cLho
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
THIAGO DE ALMEIDA REIS
ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADOR DE LÚPUS
ERITEMATOSO SISTÊMICO
Alagoinhas – Bahia
2010
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THIAGO DE ALMEIDA REIS
ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADOR DE LÚPUS
ERITEMATOSO SISTÊMICO
Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, como requisito de avaliação do componente curricular Monografia do curso de Licenciatura em Educação Física, sob orientação do professor Valter Abrantes Pereira da Silva.
Alagoinhas – Bahia
2010
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Dedico este trabalho à minha fonte inspiradora, que não está mais
presente entre nós, mas enquanto esteve me deu
imenso apoio e coragem para que eu
chegasse até o fim desta etapa,
minha eterna MÃE.
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AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me iluminando e me dado forças para concluir mais uma etapa
da minha vida;
À minha eterna mãe, uma pessoa iluminada, muito especial, que fez de mim
um homem, que me apoio, incentivou, me fez ver que sou capaz, me ensinou a
viver, me ensinou a ser responsável e cumprir com minhas obrigações, me preparou
para que com a sua partida eu estivesse pronto para assumir as responsabilidades
de cuidar da família e não desistir dessa batalha;
Ao meu pai que me apóia, meu eterno agradecimento, por tudo que faz por
mim;
À minha Irmã Larissa pelo carinho e atenção que tem comigo, ao meu irmão
Leonardo que também tem influência nas minhas decisões;
À minha avó, tios e tias por estarem sempre torcendo, orando e pedindo a
Deus que meus objetivos sejam alcançados;
À minha noiva Ataline, a qual amo muito, que desde o início me apóia e está
sempre presente em todos os momentos da minha vida;
À minha sogra e meu sogro pessoas que tenho um imenso carinho e respeito,
meu eterno agradecimento por tudo que fez e estão fazendo por mim;
Ao meu primo Marcelo pelo incentivo em cursar Educação Física e pelos anos
de convivência;
Aos amigos André, Marcos e Moreno pelos momentos inesquecíveis,
obrigado pela verdadeira amizade;
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Ao grande amigo Samuel, que desistiu do curso, mas que também me deu
apoio e me ajudou ter a oportunidade de estagiar na academia;
À Gleiton e Elaine pela confiança e oportunidade de atuar como estagiário na
academia e pelo conhecimento compartilhado que com certeza irá ajudar na minha
formação profissional;
Aos amigos que fiz durante o curso, pela verdadeira amizade que
construímos, em particular aqueles que estavam sempre ao meu lado nos trabalhos,
estágios, etc, por todos os momentos que passamos durante esses quatro anos meu
especial agradecimento. Sem vocês essa trajetória não seria tão prazerosa;
Ao meu orientador, professor Ms. Valter Abrantes, pelos ensinamentos e
dedicação no auxílio à concretização dessa monografia;
À todos os professores do curso de Educação Física, especialmente aqueles
que me deram pelo menos um pouco de atenção e não me tratava com indiferença,
obrigado pela dedicação e conhecimento disponibilizados nas aulas, cada um de
forma diferente contribuiu para a conclusão desse trabalho e consequentemente
para minha formação profissional;
Em fim, gostaria de agradecer a todos os amigos e familiares, pela
compreensão, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização
desse trabalho meu eterno AGRADECIMENTO.
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“Numa sociedade com base no conhecimento,
por definição é necessário que você
seja estudante a vida toda”.
(Tom Peters)
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RESUMO
As doenças reumáticas possuem grande importância na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos, exigindo cuidados especializados por parte dos profissionais da saúde. Dentre as doenças reumáticas, o lúpus eritematoso sistêmico, destaca-se pela forma que afeta os órgãos e sistemas do corpo e os mecanismos responsáveis pela produção da doença permanecem pouco esclarecidos. A prática regular de atividade física gera muitos benefícios, dentre eles a redução do estado de depressão e ansiedade, mantém o bom funcionamento do sistema musculoesquelético, promove o bem-estar psicológico, melhora a capacidade aeróbia e reduz a fadiga. No lúpus eritematoso sistêmico, os portadores podem se beneficiar tanto pela prática de exercício resistido quanto pelo exercício aeróbio, porém devem ser realizados respeitando as limitações do portador, gerando alguns benefícios como a melhora da capacidade aeróbia, redução da fadiga, melhora da depressão e melhora da qualidade de vida. Visto que em muitas academias de musculação existem poucos professores graduados e pós-graduados que tem conhecimento sobre o lúpus eritematoso sistêmico, foi realizada esta pesquisa com o objetivo de apresentar uma revisão da literatura sobre os benefícios da atividade física em portador de lúpus eritematoso sistêmico. Para tanto, foi realizado um trabalho de base qualitativa, tendo como tipo de estudo a revisão bibliográfica, cuja estratégia de busca incluiu consulta de base de dados Scielo, Lilacs e Medline, tendo como critérios o ano de publicação, definido entre 2000 a 2010 e o idioma em português e inglês, além de fontes secundárias como livros. Com base nas informações obtidas, conclui-se que a atividade física é eficaz no tratamento não farmacológico no lúpus eritematoso sistêmico, podendo ser combinado o exercício aeróbio com o resistido. Palavras-chave: Lúpus Eritematoso Sistêmico/ Saúde/ Atividade Física.
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ABSTRACT
Rheumatic diseases are of great importance in health and quality of life for individuals requiring specialized care by health professionals. Among the rheumatic diseases, systemic lupus erythematosus, stands in the way that affects the organs and body systems and the mechanisms responsible for production of the disease remain poorly enlightened. The practice of regular physical activity produces many benefits, among them the relief of depression and anxiety, maintains the proper functioning of musculoskeletal system, promotes psychological well-being, improves aerobic capacity and reduces fatigue. In SLE, patients can benefit both the practice of resistance exercise on the aerobic exercise, but should be done respecting the limitations of the carrier, generating some benefits such as improved aerobic capacity, decreased fatigue, improved depression and quality improvement of life. Since in many bodybuilding academies there are few graduates and postgraduates teachers who have knowledge about systemic lupus erythematosus was conducted this research with the aim of presenting a review of the literature about benefits of physical activity in a patient with SLE. For this was conducted a base work qualitative, with type of study bibliographic review, which search strategy included consultation database Scielo, Lilacs and Medline, having as criteria the year of publication, set between 2000 to 2010 and the languages in Portuguese and English, beyond secondary sources as well as book. Based in obtained information, concludes that physical activity is effective in non-pharmacological treatment in SLE and may be combined aerobic exercise with resistance. Key Words: Systemic Lupus Erythematosus/ Health/ Physical Activity.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LES LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
SBR SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA
SNC SISTEMA NERVOSO CENTRAL
HA HIPERTENSÃO ARTERIAL
DM DIABETES MELLITUS
CA CÂNCER
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
PA PRESSÃO ARTERIAL
BPM BATIMENTOS POR MINUTO
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 14 2.1 CLASSIFICAÇÃO, CONCEITO, CARACTERÍSTICAS 14 E EPIDEMIOLOGIA 2.2 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DO LÚPUS NAS 17 ESTRUTURAS DO CORPO
2.2.1 Renais 18 2.2.2 Cardíacas 18 2.2.3 Pulmonares 19 2.2.4 Articulares 19 2.2.5 Sistema Nervoso Central 20
2.3 DIAGNÓSTICO 20 2.4 TRATAMENTO 21
3 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 23 3.1 ATIVIDADE FÍSICA 23 3.2 SAÚDE 25 3.3 RELAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 26 4 ATIVIDADE FÍSICA E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 31 4.1 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO NO LES 31 4.2 BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO E AERÓBIO 33 COMBINADOS NO LES 4.3 BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO AERÓBIO NO LES 35 5 METODOLOGIA 4O 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 42 REFERÊNCIAS 44 ANEXOS 51
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Goldenberg (2008), existem mais de cem doenças e síndromes
reumáticas distintas, presentes em todas as faixas etárias, que possuem grande
relevância e impactam na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos. Essas
doenças exigem cuidados especializados por parte dos profissionais da saúde e a
participação ativa dos pacientes com conscientização e com adesão plena,
representando uma em cada seis consultas realizadas pelos clínicos gerais e
comprometendo um número significativo de indivíduos da população.
Dentre as doenças reumáticas o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) destaca-
se pela gravidade em que são afetados os órgãos e sistemas do corpo. Para
Martinez et al. (2008, p. 49) o LES é definido como uma doença inflamatória crônica,
de causa multifatorial, de natureza caracterizada por presença de auto-anticorpos
em especial contra antígenos nucleares, alguns dos quais se associam à lesão em
vários órgãos-alvos.
O LES apresenta vários fenômenos que primeiro é interpretado pelo próprio
paciente. É importante que qualquer profissional saiba reconhecer os significados
dados a esses fenômenos, pois a partir do momento que o profissional faz o
reconhecimento poderá agir com mais segurança e precisão no tratamento.
