas, que são obtidas com uma grande variedade de matérias primas
como base . O processo de cura da resina poliéster é iniciado pela adição de uma
pequena porção de catalisador, como um peróxido orgânico ou um compósito
alifático. A cura pode se dar tanto em temperatura ambiente, quanto sob
temperatura elevada e com ou sem aplicação de pressão (MENDONÇA, 2005).
As resinas de poliéster possuem uma gama de propriedades, caracterizando-
a como a mais polivalente entre todas as resinas termofixas, quanto às suas
aplicações. O quadro 4 mostra algumas propriedade da resina de poliéster.
Quadro 4 - Propriedades da resina de poliéster.
Propriedades Valor
Densidade 1100 a 1400 kg/m³
Módulo de Elasticidade 2100 a 4400 MPa
Resistencia a tração 34 a 100 MPa
Alongamento 2%
Fonte: SANTIAGO et al., 2010
26
3.6 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS
Os materiais compósitos estão associados, em muitos casos, à tecnologia
de ponta, como componentes utilizados em satélite, aeronaves, implantes
ortopédicos, veículos de Fórmula 1, entre outros. O compósito é uma classe de
materiais heterogêneos, tanto em escala microscópica quanto em escala
macroscópica, multifásicos, resultantes de uma combinação racional, onde os
componentes descontínuos dão a principal resistência ao esforço e os contínuos são
o meio de transferência desse esforço, que por sua vez, denomina-se de
componente matriz (MOTA, 2009).
Os materiais compósitos podem ser classificados em três grupos principais:
os compósitos particulados, fibrosos e os estruturais. O fluxograma 1, demonstra a
classificação dos compósitos.
Fluxograma 1 - Esquema de classificação para vários tipos de compósitos.
Fonte: SANTOS, 2006.
Os materiais compósitos são constituídos por duas fases: a primeira
denominada matriz, que é o constituinte contínuo e a segunda denominada reforço,
que é fase descontínua ou dispersa. As propriedades dos compósitos são em função
das características das fases constituintes, de suas quantidades relativas e da
geometria da fase dispersa. A fase matriz serve: para unir as fibras umas as outras;
atuar no meio através do qual uma tensão aplicada externamente é transmitida e
27
distribuída para as fibras; manter a integridade estrutural do material através da
ligação simultânea com a fase dispersa em virtude de suas características coesivas
e adesivas; proteger as fibras individuais contra danos superficiais em decorrência
da abrasão mecânica ou de reações químicas com o ambiente.
As propriedades dos compósitos dependem de alguns fatores básicos, tais
como:
• Razão de aspecto (relação entre a maior e a menor dimensão de
corpo);
• Porosidade da carga;
• Propriedades dos componentes individuais;
• Grau de adesão entre as fases;
• Grau de mistura entre os componentes.
3.6.1 Compósitos poliméricos reforçados por fibras naturais
A possibilidade de substituição das fibras sintéticas por fibras vegetais torna-
se bastante importante, pelo fato destas fibras serem de uma fonte renovável,
biodegradável e de baixo custo e por gerando um menor impacto ambiental
(MATTOSO et al, 1997).
Nos últimos anos vêm crescendo o uso de fibras vegetais como reforço em
compósitos poliméricos com a finalidade de substituir total ou parcialmente as fibras
sintéticas. Devido as vantagens que as fibras vegetais apresentam como: baixo
custo, baixa densidade, boa resistência mecânica, baixa abrasividade aos
equipamentos de processo e também por serem provenientes de fontes renováveis
de matéria-prima, disponíveis em todo o mundo. Além disto, as fibras vegetais são
biodegradáveis e não são toxicas ou poluentes, de modo que o seu descarte não
acarreta problemas ambientais (AQUINO et al, 2007).
As principais desvantagens no emprego dessas fibras em compósitos
poliméricos estão relacionadas à natureza polar e hidrofílica bem como a
susceptibilidade destas fibras a ataques de fungos e bactérias. A natureza hidrofílica
das fibras vegetais resulta na adsorção de grande parte dos polímeros em sua
superfície, resultando em uma fraca adesão interfacial polímero-fibra (MARROQUIM,
28
1994). O quadro 5 mostra as propriedades físicas e mecânicas de fibras vegetais
mais utilizadas.
