Domingo, 4 de Agosto de 2013 Nº 114 SÉRIE III...

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SEKE IA BINDO | Era uma vez o rei Tyipeku senhor de terras e gado. O seu reinado per- corria as margens do rio Kuvango até se perderem de vista. Os súbdi- tos viviam na abundância e todos eram amigos. Naquelas paragens havia água em abundância e os raios de Sol faziam crescer a mas- sambala nas imensas chanas. To- dos os dias eram de festa e só se ou- viam cânticos de alegria. O rei era jovem e os mais velhos aconselharam-no a casar. Na cida- dela real existiam duas jovens muito belas. O rei hesitava em ca- sar com uma ou com a outra. De- pois de longos meses de dúvidas, mandou chamar o adivinho e pe- diu-lhe um conselho: - Qual das jovens devo desposar, Wanuka ou Ipumpu? O adivinho pediu um dia para dar a resposta. Quando regressou a ca- sa do rei trazia a solução: - Os oráculos dizem que deves casar com as duas. O rei Tyipeku aceitou o conselho e desposou as duas jovens. Ambas ficaram grávidas ao mesmo tempo e deram à luz no mesmo dia. Wanuka deu à luz uma pedrinha e Ipumpu uma rã. O rei ficou muito desiludido com a cria de Wanuka e disse-lhe: - Todas as minhas dúvidas acaba- ram agora. Nunca devia ter casado contigo, do teu ventre apenas saem pedras. Ipumpu é que gera a vida. Dito isto, o rei guardou a pedri- nha numa caixa e desde então nun- ca mais quis saber da sua esposa Wanuka. Ipumpu tudo fazia para que a mãe da pedrinha fosse expul- sa da cidadela real. Queria ser a única rainha. Com o desgosto, Wanuka pegou na pedrinha e foi guardá-la na lavra que todos os dias trabalhava. Voltou ao quimbo e disse ao rei que lançou a pedra à terra, que é a mãe de todas as criaturas. O rei nem quis saber. Só tinha olhos para a rã. Wanuka, mal o Sol nasceu, foi tra- balhar para a lavra e o que encontrou causou-lhe um grande alvoroço. A palhota onde guardava os utensílios agrícolas estava transformada num palácio. Todas as terras da redonde- za tinham grandes plantações de mandioca, milho e batata-doce. As chanas estavam repletas de massam- bala. Os pastores guardavam gran- des rebanhos de cabras e manadas de bois. Jovens alegres dançavam be- las danças. Era um nunca mais aca- bar de riquezas. À porta do palácio estavam sen- tadas duas meninas formosas, In- tumba e Cassanga, que cantavam esta canção: - Cantemos a nossa alegria/pela princesa Intumba/sim, cantemos à alegria./O pai é uma cabaça de ve- neno mortífero/a mãe uma suave onda de água/aparentemente não gerou uma jóia/mas venham todos ver/ como a jóia está a trabalhar. O rei Tyipeku foi avisado dos acontecimentos fantásticos na la- vra da sua esposa Wanuka. Era tu- do tão estranho que foi ver o que se passava. Quando chegou ao paraíso criado pela pedrinha, fi- cou envergonhado e arrependido por ter desprezado a esposa que deu à luz uma pedra. Zangado, quando chegou a casa disse a Ipumpu: - A única coisa que me deste foi uma rã que se multiplicou por cente- nas e a única coisa que fazem é co- mer. A pedrinha que Wanuka me deu, criou o paraíso. A partir de hoje deixas de ser minha esposa. O rei pegou nas rãs que tinha em casa e atirou-as ao rio Kuvango, onde desde então passam a vida a chorar pela triste sorte da mãe: kwa, kwa, kwa! Desde esse dia, Intumba e Cas- sanga cantavam nas festas o hino que exaltava os prodígios da mãe que pariu a pedrinha mágica: - Nana lindunda lya mema/ka- vembela ndandi, kavembela/indya utale ndandi mo ilima! *Conto adaptado do livro “O Mundo Cultural dos Nganguelas” CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS A mulher que deu à luz uma pedrinha mágica PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. O Sol; 2. A vela; 3. Cebola; 4. O castanheiro; 5. Castanheiro, ouriço da castanha; 6. É o céu, a Lua e as estrelas. Quero ser empreendedora Nas escolas secundárias abriram as aulas de empreendedoris- mo. O meu primo está a aprender para um dia ser empresário no nosso município. Nessas aulas os estudantes aprendem a fazer negócios, a gerir os créditos e a registar tudo o que diz respeito ao comércio. Pen- so que isso é muito importante porque na comuna dos meus avós não há uma só loja nem cantina. Quando puder também vou aprender empreendedorismo por- que gostava de ser comerciante como a minha mãe. Mas agora não se pode andar na venda sem saber como se gerem negócios e como podemos evitar os prejuízos. Pelo que vejo na aldeia dos meus avós, o comérciio é muito importante. Aqui em Benguela te- mos tudo nas lojas e se não quisermos ir à loja, podemos fazer as compras no mercado informal. Há muita gente a vender nas ruas. Mas na aldeia dos meus avós, perto do Coporolo, não existe ne- nhuma loja. Nem para comprar comida. Medicamentos e roupas também não existem à venda. Quem precisar tem que ir à sede do município e mesmo lá nem sempre as pessoas encontram tu- do aquilo de que necessitam. JOSINA NDELE|12 ANOS|BENGUELA 1. O que é, uma bolinha brilhante, se te encostas nela queima? 2. O que é que quando derrete fica um fio mas às vezes não? 3. Capote mais capote, todos do mesmo pano, se não te digo agora, não adivinhas até ao fim. 4. Pai carinhoso filho espinhoso, neto amoroso? 5. Altos altentes, carapins carapentes; dá-lhe uma risada e caem-lhe os dentes 6. O que é um balaio, com uma abóbora no meio e nas laterais grãos de milho espalhados? «Quando o vizinho erra apontas o dedo, mas quando és tu escondes. Domingo, 4 de Agosto de 2013 Nº 114 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTAS DOS AMIGUINHOS AUma árvore nova com aproximadamente um metro pode ele- var para as folhas até 45 litros de água por dia. Um carvalho de ta- manho médio pode elevar mais de meia tonelada de água para prover as suas necessidades. As árvores mais velhas que existem à superfície do globo terrestre são o Pinus aristata, há exemplares com mais de 8.000 anos nas Montanhas Brancas dos Estados Unidos da América, a 2.700 me- tros de altitude. A A Austrália foi designada pelos primeiros exploradores como Baía Botânica devido à diversidade de espécies vegetais muito grande. Foram encontradas no local mais de mil espécies dife- rentes de plantas e aproximadamente 600 espécieis diferentes de eucaliptos. as árvores funcionam como bombas de água, pois através do seu sistema de transporte de seiva podem elevar, da raiz até às folhas, uma grande quantidade de água. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Mais férias Mais uma semana de aulas e es- tão de férias novamente, isso é bom. Sabem que as férias vêm depois de algum tempo de tra- balho. Neste caso o vosso traba- lho é estudar, e quem trabalha bem colhe bons frutos. A criança estudiosa certamente espera boas notas na pauta, mas quem não gosta de estudar, já sabe que não vai gostar da pau- ta. Então crianças, nesta semana que têm para as provas apli- quem-se nos estudos para po- derem ter boas notas na pauta e irem de férias felizes. Este é o nosso conselho. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR

