Post on 14-Nov-2018
Carta do Presidente4Artigo 16
Matéria Especial14Raio X5
Dicas SBOT-ES8Entrevista 6
Revista 12mai/julano 2011
pág. 10
A medicinA em boA foRmA Como os profissionais da saúde organizam a agitada rotina
de trabalho para correr atrás da qualidade de vida
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4 Carta do Presidente
A preocupação com o bem-estar dos pacientes deve ser um posicionamento constante para os profissionais da medicina. Nunca é demais relembrar que um dos princípios fundamentais do Código de Ética Médica afirma que “o
alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional”.
A questão é que, muitas vezes, em consequência de uma agenda exaustiva – acumulada por consultas, plantões e cirurgias –, o médico deixa de lado o cui-dado com a sua própria saúde, levando uma vida sedentária e com má alimen-tação. Isto desequilibra não apenas a sua qualidade de vida, mas também o seu desempenho no trabalho.
Atentos a esta realidade, na matéria de capa desta edição, corremos atrás de bons exemplos de profissionais da área que, com organização e planejamen-to, suam a camisa para conciliar uma rotina de exercícios físicos, sem perder o compromisso com a carreira. Acredite, é possível! Eu mesmo não dispenso uma partida de tênis para aliviar o estresse. Tudo é uma questão de disciplina.
E é com essa mesma disciplina que os clínicos devem estar prontos para en-carar um volume diário de documentos: prontuários, laudos, receitas, termos de consentimento etc. Na reportagem especial, ouvimos especialistas no assun-
Presidente da SBOT-ES
Jornalista reponsávelWallace CapuchoMTB 1934/ES
Redaçãojornalismo@balaiodesign.com.br
Editor Wallace CapuchoMTB 1934/ES
Repórter Tiago Moreno Ítalo Galiza - MTB 2769/ES
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FotosWallace CapuchoTiago Moreno
Revisão Ítalo Galiza - MTB 2769/ES
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Comissão de PresidentesDr. Pedro Nelson PrettiDr. Roberto Casotti LoraDr. José Fernando DuarteDr. Eduardo Antônio B. UvoDr. Geraldo Lopes da SilveiraDr. Hélio Barroso dos ReisDr. Jorge Luiz KrigerDr. José Lorenzo SolinoDr. Akel Nicolau Akel JúniorDr. Clark M. YazakiDr. Anderson De Nadai Dr. João Carlos Medeiro TeixeiraDr. Alceuleir Cardoso de Souza
Adelmo Rezende Ferreira da Costa
to que orientaram a forma correta de preenchimento de alguns desses processos – tão importantes para o resguardo dos médicos, em casos de complicações judiciais.
Confira também a entrevista com Aulair Dias das Chagas, médico anes-tesiologista com uma carreira respeita-da e uma história de vida admirável; as dicas SBOT-ES, desta vez, informan-do as melhores formas de acomodar as crianças com segurança dentro do veículo; e o artigo do ortopedista Gio-vanni César Xavier desfazendo as con-trovérsias sobre a condromalácia e de-tectando os principais sintomas dessa patologia. Conteúdo é o que não falta.
Boa leitura.
Hora marcada com a saúde
congresso brasileiro das Ligas do TraumaO Espírito Santo irá sediar o 13º Congresso Brasileiro
das Ligas do Trauma, entre os dias 17 e 20 de agosto,
no Centro de Convenções de Vitória. O evento, que tem
como tema “Vitória sem trauma... Por um Espírito San-
to!”, vai contar com especialistas de renome interna-
cional como o Dr. Kenneth Mattox, do Texas, além dos
médicos brasileiros que atuam nos Estados Unidos, Dr.
Raul Coimbra (Califórnia) e Dr. Antonio Marttos (Flóri-
da). Os interessados podem fazer a inscrição, até o dia
17 de agosto, pelo site: www.colt2011.com.br. Mais in-
formações pelo telefone: (27) 3229-7641.
Após o sucesso do Primeiro Torneio de Tênis, realizado em
2007, a SBOT-ES está planejando para o mês de setembro a
sua segunda edição. Neste ano, novamente com o objetivo de
estimular a convivência e interação entre os membros da so-
ciedade e seus familiares, o torneio continuará contando com
duas categorias – individual e duplas –, sendo que na catego-
ria duplas os participantes têm a possibilidade de jogar com
seus filhos. Assim como na primeira edição, a mobilização dos
membros e associados para arrecadar cestas básicas também
será mantida. As datas e o local do evento serão divulgados
em breve no site: www.sbotes.org.br
Segundo Torneio de Tênis SboT-eS
Estão marcadas as datas deste semestre para a
realização das aulas do curso preparatório para
o exame do Título de Especialista em Ortopedia
e Traumatologia (TEOT). Confira a seguir os dias
e os temas que serão abordados:
13/09 - Fraturas da coluna cervical e fraturas da
transição tóraco lombar;
27/09 - Fraturas diafisárias do antebraço e fra-
turas diafisárias do fêmur;
04/10 - Fraturas diafisárias da tíbia e pé torto
congênito;
18/10 - Displasia do desenvolvimento do qua-
dril e osteomielite aguda hematogênica;
08/11 - Fraturas da extremidade proximal do
úmero e fraturas da extremidade distal do rá-
dio.
Todas as aulas serão ministradas no Auditório
COOTES/SBOT-ES, em Vitória, a partir das 19h30.
O próximo exame TEOT será realizado em janei-
ro de 2012. Informações: sbotes@sbotes.org.br /
(27) 3325 3183.
calendário curso TeoT
festa dosortopedistas Dia 19 de setembro é o Dia do Ortopedista. Para
comemorar esta data especial, a COOTES e a SBOT-
ES realizarão, no dia 16 de setembro, a tradicio-
nal Festa do Dia do Ortopedista, no Cerimonial
Itamaraty, na Praia do Canto, a partir das 21h. A
confraternização – que terá em sua programação
um jantar seguido de um baile – irá reunir ortope-
distas de todo o Estado.
