ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa
Doutoramento em Arquitectura
dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos
Ano Lectivo 2013 / 2014 Prof. Doutora Ana Vaz Milheiro
Sustentabilidade e Dinâmica Urbana nos processos de Regeneração
(ARTE E CULTURA - PARADIGMA DA SUSTENTABILIDADE DA CIDADE TRADICIONAL?)
“ A chave do futuro encontra-se no espírito do Homem e não nas suas tecnologias” - Frederico Mayor
O desenvolvimento sustentado, integrado na dinâmica urbana deixou de passar
exclusivamente pela ‘Construção’. Cada vez mais o conceito – chave ‘Regeneração’,
reabilitação, e conectividades de rede, entrarão nos parâmetros de intervenção, para uma
política de intervenção de combate a crise (da 'cidade'), diferente da praticada nas últimas
décadas.
Sustentabilidade – modo ou condição que permite a existência continuada do homem,
possibilitando uma vida segura, saudável e produtiva, em harmonia com a natureza e os
valores culturais e espirituais locais.
O documento ‘Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável, 2002’, diz que na
década de 90, “a área construída aumentou significativamente, sendo uma das mais
elevadas da Europa, quer em termos de percentagem do território quer em termos de
área construída per capita”, o documento propõe como linha de orientação, promover uma
política de ordenamento do território sustentável, através de medidas que permitam “
contrariar a expansão urbana (em ‘mancha de óleo’), fruto de incorrectas políticas de
ordenamento do território e de inadequadas formas de criação de receitas municipais,
contabilizando as externalidades* económicas e ambientais daí resultantes,
nomeadamente em termos dos transportes (indução ao uso do transporte individual,
degradação e ineficiência dos transportes colectivos), alterações ao uso do solo e
degradação dos centros históricos, conferindo primazia à reabilitação...” (regeneração)
externalidade* - Ocorre quando o bem-estar de um consumidor ou o produto de uma empresa são afectados por decisões de consumo ou de produção de outros. A existência de externalidades implica mudanças em algumas de nossas avaliações sobre o funcionamento dos mercados.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
... “ Desenvolver uma política de habitação sustentável, visando a revalorização das áreas
suburbanas, de zonas residenciais degradadas e a reabilitação do parque urbano. Esta
política deverá assentar em três vectores:
- A Durabilidade, nomeadamente dos materiais de construção e a adaptação à
ocupação ao longo do tempo;
- A coesão social, garantindo a acessibilidade ao mercado de habitação ... diminuir
os custos indirectos resultantes dos transportes / localização;
- A eficiência ecológica, contemplando a racionalização do uso do solo, dos
materiais de construção, da energia e da água.”
A quase inesgotável possibilidade de expansão urbana consagrada nos PDMs alimentou
até agora os interesses imobiliários, tendo potenciado a actual crise, uma vez que
permitiu (passivamente) um crescimento não sustentável. A não programação de
intervenções em espaço urbano (construído (e aproveitamento dos 'vazios urbanos'))
deixou em suspenso esta grande reserva, que são os centros urbanos (tradicionais) das
cidades - com um potencial resiliente que absorve facilmente alterações programadas de
uso (regeneração). Os espaços construídos são o futuro das oportunidades da cidade.
Uma das ferramentas para a realização da requalificação e para a redefinição funcional
serão os processos de Regeneração.
‘Hoje’, fruto de uma maior consciência dos problemas da dispersão, alentados pela crise
do mercado imobiliário, começa-se a despertar para a Regeneração Urbana. Os centros
tem sido progressivamente abandonados. O nosso país é o pais da União Europeia que
menos investe em Recuperação / Reabilitação / Regeneração.
As lógicas de mercado têm-se acomodado à expansão urbana. Os técnicos e promotores
achavam mais fácil e acessível construir a partir do nada. Este facto é agravando pela
insuficiente formação (informação) para as práticas e processos de regeneração,
agravados por não existir uma dinamização do mercado de regeneração - faltou uma
política e sistemas de penalizarão da construção nova e incentivos á 'regeneração
urbana'.
