ESTUDO DA PRODUTIVIDADE DO
SERVIÇO DE ACABAMENTO (REBOCO)
NA EXECUÇÃO DE UM PROJETO DE
CONSTRUÇÃO DE UM PARQUE
AQUÁTICO
Claudio Jorge Cancado (FEAMIG )
Jaqueline Weingarten de Mattos (FEAMIG )
Antonio Teodoro de Castro (FEAMIG )
Valquira Pereira Pardim Vilaca (FEAMIG )
Rosilene Pereira dos Santos (FEAMIG )
O setor da construção civil se destaca no cenário nacional como uma
das grandes potências industriais. Nota-se que a produtividade na
construção civil costuma não atender as metas estipuladas no projeto
inicial, através de falhas no processso. Nesta pesquisa, realizou-se um
estudo de caso, com o objetivo de analisar in loco a produtividade do
processo de acabamento (reboco) em um projeto de construção de um
Parque Aquático. Assim, além de um levantamento bibliográfico sobre
o tema em estudo, foram feitas observações e coletadas amostras de
produtividade no serviço de acabamento (reboco), as quais poderiam
auxiliar na pesquisa mostrando pontos que impactam no processo
produtivo. Além disso, realizaram-se entrevistas em campo com os
funcionários da obra, visando coletar a percepção dos mesmos em
relação aos problemas de produtividade. Posteriormente, fez-se o
tratamento estatístico dos dados coletados, visando comparar a
produtividade dos pedreiros e serventes, conforme a meta estipulada
pela empresa. Diante dos resultados obtidos, calculou-se o custo
relacionado à produtividade, buscando-se verificar possíveis perdas
financeiras. Com base nos dados levantados, sugeriram-se ferramentas
técnicas aplicáveis ao processo produtivo, visando melhoria na
produtividade nos serviços de acabamento (reboco) na empresa em
estudo.
Palavras-chaves: Planejamento, produtividade, gestão de projetos,
gestão da qualidade, construção civil
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
A indústria da construção civil, ao longo dos anos, vem apresentando um grande crescimento
dentro da economia brasileira, devido à transformação advinda da estabilidade econômica.
Assim, o setor tornou-se atrativo para investimentos e, em consequência disso, houve o
aumento da competição entre as empresas em um âmbito nacional.
Diante desta realidade, os gestores das empresas da construção civil veem a necessidade de
aperfeiçoar seus processos, através da implantação de novas tecnologias, equipamentos,
controle de estoques e métodos de trabalho, com o intuito de melhorar a produtividade,
reduzir os custos, principalmente operacionais, recuperar o investimento e manter a empresa
competitiva no mercado.
Entretanto, para se manter bem posicionada no mercado, antes se deve eliminar e/ou reduzir
alguns dos problemas que são normalmente enfrentados pelas empresas de construção civil.
Na empresa em estudo é possível perceber várias lacunas durante a execução do projeto,
dentre os quais citam-se a falta de programação das atividades com antecedência, constante
alternância de encarregados responsáveis pelo setor, falta de uma preparação antecipada do
ambiente de trabalho, entre outros.
Assim, diante dos problemas observados na empresa em estudo, faz-se a seguinte pergunta:
como as ferramentas de gestão de projetos e qualidade podem auxiliar na melhoria da
produtividade do processo de acabamento (reboco) na execução de um projeto de construção
de um parque aquático?
Logo, este trabalho tem por objetivo realizar um estudo de caso analisando a produtividade
nas atividades de acabamento (reboco) em um projeto de construção de um parque aquático.
A finalidade é demonstrar aos gestores da empresa a importância de se averiguar de forma
minuciosa cada etapa existente nos processos e possíveis falhas que necessitem de ajustes
visando um aumento da produtividade, possibilitando assim atingir resultados positivos ao
final da execução do projeto.
2. Objetivos
Tem-se como objetivo do presente trabalho propor ferramentas de gestão de projetos e de
qualidade que contribuirão para a melhoria da produtividade no processo de acabamento
(reboco). Para tal, pretende-se, junto à empresa em estudo:
Mapear atividades do processo de acabamento (reboco);
Quantificar a produtividade do processo de acabamento (reboco);
Avaliar a percepção dos funcionários em relação ao processo de acabamento (reboco),
principalmente no que tange à sua produtividade;
Identificar falhas no processo de acabamento (reboco) que interferem na
produtividade;
Analisar o custo ligado à produtividade;
Sugerir ferramentas de gestão de projetos e qualidade para a melhoria da
produtividade no processo de acabamento (reboco).
