Redaeçllo, Admialetraç&o e Proprietária Dircctor e Editor --;:-
CASA DO GAIATO-PAÇO DB SOUSA - Telf. 5 Ce~ PADRI AM&RICO AYEMÇA 16 de Setembro de 1950
Composto e Impr~so na Valea do Correio paza CRTB TTPOORAPlA DA CASA DO GAIATO-PAÇO DE SOUSA
foodo pelo Co11111nõo de Censuro OBRA OE. RAPAZES, PARA RAPAZE~, PELO~ RAPAZES
... " 1~'1 ~ ... "
PREÇO 1$00
, _____ PEDITÓ----'RIOS 1 r~~:~! AIJ a~ u 1 o peditório da Nazaré. A ~ LI maré subiu um pouquinho do ano passado para este.
Houve alvoroço nos corações, como nos outros anos. Nem podia deixar de ser: são pobres os naturais e a maioria dos veraneantes. Ao passar por entre as bancadas, ouve-se um gemido que impressionou toda a assistência: <<'rese pelos meus filhos, para que eles 515,zm os vossos exemplos». Outra modesta Senhora arranca discretamente a aiiança e coloca-a na bandeja, no que é imitada por mais duas. Hd operdrias que àespejam quanto trazem, e, até as pobres peixeiras, de luto carregado, com os seus · carecteristicos trajos regionais, desatam a ponta do lenço onde trasem a sua jortuna e deitam-na totalmàíll! no p1 ato.
Devia segufr-se a Costa do Sol. E' para ld que vão os grandes. Mas não : a Obra encontrou as portas das igrejas fechadas. Hd outras obras e o medo de que o pão não chegue para os de casa.
- Mas olhe que Deusddaquem dd, e ajuda quem nos ajuda ...
-«Isso é muito lindo em teoria, mas na p1'ática, não dd nada».
- E' pena que quem prega o Evangelho, 1tão acredite nele . ..
Toda a Obra da Rua é um desmentido daquelas palavras, e a confirmaçtí.o plena e categórica do Texto Sagrado: dai e dar-se· vos· à. Não adn-m·a pois que na Costa do Sol haja tantas trevas.
Para mais andava ainda no ar aquela poeira que o P. e Américo levantou da outra ves . ..
Tat recusa permitiu-me levar o Evangelho a outras paragens. Ouviram-no, como out1·ora os peixinhos de S .to Antónt'o, quatro centenas de garotos de L isboa instalados em S. Julião da Ericeira. Havia ali representantes do Bairro Alto, da Mouraria; Casal Ventoso, 1J.fonsantoetc. A uma vos ao terminar, todos insistem : sió pade volte amanhã., sim?
Tantas vezes me lembrei daquele convite de papa S. Gregório ao clero do seu tempo: passemos aos bdrbaros ! Passem.o-nos aos bdrbaros I .. .
Mas, na Costa do Sol, há gente boa e amiga. Se assim não fora teria jd vindo novo dilúvio. Oma1 teria entrado pela Boca do Inferno para lavar os pecados do mundo. Pois que esses de boa vontade venham até nós, tn nomini Domini.
Nem as igrejas .. nEm TUDO QUE p LUZ ' OIRO. .... esca am ao ven
daval de poeira que alastra e
deixa muita gente a esfregar os olhos, sem ver bem o Caminho. Tambémhdpoeira nas 1grejas . .. Ptor,quando dourada.
Esc1'e ue-nos alguém da Alatneda de D. Ajonso Henriques, a pedfr um lugar para um filho que disia andar por niaus caminhos. Respondi que as nossas Casas se destinavam aos filhos dos pobres, aos sem eira nem beira, que lamentava muito o desgosto que lhe dava o seu filho mas não tinha possibilidade de lhe valer. Sugeria até a ideia de prociáar o internamento dele num Colégio de rapazes da sua classe social, que os havia muito bons ...
Não se jes esperar a resposta mais dura que até ao presente tenho recebido: que era a senhora que tinha dado unt anel quando do peditório de A7·roios; que a culpada tinha sido uma beata, que elas e os padres e que eram os culpados de todo o mal que vai pelo mundo, e queria ld o seu rico anel. Mandei o Pedro à morada indicada para restituir a joia. Não é para contar o que ele dlsse, ouviu e viu. Nunca os seus pés calcaram tapetes tão rz'cos, 11em nimca tinha visto paredes adornadas com baixelas e quadros ?'aros. Deixou a aliança e sacudiu o pó . ..
.rpode ser que ela seja uma santa> ...
Todos os dias NOTICIAS DA os vapores OUTRA BA ... DA do Tejo des-
" pejám na margem es-
querda, inúme1 os foragidos da provtncia, que vão à procura da fortuna. Dantes ia-se até ao Brasil, à Argentina, lndia ou A'jrica.
Agora, que os cabedais são menores, muitos ;á se contentam com com a travessia do Tejo. Tudo é andar de barco. Não é novidade para ninguém a situação precária que espera tais Joragidos. Não hd trabalho, não há casas nem instalações que comportem tal excesso de população. As consequências sociais são inevitdveis.
Ainda bem que os di1 igentes das jdbricas locaís têm acomp1 ee"!.sao da sua missão e procuram melhorar constantemente a situaçdo dos seus operários e jamilia.