A super – valorização do preço do solo urbano (e da construção), colocam o acesso a
casa própria a níveis muito altos, e o desequilíbrio do mercado de arrendamento, tornou
pouco fluida a mobilidade residencial ('o pequeno proprietário quis ser especulador').
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
Actualmente com a crise do financiamento, os problemas energéticos e a necessidade de
melhor gestão de recursos põe em causa a manutenção de enormes fracções da cidade
que estão vazias ou obsoletas. O desaproveitamento de infra – estruturas urbanas
existentes, os gastos de energia em deslocações, a extensão dos serviços urbanos
(recolha de lixos, segurança), a ampliação dos espaços e vias a conservar, facilmente
revela os custos ocultos das políticas de expansão. Os processos de regeneração
assumem assim um papel de acção estruturante para a recriação e reabilitação de modo
sustentável dos espaços da cidade, exigindo um urbanismo mais interventivo e uma
disposição activa para soluções participativas e abertas.
Os processos de regeneração têm algumas dificuldades iniciais a ultrapassar. O tecido
preexistente em muitos casos não se encontra capaz de receber as actuais exigências de
conforto urbano. A resolução de problemas de propriedade, o fraccionamento da
propriedade dificulta as operações integradas em conjuntos urbanos. A circulação e o
estacionamento automóvel constitui um obstáculo a ultrapassar, essencial para o sucesso
da operação. A articulação da operação com as preexistências, a programação da
ocupação têm que ser estudadas ao nível da cidade, envolvendo novos mecanismos,
estudos de viabilidade, e processos de acção (assim como novos processos de marketing
(por operação)), devendo todos os intervenientes acordarem de modo participativo as
acções (município, promotores, moradores - devendo o processo ser o mais participativo
possível para um consenso alagado - para o sucesso da operação).
A regeneração urbana tem de evidenciar vantagens, de modo a ganhar adeptos,
redireccionar o mercado, demostrando o valor da alternativa. As acções de regeneração
devem valorizar o património urbano e ambiental, fiscalidade adequada, redefinição de
índices, definição e programação da circulação e estacionamento articuladas com a
mobilidade urbana e implementação de processos de renovação do espaço publico – o
redesenho do espaço público mais acolhedor e com maior conforto urbano, readaptado a
novas vivências das cidades provoca sinergias atractivas.
Abordagem sobre o Processo e Metodologia de Regener ação
A Regeneração Urbana e Ambiental são estratégias e acções sustentáveis destinadas a
potenciar os valores sócio – económicos, ambientais e funcionais de determinadas áreas
de modo a elevar a qualidade de vida das populações residentes, melhorando as
condições físicas do parque edificado, os níveis de habitabilidade e equipamentos
comunitários, infra-estruturas, instalações e espaços livres.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
O Processo regeneração Sustentável terá de constituir e fazer parte integrante dos
processos de fazer cidade. É urgente a criação de opções estratégicas e definições de
acções necessárias à sua eficaz implementação. Um factor importante do sucesso de
uma acção de Regeneração passa pela interacção entre os vários agentes envolvidos. Os
técnicos devem adoptar uma abordagem mais integrada no conjunto estudado, tendo em
consideração os fundamentos da sustentabilidade e dos valores ambientais (como a eco
– eficiência e sustentabilidade nos processos construtivos). É essencial o trabalho em
equipar multidisciplinares, de modo a atingir objectivos de um modo mais eficaz – através
de soluções optimizadas, métodos e ferramentas de controlo do desenho urbano, custo,
ambiente, monitorização, manutenção, vida útil, energia, gestão de resíduos, saúde,
tecnologia, etc. O Processo deve possuir ferramentas de gestão que possam assegurar a
funcionalidade do sistema e a flexibilidade de usos (sistema aberto).
Uma metodologia de intervenção sustentável passa pela análise do território, nas mais
diversas componentes e reportar as debilidades e potencialidades. A análise segundo
indicadores de sustentabilidade produz meios de comparação com outros sistemas. A
síntese das análises referidas determina os principais aspectos a trabalhar para que um
determinado território se requalifique.
