Distribuição gratuitaAno 10 . Nº 89Mar/Abr de 2011
O seu condomínio em revista
Idosos. Seu condomímo está preparado?
Meucaramelo
SAÚDE CRÔNICA
Evento: primeiro ciclo de palestras do Portal dos Condomínios. Reserve já sua vaga!
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Exclusividade na leitura e “o” evento
Já dizia o velho ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”. E para você, a frase faz sentido? Ou você encara a realidade, an-tevê aos acontecimentos e planeja as ações? No Brasil, ainda caminha, mas é constante, a busca pela acessibilidade. A deputada, Mara Gabrilli, é um exemplo de sucesso na conquis-ta dos direitos nacionais. No âmbito munici-pal, Paulo Moretti abraça a causa em busca dos direitos através do Conselho da Pessoa Portadora de Deficiência, em Jundiaí. Se para você esse assunto parece longe da sua reali-dade, atente-se: todos nós estamos sujeitos a figurar, amanhã, entre os 45 milhões de defici-entes brasileiros. Veja, analise e reflita sobre a reportagem de capa.
Nesta edição, o Portal dos Condomínios não ficou somente na teoria na luta pela aces-sibilidade e produziu a reportagem especial de capa em linguagem braille. São alguns ex-emplares impressos, limitados, que podem ser solicitados gratuitamente. Trata-se de um pro-jeto inovador para os condomínios de Jundiaí. Solicite o seu até o dia 29 de abril através do email contato@condomínioemrevista.com.br ou pelo telefone: 11 4521-3670.
*O dia 21 de maio de 2011 ficará mar-
cado para os condomínios de Jundiaí. Além de comemorar oito anos do Portal dos Con-domínios, a revista promoverá o “Portal De-
Redação: Rua Bela Vista, 650 - Bela Vista
CEP.13207-780 - Jundiaí / - Tel: 4522-2142
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Colaboradores: Márcio Lestingi e Talita Rocca
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Atenção síndico e administra-dor. Mantenha o cadastro do seu condomínio atualizado.Entre em contato com nosso canal direto exclusivo para você: [email protected]
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nios constantes em cadastro do Portal dos Condo-
mínios. Caso ainda não receba e queira o exemplar
em seu condomínio, ligue para 11. 4522-2142.
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dade do autor e não representam o pensamento
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EXPEDIENTE
NA WEB
bate” - primeiro ciclo de palestras para síndicos, sub-sindicos, administradores e membros de conselho dos condomínios da cidade.
O evento será realizado no período da manhã de um sábado, no Hotel Serra de Jun-diaí, com entrada franca, e a apresentação de três palestras: “A importância do AVCB para os condomínios”, com o cabo da PM/SP Ghoren Vedovelli; “Segurança condominial”, com o delegado Paulo Sérgio Martins; “Como resolver questões polêmicas em condomínios”, com os advogados Márcio Rachkosky, New-ton Nery F. de Sousa Neto e Carlos Eduardo Quadratti.
O “Portal Debate” terá uma formatação ex-clusiva, na qual os palestrantes darão sua visão sobre o tema em apenas 30 minutos, sobrando a outra meia-hora para um debate. Com isso, a interatividade será a marca desse encontro, deix-ando-o mais dinâmico e oferecendo maior tempo para soluções de dúvidas.
Fique atento desde já para fazer sua reserva. Ela deverá ser realizada antecipadamente, pois as vagas são limitadas. Será permitida a participação nas três palestras. E ainda, ao final, haverá sorteio de brindes. As inscrições deverão ser realizadas ex-clusivamente através do site www.portaldebate.com.br. Aguardaremos ansiosamente a sua presen-ça no Portal Debate 2011 - 1º Encontro Regional de Síndicos, uma realização Portal dos Condomínios.
EDITORIAL ÍNDICE
CADASTRO
*Portal Debate
*As cores da sua casa
*Seu condomínio é
acessível?
*Capa: acessibilidade
*Condomínio X Idosos
*Linguagem Comporta-
mento infantil
* UD: relógios
* A escolha da profissão
*Crônica: meu caramelo
PARA ANUNCIAR11 4522.214211 4521.3670
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DECORAÇÃO & DESIGN
Cor: Detalhe que faz a diferença
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7Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Por Talita Rocca
Claro, escuro, branco ou vermelho. As pare-
des da casa podem ser pintadas de inúmeras co-
res e tons, mas é necessário tomar cuidado para
não tornar o ambiente pesado.
Ao escolher as cores para pintar uma pare-
de, sejam elas fortes ou não, é necessário sem-
pre levar em conta a área do ambiente. Segun-
do a arquiteta, Rosemile Luchini Nogueira, não
há segredo, o importante é atentar-se aos deta-
lhes. “Se o ambiente é iluminado, qual o tipo de
atividade exerce no local, se o morador quer um
cômodo quente ou frio, e, principalmente, levar
em consideração a personalidade das pessoas
que irão desfrutar deste local”, conta.
A lojista Mariana Maia, por exemplo, uti-
lizou o verde e o azul para dar ânimo em seu
lar. “Quando mudei, a minha casa era mono-
cromática. Por achar meio sem graça eu mesma
escolhi as cores e colori. O ambiente ficou mais
alegre”, relata.
Além da sala de estar verde, Mariana pin-
tou todas as paredes da copa de azul. Rosemile
explica o porquê de escolher a cor certa, como
as feitas pela lojista. “Paredes da mesma cor tor-
nam o ambiente abafado, como a cozinha na
casa de Mariana é branca, o contraste deixou a
cozinha agradável.”
A arquiteta alerta que existem cores que se
adéquam melhor a determinados ambientes.
As salas são locais que aceitam vários estilos de
pintura. “Nesse ambiente, por exemplo, pode-
mos utilizar laranja, azul, amarelo e verde, pois
são ótimas opções para esse tipo de decoração.
Afinal é o lugar onde se recebe pessoas diferen-
tes, o que estimula sentimentos”, completa.
Logo, a sala de jantar é um ambiente que
se pode escolher qual ‘clima’ atribuir. “O azul
é mais sério, indicado para negócios, já o ver-
melho é mais pessoal e bastante íntimo”, dá a
dica.
Já em lugares amplos, onde a permanên-
cia não é prolongada, tons fortes podem
ser utilizados. “As pessoas não devem uti-
lizar cores chamativas em todas as pare-
des, apenas em algumas. Misturá-las com
tons pastéis dá um excelente resultado”,
afirma.
Estudos comprovam que as cores afe-
tam, diretamente, o humor das pessoas que
vivem no local. “Em quarto de criança, de até
um ano e meio de idade, é aconselhável evitar
cores fortes, pois podem deixar o bebê agita-
do. Nesse caso, deve-se preferir tons pastéis”,
ensina Rosemile. Além disso, “o teto azul claro
ajuda a criança ter um sono melhor, pois é uma
cor que acalma”, explica a arquiteta. Ao dormir,
absorve-se energia, por isso, os profissionais re-
comendam que os quartos sejam coloridos com
tons claros, exemplo disso é o azul suave, indi-
cado para relaxar e o verde claro que têm a fun-
ção de antiestresse.
Para ambientes pequenos, as cores
claras são as melhores opções fazendo com
que o ambiente pareça mais amplo. Pode-se até
colocar tons brilhantes nas paredes do teto. “O
único ambiente com pouca metragem que aceita tons
fortes é a adega, por não precisar ter uma aparência
maior e mais fresca”, complementa Rosemile.
Para obter efeito contrário, ou seja, quando a
intenção é reduzir o tamanho, para torná-lo mais
aconchegante, pode-se pintar o ambiente todo ou
mesmo duas paredes com tons mais escuros. “O
teto com uma cor mais forte do que a
parede dá a sensação de
aconchego”, finaliza.
Dicas de profissional
8 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
VIVER EM CONDOMÍNIO
Quando alguém fala em acessibilidade logo nos vem à memória aquele símbolo
azul de um “cadeirante” estilizado! Essa frase é lugar comum em todos os textos que
pesquisamos para escrever essa matéria, mas realmente essa é a imagem que primeiro
nos vem à cabeça, mas ocorre que acessibilidade não é só para os utilizadores de ca-
deira de rodas, os chamados “cadeirantes”, acessibilidade também contempla, segun-
do a lei, “pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no con-
ceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobi-
lidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção”, aí estão incluídos os idosos,
as gestantes, os acidentados, as pessoas com criança de colo, os deficientes visuais
e até mesmo aquela pessoa que sofreu uma cirurgia recente e momentaneamente
tem sua mobilidade reduzida.
Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - acessibilidade é
“proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de
idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de ma-
neira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamen-
tos urbanos e elementos.”
Nosso intuito é despertar nos síndicos a razão de fazer, como fazer e
onde fazer adaptações que podem humanizar a acessibilidade no con-
domínio.
