EFEITOS ADJUVANTES DE BACTÉRIAS PROBIÓTICAS DO
GÊNERO BIFIDOBACTERIUM NO TRATAMENTO DA
PERIODONTITE CRÔNICA: ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO
ALEATORIZADO.
NICOLE PALLONI ZANATTO
RIBEIRÃO PRETO
2018
RESUMO
O propósito deste estudo é avaliar o tratamento da periodontite crônica
generalizada em humanos com administração oral de probióticos do
gênero Bifidobacterium associada à Raspagem e Alisamento Radicular
(RAR) ou com RAR somente, por meio de um estudo clínico controlado
aleatorizado. Foram selecionados 41 pacientes da população atendida na
Clínica de Periodontia do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
da FORP-USP. Os indivíduos foram separados em grupo controle
(Raspagem e alisamento radicular – RAR) ou teste (RAR + Terapia
probiótica). Os indivíduos dos grupos controle e teste receberam pastilhas
para serem usadas duas vezes ao dia imediatamente após a primeira
sessão de RAR durante 4 semanas. No grupo controle as pastilhas não
apresentaram em sua composição nenhum microrganismo (pastilhas
placebo). Os pacientes foram orientados também a não consumirem
durante o estudo nenhum outro produto probiótico. Os parâmetros
clínicos periodontais foram avaliados no baseline (período pré-
intervenção) e 30 e 90 dias após a realização da terapia periodontal não
cirúrgica.
1 INTRODUÇÃO
A Doença Periodontal (DP) é uma doença inflamatória crônica que afeta os
tecidos de suporte dos dentes e pode levar à perda dentária, afetando grande parte
da população. Em um recente levantamento epidemiológico realizado nos Estados
Unidos, foi demonstrado que um em cada dois americanos com 30 anos de idade
ou mais possui DP (EKE et al., 2012). Embora o fator etiológico primário da DP
seja o biofilme dental, a resposta do hospedeiro e várias doenças sistêmicas
parecem estar associadas com o seu desenvolvimento (REDDY et al., 2003;
WILLIAMS; OFFENBACHER, 2000).
Raspagem e alisamento radicular (RAR) é a terapia de escolha pela maioria dos
clínicos e amplamente considerada o “padrão-ouro” para o tratamento da
periodontite (BEREZOW; DARVEAU, 2011). Contudo, o uso isolado de RAR,
frequentemente, não produz os resultados clínicos desejados em casos severos de
DP. Nestas situações, a recolonização de patógenos e a recorrência da doença são
bastante comuns (BEREZOW; DARVEAU, 2011). Recentemente, o uso de
probióticos tem despertado o interesse da comunidade científica odontológica
como uma nova alternativa adjuvante à RAR para o tratamento da DP, podendo
modular a resposta imune do hospedeiro e modificar o ambiente bacteriano.
Os probióticos são definidos como microorganismos, principalmente bactérias,
seguros para o consumo e capazes de produzirem efeitos benéficos para a saúde
do hospedeiro quando ingeridos em quantidades suficientes. Os probióticos são
geralmente regulamentados como suplementos dietéticos e comercializados para
melhorar ou manter a saúde (TSUBURA et al., 2009). Os principais
microgranismos utilizados para fins probióticos são bactérias do gênero
Lactobacillus (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Lactobacillus
rhamnosus), cepas de Enterococcus, Bacillus e Bifidobacterium (FERREIRA;
TESHIMA, 2000).
A cavidade oral, apenas recentemente, tem sido sugerida como um alvo relevante
para as aplicações dos probióticos (MEURMAN, 2005). Até agora, os probióticos
foram avaliados, principalmente, no controle da cárie dentária, podendo reduzir os
níveis de Streptococcus mutans na saliva (AHOLA et al., 2002; CAGLAR et al.,
2006, 2008; NASE et al., 2001). Ainda há poucos estudos que avaliaram os efeitos
de probióticos no controle da DP. De um modo geral, estes estudos,
essencialmente clínicos, demonstraram que o uso de probióticos na perspectiva de
prevenção, controle e tratamento da DP pode promover significativa redução de
periodontopatógenos (MAYANAGI et al., 2009; TSUBURA et al., 2009),
melhorar os parâmetros clínicos periodontais em indivíduos portadores de
periodontite (RICCIA et al., 2007; SHIMAUCHI et al., 2008; TSUBURA et al.,
2009), reduzir os níveis salivares de prostaglandina E2 e metaloproteinases da
matriz (RICCIA et al., 2007) e inibir o desenvolvimento da gengivite (KRASSE et
al., 2006; STAAB et al., 2009). Em cinco estudos clínicos foram relatados
resultados positivos do efeito adjuvante da terapia probiótica à RAR no tratamento
da DP (INCE et al. 2015; SHAH et al 2013; TEKCE et al., 2015; TEUGHELS et
al., 2013; VIVEKANANDA; VANDANA; BHAT, 2010).