Os objectivos Gerais de uma sustentável estratégia ou acção de Regeneração são os
enunciados na ‘Carta de Aalborg’**
A definição dos objectivos específicos da ‘regeneração’ deverá ser discutida e analisada
pelos intervenientes locais e investidores (estratégia de acção prevista na Agenda 21). Os
técnicos deverão fazer parte do processo como mediadores, moderadores, elaboração de
processos geradores de consensos e produtores de instrumentos eficazes para a
realização dos objectivos a atingir.
O processo de Regeneração não deve de modo algum ser um sistema fechado. Deve
possuir um sistema de gestão processual que possa introduzir e rectificar vectores de
modo a gerar actualizações constantes à programação. Esta abertura programática
permite que no fim de cada ciclo ou fase seja feita uma avaliação. A avaliação do
processo e a introdução de informação permite (se for caso disso) redefenir o plano inicial
e criar ou recriar novas ferramentas. Através deste processo o plano e os objectivos a
atingir actualizam a sua sustentabilidade e eficácia perante o sistema de intervenção.
** Carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade (aprovada pelos participantes na Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis, realizada em Aalborg, Dinamarca, a 27 de Maio de 1994)
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
O lançamento de uma iniciativa de Regeneração (Urbana) deve ser fundamentada
através da criação ou consolidação de parcerias e de sensibilização da comunidade
global (área de abrangência ).
A realização de Diagnóstico do Sistema de Intervenção permite identificar as principais
potencialidades e debilidades, oportunidades e ameaças. O estrutura desta análise deve
ter uma componente participativa da comunidade, dos agentes e parcerias e uma
componente técnica.
O diagnostico / Análise deverá reportar debilidade e potencialidades nas seguintes
componentes: Localização Geográfica; Ambiente e Paisagem (urbano e natural);
Património; Habitação; Educação; História e Urbanismo; Demografia e ‘Fisionomia’ Social;
Dinâmica Económica e Profissional; Turismo; Transportes; e Cultura e Lazer.
A realização de um documento de análise de uma área deverá cruzar as várias
componentes estudadas aplicando-lhes uma matrizes SWOT – Strenghts, Weakness,
Opportunities e Threats – pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças.
Tendo por base as matrizes SWOT anteriormente referidas (uma por cada componente
estratégica definida), efectuar-se-á um esforço de reflexão e síntese tendo em vista a
produção de uma matriz SWOT global incidente sobre a área de abrangência da
intervenção, permitindo, deste modo, não só efectuar um retracto da situação actual, mas
também introduzir uma dimensão prospectiva relativamente a: evolução e significado dos
pontos fortes e fracos num contexto temporal; evolução e significado das oportunidades e
ameaças que foram possíveis identificar tendo em vista o dinamismo do contexto interno
num horizonte de médio prazo.
• Consideração, na realização do diagnóstico, a definição de indicadores que
permitam a monitorização e futuros ajustamentos das políticas e das acções.
• Processo de validação dos indicadores definidos e os agentes económicos,
sociais e institucionais.
A Definição de áreas de actuação para a aplicação de uma estratégia de Regeneração
Sustentável deve ser definida com metas concretas para as quais se deverá caminhar.