Quadro 5 - Propriedades físicas e mecânicas de fibras vegetais mais utilizadas.
Fibras Massa
Específica Real (Kg/m³)
Absorção Máxima (%)
Resistência à tração (MPa)
Módulo de Elasticidade (GPa)
Coco 1177 93.8 95 a 118 2.8
Sisal 1370 110 347 a 378 15.2
Juta 1500 214 240 a 550 17.4 a 32
Fonte: SAVASTANO et al., 1997.
3.7 MODA
A moda pode ser definida como a tendência do consumo num dado período.
Pode-se dizer que a moda começa a tomar forma quando os homens passam a se
cobrir com peles de animais.
A moda é sobretudo um modo de se expressar. Uma mistura de estilos sob
influencias da época, local e sociedade formam a chamada moda: rapidamente
mutável há décadas acompanhando roupas, cabelos, maquilagem e diferentes
comportamentos, ou seja, a moda é uma influencia passageira que transmite o
reflexo do mundo atual.
A moda é, portanto, um fenômeno sociocultural que move uma economia
global, que cresce a cada ano, e expressa valores da sociedade, bem como hábitos
e costumes eternizando uma época. Os eventos de moda juntamente com seus
profissionais mostram ao planeta o quanto glamouroso, elegante, sofisticado e rico o
mundo fashion pode ser. Enfim, estar na moda não é vestir-se com as últimas
tendências. Ao contrário estar na moda é adaptar-se com seu estilo de corpo e estilo
de vida.
29
4. MATERIAIS E MÉTODOS
De acordo com os objetivos que foram sugeridos nesta pesquisa, descreve-se
a seguir os materiais e métodos utilizados para o desenvolvimento do compósito a
partir das fibras de sisal e da resina de poliéster insaturado, bem como o tratamento
químico, alvejamento e tingimento da fibra.
As fibras de sisal utilizadas foram desfibradas no laboratório de Engenharia
Têxtil da UFRN num peso total de 3,9 kg.
4.1 BENEFICIAMENTO DAS FIBRAS DE SISAL
4.1.1 Tratamento químico
As fibras de sisal desfibradas receberam um tratamento químico com 4% de
hidróxido de sódio (NaOH) e 2% do agente de molhagem (Resiwet), por uma hora
no autoclave (PHOENIX-VERTICAL), para retirada de impurezas e resíduos
existentes na fibra (fotografias 3 e 4).
Fotografia 3 - Sisal desfibrado
Fonte: Autor.
30
Fotografia 4 - Sisal depois do tratamento químico
Fonte: Autor.
4.1.2 Alvejamento
O processo de alvejamento visa remover a cor amarelada do sisal e deixá-lo
branco, sendo o agente ativo o hipoclorito de sódio.
Para a realização do alvejamento foram utilizados os seguintes produtos:
Fibra de sisal - 2kg
Hipoclorito de sódio (NaOCl) – 100g
Umectante (Resiwet) – 10 ml
Ácido Sulfúrico (H2SO4) – 40 ml
Estabilizante (Clarit PS) – 4g
As fibras de sisal foram colocadas na autoclave (PHOENIX-VERTICAL) com o
hipoclorito de sódio, umectante, acido sulfúrico e o estabilizador por 1 hora com uma
pressão de 1,25 Kgf/cm² (124 ºC). Em seguida foram realizadas 3 (três) lavagens
para retirada do excesso do produto químico, na sequencia as fibras foram secadas
em temperatura ambiente por 24 horas (fotografia 5).
31
Fotografia 5 - Fibras de sisal após o alvejamento
Fonte: Autor.
4.1.3 Tingimento
Tingimento é um processo químico da modificação de cor da fibra têxtil
através da aplicação de matérias coradas. As fibras foram tingidas com corantes
diretos nas cores azul, verde e alaranjado.
