Post on 18-Jan-2019
I ANNO DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 1901 N.° 9
SEM A N A R IO N O T IC IO S O , LI T T E R A R IO E A G R ÍC O L A
AssignahsmAnno, 1S000 reis; semestre, 5oo réis. Pagamento adiantado. Na cobrança pelo correio, accresce o prémio do vale.A vulso, no dia da publicação, 20 réis.
EDITOR— José Augusto Saloio
AC; l ç| SPashli c a c õ e s ç3 Annunciots— i. a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,
------------- A 20 réis. Annuncios 11a 4.» pagina, contracto esp < ial. O. auto-
pR U A DE JOSÉ MARIA DOS SANTOS li sraphos nr,° sc resti m lT r T ? ou nr,° ^ hli; i,d0Ã-M a l u k í j a l l e c a h PROPRIETÁRIO— Josc Augusto Saloio
E X P E D I E N T E
A c e e ita m -s e f o u i g r a t idão « jiia c síjía cr n o t ic ia s q u e se ja m de in t e r e s s e p u b lic o .
lAC-KINLEYi aítentado contra o presidente da repsaMIca dos listados BJnidos da Am erica do X ertc.
A’ hora em que escrevemos este artigo, já os nossos leitores devem estar informados do odioso at- tentado de que foi victima o presidente da republica norte-americana, Mac-Kin- ley.
Provocou, como era de esperar, indignação universal. Todo o mundo civilizado reprovou unanimemente consternado, o trágico acontecimento que neste momento enluta a America do Norte.
E é bem natural e perfeitamente justificada essa indignação. A America impõe-se ao respeito e á admiração geral, não só pelas suas tradições históricas, mas tambem pelos relevantes serviços que os seus filhos têm prestado á sciencia e industria.
Um paiz que produz homens como Washington, o primeiro presidente, que pelos seus concidadãos, duas vezes foi elevado á magistratura s u p r ema; Monroé, bem conhecido pelas suas doutrinas; Lincoln, o heroe da guerra civil; Rumford, o physico eminente; Morse, bem conhecido inventor do telegra- pho do mesmo nome; Siemens, Bell, Edison, e tantos outros sabios illustres, cujos nomes ficarão immro- redouros na historia da sciencia; esse paiz é digno de consideração e sympa- thia de todo o orbe civilizado.
O criminoso, evidentemente um desequilibrado ou talvez mais ainda,— um iouco,— victima dos princípios falsos, perigosos e
jutopicos que ultimamente se têm espalhado com o nome de anarchísmo, etc., e que a nosso vêr só servem para desvairar os ce- rebros fracos, que se julgam, segundo as suas theo- rias, destinados a modificar as sociedades actuaes, por processos illegaes; o criminoso, repetimos, assumiu perante o mundo inteiro, uma tremenda responsabilidade.
Não é só a familia de Mac-Kinley que chora a desgraça que a feriu; não é só a republica norte-ame- ricana que deplora a fatalidade que fulminou o seu presidente; é o mundo todo, que lastima o iniquo attentado contra o representante duma nação e que por isso se revolta indignado contra o auctor ou au- ctores do nefando crime.
E’ necessário e imprescindível até, que os governos de todos os paizes ac- cordem entre si, no meio de expurgar da sociedade esta perigosa seita, que constitue uma ameaça constante, qual nova espada de Damocles, para os dirigentes das nações.
J u lio M o r e ir a d e Sá.
I N T R I G A SO correspondente da
Vanguarda nesta localidade queixa-se de não haver um jornal que defenda os interesses desta terra e que o nosso publica unicamente versos e cantigas. Ora s. ex.a, que tão zeloso sc mostra pelas coisas daqui, não poderia, com a sua pen- na auctorisada, defendel-as noutro jornal, uma vez que o nosso, segundo diz, não se quer occupar com isso? E’ o caso do argueiro no olho do visinho.
Não nos incommodaria- mos a responder a s. ex.a se não soubessemos que as intrigas podem ás vezes calar no animo das pessoas menos entendidas que talvez julguem mal o nosso procedimento. Mas a parte do publico sensata e r a z o a - vel ha de fazer-nos justiça, vendo que o nosso jornal
tem já defendido causas justas e que não se dobra a conveniências nem a caprichos de ninguém.
Aos que nos lêem deixamos o cuidado de julgar as nossas acções.
E ponto final, que o tempo é dinheiro e nao vale a pena gastar cera com ruins defuntos.
