UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PATO BRANCO
COMIN COORDENAÇÃO DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
CURSO DE TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
Diego Augusto Boschi
Ivo José Ferreira de Moura
Marcos Conter
Estudo e desenvolvimento de projeto para um sistema de
reaproveitamento do ar aquecido nos fornos de fusão de alumínio.
PATO BRANCO
2011
Diego Augusto Boschi
Ivo José Ferreira de Moura
Marcos Conter
Estudo e desenvolvimento de projeto para um sistema de
reaproveitamento do ar aquecido em fornos de fusão de alumínio.
TRABALHO DE DIPLOMAÇÃO
PATO BRANCO
2011
Monografia apresentada como
requisito parcial para obtenção do título
de Tecnólogo em Manutenção
Industrial, do curso de Tecnologia em
Manutenção Industrial, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Pato Branco.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos
Martinelli Jr.
ii
TERMO DE APROVAÇÃO
Diego Augusto Boschi
Ivo José Ferreira de Moura
Marcos Conter
Estudo e desenvolvimento de projeto para um sistema de
reaproveitamento do ar aquecido em fornos de fusão de alumínio.
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do Título de Tecnólogo
em Manutenção Industrial da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR, Campus Pato Branco, pela seguinte Banca Examinadora:
____________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos Martinelli Jr.
Orientador
____________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Luís Ribas Pessa
Primeiro Membro
____________________________________________
Prof. MSc Valdir Celestino da Silva
Segundo Membro
Pato Branco, 2011
iii
Dedicamos este trabalho aos
nossos pais, amigos, colegas de curso e
de trabalho, professores e a todos que de
forma direta ou indireta contribuíram para
o nosso desenvolvimento acadêmico,
profissional e pessoal, colaborando
prontamente para a elaboração e
conclusão desta monografia.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus que nos concedeu força, coragem e determinação.
As nossas famílias pela compreensão ao longo desses três anos e meio,
apoiando e acompanhando nossos passos nessa caminhada para alcançar os
objetivos.
Aos professores que se empenharam na árdua tarefa de transmissão dos
conhecimentos, aos colegas de curso e de trabalho que contribuíram com seus
esforços para a realização das tarefas, ao nosso orientador, pelo empenho e
dedicação.
A direção da empresa Alcast do Brasil Ltda. que possibilitou a oportunidade
de realização e as condições para o desenvolvimento deste trabalho, abrindo suas
portas e colaborando da melhor maneira possível.
v
EPÍGRAFE
”Contemple o mundo com novo frescor, com os olhos de um principiante.
Saber que você não sabe e estar disposto a admitir isso sem desculpas nem
acanhamento é ser forte de verdade e preparar o terreno para aprender e progredir
em qualquer atividade.”
Epitecto, A arte de viver.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Fornos de fusão de alumínio........................................................................ 9
Figura 2 - Temperatura das paredes próximas à irradiação emitida pelos fornos.... 10
Figura 3 - Fluxo de gases do forno de fusão para a coifa......................................... 11
Figura 4 - Comportamento da temperatura nas saídas para exaustão da coifa....... 11
Figura 5 - Energia em forma de calor na saída da coifa para a exaustão................. 12
Figura 6 - Captor tipo coifa comum ou clássica........................................................ 15
Figura 7 - Bocas de aspiração de ar......................................................................... 16
Figura 8 - Formas de transmissão de calor por radiação e convecção nas paredes da
coifa........................................................................................................................... 18
Figura 9 - Radiação e convecção - Exemplos práticos............................................. 19
Figura 10 - Layout de instalação............................................................................... 24
Figura 11- Estudo inicial............................................................................................ 26
Figura12 - Temperaturas adotadas para simulação, baseando-se nas coifas
existentes.................................................................................................................. 27
Figura 13 - Linhas de temperaturas.......................................................................... 28
Figura 14 - Linhas de velocidades............................................................................. 29
Figura 15 - Linhas de pressão................................................................................... 30
Figura 16 - Transições e curvas de saída da coifa para o sistema de exaustão...... 31
Figura 17 - Estrutura da coifa (em cantoneira).......................................................... 31
Figura 18 - Dimensões finais da coifa....................................................................... 32
vii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ºC Graus Celsius (unidade de temperatura).
cfm Pés cúbicos por minuto (unidade de medida de vazão).