Produtos utilizados:
Fibra – 134 kg (para cada tonalidade utilizada)
Corante Azul Brilho – (Diphenyle FF 550%) – 3%
Corante Verde – (Diphenyle 2BN 180%) – 3%
Corante Alaranjado – (Diphenyle SE 275%) – 3%
Detergente – 3,35ml
Sal – 18,10g
As fibras cardadas e cortadas com o comprimento de 30 mm foram colocadas
em uma solução de corante e detergente em banho-maria (MARCONI - MA156).
Quando a temperatura atingiu os 30ºC contou-se 15 minutos para a primeira adição
do sal, essa etapa foi repetida a cada 15 min por três vezes, após a última adição de
sal esperou-se mais 90 mim para o término do processo (fotografias 6 e 7).
32
Fotografia 6 – Banho-maria
Fonte: Autor.
Fotografia 7 - Fibras de sisal tingidas
Fonte: Autor.
4.2 PREPARAÇÃO DA MANTA
Para a confecção das mantas foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia
Têxtil, um preparador de manta para utilização nesta pesquisa.
O preparador de manta é composto de quatro elementos básicos: suporte
quadrado de vidro com dimensões de 300x300 mm, prancha de tecnil para
moldagem, tampa de tecnil que funciona como uma prensa e mangueira para encher
e escoar a água (fotografias 8 e 9).
33
Fotografia 8 - Suporte de vidro
Fonte: Autor.
Fotografia 9 – Prancha e tampa de tecnil
Fonte: Autor.
As fibras foram colocadas no preparador de manta, na sequencia adicionou-
se água até o ponto em que as mesmas ficassem submersas. Depois a água escoou
com ajuda da mangueira até que as fibras estivessem distribuídas na prancha,
formando a manta. Após o total escoamento da água, a manta foi retirada
cuidadosamente do preparador de manta e secando em temperatura ambiente por
48 horas (fotografias 10, 11 e 12).
34
Fotografia 10 - Distribuição das fibras
Fonte: Autor.
Fotografia 11 - Fibras submersas
Fonte: Autor.
Fotografia 12 - Manta pronta
Fonte: Autor
35
4.3 FABRICAÇÃO DO COMPÓSITO
O compósito foi preparado com a proporção de 30/70% – fibra/resina. O
processo utilizado foi o de molde fechado, utilizando grampos em suas
extremidades, a fim de comprimir o compósito proporcionando um melhor
acabamento. Utilizou-se um molde de madeira revestido com fórmica, com
dimensões internas de 300 x 300 x 3 mm (figura13).
Fotografia 13 – Molde de madeira.
Fonte: Autor
Foi utilizada como matriz a resina poliéster Ortofitálica 5160 (densidade 1,2
g/cm³) e o peróxido (MEK – peróxido de metil etil cetona) como iniciador. Foram
feitas 6(seis) placas de compósitos, sendo 2 (duas) azuis, 2 (duas) verdes e 2 (duas)
alaranjadas.
Primeiro foi aplicado o desmoldante de cera de carnaúba em toda a
extremidade do molde. Posteriormente, colocou-se a metade da resina e logo após a
manta, em seguida a outra parte da resina. O molde foi fechado e presando com o
auxílio dos grampos, e após 48h o compósito foi desmoldado (fotografias 14, 15, 16
e 17).
36
Fotografia 14 - Adição da resina
Fonte: Autor
Fotografia 15 -Adição da fibra
Fonte: Autor
Fotografia 16 - Compósito prensado.
Fonte: Autor
37
Fotografia 17 - Compósito pronto.
Fonte: Autor
Após a fabricação dos compósitos as placas foram separadas em dois grupos
(cada grupo com um compósito verde, azul e alaranjado). No primeiro grupo foram
cortadas as amostras para o ensaios mecânicos. No segundo grupo foram
confeccionadas amostras no formato de flor, pássaro e coqueiro para aplicação na
moda, ambos os cortes foram realizados à laser (DERSA-LASER 3.5 30W) conforme
a marcação feita na placa do compósito (figuras 2, 3, 4, e 5). O processo de corte é
assistido por computador no qual a máquina faz a leitura da figura com as
marcações previamente inseridas no computador e em seguida realiza o receptivo
corte.
