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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
ALDENIR MENDES MASCARENHAS
A ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
Salvador
2015
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ALDENIR MENDES MASCARENHAS
A ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientadora: Prof.ª Anita dos Reis de Almeida
Salvador
2015
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ALDENIR MENDES MASCARENHAS
A ROTINA PEDAGÓGICA PARA NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em janeiro de 2016.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
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Aos
Educadores e educandos da educação infantil.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu querido Pai por minha vida saudável e pela
oportunidade de construir esse trabalho, por me inspirar e me encorajar.
Aos meus familiares, pelo apoio neste momento, aos meus amigos pelas palavras
de ânimo e as crianças do ministério infantil, que eu lidero na igreja, por
compreenderem minha ausência e por todo carinho demonstrado. A todos, meu
muito obrigado.
A minha colega de trabalho e líder, Perpétua Maria Boaventura Sampaio pelo
incentivo através das suas atitudes que nos revelam que quando realmente
acreditamos, conquistamos.
A tutora Elaine Anunciação da Silva pelo apoio, incentivo e atenção no decorrer
desse curso.
A minha orientadora, Prof.ª Anita dos Reis Almeida, pela atenção, compreensão e
competência ao me auxiliar nesta jornada importante na minha vida acadêmica e
profissional.
À Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ao Programa
Escola de Gestores, por oferecer essa especialização, pelo compromisso e
responsabilidade de qualificar tantos Coordenadores Pedagógicos que
consequentemente terão a oportunidade de desenvolver melhor a sua função e
promover mudanças na educação que contribuam para aprendizagem dos alunos e
para o trabalho dos professores.
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A intervenção educativa precisa, portanto, de uma mudança de
ótica substancial, na qual não somente abranja o saber, mas
também o saber fazer, não tanto o aprender, como o aprender
a aprender. (PELIZZARI et al.,2012, p.40).
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MASCARENHAS, Aldenir Mendes. A rotina pedagógica na educação pré-escolar:
2015. Projeto Vivencial (Coordenação Pedagógica) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
Esse trabalho aborda as contribuições da rotina pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem na educação pré-escolar. Foi desenvolvido com base em estudos de alguns autores que trazem informações importantes a respeito do tema e também através de uma pesquisa qualitativa feita com professoras que atuam na educação pré- escolar de uma escola pública municipal na cidade de Conceição do Coité, Bahia. Tem como o objetivo ajudar os docentes da educação pré-escolar, das escolas públicas municipais dessa cidade a utilizarem a rotina pedagógica como recurso didático que, além de facilitar a organização das atividades que serão desenvolvidas no cotidiano escolar, pode contribuir para um trabalho pedagógico de qualidade incidindo no desenvolvimento da aprendizagem das crianças de maneira significativa. Está presente neste trabalho uma proposta de intervenção, criada para tentar responder como a realização de um trabalho que inclui uma rotina pedagógica no seu cotidiano escolar pode contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem. Ressalta-se que o sucesso dessa proposta depende da existência da sintonia de ideias e práticas pedagógicas presente entre os profissionais da educação envolvidos nesse projeto. . Palavras-chave: Rotina pedagógica. Desenvolvimento. Aprendizagem. Cotidiano.
Educação pré-escolar.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro Cronograma do Projeto de Intervenção..................................... 42
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
UFBA
UEFS
FASE
RCNEI
SESC
TCC
PV
AC
PI
PPP
EJA
CEC
PROGESTÃO
FUNDEB
Universidade Federal da Bahia
Universidade Estadual de Feira de Santana
Faculdade de Sergipe
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
Serviço Social do Comércio
Trabalho de Conclusão de Curso
Projeto Vivencial
Atividade Complementar
Proposta de Intervenção
Projeto Político Pedagógico
Educação de Jovens e Adultos
Centro Educacional de Coité
Programa de Capacitação a Distância para Gestores
Escolares
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................. 10
1 MEMÓRIA DE UMA PEDAGOGA............................................................ 14
1.1 VIDA ACADÊMICA E PROFISSIONAL..................................................... 16
1.2 EXPECTATIVAS.......................................................................................... 21
2 A ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................... 23
3 A ROTINA PEDAGÓGICA NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS DA
EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA
MUNICIPAL................................................................................................
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3.1 ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR............................................ 30
3.2 CONCEPÇÃO DA ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PRÉ- -
ESCOLAR ................................................................................................
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3.3 ATUAÇÃO DA CORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A FORMAÇÃO
CONTINUADA ..........................................................................................
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3.3.1 Resultados esperados ...........................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
43 44
REFERÊNCIAS........................................................................................... 47
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INTRODUÇÃO
São muitas as discussões que ocorrem em torno das propostas de trabalhos
oferecidas à educação infantil, mas em meio aos diversos assuntos inerentes a essa
etapa da educação básica, escolhi pesquisar sobre as contribuições da rotina
pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem na educação pré-escolar.
O que acontece diariamente dentro das escolas precisa ser organizado
cuidadosamente, principalmente pelos profissionais responsáveis pelo
desenvolvimento das atividades que promovam a construção do conhecimento das
crianças. É importante que o espaço preparado para receber as crianças da
educação infantil seja acolhedor, mas também deve-se considerar que a
organização desse espaço e das atividades precisa ser pensada para promover o
prazer das crianças em frequentar esse ambiente e também a participação delas
nas atividades de maneira a estimulá-las nas suas expressões de ideias,
pensamentos e sentimentos.
O professor da educação infantil precisa saber como organizar sua proposta
de trabalho diário com as crianças, para que a mesma seja atraente e promova
aprendizagem por meio de descobertas significativas. Na obra, Por amor e força
rotinas na educação infantil, sua autora ressalta: “podemos observar que a rotina
pedagógica é um elemento estruturante da organização institucional e de
normatização da subjetividade das crianças e adultos que frequentam os espaços
coletivos de cuidados e educação.” (BARBOSA, 2006, p.45).
Pretendo por meio desse trabalho, responder a seguinte questão: De que
maneira a proposta de trabalho com rotina pedagógica na educação pré-escolar
pode contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem?
Como Coordenadora Pedagógica da Educação Pré-escolar, que atende
crianças na faixa etária de 4 e 5 anos, percebo que a maioria das atividades
educativas propostas pelos profissionais, que são coordenados por mim, se
concentra no desenvolvimento da escrita e no reconhecimento das letras, na escrita
do nome próprio, de algumas palavras e dos números. Não que o trabalho com a
escrita seja desnecessário na educação infantil, ao contrário, ele é muito importante.
Sabemos que na realidade da maioria dos alunos que frequentam as instituições
públicas de educação, a escola é o único lugar que lhes permite o acesso à cultura
escrita. (SCARPA, 2006). A minha preocupação surge com a forma como se propõe
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o acesso à escrita, muitas vezes antecipando a escolarização característica do
ensino fundamental e deixando de lado a maneira como a criança da educação pré-
escolar constrói significantemente os seus conhecimentos em relação à escrita.
Scarpa (2006), explica que na educação infantil as informações sobre a escrita não
acontecem apenas quando o educador mostra para seus educandos as letras que
compõem uma palavra, nessa etapa às crianças adquirem como muito mais sentido
o conhecimento sobre a escrita quando participam de diferentes situações de
práticas de leitura, nas quais fazem leituras não convencionais ou têm o professor
como leitor, brincam com a sonoridade das palavras, participam de produções de
escrita em que o professor atua como escriba e também quando escrevem da
maneira que sabem e o professor faz as mediações necessárias para que haja
evolução das hipóteses silábicas. O trabalho com a rotina pedagógica na educação
pré-escolar favorece as crianças o acesso à escrita como sugerido por Scarpa e
também ao desenvolvimento de outras habilidades.
Antes de exercer a função de coordenadora pedagógica atuei como
professora e como tal, utilizava a rotina pedagógica como recurso para organizar as
atividades diárias que seriam desenvolvidas na classe em que lecionava. Por meio
dela proporcionava atividade de escrita, na qual eu era a escriba, o desenvolvimento
da oralidade, da noção de ordem, expressão das ideias e pensamentos através da
fala e situava as crianças sobre o que iria ocorrer durante o período em que elas
estavam na escola. Com a proposta de trabalho organizada a partir de uma rotina
pedagógica eu passei a perceber o que, para as crianças, era mais atrativo e
prazeroso e isso me ajudava na elaboração das aulas que seriam propostas a elas.
Tendo experimentado o trabalho com a rotina e sabendo dos seus benefícios,
sugeri aos professores que coordeno que experimentassem utilizar a rotina como
recurso pedagógico. Nas visitas as escolas para acompanhar e orientar os
professores percebia que a maioria dos profissionais não se interessava em praticar
essa proposta de trabalho. Diante dessa situação, resolvi pesquisar sobre o tema e
aprofundar meus conhecimentos na expectativa de tornar meu objeto de estudo
relevante para o exercício da prática docente na educação pré-escolar por
proporcionar de forma significativa uma aprendizagem de qualidade às crianças de 4
e 5 anos, para que as mesmas ingressem no ensino fundamental com habilidades
necessárias para prosseguir seu desenvolvimento escolar.
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Pretendo apresentar fundamentos teóricos que ajudem no rompimento da
resistência de alguns profissionais no que diz respeito à inovação de suas práticas
como educadores que atuam nessa primeira etapa da educação básica. Com a
conclusão desse trabalho, terei a oportunidade de colocar em prática uma das
minhas funções de coordenadora pedagógica que é a formação continuada dos
professores que acompanho, através de encontros promovidos para a discussão do
tema. Nesses encontros, para socialização da pesquisa e das experiências sobre o
trabalho realizado com rotina pedagógica, o objetivo será a compreensão por partes
dos professores de como a organização de uma rotina pedagógica no cotidiano
escolar das crianças podem envolver avanços nas habilidades necessárias aos
alunos da educação pré-escolar.
A metodologia norteadora deste trabalho ocorreu através da leitura de
pesquisadores e teóricos que trazem informações significantes sobre o tema e
também por meio de uma pesquisa qualitativa feita na Escola X, no município de
Conceição do Coité, com as professoras que atuam na educação pré-escolar para
buscar informações sobre o que conhecem como rotina pedagógica, como ela
ocorre no cotidiano escolar e quais os benefícios que ela apresenta para o
desenvolvimento da turma.