3. Conceito de produtividade aplicado.
Segundo Souza (1996, citado por DIETHER, 2006), “produtividade é a relação entre saídas
geradas por um processo produtivo e os recursos demandados na obtenção de tais saídas”.
Entende-se que a produtividade está ligada a melhoria de competitividade e o aumento de
lucros, através da redução dos custos operacionais e organização do sistema produtivo,
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resultados estes diretamente ligados a um bom sistema de gestão da qualidade, a uma boa
logística e a um bom gerenciamento de projetos a serem executados, ferramentas tais que
permitem o alcance de metas estipuladas no projeto. Dentro do escopo da empresa estudada,
adotou-se como medida de produtividade a medição em homem-hora por m2 de reboco
produzido, pois a mesma se mostra muito importante na redução dos custos operacionais e na
otimização da mão de obra envolvida.
3. Metodologia de pesquisa
Segundo os conceitos de Gil (2010), entende-se que a pesquisa aplicada é o melhor método
para se adotar neste trabalho, no qual o intuito é mostrar meios de otimizar a produtividade no
processo de acabamento (reboco) de um parque aquático, possibilitando identificar os
problemas que geram perda de produtividade e possíveis soluções para os mesmos.
Além disso, esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, o qual, de acordo com Gil
(2010), busca aprofundar o estudo em um determinado objeto, atendendo a pesquisa com
distintos propósitos e aprimorando as teorias estudadas para desenvolvimento de novas ideias.
Adotou-se o método de projeto de caso único (holístico), por ser um estudo que proporciona
ao observador uma oportunidade de aprofundar e analisar seus conhecimentos, ampliando sua
teoria.
No caso desta pesquisa, considera-se como universo os serviços de acabamento (reboco) que
são realizados diariamente em todas as obras do ramo da construção civil, em nível nacional.
Já a amostra representativa, porém não probabilística, é o serviço de acabamento (reboco) do
parque aquático, o qual está sendo realizado na empresa em estudo.
3.1. Formas de coleta e análise de resultados
No intuito de buscar informações sobre o tema escolhido, fez-se um levantamento
bibliográfico em bibliotecas da Faculdade de Engenharia de Minas Gerais, da Universidade
Federal de Minas Gerais e na Universidade UNA, além de artigos e periódicos na internet em
sites como o Google Acadêmico, Portal Periódico da CAPES, Portal SCIELO, Biblioteca
Virtual da USP, entre outros.
Visando a coleta de dados de produtividade e a identificação de falhas no processo de reboco,
realizou-se in loco o acompanhamento diário da produtividade do reboco com o objetivo de
coletar dados, fazendo uso de planilhas de campo e registros fotográficos, durante um período
de 52 dias, período máximo possível, limitado pelo fim do processo de reboco no projeto em
estudo.
Realizou-se uma análise, a fim de se determinar os pontos fracos e as falhas do processo,
visando propor ferramentas de gestão de projetos e qualidade possíveis de aplicação. Em
seguida, fez-se a quantificação dos dados. Além de quantificar a produtividade, conforme
citado anteriormente, também se realizou entrevistas em campo com a equipe envolvida
diretamente no processo de reboco, no intuito de verificar a visão dos envolvidos no processo
sobre as falhas detectadas e sobre as causas que impactam a produtividade, e obter maior
confiabilidade das informações coletadas, utilizando-se o Método Survey por Entrevistas.
Desta forma, aplicando-se este método, criou-se um roteiro a ser seguido pelos
entrevistadores, contendo perguntas direcionadas à forma pelo qual é realizado diariamente o
processo de reboco. O objetivo era conhecer desde a organização do trabalho (planejamento
das atividades) até a forma de execução final do reboco, buscando avaliar a produtividade e as
falhas observadas pelos respondentes que prejudicam sua produtividade no serviço diário.
