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AGOSTO / 2012
TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor2 3
s transgênicos estão presentes no dia-a-dia dos consumidores
de todo o mundo há mais de 25 anos. enquanto você lê este
TransGênicosa ciência em favor do consumidor
Oguia, pessoas de mais de 50 países estão consumindo produtos com
ingredientes transgênicos, como um hambúrguer que contém soja
geneticamente modificada ou uma calça jeans produzida com algodão
trans gênico. depois de anos de consumo de transgênicos, não restam
dúvidas sobre a sua segurança para a saúde e o meio ambiente.
falando em meio ambiente, as lavouras transgênicas estão trazendo
grandes benefícios para o planeta. essas plantações são de manejo
mais simples, pois requerem menos aplicações de agrodefensivos e
menor utilização de máquinas agrícolas, o que reduz a emissão de
poluentes e o consumo de água.
a primeira geração de plantas geneticamente modificadas (Gm) tem
como base o melhoramento de características agronômicas, no sentido
de diminuir a perda de produtividade no campo causada pelo ataque
de insetos, vírus, fungos e bactérias, além de reduzir a competição
por nutrientes e água com outras plantas indesejáveis que crescem
nas plantações.
as sementes geneticamente modificadas também têm um papel funda-
mental no aumento sustentável da produção agrícola, necessário para
alimentar a crescente população mundial. os transgênicos permitem
produzir mais comida, com melhor qualidade, a um custo mais baixo
e sem necessidade de aumentar a área plantada. Por conta desses e
outros benefícios, tais sementes já são cultivadas em uma área duas
vezes maior que o território da frança.
além de informações sobre os alimentos transgênicos, este guia traz
curiosidades sobre outros usos importantes da biotec nologia, como a
fabricação de queijos, pães e medicamentos – a exemplo da insulina
usada no tratamento de diabéticos, que é produzida por meio de
micro-organismos transgênicos.Organismos transgênicos são usados na fabricação de alimentos, roupas, medicamentos e até produtos de limpeza Boa leitura!
4 na alimentação6 na saúde7 em processos industriais
Presença no nosso dia-a-dia
Índi
ce 4
8 Linha do tempo9 Base dos transgênicos na Pré-história9 o que mais os transgênicos podem proporcionar
O que são
8
Testes apontam segurança alimentare ambiental
10
10 avaliação pela cTnBio10 Transgênicos liberados no Brasil11 rigidez dos testes científicos11 aval internacional
Benefícios ambientais
1213 redução da poluição13 o Brasil agradece
Ganhos para a agricultura e para o Brasil
14
14 Área cultivável mundial por habitante15 mais renda no campo15 Quanto o Brasil tem a ganhar15 vantagens para o pequeno produtor
Adoção e consumo no Brasil e no mundo
16
16 Área no Brasil17 expansão internacional
Investimentos na ciência
18
54TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
os transgênicos estão presente
no Brasil, o artigo 40 da Lei de Biossegurança (11.105/05) prevê a rotulagem
dos transgênicos conforme o decreto nº 4680/03. esse decreto determina que
todos os alimentos ou ingredientes alimentícios com presença de organismos
geneticamente modificados (oGm) – acima de 1% da composição final do
produto – sejam rotulados.
assim como ocorre com qualquer outro produto, a rotulagem garante ao
consumidor o direito à informação e à escolha na hora da compra. e tenha
certeza: se o produto contém informação sobre a presença de oGm, é
porque sua segurança foi previamente avaliada pelo órgão responsável,
a comissão Técnica nacional de Biossegurança (cTnBio). “a avaliação de
segurança de um oGm é feita antes de seu lançamento no mercado. só são
colocados no mercado os oGms considerados seguros para o consumo e
para o meio ambiente pela autoridade competente”, explica a advogada
Patrícia fukuma, especialista em relações de consumo.
Rotulagem de transgênicos
“A ciência está
desenvolvendo plantas
biofortificadas que reduzem
a anemia e outros problemas
relacionados à deficiência de
micronutrientes, que atingem
cerca de 3 bilhões de pessoas”
neuza Brunoro, professora do curso e nutrição da universidade federal do espírito santo.
