1 Roteiros Vale do Minho PAREDES DE COURA 1
Introdução 3
HIstórIa e PatrImónIo 4
Cultura e tradIções 18
natureza e aCtIvIdades de lazer 28
maPas e roteIros 36
2 Roteiros Vale do Minho
o concelho de Paredes de Coura, em pleno coração do alto minho,
está rodeado pelos concelhos de vila nova de Cerveira, valença, monção,
arcos de valdevez e Ponte de lima.
em 2001, Paredes de Coura tinha pouco mais de 9.500 habitantes,
distribuídos por uma área de aproximadamente 138 km2. a maioria
da população está concentrada no núcleo urbano da vila de Paredes
de Coura, sede do concelho, a cerca de 1km da margem esquerda
do rio Coura. a vila tem cerca de 1.500 habitantes, dedicados sobretudo
ao comércio e serviços.
apelidado de “Celeiro do alto minho” pela sua intensa e histórica dedi-
cação ao cultivo de cereais, este é um dos municípios portugueses em que
os caminhos da História, da Cultura e da tradição se entrecruzam, demar-
cando um património muito rico que vale a pena descobrir.
a ruralidade e beleza paisagísticas são talvez as imagens que melhor
traduzem a essência de um território que tão bem tem sabido preservar
os seus recursos naturais e etnográficos e onde ainda é possível encontrar
recantos praticamente intocados pelo Homem.
Paredes de Coura é também conhecida pelo seu Festival de música,
realizado anualmente, desde 1993, durante os meses de Julho e agosto
na Praia Fluvial do taboão, próximo da vila. Centrado em estilos musicais
em geral independentes ou mais “alternativos”, o Festival de Paredes de
Coura é hoje amplamente considerado como um dos melhores festivais
de música realizados em Portugal.
os solares ou “Casas Grandes”, assim como alguns dos pratos típicos
do concelho, foram celebrizados pelo escritor português aquilino ribeiro,
na sua crónica romanceada ”a Casa Grande de romarigães” – uma leitu-
ra que se recomenda, ou não fosse este um dos mais fiéis testemunhos
da cultura e tradição de Paredes de Coura.
muito mais há para descobrir e vivenciar em Paredes de Coura!
Porque espera?
INTRODUÇÃO | PAREDES DE COURA 3
4 Roteiros Vale do Minho5 Roteiros Vale do Minho
A bacia do rio Coura e as primeiras
formas de povoamento
Comprovado por diversos
indícios da presença humana ao
longo da bacia superior do rio
Coura que remontam a tempos
pré-históricos, nomeadamente
desde os períodos do Paleolítico
e do neolítico, o povoamento de
Paredes de Coura é bastante antigo.
os inúmeros vestígios arqueo-
HISTÓRIA E PATRIMÓNIOParedes de Coura
4 Roteiros Vale do Minho5 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 5
HISTÓRIA E PATRIMÓNIOlógicos ligados à agricultura e à pastorícia (como machados, goivas, lâmi-
nas de sílex) presentes no território que hoje conhecemos por Paredes
de Coura denunciam que estas férteis terras, localizadas junto a cursos
de água, foram certamente um importante local de fixação humana,
possibilitando a adopção de modos de vida mais sedentários e, conse-
quentemente, o abandono do nomadismo que caracterizava a passagem
do Paleolítico para o neolítico.
no concelho podem ainda encontrar-se importantes concentrações
de antas e necrópoles, datadas do período correspondente ao megalíti-
co, localizadas sobretudo nas zonas mais elevadas de Paredes de Cou-
ra. ao longo da bacia superior do rio Coura foram encontrados mais de
Capela de Ecce Homo
6 Roteiros Vale do Minho7 Roteiros Vale do Minho
60 monumentos megalíticos, um
número muito significativo que
leva os investigadores a supor que
há milénios atrás deveriam existir
certamente muitos mais. desta-
cam-se os vestígios da serra do
Bico (antela da Cruz vermelha), de
Chã de lamas (vascões), da serra
Boualhosa (Insalde) e de Porreiras.
À semelhança de grande
parte do noroeste Peninsular,
também na bacia superior do
rio Coura encontramos uma ex-
pressiva presença de vestígios da
cultura castreja, o que demonstra
claramente a posição estratégica
deste território. estes povoados
fortificados – conhecidos por cas-
tros – eram normalmente implan-
tados em relevos proeminentes,
com boas condições de visibili-
dade e de defesa. em Paredes de
Coura estão inventariados mais de
Povoado Fortificado de Cossourado
13 sítios arqueológicos datados
dessa época, dispersos um pouco
por todo o concelho, dos quais
se notabilizam, em particular,
os povoados fortificados (as
Cividades) de Cossourado ,
Romarigães e Cristelo . na se-
quência de diversas intervenções
arqueológicas foram colocadas
à superfície construções defen-
sivas e habitacionais edificadas
por sociedades com característi-
cas agro-pastoris, que muito nos
revelam do quotidiano destes po-
vos. Hoje é possível visitar estes
locais e, no caso da Cividade do
Cossourado, tornou-se habitual a
festa do “solstício de verão” que de-
corre em finais de Junho, com mú-
sica, recreações históricas e muita
animação!
Posteriormente, já durante a
ocupação romana da Península
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6 Roteiros Vale do Minho7 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 7
Via Romana
Ibérica, o território onde hoje se localiza Paredes de Coura adquire
uma posição importante, pois era atravessado pela XIX via do Itinerário
antonino ou Iv via militar romana que ligava as cidades de Bracara
augusta (Braga) a asturica augusta (astorga). Por esta via circulavam exérci-
tos, mercadorias, impostos e, inevitavelmente, novos usos e costumes que
vieram alterar profundamente os modos de vida das populações locais.
