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Agradecimentos
Quero agradecer às várias pessoas que me apoiaram por terem sido fundamentais para
o sucesso deste longo percurso.
Dedico um agradecimento especial à Professora Doutora Anabela Cruz dos Santos pela
grande ajuda durante todo este trabalho. Agradeço-lhe por todo o apoio e por ter sido uma
excelente orientadora, muito presente e facultando-me preciosas sugestões, respostas e
incentivos.
Agradeço igualmente à Professora Doutora Sofia Santos por ter aceite coorientar este
estudo e por toda a ajuda, motivação e disponibilidade prestada.
Ao João Cardiga e Lurdes Cardiga agradeço a total colaboração na realização deste
estudo e toda a motivação para a investigação sobre Equitação Terapêutica.
À Professora Doutora Paula Lebre agradeço a colaboração e disponibilização
bibliográfica, indispensável na realização de uma parte deste trabalho.
Às famílias das crianças que constituíram a amostra deste estudo, agradeço toda a
disponibilidade, colaboração e incentivo.
Aos meus colegas do local de trabalho agradeço toda a ajuda e flexibilidade nas várias
épocas de grande volume de trabalho.
À Ana Paula Loureiro agradeço a preciosa ajuda na tradução do resumo.
Aos meus pais e irmão agradeço toda a paciência, compreensão, motivação e
colaboração. Agradeço ao Eurico a paciência, compreensão, motivação e apoio emocional ao
longo deste percurso. Sem a preciosa ajuda destas quatro pessoas, provavelmente não teria
terminado o trabalho dentro do prazo estabelecido.
Aos meus avós, e em especial à minha avó, agradeço a ajuda nos momentos menos
fáceis deste percurso.
À minha tia agradeço toda a motivação e encorajamento no decorrer do trabalho.
Agradeço à Mariana e à Lua todo o apoio, motivação e amizade ao longo deste estudo.
A todos os outros familiares e amigos que não referi, embora não menos importantes,
deixo aqui um sincero agradecimento pelas palavras de apoio e encorajamento, tantas vezes
pronunciadas ao longo do trabalho.
Vanessa Martinho
ii
Resumo
Este estudo pretendeu investigar o impacto que a intervenção psicomotora poderá ter no
âmbito da Equitação Terapêutica. Participaram neste estudo quatro crianças (quatro e cinco
anos de idade) com necessidades especiais.
A metodologia utilizada neste estudo foi o single-subject design, através do ABA, onde o
período A consistiu nas avaliações individuais, sem haver intervenção, e o período B consistiu na
intervenção, onde os participantes foram expostos ao Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica (PPET), baseado na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) e no Body Skills (Werder
& Bruininks, 1988). A intervenção decorreu num período de 12 semanas, em sessões semanais
de 1 hora, perfazendo um total de 18 semanas.
Os resultados permitiram concluir que: 1) não se verificaram alterações no desempenho
ao nível do fator equilibração; 2) relativamente ao fator tonicidade, verificou-se que todas as
crianças aumentaram 1 valor (observando-se uma evolução desde uma realização com
dificuldades de controlo a uma realização precisa e controlada); 3) relativamente ao fator
lateralização, verificou-se que a única criança que não tinha a cotação máxima neste fator,
alcançou-a, atingindo um desempenho de realização precisa e controlada; 4) todas as crianças
atingiram a cotação máxima na noção do corpo (observando-se uma evolução desde uma
realização com dificuldades de controlo a uma realização precisa e controlada); 5) ao nível da
estruturação espaciotemporal, uma criança evoluiu de uma realização incompleta e inadequada
para uma realização com dificuldades de controlo e outra criança evoluiu de uma realização com
dificuldades de controlo a uma realização precisa e controlada; 6) relativamente ao fator praxia
global, três crianças evoluiram de uma realização incompleta e inadequada para uma realização
com dificuldades de controlo, e uma criança evoluiu desde uma realização com dificuldades de
controlo a uma realização completa e adequada; e 7) no fator praxia fina, uma criança evoluiu
desde uma realização incompleta e inadequada a uma realização com dificuldades de controlo.
