Transcript of 4 família, psicanálise e sociedade
- 1. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 2. INTRODUO A dcada de 60 viu surgir um movimento antifamiliar,
marcado pela busca de relaes sem represso, uma tentativa de ruptura
com a famlia nuclear burguesa preconizada como a famlia ideal. Este
movimento pode ser visto como um perodo de inquietao crnica no
grupo familiar. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 3. Se por um lado os anos 60 presenciaram a contestao da
famlia, por outro o tempo presente levanta-se como salvaguarda da
tradio familiar, criando teorias, mtodos e programas de estruturao
e reestruturao deste grupo. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 4. FAMLIA E SOCIEDADE Da famlia medieval famlia moderna,
percebem-se diferenas alarmantes. Na idade mdia a criana desde
muito cedo escapa sua prpria famlia. FAMLIA, PSICANLISE E
SOCIEDADE
- 5. Nesta poca, portanto, a famlia no podia alimentar um
sentimento de afetividade positiva entre os pais e filhos. No que
no houvesse amor entre pais e filhos, mas antes, como destaca Aris
(1981; 231) a famlia era uma sociedade moral e social, mais do que
sentimental. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 6. O sculo XV, por sua vez, experimenta uma transformao na
realidade e nos sentimentos da famlia, embora ele tenha acontecido
de forma lenta e profunda. As crianas deixam de ser educadas com
famlias educadoras de oficio e passam a frequentar a escola.
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- 7. Os educadores defendem a necessidade de isolar a infncia do
mundo dos adultos para mant-los na inocncia primitiva.
Paralelamente percebe-se uma preocupao dos pais em vigiar os filhos
mais de perto e no abandon-los mais aos cuidados de outra famlia.
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- 8. A partir do sculo XIX a reorganizao da casa em cmodos
garantiu um espao maior para a intimidade, o surgimento da famlia
nuclear e os progressos de um sentimento de famlia. FAMLIA,
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- 9. A criana agora o centro das atenes e toda a energia do grupo
consumida na promoo das crianas, cada uma em particular, e sem
nenhuma ambio coletiva: as crianas mais do que a famlia (ARIS,
1981; 271). FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 10. A PSICANLISE E O DIREITO DE FAMLIA Direito a norma de
conduta imposta por autoridade coatora. Isto porque a relao entre
os indivduos de uma comunidade deve se basear no princpio da
justia. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 11. Norberto Bobbio define o direito como sendo: o conjunto de
normas de conduta e de organizao, constituindo uma unidade e tendo
por contedo a regulamentao das relaes fundamentais para a
convivncia e sobrevivncia do grupo social, tais como as relaes
familiares, relaes econmicas, as relaes superiores de poder, e
ainda a regulamentao dos modos e formas atravs das quais o grupo
social reage violao das normas. (BOBBIO, 1997, p. 349) FAMLIA,
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- 12. J a psicanlise mtodo de investigao terica da psicologia,
desenvolvido por Sigmund Freud, mdico neurologista, que se prope
compreenso e anlise do homem, compreendido enquanto sujeito do
inconsciente. Ou seja, cincia que estuda o comportamento e os
processos mentais dos indivduos. FAMLIA, PSICANLISE E
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- 13. Afirmam os doutrinadores que a Psicanlise tem por objeto a
personalidade normal e a personalidade anormal, sendo na realidade
o estudo da alma humana. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 14. A teoria psicanaltica criou uma revoluo tanto na concepo
como no tratamento dos problemas afetivos. H um grande interesse
pela motivao inconsciente, pela personalidade, pelo comportamento
anormal e pelo desenvolvimento infantil. FAMLIA, PSICANLISE E
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- 15. Na verdade, direito e psicanlise esto presentes em todos os
momentos da vida do homem. O Direito atua diante do fato gerado
pelos atos do homem e sua repercusso na sociedade. A Psicanlise
procura desvendar os impulsos que antecedem aos atos para chegar
razo que deu origem aos mesmos. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 16. Para Groeninga, "cabe aos psicanalistas sensibilizar os que
lidam com o Direito para as questes de famlia, permitindo uma
compreenso mais ampla dos conflitos e do sofrimento". (GROENINGA,
2004, p.144) FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 17. Frequentemente, o indivduo traz uma demanda jurdica com
pedidos objetivos, tais como: o divrcio consensual ou litigioso, a
penso alimentcia, a guarda dos filhos, as visitas, a diviso de bens
e cabe ao judicirio encontrar uma sada para regulamentar convivncia
familiar. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 18. A psicanlise, neste contexto, proporciona um tipo de escuta
que leva o sujeito a refletir sobre suas queixas, e a se
responsabilizar por elas, deixando de remeter ao outro muitas vezes
aquilo que seu. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 19. O direito no enxerga o sujeito da mesma forma que a
psicanlise. Ambos lidam de forma diferente com o mal-estar. FAMLIA,
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- 20. De acordo com Souza, o sujeito jurdico visto como aquele
provido de razo, detentor do livre arbtrio, aquele que tem
conscincia de seus atos e pode controlar suas vontades, capaz de
discernir o que proibido do que no , assumindo as punies que lhe so
cabveis, servindo para os outros como modelo, j que nem todos os
desejos so permitidos. (SOUZA, 2004) FAMLIA, PSICANLISE E
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- 21. Certo que para se viver em sociedade os homens tm que se
submeter s leis, que geram restries, porm algo sobra, ou escapa, o
que causa um mal-estar. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 22. As leis foram impostas em nossa sociedade com a finalidade