í í s festejos de A lc o c h e te
Assim como noticiámos realizaram-se nesta importante- terra, os tradicionaes festejos a Nossa Senhora da Vida nos dias 7, 8 e 9, os quaes correram na me- ihor ordem, não havendo, sequer, uma leve questiun- cula que incommodasse a auctoridade local. No largo de S. João, onde se passaram os: festejos, achavam- se as barracas das prendas, sendo algumas destas de bastante merecimento como dois quadros a cravou, etc., etc., que foram vendidas por elevados preços. A’lém destas barracas havia tambem de pim-pam- pum, escola de tiro, anima- tographo, muitos tabolei- ros, etc., etc. A phylarmo- nica da terra executou algumas peças do seu reper- torio, sendo por isso bas- tante palmeada. No dia <j, sahiu em procissão da egre- ja matriz para a sua ermida, Nossa Senhora da Vida. A’ noite houve arraial, k e r - messe, musica, illumina- ções, etc., etc. Não houve cavalhadas o que bastante indignou algumas pessoas. Será bom não esquecer este divertimento que tanto prende e satisfaz os forasteiros, assim como tambem o povo alcochetano.
S a l una a « ca
Partiram para alli os nossos amigos Manuel Ferreira Giraldes e José Maria Mendes Junior. Estimamos que gosem quanto desejam.
F e s te jo s da M oita
Nos dias 9 e 10 do corrente, tiveram logar na- quella pittoresca villa os
deslumbrantes festejos a Nossa Senhora da Boa Viajem, padroeira cíaquella terra e advogada da classe maritima; festejos estes, que attrahiram grande numero de forasteiros.
A commissão promotora d estes festejos, para bem satisfazer todas as exigen- cias do publico, envidou todos os esforços, conseguindo por isso que as festas deste anno fossem revestidas da maior pompa.
Abrilhantaram estes festejos as bandas da M arinha, Infanteria 2 e a phy- larmonica Eslrella Moiten- se, cíaquella villa.
Pena é que todos os an- nos nesta villa se dêem desordens, entrando logo a predilecta navalha. Não se poderá acabar com estes covardes nauseabundos? E por que não são tão frequentes estes casos nas mais partes?
A N N I V E R S A R I O SCompleta hoje o seu pri
meiro anniversario natali- cio, o menino Horacio, gen- tilissima creança, filho do nosso bom amigo o sr. José Augusto Saloio.
As nossas felicitações a seus paes.
Fez no dia 8 do corrente,11 annos, a menina Maria da Luz Soeiro d’Almeida, gentil filha do nosso bom amigo e assignante, o exm.° sr. Manoel Neves Nunes de Almeida, digno professor da Escola Municipal Secundaria desta villa.
Os nossos parabéns.
A VIDA N’ALDEIA
Brevemente começará o nosso jornal a publicação dum romance intitulado: A vida naldeia, escripto expressamente para 0 Domingo, por um dos nossos redactores.
Temos a certeza de que .1 vida lialdeia, escripta em linguagem simples e des- pretenciosa, receberá bom acolhimento dos nossos leitores, proporcionando-lhes uns momentos ágradaveis.
Ilan o cl ISeslossdo
Já regressou para sua casa, nesta villa, o nosso amigo Manoel Redondo, que como em tempo noticiámos, foi victima dum desastre com uma arma dc fogo, tendo por isso de recolher ao Hospital de S. José.
Vem um pouco melhor. Fazemos votos para que em breve o vejamos completamente restabelecido.
fseiivrasices
A exm.a sr.a D. Feliciana Aug-usta de Vasconcellos, esposa do nosso bom amigo, o sr. Antonio Augusto de Vasconcellos, deu á luz, no dia 8 deste mez, uma formosa menina.
Mãe e filha acham-se num estado bastante lisonjeiro.
Os nossos sinceros parabéns.
A ex.ma sr.a D. Maria da Gloria Quaresma Nepo- muceno Gouveia, esposa do nosso presado amigo Justiniano Antonio Gouveia, deu á luz com a maior felicidade, 110 dia 11 do corrente, uma linda creança do sexo feminino, pelo que lhe enviamos as nossas fe- licitacões.
A p o s ta
Numa noite da semana passada, deu-se uma aposta na importancia de 1 Soo o réis, entre Carlos Caria Junior e differentes indivíduos.
A aposta constava de ir ao Montijo — não sabemos se para tomar banho — e voltar, escrevendo com carvão na pyramide que alli se acha, qualquer coisa que provasse ter lá ido, não levando comsigo páu nem pedra ou outra qualquer arma que lhe servisse para defeza do tardo ou outro qualquer bicho parecido. O- caso é que o homemsinho foi ao Montijo, escreveu o que entendeu na pyramide, mas perdeu a aposta, por que levou comsigo um páu
O D O M I N G O
CARIDADE
Ha um bem tão excellenle, divino,Tem por patria o mundo, por throno os céos, Dimana perenne do proprio Deus,E ’ da alma um cântico, um hymno.