Segunda Jornada SboT-eSA Segunda Jornada de Traumatologia, promovida pela SBOT-
ES, será nos dias quatro e cinco de novembro. O convidado
especial desta edição – que terá como tema “Membros Su-
periores” – será o Prof. Dr. William Belangero, associado do
Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade
de Ciências Médicas da Unicamp. William tem experiência na
área de medicina, com ênfase em Cirurgia Ortopédica Pedi-
átrica e Traumatológica. Até o momento, a organização da
jornada está analisando o melhor local para realizar o evento.
Raio x
AuLAiR diAS dAS chAgASA vida e a carreira do médico que começou como office-boy e hoje é um dos anestesiologistas mais respeitados do Estado
Aos 77 anos de idade, e mais de
40 dedicados exclusivamente
à medicina, Aulair Dias das
Chagas nem pensa em se aposentar.
“Enquanto tiver forças, e Deus permitir,
vou continuar a exercer a minha profis-
são”, diz o anestesiologista formado na
Universidade Federal do Espírito Santo,
em 1969. O entusiasmo com que fala de
trabalho não esconde nenhuma mágoa
que normalmente qualquer pessoa po-
deria guardar por ter sido obrigada, aos
11 anos, a interromper os estudos para
ajudar no sustento da família.
Casado e pai de três filhas, Aulair já tra-
balhou em praticamente todos os hos-
pitais da Grande Vitória. Mas um lugar
é especial para ele: a Clínica de Aciden-
tados de Vitória. Essa história de amor
e dedicação teve início em 1968, ainda
como estudante, e permanece até hoje,
mais de quatro décadas depois.
Na Clínica de Acidentados de Vitória ele
conheceu, trabalhou e fez amizade com
grandes ortopedistas do Estado. Muitos
deles já se foram, e os que permanecem
vivos, reconhecem em Aulair um parcei-
ro competente com quem já dividiram
os centros cirúrgicos por incontáveis ve-
zes, na batalha permanente por resta-
belecer a saúde de seus pacientes.
Entrevista SBOT-ESR
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Conte um pouco sobre a sua vida an-
tes de começar a estudar medicina.Sou capixaba, nasci em Baixo Guandu,
mas me mudei para Minas Gerais ainda
muito pequeno, pois meu pai era funcioná-
rio da Vale e havia sido transferido para lá.
Foi em Aimorés que iniciei os meus estudos,
que infelizmente tive que interrompê-los
aos 11 anos de idade, para poder trabalhar
e ajudar com as despesas de nossa casa. Tra-
balhei como office-boy, em serraria, no co-
mércio e até com exportação de café.
Quando e por que voltou a estudar?Voltei a estudar aos 17 anos de idade
por pressão dos meus patrões. Bom, daí
para frente não parei mais. Concluí o ensi-
no médio, fiz dois anos de cursinho prepa-
ratório para o vestibular e consegui a difícil
aprovação no curso de medicina na Univer-
sidade Federal do Espírito Santo.
Por qual motivo escolheu a medicina?Quando retomei aos estudos, tinha
uma ideia fixa de fazer medicina para aju-
dar os outros e, principalmente, a minha
família, pois, na época, era uma profissão
mais valorizada do que é atualmente.
O engraçado é que contrariei muita
gente com a escolha, principalmente meus
patrões que queriam que eu fizesse conta-
bilidade para poder continuar trabalhando
no comércio. Mas eu estava determinado
a ser médico. Para mim era tudo ou nada.
Ainda hoje a medicina é tudo para mim.
Foi por meio dela que construí o meu pa-
trimônio, dei estudos às minhas três filhas,
me tornei respeitado, ajudei muita gente e
fiz grandes amigos.
E a escolha pela especialidade?Quando comecei o curso, nem passava
pela minha cabeça me tornar um aneste-
sista. Fui influenciado por dois médicos
que tinham acabado de chegar ao Espírito
Santo e estavam realizando, experimental-
mente, cirurgias de coração em cães. Acei-
tei o desafio de ajudá-los nos procedimen-
tos e passei a ter mais proximidade com a
anestesiologia. Então, não parei mais.
Como é a sua relação com a ortopedia
e a traumatologia?Trabalhar com a equipe de ortopedis-
tas e traumatologistas é muito prazeroso.
Tanto pelos profissionais que temos, como
pela própria especialidade. Em muitos ca-
sos, posso submeter o paciente a uma anes-
tesia local, fato este que permite deixá-lo
consciente, ao mesmo tempo que fico ali
ao seu lado transmitindo-lhe confiança e
tranquilidade durante o procedimento.
Por falar em confiança, você encontra
muita dificuldade para tranquilizar os
seus pacientes?
Todo paciente fica nervoso antes de
uma cirurgia. Como sou bastante comu-
nicativo e brincalhão, fica bem mais fácil
acalmá-lo, embora, é cada vez mais usual
o paciente dar entrada ao hospital somen-
te no dia da cirurgia, sem as importantes
visitas prévias, ocasião em que eu explico
como acontecerá o procedimento.
Você já se submeteu a alguma cirur-
gia? Teve medo?Fui operado em cinco ocasiões. Since-
ramente, nunca tive medo e nem fiquei
nervoso. Talvez porque as primeiras inter-
venções foram pequenas e relativamente
tranquilas. Mas uma vez tive uma fratura
exposta na tíbia e precisei de uma aneste-
sia geral. Numa situação assim, você nem
se lembra de sentir medo, a única coisa
que deseja é que a dor termine logo e a
anestesia é o primeiro passo para que o seu
problema seja resolvido. Mas é claro que
no meu caso é diferente, pois estou acostu-
mado e sei como tudo funciona.
Dentre os muitos casos ao longo de sua
carreira, qual foi o que mais te emocio-
nou e que te marcou de alguma forma?Eu ainda era residente e estava de
plantão em um hospital em Brasília quan-
do duas garotinhas gêmeas deram entrada
com sintomas de envenenamento. Entubei
a primeira, fiz a medicação e a estabilizei.