Estas metas / objectivos deverão ser de carácter científico, social ou cultural, a curto,
médio ou longo prazo.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
O processo de definição de objectivos / Metas deve envolver os vários participantes e
actores do processo, de modo a produzir uma Proposta Estratégica de Regeneração
sustentável (Planeamento participativo):
A análise e avaliação dos dados do diagnóstico e as reuniões com os vários actores auto
- define as Grandes Opções e Linhas de Orientação Estratégica Conducentes ao Plano
de Acção de um Processo de Regeneração, resultando a definição dos grandes
objectivos gerais e por área estratégica, formulando-se as estratégias adequadas à
prossecução desses objectivos e definindo um leque de acções concretas estruturadas
através de modelo de gestão adequados que funcionem como ferramenta descritiva e
operacional corporizando as estratégias do processo de Regeneração;
O Modelo de Gestão descritiva e operativa por acção, poderá ser o seguinte:
� Designação da acção;
� Área estratégica de intervenção;
� Descrição detalhada da acção;
� Justificação respeitante à área estratégica em que se integra;
� Justificação/efeitos noutras áreas estratégicas;
� Contributos para a sustentabilidade;
� Síntese de efeitos esperados;
� Pontos fortes e fracos da acção (incluindo apreciação do grau de exequibilidade);
� Identificação de alternativas para a sua implementação;
� Identificação dos agentes envolvidos ou a envolver e do seu grau de compromisso;
� Investimento expectável;
� Fontes de financiamento possíveis;
� Complementaridades com outros projectos e prioridades temporais;
� Calendarização prevista para a execução;
� Actividades a impulsionar no processo;
� Elementos para a avaliação da acção (indicadores específicos).
A Criação do Plano de Acção como elemento central no processo de Regeneração sustentável
trata-se da criação de um instrumento de gestão orientado para a implementação de estratégias
identificadas. Este Instrumento de intervenção deverá ser tão prático quanto possível surgindo
como resultado das conclusões. O Plano de Acção de Regeneração identifica acções concretas a
implementar bem como a sua descrição, os seus promotores e os parceiros envolvidos. Este
instrumento deverá estar aberto a novos contributos.
O Plano de Acção de um Processo de Regeneração, consubstancia as Linhas de Orientação
Estratégica num Programa Sustentável organizado em torno de objectivos claros e faseados e
submetido a uma disciplina de monitorização técnica e financeira.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
Onde surgirem problemas, surgirão também, as soluções. Isto significa que, embora seja a
autoridade local quem conhece melhor os problemas, esta não deve solucioná-los todos sem ajuda
do exterior, por exemplo, das redes de associações, pois é de extrema importância o seu
relacionamento com outras autoridades locais.
Existem também muitas organizações, grupos e indivíduos implicados na gestão local, geralmente
designados por “actores”. Estes actores podem ser agrupados, de um modo geral, nas seguintes
categorias, embora estas se sobreponham em termos da respectiva posição numa comunidade:
Cidadãos;
Grupos de interesse;
Comércio e indústria locais;
Administração (central).
A Importância do Desenho Urbano nas Acções de Regen eração Urbana e Ambiental
Os projectos de Regeneração Urbana e Ambiental, tem de obter financiamento para a sua
realização. Sem querer, retiram o papel fundamental dos estudos de viabilidade /
económica de uma determinada acção, a qualidade do Desenho Urbano assume-se cada
vez mais como o principal factor de decisão para a realização das acções de
regeneração.
A avaliação da qualidade do Desenho Urbano de uma determinada acção de regeneração
urbana, passa por vários estágios de aproximação decorrentes do desenvolvimento e
detalhe de cada acção. O desenho urbano é a ferramenta da regeneração para ‘mudar’ a
paisagem urbana e criação de lugares onde as pessoas queiram viver, trabalhar e
interagirem em sociedade, desde a rua à ‘nova cidade’. O desenho sustentável pode
gerar novos apelos à cidade ‘tradicional’, sendo fundamental a qualidade para atrair,
redireccionar e desenvolver o mercado, mudando a perspectiva do lugar e criando valor.
Pode-se atribuir alguns aspectos chave para a criação de um Desenho Urbano de
qualidade e sustentável:
Espaços para as Pessoas – Para que os lugares sejam bem usados e bem vividos devem ser
seguros, confortáveis, com variedade e atractivos. Aos lugares deve ser atribuídas características
de distinção, e devem ser criados lugares de oportunidade e reunião.
Valorizar o Existente – O desenvolvimento, enriquecimento e valorização das qualidades dos
espaços urbanos existentes (em cada escala de intervenção - Região; Cidade; Bairro ; Rua).