# Número indicativo de espessura de chapa.
ft Pés (unidade de medida de distância).
T Temperatura.
Pa Pascal [N/m²] (unidade de pressão).
ASTM American Society for Testing and Materials.
BPF Óleo combustível com baixo ponto de fulgor.
Flir ThermaCAM Marca de câmera termográfica.
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9
1.1. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 13
1.1.1. Objetivo geral ................................................................................................. 13
1.1.2. Objetivos específicos .................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS ....................................................................... 14
2.1. Captor ................................................................................................................ 14
2.2. Tipos de coifas ................................................................................................. 15
2.3. Materiais de fabricação .................................................................................... 17
2.4. Acabamento superficial ................................................................................... 17
3. TRANSFERÊNCIAS DE CALOR .......................................................................... 18
3.1. Transmissão de calor por meio de radiação ................................................. 18
3.2. Transmissão de calor por convecção ............................................................ 19
4. PROJEÇÃO .......................................................................................................... 20
4.1. O que se pode fazer com o SolidWorks Flow Simu lation ............................ 20
4.1.1. Análise de Transferência de calor ............................................................... 20
4.1.2. Tipos de fluidos e fluxos .............................................................................. 21
4.1.3. Configurações iniciais .................................................................................. 21
4.1.4. Condições de limite ....................................................................................... 22
4.1.5. Entidades de caixa preta .............................................................................. 22
4.1.6. Exibição de resultados ................................................................................. 23
4.2. Processos para o desenvolvimento do projeto da coifa .............................. 23
4.2.1. Descrição das figuras (11 a 15) .................................................................... 25
4. CUSTOS................................................................................................................ 33
5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS ............................................................................ 35
9
1. INTRODUÇÃO
Há uma preocupação mundial quanto à utilização de combustíveis não
renováveis. As empresas buscam ter uma melhor eficiência energética, reduzindo o
consumo de combustível para uma mesma produção. A essas melhorias nomina-se
aumento de produtividade.
Paralelo a isto, e na mesma proporção de preocupação mundial há a
necessidade de se melhorar o ambiente de trabalho em muitas empresas e nos mais
variados ramos de atuação.
A figura 1 mostra as instalações atuais, podem-se observar dois fornos de
fusão, suas respectivas coifas, tubulações de exaustão, mais ao fundo, os
exaustores responsáveis pela extração de calor do ambiente.
Figura 1 - Fornos de fusão de alumínio.
Com o auxilio de uma câmera termográfica (Flir ThermaCAM) obteve-se
imagens onde demonstrou que o piso apresentava temperatura em torno dos 50°C,
também alta temperatura nas paredes, como nos mostra a figura 2.
10
Figura 2 – Temperatura das paredes próximas à irradiação emitida pelos fornos.
A empresa, onde se desenvolveu o trabalho, foi a Alcast Brasil Ltda.,
unidade matriz localizada na cidade de Francisco Beltrão- PR, que atua na área de
fundição e laminação de alumínio.
O Trabalho de diplomação (TD) foi desenvolvido buscando-se criar um
sistema para reaproveitamento do calor que possa ser interessante para a empresa
como retorno financeiro e na forma de melhoria das condições no ambiente de
trabalho, influenciando na redução de consumo de combustível utilizado no processo
de fundição do alumínio e abrindo espaço para o desenvolvimento de estudos
futuros.
No processo de fusão do alumínio, os fornos utilizam combustível fóssil (óleo
BPF), esses fornos atingem 780°C em seu interior e mesmo com as paredes
isoladas com material cerâmico, a superfície externa em chapa metálica, emite
radiação de calor para o meio externo.