LISIOAI Apesar da distdncia, a Casa
do 1 ojal é muitas vezes alvejada, com pedidos relativos a crianças de ld, que necess1·tam de amparo. Hd dias veio simultdneamente, de vdrías procedêncios, ú pedido para u~ pequeno de doze anos que jasia parte duma quadrilha aprisionaáa. O menor, pelas inúmeras queixas que havia contra ele, era retido por vários dias, sob custódia. . Fui por ele logo que pude, mas
;d se encontrava em liberdade. O Capitão do Posto da Guarda
N. R. contou-me das inúmeras dificuldades que depara no desempenho da sua missão. Lamenta ·a inconsistência da jam.il:ia, a desmoralização dos costumes e tudo o mais que o obriga a um trabalho esgotante e doloroso.
Fala da esperteza do Bolota e dos passos que tem dado por ele. Acabou por mandar um agente comigo à procura do nosso pequeno ladrtí.o.
Corremos o Barreiro de ponta a ponta.
Paramos a ce1-ta altura. Viu·nos uma mulher quevieracasualmente à porta, e que exclama para quem a quis ouvir: «Olha, pa-
d1'es e policias: duas raças de gente que podiam desaparecer que ndo jaziam cd falta nenhuma ... >
Ni'sto o Bolota entra no carro; constou. que ia para a Casa do Gaiato e tanto bastou para que a mulher mudasse logo de tom: dsso é uma grande Caridade I Leve-o, que ele é um injelisinho por ai».
Quem tem ouvidos de ouvir que ouça ...
- Atravessamos de OUTRA VEZ novo o Tejo ao
O BOLOTA cajr da tarde. Nao temos tem-
•-------1 po para passear, mas o Bolota deu-nos ensejo de gosar por momentos a belesa da Capital iluminada pelo sol dourado. Sentado a um canto do carro mal humorado, ninguém arranca~ va uma palavra ao rapazinho.
No Lumiar, o Bolota aponta para o campo do Sporting e pronuncia as primeiras palavras: a minha mãe estd num Sanatório aqui ao pé.
Estava ali a vida errante da criança. Orjão de pai, sem o cari-
( Continua na 4.ª página )
A ROSSA llPOGIAFIA
Aqui ao pé, vai um visitante com 500$00. E a última presta
ção de uns Noivos. E Coimbra. E meia ração de Viseu. E. uma d.irectora de Escola. E o Fundão. E Torres Novas. E o Porto. O u. tra vez o Fundão com 40$00. E Mértola com um quarteirão dele~ .
E a Maria Gomes de Chaves. E a Murtosa com 150$00. E um visitante. E outro visitante. E Teixoso com 200$00. Mafra com 25$00. Abrantes com 50$00. Lisboa na marca. Covilhã da mesma sorte. Caramulo também. Porto nem se fala. Aquele que Cristo Jesus assinalou, pelo uso de seus bens; esse e seus companheiros não vão. Não po-
Andou-se um bocadi
nho ; ficamos nos 146
contos.
dem. Não têm movimentos livres. Não fazem seu o que é deles. Estão presos pelo coração. Oh t01•~ mento dos tormentos!
Andou-se um bocadinho; ficamos nos 146 contos.
Olhando em redor e ao longe, não enxergamos caras tristes, e mais a procissão já tem alguns quilómetros 1 Não se vê ninguém constrangido. Os filhos de Deus são livres; nada os prende a nada. O rico do Evangelho, não vai aquí.
• O GAIATO 18-9-1950
ISTO fE~ A CASA DO GAIATO CHEGUEI ontem de fora e Risonho
vem ter comigo informando que tinha mesmo acabado de sair
um grande espada :om uns senhores de Lourenço Marques que ficaram a gostar muito dele, que lhe vão mandar uma coisa e que se ele estudasse, poderia vir a dar um bom advogado. E o rapaz eerguntou-me o que é ser advogado. Ora eu tenho sempre muito prazer em dar aos roeus rapazes respostas adequadas, mas a este disse simplesmente que mais tarde falaríamos. E caminhei. E' que é muito difícil dar a definição daquele substantivo como eu a tenho para mim. Na minha, advogado é homem de leis que trabalha e que se esforça por compor as partes litigantes, ainda que isso redonde em seu prejuízo.
Nisto consiste, s1?gundo eu, a competência. Se eu soubesse que o Risonho, estudando leis, viesse a dar num homem assim, seria eu o primeiro a dar-lhe a mão. Mas eu tenho medo. Eu tenho medo do contágio. Eu tenho medo do mundo.
EU vinha do Porto e encontro no caminho, a caminho de Cête, o Risonho mai-lo Ernesto. O pri
meiro, mal vê o carro, planta-se no meio da estrada. e fá-lo parar, de contente. Nem sequer pensou que estava ali sem licença., tamanha a. alegria de me ver. O carro parou. Perguntei-lhe o que fazia ali e como tinha largado o seu lugar de porteiro. Foi então que o rapaz caiu em si, pôs os olhos no chão e confessou a
1:1• .... . •• • I OUTRA VEZ • .. •• .. •a
I
I OS POBRES D
ESEJO desde já informar os meus leitores que neste luga. a palavra Barreáo significa a cintura de casebres que se estende à beira rio desde os arcos de Miragaia ao monte do Seminário E' o esgoto da cidade.