Há mais de 25 anos, bactérias, leveduras e
fungos geneticamente modificados atuam
diretamente nos processos de fermentação,
preservação e formação de sabor e aromas
de muitas bebidas e alimentos do dia-a-
-dia, a exemplo de:
•Queijos
•embutidos
•Picles
•Pães e massas
•cerveja
Biotecnologia à mesaengenharia genética permite agregar
benefícios aos mais diversos alimentos Aque consumimos, por meio de bactérias, en-
zimas, leveduras e outros micro-organismos
geneticamente modificados (Gm).
estima-se que 100% de todos os alimentos
processados e bebidas contenham pelo
menos um ingrediente derivado de soja ou
milho, que podem ser transgênicos. mais de
85% da produção nacional de soja é geneti-
camente modificada. desde 2008, diferentes
variedades de milho transgênico passaram
a ser cultivadas no país, aumentando ainda
mais a presença da biotecnologia na nossa
alimentação.
•vinho
•sucos
•adoçantes
cientistas de todo o mundo já estão desenvolvendo plantas biofortificadas, geneticamente modificadas para que
contenham mais vitaminas, proteínas e outras substâncias importantes para a saúde, como as que atuam na redução
do risco de doenças cardiovas culares, materno-infantis, gastrointestinais, oculares e até diferentes tipos de câncer.
o futuro dos alimentos
O que vem pela frente
• morangos enriquecidos com vitamina c
Processos de fermentação utilizados na produção de vinho, queijos, iogurtes e sucos são uma das formas mais antigas da utilização da biotecnologia
• Óleos de canola e soja com mais gordura monoinsaturada, que ajuda a reduzir o colesterol (LdL)
• Batatas ricas em proteínas e vitaminas
• Trigo com mais vitamina B9 (ácido fólico), que contribui para aumentar a defesa imunológica do organismo
• milho e soja com mais aminoácidos, que formam as proteínas
1. Na alimentação
Alimentos produzidos com o uso da engenharia genética são consumidos há mais de 20 anos
s no nosso dia-a-dia
76TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
Presente
Futuro
• centenas de medicamentos são produzidos
por meio da aplicação da biotecnologia, entre
eles, vitaminas, anticorpos e remédios para o
combate à aids.
• a biotecnologia já contribui para a fabricação
de kits para diagnósticos de doenças.
• É transgênico o hormônio do crescimento
(hGH), contra o nanismo, que afeta 10 mil
crian ças brasileiras.
• o instituto Butantan produz, anualmente,
milhões de doses de vacina contra a Hepatite
B, desenvolvida por meio de engenharia ge-
nética (Butantan, 2012).
A engenharia genética contribui para
grandes avanços da medicina
Há muito tempo, a medicina faz uso da bio tecnologia
como uma ferramenta fundamental para realizar
diag nósticos mais rápidos e precisos de muitas
doen ças e para encontrar a cura ou prevenir enfer-
midades cujos tratamentos são custosos.
Como tudo começou
uma das primeiras aplicações comerciais da biotec-
nologia na saúde é também uma das mais úteis: a
produção da insulina humana por microrganismos
transgênicos. até a década de 80, ela era extraída de
bois e porcos, e, frequente mente, causava alergias. de
lá pra cá, diabéticos do mundo inteiro se beneficiam
dessa tecnologia, que tornou a insulina mais segura
e aumentou a eficiência dos tratamentos.
• a terapia gênica é uma técnica já em testes
que pode alterar a função de células humanas
e tratar desde doenças cardíacas até o câncer
e a aids.
• Pesquisadores da universidade de Tóquio
(Japão) desenvolveram, com base em arroz
transgênico, uma vacina contra o vibrião da
cólera, que poderá estar disponível para a
sociedade em breve.
• uma batata geneticamente modificada por
pesquisadores da universidade de cornell
(eua) pode ajudar no desenvolvimento de
uma vacina “comestível” contra o HPv, ou vírus
do papi loma humano, principal causador do
câncer do colo de útero.
• o tratamento de cânceres de colo de útero,
mama, próstata e fígado deve ganhar o reforço
de medicamentos desenvolvidos em vegetais
modificados no instituto Tecnológico de mon-
terrey (méxico).
Hormônio do crescimento, vitamina C e vacina contra hepatite B são algumas das centenas de aplicações da biotecnologia na saúde.
2. Na saúde
s microrganismos têm sido melhorados ge-
neticamente não apenas para a produção de
“A engenharia
genética foi
responsável por
avanços na saúde,
nos processos
industriais e na
alimentação, e
tornou a vida
das pessoas mais
confortável”
alda Lerayer, Ph.d. em Genética e melhoramento de Plantas e microrganismos e conselheira do ciB
Oalimentos e remédios, como também para favorecer
as indústrias de papel, têxtil, química, petrolífera,
ambiental e de mineração.
no nosso dia-a-dia, convivemos com inúmeros pro-
dutos industriais fabricados por meio da aplicação
de micro-or ganismos transgênicos, como roupas e
produtos de limpeza.
no sabão em pó, por exemplo, enzimas – produzidas
por bactérias geneticamente modificadas – são usa-
das para degradar a gordura dos tecidos e resistir às
condições do processo de lavagem.
