O Salvador filsofoESCRITO POR EDSON CAMARGO | 26 AGOSTO 2012ARTIGOS - CULTURA

Mrio Ferreira dos Santos, o maior filsofo que o Brasil j teve, afirmou que ocristianismo era por definio a grande religio capaz de levar os homens condio de verdadeiros filsofos. A lista destes imensa, e inclui gigantes devrias pocas, como Justino Mrtir, Agostinho, Toms de Aquino e EdmundHusserl. Recorrendo a ela, deve-se concluir que se o ide e fazei discpulosresultou no surgimento de inmeros filsofos ao longo da histria, certamentealgo h em Cristo e em sua doutrina que gera esse maravilhoso resultado.

O filsofo norte-americano Peter Kreeft, em seu The Philosophy of Jesus traduzido para o portugus dos brasileiros com o ttulo marotamente marketeiro

Jesus, o maior filsofo que j existiu destaca, usando um parecer de C. S. Lewis, que se num certo sentido, Confcio,Buda e Maom so filsofos, Jesus Cristo tambm o , no s por conta do contedo da sua mensagem, mas tambmpela forma com que a apresentava, para que os homens apreendessem o sentido mais profundo de seus ensinamentos.

Kreeft apresenta na obra os pareceres definitivos do Mestre dos mestres nas quatro disciplinas fundamentais dafilosofia. H uma metafsica de Jesus: Ele responde o que o ser, o que o real. H uma epistemologia do Cristo:Jesus responde como podemos conhecer a realidade, e tambm apresenta os limites do conhecimento humano. H aantropologia do Logos Encarnado: Ele o homem como o homem foi planejado para ser, diz Peter Kreeft, que, emseguida, denuncia: Toda psicologia, sociologia e antropologia secular fundamentalmente oblqua em seu prpriofundamento, pois assume, de forma errnea, que seu objeto de estudo, o homem, se encontra em seu estado natural.

O filsofo est correto. Sem levarmos em conta a Queda, nossa condio de seres cados, imersos no pecado, noentederemos a Cristo, seu sacrifcio, e a ns mesmos. A confuso moderna e as tragdias da modernidade encontrama sua raz. E ento adentramos nas questes centrais da quarta grande disciplina filosfica: a tica do Salvador filsofo.Como viver? Como agir? Como se portar? Nossa cultura rejeita a moralidade crist por rejeitar a Cristo, avisa Kreeft.Mas Ele a refutao do relativismo: mas que um argumento perfeito, Ele a Pessoa Perfeita. Os argumentos maisirrefutveis so sempre fatos, dados, realidade concreta, lembra o autor, evocando um tema que, vergonhosamente, epor conta dos que rejeitam a Cristo, ainda integra o debate poltico: o argumento mais eficaz contra um aborto simplesmente assistir a um aborto. Aquele que diz: quem v a mim, v ao Pai, se apresenta e diz:

Segue-me. E na santidade o homem encontra sua realizao plena, pois foi criado santo, sem pecado. Nela encontraa resposta tambm da metafsica. Pois um santo um homem mais parecido com Cristo, que o fundamento de toda arealidade. nessa tica que a plena percepo do real pode se ser encontrada, ainda que com limitaes: em parteconhecemos, em parte profetizamos. Kreeft aborda estas questes decisivas para a sade espiritual de todo e qualquerser humano com um texto leve, mas com argumentao slida.

E a vem a dimenso pblica da tica, a realidade poltica. O autor exorta: Cristo mais real do que as doutrinas dadireita, que apenas apontam para o real. Cristo mais amoroso com o pobre do que o entusiasta do esquerdismo. Porque ser um liberal de corao mole? Porque Cristo o . Por que ser um conservador cabea dura? Porque Cristo o ,afirma Peter Kreeft, sem se omitir a respeito do grande vilo em nossa sociedade: a Cristofobia. Declara que vivemosnuma poca revolucionria, denuncia o pensamento politicamente correto, o falso conceito de tolerncia vigente, e ofraco fundamento dos secularistas para a solidariedade: nossa origem comum, que, segundo estes, o macaco. Umfundamento no muito bom, ironiza. Tambm critica a chamada revoluo sexual. Cristo modifica radicalmente arevoluo sexual. Como ele faz isso? No ao contrapor religio e sexo, mas ao contrapor a verdadeira e a falsareligio. E aqui expe a farsa fundamental do marxismo cultural gestado pela Escola de Frankfurt, sem cit-la, talvezpor conta dos fins mais evangelsticos da obra.

Imagino que Kreeft sabe o quo sensveis so s crticas os autoproclamados defensores da diversidade e dopluralismo; pessoas, que, no fim das contas, so os mais ferrenhos dogmticos das religies polticas que geraram asgrandes matanas do sculo XX.

Jesus, o maior filsofo que j existiu convida cristos tendentes ao irracionalismo e ao desleixo em relao vidaintelectual, como boa parte dos cristos do Brasil, a uma vida mais parecida com a de seu Mestre e a de seus grandesdiscpulos que surgiram ao longo da histria. Filsofos, telogos, mrtires, missionrios, avivalistas, em vrias pocas,mergulhavam nas obras clssicas que tratavam das grandes questes relativas vida humana. Assim, seguiam aordenana do apstolo Paulo igreja de Filipos (4:8):

Quanto ao mais, irmos, tudo o que verdadeiro, tudo o que honesto, tudo o que justo, tudo o que puro, tudo o

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Ano IX Dom, 10 de Maio de 2015 Nmero 227

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Mdia Sem Mscara - O Salvador filsofo http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/13347-o-salvador-fil...

1 de 2 10/05/2015 09:33

que amvel, tudo o que de boa fama, se h alguma virtude, e se h algum louvor, nisso pensai.

Dispersa no entretenimento, o substituto diablico da alegria, como bem o definiu Leonard Ravenhill, nossa (a minha;tambm sou um filho dessa derrocada cultura catica) gerao pode encontrar, em obras como esta, um incentivo busca do vigor intelectual necessrio para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razo da esperana que hem vocs, como ordenou o apstolo Pedro (1. Pe.3:15), e seja possvel dizer que destrumos argumentos e todapretenso que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torn-lo obediente aCristo (2.Co. 14: 4b,5).

Dizem que a filosofia passa por uma crise. Negativo. O que passa por uma crise o vasto conjunto de filosofiasseculares desprovidas de coerncia e incapazes de fornecer respostas adequadas: o naturalismo, o modernismo, ocientificismo, as ideologias de massa, e a loucura ps-moderna. Essas sim, so as vs filosofias e vs sutilezas,segundo a tradio dos homens (Cl. 2:8). Os cristos tm um Salvador que mais que um filsofo, o prprio Logos, o fundamento de toda a existncia e de toda a realidade. Que cada um de seus discpulos esteja cada vez maisdisposto a mergulhar na sabedoria e santidade de seu Mestre. At por que essa no uma opo. um dever daqueleque professa o nome de Cristo.

(Imagem: Paulo em Atenas, Rafael, 1515).

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