Eu tinha ido na companhia de um rapaz do Lar do Porto, de folga naquele dia. Hatemos de mansinho e entramos numa porta que diz para a rua, é uma loja. O rapaz tapou o nariz e daf a um minuto já não estava ao pé de mim: não posso mais. E saiu imediatamente para a rua. Por este pequenino e terrível episódio pode cada um julgar da nossa desumanidade! Eu deixei-me ficar. Ando afeito. Estou salgado. Tenho visto muito pior. Por isso mesmo tudo quanto se diz de civilização e progresso aborrece e faz-me virar a cara. Ela estava deitada numa enxerga. Quere-se levantar, mas não pode. E' a tosse ... Duma alcova interior surge o marido. E' trabalhador do rio, nem sempre trabBlha. A água tem marés, três filhos daquele casal andam por lá. Não admira. O rapa7 que foi comigo não pode estar um minuto dentro daquela casa. Nós somos tão desumanos 1 Somos tão cruéis 1 Nós não amamos o nosso semelhante e dizemos que sim à boca cheia! A volta prossegue. O dia era para a romaria. Mais um casebre; era uma ilha. O mesmo clima. As mesmas vistas. Igual vida. Em uma casa estava deitado na cama um rapaz de desassete. Daf a nada entra a mãe e informa que os outros filhos tinham ido à Carvalhosa e este, por não ter forças, ficou deitado na cama. Em outros sítios tinha ouvido dizer Cedofeita. Agora oiço Carvalhosa e venho a saber que se trata da mesma coisa: é um Dispensário aonde multidões vão ao engano. Eles· estão de pé para que se não diga que nós não fazemos caso dos doentes pulmonares, mas toda a gente sabe que não havendo casa nem pão os remédios perdem a força de curar, e os que vão ao Dispensário não têm casa nem pão. Nós todos sabemos isto, para maior culpa, para mai9r castigo. Os vizinhos daquelas regiões conhecem-se. fazem uns aos outros pequenos favores. Amam-se. Há um que vem ter comigo a dizer que o outro precisa mais do que ele e pede-me que lhe dê uma boa esmola 1 Dir·se·à que o mal da ln· veja que tanto nos ataca tem medo de penetrar naqueles sítios. Agora é um espectáculo novo. Na !age extreme da rua, encostada à parede, está uma mulher ainda nova com estígmas de muito sofrer; cancro. Gostaria de falar com ela, mas ali não era sítio. Soube que mora numa pequenina alcova e quando for ocasião hei-de vir a tsse mirante dar notklas desta nossa irmã, que vem para a rua curtir uma doença até hoje incurável. Esta ignorância das coisas mais necessárias à vida deveria ser suficiente para causar humilhação aos senhores cientistas e fazer deles criaturas humildes.
O povo persegue-me naquelas paragens. Sou mirado e remirado. Homens, mulheres, crianças- tudo espreita; a pontos que ontem, em plena rua, fiz paragens, levantei a voz e declarei que não poderia tor· nar àqueles sítios por via dos reparos de tanta gente. E disse e disse e disse. No meio do grupo destacava-se um homem novo alto e loiro, que chorava como uma criança e responde, por entre s0Íuços1 venha. Venha sempre padre. Venha-nosve1 padre. A nosscl alegria équenos fas vir at1ds de si. Afasto-me e o ~rupo dispersa. fico sõzinho com os meus botões a ruminar coisas interiores.
Verifico com muita dor que se repare e se admire o trivial. Que um padre, na missão que lhe é natural seja apontado a dedo e ande na boca de toda a gente; e parece-me ver nisto um pequenino descrédito.
Mais. Se tal acontecesse por eu ir às Ateneias à hora alta do chá, estaria muito ce rto. Era sinal de compreensão e de equilíbrio moral. Mas não. Não é assim. julga-se que fora do Altar o padre é um homem como os mais e que pode ir a toda a parte aonde vão os outros homens. Ninguém repara. Ninguém aponta. Ninguém seadmi· ra; só no Barredo é que não.
Dei a missão daquele dia por concluída. Enquanto me dirijo para a cidade, sinto mãos estranhas a tocar nas minhas com notas e moedas. Eu aceito em nome do Senhor sem me importar de nomes. E' o selo branco daquela jornada de amor. O nosso Deus é vivo e vive nas suas c riatu ras . Quando as palavra têm o poder de revelar aos homens quem eles são e arrancar do fundo dos seus corações actos de bondade, essas palavras são decididamente poesia divina. O nosso Deus é vivo. E' por isso mesmo que de Vouzela alguém responde com mil escudos para os pobres do Barredo, e de Lisboa alguém faz o mesmo com duas notas de cem, e de muitas outras terras levanta-se igual voz. Bendito seja o Senhor Deus de Israel.
! ! I
sua culpa.; como o Ernesto tivesse de ir a Cête aviar um recado, ao passar pela porta. convidou o Risonho e ele disse imediatamente que sim. Eis.
