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Page 1: País tem suporte e resistência

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As análi-ses doempre-go e dodesem-prego daforça detrabalhona eco-nomia brasileira sempreestiveram cercadas demuitas discussões e polê-micas.Nosúltimos20anosissodeixoudeocorrercomrelação aos trabalhadoresagrícolasdevidoàausênciade estudos e pesquisasmais abrangentes sobreseus níveis de ocupação eremuneração, e sobre ascondiçõesdevidadaíresul-tantes. Para suprir essa la-cuna, o engenheiro agrô-nomo Otávio ValentimBalsadiacabadelançaroli-vroOmercadodetrabalhoassalariado na agriculturabrasileira,emquetratades-sas questões, abrindo ca-minhos a futuras investi-gações desses importantesegmento de economia. Olivro é resultado de sua te-se de doutorado, realizadaa partir de pesquisas feitasno período 1992-2004, queincluem ainda as diferen-ciaçõesregionaisdessetipode trabalho. Para Balsadi,umdospontoscentraisnomercado de trabalho assa-lariado na agricultura bra-sileira é “a grande discre-pância na qualidade doemprego entre os empre-gados permanentes e ostemporários”. Por essa ra-zão, ele acredita que “umaatenção especial deveriaser dada para melhorar ascondições de trabalho dosempregados temporáriosagrícolas, de modo a se re-duzir as desigualdades nasrelações trabalhistas”.

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País temsuporte eresistência

MARA LUIZA GONÇALVES FREITAS*

Em meio a qualquer crise, todo mun-do opina tentando compreender o queaconteceu, pois o raciocínio conjugado àpráticacorroboraparaaalavancagemne-cessáriaparaasuperaçãodafaseagudadeum tipo de sismo que sempre anuncia odesmoronamento do sistema capitalista.Maisumavez,infelizmente,omundode-para-secomostremoresquecolocamemxeque a compreensão sobre tal sistemaeconômico: a crise americana, epicentrodoatualabaloeconômicoglobal.

A metáfora com o terremoto tem láseus motivos: na natureza, os abalossísmicos, mensurados pela Escala Ri-chter, têm um papel importante namovimentação das placas tectônicas,permitindo o surgimento, por exem-plo, de novos relevos na crosta terrestre,como novas cadeias de montanhas.Considerando Wall Street o epicentrodo atual sismo econômico que assola omundo e ao mesmo tempo expõe asmazelas da economia americana, tor-na-se possível perguntar se tal decadên-cia permitirá a emersão de novas lide-ranças econômicas globais, oriundas dobloco dos chamados emergentes. OBrasil teria em meio a tal sismo, a suagrande chance de se firmar como eco-nomia de primeiro quilate?

Essa pergunta é inquietante, mas écerto que ao longo de toda a história,nunca o país esteve em condições tãofavoráveis para consolidar sua posiçãoem meio a uma crise do tamanho daque está acontecendo. Pode ser até umexcesso de otimismo, mas nas crisesanteriores o país ainda não dispunha dereservas petrolíferas como as que fo-ram recentemente descobertas, capa-zes de gerar divisas de grande vulto. Aomesmo tempo, a participação do agro-negócio no mercado internacional nãoera tão intensa como o é agora, especial-mente em mercados como a China e a

Rússia ou ainda a União Européia, quevez ou outra nos sanciona. Sem dúvida,há uma escassez de crédito no mercadointerno, reflexo do que ocorre em todoo mercado internacional, o que podecomprometer a curto prazo o desem-penho das empresas nacionais.

Será que este não se trata do pri-meiro grande teste da nossa econo-mia em um contexto que pode vir a setornar favorável para o país? Vejamoso cenário: recessão americana atingin-do o mercado europeu e parte domercado asiático, assinalando a retra-ção de crédito e conseqüentemente,criando campo para impactos futurospróximos sobre a oferta global de ali-mentos. Rodada de Doha enfraqueci-da, mas em suave processo de reto-mada. Ao mesmo tempo, retração daoferta de petróleo em nível global,combinada com a pressão impostapela própria natureza, por meio doaquecimento global. Brasil pela pri-meira vez atravessando uma crisesem realização de empréstimos juntoao Fundo Monetário Internacional ecom alinhamento político favoráveljunto aos países do chamado G-77.

Como genuína brasileira, acreditoque ante tal cenário, temos suporte pa-ra agüentar condições de acirramentodo ambiente de mercado. É preciso queo governo, após garantir a estabilidadena fase aguda da crise, com as oscilaçõesmalucas da fuga de capital e das cota-ções do dólar, utilize o ambiente paraacertar acordos bilaterais com o máxi-mo de nações que puder. Essa praxe decomércioindependedosucessodeacor-dos multilaterais, como o caso da Roda-da de Doha, que depende de um ajustemais intenso entre interesses nacionais.