“Absolutamente essencial à consolidação da nova administração terri-
torial imposta por Roma, esta via servia os inerentes propósitos militares, ao
mesmo tempo que assegurava o transporte de matérias primas imprescin-
díveis ao bom desempenho das ordens emanadas do epicentro da nova
ordem imperial, com especial relevo para os bens metalíferos. E bastaria
examinar a notável concentração de marcos miliários e a própria citação de
um número considerável de imperadores, para comprovarmos esta condição,
traduzida nas permanentes intervenções de conservação realizadas ao longo
do seu percurso.” (IPPar / a. martins)
em Paredes de Coura, nas freguesias de romarigães, s. martinho
e rubiães, ainda hoje podemos encontrar um conjunto de 14 marcos
miliários da Via Romana de Braga a tui, classificado em 1910 como
monumento nacional, que sinalizam a presença desta importante es-
trada romana. Posteriormente, esta via romana manterá a sua relevân-
cia, associando-se à circulação de peregrinos a caminho do santuário
de santiago de Compostela – o que terá certamente favorecido a conti-
nuidade de ocupação humana do aglomerado de Paredes de Coura.
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8 Roteiros Vale do Minho9 Roteiros Vale do Minho
Ponte Romano-Medieval de Rubiães
a Ponte Romano-Medieval
de Rubiães , classificada como
Imóvel de Interesse Público des-
de 1977, foi durante muito tempo
considerada uma estrutura roma-
na. no entanto, investigações pos-
teriores levam a considerar-se que
a sua origem é essencialmente
românica (época medieval), tendo
sido muito provavelmente sujeita a
posteriores remodelações. existem,
ainda assim, fortes indícios de que
terá existido uma ponte romana
primitiva, dada a sua proximidade
da antiga estrada romana (no lugar
de Crasto, a escassas centenas de
metros, podemos encontrar um
marco miliário pertencente à via
romana).
Para um conhecimento mais
aprofundado do património histó-
rico e arqueológico do concelho,
valerá certamente a pena visitar
Museu Regional de Paredes de
Coura onde estão patentes vestí-
gios provenientes de diferentes cam-
panhas de escavações arqueológicas
realizadas em todo o concelho, do
Paleolítico à romanização.
As origens de Paredes de Coura
no território que hoje co-
nhecemos por Paredes de Coura
existiam anteriormente duas ter-
ras distintas: Julgado de Fraião e
terras de Coyra. de facto, a actual
designação do concelho surge
somente no reinado de d. João I –
e mantendo-se, simultaneamente,
a de terras de Coyra. ainda hoje não
existem absolutas certezas relati-
vamente à origem do nome deste
concelho. segundo alguns inves-
tigadores, deverá ter existido du-
rante o domínio Imperial romano
da Península Ibérica uma cidade
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8 Roteiros Vale do Minho9 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 9
de nome Cauca, localizada na via militar de Braccara a tuy. embora não
esteja historicamente provada, uma das hipóteses que se coloca é que
essa cidade se localizava no actual território de Coura, que derivaria da
designação romana. outra hipótese, sugerida por narciso alves da Cunha,
é a de que o topónimo Coura deriva da palavra celta Cora, lugar recatado
e seguro.
será a 13 de abril de 1515, durante o reinado de d. manuel, que o
monarca irá fixar no foral o nome de concelho, “terra de Coyra”, elevando
a vila o aglomerado principal e declarando também que algumas das
freguesias que haviam pertencido ao Julgado de Fraião agora lhe pertencem.
É também nessa altura que o rio minho é estabelecido como limite norte
do concelho.
Com a reforma administrativa de 1834 pôs-se termo ao Julgado
de Fraião e, por fim, em 15 de setembro de 1875 é criada a comarca
de Paredes de Coura. a adopção da actual designação do concelho
traduz a aglutinação dos nomes do concelho – Coura – e de uma das suas
freguesias – Paredes.
Património Religioso
Concelho de profunda tradição católica, podemos encontrar em
Paredes de Coura um rico património religioso visível nas múltiplas igrejas
e capelas que, com maior ou menor dimensão, se encontram dispersas
um pouco por todo o seu território.
Largo Hintze Ribeiro
10 Roteiros Vale do Minho
Igreja Românica de São Pedro de Rubiães
em alternância com as “Casas
Grandes” e com os solares, os san-
tuários são certamente um dos
traços fortes da paisagem humani-
zada deste concelho.
durante o período da Idade
média, e em resultado do ressur-
gimento de forte fervor religioso,
houve um aumento das peregri-
nações a santuários. de entre os di-
versos lugares sagrados existentes
na Península Ibérica, santiago de
Compostela era um dos mais im-
portantes, com milhares de pere-
grinos. em resultado de todo este
importante fenómeno religioso e
cultural, dá-se uma revitalização de
muitas das antigas vias e pontes
romanas que conduziam a santia-
go, entre as quais a que atravessa-
va Paredes de Coura.
datada de 1202, a igre-
ja românica de São Pedro de Igreja Românica de São Pedro de Rubiães
HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 1110 Roteiros Vale do Minho
Capela do Divino Espírito Santo
Rubiães--- classificada como monumento nacional desde 1928,
constitui um dos mais importantes vestígios do período medieval.
Plenamente integrada no roteiro de peregrinação a santiago de
Compostela que atravessa Paredes de Coura, o estilo da arquitectura e
do reportório decorativo da Igreja de rubiães evidencia ainda uma
ligação muito vincada à Galiza – na verdade, este edifício é contemporâ-
neo de obras maiores da influência ponte drense no alto minho (caso
das Igrejas de longos vales e sanfins de Friestas). verdadeiro ex-libris
do património de Paredes de Coura e um dos mais significativos
exemplares do românico do alto minho, os principais motivos de
interesse para uma visita a este templo encontram-se no portal ocidental
da Igreja, com o seu tímpano e dois fustes com as representações do
arcanjo são Gabriel e de nossa senhora.
em Cossourado, destaca-se a capela de s. Bento da Porta aberta,
construída em 1585, centro de uma grande romaria que acontece a
11 de Julho.
de um período posterior ao século XvI, salientam-se, por fim,
as Capelas do Espírito Santo (na vila de Paredes de Coura), Nª Sr.ª
da Conceição (no lugar de venade, em Ferreira) e as Igrejas de Ferreira,
Infesta, Cunha e, em particular, o Santuário do Ecce Homo (localizado
na freguesia do Padornelo), uma obra arquitectónica muito cuidada, ini-
ciada em 1779, que evidencia um estilo rococó muito denso e rico. um
monumento que vale a nossa visita. Junto a este santuário realizava-se,
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12 Roteiros Vale do Minho13 Roteiros Vale do Minho
quinzenalmente, uma feira local
que acontecia nos chamados “sá-
bados de Padornelo”.