A partir de estudos que fundamentam a necessidade da rotina pedagógica na
educação pré-escolar para o desenvolvimento de um trabalho intencional de
qualidade que possibilita o desenvolvimento da aprendizagem das crianças nessa
faixa etária e com a socialização do resultado desse trabalho espero, como
profissional da educação infantil, fazer com que os educadores percebam a
importância de incluir a rotina pedagógica na sua prática docente, entendendo como
essa inclusão pode contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem dos seus
alunos e, o mais importante, contribuir para inclusão, no cotidiano das instituições
públicas, que ofereçam educação pré-escolar, no município de Conceição do Coité,
de uma rotina pedagógica construída a partir do olhar do educador sobre as
necessidades e prazeres dos seus educandos, com a participação das crianças e
que favoreça significantemente, na formação desses sujeitos.
Para tratar do meu objeto de estudo, o presente trabalho inicia o primeiro
capítulo com um memorial que aborda, de maneira breve, a minha vida estudantil,
acadêmica e profissional e as minhas expectativas com a função que exerço
atualmente na área da educação. Em seguida, no segundo capítulo fundamento
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meu trabalho com base nos teóricos estudados. Na tentativa de responder como a
rotina pedagógica pode contribuir para aprendizagem das crianças inseridas na
educação pré-escolar apresento, no terceiro parágrafo desse texto, a minha
proposta de intervenção e, para concluir, trago as considerações finais do meu
Projeto Vivencial elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso da minha
Especialização em Coordenação Pedagógica oferecida pela Universidade Federal
da Bahia.
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1 MEMÓRIA DE UMA PEDAGOGA
“O Memorial é um documento que retrata determinado período e registra
aspectos essenciais, vivido em um determinado espaço de tempo.” (BRASIL, 2008,
p.6). Assim, proponho-me, através desse trabalho, solicitado como atividade do
Trabalho de Conclusão de Curso da Especialização em Coordenação Pedagógica,
pelo Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica, UFBA, escrever
sobre minha história, focando na minha vida acadêmica, na minha vida como
profissional da educação e nas minhas expectativas com a conclusão dessa
especialização para minha vida profissional.
Meu nome é Aldenir Mendes Mascarenhas, sou brasileira, nasci na cidade
de Conceição do Coité-Ba no dia vinte oito de junho de mil novecentos e setenta e
quatro. Antes de abordar sobre a minha vida acadêmica e profissional, nesse
documento, quero expressar a experiência marcante que vivenciei no período de
escolarização.
Costumo afirmar que a educação escolar tradicional que obtive durante a
minha vida estudantil contribuiu de forma negativa para o meu desenvolvimento
cognitivo. Prosseguia na escola como depósito de informações transmitidas por
professores, na qual eu era um sujeito passivo, que aceitava tudo como uma
verdade, sem motivação para construir conhecimentos, pois o ensino, na maioria
das vezes, ocorria através da cópia e memorização de questionários de vinte
questões e avaliação acontecia por meio de provas que constavam dez das vinte
questões que eu decorava na véspera da prova que testificava minha
"aprendizagem".
Não me recordo de nenhum momento na minha infância, de uma roda de
conversa promovida por professoras, em que o objetivo era buscar os
conhecimentos prévios dos alunos ou propor um momento para que eles pudessem
desenvolver a expressão oral e corporal e expor suas ideias e sentimentos. O
processo de ensino e aprendizagem acontecia de maneira mecânica. O
conhecimento era transmitido pelo professor sem a preocupação de uma
assimilação por parte do aluno. Eu recebia as informações e tentava mantê-las vivas
em minha memória, repetindo o que era transmitido até o dia da prova, depois disso
poucas coisas permaneciam vivas. Por que o que importava era ser aprovada e não
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garantir a aprendizagem. De acordo coma teoria da aprendizagem significativa de
Ausubel:
A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associação
arbitrárias na estrutura cognitiva. (PELIZZARI et al. ,2002, p.38).
Só compreendi que o meu processo de aprendizagem foi mecânico e sem
significado ao ingressar no ensino médio, em uma escola particular em Salvador, e
depois na universidade. Na minha cidade era comum alguns pais, que tinham
condições financeira para investir na educação, enviarem seus filhos para
estudarem em escolas particulares em Salvador, pois as escolas que ofereciam o
ensino médio, naquela época, não preparavam para o vestibular. Quando fui estudar
em uma escola particular em Salvador, com a metodologia de ensino e
aprendizagem totalmente diferente da que eu tinha experimentado durante minha
vida toda, tive grandes dificuldades, principalmente para interpretar o que eu lia, já
que na educação tradicional o importante era decodificar e não interpretar. Passava
horas tentando decorar um texto, quando o que eu precisava era compreendê-lo,
então comecei a perceber que não sabia interpretar uma história ou um texto, pois
tinha passado a vida toda decorando para fazer a prova, através de aulas copistas e
sem significado.
Essa dificuldade percorreu até na minha vida acadêmica, quando finalmente
algumas disciplinas do curso de pedagogia esclareceram o que ocorreu comigo na
minha vida escolar. A partir das novas experiências vivenciadas no ensino médio e
na universidade, passei a compreender o que lia, pois na universidade o aluno é
estimulado a construir seus conhecimentos e o professor atua como um facilitador
da aprendizagem. Por isso, hoje, é comum nos meus discursos ouvir ou ler a palavra
“significativa”. Por experiência, confio no processo de ensino e aprendizagem que
enxerga no aluno um sujeito ativo, capaz de participar e construir os seus
conhecimentos. A respeito da aprendizagem significativa foi constatado:
Efetivamente, a aprendizagem significativa tem vantagens notáveis, tanto do ponto de vista do enriquecimento da estrutura cognitiva do aluno como do ponto de vista da lembrança posterior e da utilização para experimentar novas aprendizagens, fatores que a delimitam como sendo a aprendizagem
mais adequada para ser promovida entre os alunos. (PELIZZARI et al.,
2002, p.39).
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Diante dessa frustrante experiência estudantil, o objeto de estudo, que
pretendo pesquisar no decorrer do meu TCC, nesse referido Curso de
Especialização, se relaciona com minha formação pessoal, por não querer assistir
às crianças da educação infantil “aprendendo” como eu “aprendi”, ou seja, sem
significado. Relaciona-se com minha prática profissional, por ter a oportunidade de
contribuir com uma prática docente que favorece ao aluno a chance de construir
seus conhecimentos por estar inserido numa rotina pedagógica que oferece tal
condição e também apresenta relação como minha vida acadêmica, pelo fato de ter
tomado conhecimento da minha aprendizagem insignificante, através dos meus
estudos na minha formação como pedagoga.
Depois de apresentar de maneira breve o que vivenciei na minha infância e
adolescência como estudante, prosseguirei sucintamente relatando sobre a minha
vida acadêmica e profissional.
1.1 VIDA ACADÊMICA E PROFISSIONAL
Conclui em 2006 o curso de Pedagogia com habilitação em Educação Pré-
escolar na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A minha primeira
especialização, em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade de
Sergipe (FASE), foi concluída em 2010. Além da minha formação e especialização,
fiz outros cursos que contribuíram para o aperfeiçoamento da minha profissão
como: Curso de Capacitação e Qualificação para Professores da Educação Infantil
com enfoque em Psicomotricidade, em 2008, pela RH Max Consultoria de Ensino e
Capacitação Docente, Formação Continuada, promovida pela Secretaria Municipal
de Educação e Cultura, em 2010. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb),
Módulo de Controle Social para Conselheiros e Programa de Transporte Escolar,
em 2012, Programa Dinheiro Direto na Escola e Competências Básicas, em 2013 e
Programa Nacional de Alimentação Escolar em 2014. Todos esses cursos fazem
parte do Programa Formação pela Escola. Em 2014, conclui o curso Programa de
Capacitação a Distância para Gestores Escolares - PROGESTÃO. Participei
também de várias Jornadas Pedagógicas, Seminários e Congressos com temas
voltados para educação.
Durante o período em que estava fazendo a minha graduação, devido a
minha carga horária de trabalho e alguns fatores relacionados à minha vida
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pessoal, não me dediquei a cursos paralelos ao da minha formação. Apenas
participava de alguns seminários, jornadas e congressos que tivessem proveitos
para complementação da minha carga horária na faculdade. A partir do momento
que comecei a exercer a prática pedagógica, começou a despertar interesses em
estudos que aprimorassem o meu trabalho como educadora. Mas, não foi logo no
início da minha prática docente que comecei a fazer novos cursos. Após algum
tempo exercitando o meu trabalho, senti a necessidade de buscar novos
conhecimentos que contribuíssem para minha vida profissional. A partir daí, foi
gerado um novo prazer pelos estudos e a vontade de conhecer e exercer minha
prática pedagógica com qualidade.
Minha primeira experiência profissional na educação aconteceu no ano de
2002 como estagiária de uma instituição particular, Escola Asas de Papel, na
cidade de Feira de Santana. Nesse período, eu estava cursando disciplinas em
vários semestres e ainda não tinha certeza se realmente a educação era área
profissional que eu queria atuar. A oportunidade de trabalhar como auxiliar de
ensino nas turmas da educação infantil em uma escola comprometida com a
educação, com profissionais docentes capacitados que tinham além do espaço
adequado, dos materiais pedagógicos de qualidade, um acompanhamento
constante de duas coordenadoras pedagógicas, uma específica para a educação
infantil e outra para o acompanhamento do ensino fundamental, me proporcionou
um despertar na minha vida profissional. Foi exatamente nessa ocasião que decidi
prosseguir com dedicação no curso de Pedagogia para seguir carreira na
educação. Até hoje aplico na minha prática profissional aprendizagens adquiridas
no meu período de estágio nessa referida instituição.