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SEKE IA BINDO |

Era uma vez o rei Tyipeku senhorde terras e gado. O seu reinado per-corria as margens do rio Kuvangoaté se perderem de vista. Os súbdi-tos viviam na abundância e todoseram amigos. Naquelas paragenshavia água em abundância e osraios de Sol faziam crescer a mas-sambala nas imensas chanas. To-dos os dias eram de festa e só se ou-viam cânticos de alegria.O rei era jovem e os mais velhos

aconselharam-no a casar. Na cida-dela real existiam duas jovensmuito belas. O rei hesitava em ca-sar com uma ou com a outra. De-pois de longos meses de dúvidas,mandou chamar o adivinho e pe-diu-lhe um conselho:- Qual das jovens devo desposar,

Wanuka ou Ipumpu?O adivinho pediu um dia para dar

a resposta. Quando regressou a ca-sa do rei trazia a solução:- Os oráculos dizem que deves

casar com as duas. O rei Tyipeku aceitou o conselho

e desposou as duas jovens. Ambasficaram grávidas ao mesmo tempo ederam à luz no mesmo dia. Wanuka

deu à luz uma pedrinha e Ipumpuuma rã. O rei ficou muito desiludidocom a cria de Wanuka e disse-lhe:- Todas as minhas dúvidas acaba-

ram agora. Nunca devia ter casadocontigo, do teu ventre apenas saempedras. Ipumpu é que gera a vida.

Dito isto, o rei guardou a pedri-nha numa caixa e desde então nun-ca mais quis saber da sua esposaWanuka. Ipumpu tudo fazia paraque a mãe da pedrinha fosse expul-sa da cidadela real. Queria ser aúnica rainha.

Com o desgosto, Wanuka pegouna pedrinha e foi guardá-la na lavraque todos os dias trabalhava. Voltouao quimbo e disse ao rei que lançoua pedra à terra, que é a mãe de todasas criaturas. O rei nem quis saber.Só tinha olhos para a rã.Wanuka, mal o Sol nasceu, foi tra-

balhar para a lavra e o que encontroucausou-lhe um grande alvoroço. Apalhota onde guardava os utensíliosagrícolas estava transformada numpalácio.Todas as terras da redonde-za tinham grandes plantações demandioca, milho e batata-doce. Aschanas estavam repletas de massam-bala. Os pastores guardavam gran-des rebanhos de cabras e manadas debois. Jovens alegres dançavam be-las danças. Era um nunca mais aca-bar de riquezas. À porta do palácio estavam sen-

tadas duas meninas formosas, In-tumba e Cassanga, que cantavamesta canção:

- Cantemos a nossa alegria/pelaprincesa Intumba/sim, cantemos àalegria./O pai é uma cabaça de ve-neno mortífero/a mãe uma suaveonda de água/aparentemente nãogerou uma jóia/mas venham todosver/ como a jóia está a trabalhar.