Enxuga lagrimas, cobre a nitde-,Mata fomes e assiste ao enfermo,Percorre tudo, da cidade ao ermo,Com egual desinteresse e candide
Funda escolas, hospitaes, asylos,N'esse vesuvio de tantos affeclos:Os pobres são os seus bem-dilectos.Os orphãos sem amparo os seus pupillos.
Tem nos labios um salutar conselho,Norteia o infeli- transviado,Ampara o triste e desgraçado,E uma virtude do Evangelhô.
T i’ aurora que illumina suave,Dando alento, vida e vigor;E um balsamo bem consolador,E o terno e meigo olhar da ave.
E o anjo que protege e guia No immenso mar de dor e de pranto,K o numen que se adora tanto,E um raio celeste de alegria.
Ha um bem tão excelso, na verdade,Tem por patria o mundo, por throno os céos, Dimana perenne do proprio Deus,E a sublime e santa Caridade!
M e n d e s P i n h e i r o
Aldegallega do Ribatejo, 14 de setembro de 1901.
GENESISDeus/q - o manto d ’Aurora Do leu sorriso innocenle,E da lu\ dos olhos teus,Os raios do sol-poente.
Da tua bocca formosa,Onde o bejo fa~ morada,Tirou o perfume da rosa E as tintas da Madrugada.
As estreUas são os teus beijos.Que andam perdidos no ar,Dos lyrios do collo leu,E o i que Deus fe~ o luar.
A lb in o B a st o s
P E N S A M E N T O S
0 que nós chamamos a pratica da sociedade c a arte de manobrar no meio de todas as convenções.
que disse ser por causa dos cacs.
Oh! hometnsinho, você tinha medo dos cães ou do tardo ?!
B lo s p cd c s
De visita aos nossos estimáveis amigos os srs. An- tonio Maria dos Santos e Vicente José Madeira, este guarda-livros da casa Lucas & C .a, estiveram nesta villa os srs. Antonio Gar- ducho Borges, de Pedro- gão do Alemtejo, e, José Mendes de Carvalho, abastado proprietário da Vidi- gueira.
NECROLOGIA
Sarilhos Grandes. — Fal- leceu no dia 10 do corrente, na sua casa em Sarilhos Grandes, o nosso prezadíssimo amigo o sr. João Fir- mino.
Alma boa e generosa, e ainda no vigor da vida, succumbiu á terrível doença da tuberculose.
A sua esposa, e a toda a sua familia, enviamos as nossas condolências.
Moita. — Tambem falle- ceu no dia 11, na Moita, o sr. Manoel Ribeiro Galvão, que ha muito se achava doente, de 32 annos d’eda- de, irmão do nosso amigo o sr. Vicente Ribeiro Galvão.
Sentidos pezames.
Carnaxide. — Falleceu na madrugada do dia 11, na sua vivenda em Linda-a- Velha, a exm.a sr.a D. Anna Rosa Soares de Faria, abastada proprietaria, prima do nosso muito amigo e assi- gnante Julio Cesar de Castro, habil pharmaceutico, actualmente estabelecido, em Sarilhos Grandes, com loja [de- differentes artigos.
Era uma senhora muito virtuosa, dotada de nobres sentimentos, applicando uma parte do seu rendimento ao louvável fim de
FOLHETIM
Tradurçáo de J. DOS ANJOS
A ULTIMA CRUZADAV III
A marqueza fez um tregeito de creança Impaciente.
A sombra filtrava por entre as cortinas de pellucia. Ainda não tinham trazido luzes, Regina estremecia quando ouvia rodar uma carruagem.
A sua belleza enlanguescia n’aquella sombra e o seu ves'tuario, que se diria ser copia ^o de uma estampa do seculo passado, fazia-a mais desejável, mais perturbadora. Ella sabia-o e julgava- se certa do seu poJer.
soccorrer grande numero de famílias necesskadas, que hoje choram a sua p^r- da, e tambem muitas casas de b~neíicencia que foram sempre bem contempladas com o seu valioso auxilio.
Succumbiu a um volvo, sendo baldados todos os esforços empregados pela medicina.
Effeccuou-se o seu funeral no dia 13, sendo o ca- daver conduzido para Lisboa, para o seu jazigo, no cemiterio do Alto de S. João. Paz á sua alma.
A’ enlutada familia enviamos os nossos sentidos pezames.
Collceelíes íle Jorâsaes
Na secção competente, annunciamos algumas col- lecçÕes de differentes jor- naes, que se vendem por preços rasoaveis.