A grande massa de ar aquecido provém da chaminé, localizada na parte
posterior a boca de alimentação do forno, ou seja, parte traseira do forno, essa
chaminé faz uma ligação direta entre os gases no interior do forno e o meio externo.
Nas figuras 3a e 3b observa-se o fluxo de gases oriundos do forno que
chegam à superfície interna da coifa. É o ponto que se registrou a maior
temperatura.
11
Figuras 3a e 3b – Fluxo de gases do forno de fusão para a Coifa.
A temperatura máxima indicada na imagem (360ºC) é devido à limitação da
câmera termográfica utilizada. Pode-se observar nas figuras 4a e 4b que a
temperatura não é constante em toda a parte superior, na saída da coifa para os
dutos de exaustão, também não há temperatura uniforme em todo o corpo da coifa,
como se pode verificar na Figura 12.
Figuras 4a e 4b - Comportamento da temperatura nas saídas para exaustão da coifa.
12
Sobre o forno há uma coifa interligada ao sistema de exaustão através de
tubulação, onde os gases quentes são captados juntamente com resíduos
provenientes do processo na forma de fumaça.
Os gases quentes arrastam consigo grande parte da energia gerada e
rejeitada pelos fornos, inerente ao processo de fusão, porém, parte dessa energia
fica no ambiente, por esse motivo são necessários ventiladores e exautores
auxiliares (ver Figura 1), que tem a função de retirar essa massa de ar quente para a
atmosfera, renovando o ar no ambiente de trabalho.
Na figura abaixo, pode-se observar a tubulação de saída para a exaustão, a
energia em forma de calor que hoje é desperdiçada e que se pretende reutilizar.
Figura 5 - Energia em forma de calor na saída da coifa para a exaustão.
13
1.1. JUSTIFICATIVA
Na parte superior do prédio nota-se a existência de ventiladores e
exaustores que e tem a função de criar uma corrente de ar, expulsando o máximo de
ar quente possível para a atmosfera (Figura 1). Como resultado, há uma perda
considerável de energia para a atmosfera, na forma de calor e elétrica, por
consequência do acionamento de ventiladores e exaustores.
Entende-se que com o desenvolvimento de uma coifa especial, com paredes
duplas, haverá menos calor sendo irradiado para o ambiente, pois o calor será
arrastado por uma grande massa de ar, a mesma quantidade utilizada pelos
queimadores, de maneira a isolar a parede externa, diminuindo a temperatura
ambiente, que é uma das razões desse projeto. Com a utilização do ar aquecido no
processo de queima do óleo BPF, pretende-se criar um sistema de combustão mais
eficiente.
1.1.1. Objetivo Geral
Desenvolvimento do projeto de um equipamento que possa captar o máximo
de calor possível, gerado através do processo de combustão e fusão do alumínio, e
reaproveitá-lo no processo. Com a utilização desse sistema, possivelmente haverá
menos calor sendo dissipado para o ambiente, diminuindo consideravelmente a
sensação térmica. O ar aquecido, dependendo do volume e temperaturas
disponíveis, poderá ser reaproveitado, além da sugestão principal a que se pretende
destinar ou em várias etapas e/ou processos, como por exemplo:
• Aquecimento de matéria prima que segue para o forno;
• Aquecimento do óleo BPF a ser injetado no processo de queima.
1.1.2. Objetivos Específicos
O produto final deste trabalho será o desenvolvimento do projeto de uma
coifa semelhante às existentes, com a mesma função de captação dos resíduos na
14
forma de fumaça, porém com um diferencial, as paredes serão construídas com
chapas duplas, projetadas para que o ar limpo (do ambiente) circule entre as chapas
internas e externas entrando pela parte traseira inferior e sendo captada na parte
superior traseira da coifa.
O ar será aquecido pelo contato com as chapas internas e externas que
estão quentes, pretende-se direcionar esse ar aquecido para ser reaproveitado nos
queimadores que promovem a mistura de ar + combustível.