Segundo Mattje e Turato (2006), o caráter do lúpus é auto-imune, isto é, o
próprio sistema imunológico ataca os tecidos do indivíduo, representando um
fenômeno da natureza: uma produção de “auto-anticorpos” ocorre e outras células
do sistema imune juntam-se á luta, provocando inflamações e depósitos que
conduzem ao dano do tecido. Apesar desses dados, os mecanismos responsáveis
pela produção dessa resposta imune permanecem pouco esclarecidos.
De etiologia não esclarecida, o desenvolvimento da doença está ligado à
predisposição genética e aos fatores ambientais. É uma doença rara, incidindo mais
frequentemente em mulheres jovens, ou seja, na fase reprodutiva, numa proporção
de nove a dez mulheres para um homem, com prevalência variando de 14 a
50/100.000 habitantes. (SATO et al., 2006).
A classificação diagnóstica do LES é realizada através da presença de quatro
ou mais critérios, simultaneamente ou não, durante o intervalo de observação, são
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eles: eritema malar, lúpus discóide, fotossensibilidade, úlceras orais, artrite, serosite,
nefrite, distúrbio neurológico, alterações hematológicas, alterações imunológicas e
fator antinuclear. (MAGALHÃES; DONADI; LOUZADA, 2003, p. 409). Porém,
existem autores que afirmam não ser comum, mas sim possível existir pacientes
com menos de quatro dos critérios de classificação.
O lúpus é uma doença que requer tratamento multiprofissional e algumas
medidas podem ser recomendadas como apoio psicológico, dieta, educação,
proteção e atividade física. De acordo com o Consenso Brasileiro de Tratamento do
Lúpus, no tratamento da doença são indicadas algumas medidas terapêuticas, entre
elas está à atividade física.
Souza e Bier (2008) definem a atividade física como qualquer
movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto energético.
De acordo com Araújo, Calmeiro e Palmeira (2005, p. 258), os benefícios inerentes à
prática da atividade física são amplamente reconhecidos, quer do ponto de vista
fisiológico, quer do ponto de vista psicológico, entre eles estão: redução do risco de
morte prematura por doenças cardiovasculares, redução dos estados de depressão
e de ansiedade, ajuda a controlar o peso corporal, reduzir a tensão arterial, manter o
bom funcionamento do sistema musculoesquelético, melhorar a mobilidade em
idosos e promover o bem-estar psicológico.
A atividade física no LES pode ser realizada através do exercício resistido e
aeróbio. O treinamento resistido pode aumentar a força muscular e dar uma melhor
sustentação ao paciente na realização de suas atividades diárias, já o exercício
aeróbio leva ao aumento do aporte de oxigênio e de substratos energéticos para os
músculos em atividade.
Durante a realização de exercício físico, ocorre liberação da b-endorfina e da
dopamina pelo organismo, proporcionando um efeito tranquilizante e analgésico no
praticante regular, que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-
esforço e, em geral, consegue manter-se um estado de equilíbrio psicossocial mais
estável frente às ameaças ao meio externo. (CHEIK et al., 2003, p. 48).
Para Póvoa (2010) é importante que o exercício aeróbio e resistido seja
realizado de maneira adaptada às limitações da dor, cansaço ou de amplitude de
movimento. Essa afirmação advém de resposta a questionamentos acerca dos
impactos e dos prováveis riscos que o exercício poderia causar aos pacientes.
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Apesar da possível indicação da atividade física no LES é necessário compreender
melhor estudos sobre o tema.
Diante desse contexto surge a seguinte pergunta: em que medida a atividade
física é eficaz no tratamento do LES?
Na orientação ou prescrição de exercícios físicos nas academias, clubes,
centro de reabilitação, clínicas e até em hospitais, o professor tem como função
elaborar um programa de treinamento específico relacionado ao objetivo de cada
aluno. Quando se trata da melhoria dos indicadores de saúde nos alunos portadores
de alguma patologia, o mesmo deve ter um conhecimento mais específico sobre a
fisiopatologia e sua relação com o esforço físico para fazer com que a atividade
física seja um fator positivo no tratamento, utilizando-se para isso princípios
mecânicos, fisiológicos e comportamentais na adaptação do treino, a fim de
minimizar os acometimentos e, assim, contribuir na melhoria da qualidade de vida do
aluno.
Esta monografia decorre justamente da intenção de debater esta problemática
e oferecer dados para um aprofundamento do tema e sua abordagem terapêutica,
especificamente no campo da atividade física. Além destes motivos, são poucos os
professores graduados e pós-graduados que tem conhecimento sobre o LES, não
por falta de interesse, mas por ser mínimo o número de alunos nas academias com
esta doença e ter poucos estudos relacionando a doença com a atividade física.
Nesse contexto, esta monografia tem por objetivo apresentar uma revisão da
literatura sobre os benefícios da atividade física nos indicadores de saúde em
portador de LES, assim como apresentar propostas de programas de exercício físico
para o tratamento não-farmacológico do LES.
14
2 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
A proposta deste capítulo é abordar o LES, iniciando com a classificação,
conceito, características e epidemiologia e prosseguindo para as principais
manifestações do lúpus nas estruturas do corpo, diagnóstico e tratamento. O estudo
de Araújo e Traverso-Yépez (2007) aponta que considerar os processos de
subjetivação da pessoa portadora na interação com o contexto do qual ela faz parte
pode influenciar positivamente no tratamento e na forma de lidar com as dificuldades
implícitas nesse processo do adoecer. Pode, ainda, contribuir para que profissionais
e pessoas afetadas estejam mais cientes dessa complexidade.
2.1 CLASSIFICAÇÃO, CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E EPIDEMIOLOGIA
O LES classifica-se como uma doença reumatológica difusa do tecido
conjuntivo, uma vez que cursa com inflamação do tecido conjuntivo e relaciona-se
com os distúrbios do sistema imunológico que passam a reagir contra uma célula,
tecido ou outro antígeno do próprio organismo. Segundo a Sociedade Brasileira de
Reumatologia (SBR), a palavra reumatismo foi introduzida por Galeno no século II
depois de Cristo, provém da palavra “rheos” que significa “fluir”, pois, naquela época,
acreditava-se que o reumatismo aparecia pelo fluxo de um “humor” vindo do cérebro
até as articulações. A SBR afirma ainda que o termo reumatismo não é um termo
adequado para denominar um grande número de diferentes doenças que tem em
comum o comprometimento do sistema músculo-esquelético, pois muitos pacientes
com doenças reumáticas podem não apresentar esse comprometimento, mas sim de
diversos órgãos, como rins, coração, pulmões, pele, entre outros.
Desde o período medieval, o termo lúpus vem sendo utilizado para descrever
diferentes tipos de lesões cutâneas com aparência da face de um lobo. (RIBEIRO et
al., 2008). Recentemente, Pereira (2009) afirmou que a palavra latina lúpus significa
lobo e sugere uma comparação entre as lesões faciais da doença e as marcas
observadas na face de alguns lobos.
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Basicamente existem três tipos de lúpus: lúpus discóide (ANEXO A), lúpus
induzido por drogas e lúpus sistêmico (ANEXO B). Segundo Araújo (2004, p. 29-30),
o termo discóide quer dizer forma circular e as lesões surgem, normalmente, em
áreas da pele expostas ao sol, aparecendo sobre a parte central da face e nariz,
produzindo a característica lesão em forma de “asa de borboleta”, mas também
podem ocorrer no couro cabeludo. O lúpus induzido por drogas ocorre em
decorrência ao uso de medicamentos, sendo comuns a hidralazina e a procaínaida,
porém isso não significa que o uso desses medicamentos necessariamente resulte
no surgimento da doença. E, por fim, o lúpus sistêmico caracteriza-se pela gravidade
em que são afetados os órgãos e sistemas do corpo.
Martinez et al. (2008, p. 49) definem o LES como uma doença inflamatória
crônica, de causa multifatorial, de natureza caracterizada por presença de auto-
anticorpos em especial contra antígenos nucleares, alguns dos quais se associam à
lesões em vários órgãos-alvos. Borba et al. (2008, p. 196) acrescentam que trata-se
de uma doença multissistêmica e de causa desconhecida. Seu curso clínico varia de
leve a grave e observam-se períodos alternantes entre a remissão e a recaída.
(MATTJE; TURATO, 2006).
O LES é uma doença auto-imune, caracterizada por inflamação vascular e do tecido conjuntivo e pela presença de anticorpos antinucleares, em particular anticorpos anti-DNA dupla cadeia. É uma doença multissistêmica, recorrente, com uma apresentação clínica extremamente variável e uma história natural imprevisível, sendo progressiva e potencialmente fatal, se não tratada. (FERREIRA et al., 2008, p. 200).