A segunda experiência ocorreu no ano de 2005, como estagiária na Escola do
Serviço Social do Comércio (SESC), em Feira de Santana. Nesse estágio, eu
auxiliava no trabalho de acompanhamento escolar, no qual crianças dessa escola
e de outras, tinham reforço escolar e participavam de projetos. Foi nessa
experiência que realizei meu primeiro projeto, solicitado pelo SESC, em que as
crianças vivenciaram o resgate de algumas brincadeiras de rua. Ainda na Escola
do SESC, fiz o estágio solicitado pela UEFS para conclusão de curso e pela
segunda vez experimentei o trabalho com turmas da educação infantil. No ano
seguinte, 2006, por intermédio desse estágio, fui contratada para assumir uma
turma do maternal na Escola Pequeno Príncipe, também particular em Feira de
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Santana. Foi uma experiência significativa, com um acompanhamento de
coordenação pedagógica de qualidade, e que me ofereceu experiências
importantes para o exercício do meu trabalho atual. Mas, devido a problemas
pessoais, não continuei trabalhando nessa escola, lecionei apenas um ano e voltei
a residir na minha cidade natal, Conceição do Coité.
Ao retornar para minha cidade de origem, prestei serviço temporário no
Colégio Estadual Professora Olgarina Pitangueira Pinheiro nas turmas da
Educação de Jovens e Adultos (EJA), o que para mim não foi uma boa
experiência, pois essa não é a área que estou habilitada para trabalhar e por isso
não exerci o meu trabalho com qualidade.
Em 2007, logo após o trabalho com as turmas da EJA, surgiu uma seleção
para professor substituto da rede municipal de ensino de Conceição do Coité.
Participei do processo seletivo, fui aprovada e convocada para trabalhar no ano
seguinte, em 2008. Como professora substituta, trabalhei por dois anos na Escola
Mundo Infantil no distrito de Salgadália. Foi considerável para minha carreira a
experiência vivenciada com alunos de três e cinco anos nessa escola. A
dificuldade enfrentada nesse período foi o fato de ter como uma de minhas alunas
uma criança especial portadora da Síndrome de Down. Ela era uma criança
adorável e muito querida pela turma, o que me incomodava era o meu despreparo.
Apesar de tentar incluí-la na turma com atenção e carinho, não sabia como realizar
atividades que pudessem proporcioná-la avanços significativos na aprendizagem.
Hoje, numa situação como essa eu enfrentaria diferente, pois com certeza buscaria
ajuda através de outras pessoas e por meio de pesquisas e estudos. Mas, naquele
período, eu apenas me frustrei e reconheço que fui passiva diante da situação.
Poderia ter sido melhor.
Ainda como professora substituta, assumi uma turma de primeira série.
Trabalhar com essa turma foi algo novo, já que o meu exercício acontecia com
maior frequência na educação infantil. Com esses alunos enfrentei a realidade
ainda comum nas escolas públicas, alunos com idade avançada e sem as
habilidades de escrita e leitura comum para a faixa etária. Foi difícil, mas também
gratificante participar do avanço dessas crianças.
No final de 2009 meu contrato como professora substituta foi finalizado. Em
outubro de 2009, antes da conclusão dos contratos, a Prefeitura Municipal de
Conceição do Coité realizou um concurso público para professores. Participei do
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concurso e fui aprovada como professora da educação infantil. Trabalhei nos anos
de 2010, 2011 e 2012 como professora de creche, onde desempenhei com
dedicação o meu trabalho. Em 2011, participei de um concurso, por meio da
apresentação e desenvolvimento de um projeto com as crianças da creche, cujo o
tema era “A leitura e o universo do aprender”, promovido pela Secretaria de
Educação e Cultura do município. Nesse concurso, recebi o Certificado de Honra
ao Mérito pelo primeiro lugar no Prêmio Professor de Qualidade 2011, categoria
creche. Com esse título meu trabalho tornou-se reconhecido e apreciado por
alguns colegas da área de educação.
Em 2013, após a mudança da gestão municipal, fui indicada para assumir o
cargo de coordenadora pedagógica da educação infantil, das turmas pré-escolar,
do município de Conceição do Coité. Foi uma excelente surpresa e a realização de
um sonho. Nunca almejei cargo de direção escolar, mas desde a faculdade tinha o
desejo de um dia atuar como coordenadora pedagógica. Apesar de nesse período,
estar também atuando como coordenadora da educação infantil no Centro de
Educação de Coité (CEC), uma das melhores escolas particulares da cidade, e de
já ter trabalhado como coordenadora pedagógica em outra escola, também
particular, ser convidada para fazer parte da coordenação pedagógica da
educação infantil do município foi uma honra e um grande desafio. Desde então, é
nessa função que tenho atuado e me dedicado.
No cargo de coordenadora pedagógica, oriento os professores da educação
infantil na construção dos planejamentos das aulas direcionadas aos alunos da
pré-escola, crianças de 4 e 5 anos. Reunimo-nos por unidade para elaboração do
planejamento coletivo, no qual apresento para os professores as competências,
habilidades, conteúdos e sugestões de algumas atividades para serem
desenvolvidas com os alunos, dando-lhes liberdade para sugerir e alterar a
proposta apresentada, desde que não atrapalhe o processo de ensino e
aprendizagem. Também aproveito esse momento para socialização das
experiências vivenciadas pelos professores nas escolas e o esclarecimento de
dúvidas relacionadas ao trabalho. No decorrer da unidade, visito as escolas e os
professores com objetivo de observar os trabalhos desenvolvidos e ajudá-los nas
suas dificuldades, aproveitando também para analisar os desenvolvimentos dos
alunos, verificar as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem e fazer os
encaminhamentos necessários para solucionar os problemas encontrados.
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A experiência como coordenadora pedagógica me proporcionou a
observação de várias práticas docentes na educação infantil, particularmente na
pré-escola. Percebo que a maioria dos educadores dessa área, focaliza sua
metodologia de ensino no aprendizado da escrita, principalmente na escrita do
nome, no reconhecimento das letras, na identificação dos números e na contagem
oral. É comum ouvir dos educadores que coordeno os termos “coordenação
motora” e “escrita do nome”, o que me leva a acreditar que, para eles, essas são
as principais habilidades a serem desenvolvidas nas crianças da educação pré-
escolar. Essa situação tem gerando um desconforto durante as minhas visitas ás
escolas e conversas com alguns professores. Na verdade, o que acontece, é que
muitos dos profissionais que atuam na educação infantil, não estão habilitados
para trabalhar nesse segmento e por não terem um conhecimento aprofundado na
área que estão atuando acabam formulando ideias ao invés de buscarem
conhecimentos com fundamentação teórica para desempenhar bem o seu
trabalho. Sei que as habilidades citadas são importantes e devem ser
desenvolvidas, mas, com significado. Além do que já foi mencionado, notei, na
minha atuação como coordenadora pedagógica, que pouco se sabe sobre a
necessidade de uma rotina pedagógica para o desenvolvimento de uma educação
infantil de qualidade.
Durante as visitas feitas às escolas que coordeno, ao solicitar a apresentação
do que foi planejado para aquele dia, era notório na maioria dos casos que não
havia uma preocupação com a organização da rotina no planejamento, muito menos
uma preocupação com os interesses das crianças, o que elas gostavam, para o
desenvolvimento da aula. Percebendo isso, passei a sugerir a organização de uma
rotina pedagógica nos nossos encontros para o planejamento coletivo do que seria
trabalhado com os alunos durante a unidade. Além de sugerir, expliquei como tornar
essa rotina proveitosa para explorar e desenvolver algumas das habilidades
propostas no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI).
Apesar disso, não percebi durante as visitas de acompanhamento pedagógico que a
proposta estava sendo colocada em prática. Os alunos continuavam sem ter
conhecimento do que seria proposto no cotidiano escolar, apenas esperavam
acontecer, e era possível perceber que o que mais importava era seguir o que foi
proposto no planejamento coletivo ou nem isso, pois já encontrei situações em que
as crianças estavam dispersas por não haver uma aula preparada para aquele dia e
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o professor estava na sala apenas para constar que foi trabalhar. Diante dessa
situação, senti a necessidade de pesquisar sobre as contribuições da rotina
pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem na educação pré-escolar.
O trabalho como coordenadora da educação infantil, viabilizou o meu
ingresso nesse curso de Especialização em Coordenação Pedagógica e através
dele obtive conhecimentos consideráveis para o aprimoramento da minha prática
pedagógica. Exponho a seguir a minha esperança profissional com base na
proposta apresentada nesse curso.
1.2 EXPECTATIVAS
Pretendo, através das pesquisas, para elaboração do meu PV, obter
fundamentos teóricos e argumentos convincentes que sirvam para orientar a
prática docente e promover a construção de uma rotina pedagógica que contribua
para a aprendizagem dos alunos da pré-escola. Diante de tanta resistência que
tenho percebido entre os professores, no que diz respeito à necessidade de
atualização da prática pedagógica na educação pré-escolar espero, através desse
trabalho, sensibilizar os profissionais que atuam na área que coordeno de que uma
sala de aula na educação infantil organizada a partir das necessidades das
crianças pode favorecer significantemente a vida do cotidiano escolar e facilitar o
trabalho do educador, por tornar o ambiente mais atrativo e participativo para as
crianças. Para que isso ocorra, colocarei em prática uma das minhas principais
funções que é a formação continuada dos professores, através da socialização das
informações obtidas na minha pesquisa que esclarecerão sobre como a rotina
pedagógica pode favorecer o trabalho desses professores e a aprendizagem das
crianças. Com esse trabalho concluído, a minha atuação profissional terá um
impacto por meio da multiplicação dos conhecimentos que adquiri no decorrer
dessa formação o que, consequentemente, trará um olhar mais aprofundado no
que diz respeito à organização da rotina pedagógica na sala de aula, ou seja,
desejo impactar, enquanto coordenadora pedagógica, provocando mudanças na
prática pedagógica dos profissionais das escolas que atuo.
“Entendemos a coordenação pedagógica como uma assessoria
permanente e continuada ao trabalho docente.” (LIMA; SANTOS, 2007, p.79). Cuja
uma das suas principais contribuições é: “fornecer subsídios que permitam aos
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professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao
exercício profissional.” (PILETTI, 1998, p. 125 apud LIMA; SANTOS, 2007, p.79).