Em muitos casos essas adaptações implicam em investimentos
e este tema torna polêmica a assembleia para aprovação dessas
adaptações, sendo que primeiramente devemos dizer que e-
xistem muitos entendimentos no sentido de que “por se tratar
de uma questão legal, não há a necessidade da assembleia
aprovar a realização de obras que garantam a acessibilidade
do condomínio”, mas o nosso entendimento é no sentido
de que deva haver a assembleia e mais: deve ser observado
quórum em razão do valor da obra.
Além da Constituição Federal, o Decreto-lei 5.296 de
2 de dezembro de 2004, juntamente com a NBR9050 da
ABNT, são os principais regulamentos que disciplinam a
matéria.
Temos uma questão curiosa na legislação ora citada,
pois ela traz exigências para os novos empreendimentos
e não trata dos já existentes quando da promulgação da
lei, portanto, se o seu prédio teve o projeto aprovado após
a nova lei ele deve estar adaptado e totalmente “acessível”
certo? Bem, não é o que temos observado em alguns em-
preendimentos que estão à venda atualmente! Daí vale uma
conversa do síndico com a incorporadora para verificar essa
questão, e se for o caso, exigir judicialmente que essas adaptações
sejam feitas.
Uma outra questão que tem causado muita controvérsia, trata-se
das vagas de garagem. Enquanto a lei determina que em “estacionamen-
tos externos ou internos das edificações de uso público ou de uso coletivo,
ou naqueles localizados nas vias públicas” exista a tal da vaga preferencial. Nos
condomínios ou “edificações de uso privado multifamiliar” a lei federal não traz essa
obrigatoriedade. Então vem o bom senso. Temos visto condomínios que reservam vagas
maiores para carros maiores, mas se esquecem do ser humano que por uma questão tran-
sitória (gravidez, acidente, cirurgia, etc.) tem dificuldades para se movimentar ou usa a cadeira de
rodas, por exemplo, e precisa de espaço para fazer as transições da cadeira para o carro e do
carro para a cadeira. Assim, vale a dica de observar quando vamos comprar um aparta-
mento, se o condomínio dispõe de vagas para essas situações.
O normativo da ABNT que citamos é muito completo e vale a pena ser conhecido, pelo menos, pelos síndicos, mas deveria ser de conhecimento de todos! Um exemplo interessante é a exigência de “sinalização tátil de alerta junto à porta de elevador” que consiste basicamente em uma faixa de pisos com aquelas “bolinhas” salientes, que colocado à frente da porta do elevador e antes do início de escadas permite que o deficiente visual identifique o obstáculo à frente. Isso também seria útil a todos em caso de um apagão e o esgotamento das luzes de emergência entre outros casos.
Em Jundiaí, temos a Lei Complementar 440 de 12 de junho de 2007 que determina, nos loteamentos e condomínios horizontais novos, o re-
baixamento das guias de acordo com a norma ABNT citada para permitir a circulação de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, além da de-
terminação de que as calçadas devem ser executadas com “superfície regular, firme e estável e antiderrapante, sob qualquer condição climática e isenta de
quaisquer degraus”, outro fator a observar quando da compra de um imóvel em loteamento ou condomínio horizontal.
A verdade é que nem todos os condomínios anteriores à legislação estão aptos a promover obras de adaptação para adequar perfeitamente as instalações à nova
legislação, assim cabe uma dica que consiste em identificar primeiramente quais as atitudes poderiam ser implantadas de imediato e com baixo custo, por exemplo, a
instalação de rampas nos acessos a piscinas, andares de recreação, salão de festas e reuniões, saunas e banheiros, quadras esportivas, portarias, estacionamentos, garagens,
entre outras partes das áreas internas ou externas de uso comum.Outra atitude seria a de realizar um estudo para implantação de vagas preferenciais,
sejam apenas para embarque e desembarque, sejam definitivas.
Uma boa razão para adotar medidas de acessibilidade é a valorização do imóvel frente
a outros que não possuem essas condições.Como podemos ver, nós mesmos em al-
gum momento da vida podemos ser ou estar portadores de necessidades especiais, portan-to, criar a possibilidade de todos se movimen-tarem não é somente uma questão legal, mas de cidadania.
Reginaldo Moron - SSST/MTb - 51/09744-2
Seu condomínio é acessível?
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9Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
10 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Capa
Por Márcio Lestingi
A primeira vez em que se usou conceitual-
mente a palavra acessibilidade, os desafios da
humanidade eram, aparentemente, outros. No
entanto, modernamente, poucas palavras são
tão absolutas, universais e globais como aces-
sibilidade.
O mundo das redes sociais e das tragédias
climáticas cada vez mais frequentes é também
o mundo de uma única luta, de uma única
bandeira, a de mais e mais acessibilidade. As
grandes empresas pedem acesso a novos e di-
ferentes mercados, a classe C pede acesso a
novos e personalizados produtos, a população
brasileira envelhece e desloca a base de sua
pirâmide em direção ao topo, pedindo mais
atenção, planejamento e acesso às necessida-
des do time da melhor idade, e os japoneses
refazem, a toque de caixa, o acesso às suas es-
tradas, para poder reconstruir o país depois do
tsunami de 2011.
Embora pareça mais uma das palavras in-
ventadas pelo técnico de futebol Tite - em uma
entrevista coletiva do ano passado, o futebo-
lista usou o termo “treinabilidade”, que não
existe na língua portuguesa – acessibilidade
deveria ser componente obrigatório do nosso
vocabulário e do planejamento de nossas vidas,
pelo simples motivo que, um dia, mais cedo ou
mais tarde, precisaremos de acessibilidade total
para subir uma escada, andar de elevador ou
fazer atividades cotidianas ainda mais simples,
como escrever essa matéria.
Postas as cartas na mesa, pergunta-se: o
que é acessibilidade?
A conceituação mais simples para o termo
é a qualidade do que é acessível ou a facilidade
para obtenção de algo ou de aproximação a al-
guém. No entanto, seu significado, oriundo do
latim tardio acessibilitate, escapa dos limites do
verbete definido no Aurélio e passa a agregar,
continuamente, novos sentidos, acompanhan-
do a busca incessante da sociedade por um
mundo de inclusão total das pessoas à lista de
DE LIDA SIBI ACES
Acesso negado? A sociedade organizada estende o
conceito de inclusão social para preservar
a dignidade humana
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11Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
direitos, bens e serviços essenciais.
Na vida em condomínio, as normas de
acessibilidade se impõem tão necessários quan-
to em qualquer outro lugar. Afinal, promover
acessibilidade nestes ambientes significa dispo-
nibilizar vagas exclusivas para deficientes tanto
nos estacionamentos internos quanto no de vi-
sitantes, significa disponibilizar o jornal do con-
domínio em braille, ensinar libras aos funcio-
nários da portaria e ter elevadores adaptados
a cadeirantes, sem esquecer das rotas táteis
para guiar os deficiente visuais da portaria até
os diferentes pontos de interesse dentro de seu
prédio ou de seu espaço condominial. Quantas
dessas ações são possíveis ver em seu prédio
ou condomínio hoje? Por que não observamos
mais desse mesmo nos locais públicos e priva-
dos que visitamos?
A resposta para essas perguntas exige en-
tender quem são os demandantes do aumen-
to da acessibilidade em nosso mundo e quem
são os beneficiados. Será que um elevador com
espaço adequado para receber um cadeirante
e com quadro de comando capaz de ser ope-
rado também por um anão auxiliará apenas a
esse público? Por que precisamos ter uma ati-
tude pró-acessibilidade? As próximas linhas
dessa reportagem estão acessíveis para quem,
como um criador de páginas da enciclopédia
digital Wikipedia quer aumentar a abrangência
de suas atitudes, promover um debate sadio e
conquistar o patamar de acessibilidade total
(que os gurus do marketing e da administração
nos perdoem pelo uso das expressões dignas
de best-sellers do mundo dos negócios).
Abrindo os portos às legis-lações amigas
A Constituição Federal de 1988 já previu
em seu texto originalmente promulgado uma
série de garantias e direitos às pessoas com
deficiência, bem como uma série de diretrizes
para construção e adequação dos espaços pú-
blicos e veículos de transporte, como o dispos-
O intérpete bilíngue português-libras em companhia do fundador do clube dos surdos de Jundiaí, Germano Luiz Gonçalves, afirma que a inclusão social dos surdos só ocorrerá quando
houver entendimento de sua língua e da cultura
to nos artigos 227 e 244, em sua inte-
gralidade.