Os mecanismos responsáveis pela produção e perpetuação dessa resposta
imune permanecem pouco esclarecidos. (KOMINSKY et al., 2005, p. 53). Apesar
disso, Mattje e Turato (2006) mencionam que o lúpus é auto-imune devido ao
próprio sistema imune atacar os tecidos do indivíduo, representando um
surpreendente fenômeno da natureza: uma produção de “auto-anticorpos” ocorre e
outras células do sistema imune juntam-se à luta, provocando inflamações e
depósitos que conduzem ao dano do tecido. O surgimento de complexos de
anticorpos-antígenos e complemento, somados a uma deficiência na supressão da
sua formação, contribuem em parte para o estado clínico do doente. (PEREIRA,
2009). Numa explicação mais ampla, Ayache e Costa (2005) citam que a
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fisiopatologia do LES caracteriza-se pela formação de imunocomplexos constituídos
por autoanticorpos e auto ou heteroantígenos que se depositam na parede de vasos
de pequeno e médio calibres, em território da microcirculação. Estes, após a
ativação do sistema de complemento, ativam os mediadores da inflamação,
produzindo ao final um processo de vasculite leucocitoclástica, com frequente
necrose da parede vascular e dos tecidos por ela nutridos, gerando alterações
estruturais e funcionais em vários órgãos ou sistemas. A vasculite leucocitoclástica é
também conhecida como vasculite alérgica, angiíte por hipersensbilidade e vasculite
necrotizante e é uma doença que acomete pequenos vasos mediada por
imunocomplexos. (CASANOVA, 2000, p. 209).
Para muitos autores, a etiologia do LES ainda não é esclarecida, porém o
desenvolvimento de tal patologia está relacionado à predisposição genética e aos
fatores ambientais. Falcão et al. (2007, p. 75) acrescentam que os fatores hormonais
também estão envolvidos. O estudo de Mattje e Turato (2006) menciona que o
Colégio Americano de Reumatologia sugere que a afecção pode acontecer devido a
um defeito em retirar as células velhas e danificadas do corpo, o que causaria uma
estimulação anormal do sistema imune, porém a grande variedade de sintomas e
seu desenvolvimento gradual fazem com que, com frequência o lúpus seja
infelizmente mal reconhecido.
De acordo com Garriga, Segura e Franco (2005, p. 1942-1943), os fatores
hormonais, genéticos e ambientais constituem os fatores etiológicos do LES. Para
esses autores os estrógenos desempenham um papel importante nos fatores
hormonais devido às seguintes considerações: maior incidência feminina; diminuição
do tempo em que não existe um nível de estrógeno elevado na menarca e pós-
menopausa; e agudização da doença no puerpério ou na administração de
anticoncepcionais orais. Apesar desses dados, o mecanismo de modulação desses
hormônios ainda não está estabelecido. Com relação aos fatores genéticos os
autores afirmam que é possível que o LES resulte do impacto de certos números de
genes que atuam de forma ativa, porém um indivíduo poderia ter todas as variáveis
genéticas possíveis para adquirir a doença e mesmo assim, não adquiri-la. Já nos
efeitos ambientais, diversos estudos epidemiológicos têm documentado a ligação
dos fármacos com os sintomas clínicos do LES coincidindo com os achados de
Gomes et al. (2004, p. 220). Conforme esses autores, dentre os fatores ambientais
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envolvidos na etiologia desta doença, destacam-se determinados medicamentos
como a hidralazina, a procainamida, a D-penicilamina e a hidrazida.
O LES é mais frequente em mulheres jovens, na fase reprodutiva, numa
proporção de nove a dez mulheres para um homem, com prevalência variando de 14
a 50/100.000 habitantes em estudos norte-americanos, podendo ocorrer em todas
as etnias e em todas as partes do mundo. (SATO et al., 2006). Ferreira et al. (2008,
p. 200) afirmam que com uma incidência entre os 0,36 e os 0,53 por 100.000
casos/ano, variável de acordo com as regiões e grupos étnicos, alguns registros
referem que corresponde a 1% das doenças reumatológicas em pediatria no Reino
Unido, 1,5 a 3% no Canadá e 4,5% nos EUA. Já no Brasil, na cidade de Natal, a
incidência do LES é de 8,7 casos novos/100.000 habitantes/ano. (BEZERRA et al.,
2005).
2.2 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DO LÚPUS NAS ESTRUTURAS DO CORPO
Segundo Ferreira et al. (2008, p. 202), a forma de apresentação clínica do
LES é muito heterogênea, podendo variar entre a doença crônica e insidiosa, com
sinais e sintomas intermitentes e a doença aguda e rapidamente fatal. Pereira (2009)
relata que os sinais e sintomas do LES são febre, fadiga, emagrecimento, artrite
(ANEXO C), artralgia, erupção tipo borboleta (ANEXO D), fotossensibilidade,
alopecia, linfadenopatia, pleurite, pericardite, diarréia, anemia vasculite, síndrome
nefrótica, doenças do sistema nervoso central (SNC) e alterações da personalidade.
Alguns desses sinais podem ser melhor observados nas figuras em anexo.
Na sua forma sistêmica, o LES afeta órgãos importantes como os rins, o
coração, os pulmões e as articulações, podendo ser fatal devido às complicações
nefróticas e hematológicas. (GOMES et al., 2004, p. 221). Para Martinez et al.
(2008) fazem parte também dos órgãos acometidos a pele, serosas, sistema
nervoso central, artérias e veias.
A seguir serão esclarecidas algumas manifestações clínicas do lúpus nas
estruturas do corpo.
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2.2.1 Renais
De acordo com Ferreira et al. (2008, p. 202), a doença renal é uma das
formas mais frequentes de apresentação do LES, ocorrendo em 30-70% dos
doentes e podendo ser a sua única manifestação. Para Magalhães, Donadi e
Louzada (2003, p. 410) uma das manifestações comuns do LES, que exige
tratamento de urgência é a glomerulonefrite proliferativa difusa, esta se apresenta,
clinicamente, por haver edema, hipertensão arterial e, ocasionalmente, uremia.
Outra forma de apresentação da nefrite lúpida é a síndrome nefrótica pura que
ocorre na maioria das vezes em pacientes com glomerulonefrite membranosa.
Para Meinão e Sato (2008, p. 43) cerca de 10% dos pacientes com nefrite
evoluem para insuficiência renal e o pior prognóstico está relacionado à forma
proliferativa da doença. A hipertensão arterial (HA) é a manifestação mais frequente,
ocorrendo em cerca de 40% dos pacientes.
2.2.2 Cardíacas
As complicações cardiovasculares do LES têm recebido especial atenção nos
últimos anos, pois representam a terceira causa de mortalidade na doença.
(CARDOSO et al., 2006, p. 96). Para esses autores a forma mais frequente de
apresentação cardiovascular do LES é a pericardite, encontrada em 62% dos casos
de necropsia, mas existem também outras formas de acometimento do coração que
atingem as valvas e a cardiomiopatia com incidência de 43% e 40%
respectivamente. Esses achados coincidem com os de Araújo e Traverso-Yépez
(2007), os quais afirmam que o lúpus pode atingir todas as partes do coração, sendo
a inflamação no pericárdio a doença mais comum, que pode ou não, gerar dores no
peito, entretanto, tais prejuízos do coração podem ser oriundos da inflamação
causada pela doença em atividade ou pelo uso de medicamentos.
19
2.2.3 Pulmonares
Segundo Magalhães, Donadi e Louzada (2003, p. 413-414), o paciente com
LES pode evoluir com pneumonite que se assemelha a uma pneumonia, com
dispnéia, tosse, febre, hemoptise e pleurisia. A pneumonite aguda não é uma
manifestação comum no LES, representando menos de 10% do envolvimento
pulmonar e a pneumonite crônica caracteriza-se por dispnéia progressiva, tosse
seca, estertoses pulmonares, basais e infiltrado pulmonar, intersticial e bibasal na
radiografia de tórax.
Os mesmos autores acrescentam outras manifestações pulmonares do LES:
o derrame pleural, onde o paciente apresenta dor torácica, ventilatório-dependente,
dispnéia e atrito pleural; e, a hemorragia alveolar que apesar de ser uma
manifestação pulmonar rara é frequentemente fatal e possui um quadro clínico de
dispnéia, tosse, hemoptise, hipóxia, evoluindo para insuficiência respiratória, aguda
e franca hemoptise.
Para Furtado et al. (2001) fazem parte também das manifestações
pulmonares a pleurite, hemorragia, vasculites e HA, entretanto, de modo geral, a
alveolite fibrosante é considerada uma manifestação incomum da doença, sendo a
fibrose intersticial difusa ainda mais rara. Estima-se que somente cerca de 3% dos
casos de LES mostram sinais radiológicos de fibrose intersticial, com uma proporção
significativamente menor correspondendo a casos de fibrose intersticial grave.
2.2.4 Articulares
Para Martinez et al. (2008, p. 49) um assunto pouco estudado é o impacto do
LES e/ou de seu tratamento no tecido ósseo. O mesmo autor cita que quanto ao
envelhecimento direto do osso, não há referência de osteíte lúpica, mas a
associação entre LES e redução da densidade óssea pode ocorrer tanto pela
doença como pelo uso de terapêutica corticóide e imunossupressores. Soma-se a
isso o sedentarismo, distúrbios emocionais, proibição de exposição ao sol e mesmo
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a incapacidade funcional relacionada à doença temos um número significativo de
fatores de risco para doenças ósseas metabólicas, tais como a osteoporose.
Apesar desses achados, o papel do LES na fisiologia óssea se mantém
controverso na literatura.