Assim, como me apresentei disposta a aproveitar a oportunidade de
participar do curso de Especialização em Coordenação Pedagógica com a
pretensão de atualizar-me quanto à função profissional que exerço atualmente,
buscando aperfeiçoar meus conhecimentos, espero que os educadores também se
mostrem abertos para as mudanças que vem acontecendo na educação infantil e
assim, permitam que o coordenador exerça uma das suas principais funções, como
foi mencionado no parágrafo anterior. Para que a mudança ocorra e haja qualidade
na educação, é preciso que os profissionais dessa área andem em sintonia.
23
2 A ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Antes de abordar sobre a rotina pedagógica, apresentarei com base nos
teóricos estudados para elaboração desse trabalho, aspectos que considero
importantes para o desenvolvimento de uma prática pedagógica que promova
aprendizagem e educação de qualidade na educação infantil.
“O significado da “Proposta Pedagógica de Educação Infantil” é a busca de
organização do trabalho de cuidar e educar crianças de 0 a 5 anos, em creches e
pré-escolas, completando a ação da família e da comunidade.” (SALLES; FARIAS,
2012, p.20). Apesar de atualmente a educação infantil ocupar um papel de destaque
na educação básica, como antes não existia, e haver uma proposta pedagógica que
tem como finalidade a organização do trabalho que promova cuidados e uma
educação de qualidade, ainda é comum nos depararmos com profissionais que
trabalham nesse segmento sem a preparação necessária para desenvolver uma
proposta pedagógica que realmente promova o desenvolvimento da aprendizagem
na educação infantil.
A LDBEN nº 9394/96 define a educação infantil como primeira etapa da
educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até
5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade. O que a lei afirma sobre a
finalidade da educação infantil precisa ser urgentemente colocado em prática nas
escolas que oferecem esse serviço, sem pretensão de generalizar, mas, diante da
minha prática e realidade, esse segmento ainda não tem sido encarado como a lei
determina, pois nele é comum encontrarmos professores que trabalham sem perfil e
habilidade para promover o desenvolvimento integral em todos os seus aspectos e
uma aprendizagem significativa que sirva de base para prosseguir com qualidade os
estudos nos anos posteriores. São variados os conceitos sobre infância e a
educação infantil por parte dos profissionais que nela atuam e essa situação
compromete a proposta prevista pela lei. Em uma discussão sobre as concepções
de infância e educação infantil foi verificado que:
Historicamente, a noção de infância tem sido vinculada à visão de um ser desprotegido, que merece cuidados pois nele se depositam as esperanças de futuro. Tal visão obscurece o fato de que, quando o presente e o passado dessa criança não são levados em consideração, as perspectivas de futuro tornam-se limitadas, uma vez que à visão da criança real, inserida num contexto sociocultural específico, se sobrepõe uma criança idealizada, tomada pelo que lhe falta. (MICARELLO; DRAGO, 2005, p. 133).
24
Quando não se compreende a criança como ser individual e desconsidera a
sua história e o contexto na qual está inserida, o educador encara a sala de aula
como um todo, colocando as suas expectativas naquilo que acredita ser ideal,
ignorado que a realidade precisa ser compreendida para ser transformada a partir de
uma educação que entende a criança como um ser individual que pensa, se
expressa e é capaz de construir novos conhecimentos a partir dos que já possuem.
Estudos contemporâneos sobre a infância enfatizam que a criança é um sujeito social, que possui história e que, além disso, é produtora e reprodutora do meio no qual está inserida, atuando, portanto, como produtora de história e cultura. (MICARELLO; DRAGO, 2005, p.133).
A prática da educação infantil como um trabalho voltado para crianças vistas
como seres sem capacidade de expressar suas ideias, que não sabem de nada e
necessitam de um cuidado excessivo, que impossibilita o desenvolvimento da
autonomia, carece de ser abolida e para que isso ocorra acredito que o primeiro
passo é a exigência de profissionais habilitados e competentes para atuar nessa
área.
É inaceitável o consentimento a todo profissional licenciado para atuar na
educação infantil. Digo isso pelo fato de encarar situações de pessoas trabalhando
com crianças da educação infantil, acreditando que é um trabalho fácil, no qual não
há necessidade de se avaliar o processo de aprendizagem, pois basta deixá-las
brincar e entregar desenhos prontos para colorir ou papel em branco para riscar. Em
alguns casos esses profissionais aparecem para atuar na educação infantil
simplesmente para completar a sua carga horária de trabalho. Enquanto não houver
uma determinação legal que garanta a essas crianças o direito de uma educação
infantil com profissionais qualificados, continuaremos seguindo com deficiência
neste segmento da educação básica. Enxergo a educação infantil como a base de
toda a educação. Assim, se ela for de qualidade, a probabilidade de o sujeito
continuar com bom desempenho nas outras etapas da educação é bem maior.
A obra de Sonia Kramer, Profissionais da educação infantil: gestão e
formação, traz relatos importantes a respeito do que alguns educadores pensam
sobre a relação entre a teoria e a prática nas práticas de formação:
Analisando o que dizem sobre essa relação, foi possível perceber algumas questões recorrentes nos depoimentos, que podem ser sintetizados nos seguintes eixos: referências a professores que afirmam ter se formado na prática, no próprio exercício das atividades profissionais da educação infantil; discussões em torno da situação de profissionais que, tendo uma formação “teórica”, não conseguem traduzir a teoria em mudanças significativas na prática; a visão de profissionais que trabalham como
25
formadores de professores sobre a relação teoria e prática nas práticas de formação. ( MICARELLO, 2005, p.141).
Para profissionais que acreditam na importância de uma educação infantil de
qualidade para o desenvolvimento integral da criança que promovem a
aprendizagem de maneira significativa, é difícil conviver com a realidade de
educadores com o discurso de que a sua prática foi construída a partir da sua
experiência na ausência de teorias que os direcionassem pois, na maioria desses
casos, o que se presencia é uma prática pedagógica fora do contexto na qual as
crianças estão inseridas, na tentativa de antecipar o trabalho de escolarização
presente nas séries iniciais do ensino fundamental.
Pensar nos discursos vindos de alguns educadores sobre a valorização do
profissional da educação que, em muitos casos, se limitam a questão da melhoria da
remuneração, é refletir: Será que quando o professor não está aberto para o novo,
permanece na situação de comodidade, e resiste a conhecer e aperfeiçoar a sua
prática, não consegue compreender que ele mesmo não valoriza a profissão que
escolheu? Será que os alunos não merecem avançar com as mudanças que
proporcionam melhoria na educação? Um profissional afirmar que sua formação se
deu apenas no exercício da sua prática é contradizer a sua profissão de educar e
promover conhecimentos. A prática é importante e realmente nos fornece grandes
aprendizados quando se relaciona com teorias.
No caso do educador que teve acesso a uma formação, mas não consegue
colocar os conhecimentos adquiridos por meios das teorias em prática e,
consequentemente, não muda, significantemente a sua prática, é uma outra
realidade que dificulta a qualidade e melhoria da educação infantil. Há realmente
falhas na formação dos professores, há teorias que são difíceis de praticá-las, mas
isso não dá legalidade para não buscar melhorar, permanecer no comodismo e
continuar negligenciando a sua prática e desvalorizando o papel do educador. Será
possível obter autonomia quando não se buscar conhecer, mudar e promover uma
educação de qualidade?
É extremamente necessário, no campo da educação infantil, ter acesso a
informações que esclareçam o processo de desenvolvimento do conhecimento das
crianças. Piaget (1972) apresenta o desenvolvimento do conhecimento em quatro
estágios e explica sua formação baseado em quatro fatores: maturação, experiência,
transmissão social em sentido amplo e equilibração.
26
De acordo com o teórico Jean Piaget (1972), a maturação apesar de não ser
suficiente para o desenvolvimento do conhecimento, desempenha um papel
indispensável e não pode ser ignorada. Para ele a experiência não explica tudo, mas
é um fator básico no desenvolvimento das estruturas cognitivas. Quanto a
transmissão social, Piaget considera fundamental, mas não suficiente e ressalta a
importância de se considerar o estado de compreensão da informação na qual sua
estrutura permita a assimilação do que está sendo informado. Por fim, ele fala do
fator que ele considera fundamental, a equilibração, no qual acontece o equilíbrio
entre os outros três fatores já existentes.
Segundo Piaget (1972), a aprendizagem está subordinada ao
desenvolvimento e não vice-versa. Ele ressalta a assimilação, definida por ele como
a integração da realidade em uma estrutura, como fundamental na aprendizagem.
Sendo a aprendizagem possível apenas quando há uma assimilação ativa.
Diante da teoria de Piaget sobre desenvolvimento e aprendizagem, como
aceitar que a educação infantil possa ser dirigida por pessoas que acreditam que
apenas a prática dissociada de conhecimentos teóricos é capaz de fazer com que os
alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Na verdade, o que
comumente acontece é um “faz de conta” nessa importante etapa da educação,
quando a mesma é exercida por profissionais desqualificados. A teoria de Piaget,
como as de outros teóricos, nos traz grandes contribuições que promovem uma
aprendizagem compatível com a faixa etária da criança.
A intervenção educativa precisa, portanto, de uma mudança de ótica substancial, na qual não somente abranja o saber, mas também o saber fazer, não tanto o aprender, como o aprender a aprender. Para isso, é necessário que os rumos da ação educativa incorporem em sua trajetória um conjunto de legalidades processuais. (PELIZZARI et al.,2002, p.40).
A criança precisa ser compreendida como sujeito ativo do processo de ensino
e aprendizagem e jamais como deposito de informações. O educador sem base
teórica pode até desenvolver um bom trabalho, mas se ele enriquecer a sua prática
com teorias capazes de produzir um aperfeiçoamento produtivo no seu exercício
profissional, esse educador com certeza fará um trabalho ainda melhor.
A proposta da aprendizagem na escola precisa realmente ser significativa,
para que não ocorra uma aprendizagem temporária que facilmente será esquecida.