3. Processos industriais
Há alguns anos, era comum colocar a calça
jeans nova com pedras e ácido em máquinas
para obter um efeito “desbotado” e aumentar a
ma ciez do tecido, num processo conhecido como
stonewashing. Graças à biotecno logia, foram
desenvolvidos microrganismos transgênicos ca-
pazes de dar ao jeans as mesmas características,
eliminando-se, assim, um processo altamente
poluidor do meio ambiente.
Biotecnologia na calça jeans?
Microrganismos transgênicos são usados para dar maciez ao jeans
os transgênicos estão presentes no nosso dia-a-dia
o que mais os transgênicos podem proporcionar
8 9
“além de já reduzir as perdas na lavoura e desenvol-
ver produtos mais nutritivos, a engenharia genética
poderá diminuir a quantidade de substâncias inde-
sejáveis nos alimentos, como as que naturalmente
podem causar alergias”, afirma o professor finardi.
a transgenia já permite o desenvolvimento de ali-
mentos como:
•frutas e hortaliças que demoram mais para
amadurecer, reduzindo perdas;
•plantas com valor nutricional enriquecido,
a exemplo do arroz com mais vitaminas;
•plantas mais adaptadas às condições adversas
do ambiente, como a seca.
o que são os transgênicos
egundo o farmacêutico bioquímico flávio finardi,
professor da universidade de são Paulo (usP), os
Linha do tempo
Pré-Históriao homem começa a utilizar o cruzamento de plantas e animais com o objetivo de melhorá-los para utilização e consumo
1865o monge austríaco Gregor mendel lança as bases da genética ao explicar a transmissão de características de geração para geração
1978cientistas dos estados unidos produzem com sucesso, em laboratório, a insulina humana por meio de microrganismos transgênicos
1983Três grupos de cientistas conseguem adicionar genes de uma bactéria em duas plantas, desenvolvendo, assim, os primeiros vegetais transgênicos
1994ocorre o primeiro lançamento comercial de uma planta transgênica, uma variedade de tomate, nos estados unidos
a base dos transgênicos está na pré-história
32 países passaram a importar produtos transgênicos e outros 25 países já plantam e importam, entre eles, o Brasil
1995 - presente
TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
1953a estrutura da molécula de dna é descoberta pelo norte-americano James Watson e pelo britânico francis crick, permitindo o surgimento da biotecnologia moderna
1972o bioquímico Paul Berg consegue combinar duas moléculas de dna em laboratório, criando a técnica do dna recombinante
Quase 100% dos alimentos processados e bebidas no
Brasil contêm pelo menos um ingrediente derivado
de soja ou milho, que podem ser transgênicos, ou mesmo
de microrganismos geneticamente modificados
“Os transgênicos
nada mais são do
que a evolução de
técnicas milenares”
se tomarmos como exemplo técnicas primitivas
envolvendo plantas, animais e microrganismos,
veremos que a biotecnologia – a base dos trans-
gênicos – é um ramo de conhecimento milenar
ou até pré-histórico.
além disso, mesmo antes da descoberta da ge-
nética, processos de fermentação utilizados na
produção de queijos, vinhos, pães e iogurtes já
utilizavam formas rudimentares da biotecnologia.
alda Lerayer, Ph.d. em Genética e melhoramento de Plantas e microrganismos e conselheira do ciB
Stransgênicos são organismos que receberam um ou mais
genes de outros seres vivos para apresentar novas carac-
terísticas. os genes contêm as informações que definem
as características naturais dos organismos, como a cor
dos olhos de uma pessoa ou o perfume de uma flor.
ao receber um ou mais genes de outro organismo,
um vegetal pode se tornar resistente a pragas ou mais
nutritivo, por exemplo. É importante lembrar que os
transgênicos são apenas uma das aplicações da biotec-
nologia, ciência que está contri buindo para melhorar a
qualidade de vida em diversos aspectos.
a biotecnologia tem sido utilizada não apenas no
desenvolvimento de plantas, como também animais e
micro-organismos. seus benefícios já podem ser obser-
vados em diversas áreas:
• medicina
• indústria farmacêutica
• indústria de alimentos
• indústria de higiene
• agricultura
• Pecuária
a ciência ajuda o homem no desenvolvimento de alimentos mais seguros, saudáveis e nutritivos
a palavra biotecnologia é formada por três termos de origem grega: bio, que quer dizer vida; logos, conheci-mento; e tecnos, que designa a utilização prática da ciência.