2.2.5 Sistema Nervoso Central
Carneiro et al. (2006, p. 460) afirmam que os doentes com LES podem
desenvolver disfunções do SNC. Afirmam também que a sua incidência não está
firmemente estabelecida, variando entre os 14 a 75%, dependendo da população
estudada e dos critérios de inclusão utilizados, observando-se dificuldade em definir
quais as alterações que devem ser atribuídas diretamente ao LES.
O SNC é frequentemente atingindo, gerando sintomas neurológicos e/ou
psiquiátricos, como convulsões, cefaléia, síndrome orgânica cerebral e psicose.
Alguns trabalhos têm correlacionado estas manifestações à presença de alguns
anticorpos, como o anti-P ribossomal, anti-SSA, anti-DNA, anticardiolipina e
antifosfolípide, entre outros. Especula-se ainda que a ativação do sistema
imunológico possa resultar em alterações de neurotransmissores e,
consequentemente, de comportamentos. (AYACHE; COSTA, 2005).
2.3 DIAGNÓSTICO
O LES é uma doença que, pela sua complexidade e gravidade, implicando
sofisticados meios diagnósticos e terapêuticos, se insere na área de atuação dos
cuidados hospitalares. Porém, o seu processo diagnóstico pode ser iniciado a nível
dos cuidados de saúde primários, nomeadamente perante doentes com queixas
inexplicáveis de dois ou mais órgãos ou sistemas. (GRANJA, 2006, p. 445).
Na prática, costuma-se estabelecer o diagnóstico, utilizando-se os critérios de
classificação propostos, em 1982, pelo American College of Rheumatology e
21
revisados em 1997. (SATO et al., 2006). A classificação diagnóstica do LES é
realizada através da presença de quatro ou mais critérios, simultaneamente ou não,
durante o intervalo de observação, são eles: eritema malar, lesão discóide,
fotossensibilidade, úlceras orais/nasais, artrite, serosite, comprometimento renal,
alterações neurológicas, alterações hematológicas, alterações imunológicas e
anticorpos antinucleares. (BORBA et al., 2008). Porém, existem autores que afirmam
não ser comum, mas sim possível existir pacientes com menos de quatro dos
critérios de classificação.
Um fator importante para o diagnóstico do lúpus é a pesquisa de anticorpos
ou fatores antinucleares por imunofluorescência indireta, utilizando como substrato
as células HEp-2. A positividade deste teste, embora não-específico, serve como
triagem, em razão de sua sensibilidade, sendo altamente improvável a presença da
doença se o teste resultar negativo. (BORBA et al., 2008, p. 197).
2.4 TRATAMENTO
Mattje e Turato (2006) relatam que embora o lúpus possa ser um problema
fatal de saúde, atualmente, a medicina traz melhores expectativas devido às
diversas condutas terapêuticas disponíveis e, portanto, melhor qualidade de vida
para esses pacientes.
A abordagem terapêutica no lúpus depende dos órgãos afetados e a gravidade da doença. [...] São fundamentais na terapia os cuidados com nutrição, balanço hidroeletrolítico, profilaxia e tratamento precoce das infecções, além de suporte educacional e emocional dos pacientes e de sua família, o que contribui para melhor adesão à terapia. (MENDES et al., 2009, p. 402).
Para Borba et al. (2008, p. 197) e Sato et al. (2006) existem algumas medidas
gerais que fazem parte das medidas terapêuticas no tratamento do lúpus. Os
autores citam as seguintes medidas: educação, apoio psicológico, atividade física,
dieta, proteção, evitar tabagismo e controle rigoroso dos fatores de risco
cardiovasculares.
22
Segundo Sato et al. (2002, p. 364), o tratamento medicamentoso deve ser
individualizado para cada paciente e dependerá dos órgãos ou sistemas acometidos
e da gravidade desses acometimentos. O autor também esclarece que em pacientes
com comprometimento de múltiplos sistemas, o tratamento deverá ser orientado
para o mais grave. Quando houver manifestações que não responda a uma droga
pode ser necessário fazer o uso concomitante de diversos medicamentos como os
antimaláricos. Independentemente, do órgão ou do sistema afetado, os
antimaláricos, preferencialmente do sulfato de hidroxicloroquina, é indicado com a
finalidade de reduzir a atividade da doença e tentar poupar o uso de corticóides.
Além dos antimaláricos, os glicocorticóides também são utilizados no
tratamento do LES, como afirmam Amarante et al. (2008, p. 259) ao mencionarem
que a corticoterapia tem sido amplamente utilizada, em virtude de suas capacidades
antiinflamatórias e imunossupressoras em várias doenças , como no LES.
Os glicocorticóides são hormônios que atuam no controle transcricional de
geneses envolvidos na regulação de funções metabólicas, cardiovasculares e
imunológicas e esse efeito se processa através do receptor nuclear de
glicocorticóide, que é ativado, apenas após a exposição das células aos
glicocorticóides. Na década de 1950, a descoberta do potente efeito antiinflamatório
dos glicocorticóides levou à sua prescrição no tratamento de doenças reumáticas
crônicas e, atualmente, são bastante utilizados no tratamento de doenças auto-
imunes. (PINHEIRO et al., 2009, p. 401).
Diante desse contexto, é importante a participação de médicos, enfermeiros e
outros profissionais da área de saúde no tratamento do portador de LES como
também, que estes profissionais tenham a capacidade de identificar os diferentes
fenômenos desenvolvidos no LES.
Até aqui, abordou-se os principais aspectos do LES, tendo as medidas gerais
de tratamento como um fator de extrema importância no tratamento do Lúpus, bem
como as definições necessárias para o melhor entendimento do assunto. O próximo
capítulo irá abordar os benefícios da atividade física na saúde.
23
3 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Este capítulo abordará a atividade física e saúde, enfatizando os principais
benefícios da atividade física na saúde e em algumas doenças como HA, diabetes
mellitus (DM) e câncer (CA). Dados recentes, colhidos no estudo “Atividade Física e
doenças crônico-degenerativas”, mostram que diversos documentos de vários
países que tratam de prevenção e do tratamento de doenças incentivam a prática de
atividade física regular como forma de promover, de manter e de melhorar a saúde
geral de indivíduos e populações. (FERRAZ; MACHADO, 2008, p. 27).
3.1 ATIVIDADE FÍSICA
A atividade física sempre existiu na história da humanidade, sendo
confirmada através dos estudos antropológicos e evidências históricas que relatam a
existência desta prática desde a cultura pré-histórica, como um componente integral
da expressão religiosa, social e cultural. (ANTUNES et al., 2006). Atualmente, as
pessoas de todas as idades têm procurado cada vez mais pela prática de atividade
física com o objetivo de evitar o sedentarismo, melhorar o bem estar geral e, assim,
obter uma melhor qualidade de vida.
Inicialmente, convém conceituar atividade física, exercício físico e aptidão
física diante das divergências encontradas na literatura e de seu uso por vezes
incorreto. Para Souza e Bier (2008) a atividade física pode ser definida como
qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto
energético. Teixeira et al. (2009, p. 146) acrescentam que esse gasto energético
deve ser maior que os níveis de repouso. Para Pitanga (2002, p. 51) a atividade
física é exemplificada por jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos,
atividades laborais e deslocamentos.
O exercício físico é conceituado por Gonçalves et al. (2007, p. 206) como uma
atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos orientados, com
conseqüente aumento no consumo de oxigênio devido à solicitação muscular,
24
gerando, portanto, trabalho. Esses autores citam ainda que o exercício representa
um subgrupo de atividade física planejada com a finalidade de manter o
condicionamento podendo ser definido, também, como qualquer atividade muscular
que gere força e interrompa a homeostase. Segundo Brum et al. (2004, p. 21), o
exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua
homeostase, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da
musculatura exercida e, consequentemente, do organismo como um todo.
Já aptidão física é considerada não como um comportamento, mas uma
característica que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica,
endurance muscular, força muscular, composição corporal e flexibilidade.
(MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2001).
De acordo com Araújo, Calmeiro e Palmeira (2005, p. 258), os benefícios
inerentes à prática da atividade física são amplamente reconhecidos, quer do ponto
de vista fisiológico, quer do ponto de vista psicológico, entre eles estão: redução do
risco de morte prematura por doenças cardiovasculares, redução dos estados de
depressão e de ansiedade, ajuda a controlar o peso corporal, reduzir a tensão
arterial, manter o bom funcionamento do sistema musculoesquelético, melhorar a
mobilidade em idosos e promover o bem-estar psicológico.
Esses achados coincidem com os de Gonçalves et al. (2007, p. 206), os quais
afirmam que o exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos
sistemas corporais e, em especial, no sistema cardiovascular. Com o objetivo de
manter a homeostasia celular em face do aumento das demandas metabólicas
alguns mecanismos são acionados e funcionam sob a forma de arcos reflexos
constituídos de receptores, vias aferentes, centros integradores, vias aferentes e
efetores, porém muitas etapas desses mecanismos ainda não foram completamente
elucidadas.