Figura 2 – Marcações no formato de coqueiro
Fonte: Autor.
38
Figura 3 - Marcações no formato de flor
Fonte: Autor.
Figura 4 - Marcações no formato de pássaro
Fonte: Autor.
Figura 5 - Marcações das amostras para os ensaios mecânicos
Fonte: Autor.
39
As fotografias 18, 19 e 20 demostram as amostras do segundo grupo de
compósitos após o corte a laser.
Fotografia 18 - Amostras no formato de coqueiro
Fonte: Autor.
Fotografia 19 - Amostras no formato de flor
Fonte: Autor.
Fotografia 20 - Amostras no formato de pássaro
Fonte: Autor.
40
4.4 ENSAIOS MECÂNICOS
4.4.1 Ensaio de Tração
Consiste na aplicação de carga de tração uniaxial crescente em um corpo de
prova especifico até a ruptura. Trata-se de um ensaio largamente utilizado na
indústria de componentes mecânicos, devido às vantagens de fornecer dados
quantitativos das características mecânicas dos materiais.
Em um ensaio de tração, obtém-se o gráfico tensão-deformação, no qual é
possível analisar o comportamento do material ao longo do ensaio. Os valores e
suas representações dependem do tamanho da amostra a ser testada, pois a carga
aplicada para o alongamento será determinada através disso. Para minimizar esses
fatores geométricos, a carga e o alongamento são normalizados de acordo com o
seus respectivos parâmetros de tensão e deformação (GARCIA, 2000).
O equipamento utilizado para o ensaio de tração foi uma máquina de ensaio
universal modelo (SHIMADZU AG – X 300KN), fotografia 21. O ensaio tem como
objetivo determinar a tensão de tração, a deformação e o módulo de elasticidade do
compósito.
Os ensaios foram realizados em um ambiente à temperatura de 25ºC, a uma
velocidade de deslocamento, afastamento, de 2 mm/mim, de acordo com a norma
ASTM 3039. Foram utilizadas 6 (seis) amostras com dimensões 150 x 25 x 3 mm.
Fotografia 21 - Máquina de ensaios mecânicos
Fonte: Autor.
41
4.4.2 Ensaio de Flexão em três pontos
O ensaio de flexão é utilizado principalmente para avaliar propriedades
mecânicas de materiais frágeis ou dúcteis: são analisadas as tensões internas, na
fase elástica, isto é, quando o material submetido a um esforço apresenta a
capacidade de absorver energia ocorrendo um desarranjo em sua estrutura interna e
devolve esta energia ao meio, retornando naturalmente na forma inicial em que se
encontrava (GARCIA, 2000).
Um dos ensaios mecânicos mais utilizados na caracterização de compósitos é
ensaio de flexão em três pontos. O ensaio de flexão em três pontos consiste na
aplicação de uma carga no centro de um corpo-de-prova específico, padronizado,
apoiado em dois pontos, como é mostrado na Figura 6. A carga aplicada aumenta
lentamente até a ruptura do corpo-de-prova. O valor da carga aplicada versus o
deslocamento do ponto central é a resposta do ensaio. Os principais resultados do
ensaio de flexão são: módulo de elasticidade, tensão à flexão e à deflexão máxima.
Figura 6 – Representação do ensaio de flexão.
Fonte: Norma ASTM 790.
O ensaio de flexão de três pontos foi realizado em máquina de ensaio
universal (SHIMADZU AG – X 300KN) seguindo recomendações da norma ASTM
D790. Os ensaios de flexão foram realizados para a determinação do módulo de
elasticidade, tensão de flexão e deflexão máxima do compósito utilizando as
equações (1, 2 e 3) conforme a norma que rege o ensaio. Foram utilizadas seis
amostras com dimensões 150x25x3mm, distância entre apoios de 100 mm e taxa de
velocidade de 6 mm/mim, fotografia 22.