O Celeiro do Alto Minho, repleto
de belas “Casas Grandes”
Paredes de Coura é um concelho
com profundas raízes agrícolas, tradi-
cionalmente centradas na produção
de cereais e na criação de gado, ac-
tividades que ainda hoje marcam
profundamente a paisagem e a iden-
tidade dos seus habitantes. Como
observa o historiador Carlos alberto
Ferreira de almeida:
“exceptuando a sede, em Pare-
des, cujo crescimento se deu a partir
do século XIX, o concelho de Coura
é ainda hoje, como o era em 1527,
uma região que «não tem vila nem
povoação junta» e, para além do cen-
tro da povoação (…) «todos os mais
vivem em casais apartados e quintas
Agricultura em Paredes de Coura
e herdades, perto umas das outras»”
(almeida, 1987: 184).
Historicamente, é possível iden-
tificar no foral de d. manuel de 1515
diversas referências à importância da
agricultura no quotidiano dos ha-bi-
tantes de Paredes de Coura, profun-
damente marcado pelo sistema de
“campos e bouças” – que ainda hoje
é possível encontrar quando se per-
correm as áreas mais rurais e monta-
nhosas do concelho. Habi-tualmente
colocadas ao longo dos combros
dos campos, as bouças são os espa-
ços murados com árvores onde se
cultiva a giesta, para estrume e cama
do gado.
durante a guerra da restau-
ração, no reinado de d. João Iv, o
concelho foi o centro das opera-
ções militares contra a Galiza e de
defesa contra as invasões espa-
nholas, travando-se aqui, em 1663,
12 Roteiros Vale do Minho13 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 13
a batalha que ficou conhecida por “Combates da travanca”. Pensa-se
que terá sido neste período que Paredes de Coura se tornou celebremente
conhecido como “o celeiro do alto-minho”, a partir da introdução em
larga escala nas suas férteis terras do maíz, cereal que veio substituir
o milho-miúdo.
os diversos moinhos e espigueiros que podem ser observados por
todo o território são outro claro indício da importância que a produção
cerealífera tinha neste concelho minhoto, marcando profundamente
a sua paisagem. Paredes de Coura conta com mais de uma centena de
moinhos e com largas dezenas de espigueiros.
os espigueiros – também chamados canastros - são estruturas em
pedra e madeira que tinham por função secar o milho grosso através das
fissuras laterais e, simultaneamente, impedir a destruição do mesmo por
roedores (o que explica a elevação dos espigueiros). Como as colheitas
aconteciam no outono, os espigueiros respondiam à necessidade de en-
contrar um local o mais arejado possível para a secagem destes cereais
durante uma estação tão adversa como o Inverno.
esta grande capacidade de produção cerealífera manter-se-á até meados
do século XX, o que, em larga medida, se explica por um conjunto de carac-
terísticas específicas desta região – a abundância de água para a rega, as boas
quantidades de estrume que o molime e o muito gado – que, normalmente,
possibilitam boas produções do maíz. Com o declínio da agricultura, tam-
bém muitos dos moinhos e dos espigueiros acabaram por ser abandonados.
Espigueiro
14 Roteiros Vale do Minho
Casa Grande do Outeiro
actualmente, já estão recuperados a
eira e Canastros de Porreiras, que po-
dem ser visitados, estando em pro-
cesso de recuperação o núcleo de
moinhos de Cavaleiros e de Porreiras.
a importância da agricultura
e toda a riqueza gerada em tor-
no da sua produção – em termos
históricos, económicos e identi-
tários – encontra-se ainda pro-
fundamente presente em toda a
paisagem de Paredes de Coura.
nas zonas mais rurais do con-
celho o modo de povoamento era
essencialmente disperso. em ge-
ral, existiam pequenos aglome-
rados, mais modestos, localizados
junto aos terrenos das quintas
agrícolas. em algumas destas
quintas surgiam no seu interior as
chamadas “Casas Grandes”, como
são popularmente designados os Núcleo de Marcos Miliários de Antas
HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 1514 Roteiros Vale do Minho
tradicionais solares minhotos. Habitualmente afectas à aristocra-
cia fundiária local, podemos perceber na maior ou menor osten-
tação destas “Casas” o poder económico e social destas famílias –
que muitas vezes conseguiam mesmo alcançar, de diversas maneiras,
títulos de nobreza.
estes solares contrastavam claramente com as modestas habitações
dos agricultores rurais, geralmente térreas, onde todas as funcionalida-
des das casas estavam orientadas para a produção agrícola e os cuidados
com as questões decorativas eram relegados para um segundo plano.
Podemos encontrar em Paredes de Coura um conjunto de interes-
santes “Casas Grandes”, cada qual com traços arquitectónicos muito diver-
sos, quer em termos de organização espacial dos edifícios, quer ao nível
da sua decoração, das quais destacamos a Casa Grande de Outeiro ,
a Casa Grande de Santana da Seara, a Casa Grande de Afe, a Casa
Grande de Romarigães e a Casa Grande de Antas (as duas últimas
encontram-se classificadas como Imóvel de Interesse Público).
o escritor aquilino ribeiro imortalizou a “Casa Grande de roma-
rigães” – como era conhecido o velho solar dos menezes e montene-
gros, situado na freguesia de romarigães (no sudoeste do concelho)
– numa célebre “crónica romanceada” com o mesmo nome, publicada
em 1957. neste romance, aquilino ribeiro expressa de forma única
toda a beleza e idiossincrasias minhotas – da sua natureza, paisagem
Casa Grande de Romarigães
14
13
16 Roteiros Vale do Minho17 Roteiros Vale do Minho
e gastronomia, às suas gentes e
modos de vida – num texto que
combina virtuosamente as ex-
pressões mais clássicas da língua
portuguesa, com palavras chãs
de cariz local.