Frutas e hortaliças transgênicas poderão demorar mais para
amadurecer, evitando perdas
“Quase 100% dos alimentos
processados e bebidas no
Brasil contêm pelo menos
um ingrediente derivado
de soja ou milho, que podem
ser transgênicos, ou mesmo
de microrganismos
geneticamente modificados”
adriana Brondani, Ph.d em ciências Biológicas pela ufrGs e diretora-executiva do ciB
10 11TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
“Os transgênicos
são testados como
nenhum outro
alimento, sendo
tão ou mais
seguros que os
convencionais”
marcelo menossi, biólogo, Ph.d. em Genética molecular e professor da universidade estadual de campinas (unicamp)
odo alimento geneticamente modificado só é liberado para
consumo depois de passar por uma série de testes que ava liam no Brasil, a Lei de Biossegurança (Lei no
11.105/05) exige que qualquer organismo
geneticamente modificado (oGm) passe pela
avaliação criteriosa da comissão Técnica na-
cional de Biossegurança, a cTnBio.
Trata-se de um grupo de 54 doutores em
todas as áreas relacionadas à segurança dos
transgênicos, como meio ambiente, saúde
humana, saúde animal, agricultura, saúde
do trabalhador, entre outras. ou seja, são
cientistas, representantes de vários ministérios
e da sociedade civil. eles avaliam, um a um,
cada pedido de pesquisa ou comerciali zação
de oGm no Brasil, e só liberam um produto
transgênico após analisar o resultado de
diversos testes de biossegurança.
CTNBio avalia a biossegurança
Para avaliar possíveis impactos ao meio ambiente,
são realizados experimentos de laboratório e de
campo que analisam se o organismo transgênico
interage com plantas, insetos e outros animais da
mesma forma que o não-transgênico. Também se
avalia como o material genético do oGm se dispersa
no ambiente e quais as possibilidades de cruzamento
com plantas convencionais.
Quanto à saúde humana, são feitas avaliações
toxicológicas e nutricionais, entre outras. Para o
professor menossi, da universidade estadual de cam-
pinas (unicamp), é importante destacar a avaliação
aprofundada dos trans gênicos no que diz respeito a
possíveis alergias, procedimento que não é aplicado
aos alimentos convencionais.
além disso, vale destacar que, preferencialmente, a
ciência busca trabalhar com a inserção de genes que
já tenham um histórico de uso seguro na alimentação
ou mesmo que, indiretamente, estejam presentes
no nosso dia-a-dia. um bom exemplo é o gene da
bactéria Bacillus thuringiensis, que confere resistência
aos insetos-pragas que atacam o milho. Há mais de
duas décadas, a proteína
desta bactéria, que é na-
turalmente encontrada no
solo, passou a ser utilizada
na agricultura convencional
– e, posteriormente, na agri-
cultura orgânica – como uma
das formas de controle de
insetos-pragas na lavoura,
e, portanto, integram a nos-
sa alimentação diária, não
oferecendo nenhum risco à
saúde humana ou animal.
a rigidez dos testes científicos
diversas organizações internacionais de renome
apoiam a biotecnologia e os produtos derivados
do uso dessa técnica. entre elas, estão:
•organização das nações unidas para
alimentação e agricultura (fao/onu)
•organização mundial da saúde (oms)
•academia de ciências do vaticano
•agência de Biotecnologia da austrália
•agência de controle de alimentos
do canadá
além disso, cientistas de importantes academias
de ciência nacionais e internacionais já divulga-
ram relatórios técnicos apoiando a adoção de
plantas transgênicas na agricultura como forma
de ajudar o homem a aumentar a produção e a
qualidade dos alimentos.
Aval internacional
Entidades como a FAO e a OMS, entre outras, já se posicionaram oficialmente a favor dos transgênicos
elíbio rech, engenheiro agrônomo, Ph.d. em Genética celular e molecular e pesquisador da embrapa
“Desde o início
da década de
90, há produtos
GM no mercado
internacional sendo
comercializados.
Ao longo desses
anos, não existem
evidências de efeito
colateral para a
saúde de quem
consome esses
alimentos ou para o
meio ambiente”
crodowaldo Pavan, biólogo com doutorado e pós-doutorado na universidade de columbia e ex-presidente da sociedade Brasileira para o Progresso da ciência (sBPc) (1930 – 2009)
“Os transgênicos
representam o
progresso científico,
econômico e social
do País. Ficar para
trás acarretaria
um risco muito
alto para o Brasil”
Testes apontam a segurança dos transgênicoso meio ambiente e a saúde são alvo de estudos científicos
Ta segurança para o meio ambiente e para a saúde humana e animal.