42
Eq. 1
Eq. 2
Eq. 3
Fotografia 22 - Amostras do ensaio de flexão.
Fonte: Autor
4.5 ENSAIO DE ABSORÇÃO
O ensaio de absorção de água foi realizado conforme a norma ASTM D570-
99, utilizando corpos de prova com 25 x 25 mm. Para a obtenção do peso seco os
corpos de prova foram pesados e em seguida imersos em água destilada (à
temperatura ambiente). Em intervalos de tempo pré-determinados (a cada 24 horas),
por cinco dias, as amostras foram retiradas da água, pesadas e novamente
submersas até comprovação de saturação (fotografia 23).
A obtenção do percentual de absorção e feita através da equação:
Eq. 4
43
Fotografia 23 - Amostras do ensaio de absorção submersas
Fonte: Autor
4.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
Durante a fase de produção ou análise de materiais, quase sempre se torna
necessário analisar a sua microestrutura. Esta análise microestrutural é muito
importante, pois permite:
• Entender as correlações microestrutura - defeitos - propriedades;
• Predizer as propriedades do material quando estas correlações são
estabelecidas.
O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) se tornou um instrumento
imprescindível nas mais diversas áreas: eletrônica, geologia, ciência e engenharia
dos materiais, ciências da vida etc. Em particular, o desenvolvimento de novos
materiais tem exigido um número de informações bastante detalhado das
características microestruturais só possível de ser observado no MEV.
Após os ensaios de tração e flexão, foram realizadas análise das fraturas em
um microscópio eletrônico de varredura (modelo XL-30 – ESEM), fotografia 24.
Fotografia 24 - Equipamento para realização do MEV
Fonte: Autor.
44
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 ABSORÇÃO DE ÁGUA
Após 96 (noventa e seis horas) horas da realização do ensaio, com pesagens
a cada 24h houve a saturação no peso das amostras do ensaio de absorção de
água. Em seguida foram obtidos os resultados da absorção no qual pode-se
observar uma diferença do percentual entre as três placas de compósitos de
sisal/poliéster azul, sisal/poliéster verde e sisal/poliéster alaranjado (SPA, SPV e
SPL respectivamente), principalmente em relação ao SPV, esta diferença ocorreu
devido à variação da distribuição das fibras na manta. Outros fatores que
ocasionaram alteração do percentual das amostras foram os vários tratamentos a
que a fibra de sisal foi submetida, modificando sua estrutura. O gráfico 1 demonstra
o percentual da absorção de água para cada placa de compósito.
Gráfico 1 - Média do percentual de absorção de água dos compósitos
0
1
2
3
4
53,9 %
4,6 %
3,7 %
ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)
SPA SPV SPL Fonte: Autor.
45
5.2 ENSAIO DE TRAÇÃO
Os compósitos analisados foram divididos em três grupos com seis amostras
cada, caracterizadas pelas cores azul, verde e alaranjado, ambos com a mesma
proporção de fibra/matriz (30/70). Gráficos 2, 3 e 4 demostram as curvas tensão x
deformação do ensaio de tração para os três grupos de amostras.
Gráfico 2 – Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito azul
Fonte: Ensaio de tração (SHIMADZU AG-X30KN).
Gráfico 3 Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito verde
Fonte: Ensaio de tração (SHIMADZU AG-X30KN).
46
Gráfico 4 Curva da tensão x deformação do ensaio de tração compósito alaranjado
Fonte: Ensaio de tração (SHIMADZU AG-X30KN).
Através das analises dos resultados obtidos dos três grupos de compósitos
(Quadro 6) podemos perceber que os valores mantiveram-se próximos no que diz
respeito à resistência à tração e à deformação máxima dos compósitos
Quadro 6 - Propriedades mecânicas a tração.