Em suma, com a implementação do PPET, observou-se um aumento ao nível do
desempenho na tonicidade, lateralização, noção do corpo, estruturação espaciotemporal, praxia
global e praxia fina, em todas as crianças, relativamente ao período sem a implementação do
PPET salientando-se a importância da Equitação Terapêutica como uma prática eficaz e
adequada junto de crianças com esta problemáticas.
iii
Abstract
The aim of this study was to investigate the impact that the psychomotor intervention
may have under the Therapeutic Riding. Four children participated in this study (four and five
years old) with special needs.
The methodology used in this study was the single-subject design, through the ABA,
where A was the period of individual assessments, with no intervention, and B consisted of the
intervention period, which the implementation of Psychomotor Plan of Therapy Riding (PPTR)
based on the Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) and the Body Skills (Werder & Bruininks,
1988). The intervention took place over a period of 12 weeks, in weekly sessions of one hour,
with a total of 18 weeks.
The results showed that: 1) there was no change in performance in terms of balancing
factor, 2) in relation to tone, it was found that all children increased one value (with an evolution
from a realization with control problems achieving a precise and controlled movement), 3) for the
lateralization factor, it was found that the only child who did not reach the maximum performance
before, achieved a performance precise and controlled, 4) all children reached the maximum
performance in the notion of the body (with an evolution from a realization with control dificulties
to a precise and controlled movement), 5) in relation to the spatio-temporal structure, one child
went from an incomplete and inadequate performance to one with difficulties on control, and
another child went from difficulties with control to a realization precise and controlled, 6) for the
gross motor skills, three children evolved from an incomplete and inadequate performance to a
realization with control problems, and another went from a performance with difficulties in control
to a performance complete and adequate, and 7) in fine motor skills, one child went from a
performance incomplete and inadequate to a realization with control problems.
In sum, with the implementation of PPTR, there was an overall increasement in
performance in tone, lateralization, notion of the body, spatio-temporal structure, gross motor
skills and fine motor skills for all children in comparison with the period without the
implementation of PPTR. Therefore, this study illustrates the importance of Therapeutic Riding
as an effective and appropriate practice with children with special needs.
iv
ÍNDICE
Agradecimentos .......................................................................................................................... i
Resumo ..................................................................................................................................... ii
Abstract .................................................................................................................................... iii
Índice de quadros ................................................................................................................ vii
Índice de figuras ................................................................................................................... ix
I – INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
1. Finalidade do estudo ....................................................................................................... 16
2. Questões de investigação ................................................................................................ 16
3. Operacionalização de termos ou definições ..................................................................... 17
4. Delimitações e limitações do estudo ................................................................................ 18
5. Importância do estudo .................................................................................................... 19
II – REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................. 20
1. Intervenção Precoce ....................................................................................................... 20
1.1 Modelo de apoio centrado na família ............................................................................. 22
1.2 Modelos e técnicas específicas de avaliação em Intervenção Precoce ............................ 26
2. Equitação Terapêutica .................................................................................................... 28
2.1 Definição ...................................................................................................................... 29
2.2 Modelos ....................................................................................................................... 30
2.2.1 Modelo alemão ...................................................................................................... 30
2.2.2 Modelo norte-americano ........................................................................................ 31
2.2.3 Modelo brasileiro ................................................................................................... 32
2.2.4 Modelo utilizado em Portugal ................................................................................. 33
2.3 O cavalo como agente terapêutico................................................................................. 34
2.3.1 Passo .................................................................................................................... 35
2.3.2 Trote ..................................................................................................................... 36
2.3.3 Galope ................................................................................................................... 37
2.4 Benefícios..................................................................................................................... 38
2.5 Contraindicações .......................................................................................................... 42
2.6 Planeamento da sessão ................................................................................................ 43
3. Intervenção psicomotora ................................................................................................. 47
v
3.1 Definição ...................................................................................................................... 48