Em mais de 15 anos de uso em todo o mundo, pessoas de cerca de
50 países consumiram alimentos trans gênicos em larga escala, sem
nenhum registro de impacto negativo no meio ambiente ou na saúde
humana e animal.
o milho Bt é caracterizado pela inserção de um
gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que
induz a planta a produzir uma proteína tóxica
apenas para determinadas pragas. assim, o
milho Bt permite reduzir os ataques de insetos
às plantações em até 90% e diminui, consequen-
temente, a probabilidade de crescimento de
fungos na espiga, a partir dos locais perfurados
pelos insetos-pragas. esses fungos produzem
micotoxinas, substâncias extremamente danosas
para o homem e para os animais, pois agem
diretamente no fígado, inibindo a síntese de pro-
teínas, causando queda no nível de anticorpos e
enzimas. em razão dessas alterações, pode haver
o aparecimento de lesões e hemorragias, que
podem levar ao câncer e à morte. vale lembrar
que cerca de 50% do milho produzido no Brasil
é contaminado por micotoxinas, sobretudo nas Todas as sementes transgênicas liberadas são seguras para a biodiversidade
redução das micotoxinas no milho Bt
safras de períodos chuvosos. Por inibir as perfurações
das espigas pelas larvas dos insetos, o milho Bt reduz,
então, a presença de micotoxinas, sendo este mais
um benefício da variedade transgênica em relação à
convencional para a saúde humana e animal.
À esquerda, milho convencional, atacado por lagartas, apresenta crescimento de fungo que produz micotoxina. Acima, milho Bt
“Antes de chegar ao consumidor, todo transgênico é exaustivamente analisado por meio de rígidos testes laboratoriais e de campo”
adriana Brondani, Ph.d em ciências Biológicas pela ufrGs e diretora-executiva do ciB
12 13TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
•o suficiente para abastecer uma frota de 516 mil veículos.
•o suficiente para prover 3,4 milhões de pessoas por um ano.
“A engenharia
genética torna
algumas lavouras
mais produtivas
e, desta forma,
contribui
para reduzir a
necessidade
de plantio
em novas áreas”
o Brasil agradecedono de uma das maiores riquezas naturais do mun-
do, o Brasil tem muito a ganhar com os benefícios
ambientais das sementes transgênicas. as variedades
já liberadas de soja e algodão transgênicos vão gerar
para o meio ambiente do País, nos próximos 10 anos,
a redução:
Do consumo de
1,22 bilhão
de litros de diesel
Do consumo de
149 bilhões
de litros de água
Da emissão de
3,3 mil
toneladas de CO2
•o mesmo que plantar uma floresta com 24 milhões de árvores.
somente em 2009, o uso de variedades Gm
diminuiu em 19,4 bilhões de quilos as emissões
mundiais de dióxido de carbono, em decorrên-
cia do menor uso máquinas agrícolas. Para se
ter uma ideia da importância ambiental dessa
redução, ela representaria tirar das ruas, por um
ano, 8,6 milhões de carros.
os dados são do relatório “impacto Global da
Biotecnologia: efeitos socioeconômicos e am-
bientais 1996-2010”, da consultoria britânica
PG economics.
Redução da poluiçãos lavouras transgênicas, além de serem seguras
para o meio ambiente, oferecem benefícios em
Transgênicos trazem benefíciosa biotecnologia diminui os impactos do homem sobre a natureza
Arelação às convencionais no que diz respeito à preser-
vação do planeta.
isso acontece porque as plantas transgênicas disponíveis
no mercado diminuem a necessidade de aplicação de
defensivos agrícolas para combater as pragas. assim,
também se gasta menos água na preparação dos agro-
defensivos e menos combustíveis nos tratores e máquinas
usados para aplicar esses produtos na lavoura.
segundo o biólogo marcelo menossi, da unicamp, a bio-
tecnologia vem sendo utilizada há anos para minimizar
os impactos do homem sobre a natureza. Para se ter
uma ideia dos avanços, já estão sendo testadas plantas
transgênicas capazes de despoluir o solo e a água. es-
tão sendo desenvolvidas também plantas tolerantes a
estresses abióticos, a exemplo da seca e de solos salinos,
além de trabalhos importantes, inclusive no Brasil, com
o eucalipto e a cana-de-açúcar.