Como já foi citado anteriormente neste trabalho, com base na teoria da
aprendizagem significativa segundo Ausubel, a aprendizagem torna-se significante
quando um novo conteúdo é integrado às novas estruturas de conhecimento de um
27
educando a partir da relação feita com o conhecimento que ele já possui. Pois,
quando não há essa relação o que de fato ocorre é uma aprendizagem mecânica ou
repetitiva, que produz menos significado e o novo conteúdo passa a ser armazenado
isoladamente ou por meio de associações arbitrária na estrutura cognitiva.
(PELIZZARI et al., 2002).
Pensar em aprendizagem significativa é também pensar em um ambiente
acolhedor que proporcione às crianças a possibilidade de aprender de forma
atraente, na qual elas constroem novos conhecimentos a partir dos que já possuem
e o educador age como facilitador desse processo e não como transmissor de
conteúdo. Barbosa e Horn (2001), ressaltam a importância de conhecer a classe e
suas necessidades para a partir desse conhecimento estruturar o espaço-temporal
de forma significativa.
É importante que o educador observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaço preferem ficar, o que lhes chamam mais atenção, em que momento do dia estão mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição, que deverá lhe dar suporte. (BARBOSA; HORN, 2001, p.67).
Além de conhecer as necessidades de cada turma e a organização do
ambiente educacional nas instituições que oferecem educação infantil, é preciso
considerar a importância de envolver as crianças em sua construção.
A ideia central é que as atividades planejadas diariamente devem contar com a participação ativa das crianças garantindo às mesmas a construção das noções de tempo e de espaço, possibilitando-lhes a compreensão do modo de como as situações sociais são organizadas e, sobretudo,
permitindo ricas e variadas interações sociais. (BARBOSA; HORN, 2001, p. 67-68).
O profissional da educação que atua em turmas da educação infantil deve se
atentar para aspectos importantes que fazem do espaço e tempo destinado às
crianças, no período em que permanecem na escola, proveitoso para aprendizagem.
O educador dessa etapa, precisa compreender a importância de considerar as
necessidades das crianças e a sua participação na construção da organização do
trabalho que será desenvolvido com a turma, da qual elas fazem parte. Os espaços
físicos, onde serão desenvolvidas as atividades, devem possibilitar experiências
múltiplas que promovam a criatividade, experimentação, imaginação e interação
com outras pessoas o que consequentemente contribuirá para o desenvolvimento
das diferentes linguagens expressivas. (BARBOSA; HORN, 2001).
28
De acordo com o RCNEI, volume 2:
A promoção do crescimento e do desenvolvimento saudável das crianças nas instituições educativas está baseada no desenvolvimento de todas as atitudes e procedimentos que atendem as necessidades de afeto, alimentação, segurança e integridade corporal e psíquica durante o período do dia em que elas permanecem na instituição. (BRASIL,1998, p.50-51).
Baseado na citação acima, pode-se considerar a relevância de se organizar,
dentro do cotidiano escolar das crianças, uma rotina pedagógica que envolva o
desenvolvimento de todas as atitudes e procedimentos que garantam as
primordialidades dessas crianças. Mas, antes de elaborar a rotina, é preciso que o
educador compreenda o que realmente significa uma rotina pedagógica e quais as
suas utilidades para o desenvolvimento da aprendizagem, caso contrário essa
organização pode torna-se insignificante para o desenvolvimento de habilidades que
facilitarão a aprendizagem dos educandos.
“A rotina é uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação
infantil estruturaram para a partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas
instituições de educação infantil.” (BARBOSA, 2006, p.35). Sendo um elemento
pedagógico a rotina precisa ser bem construída, de maneira que atinja os interesses
e necessidades de todos os que estão envolvidos e principalmente, que promova
situações de aprendizagem.
A construção de uma rotina dentro do cotidiano escolar serve como forma de
organizar as atividades que serão desenvolvidas, propõe segurança e orienta as
crianças e professores. “A repetição de certas ações, de determinadas práticas dá
estabilidade e segurança aos sujeitos. Saber que depois de determinada tarefa
ocorrerá outra dá certo sossego às pessoas, sejam elas grandes ou pequenas.”
(BARBOSA, 2006, p.38).
Depois da rotina construída com base nas considerações apresentadas
anteriormente, como por exemplo: o conhecimento das necessidades da turma e a
participação das crianças no processo de construção da rotina pedagógica, o
professor deve aproveitar a apresentação da rotina para explorar elementos da
linguagem oral e escrita como também alguns conceitos matemáticos. “Isto nos dá a
chance de experimentar e introduzir atividades de enorme interesse para a
aprendizagem das crianças, com relativa independência das atividades específicas
programadas na área de Linguagem.” (CURTO et al., 2000, p.19).
29
A escrita da rotina, diariamente no quadro, tendo o professor como escriba e
com a participação das crianças, pode ser utilizada como atividade permanente.
Esse procedimento demonstra uma das contribuições de organizar e apresentar
para a turma o que será proposto como atividade no período que irá passar na
escola. Além da expressão oral de suas hipóteses sobre como escrever algumas
palavras, servirá também para entender a funcionalidade da leitura e da escrita.
(CURTO et al., 2000).
Quando a rotina é organizada com a pretensão de promover a aprendizagem
e o desenvolvimento da autonomia nas crianças, deixando de ser vista apenas como
um roteiro que facilita a aplicação do que foi planejado como atividade para aula, ela
passa a ser um recurso pedagógico com contribuições importantes no que diz
respeito a aprendizagem das crianças em todas as áreas de conhecimentos
propostas no RCNEI:
As rotinas das pedagogias da educação infantil foram vistas, neste trabalho, como um dos elementos integrantes das práticas pedagógicas e didáticas que são previamente pensadas, planejadas e reguladas como o objetivo de ordenar e operacionalizar o cotidiano da instituição e constituir a subjetividade de seus integrantes. (BARBOSA, 2006, p.39).
Este trabalho não tem a intenção de apresentar o conceito da rotina
pedagógica com bases em autores que abordam aspectos relevantes sobre o tema.
O objetivo principal é trazer informações que contribuam para aceitação de que
quando se tem conhecimento sobre o conceito da rotina pedagógica é mais fácil
compreender as contribuições que ela pode oferecer para aprendizagem das
crianças, e em particular as crianças da educação pré-escolar.
30
3 A ROTINA PEDAGÓGICA NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO
PRÉ–ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL
De acordo com a LDBEN, a educação básica tem por finalidade desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
A educação infantil faz parte da primeira etapa da educação básica, ela é a base e
por isso a prática pedagógica desenvolvida nessa etapa, assim como nas outras,
precisa ser assegurada com dedicação e qualidade para que as crianças tenham
garantido o que a lei descreve como finalidade da educação básica.
Nas últimas décadas, é possível perceber mudanças significativas na educação
infantil, mas sabemos que a presença de profissionais não habilitados para o
exercício da prática pedagógica dessa primeira etapa da educação básica ainda é
uma realidade constante. Como coordenadora da educação infantil, procuro
desempenhar meu trabalho com objetivo de promover o desenvolvimento do
educando a partir de um processo de ensino e aprendizagem executado de forma
significativa e que promova a formação de indivíduos participativos e responsáveis
com o seu papel social. Nessa perspectiva, como estudante do Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica, oferecido pelo Programa Nacional
Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, UFBA,
no Polo Conceição do Coité, escolhi a relação entre aprendizagem escolar e
trabalho pedagógico como eixo desta pesquisa.
3.1 ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR
A proposta de intervenção é uma das etapas do meu trabalho que será
realizada em uma escola pública municipal que chamarei de Escola X, localizada na
cidade de Conceição do Coité, Bahia. Tal escola oferece educação pré-escolar e
ensino fundamental, anos iniciais, mas como não tem salas de aulas suficiente para
receber todos os alunos que procuram o atendimento escolar, seu trabalho acontece
em dois espaços, em diferentes endereços. As atividades escolares oferecidas aos
alunos do ensino fundamental, do 2º ao 5º ano, ocorrem no espaço próprio da
instituição. Os alunos da educação pré-escolar e do 1º ano do ensino fundamental,
são atendidos em uma casa, alugada pela Secretaria de Educação. A casa foi
organizada e mobiliada para receber sua clientela. No turno matutino, são atendidas
31
31 crianças da educação pré-escolar distribuídas em duas salas de aula, uma para o
1º período, crianças de 4 anos, e a outra para o 2º período, crianças de 5 anos e 19
alunos do 1º ano do ensino fundamental em outra sala de aula. No turno vespertino
33 crianças frequentam as turmas da pré-escola, 1º e 2º períodos, e 18 alunos o 1º
ano, totalizando 64 alunos.
A casa onde funciona essa escola, possui 3 salas de aulas, uma sala de
vídeo, uma secretaria, onde as professoras se reúnem para elaborar seus
planejamentos e uma secretária escolar trabalha dando suporte aos professores e
direção, uma cozinha, 3 banheiros, dois para os alunos e um para os funcionários, e
uma área utilizada para recreação e realização de atividades que necessitam de um
espaço aberto. Trabalham na escola 8 professoras e 2 auxiliares, sendo que 4
docentes são responsáveis pelo trabalho na educação pré-escolar e uma estagiária
atua como auxiliar de ensino nesse segmento, 1 cozinheira, 2 zeladoras, 1 porteiro,
1 secretária e a vice-diretora.
Na cidade de Conceição do Coité, são poucas as escolas públicas municipais
que possuem um (a) coordenador (a) pedagógico (a) designado (a) para exercer a
sua função dentro da instituição de ensino, a maioria desses profissionais estão
lotados na Secretaria de Educação e se responsabilizam por um determinado
número de escolas para dar o devido suporte pedagógico. No ensino fundamental,
anos finais, os coordenadores atuam por disciplina, no ensino fundamental, anos
iniciais, há coordenadores para cada ano e outros específicos para educação do
campo. Na educação infantil atuam três coordenadoras, uma para creches, uma
para educação pré-escolar e outra para educação infantil do campo. Na Escola X,
sou a responsável pela coordenação pedagógica da educação pré-escolar, mas
estou lotada na Secretaria de Educação, sendo assim não há um(a) coordenador(a)
pedagógico (a) trabalhando, exclusivamente, dentro dessa escola.