Aos colleccionadores e bibliographos, aqui fica o aviso.
@ 1SCES íll se«s «IíMêiíD
Quando se paga ao nosso amigo e assignante, o sr. Francisco T. S. Ribeira- dio, aimportancia de 1000 réis, proveniente de i o chapéus de palha, que o mesmo vendeu a uma certa sociedade, pela occasião do carnaval ?
Então isto é roupa de...
Fesías beo ggíârrelr©
Têem logar hoje e áma- nhã as grandiosas festas a Santa Barbara e Nossa Senhora do Monte do Carmo, no pittoresco Alto de Santa Barbara, na villa do Barreiro.
Abrilhantam estas festas a banda da Armada Real e a phylarmonica i ." de Dezembro, de Aldegallega, que tocarão até á meia noite, hora a qiu será queimado um brilhante fogo de artificio.
Ha grande enthusiasmo no povo aldegallense, que sempre concorre a estas festas.
Mas o conde Moh low viria, apesar das promessas trocadas na vespe- ra, no baile dos Bois-Rhouel? E com os olhos meio fechados, entregava-se á commoçáo sensual que }á sent.ra quan.lo valsá-a com elle. Guardava uma recordação capitosa dos enlaces prolongados, do coração batendo fov- temente contra o peito do seu par, de uma vertigem que a deixava,sem forças.
Pelo meio da noute. cançados de dançar, tinham-se ref- giado n’uma sa- la onde a musica lhes clr.-gava aos ouvidos como tocada por instrumentos invisiveis. E sorrindo de um modo secluctor, semi-cerrava os olhos e mostrava os dentes nacarados, mordendo o labio como num a contracção espasmódica; a final murmurara n'um tom indifferente :
— A ’s quinta ; feiras rocebo a socie
dade que me aborrece; agora as pessoas da minha amizade, ou as que dizem sêl-o, são sempre bemvindas nos outro; dias. das cinco ás seis. Quer o senhor entrar n’esse numero?
E esperava-o.Mas no fim de contas, amava-o?
Tanto como ao (áosinho que dormia placidamente n uma poltrona ou aos ramos de violetas qu? tinha nas jarras. E ra apenas o despertar de uma tentação inédita, a curiosidade frivola de um peceado a commetter. o desejo de folhear os capitulos de um romance novo, e sobretudo a certeza ciumenta de que Ivan M ohilov cortejava a sr.a Storkford e passava por seu amante ao; olhos de todos.
A marqueza de Taillemaure aborrecia effcctivamente aquella mulher que enchia Paris com os seus milhões gastos sem contar, a quem os jornaes
adulavam como a uma déusa e que era tão formosa, tão caprichosa, que fazia girar a moda a seu belp azer como um catavento de papel.
Debalde Regina tentara luetar contra o seu luxo, contra os seus vestuários maravilhosos, contra as suas recepções assombrosas. A americana desprezava a batalha, sabendo perfeitamente que com o menor milhão da agenc.a do marido deitaria por terra nquelle casal, enterrado até ao pescoço.
N'este novo assalto as probabilidades eram eguaes. E , sem querer saber da sua honra intacta, a m rq ueza regozijava-se por andar em breve com Mohilow pelas corridas ou pelos ba les e ver entf:o o despeito da rival abandonada.
Comtudo já passara, a horae o conde Mohilow não apparecia.
A G R I C U L T U R A
S o v o in c íl io i lo p a ra a e n h u r a d o s sn o ra u - g u c ir o s
A delicadeza e as qualidades hygienicas deste fru- cto obrigam-nos a fallar delle, para assignalarmos, segundo o American A g n - culturisl, um novo metho- do de cultura que certamente os nossos jardineiros totalmente desconhecem.
E’ a cultura em pipas. Um americano, M. J. P.
Ohner Daytors, inventou este methodo, decerto original, mas que, segundo o seu auctor, dá os melhores resultados. Segundo as suas daclarações, ha vinte annos que o segue, tendo-o gradualmente melh o rado até leval-o á perfeição actual.
Eis, em poucas palavras, a maneira de proceder:
Aproveitam-se algumas pipas, tirando a cada uma d’ellas quatro arcos de ferro. Collocam-se de pé, e em volta, dalto a baixo, fazem- se buracos, a distancia de 20 centímetros uns dos outros. Em cada buraco planta-se um pé de morangueiro e enchem-se as pipas de terra e estrume até cima.
Ohner Daytors colloca as suas pipas á distancia de i"',2 5 umas das outras, e applica actualmente na sua excentrica cultura a baga- tella de 2:000 pipas. A colheita do frueto para cada pipa está calculada, em média, que é a de meio alqueire.