Promover a Conexão – Os lugares devem ter características de fácil identificação e conexão com a
envolvente, de modo a facilitar a georeferenciação do utente com os lugares, facilitando as
deslocações e ligações entre espaços, ao nível do peão; bicicleta; transportes públicos e transporte
particular.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
Meio - Ambiente – É importante que o desenho trabalhe os espaços de modo a criar um equilíbrio
sustentável entre o ‘natural’ e o urbano. O desenho deverá tirar o máximo partido do clima, da
orientação e dos recursos naturais dos espaços, o ‘eco – desenho’ promove lugares e construções
com maior eficácia energética e com maior conforto urbano.
Formas e Usos Mistos – A criação de espaços com forma e função heterogénea estimula e
promove a coesão social, fomentam a diversidade, desenvolvimento e inovação.
Controlo do Investimento – Um processo de regeneração terá de ser bem gerido, monitorizado e
mantido (manutenção), para que o seu sucesso e sustentabilidade seja continuado. O processo
devem ter etapas definidas e mecanismos de implementação.
Promover Desenvolvimento através do Desenho – O Desenho deve ser flexível de modo a poder
responder a mudanças futuras de uso, estilo de vida e densidade de ocupação. Os processos
devem gerir eficazmente os recursos desenvolvidos, criando a flexibilidade do uso da propriedade,
dos espaços públicos, das infra – estruturas, ligações a rede de transportes, gerência do tráfego e
estacionamento.
Considerações:
- Análise e apreciação do contexto da intervenção - devem ser analisados a comunidade, os espaços, os
recursos naturais, as ligações, a flexibilidade e a ‘visibilidade’ do espaço da intervenção.
- Regeneração de estruturas urbanas – é importante analisar os movimentos casa-trabalho; densidade,
equipamentos, a morfologia urbana, a eficácia energética, a paisagem, as marcas de referência do espaço e
dos lugares e os usos;
- Transportes, mobilidade e ligações – um processo de regeneração nunca deve isolar uma área, mas sim
promover a ligação dos espaços, promovendo ligações pedonais, criação de ciclovias, gestão de transportes
públicos e tráfego, parqueamento e infra - estruturas de apoio.
- Promover e criar identidade do lugar – através de espaço urbano ‘positivo’, animação dos centros, construir
com atenção à escala do lugar, criação de edifícios e espaços multifuncionais ( com flexibilidade de usos),
criar um lugar desejado, próspero e profícuo.
ARTE E CULTURA - PARADIGMA DA SUSTENTABILIDADE DA C IDADE TRADICIONAL?
A preocupação com a cidade tradicional e com a sua regeneração tem vindo a fazer parte
de programas e iniciativas de modo a criar maior atracção de fixação e de oportunidades
através da valorização dos valores da cidade tradicional como base sustentável para uma
melhor economia, sociedade e conforto.
O movimento "capital europeia da cultura" pretende, promover a cultura local/regional da
cidade, entendendo-se este movimento como uma forma de valorizar a cultura de cidade
pressupondo que é nela que se geram os maiores fenómenos de experiências culturais
da Europa. Este movimento regenerador confere ao lugar da cultura e à arte um vector de
desenvolvimento e (re)valorização das cidades.
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
A relação da cultura e da arte com a cidade tende hoje a ser vista como contendo um
potencial ímpar de regeneração urbana.
A arte e a cultura são ingredientes de identidade da cidade, ficando em aberto o modo
como a cidade, aproveitando a oportunidade de acontecimentos culturais ‘globalizantes’, o
pode projectar de forma coerente e duradoura, para não tornar um acontecimento
regenerador numa oportunidade esgotada.
A fragmentação urbana, a degradação das relações primárias, o estímulo ao mercado, à
diferenciação e à mobilidade, converteram as novas expansões em lugares de
desencanto e desconforto urbano – traduzindo de um modo simplista o ‘Projecto Moderno’
(modernismo).
A atitude pós-moderna será a re-orientação das políticas urbanas dos subúrbios e bairros
periféricos para os centros das cidades – sustentada com operações de regeneração da
cidade tradicional?