O rei Tyipeku foi avisado dosacontecimentos fantásticos na la-vra da sua esposa Wanuka. Era tu-do tão estranho que foi ver o quese passava. Quando chegou aoparaíso criado pela pedrinha, fi-cou envergonhado e arrependidopor ter desprezado a esposa quedeu à luz uma pedra. Zangado, quando chegou a casa

disse a Ipumpu:- A única coisa que me deste foi

uma rã que se multiplicou por cente-nas e a única coisa que fazem é co-mer. A pedrinha que Wanuka medeu, criou o paraíso. A partir de hojedeixas de ser minha esposa.O rei pegou nas rãs que tinha em

casa e atirou-as ao rio Kuvango,onde desde então passam a vida achorar pela triste sorte da mãe:kwa, kwa, kwa!Desde esse dia, Intumba e Cas-

sanga cantavam nas festas o hinoque exaltava os prodígios da mãeque pariu a pedrinha mágica:

- Nana lindunda lya mema/ka-vembela ndandi, kavembela/indyautale ndandi mo ilima!

*Conto adaptado do livro “O Mundo Culturaldos Nganguelas”

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOSA mulher que deu à luz uma pedrinha mágica

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1. O Sol; 2. A vela; 3. Cebola; 4. O castanheiro; 5. Castanheiro, ouriço da castanha;6. É o céu, a Lua e as estrelas.

Quero ser empreendedoraNas escolas secundárias abriram as aulas de empreendedoris-mo. O meu primo está a aprender para um dia ser empresário nonosso município.Nessas aulas os estudantes aprendem a fazer negócios, a geriros créditos e a registar tudo o que diz respeito ao comércio. Pen-so que isso é muito importante porque na comuna dos meusavós não há uma só loja nem cantina.Quando puder também vou aprender empreendedorismo por-que gostava de ser comerciante como a minha mãe. Mas agoranão se pode andar na venda sem saber como se gerem negóciose como podemos evitar os prejuízos. Pelo que vejo na aldeia dosmeus avós, o comérciio é muito importante. Aqui em Benguela te-mos tudo nas lojas e se não quisermos ir à loja, podemos fazer ascompras no mercado informal. Há muita gente a vender nas ruas.Mas na aldeia dos meus avós, perto do Coporolo, não existe ne-nhuma loja. Nem para comprar comida. Medicamentos e roupastambém não existem à venda. Quem precisar tem que ir à sededo município e mesmo lá nem sempre as pessoas encontram tu-do aquilo de que necessitam.

JOSINA NDELE|12 ANOS|BENGUELA

1. O que é, uma bolinha brilhante, se te encostas nela queima?2. O que é que quando derrete fica um fio mas às vezes não?3. Capote mais capote, todos do mesmo pano, se não te digoagora, não adivinhas até ao fim.4. Pai carinhoso filho espinhoso, neto amoroso?5. Altos altentes, carapins carapentes; dá-lhe uma risada ecaem-lhe os dentes6. O que é um balaio, com uma abóbora no meio e nas lateraisgrãos de milho espalhados?

«Quando o vizinho erra apontas odedo, mas quando és tu escondes.

Domingo, 4 de Agosto de 2013Nº 114 SÉRIE III

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Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCARTAS DOS AMIGUINHOS

AUma árvore nova com aproximadamente um metro pode ele-var para as folhas até 45 litros de água por dia. Um carvalho de ta-manho médio pode elevar mais de meia tonelada de água paraprover as suas necessidades.As árvores mais velhas que existem à superfície do globo terrestresão o Pinus aristata, há exemplares com mais de 8.000 anos nasMontanhas Brancas dos Estados Unidos da América, a 2.700 me-tros de altitude. A A Austrália foi designada pelos primeiros exploradores comoBaía Botânica devido à diversidade de espécies vegetais muitogrande. Foram encontradas no local mais de mil espécies dife-rentes de plantas e aproximadamente 600 espécieis diferentes deeucaliptos. as árvores funcionam como bombas de água, poisatravés do seu sistema de transporte de seiva podem elevar, daraiz até às folhas, uma grande quantidade de água.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Mais fériasMais uma semana de aulas e es-tão de férias novamente, isso ébom. Sabem que as férias vêmdepois de algum tempo de tra-balho. Neste caso o vosso traba-lho é estudar, e quem trabalhabem colhe bons frutos.A criança estudiosa certamenteespera boas notas na pauta, masquem não gosta de estudar, jásabe que não vai gostar da pau-ta. Então crianças, nesta semanaque têm para as provas apli-quem-se nos estudos para po-derem ter boas notas na pauta eirem de férias felizes. Este é onosso conselho.

CASIMIRO PEDRO

VAMOS COLORIR