À semelhança de outros lo-
cais do país, o movimento de
emigração para o Brasil foi tam-
bém muito forte em Paredes de
Coura, sentindo-se a sua influên-
cia por todo o concelho. a partir
de meados do século XIX surgem
as chamadas “Casas dos Brasilei-
ros” que, em Paredes de Coura
como noutros pontos do país,
vieram definitivamente marcar
as paisagens urbanas e periféri-
cas com os novos edifícios.
muitas das habitações dos
“torna viagem” endinheirados e
seus descendentes surgem fora
dos centros urbanos mais conso-
Capela do Divino Espírito Santo
Antiga Cadeia e Pelourinho
16 Roteiros Vale do Minho17 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 17
lidados pois, como explica miguel monteiro:
“Dado que a lei proíbe a construção de palacetes no interior da
cidade, estas casas no campo, designação pela qualeram conhecidas, vão
espalhar-se pela periferia, ladeadas por jardins exóticos, apresentando
como característica formal a exibição de quatro fachadas, numa
planta quadrada quase cúbica ou numa assimetria fantasiosa.”
(monteiro, s/d: 2-3).
em Paredes de Coura, o expoente máximo das “Casas dos Brasilei-
ros” encontra-se na casa da Quinta da Ponte, em mantelães, Formariz
– também conhecida por “Casa de Mantelães” . este é um edifício
neoclássico, de frontaria simples mas marcante, envolta num belís-
simo jardim romântico, onde abundam recantos com fonte e lagos
e onde se demarca um pequeno torrão neogótico, em tempos mi-
rante e casa de chã. a “Casa de mantelães” pertenceu ao Conselheiro
miguel dantas, figura importante da história local e nacional, tendo
sido posteriormente propriedade de Bernardino machado, antigo
Presidente da república, exilado em França – que, obrigado a regressar
a Portugal em 1941, em consequência da Invasão alemã desse país,
é-lhe imposto pelo estado novo residência fixa em Paredes de Cou-
ra, justamente na Quinta de mantelães, pertencente à família da sua
mulher. esta Casa será posteriormente estância do escritor aquilino
ribeiro, casado com d. Jerónima dantas machado, filha de Bernardino
machado e neta do Conselheiro miguel dantas.
Palacete Miguel Dantas
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18 Roteiros Vale do Minho19 Roteiros Vale do Minho
a ruralidade de Paredes de Coura
constitui o elemento que melhor a
caracteriza e que, ao longo dos tem-
pos, marcou de forma indelével não
apenas a sua paisagem, mas muito
particularmente, a sua cultura e tra-
dições.
território muito dependente
das práticas agrícolas e pastoris, a
constante adaptação do Homem
ao seu meio, e dos modos de vida à
CULTURA E TRADIÇÕESParedes de Coura
18 Roteiros Vale do Minho19 Roteiros Vale do Minho CULTURA E TRADIÇÕES | PAREDES DE COURA 19
CULTURA E TRADIÇÕESnatureza que a proporciona, deram origem a tradições e a artes e ofícios muito
associados à terra, à montanha e ao mundo rural.
Como vimos, a grande capacidade de produção de cereais do concelho
granjeou-lhe o cognome de ‘Celeiro do alto minho’ e, de facto, ainda hoje os
cereais aparecem associados à identidade de Paredes de Coura, tendo influen-
ciado significativamente a sua gastronomia e artesanato.
os trabalhos da sementeira do maíz (cereal que veio substituir o milho-
-miúdo) apelidavam-se de “vessadas” e implicavam muita gente, o que muitas
vezes obrigava à mobilização de trabalhadores de toda a região. os trabalhos
agrícolas eram igualmente famosos por toda a animação que existia durante
a sua execução, sendo frequentemente recordadas as “ruidosas vessadas do
Museu Regional de Paredes de Coura
20 Roteiros Vale do Minho21 Roteiros Vale do Minho
Coura”, conforme refere o historiador
Carlos alberto Ferreira de almeida.
os trabalhos agrícolas, e todos os
rituais a eles associados, eram, efecti-
vamente, momentos muito impor-
tantes para a vida em comunidade,
onde se evidenciavam as relações de
vizinhança e de entreajuda. momen-
tos de alegria e festa que tantas vezes
ajudavam a atenuar o cansaço dos
duros trabalhos agrícolas.
o milho está ainda associado à
gastronomia típica do concelho e a
várias receitas e modos de confecção
tradicionais, aperfeiçoados ao lon-
go de séculos. de entre estas, vale a
pena destacar a broa de milho, bem
como os célebres biscoitos de milho.
Como se pode verificar, mais
uma vez se evidencia a estreita
relação entre os recursos de um
território, as actividades e cultura do
seu povo e a sua gastronomia!
a gastronomia courense é de
facto muito rica! Para além dos refe-
ridos pratos associados ao milho, não
poderá igualmente deixar de provar
a truta do rio Coura (habitualmente
servida acompanhada por batatas
cozidas e molho verde), os enchidos,
e os pratos à base de carne de cabrito
e anho!
no que diz respeito à doçaria,
e para além dos biscoitos de mi-
lho, são também recomendadas as
filhoses, as roscas, as rabanadas
de vinho tinto e os formigos, estes
últimos tradicionalmente servidos
na época natalícia, apesar de actu-
almente poderem ser servidos em
qualquer altura do ano.
não deixe, portanto, de aprovei-
tar a sua estadia em Paredes de Cou-
ra para saborear calmamente todas
estas iguarias! e porque não fazê-
-lo enquanto folheia o romance de
aquilino, “a Casa Grande de romari-
gães”, em que próprio escritor apela
Truta do Rio com Frutos Secos
20 Roteiros Vale do Minho21 Roteiros Vale do Minho CULTURA E TRADIÇÕES | PAREDES DE COURA 21
para a delicadeza dos sabores e paladares da cozinha courense!
Falando um pouco mais sobre a produção de cereais, é importante
ainda referir que a própria produção do linho envolvia um conjunto
de rituais, como a arrancada do linho, a espadelada e a fiada, que deram
também origem a interessantes momentos de animação, sendo a sua
realização palco de danças e cantares. na visita ao museu regional
de Paredes de Coura poderá contemplar, entre outros, alguns dos instru-
mentos utilizados para a fiação do linho, bem como algumas peças confec-
cionadas segundo os métodos tradicionais, que exemplificam os bonitos
trabalhos feitos em linho pelas mulheres courenses.
os bordados e as rendas constituem aliás símbolos do artesanato
produ-zido na região, assim como os tamancos, ou não se tratasse de um
concelho rural!