Momentos depois recebo o seguinte bilhete dita.do pelo Risonho, que me apraz trazer a. lume, para riqueza do nosso Jornal. O Risonho
exagera. O rapaz não é um desgraça.do; muito ao contrário ele é cheio de vida e de promessas. Não é um desgraçado não senhor. Agora, porteiro como o seu antecesso! Rola, isso é que ele não é. Risonho não cumpre sem ser mandado e mesmo assim cumpre mal. Ele não limpa a nossa avenida. Ele não rega as árvores marginais. Ele não rega os cedros da entrada. Ele nem sempre está no seu lugar. Ele não chega. aos calcanhares do seu antecedor. E' bom que todos saibam destas faltas, para lhe não darem ma.is do que ele mete· ce.
DESDE que foi a volta a. Portugal tem havido aqui em casa uma extraordinária actividade de
voltas a Po11tu.g.al. O que sobremaneira me espanta é a iniciativa dos rapazes, que vão buscar não sei aonde arcos e ganchetas para darem a volta pelas nossas avenidas. Mal
toca. a cessar trabalhos, lá v~o eles todos começar o trabalho da '10lta.
VENHO agora do hospital, a.onde encontrei o Faísca de cama. Quis saber que ordens tinha.
da.do o médico e o :rapaz declarou-me que não fora o médico mas sim o Moléstia que o mandou para a cama.. Chamei este para indagar e soube tudo. Faísca come e come e come, mas anda sempre muito mal, pelo que Moléstia. resolveu metê-lo na cama para ele engordarl Admirei o zêlo e deixo correr.
O rapaz do torno está em Paço de Sousa; o nosso apaixonado do torno, teve de deixar a. oficina
e encontra-se actua.lmente no nosso hosoital a tomar canecas de leite. O pat°era ... A mãe também e disso morreu... Ele também já teve cavernas. Não estou desanima.do. 'feridas que Deu~ faz são boas de curar. Um doente destes valoriza. a noss 1.
Obra. É urna benção do céu. Cresce no meu peito o amor a esta fundação, quando vou pelos casebres e vejo rapazes da idade deste, abandonados à doença. À pena que sinto de 111es não poaer valer, junta-se a alegria de poder a.o menos salvar um.
Eu estava a fazer o meu retiro no Seminário de Vilar, muito cheinho e muito contente. Além do
mais, o Superior da Casa designou~me um quarto com vistas para. o mar . Eu gosto do mar. Não é pot ser marinheiro; é o Infinito 1 Ora no segundo dia, ao entrar no meu quar· to, dou de cara com o Carlos Veloso e Carlos Rebelo. Estranhei a visita. Não era própria nem conveniente. E perguntei-lhes em voz baixa ao que tinham vindo. Vimos pedir licença. para ir à Feira Popular e também umas co1•oitas . . . Isto disse-me o Carlos Veloso e o dito Re.belo acrescentou que em vistas de estar ali sem fazer despesa., podia mais fàcilroente dar as coroas. Uma extorquidela.
NO PRELO 1
«ISTO É A CASA DO GAIATO»
Colectânea de artigos de maior projecção
publicados nas páginas de «Ü Gaiato»,
com esse título.
Obra original, que interes
sará vivamente milhares de leitores.
Que assim será, provo o elevodb
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TIPOGRAFIA DA CASA DO GAIATO
PAÇO DE SOUSA
3 O GAIATO . 18-9-1950
NOTICIAS DA CONfERENCIÂ L À R Por JÚLIO MENDES DR NOSSA RLDEIA DO EX-PUPILO O que precisamos ...
As conferencias de S. Vicente de Paulo, não têm ·.er..... Vivem cio pão de cada dia; não sendo, por Isso mesmo, sociedades capitalistas. Desta forma, tudo aceitam e tudo dão. Nós, os vicentinos, somos os intermediários en • tre o que dá e o que recebe; mas não de percentagens ... Eis.
Agora, uma vez mais sublinhando as nossas últimas palavras escrita• no FAMOSO, aguardamos a vossa generosidade, enviando1 dinheiro, vestuários, etc. Tudoo,que tiver uso e valor, é riqueza; por lsao, aceitamos.
A propósito: presentemente, temos 9 protegidos, outros virão intermlnà· velmente; no entanto só com estes, a distribuir 10$00 por semana, façam caros leitores as contas e depois respondam-nos, realmente, qual o nosso dlpendio. Elas são simples; é só multiplicar . .•
• . . e o que recebemos Graças a Deus já alguém se lembrou de nós. Chegou-nos 100$00 duma
senhora de algures, numa carta bem escrita. Muito nos consolou! Mais 50$00 e este o último donativo que nos ofereceram. Foi com os mingados escudos que apresentamos, com os quais abrimos o activo, nas visitas à Senhora Poltreaa. A todos os que nos lêm, reflictam e digam-nos, sõmente, numa resposta breve: os que precisam não têm tanto direito a viver como nós? A resposta é simples; tào simples e tão natural como a água cristalina. E só Isto, nada mais, a não ser um muito obrigado em nome dos pobrezinhos.
Conhecendo os nossos irmãos /?RA ta1·dinha, tá o sol nos dava ~ a1'es de pouca dura. Cinco mi
(/ ntttos dec.on·idos e eis q.ue me enconfro det1·onte do casebre do
Sm•. Dias, c.omo o povo lhe chama; paredes meias c.om um oufro da mesma feição. Po1• soalho a tet•1•a solta; po1' pa1'edes a ped1 a descoberta, eneg.1'eci.da pelo tumo da la1•ei1•a h.utJtilde, tão portuguesa e acalentado1•a nos dias de inve1'no; po11 teto, a telha simples, abPig.o do tempo chuvoso, q,u.e taz penei1'a1• a chuva ai.é aos ossos, dos q,ue túío possuem. uma guarida pa11a se livParem. das intempéries. Ao menos Deus os encorage TWS so/1'imentos a q,ue estiío poste1'gados.