Embora a literatura apresente resultados promissores, é importante considerar que
os achados obtidos com probióticos não podem ser generalizados (TEUGHELS et
al., 2011), uma vez que eles são dependentes da cepa, dosagem, frequência e
forma de administração usadas. Até o presente momento, os estudos que
investigaram os efeitos de probióticos na DP usaram principalmente
microrganismos do gênero Lactobacillus. Contudo, outros potenciais probióticos
merecem ser investigados. Bifidobacterium animalis subsp. lactis (B. lactis)
possui diversos habitats, como o intestino humano, a cavidade bucal e o trato
gastrointestinal animal (DONG et al., 2000).
Alguns estudos demonstraram que B. lactis pode reduzir a quantidade de biofilme
bacteriano nas superfícies dentárias e a inflamação gengival em indivíduos jovens
saudáveis (TOIVIAINEN et al. 2014), bem como a quantidade de microrganismos
associados à cárie dentária em crianças (SINGH et al., 2011) e adultos jovens
(ÇAGLAR et al., 2008). Haukioja et al. (2006) demonstraram, em um estudo in
vitro, que B. lactis sobrevive na saliva e pode ligar-se ao Fusobacterium
nucleatum em superfícies de hidroxiapatita. Até o presente momento, não há
nenhum estudo clínico na literatura que tenha avaliados os efeitos de bactérias
probióticas do gênero Bifidobacterium na periodontite.
2 OBJETIVO
Avaliar o tratamento da periodontite crônica generalizada em humanos com
administração oral de probióticos do gênero Bifidobacterium associada à
Raspagem e Alisamento Radicular (RAR) ou com RAR somente.
3 METODOLOGIA
3.1 SELEÇÃO DOS PACIENTES
Todos os pacientes receberam informações detalhadas a respeito do experimento
do qual participaram (objetivos, benefícios, riscos e desconfortos) conforme
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os procedimentos realizados nesta
pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) – Universidade de São Paulo (USP)
(Protocolo 06278012.1.0000.5419).
Foram selecionados 41 pacientes da população atendida na Clínica de Periodontia
do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da FORP-USP. Todos os
pacientes apresentaram bom estado de saúde geral e, no mínimo, 15 dentes
presentes, excluindo-se terceiros molares e dentes indicados para exodontia. Os
pacientes receberam o diagnóstico de Periodontite Crônica generalizada de acordo
com a atual classificação da Academia Americana de Periodontologia
(ARMITAGE, 1999). Os critérios de inclusão foram: idade ≥ 30 anos; 30% ou
mais dos sítios com profundidade de sondagem (PS) ≥ 4 mm, nível de inserção
clínico (NIC) ≥ 4 mm e presença de sangramento à sondagem; um mínimo de 6
dentes com pelo menos um sítio em cada com PS e NIC ≥ 5 mm; e presença de
pelo menos dois sítios com PS ≤ 3 mm, ausência de sangramento à sondagem e
indicação de cirurgia periodontal estética ou exodontia.
Foram critérios de exclusão para o presente estudo: (1) história positiva de
antibioticoterapia nos últimos seis meses, (2) história positiva de tratamento
periodontal básico nos últimos seis meses, (3) envolvimento sistêmico que possa
interferir na progressão da doença ou na resposta ao tratamento (ex.: diabetes,
desordens imunológicas), (4) envolvimentos protéticos extensos, (5) necessidade
de profilaxia antibiótica para a realização de procedimentos odontológicos de
rotina, (6) uso de anti-inflamatórios por longo período de tempo, (7) tabagismo e
(8) gravidez.