3.2 Desenvolvimento psicomotor......................................................................................... 50
3.3 Fatores psicomotores.................................................................................................... 53
3.3.1 Tonicidade ............................................................................................................. 55
3.3.2 Equilibração........................................................................................................... 56
3.3.3 Lateralização ......................................................................................................... 56
3.3.4 Noção do corpo ..................................................................................................... 57
3.3.5 Estruturação espaciotemporal ................................................................................ 58
3.3.6 Praxia global .......................................................................................................... 59
3.3.7 Praxia fina ............................................................................................................. 59
III – METODOLOGIA ................................................................................................................ 61
1. Utilização da investigação single-subject no estudo dos efeitos da Equitação Terapêutica nos
fatores psicomotores em crianças com necessidades especiais ........................................... 61
2. Participantes................................................................................................................... 63
3. Contexto ......................................................................................................................... 65
4. Variável dependente........................................................................................................ 66
4.1 Instrumento de recolha de dados .............................................................................. 67
4.1.1 A utilização do instrumento de recolha de dados .................................................... 69
4.2 Fiabilidade da observação ......................................................................................... 69
5. Variável independente ..................................................................................................... 70
5.1 Período A – Linha de base ........................................................................................ 70
5.2 Período B – Intervenção ............................................................................................ 71
5.3 Fiabilidade de implementação ................................................................................... 72
6. Desenho da manipulação da variável independente ......................................................... 72
7. Análise dos dados ........................................................................................................... 73
7.1 Elementos do gráfico de monitorização ..................................................................... 73
7.2 Análise do gráfico de monitorização .......................................................................... 74
IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................. 76
1. Mickey ............................................................................................................................ 76
1.1 Caraterísticas pessoais ........................................................................................ 76
1.2 Realização na monitorização ................................................................................ 76
1.2.1 Estabelecimento da linha de base ........................................................................ 77
vi
1.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada ............................................... 79
1.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados ............ 81
2. Simba............................................................................................................................. 95
2.1 Caraterísticas pessoais ........................................................................................ 95
2.2 Realização na monitorização ................................................................................ 96
2.2.1 Estabelecimento da linha de base ........................................................................ 96
2.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada ............................................... 99
2.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados .......... 101
3. Sininho ......................................................................................................................... 115
3.1 Caraterísticas pessoais ...................................................................................... 115
3.2 Realização na monitorização .............................................................................. 116
3.2.1 Estabelecimento da linha de base ...................................................................... 116
3.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada ............................................. 119
3.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados .......... 121
4. Minnie .......................................................................................................................... 137
4.1 Caraterísticas pessoais ...................................................................................... 137
4.2 Realização na monitorização .............................................................................. 137
4.2.1 Estabelecimento da linha de base ...................................................................... 138
4.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada ............................................. 140
4.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados .......... 142
V – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ......................................................................................... 157
Recomendações e limitações ................................................................................................ 164
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 166
ANEXOS ............................................................................................................................... 178
vii
Índice de quadros
Quadro 1. Caraterísticas dos participantes no estudo………………………………………………………64