Para concluir, importa salientar o importante papel da escola de Borda-
dos de Paredes de Coura na preservação e valorização das tradições associa-
das aos trabalhos em linho e aos bordados, que em muito tem contribuído
não apenas para a sobrevivência desta arte, mas para a sua transmissão às
gerações mais novas e para a sua modernização.
outra fonte muito importante de rendimentos para os habitantes
de Paredes de Coura era a produção de gado bovino, aproveitando as
amplas áreas de prados e também as grandes manchas de monte, que favore-
ciam a pastagem do gado. de referir, em particular, a criação de gado da raça
barrosã, actualmente consagrada com o estatuto de denominação de
origem Protegida (doP).
Vaca Barrosã
Vinho Alvarinho
22 Roteiros Vale do Minho23 Roteiros Vale do Minho
o facto de Paredes de Coura se
situar, em parte, em áreas de mon-
tanha, restringia a fertilidades dos
seus solos e a extensão das terras
cultiváveis, pelo que a criação de
gado surgia como uma forma de
rentabilizar os recursos naturais (solo
e água) e, simultaneamente, bene-
ficiar de um relevo eventualmente
menos favorável a outro tipo de
actividade. actualmente, a raça
Barrosã é uma das mais apreciadas
pelo que deverá aproveitar a sua
estadia para se deliciar com alguns
dos pratos em que esta carne é rainha.
não pode deixar Paredes de
Coura sem visitar a aldeia de Bico,
aldeia típica que integra o “roteiro
de aldeias de tradição de Portu-
gal”, promovido pela associação de
turismo de aldeia, em conjunto
com outras associações de desen-
volvimento regional. Famosa pelo
Núcleo Rural de Gaviães
seu folclore e hospitalidade das suas
gentes, esta aldeia tem beneficiado
de um conjunto de investimentos,
essencialmente com o objectivo
de preservar e valorizar a sua iden-
tidade, através da recuperação de
casas típicas para alojamento e res-
tauração, assim como da preserva-
ção de caminhos e fachadas. a visita
à aldeia do Bico é uma oportunida-
de única de contacto com o modo
de vida tradicional das gentes de
Paredes de Coura, desfrutando
paralelamente de uma estadia
relaxante, em que pode provar
alguns dos pratos típicos da aldeia,
como a sopa de mel, a feijoada
à moda de Bico, as papas de milho-
-miúdo, os rojões, as trutas e as belou-
ras de milho.
não fosse Paredes de Coura
uma vila minhota, à qual sempre se
associa a alegria do folclore, da boa
22 Roteiros Vale do Minho23 Roteiros Vale do Minho CULTURA E TRADIÇÕES | PAREDES DE COURA 23
mesa e da partilha, e estranharíamos a quantidade de festas e romarias que
aqui têm lugar, mais uma vez reflectindo as crenças e tradições do povo cou-
rense. as festas do concelho ocorrem a 10 de agosto, com a celebração dos
Combates de travanca e em homenagem a s. lourenço. outras festas
e romarias merecedoras de destaque são a Festa da senhora do livramento,
realizada no lugar de outeiro, durante o mês de Julho e a romaria de s. Bento
da Porta aberta (igualmente realizada no mês de Julho). mas muitas outras
existem e lhe garantirão certamente momentos de alegria e convívio com
as gentes locais.
a propósito: sabe a que se deve o nome de s. Bento da Porta aberta?
Conta a lenda que depois dos habitantes de Cossourado terem colocado o
santo na capela recentemente inaugurada, o mesmo viria a aparecer no dia
seguinte em cima de uma árvore, apesar de todos garantirem que a porta
havia ficado fechada toda a noite! admirados quer pelo circunstância de
s. Bento ali se encontrar, quer pelo facto do presumível ladrão não a ter efecti-
vamente roubado (dado o seu grande valor), os habitantes foram chamar o
pároco e todos se aproximaram da árvore, tentando perceber, em vão, como
tal mistério se teria dado… Convencidos que havia sido obra de um malan-
dro, voltaram a colocar o seu patriarca no altar principal, e voltaram aos seus
afazeres, não sem antes mudarem a fechadura e a terem fechado a quatro
voltas de chave! mas não é que, apesar de todos estes cuidados, a proeza se
repetiu no dia seguinte? e em muitos outros que se foram seguindo, sem
que ninguém percebesse como tal era possível… as opiniões dividiam-se, e
Núcleo de Moinhos de Porreiras
24 Roteiros Vale do Minho
A NÃO PERDER:MuSEu REGiONAl DE PAREDES DE COuRALocalizado na sede de concelho, o Museu Regional de Paredes de Coura encontra-se instalado na antiga Quinta e Casa da Veiga, originalmente pro-priedade da família Castro Antas, Vis-condes do Peso de Melgaço. Após ter sido adquirido pela Câmara Municipal, este conjunto foi objecto de obras de adaptação e o novo espaço museoló- gico foi inaugurado em Outubro de 1997 integrando desde Novembro de 2001 a Rede Portuguesa de Museus.Este Museu é composto por três galerias de exposição e ainda pela antiga casa rural. O primeiro núcleo é dedicado ao “linho”, o segundo aos trabalhos agrícolas e no terceiro ao património arqueo-lógico do conce-lho. Digna de destaque é certamente a antiga casa rural, que foi recuperada e musealizada, onde é possível per-ceber toda a organização do espaço doméstico de uma família minhota. O espaço da cozinha tem uma eviden-te centralidade e o forno a lenha ainda funciona – se tiver sorte, pode ser que no dia da sua visita estejam a confeccio-nar biscoitos de milho!Rua Aquilino Ribeiro, tel.: 251 780 122Horário de funcionamento:das 14h às 18h (Inverno)Das 14h às 19h (Verão). Encerra à segunda-feira.
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26 Roteiros Vale do Minho27 Roteiros Vale do Minho
cobrir muitas outras, sempre associa-
das aos elementos patrimoniais mais
emblemáticos de Paredes de Coura.
dependendo da época do ano
em que realize a sua visita, poderá
assistir a muitas outras festas e roma-
rias de cariz religioso.