Desde então a legislação foi
aperfeiçoada com o acréscimo de
dispositivos de força constitu-
cional - como a Convenção
da ONU sobre os Direitos
das Pessoas com Defi-
ciência, aprovada pelo
Congresso Nacional em
09 de julho de 2008 –
e outros que vieram a
regular situações espe-
cíficas que permitiram,
mais que a inclusão so-
cial, a melhoria da quali-
dade de vida dos deficien-
tes, como a Lei nº 10.436,
de 24 de abril de 2002, que
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, re-
gulamentada depois pelo Decreto 5.626, de 22
de dezembro de 2005, que segundo o tradutor
e intérprete de libras, José Antônio Gomes, da
central de intérprete do clube dos surdos, em
Jundiaí, deveria ser Língua de Sinais Brasileira,
antes de explicar o seu atual estágio de uso
para a língua: “Como intérprete, uso mais li-
bras que português”, mas completa explicando
que a sociedade faz mal uso desse tão impor-
tante meio de comunicação para os deficientes:
“Muitos pais e familiares de crianças surdas
pouco ou nada sabem de libras e pouco se es-
forçam para mudar essa situação”.
Outra falha no entendimento do que é
acessibilidade é achar que todo surdo é mudo e
que sabe ler e escrever perfeitamente. O intér-
prete afirma que a tentativa de inclusão social
de um surdo nas salas de aula é completamen-
te inviável e que prejudica o desenvolvimento e
interação do mesmo com o seu meio. “Surdo,
em geral, não sabe português, e uma palavra,
em libras, pode ter até cinco sinais diferentes,
de acordo com a região do país. Portanto, o
trabalho do intérprete e do familiar praticante
de libras começa com o entendimento da cul-
tura do surdo”, esclarece.
Na esteira dos casos de sucesso de outros
países, a legislação brasileira também evo-
luiu para atender aos anseios da sociedade e,
através do decreto nº 5296/2004 – que regu-
lamentou as leis federais nº 10.048/2000 e
10.098/2000, conhecidas como leis da aces-
sibilidade – definiu o tema de nossa reporta-
gem como a condição para utilização, com
segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaçosmobiliários e equipamentos urbanos,
das edificações, dos serviços de transporte e
dos dispositivos, sistemas e meios de comuni-
cação, por pessoa portadora de deficiência ou
com mobilidade reduzida.
Já o especialista e consultor em acessibili-
dade, Eduardo Moretti, preferiu humanizar
essa definição para traduzir o sentimento de
quem necessita de melhores e maiores condi-
ções de acessibilidade para melhoria da quali-
dade de vida. “Acessibilidade é o instrumento
arquitetônico da dignidade”, e completa com
um valor importante de quem conhece os de-
safios e percalços para se alcançar a acessibi-M
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12 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
As normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT - não têm, por definição, força de
lei, no entanto, por força do decreto 5296/2004
– que regulamentou a lei da acessibilidade - a
NBR:9050 ganhou força de lei e, num acordo inédi-
to entre o Google e a entidade, está disponível para
download gratuito na web.
A ABNT é o órgão responsável pela normali-
zação técnica no país, fornecendo a base ne-
cessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.
Uma norma técnica é estabelecida por consenso e
fornece, para uso comum e repetitivo, regras, di-
retrizes ou características para atividades ou seus
resultados, visando à obtenção de um grau ótimo
de ordenação em um dado contexto. A NBR:9050
estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem
observados quando do projeto, construção, instala-
ção e adaptação de edificações, mobiliário, espaços
e equipamentos urbanos às condições de acessibili-
dade. No estabelecimento desses critérios e parâme-
tros técnicos foram consideradas diversas condições
de mobilidade e de percepção do ambiente, com
ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como:
próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas,
bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de
audição ou qualquer outro que venha a comple-
mentar necessidades individuais. Esta norma visa
também proporcionar à maior quantidade possível
de pessoas, independentemente de idade, estatura
ou limitação de mobilidade ou percepção, a utiliza-
ção de maneira autônoma e segura do ambiente,
edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e
elementos.
Algumas definições importantes da norma que
se aplicam aos universo dos condomínios:
Acessibilidade: Possibilidade e condição de al-
cance, percepção e entendimento para a utilização
com segurança e autonomia de edificações, espaço,
mobiliário, equipamento urbano e elementos.
Acessível: espaço, edificação, mobiliário, equi-
pamento urbano ou elemento que possa ser alcan-
çado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer
pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida.
O termo acessível implica tanto acessibilidade física
como de comunicação.
Adaptável: espaço, edificação, mobiliário, equi-
pamento urbano ou elemento cujas características
possam ser alteradas para que se torne acessível.
Adaptado: espaço, edificação, mobiliário, equi-
pamento urbano ou elemento cujas características
originais foram alteradas posteriormente para serem
acessíveis.
Adequado: espaço, edificação, mobiliário,
equipamento urbano ou elemento cujas caracte-
rísticas foram originalmente planejadas para serem
acessíveis.
Barreira arquitetônica, urbanística ou am-biental: qualquer elemento natural, instalado ou
edificado que impeça a aproximação, transferência
ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamen-
to urbano.
Deficiência: redução, limitação ou inexistência
das condições de percepção das características do
ambiente ou de mobilidade e de utilização de edi-
ficações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e
elementos, em caráter temporário ou permanente.
Desenho universal: aquele que visa atender à
maior gama de variações possíveis das característi-
cas antropométricas e sensoriais da população.
Espaço acessível: espaço que pode ser perce-
bido e utilizado em sua totalidade por todas as pes-
soas, inclusive aquelas com mobilidade reduzida.
Linha-guia: qualquer elemento natural ou edi-
ficado que possa ser utilizado como guia de baliza-
mento para pessoas com deficiência visual que utili-
zem bengala de rastreamento.
Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que,
temporária ou permanentemente, tem limitada sua
capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-
lo. Entende-se por pessoa com mobilidade reduzi-
da, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante
entre outros.
Piso cromo-diferenciado: piso caracterizado
pela utilização de cor contrastante em relação às
áreas adjacentes e destinado a constituir guia de ba-
lizamento ou complemento de informação visual ou
tátil, perceptível por pessoas com deficiência visual.
Piso tátil: piso caracterizado pela diferenciação
de textura em relação ao piso adjacente, destinado
a constituir alerta ou linha guia, perceptível por pes-
soas com deficiência visual.
Rampa: inclinação da superfície de piso, longi-
tudinal ao sentido de caminhamento. Consideram-
se rampas aquelas com declividade igual ou supe-
rior a 5%.
Reforma: intervenção física em edificação, mo-
biliário, equipamento urbano ou elemento que im-
plique a modificação de suas características estrutu-
rais e funcionais.
Rota acessível: trajeto contínuo, desobstruído
e sinalizado, que conecta os ambientes externos ou
internos de espaços e edificações, e que possa ser
utilizado de forma autônoma e segura por todas as
pessoas, inclusive aquelas com deficiência. A rota
acessível externa pode incorporar estacionamentos,
calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres,
rampas, etc. A rota acessível interna pode incorporar
corredores, pisos, rampas, escadas, elevadores etc.
Glossário: O que diz a Norma ABNT NBR:9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
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13Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
lidade plena: “Nessa área não há espaço para
politicagem!”
Em tempos de derrubada de regimes dita-
toriais mundo afora, acessibilidade é uma con-
dição sine qua non para se definir o nível de
desenvolvimento humano de um país e a ma-
turidade de seu estado democrático de direito.
Levando os holofotes para o universo da cida-
dania, acessibilidade é uma condição de acesso
por parte dos portadores de necessidades espe-
ciais – mas não só deles – aos diferentes locais
em que se organiza a atividade humana.
Moretti, que também é presidente do Con-
selho Municipal da Pessoa Portadora de Defi-
ciência de Jundiaí, desde 2009, explica que o
tema passou a ser motivo de preocupação das
sociedades modernas depois do término da Pri-
meira Guerra Mundial, quando se atinou para
a necessidade de se reinserir na sociedade os
soldados que voltavam para casa vítimas de
mutilação e dispensados de cumprir suas obri-
gações militares.
A temática é tão recorrente que desde
1962, quando se publicou a Lei n° 4169, ofi-
cializando as convenções “Braille” para uso na
escrita e na leitura dos cegos, mais o código
de contrações e abreviaturas “Braille”, já foram
publicadas 46 leis federais, 25 decretos, quatro
instruções normativas, três portarias, uma re-
solução e uma norma de serviço ladeando
ou tratando diretamente de direitos dos
portadores de deficiência ou definin-
do regras específicas para acessibili-
dade.
Em nível regional, 43 são
as leis do estado de São Paulo,
acompanhadas de 19 decretos
e duas resoluções. Em Jundiaí, a
mais recente iniciativa do poder
legislativo foi a criação em 2010
da Frente Parlamentar em Defesa
dos Direitos das Pessoas com Defi-
ciência e Mobilidade Reduzida, cujos
participantes já elaboraram leis como a
complementar 500/2011 – de autoria do
vereador Enivaldo Ramos de Freitas (PTB-SP),
o Val - que prevê a adaptação de guichês de
atendimento ao público (já aprovada) ou o Pro-
jeto de Lei n° 10.733 – de autoria dos verea-
dores Val e Paulo Sérgio Martins (PV- SP) – que
atribui ao Conselho Municipal autonomia para
opinar previamente sobre casos de verificação
de atendimento de acessibilidade em contratos
de renovação ou locação de imóveis destinados
a abrigar repartições públicas, em projetos de
obras particulares e públicas, de logradouros
públicos e de veículos de transporte coletivo, e
na criação de serviços públicos.