Quadro 2. Linhas de progressão esperadas para o Mickey, para cada fator psicomotor………….80
Quadro 3. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na tonicidade……………81
Quadro 4. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na equilibração............83
Quadro 5. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na lateralização…………85
Quadro 6. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na noção do corpo…….87
Quadro 7. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na estruturação
espaciotemporal………………………………………………………………………………………………………89
Quadro 8. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na praxia global………...92
Quadro 9. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na praxia fina……………94
Quadro 10. Linhas de progressão esperadas para o Simba, para cada fator psicomotor………100
Quadro 11. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na tonicidade…………101
Quadro 12. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na equilibração.........103
Quadro 13. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na lateralização.........105
Quadro 14. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na noção do
corpo……………………………………………………………………………………………………………………107
Quadro 15. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na estruturação
espaciotemporal……………………………………………………………………………………………………..109
Quadro 16. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na praxia global….....111
Quadro 17. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na praxia fina…………113
Quadro 18. Linhas de progressão esperadas para a Sininho, para cada fator psicomotor……..120
Quadro 19. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na tonicidade……….121
Quadro 20. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na equilibração…….123
Quadro 21. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na lateralização…….125
Quadro 22. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na noção do corpo..127
Quadro 23. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na estruturação
espaciotemporal……………………………………………………………………………………………………..130
Quadro 24. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na praxia global…….132
Quadro 25. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na praixa fina……….134
Quadro 26. Linhas de progressão esperadas para a Minnie, para cada fator psicomotor………140
viii
Quadro 27. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na tonicidade………..141
Quadro 28. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na equilibração………143
Quadro 29. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na lateralização……..145
Quadro 30. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na noção do corpo…147
Quadro 31. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na estruturação
espaciotemporal……………………………………………………………………………………………………149
Quadro 32. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na praxia global……..151
Quadro 33. Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na praxia fina………..154
ix
Índice de figuras
Figura 1. Modelo da ecologia do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner (Serrano &
Correia, 1998, p. 22)………………………………………………………………………………………………...23
Figura 2. Sequência dos apoios no passo (Equisport, 2000)……………………………………………..35
Figura 3. Sequência dos apoios no trote (Equisport, 2000)……………………………………………….37
Figura 4. Sequência dos apoios no galope (Equisport, 2000)…………………………………………….38
Figura 5. Configuração do picadeiro onde decorreram as sessões de Equitação Terapêutica…..65
Figura 6. Configuração da sala onde decorreram as avaliações…………………………………………66
Figura 7. Resultados do Mickey na tonicidade, durante a linha de base………………………………77
Figura 8. Resultados do Mickey na equilibração, durante a linha de base…………………………….77
Figura 9. Resultados do Mickey na lateralização, durante a linha de base……………………………78
Figura 10. Resultados do Mickey na noção do corpo, durante a linha de base……………………..78
Figura 11. Resultados do Mickey na estruturação espaciotemporal, durante a linha de base.….78
Figura 12. Resultados do Mickey na praxia global, durante a linha de base………………………….79
Figura 13. Resultados do Mickey na praxia fina, durante a linha de base…………………………….79
Figura 14. Linha de progressão esperada para o Mickey, na tonicidade………………………………80
Figura 15. Linha de progressão esperada para o Mickey, na equilibração……………………………80
Figura 16. Linha de progressão esperada para o Mickey, na lateralização……………………………80
Figura 17. Linha de progressão esperada para o Mickey, na noção do corpo……………………….80
Figura 18. Linha de progressão esperada para o Mickey, na estruturação espaciotemporal…….80
Figura 19. Linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia global…………………………..80
Figura 20. Linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia fina………………………………80
Figura 21. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na tonicidade…………………………………….81
Figura 22. Comparação do progresso do Mickey, na tonicidade, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….82
Figura 23. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na tonicidade……..82
Figura 24. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na equilibração………………………………….83
Figura 25. Comparação do progresso do Mickey, na equilibração, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….84
Figura 26. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na equilibração…..84
Figura 27. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na lateralização………………………………….85
x
Figura 28. Comparação do progresso do Mickey, na lateralização, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….86
Figura 29. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na lateralização.....86
Figura 30. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na noção do corpo……………………………..87
Figura 31. Comparação do progresso do Mickey, na noção do corpo, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….88
Figura 32. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na noção do corpo88
Figura 33. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal………….89
Figura 34. Comparação do progresso do Mickey, na estruturação espaciotemporal, com a linha
de progressão esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………90
Figura 35. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na estruturação
espaciotemporal......................................................................................................................90
Figura 36. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na praxia global…………………………………91