3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Antes do estudo começar, os indivíduos selecionados foram identificados por um
código numérico, bem como receberam instruções específicas de higiene oral e
raspagem supragengival em todos os elementos dentários. De acordo com uma
tabela numérica aleatória gerada por um programa computadorizado, o
coordenador do estudo alocou cada paciente em um dos seguintes grupos
experimentais: controle (Raspagem e alisamento radicular – RAR) ou teste (RAR
+ Terapia probiótica). Os indivíduos dos grupos controle e teste receberam
pastilhas para serem usadas duas vezes ao dia imediatamente após a primeira
sessão de RAR durante 4 semanas. No grupo teste, as pastilhas apresentaram 109
unidades formadoras de colônias (UFCs) de Bifidobacterium animalis subsp.
lactis HN019. No grupo controle as pastilhas não apresentaram em sua
composição nenhum microrganismo (pastilhas placebo). Os indivíduos foram
orientados também a não consumirem durante o estudo nenhum outro produto
probiótico. Os parâmetros clínicos periodontais foram avaliados no baseline
(período préintervenção) e 30 e 90 dias após a realização da terapia periodontal
não cirúrgica.
Os exames clínicos periodontais (pré e pós-intervenção) foram realizados por um
único examinador devidamente treinado e calibrado, o qual desconhecia os grupos
experimentais do presente estudo. Os procedimentos de RAR foram realizados
pelo mesmo operador treinado para estas finalidades, o qual também desconhecia
os grupos experimentais do presente estudo. A instrumentação foi realizada
quadrante por quadrante, até adequada limpeza da área e alisamento radicular, o
qual foi verificado com auxilio de uma sonda exploradora.
Os indivíduos participantes da pesquisa receberam 14 pastilhas (placebo ou
probiótico) por semana. Ao final de cada semana, compareceram à Clínica de
Periodontia do Programa de PósGraduação em Odontologia da FORP-USP.
Durante essa visita trouxeram as embalagens das pastilhas que foram consumidas
durante a semana para então receberem novas pastilhas em quantidade suficiente
para mais uma semana de consumo.
3.3 MONITORAMENTO CLÍNICO
Foram avaliados, em 6 sítios de cada elemento dentário (mesio-vestibular,
vestibular, distovestibular, mesio-lingual, lingual e disto-lingual), os seguintes
parâmetros clínicos periodontais: (i) Profundidade de sondagem (pS) da bolsa
periodontal (mm): foi medida a partir da margem gengival até o fundo da bolsa;
(ii) Nível clínico de inserção (NCI) (mm): foi mensurado a partir da junção
cement-esmalte ao fundo da bolsa; (iii) Recessão gengival (RG): foi mensurada a
partir da junção-cemento esmalte até a margem gengival; (iv) Sangramento à
sondagem (SS), avaliado dicotomicamente: a presença do sangramento foi
considerada positiva quando ocorreu em até 20s após a inserção da sonda para
medida da profundidade de sondagem. O índice de placa visível (IP) de cada
paciente, avaliado dicotomicamente, foi determinado pela porcentagem das
superfícies dos dentes com depósitos de placa corados com solução evidenciadora.
Os parâmetros clínicos periodontais e o índice de placa de cada paciente foram
registrados no baseline (período pré-intervenção), bem como em +30 e +90 dias
após a realização terapia periodontal não cirúrgica.
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
As análises foram realizadas com o software Bioestat (BioEstat, Versão 5.3.
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Amazonas, Brazil). O
paciente foi considerado como a unidade estatística. Foi adotado nível de
significância de 5% (p < 0,05). A distribuição dos dados clínicos foi verificada
pelo teste Shapiro-Wilk. Para os dados que apresentaram distribuição normal,
foram selecionados testes paramétricos para análises das diferenças intra e inter-
grupos.
Testes não paramétricos foram aplicados para os dados com distribuição não
normal. Em cada paciente, foi calculada a média e o desvio-padrão de PS, NCI e
RG para cada par de dentes analisados nos diferentes grupos (Controle e Teste) e
tempos experimentais (baseline, +30 e +90). Para SS e IP, foram calculadas as
frequências absoluta e relativa desses parâmetros em cada paciente. As diferenças
dentro de cada grupo para PS, NCI e RG nos três tempos experimentais, bem
como as diferenças inter-grupos foram avaliadas pela Análise de Variância de
medidas repetidas e Teste t, respectivamente. As diferenças intra e inter-grupos
para SS e IP foram avaliadas pelo Teste do Qui-Quadrado. Os dados de “bolsas
residuais” foram também apresentados como frequências absolutas e relativas. As
diferenças intergrupos foram avaliadas com o Teste do Qui-Quadrado.