Compósito Resistência à Tração
Máxima (MPa)
Deformação
Máxima (%)
Módulo de
Elasticidade (GPa)
SPA 25,14 + S 1,7 1,58 + S 0,18 3 + S 0,26
SPV 26,29 + S 3,8 1,95 + S 0,39 2,61 + S 0,19
SPL 23,76 + S 3,4 1,64 + S 0,33 2,66 + S 0,30
Fonte: Autor
Os valores do ensaio de tração dos compósitos estudados neste trabalho se
mantiveram próximos quando comparados em relação ao teor de fibra de sisal. Os
compósitos com 20% de fibra de sisal tem uma resistência à tração de 31,83 MPa,
mas quando comparados levando em consideração o comprimento das fibras há
uma diferença considerável. O compósito cuja fibra de sisal tem um comprimento 25
mm, a resistência é de 40,84 + 0,88 MPa (JOSEPH, 1999, p. 138,139).
47
Para os valores do módulo de elasticidade os resultados mantiveram-se
superiores aos teóricos, pois o compósito reforçado com fibra de sisal tem um
módulo de elasticidade em torno de 2,19 + 0,13 MPa, de acordo com Joseph (1999,
p. 138). Na comparação entre as três placas de compósito estudadas pode-se
observar que o compósito SPA tem uma maior rigidez, sabendo-se que o módulo de
elasticidade demonstra a rigidez do material e quanto maior o módulo menor será a
deformação elástica resultante da aplicação de uma tensão.
Para a maioria dos corpos de prova ensaiados observou-se que a fratura
ocorreu próxima às extremidades das amostras, mas dentro do limite da área útil. A
fratura sucedeu da resina para o reforço sem a completa separação das superfícies
de fratura, sendo que a ruptura perfeita é tida como a ruptura que ocorre na matriz e
na fibra ao mesmo tempo, isso ocorre quando a interface é muito boa.
5.3 ENSAIO DE FLEXÃO EM TRÊS PONTOS
O ensaio de flexão em três pontos foi realizado de acordo com a norma ASTM
3039. Com os valores dos resultados obtidos no ensaio obtêm-se a resistência à
flexão, deformação máxima e o módulo de elasticidade. Os gráficos 5, 6 e 7
mostram às curvas da tensão x deformação a flexão dos compósitos estudados.
Gráfico 5 - Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito azul
Fonte: Ensaio de Flexão (SHIMADZU AG-X30KN).
48
Gráfico 6 - Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito verde
Fonte: Ensaio de Flexão (SHIMADZU AG-X30KN).
Gráfico 7 - Curva da tensão x deformação do ensaio de flexão compósito alaranjado
Fonte: Ensaio de Flexão (SHIMADZU AG-X30KN).
49
Com base nos resultados é possível observar que as placas dos compósitos
tiveram valores próximos na resistência à flexão. Na deformação os valores para as
três placas foram distintos, sendo que a placa de SPV obteve o maior alongamento
entres os compósitos (Quadro 7). Os valores obtidos dos compósitos estudados
diferenciaram dos encontrados em Vieira (2008), o compósito reforçado com fibra
curta de sisal tem uma resistência à flexão em torno de 63,4 + 7,6.
Quadro 7 – Propriedades mecânicas a flexão
Compósito Resistência Flexão
Máxima (MPa)
Deflexão
(deformação)
Máxima (%)
Módulo de
Elasticidade (GPa)
SPA 48,51 + S 6,27 1,72 + S 0,31 19,67 + S 2,8
SPV 54,51 + S 9,3 2,08 + S 0,57 16,70 + S 1,5
SPL 57,70 + S 11,31 1,8 + S 0,26 20,72 + S 2,4
Fonte: Autor.
O resultado do módulo de elasticidade a flexão demostrou uma aproximação
entre os valores dos compósitos SPA e SPL, em relação ao SPV. Essa diferença
nos valores obtidos foi ocasionada pela forma de fabricação, bem como a não
homogeneização das mantas utilizadas no compósito. Na comparação entre as três
placas de compósito a amostra com SPL obteve a maior rigidez.
50
5.4 ANÁLISE DAS IMAGENS DO MEV
A análise dos compósitos por microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi
realizada com o objetivo de observar as fraturas resultantes do ensaio de tração e
flexão e a adesão fibra/matriz
Nas imagens 1, 2 e 3 da superfície das amostras dos compósitos poliméricos
reforçados com fibra de sisal é possível observar a presença de bolhas, falhas
superficiais e a fissura na matriz do compósito, todas as falhas citadas foram
ocasionadas devido a forma de fabricação do compósito.