Um caso paradigmático da cidade industrial era o seu crescimento a partir do centro para
as margens. Actualmente a resposta a decadência funcional a todos os níveis das
periferias coloca em sentido inverso, uma cidade virada para o comércio e serviços (pós
industrial) cresce "das margens para o centro".
Este crescimento só pode ser sustentável pela regeneração do centro de uma cidade,
através da re - construção de uma nova identidade para a cidade, no empenhamento de
numerosos agentes locais na construção de uma nova paisagem cultural com uma
espacialização específica - regeneração cultural. Este processo já despertou uma
dinâmica económica simbólica posta em prática por artistas e artesãos que se vão fixando
no centro degradado da cidade, existindo recuperação residencial de instauração de
zonas alternativas de produção cultural, boémia e de regeneração de zonas ribeirinhas,
manifestada na multiplicação de ateliers de design, galerias, restaurantes, etc.
No entanto o fenómenos de re - apropriação de certas zonas por ‘gente da arte e cultura’,
pode garantir que o investimento cultural teve efeitos positivos directos sobre a renovação
urbana e a imagem da cidade, no entanto o êxito está na criação de políticas continuadas
para refazer a imagem do centro da cidade e a nova identidade, de forma a que articulem
no futuro a lógica económico-política da cidade para captar a iniciativa de novos agentes
e criar novas oportunidades.
O impacto da globalização, a concorrência inter-cidades impõe, sobre a cidade,
exigências e desafios novos, cuja resolução depende da sua modernização. Uma das
ISCTE-IUL 2013/2014
trabalho realizado por : DÁRIO CAMPOS VIEIRA (66257) Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Julho 2014
formas de modernização das cidades, é através da "reinvenção da tradição" e da sua
reconversão em recurso competitivo.
A através da ‘destradicionalização’ pode mudar-se a imagem da cidade de província,
culturalmente fechada e tradicionalista, para uma cidade simbolicamente global, aberta e
em processo de modernização. O património histórico e monumental local, desempenha
um papel crucial nesta reconfiguração da identidade-imagem da cidade. Um processo de
regeneração urbana pode ser dinamizado pela globalização da imagem através das
candidaturas e títulos conferidos pela UNESCO (ex. ‘Património da Humanidade’). O
aproveitamento destes títulos proporciona a abertura ao turismo urbano e cultural, sendo
o património, um dos seus recursos mais valiosos, proporcionando à redinamização da
cultura e da economia locais, através da projecção internacional.
Nota: O tema que pretendo desenvolver na tese de Doutoramento prende-se com
as questões da resiliencia da cidade e com os processos de Regeneração Urbana,
com enfoque na importância da Arte e Cultura como a cola de ligação entre as
várias partes da cidade e o sociedade. Proponho-me igualmente estudar o
desenvolvimento da cidade durante o século XX, nomeadamente no que diz
respeito a Arte e Cultura, nomeadamente a Arte Publica, o espaço publico, as
manifestações culturais, como vectores de desenvolvimento da cidade dentro dos
processos de regeneração urbana.
BIBLIOGRAFIA
• ‘A Green Vitruvius’ – Princípios e Práticas de Projecto para uma Arquitectura Sustentável
• Better Places to Live: by Design was prepared by consultants Llewelyn – Davies in association with
Alan Baxter & Associates
• Domingues, A. , "Política urbana e competitividade" Sociedade e Território,
• ‘Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável, ENDS 2002
• Guia Europeu de Planeamento para a Agenda 21 Local
• Revista ‘Planeamento’ n.º 1 – Associação Portuguesa de Planeadores do Território (Universidade de
Aveiro)
• Salgueiro, T. B., “A Cidade em Portugal: Uma Geografia Urbana”
• Silva, Vítor Cóias e, Revista ‘Pedra e Cal’, n.º11 e 17
• Pereira, Nuno Teotónio Revista ‘Pedra e Cal’ n.º 9 e 18
• Zukin, S. , The Cultures of Cities. Cambridge (Mass.) e Oxford, Blackwell.
Top Related