Figura 37. Comparação do progresso do Mickey, na praxia global, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….92
Figura 38. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia global.....93
Figura 39. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na praxia fina…………………………………….93
Figura 40. Comparação do progresso do Mickey, na praxia fina, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………….94
Figura 41. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia fina........95
Figura 42. Resultados do Simba na tonicidade, durante a linha de base……..………………………96
Figura 43. Resultados do Simba na equilibração, durante a linha de base…………………………..97
Figura 44. Resultados do Simba na lateralização, durante a linha de base…………………………..97
Figura 45. Resultados do Simba na noção do corpo, durante a linha de base……………………...97
Figura 46. Resultados do Simba na estruturação espaciotemporal, durante a linha de base……98
Figura 47. Resultados do Simba na praxia global, durante a linha de base…………………………..98
Figura 48. Resultados do Simba na praxia fina, durante a linha de base……………………………..99
Figura 49. Linha de progressão esperada para o Simba, na tonicidade……………………………..100
Figura 50. Linha de progressão esperada para o Simba, na equilibração…………………………..100
Figura 51. Linha de progressão esperada para o Simba, na lateralização………………………….100
Figura 52. Linha de progressão esperada para o Simba, na noção do corpo………………………100
Figura 53. Linha de progressão esperada para o Simba, na estruturação espaciotemporal…..100
xi
Figura 54. Linha de progressão esperada para o Simba, na praxia global…………………………100
Figura 55. Linha de progressão esperada para o Simba, na praxia fina……………………………..100
Figura 56. Progresso do Simba ao longo do estudo, na tonicidade……………………………………101
Figura 57. Comparação do progresso do Simba, na tonicidade, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………102
Figura 58. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na tonicidade…….102
Figura 59. Progresso do Simba ao longo do estudo, na equilibração…………………………………103
Figura 60. Comparação do progresso do Simba, na equilibração, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..104
Figura 61. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na equilibração….104
Figura 62. Progresso do Simba ao longo do estudo, na lateralização………………………………..105
Figura 63. Comparação do progresso do Simba, na lateralização, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..106
Figura 64. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na lateralização….106
Figura 65. Progresso do Simba ao longo do estudo, na noção do corpo…………………………….107
Figura 66. Comparação do progresso do Simba, na noção do corpo, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………108
Figura 67. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na noção do
corpo....................................................................................................................................108
Figura 68. Progresso do Simba ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal…………109
Figura 69. Comparação do progresso do Simba, na estruturação espaciotemporal, com a linha
de progressão esperada para este fator psicomotor……………………………………………………….110
Figura 70. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na estruturação
espaciotemporal……………………………………………………………………………………………………110
Figura 71. Progresso do Simba ao longo do estudo, na praxia global……………………………….111
Figura 72. Comparação do progresso do Simba, na praxia global, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..112
Figura 73. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na praxia global….112
Figura 74. Progresso do Simba ao longo do estudo, na praxia fina…………………………………..113
Figura 75. Comparação do progresso do Simba, na praxia fina, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………114
Figura 76. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na praxia fina…….114
xii
Figura 77. Resultados da Sininho na tonicidade, durante a linha de base………………………….116
Figura 78. Resultados da Sininho na equilibração, durante a linha de base………………………..117
Figura 79. Resultados da Sininho na lateralização, durante a linha de base……………………….117
Figura 80. Resultados da Sininho na noção do corpo, durante a linha de base…………………...117
Figura 81. Resultados da Sininho na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base……………………………………………………………………………………………………………………..118
Figura 82. Resultados da Sininho na praxia global, durante a linha de base……………………….118
Figura 83. Resultados da Sininho na praxia fina, durante a linha de base………………………….119
Figura 84. Linha de progressão esperada para a Sininho, na tonicidade……………………………120
Figura 85. Linha de progressão esperada para a Sininho, na equilibração…………………………120
Figura 86. Linha de progressão esperada para a Sininho, na lateralização…………………………120
Figura 87. Linha de progressão esperada para a Sininho, na noção do corpo…………………….120
Figura 88. Linha de progressão esperada para a Sininho, na estruturação espaciotemporal….120
Figura 89. Linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia global………………………..120
Figura 90. Linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia fina…………………………..120
Figura 91. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na tonicidade………………………………….121
Figura 92. Comparação do progresso da Sininho, na tonicidade, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor………………………………………………………………………….122
Figura 93. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na tonicidade…..122
Figura 94. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na equilibração……………………………….123
Figura 95. Comparação do progresso da Sininho, na equilibração, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor………………………………………………………………………..124
Figura 96. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na equilibração…124
Figura 97. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na lateralização……………………………….125
Figura 98. Comparação do progresso da Sininho, na lateralização, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..126
Figura 99. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na
lateralização…………………………………………………………………………………………………………..126
Figura 100. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na noção do corpo…………………………127
Figura 101. Comparação do progresso da Sininho, na noção do corpo, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………..128
xiii
Figura 102. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na noção do
corpo……………………………………………………………………………………………………………………128
Figura 103. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal……..129