Durante as visitas de coordenação pedagógica, feitas a essa escola, é
comum ouvir queixas das professoras em relação a ausência de participação dos
pais na vida escolar de seus filhos. Crianças que não frequentam regularmente as
aulas, que chegam na escola sem material didático, que não tem acompanhamento
na realização das atividades escolares que vão para casa, que possuem
comportamento de indisciplina e têm dificuldade para obedecer aos combinados.
São situações que necessitam da parceria da família para facilitar o avanço no
desenvolvimento da aprendizagem. Mas, não são todos os pais que se mostram
32
ausentes na vida escolar de seus filhos infelizmente, o que ocorre na Escola X é
comum na maioria das instituições públicas de ensino devido a uma série de fatores.
De acordo com as pessoas que trabalham diretamente na escola, não há uma
participação ativa da comunidade escolar dentro dessa instituição de ensino. A
escola recebe alunos de bairros diferentes, alguns de famílias desestruturadas
economicamente e com uma relação familiar abalada, filhos de pais separados,
mães que passam o dia fora trabalhando para garantir o sustento da família, e por
isso, falta o tempo suficiente para participar da vida escolar dos filhos, crianças
criadas por avós porque os pais foram embora para trabalhar em outra cidade, filhos
criados por pais usuários de drogas. Sendo assim, são vários os fatores que
dificultam a reunião das famílias para convencê-las da sua importante participação
na comunidade escolar para que a escola possa trabalhar com melhor qualidade e
promover uma educação mais eficaz e significante na vida de seus alunos.
Diante da situação apresentada, é quase impossível atrair os pais ou
responsáveis para participarem democraticamente da construção do Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola. Mas, a instituição possui o seu PPP que atualmente
está sendo modificado pela gestão e funcionários da escola. A escola possui
regimento escolar e não tem o conselho escolar.
3.2 CONCEPÇÃO DA ROTINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PRÉ-
ESCOLAR
O tema do meu trabalho dentro do eixo “A Relação entre Aprendizagem
Escolar e Trabalho Pedagógico” é: As Contribuições da Rotina Pedagógica para o
Desenvolvimento da Aprendizagem na Educação Pré-Escolar. Através desse
trabalho, construído por meio da leitura de textos, de alguns dos teóricos, que
abordam sobre o assunto e da aplicação de um questionário a três professoras da
escola que atuam na educação pré-escolar, pretendo encontrar resposta para a
seguinte problemática: De que maneira a proposta de trabalho com rotina
pedagógica na educação pré-escolar pode contribuir para o desenvolvimento da
aprendizagem?
Como estudante desse curso de especialização e também coordenadora
pedagógica da educação infantil, além da problemática que busco analisar com essa
pesquisa, tenho como objetivo, vencer a resistência que impede o aperfeiçoamento
na prática pedagógica da educação pré-escolar e promover a compreensão de como
33
uma organização no cotidiano escolar da criança, por meio da rotina pedagógica,
pode ser significante e contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem na
educação pré-escolar.
O método utilizado para essa etapa do PV, que chamamos de proposta de
intervenção foi a pesquisa-ação, explicada como:
“A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou de problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (THIOLLENT,1996, p.14).
Com base na afirmação de Thiollent (1996), a respeito da pesquisa-ação,
foram elaboradas, para essa pesquisa, algumas questões para serem respondidas
pelas professoras que atuam na educação pré-escolar apoiadas em suas
experiências vivenciadas na prática pedagógica atual. O questionário foi produzido
para colher informações sobre como ocorre a rotina pedagógica no seu cotidiano e
quais os benefícios que ela apresenta para o desenvolvimento da turma.
Das quatro professoras que atuam na educação infantil, apenas uma não
estava presente nos dias em que a pesquisa foi realizada e três delas responderam
ao questionário. Antes de iniciar as perguntas dentro do tema, houve
questionamentos a respeito da formação e do tempo de atuação de cada
profissional que participou da pesquisa. Duas das participantes possui formação de
nível superior, uma em Letras e outra em Pedagogia com Especialização em Gestão
Escolar. Apenas uma não possui graduação e concluiu sua formação no magistério.
A professora com graduação em Pedagogia informou possuir 28 anos de atuação
em sala de aula, todos eles na educação pré-escolar, a professora formada em
Letras atua há 10 anos em sala de aula e apenas 5 na educação pré-escolar e a que
possui formação apenas no magistério, tem 22 anos lecionando, dentre eles 5 foi na
educação pré-escolar. Todas elas atuam há 5 anos na escola. As professoras
graduadas atuam nas turmas de 1º período e a outra docente na turma do 2º
período.
De acordo com Thiollent (1996, p.15), “a participação das pessoas implicadas
nos problemas investigados é absolutamente necessária”. Para agir sobre o
problema do estudo é imprescindível o envolvimento de alguns educadores que
atuam na educação pré-escolar. O questionário aplicado trouxe informações
valiosas a respeito de como os profissionais envolvidos compreendem a rotina na
34
educação pré-escolar e de que forma utilizam esse recurso na sua prática
pedagógica.
A respeito da compreensão sobre a rotina pedagógica na educação pré-
escolar as professoras apresentaram as seguintes respostas: P1) “É o que eu
prático na sala de aula e na escola durante o dia-a-dia.” P2) “Rotina é todo trabalho
desenvolvido no dia-a-dia, através de atividades cotidianas organizadas da melhor
maneira possível a facilitar o ensino e aprendizagem”. P3) “É um compromisso
pedagógico. O ensinar e o aprender se desenvolve de uma maneira alegre e
divertida”.
O resultado da pesquisa feita com as participantes representativas da
educação pré-escolar revela que, apesar da rotina pedagógica fazer parte do
cotidiano das escolas, pouco se sabe sobre ela e como utilizá-la para contribuir com
o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Essa revelação confirma o que
Barbosa (2006, p.16) diz, “A presença significativa das rotinas nas práticas de
educação infantil acabou por constituí-la como categoria pedagógica central, mas
muito pouco estudada e explicada”.
Não é que as respostas dadas sobre a compreensão da rotina pedagógica
estejam erradas. Mas, a rotina pedagógica vai além do que foi apresentado, é mais
do que o trabalho desenvolvido todo dia. A rotina pedagógica é um instrumento que
precisa ser planejado para atender as necessidades da turma com o objetivo de
promover interação entre as crianças e adultos, autonomia, criatividade e expressão.
Enfim, a rotina não é apenas o esboço do que ocorrerá durante a aula. Para
promover a aprendizagem, ela precisa ser organizada com essa intenção. E sobre
como é organização diária da rotina pedagógica, foram apresentadas as seguintes
respostas:
P1) “Organizo da seguinte maneira: recolho as atividades de casa e faço logo
a correção, em seguida a chamada, oração, música, acolhida com os brinquedos ou
livros de historinhas, conversa e logo depois começo a explicar o conteúdo e as
atividades faço de maneira individual”.
P2) “Acolhida, oração, leitura feita pelo professor, roda de conversa,
conteúdos (dinamizando sempre como música, história e brincadeiras) atividade,
recreio, atividade e organização para ir para casa”.
35
P3) “1º momento – acolhimento, músicas e sempre com brincadeiras. Logo
após uma atividade proposta e observação se o objetivo foi alcançado”.
Com base no que diz Barbosa (2006), a rotina é a forma de organizar a
atividade escolar presente no cotidiano da criança inserida na educação infantil. As
respostas apresentas pelas educadoras, indicam que as mesmas compreendem a
rotina como instrumento organizador do seu trabalho no dia a dia da sala de aula.
No que diz respeito a organização da rotina, é possível perceber que a mesma
ocorre, aparentemente, sempre da mesma maneira sem que haja uma preparação
prévia e a preocupação de envolver as crianças de forma participativa nesse
processo, fazendo com que elas se apropriem sobre o que irá ocorrer no seu dia na
escola.
Organizar o cotidiano das crianças na Escola Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de atividades diárias é antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir principalmente de suas necessidades. (BARBOSA; HORN, 2001, p.67)
Como já foi mencionado no capítulo anterior, em citação desses mesmos
autores, para organizar a rotina pedagógica é importante considerar as preferências
das crianças e os momentos que serão melhor aproveitados para explorar situações
que favoreçam aprendizagens.
“Insistimos na ideia de que quase toda atividade escolar inclui elementos de
linguagem oral e escrita, isto é, não se aprende a ler e a escrever apenas na “hora
da linguagem.” (CURTO et al.,2000, p.19). Acreditar que a criança só desenvolve as
habilidades das áreas de conhecimentos propostas no RCNEI quando há um tempo
destinado para trabalhar os conhecimentos de uma área específica é não saber
aproveitar as variadas oportunidades de aprendizagem presentes na rotina da
criança no seu cotiando escolar.
Uma rotina pedagógica planejada e organizada com base no conhecimento
que o educador tem a respeito das necessidades da sua turma e com a participação
dela na sua construção, é um recurso proveitoso para o desenvolvimento de várias
habilidades correspondentes à faixa etária dos alunos da educação pré-escolar. A
rotina não deve ser vista apenas como a organização das atividades que serão
desenvolvidas na classe, assim ela corre o risco de atender apenas às necessidades
de trabalho do professor. Além disso, ela contribui com a interação entre colegas,
para socialização de ideias, exposição de opiniões, noção de organização e de
tempo, compreensão da utilidade da escrita e leitura, apreciação de materiais
36
artísticos, quando há dentro da sua rotina um espaço reservado para artes e outros
benefícios.
Na pesquisa feita, houve a preocupação de se conhecer a opinião das
professoras a respeito de como elas fazem da rotina uma aliada para o
desenvolvimento da aprendizagem das crianças e as respostas foram as seguintes:
P1) “Procuro seguir sempre o que planejo e realizo as atividades pedagógicas
durante a aula”.
P2) “A rotina pedagógica possibilita a nós, professores, alcançar o objetivo
desejado. A forma como o tempo, o espaço e os materiais são organizados é que
nos ajudam quando temos quaisquer limitações de ambiente”.