Os benefícios a médio e longo prazo, da prática regular de atividade física,
contribuem para diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento da doença
cardiovascular, através da melhora do perfil lipídico, da contribuição para a
normalização da pressão arterial, do aumento da circulação colateral, da diminuição
da frequência cardíaca no repouso e durante o exercício. (MERCURI; ARRECHEA,
2001, p. 348).
25
Diante dos benefícios citados, pode-se constatar que a atividade física
desempenha papel importante no cotidiano das pessoas, sendo um assunto cada
vez mais estudado por pesquisadores como Hallal et al. (2007). Esses autores citam
que a literatura internacional relacionada à epidemiologia da atividade física vem
apresentando rápido crescimento nas últimas décadas. Uma busca na base de
dados Medline e PubMed por artigos contendo o termo “physical activity” no título ou
resumo mostrou crescimento marcante desde 1950, sendo publicados 19.956
artigos de 1950 a 1990 e na década atual encontram-se mais de 13.000 artigos já
publicados. No Brasil, a produção de conhecimento científico na área de
epidemiologia da atividade física foi iniciada mais tardiamente, sendo que o primeiro
estudo nacional com amostras populacionais incluindo a atividade física como
variável principal somente foi publicado em 1990.
Apesar desses dados, o estudo de Antunes et al. (2006) relatou que no Brasil
a tendência a inatividade física de forma semelhante a observada nos EUA, segundo
o relatório sobre padrões de vida dos brasileiros, elaborado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), 26% dos homens realizam atividade física regular
e somente 12,7% das mulheres estão envolvidas em algum programa de
treinamento. Ao verificar a quantidade de pessoas que se exercitam pelo menos
trinta minutos ou mais por dia, no mínimo três dias na semana, encontra-se 10,8% e
5,2% de homens e mulheres respectivamente. Para Matsudo et al. (2002, p. 42) a
inatividade física é o fator de risco de doenças crônicas não transmissíveis mais
prevalente na população, de acordo com diferentes autores.
Por tudo que foi exposto, a prática de atividade física se torna cada vez mais
importante em todas as faixas etárias, possibilitando ao praticante, entre os diversos
benefícios citados, uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, um estilo
de vida mais saudável.
3.2 SAÚDE
O processo de urbanização e industrialização tem provocado, nos últimos
anos, importantes impactos no estilo de vida das pessoas, com repercussões que
26
tem distanciado o homem da sua relação com a natureza, incluindo a forma como
este dela se apropria para produzir bens e produtos adquirindo comportamentos e
hábitos sedentários numa busca de conforto e praticidade. (MOSER; KERBIG, 2006,
p. 90). Esta condição tem levado inúmeras pessoas a serem sedentárias e com isso
doentes, deixando o estilo de vida saudável para trás e a saúde muito longe da
desejada.
Diante desses aspectos, o conceito de saúde reflete a conjuntura social,
econômica, política e cultural, ou seja, saúde não representa a mesma coisa para
todas as pessoas, dependerá da época, do lugar, da classe social, de valores
individuais, de concepções científicas, religiosas e filosóficas. (SCLIAR, 2007).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o estado do mais
completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade.
Pitanga (2002, p. 51) também define saúde não apenas como a ausência de
doenças, mas sim como uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano
voltados a um estado de completo bem-estar físico, mental e social.
Para Almeida (2005, p. 34) embora sejam claras essas constatações,
observa-se também que quando o assunto é trabalhar atitudes positivas e mostrar
os benefícios de hábitos saudáveis à sociedade, isso implica na divulgação desses
hábitos e requer um desenvolvimento desde a infância, o que poderá impedir o
surgimento de muitas doenças crônicas tipicamente de adultos: pressão alta, taxa de
colesterol elevada, alto percentual de gordura corporal, e diversas enfermidades do
coração. Sendo que para a OMS 70% das doenças estão ligadas ao estilo de vida
das pessoas.
Assim, um estilo de vida saudável implica em saúde e, dentro desse contexto
a atividade física desempenha um importante papel, sendo que é necessária uma
discussão maior do assunto para uma melhor compreensão.
3.3 RELAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
A relação entre atividade física e saúde vem sendo cada vez mais discutida e
analisada cientificamente. (MATSUTO; MATSUTO; NETO, 2001). Essa relação não
27
é recente, tendo sido mencionada em antigos textos da China, da Índia, da Grécia e
de Roma como relata Matsuto et al. (2002, p. 42). Para esses autores desde os
textos clássicos gregos, romanos e orientais, a atividade física tem sido mencionada
como instrumento de recuperação, manutenção e promoção da saúde.
Em nenhum momento histórico a prática de atividade física esteve tão
presente na agenda de saúde pública e no debate acadêmico da área da saúde
como nos últimos anos. (HALLAL et al., 2007). Atualmente, o exercício físico é uma
necessidade absoluta para o homem, pois com o desenvolvimento científico e
tecnológico advindo da revolução industrial e da revolução tecnológica pela qual
passamos, nos deparamos com elevado nível de estresse, ansiedade e
sedentarismo que compromete a saúde de boa parte das populações de países
desenvolvidos e em desenvolvimento. (ANTUNES et al., 2006).
Ao longo dos anos, o homem tem vivenciado diversas mudanças no seu estilo
de vida devido ao processo de modernização e industrialização, que podem refletir
diretamente na vida dos indivíduos, modificando seus hábitos diários, resultando em
um estilo de vida próprio de uma sociedade cada vez mais consumista e dinâmica.
(FERRAZ; MACHADO, 2008, p. 26).
Com a transição epidemiológica, que gerou um decréscimo das doenças
infecciosas e um aumento das doenças crônicas, a atividade física tem ganhado
destaque nas investigações na área de saúde pública. (TASSITANO et al., 2007, p.
57). Recentemente, Teixeira et al. (2009, p. 146) relataram que os impactos
positivos da prática regular de exercícios físicos para a saúde são evidenciados na
literatura por meio de estudos epidemiológicos.
Tassitano et al. (2007, p. 56) afirmam que os benefícios da prática da
atividade física para a saúde e qualidade de vida de pessoas de todas as idades
estão bem documentados na literatura científica. A atividade física apresenta
diversos efeitos benéficos ao organismo, sendo recomendada como uma estratégia
de promoção da saúde para a população. (SOUZA; BIER, 2008). Esses benefícios
podem ser observados também na HA, no DM e no CA através de diversos estudos.
Monteiro e Sobral (2004) afirmam que a pressão arterial (PA) sistólica
aumenta diretamente na proporção do aumento do débito cardíaco e a PA diastólica
reflete a eficiência do mecanismo vasodilatador local dos músculos em atividade,
que é tanto maior quanto for a densidade capilar local. A vasodilatação do músculo
28
esquelético diminui a resistência periférica ao fluxo sanguíneo e a vasoconstricção
que ocorre em tecidos não exercitados induzida simpaticamente compensa a
vasodilatação, consequentemente, a resistência total ao fluxo sanguíneo cai
drasticamente quando o exercício começa.
O estudo realizado por Brum et al. (2004, p. 23) sobre “Adaptações agudas e
crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular” relata que em relação ao
exercício aeróbio, a influência da duração desse exercício está bem demonstrada,
apontando para o fato de que exercícios mais prolongados possuem efeitos
hipotensores maiores e mais duradores.
Já o estudo de Forjaz et al. (2003, p. 121) deixa claro que em hipertensos, os
exercícios de baixa intensidade parecem promover aumentos seguros da PA e há
alguns indicativos de que exercícios resistidos de alta intensidade não têm mostrado
nenhum efeito hipotensor e promovem picos pressóricos extremamente elevados
durante sua realização.
No DM a American Diabetes Association reforça que os efeitos benéficos do
exercício físico são substanciais, e estudos recentes reforçam a importância de
programas de atividades físicas a longo prazo para o tratamento e prevenção desta
anormalidade metabólica e suas complicações. Os efeitos benéficos são: diminuição
das concentrações de glicose sanguínea antes e após o exercício, melhora do
controle glicêmico, diminuição de medicamentos orais ou insulinas, melhora da
sensibilidade à insulina e do condicionamento cardiovascular e conseqüente
diminuição dos fatores de risco cardiovascular. (FRANCHI, 2008).
Segundo Silva e Lima (2002), é uma conduta bem recomendada um
programa de exercício físico, com atividades aeróbias e de resistência muscular
localizada, quatro vezes por semana, com sessões de sessenta minutos para DM
tipo 2, resultando na melhora da glicemia de jejum e HbA1, diminuição de
triglicérides e da frequência cardíaca de repouso e aumento de HDL-C, melhorando
a eficiência cardíaca.
Os indivíduos diabéticos e não diabéticos apresentam melhor sensibilidade à
insulina induzida pelo exercício. Estes efeitos são induzidos pelo treinamento físico
dinâmico em decorrência de várias adaptações: aumento da densidade capilar,
aumento da expressão e translocação de GLUT4 para a membrana plasmática,
aumento das fibras musculares mais sensíveis à ação insulínica, possíveis
29
alterações na composição de fosfolípides do sarcolema, aumento na atividade de
enzimas glicolíticas e oxidativas e aumento na atividade de glicogênio-sintetase.