Opta-se pelas aberturas, para entrada de captação do ar, na parte traseira
da coifa porque há menor incidência da presença de fumaça e fuligem, oriundas do
processo de combustão, estas permanecem, preferencialmente, na parte frontal do
forno.
2. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS
2.1. Captor
Segundo Macintyre (1990), captor é um dispositivo no qual, pela diferença
de pressões entre o ar ambiente e o existente no captor, estabelece-se uma corrente
para o interior do mesmo.
Para haver o escoamento é preciso que no interior do captor exista certa
rarefação, isto é, um vácuo parcial ou depressão.
Devem ser consideradas duas velocidades:
• A velocidade de escoamento ao longo dos dutos;
• A velocidade segundo a qual o ar com as partículas, os vapores ou
gases se deslocam do seu local de origem até serem sugadas pelo
captor.
15
2.2. Tipos de Coifas
Segundo Macintyre (1990), a coifa comum só deverá ser utilizada se os
produtos não forem tóxicos e os operadores não precisarem curvar-se sobre o
tanque para desempenhar sua tarefa. Pode ser utilizada na indústria em mesas
quentes, fervura de lavagens em tanques entre outros casos.
A vazão aspirada pelo captor é dada pela equação 1:
Q = 1,4.P.D.V (1)
Sendo:
Q = Vazão aspirada [cfm].
P= perímetro do forno [ft].
V=velocidade de captura [ft/min].
D= altura da coifa acima do forno [ft].
A figura 6 mostra um captor tipo coifa:
Figura 6 - Captor tipo coifa comum ou Clássica (canopy hoody).
Fonte: Macintyre (1990).
16
Quando a coifa fica acima de superfícies quentes, forma-se uma corrente
ascensional de gases, ar, ou vapores quentes, e para que haja exaustão é
necessário que a vazão aspirada pelo captor seja maior que a de ar quente, a fim de
induzir o ar a entrar na coifa, ao invés de diluir os gases ou vapores que se pretende
eliminar.
Segundo Macintyre, consideram-se dois casos:
• Coifas baixas, isto é, para D ≤ 90 cm.
• Coifas altas D ≥ 90 cm.
O captor tipo coifa colocado junto a um equipamento de um recinto realiza
uma extração de ar ambiente de modo que de fora do recinto o ar irá penetrando por
janelas e portas, à medida que vai sendo exaurido, estabelece-se no recinto, uma
ventilação geral, poderá haver, em alguns casos, necessidade de uma instalação de
exaustores localizados para poder retirar o calor ambiente.
O ar dirige-se para aboca de aspiração, vindo de todas as direções. As
linhas traçadas normalmente a essas superfícies são as trajetórias ou “linhas de
fluxo” de partículas, segundo o plano considerado. A figura 7 mostra que a
velocidade de captura decresce com a distância da partícula em relação à boca de
entrada do captor.
Figura 7 - Bocas de aspiração de ar.
Fonte: Macintyre (1990).
17
2.3. Materiais de fabricação
Para a construção da coifa será utilizado aço carbono ASTM A-36. Optou-se
pela utilização desse aço devido a este ser o aço mais utilizado na fabricação de
chapas e perfis soldados ou laminados, especificados pela ASTM, por sua alta
resistência a temperatura, custo e disponibilidade.
Quando se necessita de maior resistência mecânica à temperatura, o limite
máximo de resistência para o aço carbono é alcançada na temperatura de 250°C.
Acima de 400°C o limite de resistência diminui rapi damente com o aumento de
temperatura. As deformações por fluência iniciam-se temperatura a partir de 370°C.
2.4. Acabamento superficial
Para a pintura da coifa optou-se por tintas resistentes a temperaturas de 500
a 600°C, por ter maior capacidade de absorção de ca lor, a tinta ATR-650 (sigla do
produto da empresa Revestsul) é uma tinta monocomponente à base de resinas de
silicone, pigmentos especiais, solventes e aditivos de ótima secagem e aderência,
formando um filme com características estéticas, protetivas e anticorrosivas, sendo
indicada para aplicação direta sobre metais ferrosos.