Quando fui atender a outra, infelizmente
já era tarde. Este caso me tocou de duas
formas: positivamente, pois consegui salvar
uma vida, e negativamente, porque não
tive tempo suficiente para salvar a outra.
É um misto de frustração e satisfação que
mexe comigo até hoje.
Você já trabalhou com grandes or-
topedistas aqui no Estado. É possível
dizer quais deles mais te impressio-
naram pela técnica ou pelas atitudes
como pessoa? Trabalhei com grandes profissionais em
todos esses anos. Mas um colega que nun-
ca esquecerei é o Paulo Diniz de Oliveira
Santos, um dos primeiros ortopedistas do
Estado. Já falecido, foi uma pessoa excep-
cional, tanto como médico quanto ser hu-
mano. Ele se tornou bastante conhecido,
uma vez que foi chefe de cadeira do curso
de medicina da Ufes e foi um dos fundado-
res da Clínica dos Acidentados de Vitória.
Entrevista SBOT-ES
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SeguRAnçA noTRânSiTo nãoé bRincAdeiRAQuase um ano após a implantação da lei das cadeirinhas, ainda há quem desrespeite a regulamentação
No ano em que a Organização das
Nações Unidas (ONU) definiu
como a Década de Ações pela Se-
gurança no Trânsito - 2011 a 2020 -, a lei
que obriga o uso das cadeirinhas em veícu-
los para o transporte dos menores comple-
ta um ano de existência. De acordo com a
resolução, a condução de crianças abaixo
de sete anos e meio de idade só pode ser
feita com o uso de dispositivos de retenção
infantil adequados à faixa etária.
Desde que a lei entrou em vigor, em
1º de setembro de 2010, foram aplicadas,
até junho deste ano, 114 multas a moto-
ristas que transportavam crianças de forma
irregular em rodovias e áreas urbanas do
Espírito Santo. Segundo dados do Batalhão
de Polícia de Trânsito Rodoviário e Urbano
do Estado, do total de multas aplicadas, 48
autuações foram registradas em áreas ur-
banas.
O número de infrações em vias urbanas
chegou a mais de 40% e chamou atenção da
SBOT-ES. “Uma das explicações pode estar na
falsa sensação de segurança que os pais pos-
suem ao percorrer pequenos trajetos dentro
das vias urbanas”, deduz o presidente da
SBOT-ES, Adelmo Rezende. Essa teoria ganha
reforço em uma matéria exibida na rede Glo-
bo de Televisão, em maio deste ano, em que
muitos pais foram flagrados transportando
filhos menores sem o uso das cadeirinhas. A
desculpa, de todos, foi a curta distância entre
a casa e a creche.
Dicas SBOT-ES
“Carnaval Sem Trauma”. O evento procurou
conscientizar os motoristas a não dirigirem
embriagados, não ultrapassarem os limites
de velocidade e a sempre usarem os equipa-
mentos de segurança, como o cinto, capace-
tes e também as cadeirinhas de bebês.
De acordo com a leiTransportar crianças e bebês sem o uso
de assentos de proteção adequados é
considerada uma infração gravíssima, com
soma de sete pontos na carteira nacional
de habilitação (CNH), multa no valor de
R$191,54, além de retenção do veículo,
até que o equipamento de segurança seja
Preocupada com o aumento cada vez
maior de acidentes no trânsito, a Socieda-
de Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
(SBOT) realiza, todo ano, uma série de cam-
panhas chamando a atenção dos conduto-
res para as medidas de segurança ao dirigir
e transportar passageiros. Neste ano, a sua
regional do Espírito Santo, reforçando tam-
bém a ação da ONU, promoveu a campanha
Para mim, mais im-portante do que a multa ou os pontos em minha carteira, está a segurança do meu filho”
Elizângela Antunes, mãe do pequeno Pietro
Pietro, 4 anos, em sua cadeirinha
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9Dicas SBOT-ES
*São vários os modelos de assentos para crianças disponíveis no mercado, com preços que variam de R$40,00 a R$1.300,00.
instalado.
A regulamentação, porém, não se
aplica a veículos de transporte remunera-
dos, que inclui os coletivos, vans escolares
e táxis. Segundo o ortopedista pediátrico
Jorge Luiz Kriger, essa pode até ser consi-
derada uma falha da lei, pois estes meios
de transporte, táxis e vans principalmente,
estão sujeitos aos mesmos riscos do trân-
sito, como outro veículo qualquer. “O uso
das cadeirinhas é fundamental para a se-
gurança das crianças. Está realmente com-
provado que ela salva vidas, pois existem
dezenas de casos em que os pais acabaram
falecendo em acidentes de automóvel e a
criança sobreviveu, devido ao uso do dis-
Bebê conforto ou assento conversível Em forma de concha, esta
cadeirinha deve ser utili-
zada para transportar be-
bês de até um ano, ou até
13 kg, com altura entre
50 e 70 cm.
Cadeirinha Com encosto e assento, esta
cadeirinha pode ou não ter
apoio para os braços. É usada
para o transporte de crianças
de um a quatro anos, com
peso entre 9 e 18 kg, e altura
entre 70 cm e 1 metro.
Assento elevatório (booster) Este é o modelo para crianças maiores
- de quatro a sete anos e meio, com
peso entre 18 e 36 kg. O aparelho ele-
va a estatura da criança para que ela
use, seguramente no banco traseiro,
o mesmo cinto que os adultos.
Saiba qual é o melhor assento para o seu filho
Este tipo de assento deve ser usado,
no banco traseiro, de frente para o
motorista do veículo.
Deve ser usada, no banco tra-
seiro, sempre de costas para
o motorista do veículo.
Este aparelho permite o posi-
cionamento correto do cinto
de três pontos sobre o peito
e os quadris da criança.
positivo”, reforça Kriger. Cabe lembrar que
em veículos que possuam apenas os bancos
dianteiros, a criança deverá estar protegida
pelo cinto mais o assento apropriado para
a idade.