(ANGELIS et al., 2006). Esses autores afirmam ainda que apesar da melhora no
controle glicêmico não ser um achado universal em indivíduos com DM tipo 1
treinados, a redução da resistência á insulina induzida pelo treinamento físico
dinâmico pode promover outros benefícios como a melhora cardiovascular e no perfil
lipídico.
Vários estudos mostram a eficácia da atividade física no CA como pode ser
observado no de Pedroso, Araújo e Stevanato (2005, p. 157). Para esses autores
através do exercício preconiza-se que o organismo passe a melhor aproveitar a
energia e os extratos metabólicos, isso provoca uma reação às ações dos
carcinógenos, em função do aumento da eficácia do sistema imunológico, no que diz
respeito a linfócitos e células “natural-killer”, reduzindo assim a quantidade
disponível para a absorção pelos possíveis tumores e oferecendo maior resistência
às metástases.
Segundo Battaglini et al. (2004, p. 99), o metabolismo de pacientes
portadores de CA sofre modificações drásticas devido ao estresse criado pela
própria doença, como também pelos efeitos colaterais produzidos pelos tratamentos
tradicionais administrativos. Assim, a atividade física produz alterações metabólicas
e morfológicas crônicas que podem torná-la uma opção importante no tratamento e
no processo de recuperação envolvendo pacientes com CA.
Esses achados coincidem com aqueles postulados por Spinola, Manzzo e
Rocha (2007, p. 41). Esses autores citam que níveis elevados de aptidão
cardiorrespiratória podem impedir a formação de neoplasial, o que, por sua vez,
inibe certos mecanismos e, assim, pode ajudar a prevenir o CA. Dessa forma, a
atividade física pode inibir certos mecanismos e, assim, pode ajudar a prevenir o CA
por três motivos: primeiro, a atividade física pode inibir a oxidação do DNA,
impossibilitando o processo de iniciação da neoplasia; segundo, a propagação das
neoplasias pode ser inibida por intermédio de funções imunes, tais como as ações
de células NK (natural killer), realçadas pela aptidão cardiorrespiratória e, terceiro, a
secreção adicional de insulina pode ser inibida pela atividade física.
Como foram discutidos, muitos estudos mostram os benefícios da atividade
física na saúde de indivíduos acometidos por diversas patologias, porém quando se
30
trata da atividade física no LES poucos estudos são encontrados, principalmente na
língua portuguesa. Diante deste fato, torna-se importante a abordagem desse tema
para uma maior compreensão deste assunto, o qual será esclarecido no próximo
capítulo com mais detalhes.
31
4 ATIVIDADE FÍSICA NO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
O capítulo em questão abordará a atividade física no LES, desde a prescrição
do exercício físico até os possíveis benefícios do exercício resistido e aeróbio, assim
como algumas propostas de outros estudos para a prescrição do exercício físico.
Estudos mostram que comparando indivíduos não portadores de lúpus com
indivíduos com LES, estes apresentam baixa capacidade aeróbia, baixo pulso de
oxigênio durante o exercício, maior fadiga e baixa qualidade de vida. (CARVALHO et
al., 2005, p. 838). Diante desses dados, surge a seguinte pergunta: será que os
portadores de LES também podem se beneficiar com a prática do exercício físico?
4.1 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO NO LES
A prescrição do exercício físico para o portador de LES deve ser realizada
como qualquer outra prescrição para grupos especiais, porém o profissional deve
sempre respeitar o limite de cada indivíduo, evitando assim o aumento dos
acometimentos, buscando pela melhora da aptidão física, diminuição dos
acometimentos e melhora da qualidade de vida.
Para uma prescrição sistematizada do exercício físico, até mesmo na
prevenção e/ou tratamento de patologias, quatro princípios básicos devem ser
utilizados para obter melhores resultados num menor tempo possível, são eles:
princípio da sobrecarga, da especificidade, individualidade biológica e da
reversibilidade. Segundo Ciolac e Guimarães (2004, p. 321), no princípio da
sobrecarga é necessário que o exercício seja realizado numa sobrecarga maior do
que a que se está habituado, podendo ser controlada pela intensidade, duração e
frequência do exercício; no princípio da especificidade as modalidades específicas
de exercício promovem adaptações específicas e respostas fisiológicas específicas;
no princípio da individualidade respeita-se a individualidade biológica de cada
indivíduo na prescrição do exercício, pois indivíduos treinados com a mesma
sobrecarga e modalidade de exercício irão apresentar respostas diferentes; e, no
32
princípio da reversibilidade as adaptações fisiológicas promovidas pela realização de
exercício físico retornam ao estado original de pré-treinamento quando o indivíduo
retorna ao estilo de vida sedentário.
Tribess e Virtuoso (2005, p. 167) acrescentam que os componentes
essenciais para uma prescrição de exercício sistematizada e individualizada
caracterizam-se por modalidade apropriada, intensidade, duração, frequência e
progressão da atividade física, sendo utilizados nas prescrições de exercícios para
qualquer pessoa, independentemente da idade, capacidades funcionais e de fatores
de risco ou doenças. Portanto, deve-se prescrever a partir da condição individual da
saúde, perfil do fator de risco, características comportamentais, objetivos pessoais e
preferências de exercícios.
Para um bom desenvolvimento e eficácia do programa de exercício, os testes
físicos e a avaliação da saúde individual caracterizam-se em instrumentos de grande
importância, principalmente em pessoas com doenças crônicas. Alguns cuidados
devem ser tomados na aplicação dos testes selecionados como o risco de doença e
o estado de saúde. Portanto, antes dos testes deve ser feito a anamnese e a
observação do histórico de saúde e, se possível, exames laboratoriais para uma
prescrição segura. (SILVA; NAHAS, 2002, p. 58).
Vale destacar que nos pacientes com artralgias ou artrites são recomendados
exercícios aeróbios e resistidos, nos pacientes com maior inflamação e degeneração
articular devem ser feitos exercícios isométricos uma vez ao dia, por 6 segundos em
cada grupo muscular, nos pacientes com menos limitações nos movimentos e
menos dor devem ser realizados exercícios resistidos dinâmicos, de 8 a 10
repetições para cada grupo muscular numa intensidade de leve a moderada e nos
pacientes com necrose avascular a indicação é exercícios isométricos no ambiente
aquático para que não haja prejuízo nas articulações. Já nos pacientes com
manifestações inativas da doença deve-se dar prioridade à prática de exercícios
aeróbios, cerca de 15 a 20 minutos de duração, 3 vezes por semana. (PÓVOA,
2010).
Ciolac e Gimarães (2004, p. 322) relatam, ainda, que a realização de pelo
menos 30 minutos de atividade física formal ou de lazer, de maneira contínua ou
acumulada em sessões de pelo menos 10 minutos, de intensidade no mínimo
moderada, realizada na maioria dos dias da semana (de preferência todos), em que
33
haja um dispêndio total de 700 a 1.000kcal por semana, tem sido proposta para a
manutenção da saúde e prevenção de uma grande variedade de doenças crônicas.
4.2 BENEFÍCIOS E PROPOSTAS PARA A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO
RESISTIDO E AERÓBIO COMBINADOS NO LES
Segundo Forjaz et al. (2003, p. 120), exercício resistido é a denominação que
vem sendo utilizada na área médica e exercício de força, exercício localizado,
exercício com pesos ou exercícios de musculação na área de educação física. Para
esses autores esse tipo de exercício caracteriza-se por exercícios nos quais ocorrem
contrações voluntárias da musculatura esquelética de um determinado segmento
corporal contra alguma resistência externa, ou seja, contra uma força que se opõe
ao movimento, sendo que essa oposição pode ser oferecida pela própria massa
corporal, por pesos livres ou por outros equipamentos, como aparelhos de
musculação, elásticos ou resistência manual.
O exercício resistido, quando bem orientado, consiste em estratégia segura
para o sistema cardiovascular e musculoesquelético, promovem aumento da
freqüência cardíaca, PA sistólica e PA diastólica, favorecendo o fluxo coronariano,
aumentando o suprimento de oxigênio ao miocárdio e, consequentemente,
diminuindo os incidentes isquêmicos e arrítmicos. (CÂMARA et al., 2007, p. 249).
O treinamento resistido pode aumentar a força muscular e dar uma melhor
sustentação ao individuo na realização de suas atividades diárias. Há dois tipos de
exercício resistido: o estático e o dinâmico, sendo que o estático é caracterizado por
contrações isométricas em que não há movimento articular, gerando assim, menos
inflamação e pressão intra-articular que outras maneiras de exercício resistido,
porém esse tipo de exercício se realizado de forma sustentada por muito tempo
pode desencadear problemas cardíacos. O exercício dinâmico envolve movimento
articular e realiza alongamentos e encurtamentos da fibra muscular promovendo a
geração de força de maneira mais acentuada. (PÓVOA, 2010).