É uma tinta de alto desempenho, devido a sua ótima resistência ao calor
para temperaturas de até 650ºC, boa resistência química e mecânica. Esta tinta é
muito utilizada na pintura de máquinas, estruturas e equipamentos que estarão
sujeitos à alta temperatura.
Sugere-se que a superfícies internas da coifa sejam pintadas na cor preta e
as externas, na cor alumínio.
A cor preta, em função de uma melhor absorção da radiação emanada do
processo. A cor externa, alumínio, em função de padronização da empresa e por
possibilitar melhor iluminação no setor.
18
3. TRANSFERÊNCIAS DE CALOR
Com o desenvolvimento da coifa especial, com paredes duplas, haverá
aquecimento das chapas internas (coifa inferior), que serão aquecidas por
convecção e radiação.
Na figura 8, observa-se que a coifa interna é aquecida pela radiação e gases
(ar quente) proveniente do forno de alumínio. A coifa é aquecida (T parede), com
temperatura elevada. O ar, ao escoar entre as chapas é aquecido por convecção.
Figura 8 - Forma de transmissão de calor por radiação e convecção nas paredes da coifa.
3.1. Transmissão de calor por meio de radiação
A propagação de calor por radiação é a emissão de calor como luz invisível.
Estes raios viajam pelo ar até atingirem algum material que os absorva. Como
resultado, o material receptor aquece.
Podem-se usar escudos de calor para prevenir a radiação do calor em
determinadas direções. Caso aproximemos a mão de um material muito quente,
como por exemplo, uma lâmpada de filamento ou uma fogueira, percebe-se a
transferência de energia ocorrer por radiação (Figura 9).
19
3.2. Transmissão de calor por convecção
Nos gases e nos líquidos o calor se propaga principalmente por convecção,
um processo de transferência de energia em que ocorre deslocamento de matéria de
uma região para outra. Quando um líquido (ou gás) é aquecido, sua densidade
diminui em relação à densidade das partes menos quentes.
O material aquecido sobe, deslocando o que está com temperatura menor.
Esse deslocamento cria correntes no interior do líquido (ou do gás), denominadas
correntes de convecção ou correntes térmicas.
Após a absorção da radiação, a chapa de aço aquecida, transmite calor para
o ar que flui entre as chapas por convecção.
Figura 9 – Radiação e convecção - Exemplos práticos.
20
4. PROJEÇÃO
Na empresa existem dois sistemas similares em funcionamento, facilitando o
projeto da coifa de parede dupla.
O fato de estarem em pleno funcionamento possibilitou a aquisição de dados
por meio de uma câmera termográfica, dados estes colocados em um software para
simulação, utilizou-se o software Flow Works, ferramenta do Solid Works para
simulação de transferência de calor.
4.1. O que se pode fazer com o SolidWorks Flow Simulation
Com o produto SolidWorks Flow Simulation completo estão disponíveis as
seguintes funcionalidades avançadas [Help SolidWorks].
4.1.1. Análise de transferência de calor
• Calcular o fluxo de calor na aproximação de paredes adiabáticas ou em
corpos sólidos.
• Especificar diferentes tipos de fontes de calor.
• Atribuir aos modelos uma ampla gama de materiais sólidos que são
armazenados no banco de dados de engenharia.
• Definir seus próprios materiais, atribuindo valores às suas propriedades
físicas, como condutividade térmica, capacidade de calor, etc.
• Calcular a transferência de calor por radiação. O banco de dados de
engenharia contém superfícies radiativas, como Blackbody Wall (parede de
corpo negro), Whitebody Wall (parede de corpo branco), Grey Body (corpo
cinza) com um albedo arbitrário e uma ampla variedade de superfícies de
materiais reais.
21
4.1.2. Tipos de fluidos e fluxos
• Analisar o fluxo de até dez fluidos de diferentes tipos (líquidos, gases/vapor,
gases reais, líquidos não-newtonianos e líquidos compressíveis. O banco de
dados contém inúmeros fluidos com propriedades predefinidas.