Paredes de Coura dispõe ain-
da de um moderno e magnífico
Centro Cultural , onde poderá as-
sistir a diversos eventos culturais, des-
de cinema nacional e internacional
a espectáculos de bailado, música e
teatro. Para mais informações sobre
a programação do Centro, poderá
consultar a Câmara municipal de
Paredes de Coura.
Por último, não poderíamos dei-
xar de referenciar o Festival de Paredes
de Coura! realizado anualmente des-
de 1993, durante os meses de Julho
e agosto, este é talvez o evento que
Centro Cultural de Paredes de Coura
aumentava a tristeza de alguns cren-
tes, que começavam a pensar que
s. Bento não gostava da capela que
com tanto sacrifício lhe haviam cons-
truído! até que alguns começaram
a questionar se seria pelo facto de
a capela ser pouco iluminada e da
sua porta ser um pouco pesada…
após muitas discussões, decidiram
mandar fazer uma porta gradea-
da, que fosse bastante aberta, para
permitir a entrada de luz e a contem-
plação da paisagem. efectivamente,
depois de colocada esta nova porta,
s. Bento nunca mais saiu da capela,
pelo que a partir daquele momen-
to se passou a designar por Capela
de s. Bento da Porta aberta.
esta é apenas uma das muitas
lendas que povoam o imaginário
deste concelho e que traduzem a
sua riqueza cultural, mas poderá des-
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26 Roteiros Vale do Minho27 Roteiros Vale do Minho HISTÓRIA E PATRIMÓNIO | PAREDES DE COURA 27
melhor exemplifica a forma como o concelho tem sabido aliar a sua ruralidade
a uma vivência de modernidade, e onde se conjugam, de forma harmoniosa,
os elementos culturais do passado e do presente, contribuindo também para o
enriquecimento da experiência de todos quantos aqui vivem ou por aqui passam.
este festival, tendo surgido numa época em que praticamente não havia
em Portugal manifestações de música moderna com estas características,
tem vindo a crescer ao longo dos tempos, não apenas em termos de dimen-
são mas também em termos de reconhecimento público nacional e inter-
nacional. diversas vezes considerado como um dos melhores festivais de
música realizados em território português, em 2005, foi considerado pela
revista rolling stone (edição espanhola) como um dos cinco melhores
festivais de verão da europa.
o Festival de música tem lugar na Praia Fluvial do Taboão , local
muito aprazível, que deverá visitar. efectivamente, o facto do Festival se
realizar num anfiteatro natural, junto às margens do rio Coura, com um
extenso relvado e com uma paisagem muito apelativa contribui certa-
mente para a criação de um ambiente sui generis e que muito tem agra-
dado a todos quantos têm participado neste festival.
não deixe de visitar Paredes de Coura durante a realização deste
Festival e delicie-se com os concertos, a paisagem, o espírito de camara-
dagem e toda a hospitalidade do povo courense, que tudo fará para que
a sua visita seja inesquecível!
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Praia do Taboão – Local do Festival Paredes de Coura
28 Roteiros Vale do Minho
em Paredes de Coura a nature-
za assume, como vimos, um mere-
cido protagonismo já que, efecti-
vamente, as magníficas paisagens
agrícolas rasgadas pelos picos
montanhosos, em diferentes tona-
lidades de verde, são um pequeno
paraíso natural.
a paisagem convida ao des-
canso e ao relaxamento, mas tam-
bém a passeios revigorantes por
NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER
Paredes de Coura
28 Roteiros Vale do Minho NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER | PAREDES DE COURA 29
entre as manchas florestais, sendo possível realizar um conjunto alargado
de percursos pedestres e ainda visitar o Centro de Educação e interpre-
tação de Corno de Bico (CEiA) . mas já lá iremos …
a beleza cénica, o estado de preservação dos recursos naturais
e também a riqueza biofísica do território de Paredes de Coura
assumem especial relevância nas áreas abrangidas pela Paisagem Prote-
gida de Corno de Bico, consagrada também com o estatuto de sítio de
Importância Comunitária (sIC) da rede natura 2000, uma rede ecológi-
ca para o espaço da união europeia, que pretende contribuir para
a protecção da biodiversidade através da preservação dos habitats
naturais e da fauna e flora selvagens.
NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER Praia do Taboão
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30 Roteiros Vale do Minho
situada no limite sudoeste do
concelho, com uma área com cer-
ca de 2.175 hectares, e abrangendo
as freguesias de Bico, Castanheira,
Cristelo, Parada e vascões, a Paisa-
gem Protegida de Corno de Bico
obteve o reconhecimento da sua
importância ecológica e a sua clas-
sificação, essencialmente devido
à presença de um extenso e bem
conservado coberto florestal. Com
especial destaque para as florestas
de carvalhos e de carvalhos-negral,
é igualmente possível encontrar
vidoeiros, arandos e bétulas. os
azevinhos, também uma espécie
protegida, destacam-se por entre
as manchas de carvalhos, invocan-
do a harmonia e o respeito pela
natureza dos povos que por aqui
foram habitando.
Integrando as cabeceiras de três
Paisagem Protegida do Corno do Bico
NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER | PAREDES DE COURA 31
dos principais cursos de água do alto minho – os rios labruja, Coura
e vez –, esta zona é igualmente rica pela presença de matas frondosas
de amieiros, salgueiros e freixos que convidam inequivocamente
à contemplação de uma paisagem praticamente intocada pelo Homem.
a fauna é igualmente rica. Poderá por aqui avistar espécies protegi-
das como o lobo e a toupeira de água, ou outras espécies igualmente
interessantes, como a lontra, o tritão palmado, a gineta, o corço e o javali,
entre outras.
mas a melhor forma de apreciar a natureza em paredes de Coura
é indiscutivelmente através da realização de percursos pedestres que
permitem circular por todo o território apreciando aquilo que de melhor
a natureza tem para nos oferecer.
a Câmara de Paredes de Coura desenvolveu uma rede de 17
Percursos Pedestres, sendo um de Grande rota (Gr) e os restantes
16 de Pequena rota (Pr).