Recentemente, o estudo realizado por Gomes et al. (2007, p. 82-83) sobre
“Efeito de um programa em circuito com pesos sobre parâmetros cardiovasculares e
34
musculares no lúpus eritematoso sistêmico – um estudo de caso” teve como amostra
um individuo do sexo feminino, 58 anos com diagnóstico de LES a cinco anos,
fazendo pulsoterapia endovenosa de glicocorticóide ciclofosfamida de 1 grama,
apresentando os sintomas da doença como artrite reumatóide, fibromialgia,
hipertensão e diminuição da resistência aeróbia e força muscular. O protocolo
realizado deu ênfase ao treinamento com pesos, sendo alternado por segmento sem
intervalo de recuperação, durante o período de doze semanas, três vezes por
semana com duração de 40 minutos de treino dividido em alongamento inicial de
todos os grupos musculares, aquecimento de 15 minutos e sequência dos cinco
exercícios em forma de circuito: flexora em pé unilateral, pulley frente com triângulo,
leg press 45, supino inclinado articulado e abdominal solo. O trabalho em ergômetro
de bicicleta foi utilizado apenas para aquecimento.
Foi realizado um teste ergoespirométrico, utilizando o protocolo 3-5 NEW
escalonado, em esteira ATL Inbrasport, iniciando a 3 Km/h aumentando 0,5 Km/h a
cada 1 minuto, chegando à 5 Km/h incremento de inclinação de 1% a cada 1 minuto,
limitado por cansaço físico diagnosticando o percentual limiar I e II, com o objetivo
de estipular um treino moderado com precisão. A frequência cardíaca e intensidade
do treino foram acompanhadas através do monitor de frequência cardíaca Polar A3
e da Escala de Percepção de Esforço subjetiva.
Os resultados desse estudo mostraram que o pré-teste ergoespirométrico
identificou o limiar I em 115 batimentos por minuto (bpm) e o limiar II em 125 bpm,
apresentando um desempenho fraco com VO2 máximo em 16,8 ml/min/Kg. Já o pós-
teste identificou o limiar I em 151 bpm e o limiar II em 159 bpm, apresentando um
desempenho médio com VO2 máximo em 26,2 ml/min/Kg, mostrando, dessa forma,
que houve uma melhora no VO2 máximo de 9,4 ml/min/Kg o que equivale a
155,95%. Após as doze semanas de treino foi observado um aumento de força de
333,33% no supino inclinado, 400% no leg press 45, 500% no pulley, 300% na
flexora unilateral e 150% no abdominal, mostrando que houve melhora também da
força muscular.
Ayan e Martin (2007) afirmam que os programas musculares de resistência
devem levar em consideração que os pacientes com LES têm menos força
isométrica e atrofia mais elevada da fibra II, assim um programa de treinamento
apropriado da força deve consistir nos exercícios de resistência isométrica de forma
35
progressiva, executados três vezes na semana de 2 a 3 séries de 10 contrações
repetidas por um grupo de músculo que usa pesos crescentes, descansando três
minutos entre as séries.
4.3 BENEFÍCIOS E PROPOSTAS PARA A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO
AERÓBIO NO LES
O exercício aeróbio programado e realizado de maneira contínua e
progressiva leva ao aumento do aporte de oxigênio e de substratos energéticos para
os músculos em atividade. Esta capacidade de suprir a demanda do oxigênio é
determinada pelo aumento do fluxo sanguíneo, pela quantidade de oxigênio que o
sangue pode transportar por litro e pela capacidade dos tecidos em captar
substratos, por meio de recrutamento de capilares, o que traz benefícios aos
sistemas corporais. (PÓVOA, 2010).
Carvalho et al. (2005, p. 838) afirmam que há poucos estudos na literatura
que avalia os efeitos do exercício em pacientes com LES que não demonstraram
nenhuma melhora significativa na capacidade aeróbia, na qualidade de vida e na
fadiga como demonstram Strombeck e Jacobsson (2007, p. 198) ao relatarem que o
exercício aeróbio supervisionado possui efeito benéfico na capacidade física e na
redução da fadiga e depressão no portador de LES. Esses autores realizaram uma
busca na Medline, através da PubMed, sobre os efeitos do exercício aeróbio na
reabilitação dos adultos com LES no período de junho de 2006, sendo encontrado
seis artigos relacionados a busca, chegando a conclusão de que a intensidade, a
freqüência e a duração de programas do exercício devem ser igual àqueles
recomendados a outros grupos na comunidade, tendo como efeitos positivos
melhora da capacidade aeróbia, fadiga, tolerância ao exercício.
Para Carvalho (2004, p. 103) o exercício físico provoca melhoria na
capacidade aeróbia, tanto pelo aumento no débito cardíaco quanto pelo
aprimoramento na habilidade dos tecidos para extração do oxigênio do sangue. Já
Peres, Tedde e Lamari (2006, p. 144) afirmam que o exercício tem efeito positivo na
redução da fadiga porque o índice de fadiga pode estar relacionado à falta de
36
condição física, depressão, má qualidade do sono, atividade da doença, associação
com fibromialgia ou a associação dos cinco. O estudo de Raposo et al. (2009, p. 28-
29) mostrou que a depressão e o exercício físico são duas variáveis que apresentam
uma relação inversa, quando uma das variáveis aumenta a outra tende a diminuir
significativamente. Assim, a depressão é, em média, superior nos indivíduos que
não atingem os níveis de exercício físico recomendado em relação aos que atingem
os níveis recomendados, podendo, dessa forma, a prática de exercício físico ser um
caráter positivo na prevenção ou redução da depressão.
Ayan e Martin (2007) são mais específicos em suas afirmações, ao
mencionarem que o exercício regular de no mínimo 40 minutos de atividade aeróbia,
quatro vezes por semana é eficaz na melhora da perda mineral da densidade do
osso. Com relação aos distúrbios do sono, estes autores mencionam que níveis
baixos na participação de exercícios estão associados com a qualidade mais pobre
do sono, o qual é relatado em portadores de LES. Nos pacientes com fadiga, um
programa de circuito aeróbio reduz significativamente o nível de fadiga e em relação
à qualidade de vida, esta afeta aspectos da saúde em uma idade mais adiantada no
portador de LES o que seria uma boa razão para a prática de exercício físico, com o
objetivo de reduzir o nível de inabilidade e melhorar a saúde.
Em relação a essa questão, há relatos dando conta de que quase todos os
portadores de LES relatam a fadiga excessiva como o maior problema limitador de
sua qualidade de vida e aptidão física. A fadiga é causada por atenuada capacidade
do metabolismo oxidativo para o abastecimento energético durante a atividade
física, o que, por sua vez, reduz a capacidade aeróbia. (PERES; TEDDE; LAMARI,
2006, p. 143).
A fadiga muscular pode ser definida como sendo a incapacidade do músculo para manter uma determinada potência, ou uma deficiência em sustentar um nível particular de desempenho durante um exercício físico. (SANTOS; DEZAN; SARRAF, 2003, p. 8).
Tench (2003) realizou um estudo randomizado sobre a fadiga no LES, através
de um programa de doze semanas de exercício aeróbio. Todos os participantes
foram instruídos a exercitar-se em casa pelo menos três vezes na semana, durante
30 a 50 minutos, em uma frequência cardíaca correspondente a 60% do consumo
máximo do oxigênio. O exercício principal era realizar caminhada, mas os
participantes também foram incentivados a nadar e praticar ciclismo, sendo vistos a
37
cada duas semanas para uma sessão supervisionada do exercício. Após as doze
semanas de exercício houve uma melhora significativa da fadiga.
Durante a realização de exercício físico, ocorre liberação da b-endorfina e da
dopamina pelo organismo, proporcionando um efeito tranqüilizante e analgésico no
praticante regular, que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-
esforço e, em geral, consegue manter-se um estado de equilíbrio psicossocial mais
estável frente às ameaças ao meio externo. O exercício leva o individuo a uma maior
participação social, resultando em um bom nível de bem-estar, fatores esses que
contribuem para a melhora da qualidade de vida. (CHEIK et al., 2003, p. 48).
Na mesma direção de alguns estudos citados, o de Carvalho et al. (2005, p.
838) investigou mulheres com LES a fim de evidenciar se o exercício cardiovascular
supervisionado promove melhoria na tolerância ao exercício, na capacidade aeróbia,
na fadiga, na depressão e na qualidade de vida. Os pacientes que concordaram em
participar do estudo foram divididos em dois grupos: um grupo controle que não
participava do treinamento e um grupo de treinamento que participava de um
programa de formação supervisionado por 12 semanas consecutivas, três vezes na
semana durante 60 minutos, sendo 10 minutos de aquecimento, 40 minutos de
caminhada e 10 minutos de desaceleração, com o objetivo de voltar à calma.
As variáveis estudadas foram realizadas através do inventário de depressão
de Beck para avaliar a depressão, do questionário de avaliação da saúde (HAQ)
para avaliar a capacidade funcional, da escala analógica visual para avaliar a dor e
do formulário SF-36 para avaliar a qualidade de vida. Como resultado os autores
obtiveram melhora significativa da capacidade aeróbia e da depressão e nenhuma
melhora significativa da dor no grupo do treinamento e no grupo controle nenhuma
diferença significativa. Concluindo que um programa supervisionado do exercício
melhora a capacidade aeróbia, capacidade funcional, tolerância ao exercício, pulso
de oxigênio, fadiga, depressão e qualidade de vida nos portadores de LES.