Para quem acha que as legislações sobre
acessibilidade mudaram o comportamento da
sociedade, Moretti explica: “A questão da aces-
sibilidade envolve muito mais que uma ram-
pa ou rota tátil. Na Europa, não se consegue
imaginar o que é fazer algo sem acessibilidade.
As cerca de 45mil pessoas portadoras de de-
ficiência que moram em Jundiaí poderiam ser
mais beneficiadas se houvesse uma Coordena-
Márcio Lestingi
O especialista em especialidade Paulo Eduardo Moretti e Bina, assessor do vereador Paulo
Sérgio Martins, defendem a criação da Cordenadoria dos Diretos dos Deficientes como
instrumento para promoção da acessibilidade
14 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
ria – órgão administrativo municipal com status
de secretaria – com o propósito de cuidar das
questões de acessibilidade”, e ainda faz uma
confissão que só poderia fazê-la quem é de-
fensor da causa há vários anos: “O tema só ga-
nhou destaque depois que a TV Globo o abor-
dou com a personagem da atriz Alinne Moraes,
Luciana, em ‘Viver a Vida’. No entanto, a no-
vela mostrou um nível de acessibilidade que é
muito diferente da realidade vivida pelos defi-
cientes do país. Apenas uma pequena minoria
vive com as facilidades disponibilizadas para a
personagem paraplégica”.
Acessibilidade em con-domínios – Estamos no pa-tamar ideal?
A simples menção ao tema já faz Moretti
torcer o nariz. “Não conheço edifícios ou em-
preendimentos que sejam referência no assun-
to.” Os assessores do gabinete do vereador
Val, por outro lado, relatam que há uma pos-
sibilidade de mudança nesse cenário.
Em 2010 o referido fez uma indicação ao
presidente da Câmara Municipal de Jundiaí
para que o município estabelecesse, normati-
vamente, que só concederia alvará de funcio-
namento e aprovaria novos empreendimentos
imobiliários se os mesmos seguissem as con-
dições de acessibilidade previstas no Decreto
5296/04 e na NBR 9050:2004.
Já Célia Benassi, presidente da Associação
das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliá-
rio de Jundiaí e Região – PROEMPI - reconhece
que o setor imobiliário tem incorporado esse
conceito e melhorado a cada dia, porém, de-
monstra preocupação com o tamanho do de-
safio imposto à sociedade organizada: “Depa-
ramos todos os dias com escadas, elevadores
inadequados e portas estreitas, principalmente
em construções antigas, além de apertadas va-
gas no estacionamento. Trata-se de um cená-
rio considerado como normal em uma cidade.
No entanto, esse mesmo cenário exclui um em
Há 16 anos Mara Gabrilli sofreu um acidente
de carro que a deixou tetraplégica. Fundou, em
1997 a ONG Projeto Próximo Passo, que hoje se
tornou um instituto que leva seu nome. Ela foi a
primeira titular da Secretaria Municipal da Pessoa
com Deficiência e Mobilidade Reduzida, criada
em abril de 2005, em São Paulo. Hoje é deputada
federal. Mara Gabrilli conversou com a nossa re-
portagem para tratar de um assunto que ela vive
24 horas por dia e busca melhores soluções de
acessibilidade para todos hoje, e amanhã.
Portal dos Condomínios: Qual é o principal de-
safio governamental, nas três esferas (federal, esta-
dual e municipal) para atingir um nível de “Estado
Total de Acessibilidade”? E qual o próximo passo
em sua atividade parlamentar pela acessibilidade?
Mara Gabrilli: Para um “Estado Total de Aces-
sibilidade” é necessário que haja duas coisas: in-
formação e infraestrutura. E isso precisa partir do
Governo, em suas três esferas.
Em primeiro lugar, falta informação sobre o
universo da pessoa com deficiência. Não fomos
educados para conviver com o “diferente” e isso
acaba excluindo milhares de pessoas de desfru-
tarem seus direitos. Esse é um trabalho que não
ocorre de um dia para o outro, pelo contrário,
é gradativo. E é muito mais fácil quando começa
desde cedo, quando criança. Por exemplo, uma
criança que convive com outra com deficiência será
um adulto preparado para lidar com a diversida-
de humana. Saberá respeitar as necessida-
des de cada um e, fazendo isso, es-
tará apto a cobrar para que outras
pessoas façam o mesmo.
Mas inclusão não se faz ape-
nas com convivência. É preciso que os
acessos sejam iguais para todos, ou seja,
os serviços precisam ser disponibilizados a
todas as pessoas da mesma maneira. Hoje,
são 30 milhões de pessoas com algum
tipo de deficiência e que durante muitos
e muitos anos tiveram subtraído o
direito de frequentar uma escola,
de ter transporte público, de ter
um trabalho digno, de ter saú-
de, cultura e acesso ao esporte.
Para que essas políticas públicas
funcionem concomitantemente
é preciso que as três esferas do
Poder trabalhem em conjunto.
Mara Gabrilli, o exemplo que vem de cima
Div
ulga
ção
15 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
imóveis em alta
JUNDIAÍ:Distribuição gratuitaAno 01 . Nº 01Mar/Abr de 2011
precisa também de liberdade
para gozar dessa qualidade”,
explica.
Em Jundiaí, as regiões
Oeste e Noroeste, que englo-
bam, por exemplo, bairros como Engordadouro, Eloy
Chaves e Medeiros vêm crescendo constantemente.
Porém é necessário que haja uma preocupação com
o planejamento urbano. A Proempi já estreitou alguns
diálogos com a Prefeitura de Jundiaí, através da Secre-
taria de Desenvolvimento Econômico, para realizar um
estudo viário na cidade.
Não só a qualidade de vida atrai investidores e
pessoas para Jundiaí. As facilidades na concessão de
crédito bancário para a compra do imóvel, o programa
Minha Casa, Minha Vida e o aumento da renda das
famílias das classes C e D impulsionaram o lançamento
de empreendimentos econômicos.
Consequentemente, os segmentos de 2 dor-
mitórios sem elevador e/ou econômicos representaram
a maior participação nas unidades lançadas e a lançar.
Em Jundiaí, 33,8%. Estas modalidades também obti-
veram o maior giro de vendas ao mês, seguidas pelas
unidades tradicionais de 2 e 3 dormitórios. Devido à
grande procura por imóveis do segmento econômico,
o levantamento demonstrou que a busca maior se deu
por unidades de 46m² a 65m². Já entre 66m² a 85m²
vem em segundo, onde ficam os produtos mais bem
localizados. A partir desse intervalo a performance
de vendas vai decrescendo, na medida em que o ta-
manho dos segmentos aumentam. Para Célia, a pro-
cura por imóveis de luxo é mínima, pois esse perfil de
público busca a customização e prepara o seu próprio
projeto arquitetônico.
Mesmo com a facilidade de crédito para novos
imóveis, a busca pelos usados ainda é algo a se consi-
derar, principalmente às pessoas que procuram mudan-
ças iminentes. “Os imóveis usados também são atraídos
aos que precisam estar próximos a centros comerciais.
Já, muito dos novos, estão sendo instalados em regiões
mais afastadas que, futuramente, irão atrair a chegada
do comércio”, relata a presidente da Proempi.
Mercado imobiliário em ascensão, Jundiaí deve
manter o ágil até, pelo menos, a Copa de 2014. Célia
afirma que a oferta e procura são muito grandes e a
essa cadeia impulsiona os preços. Segundo a pesqui-
sa do Secovi, as características dos custos por metro
quadrado em Jundiaí seguiram o seguinte patamar:
segmento econômico: R$ 2.200,00. Demais segmen-
tos: de R$ 3.200,00 a R$ 4.000,00 o m², conforme pa-
drão e localização.
Nota do editor:
Até o fechamento desta edição, estava progra-
mada a apresentação do Projeto de Lei 10.779/10, que
cria o Estudo de Impacto de Vizinhança, para novos
empreendimentos na cidade, na qual a Prefeitura de
Jundiaí poderá analisar mais detalhadamente os proje-
tos, com base nos impactos ambientais, nos sistemas
viários ou na comunidade.
Por Rodrigo Góes
O Secovi-SP (Sindicato da Habitação) encomen-
dou estudos sobre o mercado imobiliário do interior
de São Paulo. Em Jundiaí, o levantamento contemplou
11.066 unidades residenciais verticais de abril a no-
vembro de 2010. E viu o crescimento refletir, principal-
mente, nas unidades de dois dormitórios.
