Download - Domingo, 9 de Junho de 2013 Nº 106 SÉRIE III Recreioimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/file51b464bdc86abkambinda.pdf · continuava.Até que o menino também ficou com sede. Parou,

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SEKE IA BINDO |

O soba Kambinda convocou os maisvelhos da aldeia e anunciou que nas ter-ras férteis do rio Kubango existia umaterra prodigiosa, cheia de mercadores eviajantes. Havia coisas tão belas e rarasque gente de todo o mundo vinha com-prar essas riquezas. O velho Ndala já ti-nha vivido tantos anos que não sentiucoragem para fazer a viagem. No seu úl-timo sonho morreu serenamente na es-teira e um grande pássaro visitou-o emcasa e deixou-lhe as asas para voar até asterras da eterna juventude, que ficammuito para além do grande rio Zambeze.

Para marcar lugar na expedição man-dou o seu neto Ngamba, um menino queconhecia todos os caminhos visíveis einvisíveis. A expedição partiu ao ama-nhecer e o velho Ndala foi abençoar oneto. Fez-lhe um pedido:

- Traz-me o que encontrares de maisrico e mais belo nessa terra de merca-dores e viajantes.

A expedição partiu em marcha acele-rada. Todos estavam ansiosos de com-prar as riquezas que os mercadores ofe-reciam aos visitantes. Quando chega-ram ao grande mercado, todos compra-ram panos, lenços, vinhos finos, cabrase bois. Mas Ngamba percorria todas as

tendas e rejeitava tudo o que lhe eraoferecido. Ao anoitecer, os comercian-tes começaram a levantar as suas tendase a guardar as riquezas. Ngamba conti-nuava sem nada comprar. De repente,ouviu o trinar de um passarinho. Por bai-xo de uma árvore frondosa, um merca-dor tinha uma gaiola feita de bimba e ládentro um passarinho belíssimo cujostrinados davam dolência ao entardecer.

- Vendes-me o passarinho, mercador?- O homem fez o preço e o menino

pagou sem discutir. - Como se chama

este passarinho? - Este é o mágicoNdingo, que responde prontamente a to-dos os teus pedidos.

O menino Ngamba pegou na gaiolade bimba e juntou-se à expedição dasua aldeia. Pernoitaram no grande mer-cado e ao amanhecer do dia seguinteregressaram a casa.

Os velhos da expedição compraramgrandes quantidades de mercadoria. Ospreços eram muito baixos. Aquilo que osmercadores levavam até à aldeia e custa-va cem, ali custava apenas um! Compra-

ram, comprara, compraram. Alguns le-vavam rebanhos de cabras e manadas debois. Os velhos em breve foram venci-dos pelo cansaço. Só pastores experi-mentados, conseguem conduzir tantosbois e tantas cabras percorrendo chanasimensas e atravessando rios caudalosos.

Ngamba seguia ligeiro, saltitandopelos areais, à frente da expedição, como passarinho Ndingo. Os homens ve-lhos começaram a sentir muita sede ealguns gemiam. Mas a jornada penosacontinuava. Até que o menino tambémficou com sede. Parou, sentou-se à beirada picada e disse ao passarinho Ndingo:

- Tenho sede, dá-me água.De repente, no areal ressequido apa-

receu um lago de água fresca e cristali-na. Ngamba saciou a sede e todos os ho-mens beberam. O gado também matoua sede. Quando todos ficaram satisfei-tos, o soba Kambinda deu ordens paraque a sua gente prosseguisse a viagem.

Andaram, andaram e todos começa-ram a sentir fome. Ngamba disse aopassarinho Ndingo: Dá-me de comer,tenho fome! E todos tiveram à sua fren-te abundante comida.

À noite os viajantes sentaram-se emcírculo na areia. Os velhos lamentaramnão ter comprado tabaco para fumar.Ngamba pediu ao passarinho mágico:

- Dá-me tabaco! E logo apareceu ta-baco em abundância que todos puseramnas suas mutopas.

- Ndingo, dá-me fogo!E todos os cachimbos ficaram ace-

sos. Os homens começaram a fumar en-quanto recordavam os prodígios daque-le mercado onde tudo era bom e barato.

A viagem prosseguiu e quando a ca-ravana estava perto da aldeia, Ngambadisse ao passarinho mágico:

- Quero ser branco!Naquele momento Ngamba transfor-

mou-se num homem branco e muito ri-co, barriga grande e relógio de bolsocom corrente de ouro. Tinha ao ombrouma espingarda. Então foi chamar o avôe disse-lhe para o acompanhar porque iafundar uma aldeia nova, com as imensasriquezas que tinha. O velho, pesaroso,recusou e disse ao neto que não podiaaceitar porque não era branco.