fonte: céleres
Menos combustível, água e defensivos são usados nas
plantações transgênicas
ambientais
adriana Brondani, Ph.d em ciências Biológicas pela ufrGs e diretora-executiva do ciB
de acordo com o serviço internacional para a
aquisição de aplicações em agrobiotecnologia,
(isaaa), 16,7 milhões de pequenos agricultores de
todo o mundo plantaram sementes geneticamente
modificadas em 2011 e conheceram os benefícios
dos trans gênicos, a exemplo do aumento de renda.
como os produtores familiares utilizam, em geral,
menos tecnologia (máquinas, assistência técnica e
fertilizantes) que os grandes agricultores, são os que
mais ganham com a redução nos custos de manejo
da cultura e com a maior facilidade para cuidar da
lavoura.
Prova disso é um estudo de três anos realizado por
pesquisadores da universidade de reading (2006),
no reino unido, com 2 mil pequenos agricultores da
África do sul. a análise apontou o aumento da produ-
tividade do algodão transgênico resistente a insetos
em relação ao convencional, elevando as margens
de lucro de us$ 86 para us$ 93 por hectare. outro
dado revela que essa variedade de algodão permite
diminuir as aplicações de inseticidas na lavoura,
reduzindo os custos da produção e economizando
14 horas de trabalho por hectare.
não importa o tamanho da propriedade, todos ganham
14 15TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
mais renda no campoum estudo realizado entre 2007 e 2008, pelo
centro comum de Pesquisa da comissão europeia,
mostrou que agricultores da espanha que cultiva-
ram o milho transgênico Bt (resistente a insetos)
obtiveram uma margem de lucro bruta de até 120
euros (r$ 280 aproximadamente) por hectare/
ano, acima da margem registrada nas lavouras
convencionais. esse aumento de rentabilidade é
resultado do número menor de aplicações de in-
seticidas no milho Bt (Gómez-Barbero et al., 2007,
2008a, 2008b).
Enquanto a população cresce, as terras aptas para a agricultura permanecem as mesmas, o que exige que se produza cada vez mais alimentos em espaços menores
agricultura encontrou na biotecnologia um de seus maio-
res aliados para a produção mais eficiente de plantas.
Ganhos para a agricultura brasas sementes transgênicas diminuem as perdas na produção
APragas, doenças e problemas climáticos, por exemplo, sempre
foram grandes obstáculos à produção de alimentos, e a aplicação
da engenharia genética na agricultura permitiu o desenvolvi-
mento de cultivos com mais qualidade e menos perdas. assim,
a produção de alimentos aumenta.
além disso, a biotecnologia tem permitido o desenvolvimento de
diversas plantas resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas
(facilitando o controle mais eficiente do mato que cresce nas
plantações), o que resulta em lavouras mais produtivas. isso
reduz a necessidade de aumento da área plantada para produzir
alimentos à população. um exemplo importante, desenvolvido
pela embrapa, é o feijão transgênico resistente ao vírus do
mosaico dourado, praga que destrói as lavouras.
adelino martins, agricultor familiar de catuti (minas Gerais)
“O algodão
transgênico Bt
reduziu pela
metade meus
custos com
inseticidas” fonte: fao e unctad
Veja o que os agricultores dizem sobre os transgênicos
População mundial X Área agrícola
“Quero usar
transgênicos porque
diminuirão meus
custos e tornarão o
plantio mais fácil”
“As sementes
transgênicas tornam
a vida do produtor
mais fácil. Depois
que comecei a
plantar, passei a ter
mais tempo para
outras atividades,
por isso pretendo
cultivá-las cada
vez mais na minha
lavoura”
Luiz alberto serenato, produtor de soja (Paraná)
“As sementes
transgênicas são
importantes opções
para o agricultor,
especialmente pela
redução dos custos
com os herbicidas”
mario Broek, produtor de soja (Goiás)
“Na próxima
safra, prefiro
usar sementes
transgênicas
porque as
convencionais
têm me causado
muitas perdas“
adriano Lieshout, produtor de milho (Goiás)
“O algodão
transgênico Bt
reduziu pela
metade meus
custos com
inseticidas, além
de ter permitido
retomar o plantio
dessa cultura na
nossa região”
adelino martins, agricultor familiar de catuti (minas Gerais)
rubens Tonon, produtor de milho (Goiás)
De acordo com uma pesquisa da
Universidade de Reading (Reino Unido)
com os transgênicos, há redução no