Para a presidente da Associação das Empresas e
Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiai e Região
(Proempi), Célia Benassi, segurança, qualidade de vida
e áreas disponíveis para construção foram fatores de-
terminantes para a migração de habitantes para o inte-
rior paulista. “As pessoas procuram qualidade de vida,
mas é importante ficar atento em diversos fatores para
a compra do imóvel. Quando se fala em qualidade, de
nada adianta se o condomínio possuir diversas torres,
uma ‘colada’ na outra. A casa necessita de entrada de
sol. Outro fator é a área de lazer, onde se constrói di-
versas opções, em um curtíssimo espaço. O morador
Rod
rigo
Góe
s
4 Portal de Imóveis . Mar/Abr 2011
16 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
17 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
18 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Dados do mercadoimobiliário de Jundiaí
4 Portal de Imóveis . Mar/Abr 2011
15Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Como deputada federal, quero propagar a in-
formação sobre a pessoa com deficiência para todo
o País e trabalhar em leis que contribuam para me-
lhorar a vida dessa importante parcela da popula-
ção, a começar por duas áreas fundamentais: saú-
de e educação.
Portal: O que os cidadãos precisam saber para
promover a acessibilidade nas diferentes organiza-
ções das quais fazem parte?
Mara: Novamente caímos na questão da fal-
ta de informação. As pessoas ainda não conhe-
cem exatamente as necessidades de uma pessoa
com deficiência. Digo sempre que as barreiras de
acesso físico são fáceis de quebrar. Se falta uma
rampa, basta chamar o pedreiro, comprar tijolos e
cimento, certo? Agora, derrubar barreiras de atitu-
de é muito mais complexo. Para acabar com o pre-
conceito é necessário um árduo trabalho, que diz
respeito à maneira como o ser humano olha para
o outro. Outra questão é o conhecimento sobre a
legislação concernente ao tema. Isso é primordial
na hora de cobrar seus direitos.
Portal: Existe uma grande diferença entre
saber o que é acessibilidade e gerar acessibilida-
de. Por que é importante que toda a sociedade se
envolva e promova realmente a acessibilidade em
seus locais de vivência e convivência?
Mara: Porque uma cidade inclusiva não se
faz sem uma sociedade inclusiva. Inclusão se faz
com convivência e consciência. Cada um precisa
olhar para o outro e enxergar suas necessidades,
cobrando melhorias, cobrando direitos, cobrando
acessos. É um trabalho conjunto.
Portal: As estatísticas sobre deficientes e pes-
soas com mobilidade reduzida no país são confiá-
veis? O Censo do IBGE 2010 reflete o que se vê na
sociedade? Quais os números da população brasi-
leira de deficientes em % e em número absoluto?
Mara: As estatísticas não são confiáveis! Tra-
balhamos com um número de aproximadamente
30 milhões de brasileiros com algum tipo de defi-
ciência, que é do Censo 2000 do IBGE, equivalente
a 14,5% da população brasileira. Acontece que as
perguntas do Censo relacionadas às pessoas com
deficiência não são feitas em todas as residências;
esse dado é feito por amostragem. Uma das mi-
nhas brigas nos últimos anos foi justamente para
que as perguntas do Censo 2010 fossem feitas
em todas as residências, o que, infelizmente, não
aconteceu. É importante que os números sejam
corretos, para que possamos diagnosticar as pes-
soas com deficiência pelo país e saber quais são
essas deficiências, quais são as condições e as ne-
cessidades dessas pessoas. Com esses números é
possível trabalhar de uma melhor maneira as polí-
ticas públicas voltadas para essa área.
Portal: Em Jundiaí há um movimento na Câ-
mara de Vereadores para se criar uma Coordena-
doria dos Direitos dos Deficientes. Quais as cidades
e organizações no Brasil são referência na promo-
ção da acessibilidade?
Mara: Acho muito importante a criação de ór-
gãos voltados para as pessoas com deficiência em
todo o Brasil, pelas três esferas do Poder. Quan-
do se fala de São Paulo , de sua região central, as
pessoas já conseguem, de certa forma, viver com
mais dignidade. Mas quando nos afastamos do
Centro e enveredamos pela periferia e por cidades
menores, do interior, percebemos que muita gente
ainda não consegue sair de casa - e isso também
ocorre em cidades maiores. Imaginem então o que
acontece, por exemplo, no sertão nordestino, a
uma pessoa que, com muito menos deficiência -
não precisa ser, teoricamente, grave como a minha
-, não consegue exercer sua cidadania.
O Brasil tem potencial para promover uma
grande mudança, algo que já começou a ocor-
rer em de São Paulo , com a criação da Secretaria
Municipal da Pessoa com Deficiência, a primeira
do gênero no Brasil, em 2005, pelo então Prefeito
José Serra. Hoje, são mais de 100 espalhadas por
todo o Estado. Quando Governador, Serra tam-
bém criou a primeira Secretaria da Pessoa com
Deficiência no Estado de São Paulo, que vem tra-
balhando e fazendo diferença em vários municí-
pios.
Portal: Deputada Mara Gabrilli, quais são
suas dicas para os síndicos e administradoras de
condomínios que estão tomando contato agora
com o tema. Que medidas eficientes administra-
tivas e/ou técnicas eles podem tomar no dia a dia
para promover a acessibilidade em prédios resi-
denciais e comerciais?
Mara: Acho importante todo mundo co-
nhecer o conceito do Desenho Universal, que
tem por objetivo definir produtos e ambientes
contemplando a diversidade humana: desde as
crianças, adultos altos e baixos, anões, idosos,
gestantes, pessoas com deficiência e mobilidade
reduzida. Afinal, um condomínio pode vir a rece-
ber qualquer uma dessas pessoas e o acesso tem
que ser igual para todos. No meu site (http://ma-
ragabrilli.com.br/desenho-universal.html) existem
mais informações sobre esse conceito e pode-se,
inclusive, fazer o download de um manual que
elaboramos sobre esse tema.
Portal: Por fim, qual a sua mensagem para
os jundiaienses que esperam do poder público
e da sociedade uma maior atenção ao tema da
acessibilidade? Como eles podem acompanhar os
seus projetos, palestras e debates sobre acessibi-
lidade?
Mara: Costumo dizer que sou um exemplo
prático de que sozinhos não chegamos a lugar
algum. Durante toda minha trajetória política
pude contar com o apoio de pessoas que acredi-
tam na política do bem, para melhorar a vida de
pessoas. Meus projetos são baseados nas neces-
sidades e demandas que recebo da população.
Continuem cobrando, opinando e sugerindo,
pois conto com vocês, por meio de suas ideias e
sugestões, para construirmos um Brasil com mais
acessos.
16 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
cada mais de 14 brasileiros com determinados
tipos de deficiência física. Para alterar essa si-
tuação é preciso vontade política, face às provi-
dências que precisam ser tomadas nos edifícios
utilizados pelas diversas esferas do governo, e
uma luta contínua no sentido de alterar essas
situações nos variados ambientes privados”,
elucida.
O arquiteto Roberval Guitarrari, vice-presi-
dente da Associação dos Engenheiros de Jundiaí
– AEJ - explica como o assunto é visto na área
de construção civil. “Acessibilidade é um concei-
to que remete ao desenho universal dos meios e
equipamentos de mobilidade urbana, para que,
através deste, consigamos proporcionar aos se-
res humanos uma qualidade de deslocamento e
de uso dos equipamentos e mobiliários comum
a todos e não segregados aos que possuam al-
gum tipo de necessidade específica. Ainda não
se assimila que as restrições de mobilidade pos-
sam ser temporárias (acidentes, gravidez etc), ou
ainda definitivas, porém não patológicas (velhi-
ce, por exemplo). Então, o conceito de acessibi-
lidade deve abranger a todos os cidadãos e não
ser excludente.”
Roberval ainda explica que os projetos arqui-
tetônicos que elabora devem, por norma e por
dispositivos legais, abranger os quesitos obriga-
tórios, no âmbito de sua aplicação, nos edifícios,
públicos ou privados, e nos recintos de uso cole-
tivo, mas que, neste caso, ainda geram dúvidas,
pois indústrias ou empresas privadas absorvem
funcionários com algum tipo de deficiência e
não possuem os setores adaptados para esta si-
tuação.
Já os projetos de urbanismo devem absorver
por completo os requisitos preconizados pelas
normas técnicas e legislações, embora, também
se saiba que as condições geográficas muitas
vezes são restritivas aos deslocamentos de ca-
deirantes e as legislações que determinam as
declividades de vias de circulação urbana são in-
compatíveis com o conceito de desenho univer-
sal. Como, em alguns pontos, há conflito entre
as legislações federal, estadual e as normas da
ABNT, Roberval ensina que é preciso muito bom
senso para elaboração de um projeto consciente
e eficaz.
