Atuação da Fisioterapia no paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscular de caráter degenerativo
e de causa desconhecida, que compromete tanto o Sistema Nervoso Central quanto o
Periférico. Esta afecção é caracterizada pela morte seletiva de um grupo de neurônios motores
da medula, do tronco cerebral e das vias cortico-espinhais e cortico-bulbares. A insuficiência
respiratória progressiva é a principal causa de morte nos pacientes acometidos (BANDEIRA;
QUADROS; ALMEIDA; CALDEIRA, 2010).
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é considerada a doença de características mais
devastadoras entre todas. Seu diagnóstico é carregado de fatalismo e seu estudo tem sido
objeto de trabalho de um grande número de pesquisadores em todo mundo (XEREZ, 2008).
O fisioterapeuta deve atender às necessidades individuais de cada paciente, considerando-se o
grau de força muscular dos membros superiores e inferiores, o tônus muscular, o padrão da
marcha e o gasto de energia necessário para a realização de determinadas atividades.
Demonstraram que o uso de órteses em pacientes com comprometimento da função
respiratória requer maior dispêndio de energia do que a sua não utilização (FACCHINETTI;
ORSINI; LIMA, 2009).
Apesar dos benefícios relacionados à prática de exercícios mencionados nos estudos
anteriores, ambos excluem os pacientes em estágios mais avançados da doença e que
possivelmente apresentariam algum tipo de limitação para a realização dos exercícios
(FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
Com a falta de movimentos nos membros inferiores, o risco de Trombose venosa profunda
aumenta. São recomendadas medidas gerais, como elevação dos MMII, fisioterapia e uso de
meio elástica (XEREZ, 2008).
Apesar do prognóstico reservado dos pacientes com ELA, um programa de exercícios de
fortalecimento pode ser um componente essencial do tratamento; Variáveis como estágio da
doença, intensidade e carga dos exercícios devem ser consideradas antes da elaboração de um
plano de tratamento e frequentemente revisadas; A prática regular de exercícios de carga e
intensidade moderadas pode resultar em melhora do déficit motor, da capacidade funcional e
da qualidade de vida. É possível que o uso da ventilação não invasiva durante a realização dos
exercícios permita uma maior tolerância à prática de atividades físicas e, por isso, reduza as
complicações associadas à imobilidade, atenuando-se desta forma a taxa de progressão da
doença (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
A fisiopatologia da insuficiência respiratória nas doenças neuromusculares é complexa e pode
envolver inúmeros fatores associados ou não. Alterações no controle da ventilação,
aparecimento de sinais de fadiga muscular respiratória, alterações nas propriedades mecânicas
do sistema respiratório, mudanças na troca gasosa, especialmente no período noturno, e a
disfunção do trato respiratório superior são algumas possibilidades. Para quantificar estas
modificações respiratórias os estudos acerca do uso da VNI na ELA verificam: as trocas
gasosas e o equilíbrio ácido básico, por meio da gasometria arterial, a Saturação Periférica de
Oxigênio (SpO2), através da oximetria, a força dos músculos ventilatórios, utilizando a
manovacuometria, e a mensuração dos volumes, capacidades e índices integrados, por meio
da espirometria. Vale ressaltar que a indicação da VNI nos portadores de ELA vem sendo
indicada quando há uma redução de 50% do valor predito para Capacidade Vital Forçada
(CVF) (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS;
NASCIMENTO, 2008).
Ensinar ao paciente e seus cuidadores as técnicas de movimentos expiratórios assistidos
usando a tosse assistida manualmente, também pode ser feita pelo fisioterapeuta (XEREZ,
2008).
A degeneração dos neurônios motores inferiores e superiores, atingindo a medula espinhal, o
tronco encefálico e o córtex motor resultam na definição da ELA como doença do neurônio
motor. No momento que os músculos ventilatórios são comprometidos os indivíduos
apresentam restrições pulmonares, caracterizadas por redução da Capacidade Vital (CV) e do
Volume Corrente (VC) com, consequente, insuficiência respiratória crônica (PRESTO;
ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
É sabido que não há uma terapia curativa para ELA. Porém, os efeitos das intervenções
refletem na melhoria da qualidade de vida e o aumento da sobrevida. Um exemplo é a
deterioração da função ventilatória, um importante fator de impacto na qualidade de vida e
sobrevivência destes doentes. A melhora desta qualidade se reflete após o tratamento dos
distúrbios do sono com suporte ventilatório não invasivo durante o período noturno na fase
inicial da doença (BANDEIRA; QUADROS; ALMEIDA; CALDEIRA, 2010).
A utilização da VNI nos pacientes com ELA tem sido empregada nos últimos anos com o
objetivo de corrigir a insuficiência respiratória e, por conseguinte, melhorar a qualidade de
vida e prolongar a sobrevivência destes indivíduos. Entretanto, algumas dúvidas ainda
existem quanto ao prolongamento da vida após o uso de VNI nas fases iniciais do
acometimento respiratório (PRESTO; ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS;
MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
O uso de ventilação mecânica não invasiva durante o exercício aeróbico permitiu uma maior
tolerância à realização da atividade física. Tal recurso permitiu que os pacientes que
realizaram o exercício aeróbico, mesmo em um estágio mais avançado da doença,
desfrutassem dos benefícios resultantes da prática de exercícios demonstrados neste estudo
através de um retardo na progressão da doença e de um melhor desempenho nos testes da
função respiratória (FACCHINETTI; ORSINI; LIMA, 2009).
A fisioterapia respiratória parece melhorar a qualidade de vida e reduzir as complicações
respiratórias causadas pela retenção de secreção e perda da capacidade de tosse (PRESTO;
ORSINI; PRESTO; CALHEIROS; FREITAS; MELLO; REIS; NASCIMENTO, 2008).
Referências
BANDEIRA, Fabricio Marinho; QUADROS, Nadja Nara C.; ALMEIDA, Karlo Josefo; CALDEIRA, Rafaela.
Avaliação da qualidade de vida de pacientes portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em
Brasília. Artigo Cientifico (Rev Neurocienc 2010;18(2):133-138). Brasília, 2010. Disponível em:
http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1802/412%20original.pdf. Acesso em: 24/05/2013.
FACCHINETTI, Livia D.; ORSINI, Marco; LIMA, Marco Antonio. Os riscos do exercício excessivo na
Esclerose Lateral Amiotrófica: atualização da literatura. Artigo Cientifico (Rev Bras Neurol, 45 (3): 33-38,
2009). Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2009/v45n3/a33-38.pdf.
Acesso em: 24/05/2013.
PRESTO, Bruno; ORSINI, Marco; PRESTO, Luciana; CALHEIROS, Mirian; FREITAS, Marcos; MELLO,
Mariana; REIS, Carlos; NASCIMENTO, Osvaldo. Ventilação Não-Invasiva e Fisioterapia Respiratória para
pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica. Artigo Cientifico (Rev Neurocienc 2008:in press). Rio de
Janeiro, 2008. Disponível em:
http://www.todosporela.org.br/site/downloads/5996deb2f4c5f5e755567a425e335bfb.pdf. Acesso em:
24/05/2013. XEREZ, Denise R. Reabilitação na Esclerose Lateral Amiotrofica: revisão da literatura. Artigo Cientifico
(ACTA FISIATR 2008; 15(3): 182 – 188). Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
http://todosporela.org.br/site/downloads/ee63006941780db5ab3d929d906408bd.pdf. Acesso em 25/05/2013.
Top Related