As vantagens d’este methodo são as seguintes:
A suppressão dos cuidados da cultura;
Os fruetos, não tocando no solo, estão sempre limpos e a salvo das lesmas, que, como se sabs, destruem grande parte;
Emfim, a colheita é mais facil.
Notemos que para assegurar uma boa colheita é preciso regar com abun- dancia a terra contida nas vasilhas.
Entrou o creado de quarto do marquez trazendo uma carta n'uma salva de cobre lavrada. Regina reconheceu a letra do marido e não abriu o sobrescripto.
— O senhor janta fora? perguntou ella.
— Sim. minha senhora, respondeu o creado.
E sahiu, muito correcto na sua casaca preta.
Regina ateiou o lume machinalmen- te. Levantava-se, sentava-se, arrancava violetas dos ramos e desfolhava-as no tapete. A espera prolongada excitava-lhe os nervos. Habituada a ser obedecida, a im pôr os seus caprichos a um marido submisso, teria encontrado a final quem a dominasse?
(Continua
(3 DO MI N G O r>D
Manoel Neves Nunes de Almeida, director da Escola Municipal Secundaria do concelho d’Aldegallega do Ribatejo.
Faz publico que está aberta a matricula para as disciplinas professadas nes- ta Escola no anno lectivo de 1901 a 1902.
Os alumnos, que pela primeira vez teem de frequentar esta Escola, apresentarão a certidão de eda- de e a de approvação no exame de instrucção primaria 2.0 gráu.
Os alumnos matriculados nos annos anteriores terão tambem de apresentar-se ao director da Escola, até 28 do corrente, para declararem que disciplinas desejam estudar.
O ensino é de graça para os alumnos que residem neste concelho, tendo unicamente de pagar a verba de matricula— 225o réis— na thesouraria da Camara.
A matricula termina no dia 28 do corrente.
Fóra deste prazo só serão admittidos á matricula os que apresentarem au- ctorisação da Camara.
Aldegallega do Ribatejo,' 10 de Setembro de 1901.
O D irector
Manoel Neves Nunes deAlmeida.
Acha-se bastante mal de saude com uma ulcera cancerosa na garganta, o sr. Raphael Gonçalves ^Azevedo, pae do nosso amigo Emygdio Gonçalves d’Azevedo, digno pharmaceutico desta villa.
Dczejamos-lhe rapidas melhoras.
S E C J J J O
nayes procurou ao principio tranquillisal-a com protestos hypocritas; depois vendo que eram baldados os seus esforços, disse:
— «Se não tenho mais attençÕes que guardar, saberei domar a vossa vontade altiva...»
Então com gesto furioso e ameaçador apresentou- lhe um papel:
— « Assignai... assignai- me este escripto, quando não empregarei a violência. »
— Antes me matarei! exclamou ella.
E arrancando-lhe então da mão a faca de trinchar, tentou ferir-se com ella. T udo se passou num relam- pago. Elle deu um grito, susteve-lhe o braço, e felizmente o ferro havia resvalado em consequencia de uma chavinha que estava suspensa ao pescoço de madama d’Aulnayes por uma fita côr de rosa.
(Continua)
AecsBsamos as segMiit- íes assigaiaturas recebidas
Dos exm.os srs. :
Francisco Pereira Nepo- muceno, um anno, 1000 réis.
Julio Pereira Nepomuce- no, um semestre, 5oo réis.
Manuel Maria da Silva, um semestre, 5oo réis.
José Theodozio da Silva, um semestre, 5oo réis.
Emygdio Pires, um semestre, 5oo réis.
João Bento & Nunes de Carvalho, um semestre, 5 00 réis.
José Maria Bastos, um semestre, 5oo réis.
Augusto Gualdino Sal gado, um semestre, 5oo
Julio Pereira um semestre,
A áraâção de meia fflUsr
(Continuação/
— Senhora, alguém ha oue vos dá maus conselhos Tremei se se confirmarem as minhas suspeitas.»
E ao mesmo tempo elle brincava com uma faca de trinchar, que estava sobre uma mesa ao seu lado.
— « Eu não vos amo, senhor, mas tenho em muita conta os meus deveres, e sempre serei fiel a elles. Não temo as vossas ameaças, tanto mais que desejo a morte... Já é tarde, retirai-vos, eu vos peço.
1 anta era a dignidade de seu gesto, que mr. d’Aul-
Antonio Vicente Nunes Marques, um semestre, Soo réis.
Dr. J. J. Marques Guimarães, um semestre, Soo réis.