de estabelecer normas para uma boa convivncia com as pessoas que
nos rodeiam. Entretanto na grande maioria das vezes acabamos por
nos tornar dependentes e submissos a ela. Se existe a lei porque
existe o desejo. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 23. Encontros e desencontros fazem parte da vida do sujeito. Em
algum momento ele encontra aquele outro idealizado, que o completa,
o faz falta e passa a dar sentido a sua vida, mas muitas vezes esta
mesma realidade pode levar o sujeito a um sofrimento de perda
diante de uma situao expressa em uma separao. FAMLIA, PSICANLISE E
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- 24. A mediao surge como uma nova forma de ajudar a resolver as
questes judiciais familiares, divrcio, guarda de filhos, partilha
de bens. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 25. o mediador que possibilita que o sujeito perceba sua
subjetividade, promovendo a sua reconstruo frente vida, para que
ele veja sadas nele prprio e no no outro, ou seja, o sujeito vai
buscar solues para seus conflitos de uma forma singular. FAMLIA,
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- 26. Outro aspecto importante que a dissoluo da sociedade
conjugal tambm pode gerar obstculos constituio da criana. Isso
quando esta objeto de disputa dos pais, que se esquecem ou no
assumem o papel definitivo de pai e me, e se preocupam apenas com
seus ressentimentos. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 27. Nesses casos, os casais so convidados a trabalhar e buscar
alternativas para que consigam conduzir a vida aps o divrcio; e
este processo conduzido pelo mediador, que prepara o caminho e tm
como objetivo resgatar o respeito e propiciar um espao onde o
dilogo possa existir. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 28. Sabe-se que tanto o direito quanto a psicanlise privilegiam
o discurso e atravs da mediao que o profissional pode utilizar- se
da Psicanlise para chegar at o sujeito. A mediao perpassa pelo
discurso, que solicita uma interveno ao nvel do real dos grupos,
dos parceiros e no ao nvel de um problema social. FAMLIA,
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- 29. O mediador sabe que existe o conflito, mas no o enfatiza
como uma guerra e sim como melhor resolv-lo. Esse o desafio,
conjugar a psicanlise o direto. Aqueles que esto implicados nesta
abordagem encontram-se numa posio de produzir sadas aos impasses
apresentados, ou seja, conjugar norma jurdica e subjetividade para
o Direito e inconsciente e responsabilidade do sujeito para a
Psicanlise. (BARROS, 1997, p. 832). FAMLIA, PSICANLISE E
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- 30. Assim, a Psicanlise, na rea do contexto Judicirio, pode ser
utilizada amplamente, promovendo discusses com a possibilidade de
uma interveno na estrutura familiar e social do sujeito. FAMLIA,
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- 31. CONSIDERAES FINAIS A psicanlise tem sido um importante
instrumento de resoluo de conflitos nas questes acerca do fim da
sociedade conjugal. Hoje, j se tem certeza que o psiclogo no
processo judicirio, propicia uma escuta diferenciada do sujeito.
Alm de ouvir a parte, faz pontuaes visando promover uma reflexo
crtica sobre a moral e o pedido judicial. FAMLIA, PSICANLISE E
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- 32. Acredita-se que quando o sujeito reflete sobre a moral,
geralmente ele passa a assumir uma postura ativa frente suas
escolhas na vida. Assim, ele passa a ter autonomia, nunca se
esquecendo da responsabilidade e possveis conseqncias frente sua
escolha. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 33. O que se pode constatar nos relacionamentos do mundo
contemporneo que h um aumento das expectativas, uma extrema
idealizao do outro e uma super exigncia consigo mesmo, provocando
tenso e conflito na relao conjugal, podendo levar ao divrcio.
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- 34. Na atualidade, o novo e o arcaico convivam lado a lado,
novas formas sociais requerem novas formas de personalidade, novos
modos de socializao e subjetivao, novas modos de organizar a
experincia. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 35. Embora o divrcio possa ser, s vezes, a melhor soluo para um
casal cujos membros no se consideram capazes de continuar tentando
ultrapassar suas dificuldades, muitos estudiosos do assunto afirmam
que o processo da dissoluo da sociedade conjugal sempre vivenciado
como uma situao extremamente dolorosa e estressante. FAMLIA,
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- 36. A psicanlise vem para ajudar os indivduos a buscarem novas
formas de lidar com a ruptura. O processo de separao conjugal
significa desmontar uma estrutura e tambm implica em perdas.
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- 37. Talvez a rapidez com que a dissoluo da conjugalidade se d
na atualidade, no seja acompanhada na mesma proporo pela
subjetividade. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 38. Nesse sentido, a vivncia da separao conjugal pode ser
entendida como sendo um processo de subjetivao. Diante de tal
experincia pode haver, do ponto de vista subjetivo, uma tomada
sobre a prpria vida. Pode significar um reposicionamento diante da
vida. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 39. Certo que o intercmbio entre a psicanlise e o direito,
possibilita a soluo do conflito de forma mais humana. A psicanlise
faz com que os ex-parceiros dialoguem constantemente sobre quem
eles so, ou esto se tornando, e quais os termos devem ocorrer o fim
de sua ligao. FAMLIA, PSICANLISE E SOCIEDADE
- 40. Portanto, a Psicanlise e o Direito de famlia tornam-se
parceiros necessrios para tratar do divrcio, da luta pela guarda
dos filhos, das penses alimentcias e das partilhas de bens, tarefas
rduas que necessitam da interdisciplinariedade, a fim de evitar
maiores sofrimentos aos envolvidos. FAMLIA, PSICANLISE E
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