Figura 104. Comparação do progresso da Sininho, na estruturação espaciotemporal, com a linha
de progressão esperada para este fator psicomotor……………………………………………………….130
Figura 105. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na estruturação
espaciotemporal……………………………………………………………………………………………………..131
Figura 106. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na praxia global…………………………….131
Figura 107. Comparação do progresso da Sininho, na praxia global, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..132
Figura 108. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia
global……………………………………………………………………………………………………………………133
Figura 109. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na praxia fina………………………………..134
Figura 110. Comparação do progresso da Sininho, na praxia fina, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..135
Figura 111. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia fina…135
Figura 112. Resultados da Minnie na tonicidade, durante a linha de base………………………….137
Figura 113. Resultados da Minnie na equilibração, durante a linha de base……………………….137
Figura 114. Resultados da Minnie na lateralização, durante a linha de base………………………138
Figura 115. Resultados da Minnie na noção do corpo, durante a linha de base………………….138
Figura 116. Resultados da Minnie na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base……………………………………………………………………………………………………………………138
Figura 117. Resultados da Minnie na praxia global, durante a linha de base………………………139
Figura 118. Resultados da Minnie na praxia fina, durante a linha de base…………………………139
Figura 119. Linha de progressão esperada para a Minnie, na tonicidade…………………………..140
Figura 120. Linha de progressão esperada para a Minnie, na equilibração…………………….….140
Figura 121. Linha de progressão esperada para a Minnie, na lateralização………………………..140
Figura 122. Linha de progressão esperada para a Minnie, na noção do corpo……………………140
Figura 123. Linha de progressão esperada para a Minnie, na estruturação espaciotemporal…140
Figura 124. Linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia global……………………….140
Figura 125. Linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia fina…………………………..140
Figura 126. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na tonicidade…………………………………141
xiv
Figura 127. Comparação do progresso da Minnie, na tonicidade, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..142
Figura 128. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na tonicidade….142
Figura 129. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na equilibração……………………………...143
Figura 130. Comparação do progresso da Minnie, na equilibração, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor………………………………………………………………………..144
Figura 131. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na equilibração..144
Figura 132. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na lateralização………………………………145
Figura 133. Comparação do progresso da Minnie, na lateralização, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..146
Figura 134. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na
lateralização……………………………………………………………………………………………………….146
Figura 135. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na noção do corpo…………………………147
Figura 136. Comparação do progresso da Minnie, na noção do corpo, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..148
Figura 137. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na noção do
corpo……………………………………………………………………………………………………………….148
Figura 138. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal……….149
Figura 139. Comparação do progresso da Minnie, na estruturação espaciotemporal, com a linha
de progressão esperada para este fator psicomotor………………………………………………………150
Figura 140. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na estruturação
espaciotemporal…………………………………………………………………………………………………..150
Figura 141. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na praxia global……………………………..151
Figura 142. Comparação do progresso da Minnie, na praxia global, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………152
Figura 143. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia
global……………………………………………………………………………………………………………………152
Figura 144. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na praxia fina…………………………………153
Figura 145. Comparação do progresso da Minnie, na praxia fina, com a linha de progressão
esperada para este fator psicomotor…………………………………………………………………………..154
Figura 146. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia fina….155
I – Introdução
15
I – INTRODUÇÃO
Quando se intervém junto de crianças, o desenvolvimento é uma das temáticas mais
abordadas e na qual assentam as principais preocupações. Com crianças com necessidades
especiais, estas preocupações aumentam consideravelmente. Cabe aos profissionais, entre eles
as equipas de Intervenção Precoce (IP), responder às necessidades e preocupações da criança e
da família, o mais cedo possível.
Desta forma, é possível compreender a importância da IP junto das crianças com
necessidades especiais e suas famílias. Os programas de IP permitem, assim, intervir nas
preocupações e necessidades existentes no desenvolvimento da criança. O desenvolvimento
psicomotor requer uma especial atenção. Cabe aos profissionais de IP, em conjunto com as
famílias, decidir quais os serviços que irão responder a essas necessidades e preocupações.
As famílias de crianças com necessidades especiais solicitam cada vez mais respostas
variadas.
A Equitação Terapêutica surge como um serviço procurado por famílias e profissionais,
no âmbito das práticas eficazes junto de crianças com necessidades especiais. No entanto, o
conhecimento científico nesta área ainda não é suficiente para dar resposta a todas as questões
colocadas. É comum ouvir dizer-se que a Equitação Terapêutica melhora todas as áreas do
desenvolvimento da criança, mas será esta afirmação verdadeira? Assim, é importante aumentar
o conhecimento sobre o impacto que esta terapia tem junto das crianças com necessidades
especiais, nomeadamente no seu desenvolvimento psicomotor.
Para melhor contextualizar o presente estudo, será apresentada a organização dos seus
conteúdos. Este trabalho encontra-se estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo
corresponde à introdução, a qual pretende demonstrar a estrutura do trabalho, focando aspetos
como a formulação do problema, a finalidade do estudo, as questões de investigação, a
operacionalização de termos/definições, as delimitações e limitações do estudo e a sua
importância.