Mas assim como aqueles que não res-
peitam a lei e a segurança dos filhos, exis-
tem os que estão preocupados com ela. Eli-
zângela Antunes, mãe do pequeno Pietro
de quatro anos, conta que mesmo antes do
uso da cadeirinha ser exigido por lei, o seu
filho não era transportado sem o disposi-
tivo. “Para mim, mais importante do que
a multa ou os pontos em minha carteira,
está a segurança do meu filho. Tudo que
possa trazer uma maior segurança dentro
do carro, não só para ele, mas para mim
também, será bem-vindo”, conclui Elizân-
gela. Segundo ela, todos os pais deveriam
ter a consciência de que responsabilidade
ao volante não é apenas uma questão de
cidadania ou de cifras em reais, mas sim de
valorização à vida.
Em agosto, a SBOT-ES promoverá nova
campanha em prol da segurança no trânsito.
Desta vez o foco será os pais. A campanha
vai chamar atenção para o uso correto dos
equipamentos e alertar os pais de que não é
apenas em casos de colisão que os pequenos
passageiros podem se machucar, mas que
também uma freada mais forte pode ser su-
ficiente para provocar sérias lesões.
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Matéria de Capa
Com uma rotina sobrecarregada, nem os médicos estão imunes ao sedentarismo. A solução para eles também é a prática regular de atividades físicas
eSPoRTiSTAS de PLAnTão
Eles orientam os seus pacientes a terem uma vida mais saudável, incentivam a prá-
tica de exercícios físicos e recomendam uma alimentação balanceada. Os médicos
– profissionais que lidam diariamente com a saúde das pessoas e, por conta de sua
imagem, são vistos como referência de bem-estar –, muitas vezes, deixam, eles mesmos, de
dar a atenção devida aos bons hábitos que tanto aconselham.
Conciliar a rotina hospitalar com a qualidade de vida, porém, nem sempre é uma tare-
fa fácil. O desgaste físico e mental de grande parte dos clínicos relaciona-se à sobrecarga
excessiva de trabalho que enfrentam na profissão. Muitos deles precisam realizar plantões,
atender urgências, trabalhar em mais de um emprego – inclusive em cidades diferentes – e
acabam deixando o cuidado com a saúde na sala de espera.
Acontece que, para o corpo humano, o tempo tem hora marcada e a medicina não
deixa mentir: a partir dos 30 anos de idade, o homem, caso não pratique nenhuma
atividade física, começa a desacelerar, em média, 25% de sua taxa de metabolismo. Isso
se agrava, geralmente, se a pessoa levar uma rotina sedentária, acarretando também,
a perda gradual de massa muscular – que, após os 50 anos, pode chegar a 1% por ano.
Independentemente da idade, os médicos, assim como todos, não estão imunes aos
problemas de saúde. Mas apesar dos obstáculos da carreira, alguns deles ganham fôle-
go, se planejam e driblam a agenda atribulada para correr atrás de uma vida mais leve
e equilibrada, por meio da prática de exercícios, seja uma caminhada no calçadão ou
– para os mais empenhados – a corrida numa maratona. A receita é não ficar parado.
Luiz Campinhos é corredor há 5 anos
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Matéria de Capa
Ele corre para desacelerar o estresse
O ortopedista Luiz Augusto Bittencourt
Campinhos, 40 anos, disse que se considera
“um médico que gosta de esporte”. Corre-
dor há cinco anos, acredita que a prática de
exercícios físicos é capaz de gerar inúmeros
benefícios para o seu corpo e para a sua
mente. “Além de melhorar os processos
cardiovasculares e dar mais resistência aos
músculos, fazer exercícios eleva o meu bom
humor, acaba com qualquer estresse e me
proporciona estímulos físicos e mentais”,
salienta.
O médico revela que o início da sua
relação com a atividade física vem há exa-
tos 25 anos. “Desde adolescente, sempre
Ele caminha pela qualidade de vida
Para os médicos que estão tentando
conciliar carreira e qualidade de vida, um
exemplo de saúde, disciplina e disposição
é o do ortopedista Geraldo Lopes. Aos 60
anos, ele mantém uma rotina diária de ca-
minhadas na orla da praia de Camburi, em
Vitória, há mais de 20 anos.
“Eu adoro caminhar, porque sinto
que melhora muito a minha atividade
vascular e o meu ânimo para enfrentar
o acelerado dia a dia de trabalho. Quan-
me interessei por esportes. Logo me iden-
tifiquei pelo atletismo, por conta da influ-
ência de uma tia que, na época, era atleta
profissional”, conta Campinhos, que já
participou de mais de 80 provas gerais de
atletismo, correu em duas maratonas e
cinco meias-maratonas.
Dedicado a manter o ritmo de treina-
mento – três vezes na semana –, o ortope-
dista conta com o apoio de outros profis-
sionais. “O horário do meu treino varia de
acordo com a minha agenda de trabalho,
mas evito deixar de cumpri-lo. No meu
caso, como me exercito para competições,
tenho uma alimentação balanceada, com
orientação nutricional, além de um trei-
nador e um instrutor de academia que
me ajudam a melhorar o meu condiciona-
mento físico”, explica.
Com mais de dez anos na área clíni-
ca, Campinhos acredita na importância
de envolvimento com a carreira; mas em
benefício da saúde e da relação médico-
paciente, aconselha que o profissional
deva favorecer um equilíbrio, sempre
que possível, entre trabalho e lazer.
Para quem ainda está no início da
carreira médica, em busca de reconhe-
cimento, Campinhos entende ser mais
complicado conciliar os dois, mas para
isso, assegura que é essencial, primeira-
mente, ter organização e planejamento.