4 RESULTADOS
Ambos os grupos demonstraram melhoras nos parâmetros clínicos analisados em
bolsas periodontais moderadas (Profundidade de sondagem = 4-6 mm no
baseline) e profundas
(Profundidade de sondagem ≥ 7 mm no baseline) aos 30 e 90 dias. O Grupo Teste
apresentou menor sangramento à sondagem (aos 30 e 90 dias) e menor índice de
placa (aos 30 dias) quando comparado ao Grupo Controle (p<0,05). Em bolsas
moderadas e profundas, o Grupo Teste apresentou maior ganho de inserção clínica
e menor profundidade de sondagem que o
Grupo Controle aos 90 dias (p<0,05). O Grupo Teste também apresentou menos
bolsas periodontais moderadas e profundas que o Grupo Controle aos 30 e 90 dias
(p<0,05). Enquanto no Grupo teste 58% das bolsas periodontais profundas foram
reduzidas para bolsas com profundidade de sondagem ≤ 3mm, no Grupo Controle
esse valor foi apenas 22,2%.
Todos os dados clínicos do estudo podem ser visualizados na Figura 1 e nas
Tabelas 1-3.
Figura 1 – Fluxograma do estudo clínico
Tabela 1 – Características demográficas da amostra no baseline de acordo com os
grupos experimentais
F = feminino; M = masculino; PS = profundidade de sondagem; DP =
desvio-padrão;
NS = Não significante (Teste Qui-Quadrado, p > 0,05), * (Teste t de Student
p > 0,05)
Tabela 2 – Médias e desvio-padrão dos parâmetros clínicos (PS, NIC, RG, IP, SS) observados nos grupos Teste e Controle, bem como o número de bolsas moderadas e profundas detectadas ao longo
do estudo (baseline, 30 e 90 dias pós-operatórios) e as mudanças nos valores de PS ocorridas em bolsas moderadas e profundas (diagnosticadas no baseline) aos 90 dias após a RAR.
Tabela 3 – Frequências absolutas e relativas de indivíduos apresentando baixo (≤ 4 sítios com PS ≥ 5 mm), moderado (5-8 sítios com PS ≥ 5 mm) e alto (≥ 9 sítios com PS ≥ 5 mm) risco para progressão da periodontite, bem como 0, 1-2 ou ≥ 3 sítios com necessidade de terapia adicional.
5 DISCUSSÃO
Quando comparado ao debridamento mecânico realizado isoladamente no
tratamento de pacientes com Periodontite Crônica Generalizada, o uso do
probiotico B. lactis HN019 como terapia adjuvante à RAR promoveu:
i) Menor percentual de sangramento à sondagem, maior redução nos valores
de profundidade de sondagem e maior ganho de inserção clínica aos 90
dias pósoperatórios. Relevância clínica deste achado – redução da
necessidade de procedimentos adicionais (cirurgias periodontais) para o
tratamento da periodontite, permitindo o tratamento da doença com menor
custo e morbidade para o paciente;
ii) Menor percentual de placa aos 30 dias pós-operatórios. Relevância clínica
deste achado – uso da terapia probiótica como uma ferramenta para
controle do biofilme bucal e nos protocolos de manutenção periodontal.
A modulação da microbiota do hospedeiro e a interação direta com o sistema
imunológico são os mecanismos básicos que podem explicar os efeitos benéficos
de probióticos na saúde periodontal. As investigações in vitro sobre adesão,
produção de bacteriocinas, co-agregação, inibição de crescimento e atividade
metabólica demonstram o potencial de bactérias probióticas dos gêneros
Lactobacillus e Bifidobacterium na modulação microbiana de biofilmes que se
desenvolvem no ambiente bucal, vaginal e em feridas (VUOTTO et al., 2014).
Algumas cepas probióticas podem formar um biofilme sobre tecidos duros e
moles impedindo a adesão de bactérias patogênicas, o que denota um mecanismo
de competição por sítios de ligação. Em um estudo conduzido por Haukioja et al.