O segundo capítulo consiste na revisão da literatura, a qual começa por abordar a IP,
definindo-a, explicitando os seus objetivos, descrevendo o modelo centrado na família e os
modelos e técnicas específicas de avaliação em IP. É apresentada a Equitação Terapêutica,
como serviço de IP, terminando o capítulo com uma abordagem sobre a Intervenção
Psicomotora, a qual pode ser adotada como metodologia de intervenção nesta área.
I – Introdução
16
As opções metodológicas adotadas neste estudo são apresentadas no terceiro capítulo.
São descritos os participantes do estudo e os critérios para a sua seleção, os procedimentos e o
instrumento utilizado na recolha de dados. São, ainda, apresentados os critérios e ténicas
utilizados para dar credibilidade científica ao estudo.
O quarto capítulo refere-se aos resultados obtidos durante a realização deste estudo.
Neste capítulo, apresenta-se os resultados recolhidos ao longo de 18 semanas, os quais são
analisados em três dimensões: nível, tendência e variabilidade. O nível consiste no desempenho
médio durante um determinado período do estudo. A tendência dos dados diz respeito à taxa de
aumento ou diminuição da linha dos resultados, num determinado período. A variabilidade é o
desvio dos dados relativamente à tendência geral (Kennedy, 2005).
O quinto, e último, capítulo corresponde à discussão e conclusões retiradas deste
estudo. Apresentam-se, por fim, algumas recomendações consideradas pertinentes para futuros
estudos na área da Equitação Terapêutica.
1. Finalidade do estudo
A finalidade deste estudo, de natureza quantitativa, é compreender o impacto que a
intervenção psicomotora pode ter nos fatores psicomotores em crianças de quatro e cinco anos
de idade com necessidades especiais, no âmbito da Equitação Terapêutica, como serviço de IP.
Este estudo pretende contribuir para a sistematização e aprofundamento do
conhecimento sobre este tema, na medida em que a maioria da investigação existente incide,
maioritariamente, nos aspetos motores e neuromotores, sendo a investigação na área
psicomotora considerada ainda muito reduzida. Por outro lado, este estudo pretende ainda
contribuir com a elaboração de um Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, o qual poderá
vir a ser utilizado por outros instituições/profissionais que trabalhem nesta área. Para a
avaliação das capacidades psicomotoras, será utilizado um instrumento que resulta da
adaptação da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) e do Body Skills (Werder & Bruininks, 1988).
2. Questões de investigação
Na sequência do que foi exposto anteriormente, considera-se pertinente explicitar as
questões de investigação que emergem da intenção global de compreender o impacto que a
I – Introdução
17
intervenção psicomotora pode desempenhar, no desenvolvimento de crianças de quatro e cinco
anos de idade, no âmbito da Equitação Terapêutica.
As duas questões que servem de orientação à construção deste estudo são:
• A implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica tem efeitos ao nível
do aumento do desempenho psicomotor em crianças com quatro e cinco anos de idade?;
• A implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica tem efeitos ao nível
do desenvolvimento psicomotor na sua estrutura dimensional, e em cada um dos fatores
psicomotores (tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação
espaciotemporal, praxia global e praxia fina) em crianças em idade pré-escolar?
Com base nas questões delineadas para este estudo, definiram-se como objetivos de
estudo a criação de um Plano Psicomotor, no âmbito da Equitação Terapêutica, e a
compreensão do impacto desse plano no âmbito da Equitação Terapêutica em crianças com
necessidade especiais.
3. Operacionalização de termos ou definições
Para uma melhor compreensão dos principais termos e conceitos utilizados neste
trabalho, bem como dos termos menos comuns, segue-se a concetualização dos mesmos.
Intervenção Precoce
Prestação de apoios a famílias de crianças, por membros de redes de apoio sociais, de
apoio formal e informal, que influenciam direta e indiretamente o funcionamento da criança, dos
pais e das famílias (Dunst, 2000).
Necessidades especiais
Entende-se por necessidades especiais o conjunto de crianças em risco educacional,
sobredotadas e com necessidades educativas especiais. As crianças em risco educacional são
aquelas que, devido a fatores pessoais, ambientais, emocionais ou socioeconómicos, podem vir
a experimentar insucesso escolar (e.g. álcool, drogas, gravidez na adolescência, negligência,
abuso e ambientes socioeconómicos e socioemocionais desfavoráveis). As crianças com
necessidades educativas especiais são aquelas que, por exibirem determinadas condições
específicas (e.g. perturbações do espetro do autismo, deficiência visual, deficiência auditiva,
dificuldade intelectual e desenvolvimental, problemas motores graves, perturbações emocionais
I – Introdução
18
e do comportamento, perturbações da linguagem e comunicação e multideficiência), podem
necessitar de apoio de serviços de educação especial durante todo ou parte do seu percurso
escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional
(Correia, 2008).