• Analisar um problema com múltiplos fluidos de diferentes tipos, contanto que
você separe as áreas dos diferentes fluidos em subdomínios.
• Analisar a dissolução mútua dos fluidos. Os fluidos misturados precisam ser
do mesmo tipo.
• Definir seus próprios fluidos.
4.1.3. Configurações iniciais
Antes de iniciar os cálculos, o Flow Simulation oferece configurações
adicionais. Se você definir os valores da condição inicial próximos dos parâmetros
antecipados finais, isso melhora o desempenho do cálculo.
• Parâmetros iniciais do fluido . Você pode definir estes parâmetros
globalmente. Nas montagens você pode defini-los localmente, para uma
submontagem ou peça individual.
• Temperatura
• Pressão
• Velocidade do fluxo
• Composição do fluido
• Temperatura inicial . Defina a temperatura inicial de um sólido.
• Parâmetros iniciais da malha . Defina os parâmetros adicionais que
controlam como a análise resolve a interface sólido/fluido, faces curvas,
canais estreitos, pequenos recursos sólidos, etc. Você pode aplicar estas
configurações globalmente ou, nas montagens, a submontagens ou peças
individuais.
22
4.1.4. Condições de limite
Você pode definir as seguintes condições de limite.
Para entrada e saída:
• Volume da massa
• Volume do fluxo
• Velocidade
• Número de correspondência
• Pressão estática
• Pressão total
• Pressão ambiente
• Pressão da parede
Somente para entrada:
• Perfil de velocidade, turbulência
ou vetor do fluxo
• Temperatura
• Composição (para montagens)
• Parâmetros de turbulência
4.1.5. Entidades de caixa preta
Para reduzir o tempo de análise, o Flow Simulation contém várias "caixas
pretas" pré-construídas. As caixas pretas contêm tabelas de parâmetros de entrada
e saída integrais que são incluídas nos cálculos O Flow Simulation não as resolve
durante a análise.
• Ventilador. Um ventilador idealizado que está totalmente definido por sua
curva de ventilação, o que significa que a dependência tabulada do fluxo do
volume em função da queda de pressão. Você pode usar o ventilador na
entrada, na saída ou internamente. O banco de dados contém curvas de
ventilação para uma seleção de ventiladores industriais. Você pode também
definir curvas de ventilação personalizadas.
• Dissipador de calor . Um ventilador idealizado combinado com o dissipador
de calor. O Flow Simulation define o dissipador de calor pela curva de
ventilação e a curva de resistência a calor.
• Resfriador termoelétrico . Um dispositivo de resfriamento Peltier idealizado
definido pela diferença máxima de temperatura que ele pode obter.
23
4.1.6. Exibição de resultados
O Flow Simulation contém os seguintes recursos para exibição dos
resultados:
Plotagens
Plotagens de perfil 3D
Plotagens de corte
Plotagens de superfície
Plotagens XY
Animações
Trajetórias de fluxo
Metas
Superfícies ISO
Estudos de partículas
Relatórios
Parâmetros de ponto,
superfície e volume
Você pode também obter o valor final de qualquer parâmetro físico, incluindo
vazão, queda de pressão etc., em um determinado ponto; ou o valor máximo,
mínimo ou médio, ou ainda a média ponderada em uma superfície ou área de
volume.
4.2. Processos para o desenvolvimento do projeto da coifa
Na Figura 10, pode-se observar o desenho das instalações na empresa, onde
foram tomadas todas as medidas tanto da parte civil (prédio), quanto da parte de
equipamentos. A direita há os fornos de fusão existentes e a esquerda, as coifas a
serem instaladas sobre os fornos de fusão.
Pode-se observar que os fornos de fusão tem a possibilidade de inclinar-se
para a calha de transferência central, entre os fornos. Esse deslocamento foi
considerado para se dimensionar a coifa.