custo da produção e economia de
14 horas de trabalho por hectare
População mundial (em bilhões)
Área agrícola (em bilhões de hectares)
Crescimento observado de 1961 a 2006: • População = 113%• Área agrícola= 0%
Crescimento previsto de 2010 a 2050: • População = 32%• Área agrícola= 0%
ileira
fonte: céleres
Entre 2009 e 2019, as variedades
transgênicas poderão gerar para a
agricultura brasiliera ganhos de:
Quanto o Brasil tem a lucrar
us$ 34 bilhões• para a cultura do milho
us$ 10,5 bilhões• para a cultura da soja
us$ 3,3 bilhões• para a cultura do algodão
os gráficos mostram que Brasil e argentina
conseguiram aproveitar o crescimento do
mercado mundial de soja e derivados para
aumentar suas exportações no período após
a liberação da semente transgênica (em 1996,
na argentina, e em 2003, no Brasil):
Exportações também crescem
16 17
erca de 160 milhões de hectares foram planta-
dos com transgênicos em 29 países em 2011,
a liberação de uma variedade de soja transgênica em
2003 permitiu ao Brasil aumentar a competiti vidade
da produção nacional e garantir uma posição relevan-
te no mercado mundial de grãos. caso contrário, não
estaríamos entre os maiores exportadores de soja, ao
lado dos estados unidos e da argentina, que ado-
taram o grão geneticamente modificado em 1996.
como maiores importadores de soja desses três
paí ses, destacam-se a china e a união europeia,
bloco que importa também grandes quantidades de
milho – precisamente, 14,6 milhões de toneladas na
safra 2007/2008, de acordo com o departamento de
agricultura dos eua (usda).
mercado recebe transgênicos de portas abertas
Brasil
0
10
20
30
50
2002/2003
milhões de toneladas*
2007/2008
37,1
43,0
TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
Os habitantes
de 29 países
que plantaram
transgênicos em
2011 correspondem
a mais 59% da
população mundial.
Levando em conta
as importações,
pessoas de mais de
50 países consomem
transgênicos
Área plantada com transgênicos no mundo em 2011milhões de hectares
*Total em peso equivalente-grãofonte: departamento de agricultura dos estados unidos (usda)elaboração: ciB
40
Argentina
0
10
20
30
50
1996/1997
milhões de toneladas*
2007/2008
12,0
48,640
no Brasil, foram plantados 30,3 milhões hec-tares com sementes de soja, milho e algodão transgênicos em 2011, com um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. esse desem-penho levou o Brasil a consolidar a importante posição conquistada em 2009, o de segundo lugar no ranking de área plantada com trans-gênicos no mundo, superando a argentina e ficando atrás apenas dos estados unidos.
Área com transgênicos no Brasil
16 méxico 0,2
17 espanha 0,1
18 colômbia <0,1
19 chile <0,1
20 Honduras <0,1
21 Portugal <0,1
22 república checa <0,1
23 Polônia <0,1
24 egito <0,1
25 eslováquia <0,1
26 romênia <0,1
27 costa rica <0,1
28 suécia <0,1
29 alemanha <0,1
Soja 20,6 milhões de hectares 82,7%
Milho 9,1 milhões de hectares 64,9%
Algodão 0,6 milhão de hectares 39%
Área plantada Quanto isso representa
com transgênicos da área total
Transgênicos crescem no Brasilas vantagens e a segurança da tecnologia levam cada vez mais países a plantar e importar
Csegundo o relatório do isaaa. a área é equivalente
a aproximadamente três vezes o território da frança,
ou quase 6,5 vezes o estado de são Paulo.
A Organização dasNações Unidas paraAlimentação e Agricultura(FAO) concluiu não haverdiferenças entre osalimentos transgênicos domercado e seus paresconvencionais, a não ser a(s) nova(s) característica(s) que o(s) gene(s) inserido(s) no alimento transgênico permitiu(ram) expressar
fonte: isaaa/conab
fonte: James, clive (2011)
e no mundo
1 eua 69,0
2 Brasil 30,3
3 argentina 23,7
4 Índia 10,6
5 canadá 10,4
6 china 3,9
7 Paraguai 2,8
8 Paquistão 2,6
9 África do sul 2,3
10 uruguai 1,3
11 Bolívia 0,9
12 austrália 0,7
13 filipinas 0,6
14 mianmar 0,3
15 Burquina fasso 0,3
18 19TRANSGÊNICOS • a ciência em favor do consumidor
ó assim, é possível desenvolver novos produtos
e realizar descobertas úteis para a sociedade.
o investimento na ciênciaempresas públicas e privadas injetam altos valores em pesquisas de ponta
Sno Brasil, há cooperativas, universidades e empresas
pesquisando novas tecnologias e novos produtos
relacionados aos transgênicos, o que aumenta as
opções para os agricultores.