a travessia do alto Coura (percurso Gr) é um percurso pedestre
e equestre que poderá ainda ser feito com o auxílio de bicicletas
de todo o terreno (Btt). se é um apreciador deste tipo de desportos,
não pode deixar de fazer este percurso que lhe dará a conhecer a re-
gião mais montanhosa de Paredes de Coura, e em que poderá apreciar
não apenas os traços naturais da paisagem do concelho, mas também
os vestígios de uma ocupação e trabalho agrícola que, ao longo dos
Paisagem Protegida do Corno do Bico
32 Roteiros Vale do Minho
Eira Comunitária de Porreiras
Cascata das Lages Altas
tempos, foram adaptando a ter-
ra às necessidades das gentes,
preservando-a e valorizando-a
para que hoje a possamos apre-
ciar! durante a realização deste
percurso poderá ainda aproveitar
para conhecer alguns dos ícones
turísticos de Paredes de Coura,
como a Eira Comunitária de
Porreiras , a Colónia agrícola de
lamas, o Núcleo Megalítico de Chã
de lamas-----ou a antiga fábrica de
lacticínios de miguel dantas, onde
se terá produzido o primeiro queijo
de tipo flamengo em Portugal.
efectivamente, a maior parte
dos percursos disponíveis permi-
tem usufruir de uma paisagem de
extrema beleza ao mesmo tem-
po que, aproveitando pequenas
pausas, poderá visitar alguns mo-
numentos e ficar a conhecer um
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32 Roteiros Vale do Minho NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER | PAREDES DE COURA 33
Praia de Casaldate
pouco mais sobre a história, a cultura e as tradições de Paredes de Coura.
o trilho dos miliários, o trilho do Pastor, o trilho de aquilino ou o trilho
dos moinhos são apenas alguns dos percursos existentes, que combinam
estas diferentes vertentes do passado e do presente deste concelho. Para
informações mais específicas sobre os diversos percursos existentes de-
verá contactar a Câmara municipal ou o turismo.
a Cascata das lages Altas , em Infesta, considerada um local idílico
pela forma espectacular com que as águas do ribeiro caem pelos penedos,
formando esta lindíssima cascata, é outro dos pontos que não poderá dei-
xar de visitar durante a sua estadia em Paredes de Coura.
outra belíssima zona cuja visita se recomenda é Casaldate,
na freguesia de Parada, onde, para além de uma belíssim praia
fluvial,10), poderá também encontrar um conjunto de moinhos
de água invocativos da tradicional transformação de cereais,
permitindo-lhe usufruir de uma experiência em que a natureza
e a cultura se encontram mais uma vez de braço dado!
também aqui poderá apreciar a pesca artesanal da truta,
espécie muito apreciada e que, provavelmente, não deixará de apreciar
numa das suas pausas.entre as zonas ribeirinhas e os picos mais altos
da montanha encontrará um conjunto de miradouros (trilho dos
miradouros) a partir dos quais poderá apreciar a vastidão da
paisagem, os cursos de água a romper aqui e ali, por entre picos
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10
34 Roteiros Vale do Minho
Praia do Taboão
montanhosos e pequenas povoa-
ções, podendo aproveitar para regis-
tar o momento com algumas foto-
grafias para mais tarde recordar.
sem dúvida, não faltarão em
Paredes de Coura espaços naturais
para que possa descansar, fazer um
piquenique ou descobrir inúmeros
tesouros escondidos por entre as
matas!
antes de partir, não deixe de se
deleitar um pouco com a enérgica
paisagem e ambiência Praia Flu-
vial do Taboão e, se o tempo
assim o permitir, aproveite para ir
a banhos e refrescar-se um pouco!
será uma óptima forma de retem-
perar energias para o regresso a
casa, que lhe deixará certamente
uma enorme vontade de regressar!
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Turfeira do Lameiro das Cebolas
34 Roteiros Vale do Minho NATUREZA E ACTIVIDADES DE LAZER | PAREDES DE COURA 35
NÃO PERDER:CENTRO DE EDuCAÇÃO E iNTERPRETAÇÃO AMBiENTAl Instalado numa pequena colina da Colónia Agrícola, a cerca de 11 km da vila, o CEIA tem para oferecer um vasto leque de actividades, proporcionando aos visitantes a oportunidade de con-tactar com os valores naturais e histó-rico-culturais da Paisagem Protegida de Corno de Bico bem como de experi-mentar tradições e costumes.O edifício principal é composto pela re-cepção, pela sala de exposição, por uma oficina, um auditório com capacidade para 40 pessoas, um laboratório, um centro de documentação e um gabine-te técnico. O centro de acolhimento, localizado mesmo ao lado, possui camaratas fe-mininas e masculinas com capacidade para 40 pessoas. A Casa do Professor dispõe de um quar-to de casal e dois duplos e tem capaci-dade para acolher 6 pessoas. tel.: 251 780 010 • fax: 251 780 019telm.: 927 401 500e-mail: [email protected]ário de Funcionamento: 1/Maio a 30/Setembro: de 3.ª feira a Do-mingo, das 10h às 13h00 e das 14h às 18h00. 1/Outubro a 30/Abril, de 2.ª a 6.ª feira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00-17h30. Mediante marcação pode fornecer serviços ao fim-de-semana. Para mar-cações ou mais informações pode con-tactar a Câmara Municipal ou o próprio CEIA.