(2006), foi demonstrado que Lactobacillus rhamnosus GG e Lactobacillus casei
podem afetar a ecologia bucal prevenindo, especificamente, a aderência de outras
bactérias e modificando a composição proteica da película salivar adquirida. Os
autores observaram que as bactérias probióticas podem modificar a composição
proteica da película salivar por ligação e/ou degradação das proteínas salivares. É
possível também que algumas cepas probióticas impeçam a invasão de células por
periodontopatógenos, uma vez que podem ser aderir e estas células e competir por
sítios de ligação. Mendi et al. (2016) demonstraram em um estudo in vitro que
Lactobacillus rhamnosus possuem boa capacidade de aderência em células-tronco
mensenquimais gengivais, podendo protegê-las da invasão por Porphyromonas
gingivalis. Outros estudos in vitro (LEDDER et al., 2008; NAGAOKA et al.,
2008; STAMATOVA; MEURMAN, 2005) demonstraram que algumas espécies
de Lactobacillus e Bifidobacterium possuem a capacidade de co-agregação com
Fusobacterium nucleatum, uma espécie que atua como uma verdadeira “ponte
biológica” na formação de biofilmes bucais, uma vez que se adere a quase todas
as bactérias bucais45. A capacidade de co-agregação é fundamental para que
microrganismos probióticos possam integrar-se em comunidades microbianas
bucais e também impedir a colonização de outras bactérias patogênicas. De forma
geral, está bem documentado que bactérias produtoras de ácido lático exercem
efeitos antimicrobianos sobre diversos periodontopatógenos (GRENIER, 1996;
NISSEN et al., 2014; TEANPAISAN et al., 2011; ZHAO et al., 2012). Essas
bactérias podem diminuir o pH local mediante a produção de ácido lático e, assim,
afetar o crescimento de diversos microrganismos sensíveis a essa alteração do
microambiente (TRAVERS et al., 2011; WOHLGEMUTH et al., 2010).
No que se refere à modulação da resposta imunoinflamatória do hospedeiro nos
tecidos periodontais, ainda há uma grande lacuna na literatura sobre os reais
mecanismos de ação dos probióticos. Desde que mecanismos imunoinflamatórios
similares, determinantes no processo de saúde-doença do hospedeiro, ocorram nos
tecidos periodontais e na mucosa intestinal, acredita-se que a ação
imunoinflamatória de probióticos na cavidade bucal seja análoga àquela descrita
na mucosa intestinal. Alguns estudos clínicos e pré-clínicos demonstraram, por
meio de análises de saliva, fluido crevicular gengival e biópsias gengivais, que a
ingestão de probióticos pode interferir nos níveis de diversos marcadores
inflamatórios e anti-inflamatórios (FOUREAUX et al., 2014; MAEKAWA;
HAJISHENGALLIS, 2014; MESSORA et al., 2016; OLIVEIRA et al., 2016;
RICCIA et al., 2007; SHIMAUCHI et al., 2008; STAMATOVA; MEURMAN,
2009; SZKARADKIEWICZ et al., 2014).
6 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que a utilização do probiótico B. lactis HN019 como recurso
adjuvante à RAR promove benefícios clínicos adicionais no tratamento de
pacientes com Periodontite Crônica generalizada.
REFERÊNCIAS
AHOLA, A.J. et al. Short-term consumption of probiotic-containing cheese and its effect on
dental caries risk factors. Arch. Oral Biol., v.47, n.11, p.799-804, Nov. 2002.
BEREZOW, A.B.; DARVEAU, R.P. Microbial shift and periodontitis. Periodontol.,
v.55,n.1, p.36-47, Feb. 2000.
CAGLAR, E. et al. Salivary mutans streptococci and lactobacilli levels after ingestion of the
probiotic bacterium lactobacillus reuteri ATCC 55730 by straws or tablets. Acta Odontol.
Scand., v.64, n.5, p.314-318, Oct. 2006.
______. A Probiotic lozenge administered medical device and its effect on salivary mutans
streptococci and lactobacilli. Int. J. Paediatr. Dent., v.18, n.1, p.35-39, Jan.2008.
DONG, X. et al. Simultaneous identification of five bifidobacterium species isolated from
human beings using multiple PCR primers. Syst. Appl. Microbiol., v.23, n.3, p.386-390,
Oct. 2000.
EKE, P.I. et al. Prevalence of periodontitis in adults in the United States: 2009 and 2010.