P3) “Com atividades lúdicas acompanhando o desenvolvimento passo-a-
passo”.
Na primeira resposta apresentada sobre o questionamento fica claro que a
rotina é aproveitada apenas para organizar o trabalho da professora. Na segunda, a
professora demonstra o reconhecimento de que a rotina possibilita alcançar o
objetivo desejado, mas não deixa claro qual seria esse objetivo nem de que forma a
rotina pode contribuir. Ela também ressalta que a maneira de se organizar o tempo e
o espaço ajuda no trabalho dela, mas também não esclarece qual seria a maneira
de organização adequada. E na terceira resposta, a professora enxerga apenas nas
atividades lúdicas a possibilidade de a rotina ser uma aliada na aprendizagem, mas
também não apresenta argumentos
que justifiquem a sua resposta.
Essas respostas fortalecem a minha visão de que há uma necessidade de
aprofundar os conhecimentos a respeito do trabalho com rotina pedagógica na
educação pré-escolar. Essa situação torna-se ainda mais visível na ideia que as
professoras têm quanto a contribuição das crianças na construção da rotina.
Sobre como a docente acha que as crianças podem contribuir na construção
da rotina pedagógica, a P1 respondeu: “Com a realização de todas as atividades
pedagógicas proposta por mim”. Primeiro que nessa resposta fica claro que a
criança não participa do processo de construção, segundo que a forma como foi
colocada é que a criança é obrigada a obedecer ao que proposto a ela mesmo que
não haja aprendizagem. O importante é fazer o que a professora manda.
As crianças podem contribuir quando é oferecida a elas a oportunidade de
avaliar a aula para que elas demonstrem o que foi satisfatório ou não e, a partir daí o
37
professor pode colher informações valiosas para tornar a sua prática mas eficaz e
consequentemente melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem. Elas também
podem ajudar quando são observadas pelo professor, para que o mesmo conheça a
turma que trabalha e suas preferências. Este conhecimento também será importante
para selecionar atividades que realmente desperte a participação da criança e a
promoção da construção do conhecimento de forma significativa. E, além disso, o
docente pode também dar aos educandos a chance de opinar sobre algo que
gostariam de conhecer ou aprender e elaborar projetos ou atividades com base nas
opiniões colhidas, possibilitando-lhes uma nova oportunidade de descobertas.
Acredito haver mais possibilidades de as crianças contribuírem na construção da
rotina pedagógica. O que não deveria mais existir é a incrível capacidade de
limitação das crianças por parte de alguns educadores.
As outras respostas apresentadas, pelas professoras, no que diz respeito à as
contribuições das crianças na construção da rotina foram: P2) “As crianças podem
contribuir com suas ações, mostrando suas limitações, necessidades e capacidades
de escolhas.” e P3) “Com o desenvolvimento das atividades propostas, alcançando
seus objetivos”. Nota-se que na resposta da segunda participante, há um maior
envolvimento das crianças, pois a professora revela que as ações e as
necessidades delas, assim como suas limitações e capacidades de escolha são as
possibilidades de as crianças participarem da elaboração da rotina. Nesse caso há
um olhar para a criança. A resposta da terceira participante, volta-se para a
satisfação da professora, esquecendo-se da participação ativa do aluno.
No questionário apresentado às professoras, havia outras questões
importantes para colher informações de como a rotina pedagógica é encarada na
educação pré-escolar. Além das questões que já foram apresentadas, achei
interessante saber as opiniões dessas profissionais da educação infantil sobre a
importância da rotina para o desenvolvimento do seu trabalho e por que para elas
seria considerável compartilhar com os seus alunos o que elas irão fazer no período
em que permanecem na escola.
Quanto a importância da rotina para o desenvolvimento do trabalho das
professoras na escola, as respostas indicam que elas consideram o trabalho com a
rotina importante, pois servem para orientá-las no que será feito e ajudam no
desenvolvimento das crianças. Quando relatam nessa questão que a rotina contribui
para o desenvolvimento das crianças, comparando esse comentário as respostas
38
dadas à terceira questão da pesquisa, é possível perceber uma contradição. Pois,
quando foi perguntado de que forma a rotina seria uma aliada para o
desenvolvimento da aprendizagem das crianças, não obtive resposta que
esclarecesse como o uso da rotina pudesse promover a aprendizagem.
A cada momento de análise das respostas apresentadas à pesquisa fortalecia
o que Barbosa (2006) diz a respeito dos poucos estudos encontrado sobre o tema.
“A rotina torna-se apenas um esquema que prescreve o que se deve fazer e em que
momento esse fazer é adequado.” (BARBOSA, 2006, p. 36).
A rotina pedagógica é o que normalmente acontece dentro do cotidiano
escolar. Sua contribuição acontece quando ela é construída não apenas para
organização do que será realizado, mas principalmente quando é planejada com o
objetivo de atender principalmente as necessidades do aluno e não somente facilitar
o trabalho do professor. Mas, diante do que as participantes dessa pesquisa
revelam, fica manifesto que a rotina é vista, principalmente como norteadora do que
será feito na aula, sem um profundo conhecimento de como ela pode contribuir para
a aprendizagem do aluno e tornar o trabalho docente apreciável.
Quanto à questão sobre, se elas acham importante compartilhar com seus
alunos o que irá ocorrer durante o período que eles permanecerão na escola, foram
essas as respostas apresentadas: P1) “Sim. Porque eles se interessam cada dia
mais, sabendo o que vai ser estudado ou feito durante o dia.” P2) “Sim, pois mesmo
inconscientemente as crianças aprendem a se organizar e principalmente organizar
suas próprias atividades”. P3) “Sim, porque ao compartilhar, venho despertar o
interesse deles”.
Em relação a importância de compartilhar com as crianças o que irá ocorrer
durante a aula, as professoras reconhecem que é interessante os alunos tomarem
conhecimento da rotina que eles irão participar no seu cotidiano escolar. De acordo
com as participantes, ao saber o que irão fazer as crianças demonstram mais
interesses e aprendem a se organizar.
Quando a rotina é compartilhada com as crianças, elas se sentem mais
seguras, por saber que estão inseridas num espaço organizado para atender as
suas necessidades e interesses, têm a oportunidade de opinar e de divulgar as suas
preferências, tornam-se mais autónomas e situadas no tempo. Essa situação,
consequentemente, fará do ambiente escolar um lugar mais cativante. Conforme
39
Barbosa (2006), saber a sequência do que vai acontecer, traz tranquilidade e
estabilidade.
Para finalizar a pesquisa desse trabalho as docentes foram questionadas:
Quais áreas de conhecimentos podem ser exploradas quando uma rotina é
construída e socializada com a participação das crianças? E apesar de não deixar
claro de como a rotina podem auxiliar na aprendizagem das crianças na educação
pré-escolar, elas admitiram em suas respostas que todas as áreas de conhecimento
podem ser trabalhadas no desenvolvimento da rotina.
É valoroso tomar conhecimento, através da última questão da pesquisa, de
que as docentes constataram que todas as áreas de conhecimentos podem ser
exploradas quando a rotina é construída adequadamente para atender as
necessidades da turma, mesmo demonstrando em algumas das suas respostas, que
há pouco conhecimento entre elas, sobre como desenvolver um trabalho significante
por meio de uma rotina pedagógica que promova contribuições consideráveis para a
aprendizagem das crianças.
Perante a concepção da rotina pedagógica na educação escolar, apresentada
através dessa pesquisa, fica evidente a necessidade de se criar situações de
estudos que ofereçam aos professores da educação infantil, informações
importantes para que os mesmos atualizem os seus pensamentos a respeito do
trabalho pedagógico realizado a partir de uma rotina.
3.3 ATUAÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A FORMAÇÃO
CONTINUADA
O Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica proporcionou aos
seus participantes a oportunidade de ampliar os conhecimentos em relação ao papel
do coordenador pedagógico na educação. Miziara et.al (2014), em O que revelam as
pesquisas sobre a atuação do coordenador pedagógico, trouxeram informações
consideráveis para prática desses profissionais da educação. “As pesquisas
analisadas sugerem a formação continuada como a principal atribuição do
coordenador pedagógico.” (MIZIARA et al., 2014, p.612).
A pesquisa feita revela informações importantes sobre como vem sendo
desenvolvido a proposta pedagógica na educação pré-escolar nessa instituição e a
visão dos educadores quanto ao trabalho com a rotina pedagógica e como eles
40
consideram o que sejam as contribuições das crianças para favorecerem o processo
de ensino e aprendizagem.
Assim, diante do resultado dessa pesquisa, percebe-se a necessidade de se
criar estratégias para ajudar a solucionar o problema levantado nesse Projeto de
Vivência: De que maneira a proposta de trabalho com a rotina pedagógica pode
contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem na educação pré-escolar?
Na perspectiva de solucionar a problemática desse PV, será apresentado aos
professores que atuarão nas escolas públicas do município de Conceição do Coité,
nas salas de educação pré-escolar, uma Proposta de Intervenção, tendo como
objetivo geral oferecer aos docentes a oportunidade de uma capacitação que os
ajude a compreender as contribuições da rotina pedagógica para aprendizagem das
crianças inseridas nesse segmento da educação básica e a utilizá-la como recurso
valioso, para melhorar a qualidade do seu trabalho educativo.
Uma das funções do coordenador pedagógico é acompanhar o trabalho
docente na intenção de ajudar a resolver os problemas que aparecem durante a
prática pedagógica, desta maneira, após descobrir as causas que impedem a
execução de uma rotina que contribua consideravelmente para o desenvolvimento
da aprendizagem da crianças da educação pré-escolar, a PI dessa pesquisa
pretende alcançar os seguintes objetivos específicos, nas escolas públicas que
oferecem educação pré-escolar na cidade de Conceição do Coité:
Ajudar os professores da educação pré-escolar a considerar a importância
de incluir a rotina pedagógica no cotidiano escolar;
Incluir a rotina pedagógica na proposta de trabalho da educação pré-
escolar;
Construir a rotina pedagógica a partir do olhar sobre as necessidades e
interesses da turma;
Envolver as crianças no processo de construção da rotina;
Compartilhar diariamente com as crianças o que será proposto durante a
aula;
Promover o desenvolvimento da aprendizagem através da utilização
diária da rotina;
41
Envolver todas as áreas de conhecimento na rotina pedagógica.