“Da mesma forma que nós, médicos, te-
mos tempo para o trabalho, plantões e
cirurgias, podemos nos preparar para ter
tempo para a família e para realizar algu-
ma atividade física. Planejar as tarefas do
dia a dia é o principal passo”, aconselha o
ortopedista, que na sua rotina procura se
hidratar bebendo muito líquido e se ali-
mentar em horários programados.
do eu não faço exercício físico, sinto-me
muito mal e, consequentemente, o meu
desempenho profissional é afetado”,
conta.
Mas antes de dar os primeiros passos
no calçadão, o ortopedista, até os 35 anos,
não dispensava uma partida de futebol
com os amigos. “Mantinha a boa forma,
porém, por medo de sofrer alguma con-
tusão, abandonei as chuteiras. Se eu me
machucasse, correria o risco de parar de cli-
nicar por um tempo, o que seria ruim para
minha profissão”, explica.
Ao abandonar o futebol, ganhou
peso e passou a sentir as consequências
de quem não se exercitava. Então chegou
a hora de Lopes repensar os seus hábitos.
“Olhei para mim e disse: ou me cuido, ou
vou morrer mais cedo. Foi quando come-
cei a caminhar”, relata o ortopedista que,
hoje, anda, por dia, seis quilômetros, em
uma hora.
Lopes considera importante não só o
exercício, mas também os alongamentos
antes e depois de praticar alguma ativida-
de. A inspiração, para ele, vem do com-
portamento dos felinos. “Imagina um
gato. Você já reparou como ele sempre
se alonga quando acorda? Nós devemos
fazer o mesmo. Alongamentos seguidos
de exercícios são sinônimos de vida”, ga-
rante.
Todos os outros companheiros de pro-
fissão, segundo o ortopedista, precisam
ter em mente o seguinte: quem atende
a um paciente deve estar, ou pelo menos
aparentar, um bom estado de saúde. “Se
pessoa não mantiver uma atividade física
regular, a tendência é surgir complicações
osteoarticulares, depressão, além de dese-
quilíbrio nas taxas de colesterol e de glico-
se. E os médicos não estão isentos disso”,
explica.
Para evitar esta ocorrência, o orto-
pedista não indica apenas a prática de
caminhadas, mas os exercícios aeróbicos
de uma forma geral, como correr, andar
de bicicleta – inclusive a ergométrica – e,
dependendo da idade, a hidroginástica e
a natação também podem ser uma opção
saudável. Geraldo Lopes caminha
6 km por dia
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Alimentação na balança
Convidamos o nutricionista Ri-cardo de Oliveira Freire para listar alguns conselhos
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Matéria de Capa
Ele joga tênis para rebater o mal-estar
Encontrar o esporte adequado para o
seu condicionamento físico – seguindo a
orientação médica e as limitações de cada
corpo – também é um diferencial para
tornar o exercício uma prática prazerosa
e não uma obrigação. O médico ortope-
dista Anderson De Nadai, de 40 anos, por
exemplo, descobriu no tênis a atividade
que traria benefícios significativos para a
sua saúde e, além disso, seria a forma de
aliviar o estresse e proporcionar, segundo
ele, uma “higiene mental” contra a exaus-
tiva carga horária de trabalho.
“Eu pratico o esporte desde que termi-
nei minha residência, em 2001. Gosto dele
pela sua dinamicidade, além de ser uma
atividade que não exige mobilização de
um grande número de pessoas. E sei que,
quando ficar mais velho, poderei conti-
nuar praticando, pois o tênis, comparado
a outros esportes, possibilita menos riscos
de lesões”, explica.
De Nadai revela também que era di-
fícil conciliar profissão e esporte no pe-
ríodo de faculdade e residência. Ele só
conseguiu organizar-se depois de forma-
do. O que o motivou, primeiramente, foi
pensar que caso não arrumasse tempo
para praticar exercícios, teria de arrumar
horário para tratar de alguma doença.
“Optei, então, pela qualidade de vida”,
afirma o ortopedista, que, pelo menos três
vezes por semana, separa um tempo à noi-
te para jogar o seu esporte predileto.
De acordo com ele, separar uma hora
do dia para praticar qualquer tipo de
exercício ou esporte vale a pena. “O mais
importante é saber organizar o tempo”,
conta. Na sua rotina, por exemplo, não re-
aliza plantões, mantendo apenas os aten-
dimentos no consultório e cirurgias.
Aliada à prática do exercício físico, a
alimentação controlada também é uma
preocupação para Anderson De Nadai.
“Sempre tento inserir no meu cardápio
muita salada, frutas e evito, sempre que
posso, exceder na quantidade de carne”,
conclui.
Bônus para versão online
Anderson De Nadai joga tênis 3 vezes por semana
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Bônus para versão online
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14 Matéria Especial
Prontuários, laudos, receitas e termos de consentimento: preenchê-los corretamente pode oferecer segurança judicial ao médico e ao paciente
PAPéiS QuePRoTegem VidAS
Além de operar, medicar e atender a dezenas de pacientes nos
consultórios, a rotina dos médicos inclui também o envolvi-
mento diário com diversos documentos: prontuários, laudos,
receitas e termos de consentimento são apenas alguns exemplos. Pre-
enchê-los corretamente não é apenas um sinal de organização, mas
também uma forma de se resguardar de possíveis problemas jurídicos.
“Estes papéis são o acervo clínico dos pacientes. Organizados e
concisos, são os registros dos cuidados que o médico prestou, incluin-
do todas as informações, exames, medicação etc.”, afirma o médico
pericial e ortopedista Hélio Barroso dos Reis.
Sob o ponto de vista legal, os prontuários, por exemplo, cons-
tituem uma importante prova jurídica. Isto porque, de acordo com
Hélio, a partir da análise feita por um perito, pode-se concluir se os
tratamentos aplicados foram adequados ou não. “O médico precisa
ter o hábito de descrever todo o atendimento, de forma clara, legível,
sem rasuras e siglas”, alerta. Conta ainda que, com a prática diária
da medicina, se o profissional cometer essas falhas e não as corrigir,
isso vira um péssimo hábito, fazendo com que ele perca a noção da
importância do preenchimento correto desses formulários. Além de
que, se ele omitir os registros, ou os fizer de forma irregular, perderá
a possibilidade de comprovar os seus atos.