ConclusãoSegundo o censo 2010 do IBGE, cerca de
14,5% da população, ou 30 milhões de brasilei-
ros, tem algum tipo de deficiência ou mobilida-
de reduzida. Porém, de acordo com o que ensi-
na a deputada federal
Mara Gabrilli (PS-
DB-SP) – uma das
ferrenhas defenso-
ras e promotoras
da acessibilidade
nesse país - esse
número é mui-
to maior, pois o
censo do IBGE é
feito por amos-
tragem e não
leva em conta
as pessoas que
estão tempo-
r a r i a m e n t e
em estado de
mobilidade re-
duzida, como
g e s t a n t e s ,
crianças, atletas
machucados ou aci-
dentados, de maneira
geral.
O caráter invisível das estatísticas – que
escondem o real número de portadores de ne-
cessidades especiais – não nos desobriga da res-
ponsabilidade de trazer o mundo da acessibi-
lidade para todos, o que inclui os que passam
grande parte da sua vida nos espaços condomi-
niais, onde ser acessível é mais importante que
estar acessível.
Ser acessível é adotar continuamente uma
postura de acessibilidade, adotando o concei-
to do desenho universal nos projetos e na exe-
cução das obras, é ensinar aos porteiros um
pouquinho de libras necessário para receber e
atender os que nela se comunicam, é ter espa-
ços comuns não apenas inteligentes, mas fun-
cionais, que possam ser utilizados por idosos,
gestantes, obesos e contundidos, sem que estes
precisem se sentir no pregão da bolsa de valo-
res ou no mercado de peixe para se locomover.
Como atestam os especialistas entrevistados
para essa reportagem, o caminho
para acessibilidade aprende-se cedo, educan-
do-se as crianças a aceitarem a diversidade em
tudo o que fazem, eliminando o desprezo e a
ignorância por tudo o que é diferente. Como
na teoria do universo cíclico - que explica que o
universo se expande e se contrai continuamen-
te as grandes lutas dos direitos enfrentam uma
exclusão a cada inclusão, com a diferença que
esse ciclo não está a anos-luz de distância, pelo
contrário, é presente em todos os aspectos de
nossas vidas.Sh
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17Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
18 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
SAÚDE
CondomínioPor Neto Aiello - Fisioterapeuta
Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), os idosos repre-
sentam 8,6% da população brasileira. O institu-
to considera idosas as pessoas com 60 anos ou
mais, mesmo limite de idade considerada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) para os
países em desenvolvimento. Em uma década, o
número de idosos no Brasil cresceu 17%.
O envelhecimento da população brasileira
é reflexo do aumento da expectativa de vida,
graças ao avanço no campo da saúde e a redu-
ção da taxa de natalidade. Prova disso é a par-
ticipação dos idosos com 75 anos ou mais no
total da população, que cresceu 2,1% em uma
década.
Devido ao envelhecimento da população,
cada vez mais idosos estão morando sozinhos,
bem como muitos casais de idosos. Em busca
de segurança e comodidade muitos optam por
morarem em condomínios. Será que os condo-
mínios estão preparados para receberem este
público?
Para conscientizar das necessidades que os
idosos necessitam, precisamos entender o pro-
cesso de envelhecimento e suas limitações. Se-
gundo a fisioterapeuta, Aline Gut, proprietária
de uma clínica especializada em exercício para
terceira idade, ”o processo de envelhecimento
difere de pessoa para pessoa, assim como de
um aparelho ou um sistema (cardíaco, respi-
ratório, muscular, etc) para o outro. É um fe-
nômeno fisiológico, pois ocorre em todo ser
humano, e caracteriza-se por ser um processo
progressivo. A diminuição da força muscular e
da flexibilidade são as maiores limitações para
as atividades de vida diária. O equilíbrio para
caminhar, agachar e levantar, subir e descer
escadas, levantar objetos pesados, banhar-se
e vestir-se são exemplos de atividades prejudi-
cadas pela diminuição da força e flexibilidade.
Muitas dessas limitações podem ser significati-
vamente amenizadas com a prática regular de
atividade física (principalmente a musculação
na terceira idade)”.
Esse problema de acessibilidade levantado
19Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
por Aline, é um fato cada vez mais presente,
principalmente quando estão envolvidas popu-
lações cada vez mais atuantes como os idosos
e os deficientes físicos.
Atualmente há diversas regras para ga-
ragem, que variam de acordo com a localida-
de. Em São Paulo, por exemplo, condomínios
construídos a partir de 2006 devem destinar
5% das vagas para os portadores de neces-
sidades especiais. Já é um começo, mas ainda
está longe de suprir todas as necessidades dos
idosos: “Sabendo de todas essas limitações,
queremos mostrar a importância de adapta-
ções em condomínios para uma melhor aces-
sibilidade de idosos e deficientes físicos. Os
ambientes devem ser planejados para promo-
ver a independência, autonomia e atender to-
das as necessidades dos usuários. Implantação
de corrimão, rampas, pisos antiderrapantes,
portas largas, degraus bem sinalizados são al-
gumas providências que devem ser tomadas.
De acordo com a Lei Federal 10.098/2000 e o
Decreto Federal 5296/2004, todos os lugares
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devem ser acessíveis para pessoas com defici-
ência e mobilidade reduzida (caso dos idosos)”,
relata a fisioterapeuta.
Este assunto deve atenção e respeito de to-
dos, tanto na parte técnica na elaboração dos
projetos da construção, tanto para síndicos dos
condomínios já habitados. Algumas pequenas
adaptações nesses condomínios podem fazer
uma grande diferença para os idosos e porta-
dores de deficiência física. Lembre-se, um dia
você será um idoso!
Participação: Aline Gut (Fisioterapeuta)
x Idosos
20 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Linguagem e Comportamento InfantilNós, seres humanos, contamos com a lingua-
gem verbal para auxiliar em nossa expressão de
pensamentos, aspecto único entre todos os ani-
mais existentes.
Sabemos que diversas espécies apresentam
algum tipo de linguagem, entretanto, apenas o
ser humano é dotado da capacidade de falar, ex-
pressar suas ideias por meio da linguagem verbal
e também escrita. Podemos também fazer uso de
outras linguagens, como a corporal/gestual, mas
mesmo essas, estão fortemente ligadas ao que
temos processado internamente como linguagem,
aspectos aprendidos culturalmente e pela nossa
capacidade cognitiva.
A linguagem é a capacidade mais fantástica do
ser humano. Ela nos diferencia, nos marca, nos tor-
na únicos, soberanos entre os animais; é de todas
as habilidades neurológicas a mais complexa, pois
envolve capacidades cognitivas, motoras, sensiti-
vas e emocionais. Podemos dizer que se fossemos
comparados a um carro, nós humanos seríamos o
top de linha.
Utilizamos linguagem desde muito cedo em
nossas vidas; inicialmente como forma simples
de expressão de nossos desejos de sobrevivência,
depois, através dos vínculos estabelecidos e das
informações e estimulações trazidas de figuras
significativas (pai, mãe, avós, cuidadores) o pensa-
mento vai se estruturando num código linguístico
e num prazo breve de um ano, já somos capazes
de iniciar nossas verbalizações mais diretas, cha-
mando mamãe, papai, expressando a fome, sede
e repetindo infinitas combinações de sons que
formarão novas palavras.
Aos 3 anos já apresentamos um conteúdo
imenso de palavras, somos capazes de realizar
frases complexas e cantamos pequenas músicas
com adequado ritmo, melodia e letra. Mesmo que
ainda nessa fase possamos ter alguns erros de pro-
nuncia, somos plenos na capacidade de nos fazer
entender pelo outro.
O pensamento nessa fase é rico de simbolis-
mos e processos imaginativos e associativos que
nos ajudam a compreender e copiar o meio que
nos cerca. Desenvolvendo esses aspectos, (apa-
rentemente apenas cognitivos) estamos também
nos educando para um outro componente: nosso
comportamento em sociedade. Quanto mais for-
mos capazes de utilizarmos nossa expressão verbal
para o que sentimos ou desejamos, menor será a
necessidade de reações físicas inadequadas.
É fundamental que os pais e adultos que con-
vivam com as crianças auxiliem para essa melhora
da capacidade verbal como forma de controle do
comportamento, pois isso facilitará o convívio da
criança no meio social, bem como ensinará a lidar
ARTIGO
Susana Bueno de Souza – Fonoaudióloga e Psicopedagoga –CRFa 5932/SP
melhor com suas reações emocionais.
Vejamos esse exemplo:
Paulo tem dois anos e não consegue montar
um jogo de encaixe, então se levanta, joga tudo
pelos ares e começa a chorar e ter acesso de raiva.