Sobre a coifa há a Ponte Rolante, que por sua vez, desloca-se sobre as
tubulações de exaustão, a condição de deslocamento transversal e longitudinal deve
ser considerada e não pode haver interferência.
Na parte traseira da coifa há tubulação de exaustão, também sendo
respeitado seu espaço.
24
Para todas as condições acima foram considerados os espaços de
movimentação disponível, na ocasião da montagem do equipamento.
Figura10 - Layout de instalação (Planta, Elevação e Vista Lateral Esquerda).
Fornos de fusão
(existentes)
Fornos de fusão
(Ampliação)
25
4.2.1. Descrição das figuras (11 a 15).
Na Figura 11, pode-se verificar a primeira proposta estudada.
Inicialmente o projeto da coifa seria executado com quatro saídas de ar
aquecido, aproveitando as duas câmaras formadas na parte superior, porém, notou-
se que as saídas posicionadas sobre a parte frontal do forno estavam com
temperatura mais baixa e representaria menor eficiência na condução do calor até
os ventiladores dos queimadores.
As Figuras 12 a 15 apresentam resultados da simulação realizada no software
Flow Works.
Na Figura 12, podem-se verificar as temperaturas que foram consideradas
nas chapas, levando-se em consideração o equipamento em operação, ou seja, com
o forno em funcionamento.
As temperaturas indicadas referem-se às temperaturas das chapas das coifas
existentes, tomadas “in loco”, com o auxílio da máquina termográfica.
Tomaram-se como base essas temperaturas para realizar as simulações no
software Flow Works.
Foi possível simular, em função da vazão (2.000 m³/min), geometria, espaço
disponível entre as paredes, localização das captações de ar, em qual temperatura,
pressão e velocidade estará disponível o volume de ar mencionado.
Na Figura 13, apresenta-se a simulação de temperatura e fluxo de ar, com
escala de temperatura (Tmax = 100°C).
O fluxo normal do ar entre as paredes da coifa, levando-se em consideração
apenas as janelas de entrada de ar, localizadas na parte traseira inferior da coifa.
Não foi considerado, nesta simulação, o deslocamento do ar aquecido pela
radiação do forno nem por convecção (diferença de densidade – efeito chaminé).
Observa-se uma temperatura máxima (do ar) próxima de 100°C na parte mais
elevada da estrutura da coifa.
A temperatura nos dutos de alimentação dos queimadores (resultado final)
pode-se considerar aproximadamente 90ºC.
Como a temperatura de entrada foi considerada 35ºC, obteve-se um ganho de
temperatura de 55ºC para todo esse volume de ar.
26
Na Figura 15, pode-se verificar o comportamento da pressão entre as paredes
da coifa e tubulação.
Verifica-se uma baixa queda de pressão, da ordem de 25,59 Pa, a qual não
influencia de maneira significativa a eficiência dos ventiladores dos queimadores.
As chapas que foram utilizadas para a fabricação desta coifa são em aço
carbono ASTM A-36 #14 (espessura 1,90mm), exceto as transições e curvas da
tubulação de exaustão, que serão fabricadas em chapa #12 (2,65mm), conforme
Figura 16.
Na estrutura de sustentação da carcaça será utilizada cantoneira em aço
carbono ASTM A-36 1.1/4” x 1.1/4” x 1/8” (31,75 x 31,75 x 3,175 mm), devidamente
jateadas e pintadas, preferencialmente com a mesma tinta de resistência a alta
temperatura.
Na Figura 17 pode-se verificar o desenho da parte estrutural da coifa.
Na Figura 18, observam-se as dimensões principais para fabricação da coifa.
As tubulações de saída para exaustão (3x) têm diâmetro 530 [mm]. As tubulações de
saída de ar aquecido tem diâmetro de 200 [mm].
Figura 11 - Estudo inicial.
27
Fig
ura
12
– T
em
pe
ratu
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ad
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28
F
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ra 1
3 -
Lin
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em
pe
ratu
ras
29
Fig
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14
– L
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as
de
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da
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s
30
F
igu
ra1
5 –
Lin
ha
s d
e P
ress
ão
.