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MAPAS | PAREDES DE COURA 37
38 Roteiros Vale do Minho39 Roteiros Vale do Minho
Pelourinho de Paredes de CouraCapela do Divino Espírito Santo
ROTEIRO 1Paredes de Coura
1 Capela do Divino Espírito Santo
1 41º 54’ 36,74’’ n, 8º 33’ 42,36’’ W
2 Antiga Cadeia e Pelourinho
41º 54’ 44,19’’ n, 8º 33’ 36,78’’ W
3 Museu Regional de Paredes de Coura
1 41º 54’ 46,14’’ n, 8º 33’ 31,5’’ W
4 Centro Cultural de Paredes de Coura
41º 54’ 43,4’’ n, 8º 33’ 46,62’’ W
5 Palacete Miguel Dantas
41º 55’ 3,35’’ n, 8º 34’ 24,73’’ W
6 Capela de Nossa Senhora da Conceição
41º 56’ 41,6’’ n, 8º 33’ 54,03’’ W
7 Casa de Santa Ana da Seara
41º 55’ 50,68’’ n, 8º 35’ 51,15’’ W
8 Ponte Romano-Medieval de Rubiães
41º 54’ 22,88’’ n, 8º 37’ 31,67’’ W
38 Roteiros Vale do Minho39 Roteiros Vale do Minho
Capela de Ecce Homo
9 Albergue dos Peregrinos
41º 53’ 58,03’’ n, 8º 37’ 27,81’’ W
10 Núcleo de Marcos Miliários de Antas
41º 53’ 57,36’’ n, 8º 38’ 34,21’’ W
11 Via Romana
41º 53’ 47,19’’ n, 8º 37’ 30,91’’ W
12 igreja Românica de Rubiães
41º 53’ 47,19’’ n, 8º 37’ 31,48’’ W
13 Casa Grande de Romarigães
41º 52’ 0,55’’ n, 8º 37’ 31,79’’ W
14 Casa do Outeiro
41º 53’ 5,19’’ n, 8º 36’ 54,07’’ W
15 Capela de Ecce Homo
41º 55’ 10,71’’ n, 8º 32’ 35,09’’ W
15
PONTOS DE INTERESSE | PAREDES DE COURA 39
AuDiO
ViDEO
ViSiTA ViRuAl
MODElAÇÃO 3D
Utilize o leitor de MP4, o software de navegação ou CD-ROM intera-tivo para obter mais informação sobre estes pontos de interesse
LEGENDA
40 Roteiros Vale do Minho41 Roteiros Vale do Minho
Cascata das Lages Altas Penedo das Vistas
1 Povoado Fortificado de Cossourado
41º 54’ 57,36’’ n, 8º 38’ 14,94’’ W
2 Povoado Fortificado de Romarigães
41º 52’ 14,82’’ n, 8º 37’ 24’’ W
3 Cascata das lages Altas
41º 53’ 55,26’’ n, 8º 34’ 48,68’’ W
4 Penedo das Vistas
41º 54’ 32,4’’ n, 8º 33’ 49,58’’ W
5 Praia do Taboão
41º 55’ 10,16’’ n, 8º 34’ 2,13’’ W
6 Povoado Fortificado da Giesteira
41º 56’ 25,43’’ n, 8º 33’ 37,25’’ W
7 Núcleo Rural de Reirigo
41º 57’ 4,26’’ n, 8º 33’ 39,3’’ W
8 Núcleo Moinhos de Porreiras
41º 57’ 17,28’’ n, 8º 33’ 22,41’’ W
9 Eira Comunitária de Porreiras
41º 57’ 19,02’’ n, 8º 33’ 13,8’’ W
10 Praia de Casaldate
41º 54’ 53,44’’ n, 8º 32’ 7,03’’ W
ROTEIRO 2Paredes de Coura
40 Roteiros Vale do Minho41 Roteiros Vale do Minho PONTOS DE INTERESSE | PAREDES DE COURA 41
Miradouro da Senhora da Pena
11 Castro de São Sebastião
41º 54’ 23,49’’ n, 8º 32’ 20,86’’ W
12 Miradouro do Penedo do Rebolinho
41º 51’ 51,38’’ n, 8º 33’ 3,66’’ W
13 Núcleo Rural de Gaviães
41º 52’ 30,5’’ n, 8º 32’ 0,52’’ W
14 lameiro das Cebolas
41º 51’ 42,65’’ n, 8º 31’ 22,43’’ W
15 Núcleo Rural de Giesteira
41º 53’ 24’’ n, 8º 30’ 26,22’’ W
16 Núcleo Megalítico de Chã de lamas
41º 54’ 38,47’’ n, 8º 29’ 41,39’’ W
17 lagoa da Salgueirinha
41º 54’ 36,1’’ n, 8º 29’ 34,29’’ W
18 Paisagem Protegida do Corno de Bico - CEiA
41º 54’ 49,53’’ n, 8º 29’ 32,41’’ W
19 Miradouro da Senhora da Pena
41º 55’ 56,6’’ n, 8º 33’ 18,9’’ W
Bibliografia ConsultadaalmeIda, Álvaro duarte de e Belo, duarte (coord.) (2007), Portugal Património. Guia – Inventário (volume I: viana do Castelo, Braga e Porto), mem martins: Círculo de leitoresalmeIda, Carlos alberto Ferreira de (1987), alto minho, lisboa: editorial PresençaGouveIa, adelino; leIte, José vieira; dan-tas, rui (Coord.), raça Barrosã; amIBa: associação dos Criadores de Bovinos de raça Barrosã, Braga.mendes, maria Clara (coord.) (1985), Por terras de Portugal, lisboa: selecções do readers digestmonteIro, miguel (s/d), marcas arqui-tectónicas do “Brasileiro” na Paisagem urbana e Periférica, disponível on-line em: http://www.museu-emigrantes.org/casas%20brasileiras.pdf monteIro, miguel (2000), Casas de Bra-sileiro: o público e o privado, disponível on-line em: http://www.museu-emigrantes.org/publico_privado.pdfsIlva, maria de Fátima matos da e sIlva, Carlos alberto m. Gouveia da (2007), Carta arqueológica de Paredes de Coura, Pare-des de Coura: Câmara municipal de Pare-des de Couravale do mInHo a.m, (2002), Brochuras promocionais do vale do minho – Paredes de CouravIeIra, José augusto (1886), o minho Pito-resco; Publicado em 2002 pela Casa museu de monção.
Websites ConsultadosCÂmara munICIPal de Paredes de Cou-ra – http://www.cm-paredes-coura.pt/IPPar (Inventariação do Património classi-ficado e em vias de classificação) – http://www.ippar.pt/pls/dippar/patrim_pesquisa aCer – associação Cultural e de estudos regionais (Inventário “vale do minho, es-paço memória e Identidade”) - http://acer-pt.org/vmdacer/ Instituto de Conservação da natureza e Bi-odiversidade (ICnB) – http://www.icnb.pt
BIBLIOGRAFIA | PAREDES DE COURA 43
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