B::Il.o à po1•úi, de madeit•a carcomida, e apa1'ece-me o pobre. Entrudo na idade, humilde e bom ta,lado1'. Estava deitado . . .
E' o S1t1'. Dias, não é verdade? -Sitn, meu senhor. - Esta é que é a sua casa? -E' isto que vê . .. E sentámo-nos; ele na sua cama, eu
11.um mocho, um tanto q.uanto C.01'rompid7, que lá existe. Para o caso, no lugar tudo era adeq.uado. E entabulamos c.onversa, de ca1•a a cara; c.onversando vidas, a sua vida! V amos vivendo assim ... Dú.ia o pobre hom.R,m. O seu Posto reilectia visível friste:c.a; tinha quaÚ/uu c.oisa para me descobt•ir; iá estavamas familiari:uidosl Que seria? Mais úirde ex.planámos e então escutei: vivi bem. Fiz uma terrinha. Tive contos de reis. Foi a falecida; eia. deixava correr e os filhos... E' con•en.t.e diur-se que enquanto os amigos oodem, tados o cercam. Depois... Foi o que sucedeu a este velhinho. Enquanto poude, os filhos eram 'seus; mas, ex.pirou o perí.odo das vacas gm•das e ei-lo quase só. São 7, mas graças ó senhor, alguns ainda me dão uma tegelinha de sopa; quando podem. Os outros ... E' um dos chamados pobres enve11g.onhados; a pob1'ua que ma is faz. doer. Mais adiante pede-me: não diga nada pra môr de ... Já isto disse a outt'a pessoa q.ue o visitava. pois não qtw• que digamos n.ada. Entretanto, no meio do nosso colóquio, cheguei à c.onclusão que os seus filhos menos abastados, são os que ainda sentem uma po11.tada:cinha pelo pai. T aloez. a situação ? 1 mpos· sível sabe1• concretamente; o que pode-1'em.os ittte1•p1•eta1• é que casos como
este, não são 1•a1'os. Cada ve:c. papa pio1•; ai.é nos meios rurais! Nas cidades isso é que é! Remédio? Ao menos, 11ós vicentinos, tapemos a lacuna que o h.om.en:c.inho sente dent1·0 de si. Animá-lo, enco1·a{á-lo; dando-lhe um pouc.o de vitalidade mo1•al.
O pior é quando eu empregar ... O S nr. P. e Amér' co deu-me este colchão ... E adei ainda não agradeci... Não vale a pena. Disse-lhe eu. O nos· so Pai Amé11ic.o não se indispõe com isso; tem. V. poucas /o1•ça.s e não pode· rá vi11 à nossa Aldeia, atalltei.
Gratidão: eis a sua moeda. É vul.gar diu.1•-se, que nas aldeias isto não é moeda c.o1•.Pente. Que duma m.anei1'a geral o pobre t'ural tem todos os q.ualificativos. N 6s não os visitam.os senão c.om o intuito de lh.es se1'mos úteis, sem rec.ompensa; se nos maltratarem, paciencia. C1•isto não toi ultrafa.do? N6s somos os ir:.t.éf.p1•etes do seu Evangelho.
Em seg.uida mirei a lareit•a, q.ue dominava a sua choupana. Po1• cima da cinz.a., erguia-se uma trempe peq.n.e· ttita e iá c.om o seu uso. E' ali onde eu faço caldo .. . E declarou-me ainda e.orno e de q.ue m.a1tei1'a se alimentava. Hote aqui, amanhã ali, e vai-se man· tendo, também, c.om os caldos dados por ca:"idade, na terra. Sabia que #uma· va o seu cigarrito, da pt•im.ei.ra vu que lá tui; preveni-me nesta, e ofereci .
- Quu um cig.a1'rinho? - ! ... Obrigado. Quem não gosta dum. pouw de
supértlu.o ? Sabe tão bem de vu em q.uan.do um extra01•dinário ... E ele c.ontinuava na sua conve1'sa e também minh.a; um nadinha mais desemba1'açado. A nic.otina fa:c.ia a sua 1•eacç.ão! E' assim q.ue se conquistam os nossos irmãos; se nós gostamos do nosso cigan•inh.o, eles na mesma. Diferenças de posse? Sim, de pleno acordo. Mas até nos praures os homens se aproximam ... Pe1•guntei-lhe se ainda sentia torças para tt•aóalhar. Disse-me t1'istemente: nesta banda (no lado esq.u.et'do ), tenho uma dorzita. Caí de· baixo duma. ramada em rapaz e adei doi-me. Até ao meio dia, ainda faço alguma coisinha; depois não posso ... E hote, de fa.cto, tinha acamado. A idade a impossibilitar; claro tudo isto são males dela. Mas enquanto puder, esto1'f..a1'-se-à pot' produzfr; ~1·q.ut., co-
por HERLAHDER FREITAS
<:::::!\ ESD_ E ~CLl'ço v_assado ~ .LJ na.o vunos aqut, nas pag.t.-nas deste cósmico j,omal,
patentea1• a continuação da nossa . vida e a sobrevivênci.a do nosso Lar. Não queil'a isto sig.n#iw.r que vamos lemamente pet'ece.ndo ao embate da dureza das reali.dades e m.ergulhar na /antasia. de um poente que breve aceitou o seu ocaso. Não. O silên.ci.o nem se"1.pre é morte, estagnação de vida. Dele brota, por vezes, expontaneidades de seiva revú,Jo11ada, emergências de legítimos anseios e aspi.1-ações de ideias ornadas do mais puro q,uilate. Assim resultou deste nosso silêndo.