Antonio Duarte Maneira, um semestre, 5oo réis.
Francisco Rodrigues Pinto, um semestre 5oo réis.
José Maria Mendes Júnior, um semestre, 5oo réis.
D. Francisco de Salazar Moscoso, um semestre, 5oo réis.
(Continua)
A N N U N C I O S
a n n u n g i o
Pelo juizo desta comarca e cartorio cio escrivão do 2.0 officio, Mou.inho, ha dè ter logar á porta do respectivo tribunal no dia 22 do corrente mez de setembro, a venda em hasta publica de toda a uva da presente colheita, respeitante ao casal inventariado ie Manoel de P aiva Carro- meu e em que é cabeça de casal a viuva Maria Angélica, de Sarilhos Grandes. A uva é posta em praça pelo valor da sua avaliação, e no acto da praça é pago o produeto, assim como a percentagem legal dalmoeda, sendo esta de tantos lotes, quantos os prédios em que existe a mesma uva. _ A praça é aberta ao meio dia; e para a mesma são citados quaes- quer credores incertos. Aldeia Gallega do Ribatejo, 11 de setembro de 1901.
V erifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
N. Souto.
reis.Antonio
Moutinho,5oo réis.
Manuel Ferreira Girai des, um semestre, 5oo reis.
Emygdio Gonçalves de Azevedo, um semestre, 5oo réis.
Rozendo de Sousa Rama, um semestre, 5oo réis.
Jorge Viallad, um semestre, 5oo réis.
Jacintho Simões Quaresma, um semestre, 5oo réis.
«Novo Club», um semestre, 5oo réis.
Ernesto Borges- Sacoto, um semestre, 5oo réis.
Francisco Silverio Fernandes, um semestre, 5oo réis.
Carlos Augusto Moreira, um semestre, 5oo réis.
Manuel Neves Nunes d’Almeida, um semestre, 5oo réis.
D 5 -RIBATEJO
da Silva, Secretario da Camara o subscrevi.
O P r e s i d e n t e
Domingos Tavares
ADUBOSHa para vender ás sac-
cas em boas condicções.Para tratar com Julio
Castro, em Sarilhos Grandes.
JOMAES
Ctollecçõcs de differen- tes joruacs <pie se vendem.
«eeaaSa»
Desde o dia 20 zembro de 1897, presente.
de de-até ao
ttHppIemento Secsilo
o n.° 1 até aoDesde n.° 165.
Pãrodia
nDesde
0 5o.o n.° 1 até ao
a*l§íaj5íã©
Desde o n.° 1 até ao fim do anno passado. Esta col- lecção está incompleta.
Na redacção deste jornal, indica-se a pessoa que trata desta venda.
EUCALIPTOSNa horta do sr. José
Bessa, na rua do Poço, desta Villa, ha uma grande quantidade de EUCA- LYPTOS em vasos pro- prios, para transplantar, que se vendem por mais ou menos preço, segundo a quantidade que se pretenda e segundo o seu tamanho.
C O N C U R S O
A Camara Municipal deste Concelho faz publico que se acha aberto concurso por espaço de 3o dias, a contar da data da segunda publicação efeste annuncio no Diario do Governo, para o logar vago de guarda cio Cemiterio da freguezia de Sarilhos Grandes, deste Concelho, com o vencimento annual de
4^000 réis. Os concorrentes deverão apresentar dentro do referido prazo na Secretaria da Camara os seus requerimentos legalmente documentados.
Aldegallega do Ribatejo, 10 de setembro de 1901.
E eu Antonio Tavares
mente para envasilhar, tendo a agua nas mesmas condicções.
Teem os respectivos cachorros e mais pertences que dizem respeito ás adegas.
Quem as pretender, pó- de dirigir-se a Arthur Coelho, 110 Largo da Misericórdia, desta villa.
M ED ICO -CIRU RG ICO
O medico-cirurgião J. J. Marques Guimarães, tendo deixado de dar consultas na Pharmacia Maneira, instai- lou o seu consultorio na Rua Direita, n.° i g , 1 andar, onde continua a dar consultas pelos mesmos preços porque as dava na- quella pharmacia. Aos pobres continua tambem dar consultas gratuitas.
crs W - J
------ IC23r - —> ---
—3
r* I I I a •-< .0 o^ T"! rv
>3 b
>3 ^
H
OO*
b .í <3 +
<5J
«OOO.oO,.