Questões de investimento de médioelongoprazoàparte,talcriseabreprece-dente importante para o Congresso bra-sileiro finalizar a reforma tributária parafavorecer a competitividade de nossas

CARLOS NOGUEIRA/A TRIBUNA - 1/12/04

Depois das altas dos preçosdos insumos agrícolas nos últi-mos três meses, superando arenda do produtor rural, a sus-tentação da renda agrícola emoutubro veio da melhoria dospreços pagos pelos hortifruti-granjeiros e pelos animais paraabate. Os índices de preços agrí-colas referentes ao mês passado,divulgados pelo Departamentode Administração e Economia daUniversidade Federal de Lavras(DAE/Ufla), revelaram a mudan-ça de tendência no campo.

Em outubro, o Índice de Pre-ços Recebidos (IPR) pela vendados produtos agropecuários tevevariação positiva de 0,74%, en-quanto o Índice de Preços Pagos(IPP) pelos insumos agrícolas caiu1,14%. Esses índices estimam, res-pectivamente, a variação da ren-da agrícola e o comportamentodos custos de produção do setor.

Na análise por setor, foram oshortifrutigranjeiros que maispressionaram os preços no cam-po.Aaltamédiadessegrupofoide7,03%, destacando-se os aumen-tosdalaranja(100%),dacouve-flor(20,0%),damandioca(16,67%)edotomate(14,04%).Opreçopagoaoscafeicultorespelasacadoprodutoaumentou1,24%nomês,bemco-moopreçodonovilhoparaoaba-te, cuja alta foi de 18,75% e tam-bém da vaca para abate, com au-mento médio de 7,59%.

O preço do leite tipo C pagoao pecuarista continua a tendên-cia de queda. No mês passado, fi-cou 2,16% mais barato, a exem-plo dos dois meses anteriores,quando caiu 2,79% em setembroe 3,47% em agosto.

Entre os insumos agrícolasque ficaram mais baratos em ou-tubro, destacam-se os inseticidas(-3,13%), os fungicidas (-2,97%), osantibióticos (-4,85%) e os vermí-fugos, cuja queda média foi de8,51%. A maior alta verificada en-tre os insumos foi a dos fertili-zantes, que ficaram 4,21% maiscaros, para o produtor. No ano de2008, o IPR acumula alta de15,16% e o IPP,17,96%.

Mudança para melhorAgricultor recebe mais pelos produtos, enquanto os custos apresentam retração

Com alta de20% nos preços,couve-florcontribuiu paraaumentar osganhos nocampo

EULER JUNIOR/EM/D.A PRESS - 27/5/03

empresas, ato que depende exclusiva-mente de vontade política. Ao mesmotempo,énecessáriorevertertalcaptaçãotributária em favor do incremento dascondições de vida dos cidadãos que aquiresidem, otimizando o consumo e aomesmotempooacessoaserviçosessen-ciais (saúde, educação, estradas), com ní-veldequalidadedevidamaisalto. Jáestápassando da hora do Brasil ser tratadocom a responsabilidade necessária, por-que ele, assim como nós, está pedindopara crescer de forma estruturada. Bastaapostar na eficiência na gestão pública,na transparência, no bem-estar do povo,naética,paraquesomenteascoisasboascomecem a acontecer.

É preciso observar com carinho o ca-so dos Emirados Árabes, um dos gran-des produtores de petróleo mundial,

que já está preparando sua economiapara um futuro próximo, onde o ouronegro não mais fará parte de sua pautade exportações. É preciso apreciar o cui-dado da Índia, no quesito formação depessoas ao longo dos últimos anos, quehoje a converte numa das nações doBric que mais crescem. O Brasil tambémpode, porque tem praticamente 1/3 detoda a água doce do planeta, tem mi-lhões de hectares para agriculturar, semcomprometer a Floresta Amazônica,além de ter um povo vibrante e brilhan-te, que faz toda a diferença, sempre.

*Professora do Departamento de Engenharia de Pro-

dução Agroindustrial da Universidade do Estado de

Mato Grosso e do curso de administração da Universi-

dade de Cuiabá – Campus Tangará Sul. adm@mara-

freitas.adm.br

Nunca o país esteve em condições tãofavoráveis para consolidar sua posição em

meio a uma crise desse tamanho. Aparticipação do agronegócio no mercadointernacional, por exemplo, não era tão

intensa como agora