J. Dent. Res., v.91, n.10, p.914-920, Oct. 2012.
ELAVARASU, S. et al. Evaluation of efficacy of probiotic (BIFILAC) on porphyromonas
gingivalis: in vitro study. J. Pharm. Bioallied. Sci., v.8, Suppl.1, p.S45-S47, 2016.
FERREIRA, C.L.L.; TESHIMA, E. Prebióticos, estratégia dietética para a manutenção da
microbiota colônica desejável. Biotecnol. Ci. Desenv., v.3, n.16, p.22-25, set./out. 2000.
FOUREAUX, R. et al. Effects of probiotic therapy on metabolic and inflammatory
parameters of rats with ligature-induced periodontitis associated with restraint stress.
J. Periodontol., v.85,n.7, p.975-983, 2014.
GRENIER, D. Antagonistic effect of oral bacteria towards treponema denticola. J. Clin.
Microbiol., v.34, n.5, p.1249-1252, 1996.
HAUKIOJA, A. Probiotics and oral health. Eur. J. Dent., v.4, n.3, p.348-355, July 2010.
HAUKIOJA, A. et al. Oral adhesion and survival of probiotic and other lactobacilli and
bifidobacteria in vitro. Oral Microbiol. Immunol., v.21, n.5, p.348-355, Oct. 2006.
İNCE, G. et al. Clinical and biochemical evaluation of lozenges containing lactobacillus
reuteri as an adjunct to non-surgical periodontal therapy in chronic periodontitis.
J. Periodontol., v.86, n.6, p.746-754, June 2015.
KHALAF, H et al. Antibacterial effects of lactobacillus and bacteriocin PLNC8 alphabeta on
the periodontal pathogen porphyromonas gingivalis. BMC Microbiol., v.16, n.1, p.188,
2016.
KRASSE, P. et al. Decreased gum bleeding and reduced gingivitis by the probiotic
Lactobacillus reuteri. Swed. Dent. J., v.30, n.2, p.55-60, 2006.
LEDDER, R.G. et al. Coaggregation between and among human intestinal and oral bacteria.
FEMS Microbiol. Ecol., v.66, n.3, p.630-636, 2008.
MAEKAWA, T.; HAJISHENGALLIS, G. Topical treatment with probiotic Lactobacillus
brevis CD2 inhibits experimental periodontal inflammation and bone loss. J. Periodontal.
Res., v.49, n.6, p.785-791, 2014.
MAYANAGI, G. et al. Probiotic effects of orally administered Lactobacillus salivarius
WB21containing tablets on periodontopathic bacteria: a double-blinded, placebo-controlled,
randomized clinical trial. J. Clin. Periodontol., v.36, n.6, p.506-513, June 2009.
MENDI, A. et al. Lactobacillus rhamnosus could inhibit Porphyromonas gingivalis derived
CXCL8 attenuation. J. Appl. Oral. Sci., v.24, n.1, p.67-75, 2016.
MESSORA, M.R. et al. Favourable effects of bacillus subtilis and bacillus licheniformis on
experimental periodontitis in rats. Arch. Oral Biol., v.66, p.108-119, 2016.
MEURMAN, J.H. Probiotics: do they have a role in oral medicine and dentistry?. Eur. J.
Oral Sci., v.113, n.3, p.188-96, June 2005.
NAGAOKA, S. et al. Interactions between salivary bifidobacterium adolescentis and other
oral bacteria: in vitro coaggregation and coadhesion assays. FEMS Microbiol. Lett., v.281,
n.2, p.183-189, 2008.
NÄSE, L. et al. Effect of long-term consumption of a probiotic bacterium, lactobacillus
rhamnosus GG, in milk on dental caries and caries risk in children. Caries Res., v.35, n.6,
p.412-420, Nov./Dec. 2001.
NISSEN, L. et al. Lactobacillus salivarius and L. gasseri down-regulate aggregatibacter
actinomycetemcomitans exotoxins expression. Ann. Microbiol., v.64, p.611-617, 2014.
OLIVEIRA, L.F. et al. Benefits of bifidobacterium animalis subsp lactis probiotic in
experimental periodontitis. J. Periodontol., p.1-20, 2016.
REDDY, M.S. et al. Periodontal host modulation with antiproteinase, anti-inflammatory, and
bonesparing agents: a systematic review. Ann. Periodontol., v.8, n.1, p.12-37, Dec. 2003.