Após realizar as entrevistas com 60% da equipe, as respostas foram organizadas e registradas
de forma a gerar dados quantitativos. Logo após a consolidação dos dados extraídos dos
trabalhos em campo e dá-los o tratamento estatístico necessário, os registros foram
submetidos a análises, a fim de se determinar os fatores mais relevantes que impactam
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negativamente na produtividade do acabamento (reboco), visando propor ferramentas de
gestão de projetos e qualidade possíveis de aplicação no intuito de saná-las. Para se alcançar a
melhor escolha destas ferramentas, ao longo do trabalho e após realizar as análises
pertinentes, buscou-se na literatura ferramentas de gestão de projetos e qualidade que melhor
se aplicavam à situação da empresa. Em seguida, fez-se a escolha das ferramentas que melhor
se adequam ao perfil da empresa, analisando-se as teorias e a realidade observada em campo.
4. Resultados obtidos
4.1. Mapeamento do processo
A partir das visitas in loco, fez-se o mapeamento das atividades pertinentes ao processo de
acabamento (reboco), o qual se mostra em um fluxograma, o qual facilita o entendimento e
auxilia na identificação das falhas que possivelmente podem ocorrer durante a execução do
projeto em estudo (Figura 1).
Figura 1 – Fluxograma do serviço de acabamento do reboco
Fonte: Os autores.
4.2. Quantificação da produtividade do processo de acabamento reboco
Para quantificar a produtividade de reboco foram coletadas amostras de forma aleatória, em
dias alternados, seguindo a programação do canteiro de obras, no período de 03/09/2012 a
24/10/2012, resultando em 32 amostras. Estas foram medidas in loco, anotando-se
observações relevantes durante a execução dos serviços. Após quantificar a produtividade,
fez-se a divisão da equipe por funções, quais sejam: Pedreiros e Serventes. Após consolidar
estes dados, compararam-se os valores destas amostras com as metas pré-estabelecidas no
procedimento interno da empresa (1,25 h/m2 e 2,50 h/m
2). Na Tabela 1 a seguir, apresentam-
se os resultados de acordo com esta divisão.
Tabela 1 – Produtividade no serviço de reboco –Pedreiro
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Fonte: Os autores.
Conforme se observa na Tabela 1, a média de produtividade observada para o serviço reboco
feito por pedreiro foi de 1,39 homem-hora/m2, desvio amostral de ±0,79 e coeficiente de
variação de 57%. Devido ao alto valor encontrado do coeficiente de variação, visando
verificar estatisticamente a veracidade das coletas das amostras, fez-se o teste de intervalo de
confiança (95%), constatando que os dados coletados são confiáveis, pelo fato da média
pertencer ao intervalo observado. Ao final da análise desta tabela, conclui-se que em 46,87%
das 32 amostras, os pedreiros produziram abaixo da meta estipulada (1,25 homem-hora/m2).
Tabela 2 – Produtividade no serviço de reboco – Servente
Fonte: Os autores.
A Tabela 2 apresenta os dados para o serviço de reboco feito por servente, nos quais se
observa uma média de produtividade do servente de 1,67 homem-hora/m2, desvio amostral de
±0,84 e coeficiente de variação amostral de 51%. Assim, como na tabela anterior, houve um
alto índice do coeficiente de variação, havendo a necessidade de se certificar sobre a
confiabilidade das amostras, realizando-se o teste de intervalo de confiança (95%), no qual se
constatou que os dados coletados são confiáveis, pelo fato da média pertencer ao intervalo
observado. Vê-se, também, que 84,37% das amostras dos serventes não atingiram a meta de
2,50 homem-hora/m2.
Observando-se as Figuras 2 e 3 abaixo, fica explícita a alta variação de produtividade, tanto
do pedreiro, quanto do servente. A linha verde representa a meta estabelecida pela empresa,
podendo-se observar que há um número significativo de pontos vermelhos abaixo desta linha,
representando as amostras em que a produtividade está abaixo do esperado.
A meta estipulada pela empresa para a função pedreiro no serviço de reboco foi de 1,25 h/m2.
Observa-se que, em vários dias, esta não foi atingida, sendo este resultado devido, muitas
vezes, por fatores como falta de organização no local de trabalho (falta de montagem de
andaime, indefinição de projeto e limpeza) e até mesmo deficiência da coordenação de
equipe, conforme dados coletados in loco.