Sua mãe que não estava presente no exato mo-
mento do acontecido, ao escutar a gritaria, entra
na sala e pergunta o que aconteceu.
A criança ainda não é capaz de expressar
corretamente o que houve e também o que a
deixou frustrada e nervosa, então continua a cho-
rar e gritar. A mãe se irrita e dá um chacoalhar para
que ela pare com aquele comportamento. Nesse
momento a criança chora ainda mais e a mãe se ir-
rita ainda mais...Ciclo vicioso cruel que não ajudará
a criança, além de fortalecer a ideia de que quando
nos irritamos, temos como resposta ações motoras.
Seria mais produtivo que a mãe, em vez de
questionar sobre o comportamento da criança,
buscasse auxiliá-la, sendo cúmplice de seu senti-
mento dizendo: “Puxa, você estava brincando tão
bem, que pena que agora está triste. Posso brincar
com você se quiser”.
Nesse momento a criança se sentiria acolhida
em seus sentimentos e encontraria uma forma de
aliviar sua frustração sem reações exacerbadas.
Talvez até pegasse o jogo e mostrasse para a mãe,
trazendo a informação que era isso que havia
causado sua explosão de raiva. A mãe novamente
como intérprete da criança, poderia dizer : “AH!
Então foi esse brinquedo que deixou você com
tanta raiva hein?! Nem sempre as coisas dão certo,
isso realmente dá muita raiva, mas vamos tentar
novamente, é assim que se aprende”. Ou, então
dizer: ”Vamos brincar de outra coisa até você se
acalmar e depois tentamos montar esse jogo no-
vamente”.
É fundamental que respeitemos os sentimen-
tos e, se possível, os transformemos em palavras,
dando sentido aos acontecimentos.
Também é importante que ao traduzir um
determinado comportamento em palavras, evite-
mos julgamentos ou sermões moralistas, mas que
deixemos claro que respeitamos e compreendemos
os sentimentos, entretanto não iremos permitir ati-
tudes e ações inadequadas.
Usar uma linguagem clara, direta e sem dupla
informação, expressando também seus sentimen-
tos com relação ao acontecido, ajudará a criança
a compreender o certo e errado, mesmo que num
primeiro momento ela aparentemente ignore a
informação.
É importante que os pais não tentem esconder
que também estão descontentes ou até com pro-
funda irritação por determinado comportamento
da criança, pois assim a criança também aprenderá
a “ler” corretamente os sentimentos envolvidos e a
informação se torna mais verdadeira.
Outra situação: Uma criança de 4 anos chuta
seu cãozinho como forma de brincadeira. A mãe
vê a cena e diz “ Não faça isso meu docinho, não
chute seu cachorro que ele fica triste com você”.
Essa não é uma forma adequada de limitar o
comportamento da criança, pois, cachorros não
ficam tristes e sim bravos e até violentos como
forma de defesa ao serem agredidos, dessa forma,
usar uma linguagem mais clara e firme resulta
numa limitação mais efetiva e compreendida pela
criança. “Não chute o cachorro, ele não é bola.
Nós não devemos chutar os animais, se você quer
chutar algo para brincar, pegue a bola.” Ou dizer “
se você está com raiva eu entendo, mas você não
pode chutar o cachorro, ele poderá morder você.”
Se necessário segurar firme o braço da criança
e afastá-la do cão, que seja feito, mas não de-
vemos permitir atos cruéis aos animais.
Em resumo, ao educar a criança na lingua-
gem, aprendemos a nos educar e a controlar
nossas ações e talvez esse seja o maior desafio.
Compreender e respeitar o desejo alheio quando
ele difere do nosso e agirmos de forma coerente
com as repreensões que são necessárias, não é
tarefa fácil, mas devemos tentar sempre.
Gosto muito de usar algumas frases com meus
filhos que costumeiramente gritam “eu quero”,
para inúmeras coisas: Meu filho, compreendo
plenamente o que você quer, na realidade você
tem todo direito de querer tudo, mas na vida não
podemos ter tudo, temos que escolher, ou simples-
mente digo: “compreendo o que você quer, mas
agora não é possível”.
A educação é a arte de ensinar que não de-
vemos viver apenas pelo princípio do prazer. Que
na vida não fazemos ou agimos somente pelos
nossos desejos e vontades, mas fazemos o que
tem que ser feito se quisermos ter um ambiente
melhor ao nosso redor.
Sei que é uma dura lição a ser aprendida por
eles (meus filhos) e também por mim, mas juntos
vamos lidando com nossos desejos frustrados e
às vezes impossíveis de serem realizados, nossas
raivas, tristezas, angústias e todos os demais sen-
timentos que diariamente participam de nossas
vidas.
Acredito que de todas as ferramentas que
podemos escolher para educar, a linguagem é a
mais poderosa e a única realmente capaz de nos
marcar. Façamos então marcas positivas para que
nossas crianças sejam realmente felizes e seguras.
21Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
FIQUE POR DENTRO
NORMAS DE SEGURANÇAExiste uma série de exigências legais, principal-
mente municipais, no que diz respeito às normas de
higiene e segurança. Quando não cumpridas, impli-
cam desde punições até interdição do edifício. Por
envolverem questões de segurança, dentre outras,
devem ser observadas as exigências quanto:
- condições de instalações elétricas, hidráulicas,
sanitárias e de gás;
- sistema de para-raios; limpeza de caixa d’água;
- acondicionamento, recolhimento e depósito
de lixo;
- extintores, porta corta-fogo, saídas de
emergência e elevadores;
Seguro de Incêndio - O Artigo 13 da Lei
4.591/64 obriga a contratação de seguro que inclua
tanto as unidades autônomas quanto as áreas co-
muns. É uma despesa ordinária. No caso de imóveis
financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação
(SFH), esse seguro já vem incluso no boleto de paga-
mento das prestações; por isso é necessário que,
antes da contratação do seguro, o proprietário que
esteja vinculado ao SFH comunique ao síndico por
escrito, evitando pagá-lo em dobro.
Furto em condomínio – Para os casos envol-
vendo furto, roubo, quebra de vidros, etc., o se-
guro é opcional. É conveniente que a atribuição de
responsabilidades esteja prevista em convenção e
em contratos por vezes firmados com empresas de
prestação de serviços ou de vigilância.
Geralmente, quando a chave do carro é deixada
em quadro de chaves, com o garagista, ou zelador
para manobras, na ocorrência de furto ou avaria do
veículo a responsabilidade é do condomínio.
DICAS PARA DIMINUIR DESPESAS E EVITAR RISCOS
A Fundação Procon/SP relaciona, a seguir, al-
gumas recomendações para que você, adminis-
trador, síndico, proprietário ou inquilino de um
condomínio, venha a contribuir para a melhoria da
qualidade de vida, harmonização no convívio cole-
tivo e até redução de custos condominiais.
Agindo de acordo com as leis em vigor, dando
cumprimento à convenção e regulamento interno
e procurando atuar com bom senso respeitando os
direitos individuais e assumindo a sua responsabi-
lidade ao cumprimento dos deveres e obrigações
estabelecidas, com certeza o seu “Viver em Con-
domínio” será bastante agradável. Participe do dia
a dia do condomínio, auxiliando vizinhos e o sindíco
na administração do prédio. Faça críticas quando
cabíveis, mas também apresente sugestões como:
- Estudo voltado à utilização racional da água,
evitando desperdícios e vazamentos. Limpeza das
caixas d’água regularmente e tratamento da água
das piscinas;
- Vistoriar periodicamente a parte elétrica, hi-
dráulica da edificação e de gás;
- Verificação do cumprimento das normas mu-
nicipais e estaduais quanto à segurança da edifi-
cação (extintores, seguros, sinalização, elevadores
etc.);
- Realização de pesquisas de preços na
aquisição de produtos, principalmente de limpeza,
e a sua guarda em local seguro; controle de entrada
e retirada, evitando, desta forma, furtos, desvios ou
desperdícios;
- Análise prévia dos contratos, inclusive os
de prestação de serviços que forem assinados em
nome do condomínio;
- Exigência de emissão de notas fiscais ou reci-
bos em nome do condomínio, quando da compra
de materiais e execução de serviços;
- Manutenção atualizada e em local seguro dos
livros contábeis, notas fiscais e recibos que compro-
vem pagamentos;
- Programação e realização de campanhas edu-
cativas (material reciclado, limpeza, fumo, drogas,
bebidas etc.). Mobilização para implementação dos
programas;
- Evitar atraso no pagamento das contas, que
acarretam multas e aborrecimentos.
Fonte: SECOVI-SP
doCONDOMÍNIO
22 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
UTILIDADES DOMÉSTICAS
23Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
EDUCAÇÃO
Por Maria Isabel Gut - Orientadora Educacio-
nal e Psicóloga - Colégio Divino Salvador.