Ainda hoje nas terras férteis do Ku-bango se houve esta canção:

- Ndingo, Ndingo, yanga, yanga,vilengo/ndyeko mema/Ndingo, Ndin-go/ Ndyeko vyakulya/vyakulya vye-vi/na makaya/Ndingo, Ndingo… dá-me riqueza!

*Adaptado do livro “O Mundo Cultural dosGanguelas”

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOSO pássaro mágico que mudou vidas e paisagens

PROVÉRBIO

VAMOS COLORIR

ADIVINHAS

Soluções:1.Gato; 2. Abelha; 3. Água corrente areia e espuma; 4. Agulha e Linha; 5. Alfabeto;6. Letra p.

Os livros são nossos amigosAndo na escola no bairro Nova Vida e no fim-de-semana fui veruma exposição e feira de livros para crianças. Os meus pais le-varam-me e encontrei lá alguns colegas. Nunca tinha visto tãobonitos e fiquei com vontade de levá-los todos para casa.No meu bairro não temos livrarias e é muito difícil encontrar li-vros para crianças, por isso a feira foi importante. Fiquei a pen-sar que as escolas deviam ter feiras permanentes de livros ealém disso, criar pequenas bibliotecas. Os meus pais liam-me livros infantis quando eu era pequena edesde essa altura costumo ler. Aprendi que os livros são os nos-sos melhores amigos porque estão sempre ao nosso lado ecom eles aprendemos coisas importantes para a nossa vida epara o nosso país.Se as escolas tiverem pequenas bibliotecas todos os alunospodem aprender e ocupar os tempos livres. A melhor coisa quepodemos fazer é ler um livro com uma boa história. E quem sehabitua a ler nunca mais dispensa os livros.A feira do Projecto Nova Vida veio num momento oportuno.

ÂNGELA ROGÉRIO |12 ANOS| RANGEL

1. O que é que sendo preto ou branco, de noite é semprepardo, escaldado tem medo de água fria e sete vidas?2. Fui branca de nação e mais tarde mudei de cor, fui roubadasem sentir para enriquecer o meu senhor.3. São três coisas: uma diz que vamos, outra que fiquemos,outra que dancemos.4. O que anda de buraco em buraco, com as tripas de rastos?5. Qual é a palavra que tem quatro sílabas e 29 letras?6. Qual é o princípio de princípio?

«Quando um rei tem conselhei-ros bons, o seu reino é pacífico.

Domingo, 9 de Junho de 2013Nº 106 SÉRIE III

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BRINCAR E APRENDERCartas dos Amiguinhos

AAnfíbios são animais de pele fina e húmida. Não possuempeles nem escamas externas. São incapazes de manter cons-tante a temperatura do seu corpo, por isso são chamados ani-mais de sangue frio (pecilotérmicos). A pele fina, rica em vasossanguíneos e glândulas, através da respiração, permite-lhes a ab-sorção de água, que funciona como defesa orgânica. Quandoestão com “sede”, os anfíbios encostam a região ventral do seucorpo na água e absorvem-na pela pele.AAs glândulas na sua pele são de dois tipos: mucosas, que pro-duzem muco, e serosas, que produzem veneno. Todo o anfíbioproduz substâncias tóxicas. Existem espécies mais e menos tó-xicas e os acidentes com humanos somente acontecem seessas substâncias entrarem em contacto com as mucosas ousangue. Podem ser aquáticos (respiram através de brânquias)ou terrestres (respiram através da pele ou pulmões). Alimentam-se de minhocas, insectos, aranhas, e de outros vertebrados.

SSAABBIIAASS QQUUEE.... ..

Começou o segundo trimestreescolar. Atenção às notas que ti-veram no primeiro trimestre. Éimportante que todos os estu-dantes saibam que se tiveremnotas baixas, podem reprovar.E todas as crianças de Angolaestão proibidas de reprovar. Éobrigatório passar de classe, jáque o vosso trabalho é somenteestudar.todos os estudantes devem,com a ajuda do papá ou da ma-mã, fazer um calendário de estu-do, para saberem as horas quetêm para estudar e as que têmpara brincar. Também deve estarincluido neste calendário o horá-rio de ir para a cama.

CASIMIRO PEDRO