Figura 2 – Produtividade do pedreiro no serviço de reboco
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Fonte: Os autores.
A meta estipulada pela empresa para a função servente no serviço de reboco é de 2,50 h/m2.
Na Figura 3 fica ainda mais evidente o alto número de não cumprimento da meta de
produtividade, sendo que este resultado se deve, além dos fatores já citados anteriormente na
análise da função pedreiro, pela falha na logística interna (transporte de materiais), devido à
longa distância percorrida (aproximadamente 40 metros), além do fato de haver dificuldade de
acesso em alguns pontos da obra.
Figura 3 – Produtividade do servente no serviço de reboco
Fonte: Os autores.
4.3. Percepção dos envolvidos em relação à produtividade
A seguir, apresentam-se os dados sobre a percepção dos funcionários no que tange à questão
de produtividade da equipe envolvida (Tabela 3). Os colaboradores narraram momentos em
que os mesmos permaneceram ociosos em função de alguns motivos, tais como, falta de
materiais (36%) quando esperavam a entrega de materiais (argamassa), falta de coordenação
(64%) das atividades executadas, fazendo com que os funcionários aguardassem a delegação
do próximo serviço. Os entrevistados relataram grande dificuldade para dar início às
atividades de reboco, sendo representado por um alto percentual em função da falta de
infraestrutura (75%), como por exemplo, demora na montagem de andaimes, falta de
preparação dos locais de trabalho para realizar os serviços, incluindo limpeza e organização e
máquinas com defeito (25%). Quando isto ocorre, geralmente é com a betoneira. Também
chamou a atenção o seguinte dado: a maioria dos entrevistados (61%) alegou nunca ter
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recebido um plano formal de suas tarefas diárias, fator este que impacta diretamente na
produtividade, por aumentar os momentos de mão de obra ociosa aguardando a delegação de
serviços.
Tabela 3 – Percepção dos envolvidos em relação à produtividade Questão avaliada por meio da entrevista Percepção dos entrevistados Percentual
Principais motivos que levaram a ociosidade dos
funcionários.
Falta de materiais 36 %
Falta de coordenação 64%
Principais dificuldades para o início da execução do
reboco.
Falta de Infraestrutura 75 %
Máquinas com defeitos 25%
Recebimento de plano de trabalho para as atividades de
reboco.
Sim 39%
Não 61%
Fonte: Os autores
4.4. Identificação das falhas do processo de acabamento (reboco)
Analisando-se os resultados anteriores, verificou-se que existem falhas no processo produtivo
de reboco, pois se percebeu que a meta estabelecida pela empresa não foi atingida e que,
segundo as entrevistas feitas, há falhas no processo na percepção dos envolvidos. Logo, as
falhas que mais impactaram negativamente a produtividade no processo de acabamento
(reboco), durante a execução do serviço, segundo os dados in loco e as entrevistas realizadas,
são:
Falta da entrega de material (massa), no momento (tempo) necessário;
Ociosidade de funcionário (de execução) enquanto aguarda delegação da próxima
atividade feita pelo Encarregado;
Falta de planejamento diário das atividades e alternância constante dos locais de
trabalho das equipes;
Falha e/ou falta de organização e preparação do local de trabalho (montagem de
andaime, definição de projeto, organização e limpeza).
4.5 Análise do custo da produtividade
Diante das falhas levantadas e após analisar a produtividade do acabamento (reboco), buscou-
se uma análise do custo da mão de obra proveniente da falta de produtividade envolvida na
execução do acabamento (reboco). Obviamente, a ociosidade da mão de obra se mostra um
fator extremamente relevante, Foram analisados os dados das amostras de produtividade que
não atingiram a meta estipulada pela empresa para as funções de pedreiro e servente,
respectivamente 1,25 h/m2 e 2,50 h/m
2 (homem-hora por metro quadrado). As amostras
destacadas na cor vermelha não alcançaram as metas, as amostras com valor zero atingiram a
meta de produtividade em ambas as funções. A perda financeira foi calculada sobre o prejuízo
(perda) médio em relação à produtividade das amostras em reais, multiplicando sobre o valor
da h/m2 (homem- hora por metro quadrado), sendo os cálculos descritos abaixo.