Imagem 1 – Superfície da Amostra SPA
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
51
Imagem 2 – Superfície da Amostra SPV
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
Imagem 3 – Superfície da Amostra SPL após ensaio de flexão
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
52
Na imagem 4 do compósito SPA pode se observar o cisalhamento da amostra
devido aplicação da carga no ensaio de flexão. As figuras 5 e 6 demonstram a
desaderência da fibra/matriz.
Imagem 4 – Cisalhamento da amostra SPA
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
Imagem 5 – Desaderência da Amostra SPV
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
53
Imagem 6 – Desaderência da Amostra SPL
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
A imagem 7 demonstra a rugosidade da fibra de sisal ocasionado pelo
tratamento químico. As imagens 8 e 9 apresentam a aderência da fibra/matriz, a
ruptura e o arranque da fibra.
Imagem 7 – Fibra de sisal
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
54
Imagem 8 – Aderência da Amostra SPL
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
Imagem 9 – Arranque da fibra de sisal
Fonte: Microscópio eletrônico de varredura – MEV.
55
5.5 APLICAÇÃO DO COMPÓSITO NO VESTUÁRIO
O maior uso de ferramentas tecnológicas contribuirá também para conferir
equilíbrio entre a qualidade estética e a qualidade tecnológica. Desse modo, estética
e tecnologia estarão lado a lado, pois a inovação tecnológica propiciara uma
combinação da estética e da inovação de formas, cortes e modelagem.
Depois de feitas todas as analises no compósito e sabendo que a proposta
para aplicação na moda não requer elevados comportamentos mecânicos, tornando
o uso desse material viável.
A proposta de aplicação do material em estudo, esta situada na área da moda
com a finalidade de agregar valor, auxiliando no embelezamento das peças.
Podendo ser utilizada como acessórios de cabelo, colares e apliques em roupas,
chapéus, calçados etc. (fotografias 25, 26, 27, 28 e 29)
Fotografia 25 – Acessório de cabelo
Fonte: Autor.
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Fotografia 26 – Aplique em bolsa
Fonte: Autor.
Fotografia 27 – Aplique em calçado
Fonte: Autor.
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Fotografia 28 – Acessório
Fonte: Autor.
Fotografia 29 – Aplique em chapéu
Fonte: Autor.
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6. CONCLUSÕES
Com base nos resultados experimentais, as seguintes conclusões podem ser
destacadas:
1. No ensaio de absorção de água dos compósitos reforçados com fibra de sisal com
tingimento nas cores azul e alaranjado, apresentaram uma proximidade entre os
valores do percentual de absorção no valor de 3,9% e 3,7% respectivamente, já em
relação ao compósito com tingimento na cor verde o percentual foi mais acentuado
no valor de 4,6%. Esta diferença entre os valores ocorreu devido à variação da
distribuição das fibras nas mantas, bem como os vários processos químicos
aplicados na fibra.
2. No ensaio mecânico de tração realizado nos compósitos, observou-se que as três
placas tiveram valores próximos no que diz respeito à resistência à tração (SPA
25,14 MPa; SPV 26,29 MPa; SPL 23,76 MPa). Na comparação com os compósitos
encontrados em Joseph (1999, p. 138 e 139) onde se utilizou fibra de sisal com
teores e proporções diferentes dos estudados neste trabalho, observou-se que os
comportamentos mecânicos foram bem distintos entres estes compósitos.
3. No módulo de elasticidade à tração os resultados mantiveram-se superiores,
quando comparados com os valores encontrados no trabalho de Joseph (1999) que
é de 2,19 MPa. Já os compósitos estudados ficaram em torno de SPA 3 MPa; SPV
2,61 MPa e SPL 2,66 MPa. Na comparação entre as três placas de compósito
observou-se que o compósito SPA obteve uma maior rigidez
4. Os resultados obtidos pelo ensaio de flexão em três pontos observou-se que as
placas do compósito SPA, SPV e SPL obtiveram valores bem próximos na
resistência à flexão em torno de 48,51 MPa; 54,51 MPa e 57,70 MPa,
respectivamente. Na comparação com o trabalho de Vieira (2008) que foi de 63,4
MPa, os compósitos desenvolvidos tiveram um comportamento à flexão bem inferior.