QS*~o/JO
4HO£ .2H f
H * &
*\<3
OO
<C!= D
o ? > ? S-H
© *
0 e O *£©feffl 0
a
A D E G A SArrendam-se em Alde
gallega, duas, para envasilhar, tendo uma lagariça, tanque para deposito dt uvas e agua canalisada para o serviço, e outra só-
>mc o
to
“t i T 1
àí-c s« ; s3 cj o
v, ^ ^o ^ Cu 0o
f f « ^ 1, §Q P 03 ’ 5o « ‘O ^
-4—J ^
tnoQ
sm
m
0 s
H«(!<
<oK w
& Hes
w
<ow O —j<
m
0HS<!m
m
< 0
ss P ea® <|< H
- 5©
&GQ0 Ha
P£3e»
V.£
<!P
4 O D O M I N G O
C A S A C O M M E R O I A Id l :
J U S T I N O S I M Õ E SR U A D A F A B R IC A - -Aldegallega
Especialidade em chá, café, ;ssucar, manteigas nacionaes e estrangeiras, massas; dòces, semeas, arroz, legumes, azeite, petroleo, sabão de .todas as quaidndes; artigos . c taaque.ro c- retrozeiro, louças, carne de porco, taba cos, ec<., etc.
O propriet rio d’csta casa vende tudo por preços convidativos, e além d isso todo o íreguez tem direito a uma senha quando compre a importan- cia. de 200 réis para cima, e quando juntar 5o senhas terá direito a um brinde bonito e valioso.
Cd
Xfàm
>
■s. O £
CCD
O
u
<3
wQ
I
O §g g ^
o,§
s *S -4gM
^ P
rq
O
Ot—2
JG «u'Tj V „ rTj Cn r-i
ãsS.gC , V5«03 o.t: Ph°° SO O C3N x: 03fefc í CL) r
O 0) rv00 tí 00 P.S &§ o C G y uã« o« s u s “ o
o nc/)C/5O CC o ce G ft c -C £
ceC/3 . •CJ c/j - L
n2 C «
Q
O
W
OS
§RCc;O,
* O 'x T3 C*
o <Dr-< 'Tj
èe 5 ■ gÔ st:P C oo S Ío £ O
<oCQCO
wQcoOOwPiíi-cOO_JUJ0—iCOOQH—(Q2MJ>OCOCOo[_OUJ)cqOcoUJHCOwCOoQOH
#N Ss»5» 'toí5±? ©
CB7» ® ® > ^ e« s f S 1 “ «W ,*&
ss © ©
Si©*3
©5B£5 e*«
© 1r/í .r
ss 50
Sfi
« a>|«j csa ^@ çj e
a 53-çsâ«s •?
A*ÍTT1 V»
58 £ « « g « e 3 £2 « S 3g psí ® D
"S 'êy gj
St I o e ^ o«B 'w
Ta 2 J -
■ 5/oS i i i k r s >** ^pa)
es ©ca EL-U « &63« « /s^íatí-WJ® ® 1? M Q
<ow
J= _! 8 < lo|UJa
S i—i <
a >« ©I s ©
pn ^a
r y
as §i * i
».S è5 £”"S •£ «!u h Se © &<a
. .sse
@ 6? ©
Sca«y$
-V* .a»©
sa
. ®ssv*gj-àe S a £
Pia
€? ©•< « wstt ca
=3 ^
e ™ v s 2 g §6 s 4 '% ã ®- 5“ w M 2* jsaág ® t ©©5 -« « © Fg s
^ S S ® . 1 ee" S ® -w S . *m S 5S « 3 S5» & ' 5» ®© » S s« Fg™ g, a 5 ® e
* e 2 S-s53 S S® (ei ©5< J5 185 >-« ^ B aç I?' “ "3 53 .•
c: u «■
« S i
rfl íi ,fc« ea s e s
« 0ShmI H jfcN
l «SH
mH ■ W K3 © ra g“ “.:' hl-í © «
i ®witE?
S *3 cf» •â?> © ©
t*i 5 «s ®T- & S £
C S . 281 <2*m @ *r
©'■ w te S ®® íw
1» « *r-, ®§ g es & $
2 *® i ® g,â© es-^© s s
esX-35»&
_ N i»^ s3 85 ©f e « i
M, e ^e
O
<!
JOSE M ROCHA BARBOSACoai ©fllsiiía
D E
C O R R E E Iilp E SELLEIRO 18, RUA DO FORNO, 18
Aff^lMSCrftLLKaA
TVijM riim il
DEJOSE’ AUGUSTO SALOIO
Encarrega-se de todos os trabalhos typographicos.R. D E JOSÉ M A R IA DOS SANTO S
ALJDISCiAL&ECLt
i S C O M P A N H I A F A B R I L S W f i E KP o r 5 oo réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.Pedidos a AURÉLIO JO ÃO DA CRUZ, cobrador
da casa a ib c o c k c .a e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogas a quem os desejar, yo, rua do Rato, yo — Alcochete.