Prejuízo médio em relação a produtividade das amostras em R$: valores abaixo da
média de produtividade multiplicado pelo valor de homem-hora por metro quadrado
pelo total de amostras;
Média de número de horas trabalhadas por funcionário: média referente aos valores
das horas totais trabalhadas pelos funcionários por dia;
Prejuízo total da perda de produtividade por funcionário por mês (R$): valores
multiplicados entre prejuízo médio (perda) em relação à produtividade das amostras
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em R$, valores abaixo da média de produtividade e pelo valor de homem-hora por
metro quadrado pelo total de amostras que não alcançaram a produtividade;
Média de número de horas trabalhadas por funcionário: média referente aos valores
das horas totais trabalhadas pelos funcionários durante as amostras;
Cálculo de homem-hora trabalhada por metro quadrado: (Salário do funcionário) /
(184 horas trabalhadas por mês) multiplicado por (2,06% encargos gerais).
Consideraram-se os seguintes valores de salários atuais: para pedreiro o valor de R$
1.137,40 e para o servente (R$ 743,60).
Seguem abaixo as Tabelas 4 e 5 com demonstração da perda financeira referente à
produtividade.
Tabela 4 – Custos referente a perda de produtividade do pedreiro no serviço de reboco
Fonte: Informações repassadas pelo Setor Técnico da empresa e adaptada pelos autores.
Tabela 5 – Custos referente a perda de produtividade do servente no serviço de reboco
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Fonte: Informações repassadas pelo Setor Técnico da empresa e adaptada pelos autores
Observando-se as Tabelas 4 e 5, verifica-se que, incluído os encargos tributários, a empresa
tem o custo médio de perda de produtividade por funcionário em h/m2 (homem-hora por
metro quadrado) para a função de Pedreiro e Servente, respectivamente, R$ 5,61 e R$ 9,38. A
média de horas trabalhadas por dia por funcionário é de 7,77 horas. Assim é possível calcular
o prejuízo total médio por mês por h/m2 (homem-hora por metro quadrado) por funcionário,
chegando a um valor de R$ 958,74 para Pedreiros e R$ 1.603,03 para Serventes, conforme a
Tabela 6.
Ressalta-se que, conforme dito anteriormente, falhas como a falta de planejamento, falta de
organização e de material adequado acarretam na perda de produtividade no serviço de
reboco. A seguir, sugerem-se algumas ferramentas de Gestão de Projetos e de Qualidade que
poderão ser úteis na redução e /ou eliminação das falhas identificadas e citadas anteriormente
neste estudo.
Tabela 6 – Custo total referente a perda de produtividade no serviço de reboco
Fonte: Informações repassadas pelo Setor Técnico da empresa e adaptado pelos autores.
4.6. Análise das ferramentas de gestão de projetos e qualidade para o processo de
acabamento (reboco)
Após analisar os resultados advindos da pesquisa bibliográfica, das entrevistas com
funcionários, das observações in loco e do tratamento estatístico dos dados coletados,
analisou-se as ferramentas que poderiam auxiliar os gestores a gerenciar projetos de forma a
aumentar a produtividade nos serviços de acabamento (reboco), atendendo as especificações
do cliente.
Considera-se que tais ferramentas devem ser capazes de contribuir para o aumento de
produtividade, pois, possuem formas bem práticas e organizadas de se trabalhar, sendo
capazes de possibilitar a implantação de um bom planejamento, o qual é um dos principais
problemas identificados na obra em estudo nesta pesquisa.
Portanto, sugere-se, para se alcançar a melhoria desejada de produtividade, a elaboração da
Estrutura Analítica do Projeto (EAP), seguida da concepção de um cronograma, visto que a
EAP tem uma composição de atividades bastante organizada. A aplicação da EAP fará com
que estas atividades e todas as suas fases sejam bem executadas e que atendam prazos e
custos definidos no processo de planejamento do projeto. Sugere-se a aquisição do software
MS Project para melhor aplicação da ferramenta em questão.
Abaixo, segue um modelo e as principais entregas da EAP do projeto em estudo.