Somos eni.es, se11es viventes, e o nosso Lar pode dizer-se que possui alma, pela alma dos seus Pupilos. Se aceitamos esta maneil'a de se11
wntestável, aceitamos o drama incontestado das quedas e elevações da pessoa humana.
Assim acaha o Lar de sairei' um desnível negativo na sua permanência. Conjessá-lo não deve diminuir o mérito dos Cl'eni.es que o apreciam nem aumentar o desmé-1•ito dos cépticos que o m.enosprew.m. O coni.rá1'io, isto é, ocultar a ve1•dade que não é uma inc.otweni.ênda, seria leva1• o leitor e admirador a um conceito demasiado simplista e opti.tnista, que não deve convi11 em obras de natureza humana.
Mas como a toda a q,ueda natural se seg.ue uma elevação, quando somos servidos por ,uma vontade e pe1•severança i:n.iludi.veis, o Lar 11essu1•g.e da sua passageira apatia e brota da sua vivificação, mais sangue e mais seiva, mais dm·e:ro. de luz e sol no seu horiz.oni.e, em suma, mais vida que transmuda e alegra a vida dos seus habitantes.
Voltamos a sei' o que e1•amos, talvez com um pouco de mais autonomia e personalidade e, p01• conseq,u.ênci.a, com mais um.a pa1•-
merís o pão com o suor do teu rosto. Vt1.Jw e cansado, sem nada, a não se1• os tare.e.os do casebre; vida de trabalho e no #m humanamente mal rec.ompensadal Eis, também, a situação dos outros oelhos, nossos protegidos, q.ue socorremos, no mesmo estado. Velho e cansado, sem n..ada; nem o conto1•to dos tilh.osl ...
Despedi-me, apertando na. minha a mão dele. Mão de trabalh.o, enrugada pelas energias dispendidas na labuta do homem. na tet•ra.
- Até sexta leira Sm•. Dias. - Deus llz.e dê muita saúde e mui-
to ag.11adecido, respondeu. --Adeus ... Lá o deixei ermo, no sett ninho
tosc.o, mas betn a'f'etado, pel.o a11 puro dos campos. Na cidade, isto uaimpossivel; são as ilhas ... E dei por finda aquela visita de amigo, fraundo dentro de mim estes pensamentos: o das t1acas gordas e a itnp11evidê~ia.
cela de responsabil.idades. Os va-dadeiros acréscimos de vida • vêm com a experiência da própl'UL vi da, seni.ida bem. no âmago dtt seu /luxo e re/lux.o. Aliás, na felisl e oportuna imagem do nosso Bom Amig,o Padre Américo, os #lhos nem sempre carecem do peito das Mães e vão-no dispensando p.Jos anos e pela vida fora.
Vivem.os, pois, e conti.luLa11dnills a viver .
Com este silêncio, /icou sem 11.
costumada cróniw. o quadro cÁei.o de beleza e de misticismo ang.éliw, que loi o da nossa desobriga coU... tiva na altura devida. Mais do que fieis à tradição, sentimos sempre a necessidade daqueles momentos de indizível êxtase celestial. A vida não é só renovação de células biol6gicas, mas sim e também de lim.peza e em.bele.wm.ento interio1•. Pois lá fomos à Mesa Eucamtica, mais tL1li.dos pelo espírito do que pela presença do corpo.
* * * Também passou sem. c.omentó-
1•ios o ap1•oveitam.eni.o do ano e.scola.1•. Os 1•esultados fo11am lisong.ei-1•os. No ensino p1'imá1•io, por não termos rapazes sem o respectivo diploma não houve alegria nem tristeza. No ensino técnico, o Ant6-nic Fernando Lobo passou ao 4. • ano do comércio, com ap11ovei.tam.ento e o Carlos de B1'ito Henriq,u.es ao 3. 0 ano do wmérdo, também com ap1•oveitamento. No ensinD supe1•ior, o único alutw, por enquanto, passou ao 4. 0 ano de Direito.
Pode 1•epa11a1'-se na pouca /r8.quênci.a do ensino técnico. Na verdade, muitos são os que se matriculam no prindpio do ww lectivo e poucos são os q,ue chegam ao /im.
Demanda 絕ande es/orço da pat•te de q,uem nele se mat1•iaJ.la. Depois de um dia de trabalho na oficina, prolong.a11 o cansaço na vontade e na perseverança para além. do normal , é privil.égio tú poucos. Gló1'ia a estes para <µu coni.ÍJ"LUem; estímulo àqueles papa q.ue não at1•ouxem. as suas tentatf." vas.
