HabiTIC – Desenvolvendo hábitos científicos
Durante a revolução industrial na Inglaterra havia uma sociedade de cientistas que se reuniam
todas as luas cheias. Devido a esse hábito eram conhecidos como “The Lunar Society”.
Naquela época quem gozava de privilégios na sociedade Inglesa e era a classe dominante eram
o clero e a nobreza que se dedicavam aos estudos das artes, filosofias etc.
Quem se enveredava pelo ramo científico e técnico eram outsiders.
Graças ao hábito dessas reuniões da “Sociedade Lunar” que grandes descobertas como a
electricidade, a telefonia e mesmo a origem das espécies entraram nas nossas vidas.
Personagens como Charles Darwin, James Watt (inventor do motor a vapor) se reuniam para
trocar ideias sobre as mais recentes descobertas científicas e sua aplicabilidade na vida das
pessoas e processos produtivos.
Essas reuniões serviam também para os membros da “Sociedade Lunar” trocar experiências e
problemas com que se deparavam.
Foi a partir desses hábitos que a Inglaterra tornou-se numa super potência mundial.
Hoje, a história se repete e as nações como a Coreia do Sul, o Japão, a Finlândia que apostaram
muito em desenvolver hábitos científicos estão na linha da frente.
Ter hábitos científicos estimula o desenvolvimento dos países, por isso, Cabo Verde também
deve cultivar esses hábitos.
Para cultivarmos hábitos científicos temos de ser capazes de entender como se formam os
hábitos e mais importante como mudar para novos hábitos, assumindo que ainda não
possuímos hábitos científicos bem implantados na nossa cultura e viver quotidiano.
Antes de vermos o como vejamos em concreto o porquê ter hábitos científicos interessa.
O que faz um matemático numa cadeia de Supermercados?
Estudos e experiências empíricas demonstram que as grávidas são apetecíveis para qualquer
empresa ou marca pois são grandes consumidoras. As grávidas não só consomem para si como
também sobretudo para o recém-nascido.
Quando a mulher está grávida usa loções para massagear a barriga, compra roupas adequadas
para o seu estado de gravidez, tem “desejos” alimentares para fatiotas e outras primícias.
Quando chega o bebé, é preciso comprar fraldas, toalhitas, cremes, sabonetes especiais, papas
e outros alimentos específicos para a criança …
Então, não é por acaso que que as cadeias de supermercados gostam de grávidas pois elas
consomem muito. A gravidez representa também de acordo com vários estudos um momento
importante na mudança de hábitos das pessoas que podem mudar os seus hábitos de
consumo o que é apetecível para as novas marcas de produtos que pretendem angariar novos
clientes.
Daí que seja importante ter profissionais nas cadeias de supermercados capazes de estudarem
os hábitos de compra e consumo das pessoas e possam prever as fases da sua vida para poder
propor mais compras.
Na prática é isso que faz um matemático numa cadeia de supermercados estuda e modela
hábitos de consumo para que o gabinete de marketing possa propor produtos para estimular
mais vendas.
Mas como isso é feito?
De certeza que já ouviram falar de cartões de clientes tipo o “Cartão Continente” em que os
clientes a cada compra passam o seu cartão acumulando bónus e promoções para próximas
compras.
A partir da leitura dos consumos desses cartões criam-se modelos matemáticos de consumo
podendo-se determinar até se uma mulher está grávida mesmo se ela ainda não o saiba.
Esses modelos são cruzados com outras informações como por exemplo compras online e base
de dados que são vendidos (empréstimos bancários para compras de casas ou automóveis …)
para determinar qual a idade do consumidor se comprou casa de recente se divorciou ou
casou, se enviuvou-se ou perdeu um filho etc etc.
Neste exemplo real de cadeia de supermercados faz-se uso de competências matemáticas
para modelar hábitos de consumo que estimulem as vendas. Isso demonstra quanto seja
importante ter conhecimentos matemáticos e sua aplicabilidade “até” num supermercado.
Como é que a Biologia ajuda a aumentar a produtividade?
Em qualquer escritório de uma empresa ou Instituição é normal as pessoas terem um
computador com acesso Internet. Estes novos hábitos de ter ferramentas tecnológicas comuns
como computadores, laptops, e, acesso a serviços de Internet de telefonia móvel já entranhou
na nossa sociedade.
Mas, ter acesso a ferramentas e serviços tecnológicos não é sinónimo de produtividade e
eficácia no trabalho.
Em verdade hoje vivemos no “mundus interruptus” consequência do estarmos sempre ligados.
“Plin” é o email que entrou no Outlook, “Plin” é alguém a fazer chat connosco no Facebook,
“Plin” é a mensagem SMS que entrou no nosso móvel, “trim trim” é o telemóvel que tocou.
A vida profissional sobre certos aspectos ficou mais cansativa com as “novas tecnologias”, e,
acontece com frequência que saímos do trabalho exaustos e com pouco trabalho feito.
O ser humano não é “multitasking”, isto é, não somos capazes de fazer várias coisas ao mesmo
tempo. Perder o foco no meio de tantas interrupções conduzem-nos a desejar que o dia
pudesse ter mais de 24 horas.
Mas como o dia só tem 24 horas temos que apreender a “gerir a nossa energia”. E foi isso que
alguns biólogos cientistas têm estado a desenvolver para ajudar as empresas/Instituições a
serem mais produtivas – gerir a nossa energia.
Estudos demonstram que não somos capazes de focalizar mais de que 1 hora e meia a nossa
atenção numa tarefa sem que haja um calo na nossa energia. Então, uma das recomendações
para recuperar a energia é de fazer pausas cada 1h e meia para recuperá-la.
Pesquisadores recomendam também o cultivo da espiritualidade para ajudar a recuperar
energia (meditação, orações etc …) por isso algumas empresas prevêem espaços de meditação
e promoção da espiritualidade para recuperação de energia tudo em prol de uma maior
eficácia e produtividade no trabalho.
Após ver esses dois exemplos reais do porquê seja importante desenvolver hábitos científicos
passamos a ver como desenvolver esses hábitos.
Como desenvolver HábiTIC?
Pesquisas e estudos demonstram que o hábito desenvolve-se em 3 fases:
1. Existe um estímulo ou dica que
2. Conduz ao consumo do hábito, que à sua vez
3. Traz uma recompensa.
O moto da marca de cerveja STRELA é: “aonde há música STRELA tem que estar”.
É notório que nos festivais de música e eventos musicais constituem um estímulo para o
consumo da cerveja, daí que a STRELA quer estar em tudo aonde haja música. A STRELA marca
da multinacional Coca-Cola sabe como se desenvolve o hábito de beber a cerveja e por isso
direcciona a sua estratégia em ambientes e contextos que estimulem esse hábito.
Um hábito uma vez criado não pode ser eliminado mas pode ser substituído por outro hábito
desde que se conheça a forma como o hábito se processa – estímulo, consumo e recompensa.
Assim, para criar HábiTIC deveremos criar estímulos como conferências e encontros aonde
pessoas possam reunir e discutir ideias e experiências de base científica e sua aplicabilidade no
quotidiano. Para criar HábiTIC precisamos criar várias “Sociedades Lunares”, espaços aonde se
partilhe descobertas científicas e aplicabilidade das mesmas com o fim de melhor servir a
nossa sociedade.
Engº. Nuno Levy
16-07-2013