Por isso, em todo o mundo, existem leis para garantir
que apenas as instituições que criaram produtos
ou desenvolveram tecnologias poderão usá-los
ou autorizar o uso por outras pessoas/empresas.
assim, a entidade registra a patente de seu invento,
que é o que assegura que o produto foi realmente
desenvolvido por ela.
Quando isso acontece, a detentora da patente pode
cobrar royalties para ceder o direito de uso de sua tec-
nologia, por um período determinado pela legislação
de cada país – 20 anos, no caso do Brasil. os royalties
são a compensação financeira pelo uso autorizado
da tecnologia, retribuindo o esforço intelectual e os
investimentos realizados para o seu desenvolvimento.
No caso das
sementes
transgênicas, os
royalties garantem
viabilidade
econômica para o
desenvolvimento de
novas tecnologias
o conselho de informações sobre Biotecnologia
(www.cib.org.br) é uma organização não-gover-
namental e uma associação civil sem fins lucrativos
e sem nenhuma conotação político-partidária ou
ideo lógica. seu objetivo básico é divulgar informa-
ções técnico-científicas sobre a Biotecnologia e seus
benefícios, aumentando a familiaridade de todos os
setores da sociedade com o tema.
EXPEDIENTE
Coordenadora-Geral: Adriana Brondani
Editor Executivo: Antonio Celso Villari
Redação: Débora Marques
Consultores Técnicos: Elibio Rech - agrônomo, Ph.D. em Genética
Molecular e pesquisador da Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia
José Maria da Silveira - agrônomo, doutor em
Economia e professor da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp)
Marcelo Gravina - agrônomo, Ph.D. em
Fitopatologia e Biologia Molecular e professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS)
Marcelo Menossi - biólogo, Ph.D. em Genética
Molecular e professor da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp)
Patrícia Fukuma - advogada especialista
em Relações de Consumo
Apoio Operacional: Jacqueline Ambrosio
Frederico Franz
Vinícius Cavalheiro
Projeto Gráfico: Sérgio Brito
Fotos: CIB; Sérgio Andrade
Tratamento de imagens: Dandalo Gabrielli
www.cib.org.br
www.biotecpragalera.org.br
como saber mais sobre transgênicosse você quer saber mais sobre
biotecnologia e transgênicos, confira os
sites do ciB em www.cib.org.br e www.
biotecpragalera.org.br.
neles, você encontra notícias nacionais
e internacionais sobre as pesquisas que
estão sendo desenvolvidas e entrevistas
especiais com cientistas que trabalham com
biotecnologia.
os sites também dão acesso a todas as
publicações do ciB, como outros guias
específicos sobre o milho, o algodão e o
eucalipto.
o Biotec pra Galera, desenvolvido
especialmente para os jovens, traz ainda uma
seção com o dr. Jairo Bouer, que entrevista,
na linguagem da garotada, os maiores
especialistas no assunto.
abrabi – associação Brasileira das empresas de Biotecnologiawww.abrabi.org.br
aGBioswww.cera-gmc.org
agroBio colômbia www.agrobio.org agroBio méxico www.agrobiomexico.org.mx
anbio – associação nacional de Biossegurançawww.anbio.org.br
argenbio (argentina) www.argenbio.org
cBi – council for Biotechnology information (estados unidos)www.whybiotech.com
célereshttp://www.celeres.com.br
chileBio www.chilebio.cl
cTnBio – comissão Técnica nacional de Biossegurançawww.ctnbio.gov.br
embrapa - empresa Brasileira de Pesquisa agropecuáriawww.cenargen.embrapa.br
european commission Joint research centrehttp://ec.europa.eu/dgs/jrc/index.cfm
isaaa – serviço internacional para a aquisição de aplicações em agrobiotecnologiawww.isaaa.org
o dna vai à escolawww.odnavaiaescola.org
PG economicshttp://www.pgeconomics.co.uk
Porque Biotecnologia (argentina)www.porquebiotecnologia.com.ar
sBB – sociedade Brasileira de Biotecnologiawww.sbbiotec.org.br
sBG – sociedade Brasileira de Genéticawww.sbg.org.br
universidade de readinghttp://www.reading.ac.uk
usdahttp://www.usdabrazil.org.br/home
siTes reLacionados
aGosTo / 2012