MERCEARIA ALDEGALLENSED E
Jo sé A nton io N u n e s
A este estabelecimento encontra-se d venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos propnos do seu ramo de commercio, podendo p o r isso ojferecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
I risite pois o publico esta casa.
«9- - I .A H G O ID.A. E G E E J A -I 9 -AAltlçgaHega do H lhatejo
A N 11G AD O M I N G O
na
psi
ni>;o
\ H f A DG P O VOS A L <A N T O N I O S A L O I
c s íe cs<.íífe«íic<*lBMesí» e s ífo a t fs ^ c á veaida pelos jíreeos sia;íis «< d ativos. ískb variado sortabícíbío <íe ^esieros guroprios do ses» raino de assereao. o iferecen d o p & v is so as sssaiores garantias aos sesas estim ave! gasezes e ao m p é ita v e ! p b l l e o .
R U A 13 O C A E S - ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
oatvs- coan- s Ire-
POYOA L D E G A L L E G A D O R I B A T E J O
Grande estabelecimento de fazendas por preços limitadíssimos, pois que vende todos os seus artigos pelos preços das pnncipaes casas de Lisboa, e alguns
a i n d a m a i s b a r a t o sGrande collecção dartigos de Retrozeiro.Bom sortimento dartigos de F A N Q U E IR O .
Selins prelos e de cor parafórros de fatos para homem, assim como todos os accessorios para os mesmos.
Esta casa abriu uma SECÇÃO E S P E C I A L que muito ulil é aos habitantesdesta villa, e ?«e ^ C O M P R A ÈM L IS B O A de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o zelo na escolha, e o preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para creanças de todas as edades.
A CO R PRETA D ’ESTE ARTIG O É GARANTIDA A divisa desta casa é G A M A R P O U C O PARA VENDER MUITO.
J O A O R E j m & NUNES DE C A R V A L H O88, R, DlREÍTA, 90 - 2, R. DO CONDE, 2
rTp"NJT
D E P O S I T OIDE
VINHOS, V l iA G R E S E A G UA RD EN TESE F A B R I C A D E L I C O R E S
G R A N D E D E P O S I T O D A A C R E D I T A D A F A B R I C A DEJANSEN & C. - L I S B O A
DK
Ow*4
< !
MJ£3
][
C E R V E J A S , G A Z O Z A S , PIROLITOSVENDIDOS PELO PRECO DA FABRICA
- - - - - - L U C A S & C/ —L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
YiaahosVinho tinto de pasto de i.a, litro
» » » » )) 2.a, »» branco » » i.« »» verde, tinto.... » »» abafado, branco » »» de Collares, tinto » garrafa » Carcavellos br.c> » »» de Pãlmella.... » »» do Porto, superior »» da Madeira........ »
V!aaaga*esVinagre t nto de i.a, litro.......
» » » 2.a? » ..........» branco » i . a, » ................» » )) 2.a, » ...........
M c o r e sLicor de ginja de i.a, litro......
» » nniz » » » ...........» » (anella.................» » rosa......... ........
> hortelã pimenta......
^o rs. 40 » 70 »
100 »15o » 160 » 240 » 240 » 400 » Soo »
60 rs. 5o » So » 60 »
; Agaaardeaates1 A lcool 40o .............. , ............. litroJ A guardente de pròva 3o°. »
» g in ja .................... »I » de bagaço 20o » i . aj » » » 20o » 2. a
» » » 18°.»» » figo 20o. »» » E vora 18o.»
Caama Ba'aaica| Parati........................................litroI Cabo V e r d e .......................... ». C ognac.................................... garrafa
| Genebra.
320 rs. 320 » 240 » 160 » i5o » 140 » 120 » 140 »
700 rs. 600 »
18200 » i$ooo »
36o »
( l
>
oMo
l~"M0 >
1
Granito .. Com a :;arrafa mais 60 réis.
200 » 180 » 180 » 180 » 180 » 280 »
I CERYEJAS, GAZOZAS E PIROLITOSP osto em casa do consum idor
! Cerveja de M arço, duzia......... 480 rs.j » P ilcen er , » . . . . . 720 »| » da p ipa, m eio barril . y5o »1 G azozas, d u z ia .............................. 420 »! P irolitos, caixa, 24 garrafas.. . 36o »
t 1aj»iié, litro $8© réis, com garrafa 3 4 © ré is E XL-1IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
P A R A REVENDERV E N D A S A D I N H E I R O
PEDIDOS A L U C A S & CaA — ALDEGALLEGA