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XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
XI Salão de
Iniciação Científica PUCRS
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE EM CONCRETOS COM AGREGADOS RECICLADOS DE
CONCRETO
Jeferson Alcantara A. Sentena, Prof. Dr. Claudio S. Kazmierczak (orientador)
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS
Resumo
Este trabalho trata sobre o emprego de agregado reciclado de concreto na produção de
novos concretos, enfocando a durabilidade. Para a obtenção do agregado foram produzidos
em laboratório concretos com diferentes resistências. Os resultados indicam diferença de
comportamento entre concretos com agregado natural e reciclado.
Introdução
Segundo Buttler (2003), é inevitável a geração de resíduos em um processo de
fabricação. Quando não há um conhecimento da tecnologia apropriada para a reciclagem de
um resíduo, certamente será depositado na natureza, resultando em inúmeros problemas
ambientais. Em algumas ocasiões nem sempre a falta de tecnologia é o desafio, mas sim a
inexistência de uma legislação rigorosa, que venha apontar diretamente os responsáveis por
tais atos contra a natureza. A quantidade de Resíduos de Construção e Demolição (RCD), que
nessa pesquisa também é definido pelo termo ARC, quando se refere o resíduo de concreto
reciclado na forma de agregado, funciona como um indicador do desperdício de materiais. A
perda da durabilidade do concreto armado é freqüentemente causada por uma conjunção de
fatores que incluem a exposição ao meio ambiente e ingresso de agentes agressivos,
especificações inadequadas e construções executadas sem os parâmetros exigidos pelas
normas técnicas. O meio mais freqüente de ingresso de agentes agressivos no concreto é por
meio de sua rede de poros podendo ter como vetor a água, sendo a forma mais freqüente de
ingresso de água para o interior do concreto o mecanismo de absorção capilar (HELENE,
1993). O tema geral desse trabalho é a incorporação de resíduos de concreto na confecção de
novos concretos e o objetivo é a avaliação da durabilidade destes concretos que utilizam o
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ARC em substituição parcial de agregados graúdos, mais especificamente por meio da
determinação do ingresso de água por absorção. A inserção do ARC, cuja porosidade e a
absorção são maiores do que no agregado natural, podem interferir na demanda de água no
estado fresco e aumentar a porosidade do novo concreto no estado endurecido. Uma das
formas de compensar a interferência no estado fresco é realizar uma compensação da
absorção do agregado por meio de pré-molhagem do ARC.
Metodologia
Para avaliar a interferência do ARC com duas resistências distintas, em diversos teores
de substituição e submetidas a diferentes teores de pré-molhagem, produziu-se, em regime
controlado de laboratório, um traço de referência (com agregados naturais) e 12 misturas com
ARC de diferentes resistências à compressão (50MPa, e 18MPa), substituindo os agregados
graúdos por ARC. Foram empregados teores de 50% e 100% de substituição do agregado
natural em massa, com compensação de volume, considerando as massas específicas de cada
agregado. Fixou-se dois teores de água para a pré-molhagem dos agregados reciclados, 50% e
100%. Mesmo realizando a pré-molhagem para compensar a absorção de água de
amassamento da mistura, ajustou-se a quantidade de água na betoneira de modo a atingir um
abatimento fixado em 100±20mm. Moldaram-se corpos-de-prova cilíndricos, os quais foram
curados em câmara úmida pelo prazo de 63 dias. O método adotado para avaliar a absorção
dos concretos com ARC segue as recomendações da TC 166 PCD RILEM, sendo que os
corpos de prova foram cortados em fatias de 50 mm e posteriormente condicionados em
estufa à temperatura de 60°C, até a estabilização de massa. Para garantir a absorção de água
unilateral, a superfície lateral dos corpos-de-prova foi recoberta com fita adesiva de alta
resistência e a superior com látex. Em seguida, as amostras ficaram em contato com uma
lâmina de 3mm de água, e o acréscimo de massa foi verificado em intervalos de tempo: 1, 2,
3, 4, 5, 10, 15, 30 e 60 minutos e 2, 3, 4, 5, 6, 24, 48, 72 e 96 horas, até a estabilização de
massa.
Resultados Os gráficos (figura 1-4) representam os resultados obtidos no ensaio de absorção de água por capilaridade em concretos com agregados reciclados.
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Figura 1 Absorção de água ao longo do tempo - Figura 2 Absorção de água ao longo do tempo -
50% ARC e 18MPa (a/c 0,85) 100% ARC e 18MPa (a/c 0,85)
Figura 3 Absorção de água ao longo do tempo - Figura 4 Absorção de água ao longo do tempo -
50% ARC e 50MPa (a/c 0,43) 100% ARC e 50MPa (a/c 0,43)
Conclusões
- O ensaio demonstra que quanto menor a resistência à compressão do concreto reciclado, maior é a porosidade do ARC e maior é a absorção dos concretos com ARC.
- Para o ARC 50MPa empregado em teor de 50% de substituição, obteve-se uma taxa de absorção similar ao concreto de referência, quando observado os TPM de 50%.
Referências
BUTLER, A. M. Concretos com agregados graúdos de concreto – Influência da idade de reciclagem nas propriedades dos agregados e concretos reciclados. 2003. 187p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola de Engenharia de São Carlos – Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. CABRAL, A. E. B. Modelagem de propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos produzidos com agregados reciclados, considerando-se a variabilidade da composição do RCD. 2007. 194p. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola de Engenharia de São Carlos - Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2007. LEITE, M. B. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. 2001. 266p. Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola de Engenharia, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. RILEM, C .Determination of the Capillary Absorption of Water of Hardened Concrete: TC 166 PCD. Materials and Structures / Materiaux ET constructions, vol. 32, p. 178-179, Abr. 1999. ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado, na confecção do concreto. 1997. 139p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 1997
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