* * * Mais dois Rapazes q,ue deixa
rama comunidade do La1•. Foram. eles: Benjamim. T erezo e Cidá1.io F errei1'a, qae casm•am, respectivamen.te, em Julho e Ag.osto passados. Mais dois lares cristãos qi.u se levantam, mais <Juatro vidas unidas nc mesmo laço sacramental. O Lar do ex~Pupilo não é let1•a morta. Continua a p11eparat• os Rapazes nubentes paM o passo que. vão da1•, para a mudança do seu
{CONTINUA NA QUARTA PAGINA)
' O GAl .. ATO 16-9-1950
AQU 1, LI s DO Â ! - CONCLUSÃO DA t.• PA<L'
Por PADRE ADRIANO
sos, jacínoras e outr<Js nomes feios, quando, afinal, a maior ~arte das vezes, são apenas pobres Vitimas.
Se o Bolota não era já da pobre mãe, nosso não era também. No dz"a seguinte desapareceu.
Pouco depois nova comum·cação do Posto:
- ((O Bolota está outra vez na prisão, que quer que lhe faça?)>
-Mande-o de novo logo que possa.
Cá o temos, até ver ... Vivo, esperto, endiabrado, va·i
-se deixando prende?' nesta prisão sem grades.
Vamos a ver, mas parece-me l[ue temos Bolota.
1 MAIS UM PEDITÓRIO 1 ~~iM=~ tinho do
Porto. O Pároco tem a cura d'almas e mais algumas Obras de Assistência. Trabalha, e como todos os que trabalham neste campo, sofrem a falta de recursos. Mas vê ao largo e não teme concorrência. Chama até por nós. Em Setembro há menos gente e a que está é menos remediada. Não importa. O Evangelho presta-se: fala das aves do céu que não semeiam e dos lírios do vale que não tecem. E' um grito à confiança dos ho.mens na Providência.
Resultado: 10.617$00; mais três que no ano passado.
NOTICIAS DA CONFERÊNCIA 'º" CARLOS RHUO DO LAR DO PORTO
J nossa Conjerência entrou ~ numa jase de grande desen
volvimento em que os confrades mostram um graruie interesse pelos seus pobres.
A campanha que ultimamente o Carlos Veloso tem jeito em prol dos pobres tem dado resultado. Jd muitos leitores responderam ao seu apelo. Estamos a socorrer seis pobres; mas queremos socorrer vinte ou t? inta. Querido leitor ajuda-nos p01que nós p1ecisamos do teu auxílio. A nossa Obra vive das vossas generosas ofertas, por isso a Conferência terá de ser na mesma.
Temos um pobre que tem doze filhos! ... Só um é que trabalha, porque aos outros a idade não lhes permite. Dentro de casa, pequena como é, hd só duas camas onde dormem alguns; o resto dorme no chão, que durante o dia serve de sala de jantar.
No mês passado umas Senhoras telefonaram para o Lar do Porto, perguntando se havia algu.m rapaz que jd tivesse ido com o Paz Américo ao Ban edo, porque o gostava de conhecer. O Pai Américo estava '/>1'esente e indicou-me para que fosse com as Senhoras. Começamos pela Banharia e jomos ate aos lrfercadores. Faltava ir ao verdadeiro Bar-
LAR DO EX-PUPILO e.stado civil. Saem dum LaP familiaP para out.Po idêntico sem dilerença1 salvo a extensão daquele em. relação a este. Que os dois que acabam de sair da nossa comunidade se{am telizes em comunhão com suas extremosas e dilectas esposas.
Também nos deixou o José Pimenta Teles1 antigo Maioral e1eit.o do nosso Lar. A esta hora, há muito que se enconfra no Brasil, tunto de seu tio. Como bom ti.lho, mantem con•espondênci.a com • Lar, na pessoa dos seus amigos
redo onde há os arcos, as vielas e becos; mas estavam com pressa e viemos embora. Mostrei-lhes onde estava a verdadeira misér~a. entrando dentro de algumas casas que nem sequer a luz do dia lá penetrava. Indiquei-lhes aqueles pobres de doença pulmonar sentados às portas a pedir esmolas.
Quando vínhamos embora ouvi isto da boca duma: Não hd direito! ...
E concluindo a frase, diz a Senhora: estraga-se todos os dias comida!
Leitor; são estes restos que te pedimos; essas sobras que tanto precisamos para os nossos pobres.
Doze jz"lhosl ... E só um é que trabalha. Vamos jazer o possível para conseguir colchões para ek;s, para que não durmam em cima das tabuas.
Socorremos um casal muito velhinho. E' triste e condendvel quando os filhos não querem saber dos pais. Este é o caso deste casal. Tem uma filha que tra1Jia casacos de pele e que vai passar as férias pa1a umas águas muito faladas,· enquanto que os pa1s estão a viver das esmolas. Sim! é triste e condendve l quando não se amam os pais.