RICCIA, D.N. et al. Anti-inflammatory effects of lactobacillus brevis (CD2) on periodontal
disease. Oral Dis., v.13, n.4, p.376-385, July 2007.
SHAH, M.P. et al. Evaluation of the effect of probiotic (inersan®) alone, combination of
probiotic with doxycycline and doxycycline alone on aggressive periodontitis - a clinical and
microbiological study. J. Clin. Diagn. Res., v.7, n.3, p.595-600, Mar. 2013.
SHIMAUCHI, H. et al. Improvement of periodontal condition by probiotics with
lactobacillus salivarius WB21: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. J.
Clin. Periodontol., v.35, n.10, p.897-905, 2008.
SINGH, R.P. et al. Salivary mutans streptococci and lactobacilli modulations in young
children on consumption of probiotic ice-cream containing bifidobacterium lactis Bb12 and
lactobacillus acidophilus La5. Acta Odontol. Scand., v.69, n.6, p.389-394, Nov. 2011.
STAAB, B. et al. The Influence of a probiotic milk drink on the development of gingivitis: a
pilot study. J. Clin. Periodontol., v.36, n.10, p.850-856, Oct. 2009.
STAMATOVA, I. et al. In Vitro evaluation of antimicrobial activity of putative probiotic
lactobacilli against oral pathogens. Int. J. Probiotics Prebiotics, v.2, p.225-232, 2008.
STAMATOVA, I.; MEURMAN, J.H. Probiotics and periodontal disease.
Periodontol. 2000, v.51, p.141-151, 2009.
SZKARADKIEWICZ, A.K. et al. Effect of oral administration involving a probiotic strain of
lactobacillus reuteri on pro-inflammatory cytokine response in patients with chronic
periodontitis. Arch. Immunol. Ther. Exp. (Warsz), v.62, n.6, p.495-500, 2014.
TEANPAISAN, R. et al. Inhibitory effect of oral Lactobacillus against oral pathogens. Lett.
Appl. Microbiol., v.53, n.4, p.452-459, 2011.
TEKCE, M. et al. Clinical and microbiological effects of probiotic lozenges in the treatment
of chronic periodontitis: a 1-year follow-up study. J. Clin. Periodontol., v.42, n.4, p.;363-
372, Apr. 2015.
TEUGHELS, W. et al. Probiotics and oral healthcare. Periodontol. 2000, v.48, p.111-147,
2008.
______. Do probiotics offer opportunities to manipulate the periodontal oral microbiota?. J.
Clin. Periodontol., v.38, Suppl. 11, p.159-177, Mar. 2011.
______. Clinical and microbiological effects of Lactobacillus reuteri probiotics in the
treatment of chronic periodontitis: a randomized placebo-controlled study. J. Clin.
Periodontol., v.40, n.11, p.1025-1035, Nov. 2013.
TOIVIAINEN, A. et al. Impact of orally administered lozenges with lactobacillus rhamnosus
GG and bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12 on the number of salivary mutans
streptococci,amount of plaque, gingival inflammation and the oral microbiome in healthy
adults. Clin. Oral Investig., v.19, n.1, p.77-83, Jan. 2015.
TRAVERS, M.A. et al. Probiotics for the control of parasites: an overview. J. Parasitol.
Res., v.2011, p.610769, 2011.
VIVEKANANDA, M.R.; VANDANA, K.L.; BHAT, K.G. Effect of the probiotic lactobacilli
reuteri (prodentis) in the management of periodontal disease: a preliminary randomized
clinical trial. J. Oral Microbiol., Nov. 2010. Doi: 10.3402/jom.v2i0.5344.
VUOTTO, C. et al. Probiotics to counteract biofilm-associated infections: promising and
conflicting data. Int. J. Oral Sci., v.6, n.4, p.189-194, 2014.
WILLIAMS, R.C.; OFFENBACHER, S. Periodontal medicine: the emergence of a new
branch of periodontology. Periodontol. 2000, v.23, p.9-12, June 2000.
WOHLGEMUTH, S. et al. Recent developments and perspectives in the investigation of
probiotic effects. Int. J. Med. Microbiol., v.300, n.1, p.3-10, 2010.
ZHAO, J.J. et al. Effect of porphyromonas gingivalis and Lactobacillus acidophilus on
secretion of IL1B, IL6, and IL8 by gingival epithelial cells. Inflammation, v.35, n.4, p.1330-
1337, 2012.
Top Related