31
Figura 16 – Transições e curvas de saída da coifa para o sistema de exaustão.
Figura 17 - Estrutura da coifa (em cantoneira).
32
F
igu
ra 1
8 –
Dim
en
sõe
s fin
ais
.
33
5. CUSTOS
A tabela com os custos acima, foi concebida, levando-se em consideração
os seguites parâmetros:
1 – A massa final da coifa (3.900 kg) é fornecida de acordo com o software
(Solid Works) e o preço (R$ 3,00/kg) é o valor médio, conforme as compras mais
recentes realizadas pela empresa (Alcast do Brasil Ltda.).
2 – Conforme informações no site da empresa Revestsul, o rendimento
médio da tinta resistente à alta temperatura é de 35 m²/galão (3,6 l) / demão. O
software Solid Works também fornece a área da superfície (500 m²). Consideram-se
três demãos nas paredes internas e externas da coifa, logo: ((500 x 3) / 35) = 43 + 1;
Total: 44 galões. O valor de R$ 148,00 também é baseado na compra mais recente
deste material.
3 – Considera-se o trabalho de um mês de mão de obra de um profissional,
dividida entre os setores de Caldeiraria (Soldagem) e Pintura Industrial. Considera-
se o salário mensal de R$ 2.000,00 + 70% de encargos, totalizando R$ 3.400,00
(Três mil e quatrocentos reais).
4 – Considera-se o trabalho de um mês de mão de obra de um auxiliar,
dividida entre os setores de Caldeiraria (Soldagem) e Pinura Industrial. Considera-
se o salário mensal de R$ 800,00 + 70% de encargos, totalizatndo R$ 1.360,00 (Um
mil, trezentos e sessenta reais).
Valores de mão de obra supracitados, considerando-se que a empresa
dispõe das condições em suas instalações.
Valores referenciados para fabricação de uma coifa.
I TEM DESCRI ÇÃO QUANTIDADE UNIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
1 Chapas/cantoneiras 3900 kg R$ 3,00 R$ 11.700,00
2 Tinta (Alta temperatura) 44 galões [3,6 l] R$ 148,00 R$ 6.512,00
3 Mão de obra (profissional) 1 mês R$ 3.400,00 R$ 3.400,00
4 Mão de obra (auxiliar) 1 mês R$ 1.360,00 R$ 1.360,00
R$ 22.972,00TOTAL
34
6. CONCLUSÃO
Baseando-se na solicitação e necessidade da empresa, e dentro da
oportunidade da pesquisa para respostas técnicas, estima-se que os objetivos
propostos foram atingidos.
Não se pretende responder a todos os questionamentos sobre os processos
de combustão e térmicos envolvidos junto aos fornos.
Supõe-se que algumas questões que possam vir a ser abordadas serão
respondidas através de estudos específicos, onde se pode sugerir como temas para
próximos Trabalhos de Diplomação ou empiricamente, através de medições e
comparações, visto que há mais sistemas similares em operação.
Espera-se que o captor proposto contribua, não apenas para aqueles que
estão diretamente envolvidos no processo e cujos resultados possam ser imediatos,
porém, objetivou-se abordar uma possibilidade de uso racional de recursos não
renováveis.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Macintyre, Archibald J; Ventilação industrial e controle da poluição. Rio de
Janeiro. LTC, 2ª edição. 1990.
Bottrel Coutinho, C., 1938 – Materiais Metálicos para Engenharia – C. Bottrel
Coutinho – Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.
Revestsul - <http://www.revestsul.com.br/produto.php?id_produto=310>. Acessado
em novembro/2011.
Help SolidWorks - <http://help.solidworks.com/2011/portuguese-
brazilian/SolidWorks/floxpress/LegacyHelp/FloXpress/Topics/What_You_Can_Do_in
_COSMOSFloWorks.htm?format=P>. Acessado em 12/2011.
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