_._ CONCLUSÃO DA 3 ... PAO.ª
mais lntimos. Numa das cartas, diz que muito #ca devendo ao Lar e à Obra da Rua. A longa distân.cia que nos sepa1•a, a nós e a ele, não diminui os laços de amb.a& e a solidariedade nascida da convivência no Lat·~
* Entrou no Lar mais um ele
mento-motivo de atracção e encanto: animais de criru;,ão-galitz.áceos~ patos, coelhos e um suitw. Po1•que o La1• é a Obra da Rua, é ve1• os nossos Rap~es, como os gaiatos,
'
NOTICIAS DE MIRANDA
Os exames este ano correram admiràvelmente. Da 3-ª. fizeram cinco, da 2·ª. fizeram a
psasagem para a 3.ª seis. Da primeira classe, por infelicidade não houve passagens, visto estes serem muito pequenos e não saberem o suficiente. E finalmente a 4.ª. Tudo aprovado, isto é~ tudo bem! Da quarta classe os que fizeram exame foram estes: eu, Joaninha, Afonso, Gil, Delfim, Sardinha., e Fala-Barato. Quando viemos para casa, cada um trazia dois foguetes, que o Ti Pedro deitou. Agora o que nos falta é ter juízo, para no futuro, virmos a ser uns homens. Se não for assim nunca seremos nada. Para o ano que vem começam outros sete. Deus queira, que fiquem todos bem.
AGRADECEMOS muito aos a1un'os do Liceu D. João III por nos oferecerem uma bola. Já
fizemos um desafio com ela, para nos treinarmos um pouco. Nós os Gaiatos, quem nos tira a bola, é como quem nos tira a vida. Para haver mais otdem ficou destinado que só se joga com ela contra grupos que nos visitam. É para a poupar mais. Já recebemos cinco pneus de um senhor da
por José Maria Saraiva
Fábrica de Moagem e Panificação do Norte ... Recebemos também outra remessa de pneus da COVILHÃ. Agradecemos muito e contamos com a generosidade de todos os nossos benfeitores.
JÁ temos as capoeiras novas a funcionar. Estão muito bonitas. Hão-de ter rede por cima, que é
para as pombas não fugirem. Nós temos cá muitas aves de capoeira, que são: perús, galinhas, galos e galinhas holandesas, patos e patas e galinhas de outra raça. Nós gosta~ vamos muito de ter pavões. Se hou"er alguém que queira mandar. era favot.
ULTIMAMENTE. temos sido visitados por muitos benfeitores. No domingo passado recebe
mos o simpático grupo Serralheiros Mecânicos da Auto-Beira, de Coimbra. Com o seu patrão, vieram todos em automóveis. À tarde realizamos um desafio de futebol, em que empatamos dois-dois. Com este desafio terminou a nossa época de futebol. Agora esperamos ansi os~mente a que vem.
NOTICIAS DE LISBOA Por Pedro João
A nOSSA COOFER&OCIA-Dentro da Obra há'já quatro conferências; em Miranda do Corvo,
no Lar do Porto, aqui no Tojal1 e em Paço de Sousa.
Os fundadores todos saíram de Miranda 1
A conferência é útil à nossa formação. Não nos deixa esquecer que era.mos pobres também; todavia não deixamos de ser pobres na mesma porque a Obra da Rua é pobre, mas miseráveis como aqueles que visitamos todas as semanas, não. O rapaz pensando nisto a fundo dá-lhe vontade de trabalhar pelos pobres e isso tem-se observado. Ainda nesta última semana se passou uma cena agradável. Faltavam cinco coo.frades, eu es-
tava para a reunião de chefes em Paço de Sousa e os restantes em S. Julião da Ericeira, na praia. Só cá estavam dois dos confrades e eles pegaram nas seis esmolas e foram na hora do seu recreio entregá-los aos pobres dos companheiros que esta.,am ausentes. Percoueram quase sete quilómetros e regressaram a casa ·contentes e sem canseiras.
A Conferência é utilíssima para a nossa Obra porque Jesus disse : «dai e recebereis». Ora para recebermos é preciso dar ê dar muito e de boa vontade, para que nos Mm tc.mbém muito e de boa vontade.
Já não falamos no bem que elas fazem aos pobres .. .
-NOTICIHS DE S. JOAO DA MHDEIRA Por JOSÉ CONSTANTINO
COMO já nos referimos no «Famoso» por algumas palavras
acerca da nossa casa em S. João da Madeira e eu como primeit:o crónista desta casa os meus amigos não reparem se isto for mal. Cá estão rapazes vindos de várias casas assim como de Paço de Sousa, do Tojal, rapazes já adaptados ao trabalho. Já andamos a construir caminhos em frente à casa e também com levantamentos de paredes dentro de casa e já se encontram alguma!= em pé e depois lá virá a formosa ca-
a cuidarem ulozamen.te das espécies de sua p1•edilecção. Todos se arrojam o di1•eito de tratar destes ou dacp.Leles. E, no enianto, são ho,.. mens leitos: 19, 20, 21 ... anos.
(A concluir no próximo número)
poeira mas sem galinhas não lhe podemos dar o nome por isso caros leitores fiquem já com esta que depois lá virá mais.
Estamos recebendo constante,.. mente de Casaldelo e Macieira de Sarnes: frutas, alimentos, etc.
Os nossos rapazes consolam-se de comer fruta 1 6h que delícia! São duas senhoras e uma delas já se ofereceu âe graça par~ coser as nossas roupas, agradecemos muito a estas senhoras as ofertas que nos têm dado e cá esperamos por mais e mais.
Peço também que nos mandem livros para a nossa Biblioteca que se encontra completamente vazia e cá esperamos por eles caros leitores. Abram bem os olhos ao ler esta crónica.
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