Para responder a essa questão é fundamental levar em consideração a
necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre o trabalho com a rotina
pedagógica. Enviar materiais para que os professores estudem isoladamente sobre
o tema não seria uma boa opção. Pensando assim, será proposto aos profissionais
que atuarão na educação pré-escolar no próximo ano letivo, um estudo coletivo
sobre o tema, na qual trarei minhas contribuições com base nos conhecimentos
adquiridos no decorrer dessa especialização. Seguido do estudo, será proposto um
momento de socialização dos materiais analisados e das opiniões dos profissionais
sobre a pesquisa e da sua visão do trabalho com a rotina pedagógica. Uma oficina
também será programada para que os profissionais demonstrem na prática o que
compreenderam sobre as contribuições da rotina pedagógica na educação pré-
escolar.
Para concluir a proposta de intervenção será feito um acompanhamento
bimestral nas escolas, na qual os professores serão observados e apresentarão
respostas, através de questionários, de como eles tem conseguido fazer da rotina
um instrumento auxiliador da aprendizagem.
Essa proposta de intervenção será apresentada aos professores no nosso
primeiro encontro do ano letivo de 2016. Nele, firmaremos algumas datas,
reservadas para os estudos, que poderão ser nos dias reservados para a Atividade
Complementar (AC). Após a realização dos estudos, definiremos uma data para
socialização das ideias a respeito do tema com base no que foi estudado. Depois da
discussão sobre o tema eles terão a tarefa de formar grupos para apresentar na
prática, para os próprios professores participantes dos estudos sobre o tema, como
organizarão e desenvolverão a rotina pedagógica entendendo-a como recurso
importante para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Depois de refletir
esse momento, colocarão em prática com os seus alunos o que foi estudado e
aguardarão o resultado do trabalho que deverá ser apresentado para a
coordenadora pedagógica, quando a mesma comparecer às escolas.
A seguir será apresentado o quadro do cronograma de como serão
desenvolvidas as ações presentes na PI:
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Quadro: Cronograma da Proposta de Intervenção
Ação
Responsável pela realização da Ação
Público Alvo
Local
Recursos
Período da ação
Convidar os professores da educação pré-escolar para participarem de um estudo sobre as contribuições da rotina pedagógica para educação infantil.
Coordenadora pedagógica da educação pré-escolar.
Docentes da educação pré-escolar.
Escola Municipal João Paulo Fragoso.
Datashow e computador.
Fevereiro/ 2016
Promover estudo coletivo sobre o tema.
Coordenadora pedagógica da educação pré-escolar.
Docentes da educação pré-escolar.
Sala de reunião da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte.
Datashow, computador e material de leitura sobre o tema utilizada na construção do PV.
Março/ 2016
Socializar o estudo coletivo e discussão sobre o tema.
Coordenadora pedagógica da educação pré-escolar.
Docentes da educação pré-escolar.
Sala de reunião da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte.
Bloco de anotações, canetas, Datashow, computador e material de leitura sobre o tema utilizada na construção do PV.
Abril/2016
Propor uma oficina sobre o tema.
Coordenadora pedagógica da educação pré-escolar.
Docentes da educação pré-escolar.
Escola Municipal João Paulo Fragoso
Datashow, computador, lousa, piloto, blocos de anotações e canetas.
Abril/2016
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Acompanhar o trabalho com a rotina pedagógica nas escolas.
Coordenadora pedagógica da educação pré-escolar.
Docentes e alunos da educação pré-escolar.
Escolas dos município que oferecem educação pré-escolar em turmas regular.
Questionários e canetas.
Junho, agosto, outubro e dezembro de 2016.
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
3.3.1 Resultados esperados
À vista da PI apresentada, na busca de fazer com que o trabalho
desenvolvido com a rotina pedagógica contribua de maneira significativa, explorando
todas as áreas de conhecimentos previstas no RCNEI e promovendo o
desenvolvimento da aprendizagem das crianças inseridas nas escolas da educação
pré-escolar da rede pública municipal na cidade de Conceição do Coité, espero que
todas as pessoas envolvidas nessa proposta mostrem-se abertas para mudanças
que contribuirão para o avanço de sua prática pedagógica. A expectativa desse
trabalho, volta-se para o aperfeiçoamento das práticas docentes desenvolvidas na
educação pré-escolar, a partir do discernimento de que a organização do espaço
onde ocorrerão as atividades escolares cotidianas, precisam ser consideradas como
parte do trabalho pedagógico que contribui para promoção de uma educação de
qualidade. Sendo assim, em consequência desse trabalho, o resultado almejado é
que as crianças construam novos conhecimentos, a partir da sua colaboração e
participação da rotina pedagógica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um espaço educativo que propõe no seu cotidiano uma rotina pedagógica
voltada para atender às necessidades das crianças que frequentam diariamente
esse espaço, terá todos os dias a oportunidade de oferecer situações que
promovam o desenvolvimento da aprendizagem em todas as áreas de
conhecimentos propostas no Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Mesmo que no planejamento das aulas, o professor separe os dias para
aprofundar os conhecimentos em áreas específicas, com a introdução de uma rotina
elaborada com a participação das crianças, às vezes direta e outras vezes
indiretamente, o docente da educação infantil pode promover situações que ampliem
a construção do conhecimento sem ficar limitado apenas a um ou dois campos da
aprendizagem.
Ao organizar o que será proposto nas aulas, com base nas observações feitas
diariamente quanto a participação das crianças nas atividades propostas, nos
momentos de interação entre os colegas e durante as brincadeiras, como sugere
Barbosa e Horn (2001), o professor estará planejando sua aula com base nas
informações sobre as preferências das crianças, seus interesses e suas
capacidades. Assim, indiretamente as crianças estarão participando da construção
da rotina inserida no seu cotidiano escolar e podem também participar diretamente
em uma roda de conversa para avaliar o dia na escola, expondo suas ideias de
como gostaria que as aulas acontecessem. Nesse momento de construção da rotina
pedagógica, o educador, além de demonstrar preocupação com a disposição de um
ambiente que atenda os interesses de sua clientela, contribui para que os seus
alunos exercitem a expressão oral das suas ideias, pensamentos e gostos,
promovendo a eles a capacidade de ampliar gradativamente suas possibilidades de
comunicação e expressão, como sugere o RCNEI na área de Linguagem Oral e
Escrita.
Quando a rotina é apresentada diariamente e é escrita no quadro pelo
professor, mas com a participação das crianças, buscando delas as informações a
respeito do dia da semana, do mês e ano e também da sequência de como as
atividades ocorrem diariamente, como por exemplo: a acolhida, a roda de conversa,
o lanche, higiene, recreio, atividades e outros, está sendo oferecida às crianças
45
possibilidades de expressão oral a respeito da marcação do tempo por meio do
calendário e da sequência de como o trabalho acontecem permitindo que fiquem
situadas no que irá acontecer. Também pode ser solicitado que as crianças
contribuam no processo da escrita que será feita pelo professor. Assim, nesse
momento o trabalho com a rotina contribui na aprendizagem de conceitos
matemáticos e do processo da construção da escrita.
Ao selecionar o que será feito na acolhida o professor pode organizar
espaços que envolva o desenho, pintura, recortes, colagem, dança, jogos de
encaixe e montagem, leituras e outras atividades, incluindo na rotina o
desenvolvimento de algumas habilidades nas áreas de Artes Visuais, Movimento e
Música, propostas no RCNEI.
No ambiente escolar em que há participação social das crianças, no qual lhes
são oferecidas a oportunidade de manifestar opiniões próprias sobre
acontecimentos, há interação com outras crianças e adultos, possibilidades de
aguçar suas curiosidades, é ofertada a chance de alcançar alguns dos objetivos
propostos em Natureza e Sociedade que também é uma área de conhecimento
apresentada pelo RCNEI.
O educador precisa se atentar para as possibilidades de aprendizagem
ofertadas a partir de um trabalho que considera a rotina como estrutura sobre a qual
será organizado o tempo didático que representa o tempo de trabalho educativo
realizado com as crianças (BRASIL, 1998). Necessita também enxergar as rotinas
da pedagogia da educação infantil como um dos elementos que integram as práticas
pedagógicas e didáticas que são previamente pensadas e planejadas (BARBOSA,
2006).
Estando atento e se colocando disposto para inovação de sua prática
pedagógica, o professor estará possibilitando a oferta das duas condições para
haver aprendizagem significativa apresentadas por Pelizzari et al. (2002), em
primeiro lugar, provavelmente aluno terá disposição para aprender, já que a rotina é
organizada com a sua participação, atingindo os interesses das crianças. Em
segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido está sendo apresentado de maneira
significativa.
Além do que já foi mencionado, outra contribuição importante oferecida por
meio de uma prática pedagógica que envolve a participação das crianças é o
desenvolvimento da autonomia através da sua liberdade de agir e opinar sobre o
46
que possivelmente vai ocorrer dentro do espaço educativo em que elas passam uma
boa parte do seu tempo.
Mas, é preciso ficar claro que o que foi apresentado nesse Projeto de
Vivência através da pesquisa realizada não soluciona as dificuldades enfrentadas na
educação infantil nem finaliza a discussão sobre o trabalho com a rotina pedagógica
nessa etapa da educação básica, apenas oferece informações que podem contribuir
para a aprendizagem significativa das crianças inseridas nas escolas que oferecem
educação pré-escolar.
47
REFERÊNCIAS
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MICARELLO, Hilda Aparecida Linhares da Silva; DRAGO, Rogério. Práticas e formação: problemas e dilemas. In: KRAMER, Sonia Profissionais de educação infantil gestão e formação. São Paulo. Ática, 2005. MIZIARA, Leni Aparecida Souto; RIBEIRO, Ricardo; BEZERRA, Giovani Ferreira. O que revelam as pesquisas sobre a atuação do coordenador pedagógico. Revista
48
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