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5. O módulo de elasticidade à flexão apresentou uma aproximação entre os valores
dos compósitos SPA 19,67 MPa e SPL 20,72 MPa. Destaca-se também que o
compósito SPL obteve a maior rigidez entre os três compósitos.
6. As imagens da microscopia eletrônica de varredura apresentaram falhas em todas
as três placas estudadas como desaderência da fibra/matriz, fissuras na matriz e
bolhas. Mas também foi possível observar a aderência do reforço com a matriz.
7. Após todas analises podemos concluir que os compósitos poliméricos reforçados
com fibra de sisal são viáveis para aplicação na moda por não necessitarem de
elevadas resistências mecânicas.
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7. SUGESTÕES
Os resultados observados para as propriedades dos compósitos em estudo
motivam a continuidade da pesquisa nesta área. Desta forma, alguns aspectos não
estudados neste trabalho, podem ser sugeridos para futuras pesquisas:
1. Uso de outros processos de fabricação do compósito.
2. Aplicação de outros tipos de resina.
3. Aplicação de outras cores
4. Desenvolvimento de compósitos flexíveis.
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8. REFERENCIAS AQUINO, E.M.F.; RODRIGUES, L.P.S.; OLIVEIRA, W; and SILVA, R.V. Moisture Effect on degradation of Jute/Glass Hydrid Composites. Journal of Reinforced Plastics and Composites, Vol. 27, No. 1, 219-233 (2007). ASTM D 3039/D 3039/M – 00. Standard Test Method for Tensile Properties of Polymer Matrix Composite Materials. Reapproved 2006. ASTM D 790 – 03. Standard Test Method for Flexural Properties of Unreinforcedand Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials. 2003. COSTA, M. R., "Las Fibras Textiles y su Tintura", Química Textil, Vol. II, Concytec, Lima, 1990. D’ALMEIDA, A.L.S.; CALDO, V.; BARRETO, D.W. Acetilação da fibra de bucha (Luffa cylindrica). Polímeros: Ciências e Tecnologia, São Carlos, v.15, n.1, p.59-62, 2005. EMBRAPA. Sisal. Disponível em: <http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/sisal/index.html>. Acesso em: 12 nov. 2011. FROLLINI, E.; PAIVA, J. M. F.; TRINDADE, W. G.; RAZERA, I. A. T.; TITA, S.P. Natural Fibers, Plastics and Composites. New York: Klumer Academic Publishers, USA, 2004, p. 193-225. GARCIA, A.; SANTOS, C. A.; SPIM, J. A., Ensaios dos Materiais, Rio de Janeiro, Livros técnicos e Científicos S.A., 2000. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Síntese de Indicadores, 2002. JOSEPH, Kuruvilla; MEDEIROS, Eliton S.; CARVALHO, Laura H.. Compósitos de Matriz Poliéster Reforçados por Fibras Curtas de Sisal. Polímeros: Ciência e Tecnologia, São Carlos, n. , p.136-141, dez. 1999. LADCHUMANANANDASIVAM, R. Apostila - Ciências dos Polímeros e Engenharia de Fibras I, Capitulo 2, março, 2005,39p. MACEDO, J. C. e SILVA, E. P. Inovações na estamparia com pigmentos. Revista Química Têxtil, n. 69, p. 2838, 2002. MALUF, E. e KOLBE, W. Dados técnicos para a indústria têxtil Manual. 2. ed. São Paulo: IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, p. 240, 244, 2003. (Publicação IPT; 2829). MARROQUIM, S. Uso da fibra de coco e látex na engenharia automotiva: memorial da Crina-Látex do Brasil. Abreu e Lima: ABRACOCO, 1994.
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