Escolher significa pensar no futuro, ter pro-
jetos como: que tipo de pessoa quero ser, com
quem desejo estar, que tipo de ambiente quero
frequentar. Quando estamos na escola, esco-
lhemos onde sentar, se vamos prestar atenção
ou não à aula, se vamos abrir ou não a apostila.
Escolhemos também quem são os nossos amigos,
os colegas com quem conversaremos... e assim o
dia passa.
As decisões são comuns em nossa vida, e a
busca pelo curso superior é mais uma escolha,
porém mais significativa que as corriqueiras.
Então, essa escolha deve ser cuidadosa, porque
será ruim se eles optarem por algo onde todos os
dias tiverem queixa do trabalho, ambiente, das
pessoas, pressões...
Geralmente, a escolha da profissão no 3º
ano culmina com o filho fazendo 18 anos de
vida, tirando carta de motorista, passando a não
depender mais tanto da mãe e do pai para levar
e buscar. É um “divisor de águas” na vida do filho
e também de seus pais.
Essa escolha traz consigo o código que a
família utilizou para educar: se mais livre, se mais
A Escolhada Profissão
dependente dos pais, se o filho teve o direito a
opinar... A família passa a ficar mais vulnerável
quando surge no filho a insegurança, o medo de
errar, o receio de deixar a “casa dos pais” e, diga-
se de passagem, são temores compreensíveis.
Temos dificuldade em reconhecer os bons
valores, a essência da família, o empenho que
tivemos em passar a eles as “ferramentas de
amor e de caráter” que, com certeza, saberão
usar. Precisamos confiar mais no que passamos
aos nossos filhos, munindo-os de recursos inter-
nos para que dêem conta desse “mundão” que
os chama.
Hoje, as opções são as mais variadas,
enchem os olhos dos jovens porque há cursos
muito interessantes em universidades públicas,
particulares, na cidade, no interior, nos outros
estados e alguns até fora do país. Escolher di-
ante de tantas opções é um ato de coragem,
que poderá ser minimizado se o aluno tiver a
possibilidade de pensar sobre si, suas facilidades,
dificuldades, habilidades, hobbies, preferências
no currículo escolar, seus interesses, curiosidades,
suas leituras, programas preferidos e, além de
tudo isso, se o aluno tiver acesso às
informações sobre diversos cursos.
Tudo isso requer em-
penho. Não adianta a
decisão de prestar
vestibular se eu não
sei qual profissão eu quero!
A orientação é que os alunos “coloquem a
mão e a alma na massa”, contem com a ajuda
de seus pais, professores, psicólogos do colégio,
leiam, pesquisem, vasculhem páginas na internet,
conversem com profissionais das áreas de inter-
esse, visitem universidades...
O papel dos pais será o de ter uma partici-
pação ativa de auxílio nessas buscas, conversar e
permitir que o filho expresse realmente seus de-
sejos e sentimentos, até sobre o receio de morar
fora, o medo de errar e ter que começar de novo,
entre outros.
Importante também ter a consciência de que,
na maioria das vezes, “o nosso desejo não é o
desejo deles”. Que eles escolham aquilo que de
fato quiserem, sem ter que dar conta de atender
às solicitações das pessoas que ama. Eles precisam
ser respeitados para se tornarem grandes profis-
sionais e, acima de tudo, grandes pessoas.
24 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Vinho da AlegriaModo de preparo:
- colha uma cesta cheia de flores de
dente de leão;
- coloque-as no sol de meio-dia para
secar e eliminar todas as impurezas;
- misture as flores com vinho tinto seco
e deixe descansar por mais oito dias;
- Coe o vinho, misture com um
pouco de mel e é
só saborear.
BEM-ESTAR
Os segredos do Dente de leão
Por Talita RoccaTaraxacum Officinale: apesar do nome ser
estranho, é a planta mais disseminada perten-
cente ao gênero botânico Taraxacum. Ainda não
sabe do que estamos falando?
Dente de leão, amor de homem, alface
de cão, salada de topeira, ou esperança. Esses
são os nomes vulgares da planta citada acima.
A dente de leão, como é mais conhecida, tem
várias utilidades. Além de ser um ótimo ítem de
decoração, é muito usada na medicina e até na
culinária.
A planta é utilizada como diurético, purifica-
dor do sangue, para sanar problemas no fígado
e na vesícula biliar e até para curar problemas
de reumatismo. Mas será que pode confiar intei-
ramente nesse ‘remédio’?
O uso de plantas na medicina é bastante
polêmico. Não há como dizer se essas infor-
mações são corretas. Grandes estudos são de-
senvolvidos com um alto número de pacientes
quando o objetivo é comprovar se uma medi-
cação é eficaz e segura para determinada do-
ença, e com base nesses estudos é que médicos
prescrevem os medicamentos para os pacientes.
Segundo a reumatologista, Fernanda Guaratini,
com as plantas não há geralmente estudos des-
sa dimensão. “O que ocorre frequentemente é
algum pesquisador que estuda uma determina-
da planta e aplica em alguns pacientes. A notí-
cia se espalha, mas sem comprovação científi-
ca”, alerta.
A médica afirma que é necessário ter cuida-
do ao tratar de doenças sérias com plantas, mas
para algumas ocasiões o risco não é grande.
“Também não é provado cientificamente que o Fotos
divu
lgaçã
o
Óleo de massagemPara preparar um óleo de
massagem, basta misturar a planta
com óleo, deixar repousar por oito
dias em um vidro de boca larga
exposto ao sol da manhã. Coe as
ervas do óleo e já terá o produto
pronto para massagem.
CultivoPor ser uma planta com folhas
leves, o vento espalha as com facilidade,
por isso pode ser cultivada em
qualquer jardim:
- ao montar seu arranjo, corte os caules
diagonalmente e diminua as hastes
diariamente em 1 cm;
- escolha qualquer espécie de dente de leão;
-coloque em um recipiente com água;
-troque a água a cada três dias;
- não deixe seu arranjo
exposto ao vento.
chá da planta, ingerido três vezes ao dia é ema-
grecedor e nem eficaz para óleo de massagem,
mas como não há risco para a saúde, não custa
experimentar”, completa.
Na culinária, o dente de leão também é
muito utilizado tanto para fazer saladas quanto
para vinhos. Antigamente a planta era a matéria
principal para o Vinho da Alegria
25Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
26 Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011
Q u e m n u n c a teve medo de ficar
preso em um elevador que atire a primeira pedra.
Calma, cada edifício tem uma história para contar,
mas essa aconteceu com a filha de um amigo meu, e é muito boa.
Foi em um edifício aqui em Jundiaí, com uma vista maravilhosa para a Serra do Japi. Depois que seu marido morreu, Dona Encarnacion, foi morar com a filha e o genro, neste prédio.
Todos os dias, após o jantar, ela se punha em um canto mais afastado do prédio e não queria companhia, ficava ob-servando a Serra do Japi e todos pensavam que ela navegava em seus pensamentos, ou que sentia saudades do marido.
Pois bem, naquele dia armava um tremendo temporal na cidade. Desciam no mesmo elevador, Júlia, a filha deste amigo meu, o seu namorado, a Dona Encarnacion e Seu Berto, um viúvo de 88 anos que morava com um sobrinho.
Quando menos se esperava o elevador parou entre o 4º e 5º andares, por falta de energia elétrica, ficando todos presos no escuro. De repente, Dona Encarnacion foi ficando deses-perada, Seu Berto não entendia e o casal muito impaciente com aquela situação.
Seu Berto começou a gritar: Cuidado com meu caramelo!
Não vão pisar no meu caramelo! Não pise no meu caramelo! Pelo amor de Deus, cuidado com meu caramelo!
Tudo na mais profunda escuridão, quando começaram a ouvir uns estampidos e um mal cheiro profundo invadiu o elevador. Seu Berto continuava a implorar que não pisassem no seu caramelo.
O tempo passava, os bombeiros que não chegavam e os estampidos continuavam, o mal cheiro aumentava, Seu Berto querendo seu caramelo, os minutos demoravam a passar, o casal pensava que ia morrer asfixiado tamanho o mal cheiro, até que a energia voltou, o elevador voltou a funcionar e todos puderam entender o que acontecia.
Dona Encarnacion, sofria de distúrbios intestinais e descia todas as noites para poder soltar livremente suas ventosidades intestinais longe da filha, do genro e de outros moradores, daí seu isolamento noturno.
Quanto ao casal, tiveram que tomar banho e trocar de roupa, pois o cheiro tomou conta das vestes e até do cabelo. Enquanto seu Berto, foi questionado por que queria tanto seu caramelo naquela situação. O velhinho, ainda se refazendo do susto, respondeu: “No caramelo está grudada minha denta-dura!”
Por
Dr. José Miguel Simão Advogado e cronista
CRÔNICA
Meu Caramelo
shutterstock_Dennis Cox / DIGITALIDAD
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