Tal prática não representa apenas uma qualidade do trabalho do
profissional de saúde, mas também consta como norma do Conselho
Federal de Medicina (CFM). Para o ginecologista e advogado Fernando
Sérgio Martins, o profissional que não cumpre esta regra correrá o risco
de ser punido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). “Ele pode-
rá ser advertido, suspenso ou ter o registro cassado - dependendo do
dano causado ao paciente - por não realizar o que prega o Código de
Ética”, alerta.
O ortopedista Hélio Barroso defende a importância do preenchimento correto dos documentos clínicos
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15Matéria Especial
Atualmente tramitam no Judici-
ário brasileiro mais de 240 mil pro-
cessos na área de saúde. Segundo
dados do Conselho Nacional de Jus-
tiça (CNJ), coletados no ano passado,
a maior parte destes processos é refe-
rente a reivindicações de pessoas ao
acesso a medicamentos e a procedi-
mentos médicos pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), além de vagas em
hospitais públicos e ações diversas
movidas por usuários de seguros e
planos privados junto ao setor.
O Rio Grande do Sul é o esta-
do que mais concentra números de
processos, com 113.953, seguido de
Atenção ao termo de consentimento
Dentre os documentos que fazem
parte do dia a dia do médico, o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
merece atenção especial. Esse formulário
é uma proteção da autonomia dos pacien-
tes, que ao assinarem, atestam estar cien-
tes de todos os processos aos quais serão
submetidos, bem como as consequências
e os riscos.
O termo gera, comumente, falsas in-
terpretações quanto à sua função. Os mé-
dicos acreditam que este documento os
resguarda completamente de acusações
relacionadas às complicações clínicas. Já
os pacientes, desconfiam sobre a seguran-
ça dos atos do profissional, uma vez que o
TCLE expõe os riscos de insucesso do tra-
tamento, aparentando que o profissional
pretende se isentar de suas responsabili-
dades. Segundo o ortopedista e trauma-
tologista Saulo Gomes, alguns deixam
de fazer o TCLE por receio do paciente
não realizar as intervenções necessárias.
“Como nesses documentos estão listadas
as possíveis consequências de uma cirur-
gia, por exemplo, muitas pessoas acabam
desistindo por medo”, conta.
Contudo, o termo de consentimento
não deve ser avaliado como uma isenção
de erros, mas sim uma divisão de respon-
sabilidades da escolha do tratamento fei-
ta pelo médico e pelo paciente, deixan-
do claro a todos os possíveis resultados,
agradáveis ou não. Cabe ressaltar que,
em casos extremos, onde se necessite uma
intervenção médica urgente, o TCLE é dis-
pensável e, portanto, não se configura um
crime, segundo o Código Penal.
Ginecologista e advogado Fernando Sérgio Martins: “O médico não deve privar o paciente da informação”
São Paulo, com 44.690, e Rio de Janei-
ro, 25.234. Já em menor escala estão
os tribunais de Justiça do Ceará, com
8.344, Minas Gerais, 7.915 e do Tribu-
nal Regional Federal da 4ª região, que
compreende os estados de Rio Grande
do Sul, Paraná, e Santa Catarina, so-
mando 8.152 ações.
As informações fazem parte de um
estudo realizado pelo Fórum Nacional
do Judiciário para a Saúde, que tem a
proposta de contribuir para a formu-
lação de novas políticas públicas para
o setor, de forma a permitir a resolu-
ção destes conflitos judiciais da melhor
forma possível.
Processos aumentam no setor de saúde
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16 Artigo SBOT-ES
ACondromalácia é um dos termos da literatura médica que
apresenta maior confusão e distorção de seu significado,
mesmo entre profissionais que cuidam de doenças específi-
cas da cartilagem. A patologia refere-se especificamente ao processo
degenerativo que determina o amolecimento da cartilagem hialina de
revestimento. Portanto, em última análise, trata-se da manifestação
histopatológica das alterações cartilaginosas que podem ocorrer por
diversas causas, em qualquer articulação.
Durante muito tempo e mesmo nos dias atuais, o termo condro-
malácia é utilizado inapropriadamente como sinônimo de dor ou des-
conforto na região anterior dos joelhos; e confunde-se com a própria
síndrome dolorosa patelo femoral, entidade complexa que se manifesta
por dor na região anterior do joelho, sendo a alteração cartilaginosa um
dos componentes envolvidos em sua manifestação.
A cartilagem articular é composta por quatro camadas celulares
de graus sucessivos de maturação, a partir do tecido ósseo subjacente,
imersas em grande quantidade de matriz extracelular abundantemen-
te hidratada. Tem a particularidade de ser avascular e aneural, sendo
suas células nutridas pela pressão e osmolaridade do líquido sinovial.
Por suas características histológicas, desempenha importante função
de transmissão e absorção de cargas, bem como a de propiciar o mo-
vimento articular com o mínimo atrito entre as superfícies. Alterações
fisicas e químicas que alterem as características da cartilagem – cau-
sando amolecimento, fibrilação ou erosão em profundidades variadas
– configuram o que se cunha como condromalácia.
Na sequência deste artigo, o enfoque será centrado na dor anterior
do joelho – comumente associada à degeneração cartilaginosa ante-
riormente descrita –, seja ela troclear ou patelar. A cartilagem patelar é
a mais espessa do corpo humano. Essa espessura é variável e pode che-
gar a sete milímetros em adultos jovens, sendo que sua conformação e
espessura não acompanha os limites ósseos da patela. Daí, presume-se
que a avaliação radiográfica da articulação patelo femoral pode causar
impressões inverídicas ao observador em termos de posicionamento da
patela na tróclea.