Figura 4 – Modelo e as principais entregas da EAP
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Fonte: Os autores.
Após realizar a EAP, constando todas as entregas previstas do projeto, deve-se elaborar um
cronograma listando as etapas com suas respectivas datas de início e término, a fim de evitar
atrasos em atividades posteriores por falta de conclusão das antecessoras.
Dando seguimento as análises das melhores práticas, sugere-se também o uso da tabela 5W
2H com o objetivo de implementar uma ferramenta, em reuniões sistêmicas, a fim de buscar a
melhoria contínua, proporcionando o aumento da produtividade, qualidade e melhoria do
setor financeiro. Portanto a 5W 2H, contém um cabeçalho bem explicativo (como uma
espécie de check list) beneficiando o planejamento com clareza além de trazer agilidade e
concisão, conforme pode ser visto no modelo abaixo (Figura 5).
Figura 5 - Matriz 5W 2H
Fonte: Adaptado de Campos (2008)
Conforme Aguiar (2002, p. 24), a implantação do PDCA nos canteiros de obras vai auxiliar a
empresa a identificar os problemas no processo de reboco e buscar a melhoria contínua. O
ciclo do PDCA deve “rodar” continuamente (Figura 6), sendo que para ser eficaz todas as
fases devem acontecer. As fases são: “Planejar” as metas que a empresa deseja alcançar e
planos de ação; “Executar”, ou seja, colocar em prática o que foi planejado; “Checar” se as
metas estão sendo atingidas e caso seja necessário, “Agir” investigando as causas das metas
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não alcançadas, de modo a evitar que erros ocorram novamente e elaborar um novo plano de
ação. Com isso, busca-se manter o padrão de qualidade e produtividade do processo de
acabamento (reboco).
Figura 6 – O ciclo do PDCA.
Fonte: http://casadaconsultoria.com.br/ciclo-pdca/. Consultado em: 6 ago. 2012.
5. Conclusão
Diante dos dados coletados na presente pesquisa, observa-se que a empresa em estudo possui
grandes problemas de gerenciamento, os quais afetam diretamente a produtividade, advindos
de problemas internos e do não cumprimento de metas estipuladas pela organização, gerando
altos custos operacionais e diminuindo a competitividade da empresa em questão.
Para que tais problemas detectados na empresa pudessem ser minimizados, após os estudos,
pesquisas bibliográficas, coleta de dados, entrevistas e análises estatísticas realizadas,
constatou-se a ocorrência de problemas frequentes. Assim, a partir da análise destas falhas,
sugeriu-se a aplicação de ferramentas de planejamento e qualidade (EAP, 5W 2H e PDCA),
as quais podem auxiliar a organização a reduzir os seus “gargalos” de produtividade.
Desta maneira, acredita-se que, ao se aplicá-las, a empresa poderá alcançar os padrões de
desempenho e produtividade desejados, mantendo um bom padrão de qualidade das
atividades executadas, sem um custo elevado.
A partir das ferramentas sugeridas neste estudo para aumentar a produtividade em um
determinado processo do setor de acabamento (reboco), como proposta de novos estudos,
sugere-se aprofundar o uso das mesmas nos demais setores e atividades da obra. Desta forma,
seria necessária a adaptação de todo projeto para incorporar estas ferramentas, visando uma
maior agilidade e produtividade em todos os processos da empresa em estudo.
Referências
AGUIAR, Silvio. Integração das ferramentas da qualidade ao PDCA e ao programa Seis
Sigma. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2002.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: Controle da qualidade total (no estilo japonês). 8. ed.
Nova Lima: INDG, 2004.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KURZAWA, Diether Rodrigo. Produtividade da mão-de-obra na execução de alvenaria
estrutural com blocos de concreto: estudo de caso. Ijuí: UNIJUÍ, 2006. Trabalho de
Conclusão de Curso – Departamento de Tecnologia. Curso de Engenharia Civil, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2006.
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PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento
de projetos (Guia PMBOK). 4. ed. Newton Square: Project Management Institute, 2008.
SOUZA, U. E. L. Metodologia para o estudo da produtividade da mão-de-obra no
serviço de fôrmas para a estrutura de concreto armado. São Paulo: USP, 1996. 280 p.
Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
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