Como os estudos citados abordam a capacidade aeróbia, é importante sua
definição para melhor compreensão do assunto abordado. Esta é definida como a
capacidade do organismo em se adaptar a esforços físicos moderados, envolvendo
a participação de grandes grupos musculares, por períodos de tempo relativamente
longos, ou seja, é a maior quantidade de oxigênio que pode ser consumida pelo
organismo durante o esforço físico. Requer participação bastante significativa dos
38
sistemas cardiovascular e respiratório para atender à demanda de oxigênio e manter
de forma eficiente os esforços físicos dos músculos. (PITANGA, 2004, p. 101 apud
GUEDES E GUEDES, 1995; WHALEY et al., 1995). Como no LES esses sistemas
também vão estar afetados, o portador de LES terá uma limitação da capacidade
aeróbica e assim mais probabilidade a fadigar.
O estudo de Bostrom et al. (2008) foi realizado convidando as mulheres
portadoras de LES a participar de um programa de atividade física por um ano. Para
avaliar a capacidade aeróbia cada paciente realizou o teste do ergômetro bicicleta,
60 voltas por minuto, começando em 30 w e aumentando pelo eletrocardiograma de
10 w/minuto e o esforço foi avaliado de acordo com a Escala de Borg, tendo como
resultado valores baixos de VO2 máximo, o que poderia estar relacionado com a
doença ou com o baixo percentual de atividade física no grupo do estudo.
Para Ayan e Martin (2007) um programa de exercício aeróbio para o portador
de LES consiste em caminhar numa intensidade de 70% da freqüência cardíaca
máxima, três vezes na semana, iniciando com 25 minutos de atividade na primeira
semana e elevando a 40 minutos até a terceira semana, esta forma facilita o
aprimoramento da capacidade aeróbia, buscando também o objetivo da redução da
fadiga sem danos ao paciente. A natação e a bicicleta, numa intensidade entre 70-
80% da freqüência cardíaca máxima durante 30-50 minutos, três vezes na semana
também podem ser eficazes. Apesar dos sinais do LES como redução da
capacidade de exercício, observado através do ponto inicial anaeróbico mais baixo,
da freqüência cardíaca máxima reduzida e da capacidade aeróbia geralmente
reduzida estes portadores podem melhorar sua capacidade aeróbia em até 19%, a
tolerância do exercício e a duração do exercício em até 18% após um programa de
exercício aeróbio.
Para Póvoa (2010) é importante que o exercício aeróbio e resistido seja
realizado de maneira adaptada às limitações da dor, cansaço ou de amplitude de
movimento. Essa afirmação advém de resposta a questionamentos acerca dos
impactos e dos prováveis riscos que o exercício poderia causar aos pacientes.
Diante do mencionado, pôde ser observado que tanto a prática de exercício
resistido quanto a prática de exercício aeróbio é relevante no portador de LES,
gerando alguns benefícios como a melhora da capacidade aeróbia, redução da
39
fadiga, melhora da depressão e, consequentemente, melhora da qualidade de vida,
o que no percurso da doença poderão estar afetados.
40
5 METODOLOGIA
Uma pesquisa é sempre um relato de longa viagem empreendida por um
sujeito cujo olhar vasculha lugares muitas vezes visitados. Nada de absolutamente
original, mas um modo diferente de olhar e pensar determinada realidade a partir de
uma experiência e de uma apropriação do conhecimento que são bastante pessoais.
(DUARTE, 2002).
No intuito de alcançar os objetivos previstos nesta pesquisa, o estudo é
caracterizado como uma revisão bibliográfica, uma vez que para Polit, Beck e
Hungler (2004) consiste num resumo crítico de pesquisa sobre tópico de interesse,
geralmente preparado para colocar um problema de pesquisa num contexto, ou para
identificar as falhas em estudos anteriores de modo a justificar uma nova
investigação.
Trata-se de uma abordagem qualitativa e, segundo Silva e Menezes (2001),
essa abordagem é caracterizada por uma interpretação dos fenômenos e atribuição
de significados básicos, não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, o
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, o pesquisador é o
instrumento-chave, o pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente e o
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
Para Turato (2000, p. 94) a pesquisa qualitativa é multimetodológica quanto
ao foco, envolvendo uma abordagem interpretativa e naturalística para o assunto.
Isto significa que os pesquisadores qualitativos estudam as coisas no seu stting
natural, tentando dar sentido ou interpretar fenômenos em termos dos significados
que as pessoas lhes traz.
Com a implementação desta monografia foram analisados e discutidos os
efeitos da atividade física sobre os indicadores de saúde em portador de LES,
através de pesquisas nas bases de dados Scielo, Lilacs, Medline e Highwire, tendo
como critérios o ano de publicação, definido entre 2000 a 2010 e o idioma em
português e inglês, além de fontes secundárias como livros.
Os descritores utilizados no Scielo, Lilacs e Medline foram: lúpus eritematoso
sistêmico; lúpus eritematoso sistêmico AND atividade física; lúpus eritematoso
sistêmico AND exercício resistido; lúpus eritematoso sistêmico AND qualidade de
41
vida; lúpus eritematoso sistêmico AND depressão; lúpus eritematoso sistêmico AND
fadiga, assim como também systemic lupus erythematosus; systemic lupus
erythematosus AND physical activity; systemic lupus erythematosus AND resistance
exercise; systemic lupus erythematosus AND quality of life; systemic lupus
erythematosus AND depression; systemic lupus erythematosus AND fatigue. As
buscas foram feitas tanto pelas palavras encontradas nos títulos quanto nos
resumos dos artigos.
Para uma melhor organização do processo de coleta de dados o estudo foi
dividido em três etapas:
Na primeira etapa foi realizada a leitura e interpretação do material
encontrado, observando as opiniões dos autores sobre o assunto;
Na segunda etapa foi realizada a sistematização do conteúdo lido e
interpretado, elaborando uma ligação das opiniões, concordâncias e
controvérsias entre os autores, como também entre o pesquisador e os
autores;
Todas as buscas foram realizadas durante o período de setembro de 2009 a
julho de 2010.
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática da atividade física vem se tornando cada vez mais comum em
pessoas de todas as idades, não só pela busca do corpo perfeito, mas também pela
melhora da saúde e qualidade de vida. Seus benefícios são bem conhecidos, entre
eles estão à redução da depressão e ansiedade, mantém o funcionamento do
sistema musculoesquelético, promove o bem-estar físico e mental e controla os
níveis pressóricos.
Ficou evidenciado que a atividade física é eficaz no tratamento não
farmacológico do portador de LES, podendo este se beneficiar tanto pela prática de
exercício resistido quanto pelo aeróbio. Vale ressaltar que estes portadores
possuem atrofia da fibra do tipo II e menos força isométrica, o que, por sua vez, irá
influenciar no tipo de treinamento, devendo ser trabalhada também a força
isométrica. Assim, os benefícios da atividade física nos indicadores de saúde em
portador de LES são evidentes, já que com a prática de exercício físico ocorre
melhora da capacidade aeróbia, redução da fadiga e melhora da depressão.
O treinamento para portadores de LES deve ser elaborado de forma
sistematizada, combinando o exercício aeróbio com o resistido, sendo que o
treinamento aeróbio deve ser feito no mínimo três vezes na semana com o tempo de
30 a 50 minutos de caminhada, bicicleta ou natação e o treinamento resistido pode
ser feito alternado por segmento em forma de circuito, três vezes por semana com a
duração de 40 minutos ou utilizando um trabalho de resistência isométrica três vezes
na semana de 2 a 3 séries de 10 contrações por grupo muscular com intervalo de 3
minutos entre as séries.
Alguns autores apontam que ainda não existem evidências que comprove
qual o tipo de exercício proporcionará o melhor resultado, porém a prescrição do
exercício deve ser de forma individual e supervisionada, levando em consideração
as limitações de cada pessoa.
Diante do exposto, esta pesquisa apresenta limitações causadas pela
dificuldade do recolhimento de material sobre o tema, principalmente na língua
portuguesa. Portanto, é importante a continuação deste estudo como também a
realização de outras pesquisas a cerca do tema, a fim de obter novos resultados.
43
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51
ANEXOS
Anexo A – Lúpus discóide: placas hiperpigmentadas e lesões cicatriciais
Anexo B – Lúpus eritematoso sistêmico
Anexo C – Artrite dos dedos
Anexo D – Lesão em vespertílio ou “asa de borboleta”
52
Anexo A- Lúpus discóide: placas hiperpigmentadas e lesões cicatriciais
Fonte: RIBEIRO, L. H. et al. Atualizações no tratamento do lúpus eritematoso cutâneo. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 48, n. 5, set./out., 2008. Não paginado.
54
Anexo C – Artrite dos dedos
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Artralgia.
55
Anexo D – Lesão em vespertílio ou “asa de borboleta”
Fonte: http://lucianefigueira.files.wordpress.com/2009/05/lupus1.jpg.
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