Por ser um osso sesamóide sujeito a forças de direções e magnitudes
diversas pelos componentes do quadríceps proximalmente e estar fixa
à tuberosidade da tíbia distalmente, a cinemática patelar é dependente
da resultante das forças e do equilíbrio muscular. Também a muscu-
latura posterior dos membros inferiores (cadeias posteriores) tem pa-
pel importante na biomecânica patelar ao provocarem uma força de
compressão da patela contra a tróclea, de acordo com o seu grau de
elasticidade (alongamento), e conforme o angulo de flexão do joelho.
Diante do exposto, é compreensível que o desequilíbrio muscular
provoque um movimento anormal da patela em seu leito troclear; e
que esse deslocamento, repetidamente fora do curso habitual, cause
alterações no tecido cartilaginoso.
Há vários fatores que contribuem para a alteração biomecânica e con-
sequente prejuízo nutricional da patela: no sexo feminino o padrão de
ativação neuromuscular do quadríceps é sobremaneira mais lento do que
no sexo masculino; alterações do alinhamento dos membros, representa-
da pela elevação do angulo “Q”, associa-se ao encurtamento dos múscu-
los e fáscias laterais e a um predomínio de atuação do vasto lateral sobre
A condRomALáciA
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o medial; alterações que levem a instabilidade patelar, potencial ou ob-
jetiva – como a patela alta e as displasias trocleares –, desvios rotacionais
(aumento da anteversão femoral e torção tibial externa) e traumatismos.
A condromalácia se classifica, segundo Outerbridge (com modifi-
cação por Goodfellow), de grau I a IV, conforme a profundidade do
acometimento. No grau I, há apenas um amolecimento da cartilagem,
sem descontinuidade. O grau II caracteriza-se por fibrilações superficiais
que, aprofundando-se e extendendo-se na forma de fissuras profundas
– que não acometem ao osso subcondral –, configuram o grau III. Já a
condromalácia grau IV é a lesão mais profunda com exposição óssea.
Sendo a cartilagem desprovida de inervação, a dor que pode estar
associada aos achados de condromalácia se justifica pela sobrecarga ao
osso subcondral e pela sinovite reacional aos fragmentos condrais, irri-
tativos à membrana sinovial. Condromalácia dos graus I e II raramente
se associam com nexo de causa à dor anterior nos joelhos. Lesões dos
graus III e IV mais frequentemente podem justificar dor.
A clínica se caracteriza por dor na região anterior do joelho – exa-
cerbada ao permanecer prolongadamente com o mesmo flexionado
(sinal do cinema) e para subir e descer escadas. A dor pode ser alivia-
da com a mudança de posição ou interrupção da atividade. Em fases
iniciais a presença de derrame articular é incomum. No exame físico,
deve-se pesquisar as alterações do alinhamento mecânico, hipotrofia
muscular, sinais clínicos de instabilidade e o movimento (tracking) pa-
telar. É frequente a percepção de crepitação retropatelar podendo-se
reproduzir a dor pela palpação dos rebordos patelares.
O diagnóstico se firma pela exclusão de outras causas de dor ante-
rior (Osgood Schlatter, Sinding Larsen Johansen, tendinites, patela bi-
partida, tumores, plica medial hipertrófica, fratura por estresse, bursite
pré-patelar, distrofia simpática reflexa, iatrogenia por cirurgias prévias,
sind. de Hoffa, entre outras) e mediante a complementação propedêu-
tica por meio de exames complementares, principalmente as radiogra-
fias. Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética
podem estar indicadas caso a evolução clínica não seja satisfatória.
O pilar do tratamento da síndrome dolorosa patelo femoral (con-
dromalácia) é a readequação e o reequilíbrio muscular fundamenta-
dos em treino de coordenação da ativação muscular; alongamentos de
cadeias encurtadas; exercícios de cadeia cinética fechada progredindo
para cadeia cinética aberta – com ênfase no trabalho excêntrico de
quadríceps; mobilização patelar e propriocepção. O tratamento não ci-
rúrgico deve ser perseguido insistentemente. Associam-se medicações
sintomáticas e modificação das atividades.
A cirurgia é excepcional e somente se justifica quando houver alte-
ração anatômica ou biomecânica que justifique a refratrariedade ao tra-
tamento conservador. Uma vez elegido, o tratamento cirúrgico deve ser
direcionado ao tratamento da causa da lesão cartilaginosa e não apenas
à abordagem direta da lesão. Entre eles estão os procedimentos de re-
alinhamento do aparelho extensor em sua diversidade e osteotomias.
Para a abordagem da lesão condral, propriamente dita, várias técnicas
são estudadas, mas nenhuma ainda se configura como padrão ouro de
tratamento: abrasão artroscópico; drilling; microfraturas; mosaicoplastia
(enxerto osteocondral autólogo); transplante autólogo de condrócitos;
e, mais recentemente, considerações sobre a utilização de plasma rico
em plaquetas e fatores de crescimento, ainda em fase de estudos.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
g.grossi@ibest.com.br
Dr. Giovanni César Xavier Grossi
Artigo SBOT-ES
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A evolução dos oxicams 1,4
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Contra-Indicações Hipersensibilidade ao lornoxicam ou a qualquer um de seus componentes; Trombocitopenia; Hipersensibilidade (sintomas como asma, rinite, angioedema ou urticária) a outros medicamentos antiinflamatórios não esteróides, incluindo o ácido acetilsalicílico; Insuficiência cardíaca severa; Hemorragia gastrintestinal, hemorragia cerebrovascular e outras doenças hemorrágicas; História de hemorragia gastrintestinal ou perfuração, referente à terapia anterior com medicamentos antiinflamatórios não esteróides; Úlcera peptídica/ hemorragia ativa ou com história de úlcera peptídica/ hemorragia recorrente (dois ou mais episódios distintos de ulceração ou sangramentos comprovados); Insuficiência hepática grave; Insuficiência renal grave (creatinina sérica > 700 mol/L); o terceiro trimestre de gravidez. Advertências E Precauções: Para as seguintes doenças, Xefo® somente deverá ser administrado após cuidadosa avaliação do risco-benefício. Insuficiência renal. A função renal deve ser monitorada em pacientes submetidos a grandes cirurgias, com insuficiência cardíaca, recebendo tratamento com diuréticos, recebendo tratamento concomitante com medicamentos que são suspeitos ou conhecidamente capazes de causar danos ao rim. Pacientes com doença de coagulação do sangue. Insuficiência hepática Pacientes idosos com mais de 65 anos: é recomendado o monitoramento das funções renais e hepáticas. É aconselhado precaução em pacientes idosos após cirurgia. O uso de lornoxicam concomitante com medicamentos antiinflamatórios não esteróides, incluindo inibidores seletivos da 2-cicloxigenase, deve ser evitado. Hemorragia gastrintestinal, ulceração e perfuração. Pacientes com história de toxicidade gastrintestinal, particularmente quando idosos, devem reportar qualquer sintoma abdominal não usual (especialmente sangramento gastrintestinal) particularmente no estágio inicial do tratamento. AINEs devem ser dados com cuidado em pacientes com história de doenças gastrintestinais (colite ulcerativa, doença de Crohn) porque suas condições podem ser exacerbadas (ver efeitos adversos). É necessária precaução em pacientes com história de hipertensão e / ou insuficiência cardíaca, porque retenção de líquidos e edema foram relatados em associação com a terapia de AINE. Gravidez Categoria de risco na gravidez: C. Lactação: AINEs devem, se possível, ser evitado durante a amamentação. Posologia E Modo De Usar: Para todos os pacientes um sistema de dosagem apropriada deve ser baseada na resposta individual ao tratamento. O Xefo 8 mg comprimido revestido oral deve ser ingerido com um copo de água, e tomado preferencialmente durante ou após as refeições. Tratamento da dor associada com lombo ciatalgia aguda e dor pós cirurgia dental: 8 mg a 16 mg por dia dividido em 2 ou 3 doses. A dose diária máxima recomendada é 16 mg. Artrite reumatóide e osteoartrite: A dose inicial recomendada é de 12 mg de lornoxicam por dia, dividido em 3 doses. A dose de manutenção não deve exceder 16 mg ao dia. Informação adicional para grupos especiais: Crianças e adolescentes Não é recomendado o uso de lornoxicam em crianças e adolescentes abaixo de 18 anos devido à falta de dados de segurança e eficácia. Idosos: Não é necessária uma dose especial para pacientes idosos acima de 65 anos. Insuficiência renal: Para pacientes com leve a moderada insuficiência renal a máxima dose diária recomendada é 12 mg, dividido em 3 vezes. Insuficiência hepática: Para pacientes com moderada insuficiência hepática a máxima dose diária recomendada é 12 mg, dividido em 3 doses. Reações Adversas: Os eventos adversos mais frequentemente observados de AINEs são de natureza gastrintestinal. Úlceras pépticas, perfuração ou hemorragia gastrointestinal, por vezes fatais, particularmente nos idosos, podem ocorrer. Náuseas, vômitos, diarréia, flatulência, obstipação, dispepsia, dor abdominal, melena, hematêmese, estomatite ulcerativa, exacerbação da colite e doença de Crohn foram relatados após a administração de AINEs. Menos freqüentemente, a gastrite tem sido observada. Pancreatite foi relatada muito raramente. Aproximadamente 21% dos pacientes tratados com lornoxicam reportaram eventos adversos avaliados como, pelo menos, possivelmente relacionados com o tratamento com lornoxicam em estudos clínicos controlados. Os efeitos adversos mais frequentes do lornoxicam incluem náuseas, dispepsia, indigestão, dor abdominal, vômito e diarréia. Estes sintomas ocorreram geralmente em menos de 10% dos pacientes em estudos disponíveis. Reações de hipersensibilidade foram relatadas após o tratamento com AINEs. Estes podem consistir em (a) reações alérgicas não-específicas e anafilaxia (b) reatividade das vias respiratórias incluindo asma, agravamento da asma, broncoespasmo e dispnéia, ou (c), variadas doenças de pele, incluindo erupções cutâneas de vários tipos, prurido, urticária, púrpura, angiodema e, mais raramente, dermatoses e bolhas (incluindo necrólise epidérmica e eritema multiforme). Edema, hipertensão e insuficiência cardíaca, têm sido relatados em associação ao tratamento com AINE. Registro MS – 1.0974.0216.MAIO 2010
Contraindicação: Hipersensibilidade ao lornoxicam ou a qualquer um de seus componentes; Interações Medicamentosas: Administração concomitante de Xefo e outros analgésicos incluindo os inibidores seletivos 2 cicloxigenase: evitar o uso concomitante de 2 ou mais anti-inflamatórios não esteroidais (incluindo a aspirina) porque isto pode aumentar o risco de efeitos adversos.Referências Bibliográficas: 1 – Radhofer-Welte S, Lornoxicam, a new potent NSAID with and improved tolerability profile. Drugs of today 2000, 36(1):55-76. 2 – Balfour JÁ, et al. Lornoxicam: a review of its phamacology and therapeutic potential in the management of painful and inflammatory conditions. Drugs 1996; 51(4):639-57. 3 – Berg J, et al. The analgesic NSAID lornoxicam inhibits cyclooxygenase (COX)-1/2, inducible nitric oxide synthase (iNOS), and the formation of interleukin (IL)-6 in vitro. Inflamm res. 1999;48:369-79. 4 – Cooper SA, et al. Lornoxicam: Analgesic Efficacy and Safety of a New Oxicam Derivative. Advances in Therapy. 1996;13(1): 67-77. 5 – Bula do produto. 6 – Monografia do produto. 7 – Bröll,Hans, et al. Lornoxicam: expert statement. CliniCum, November 2004 (Special edition).
Informações adicionais disponíveis à classe médica mediante solicitação.�0
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