Equitação com Fins Terapêuticos
Método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem
interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação, promovendo o desenvolvimento
biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais (Dotti, 2005; Uzun, 2005 citado por
Faria & Santos, 2007). Tem três valências: a Hipoterapia, a Equitação Terapêutica e a Equitação
Adaptada, as quais se diferenciam entre si através dos objetivos, profissionais responsáveis e
formas de atuação (Federation of Riding for the Disabled International, 2006).
Equitação Terapêutica
É uma das valências da Equitação com Fins Terapêuticos, onde os objetivos são
psicomotores e direcionam-se para necessidades especiais na área educacional, psicológica ou
cognitiva (e.g. dificuldade intelectual e desenvolvimental, perturbações do espetro do autismo,
perturbação da hiperatividade e défice de atenção, problemas do foro psiquiátrico, problemas de
comportamento) (Federation of Riding for the Disabled International, 2006).
Intervenção psicomotora
Prática de mediação corporal, que permite ao indivíduo reencontrar o prazer
sensoriomotor através do movimento e da sua regulação tonicoemocional, possibilitando o
desenvolvimento dos processos simbólicos num envolvimento lúdico e relacional (Fonseca &
Martins, 2001).
4. Delimitações e limitações do estudo
Ao tratar-se de um estudo limitado a uma amostra de crianças do concelho de Oeiras,
considera-se pertinente salvaguardar que os resultados se encontram, por este motivo, limitados
a este grupo de crianças, com um contexto terapêutico e geográfico específico, não se
esperando, através deles, retirar conclusões de âmbito generalizado.
I – Introdução
19
Será assegurado o consentimento informado e a confidencialidade dos dados pessoais
dos participantes no estudo.
5. Importância do estudo
Com a realização deste estudo pretende-se contribuir para um maior conhecimento na
área da Equitação Terapêutica, permitindo um aumento ao nível das práticas eficazes neste tipo
de serviço de IP.
A elaboração e implementação de um Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
poderá permitir criar uma ferramenta de trabalho comum às várias equipas de profissionais de
Equitação Terapêutica, o que ainda não existe. Ao mesmo tempo, ainda que este estudo não
permita fazer conclusões generalizadas, poderá ajudar a perceber os efeitos deste programa em
crianças que usufruam de serviços de Equitação Terapêutica.
Por outro lado, espera-se contribuir para o desenvolvimento da investigação na área da
Reabilitação Psicomotora, profissão emergente no âmbito da Educação Especial.
II – Revisão da literatura
20
II – REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo será apresentada a revisão da literatura, cuja sequência pretende
explicitar a forma como os conceitos de IP, Equitação Terapêutica e intervenção psicomotora se
relacionam entre si. Começa-se por abordar a IP e, logo de seguida, apresenta-se a Equitação
Terapêutica, como serviço de IP. Finaliza-se o capítulo com uma abordagem à intervenção
psicomotora, a qual pode ser utilizada como metodologia de intervenção em Equitação
Terapêutica.
1. Intervenção Precoce
Quando se trabalha em IP é fundamental ter bem presente os princípios em que se
baseia, bem como todas as suas caraterísticas. Isto porque o trabalho que se realiza nesta área
difere das regras do trabalho dito “tradicional” e só assim se potencializa a prestação do
profissional de IP. Será feita uma descrição da IP, com base na sua definição e objetivos, no
modelo centrado na família, atualmente em vigor, e nos seus serviços.
A IP baseia-se nos pressupostos do desenvolvimento neurobiológico, os quais
determinam que, através de reestruturações do sistema nervoso central, é possível criar
condições para que se adquiram e mantenham novas competências. Na base disto está o
conceito de plasticidade neuronal e a ocorrência das reestruturações dependente dos respectivos
períodos críticos (Nelson, 2000). Um período crítico é uma fase específica da vida da criança,
que pode durar meses ou anos, no qual é maior a sensibilidade para a aprendizagem de
determinadas competências (Bailey & Symons, 2001; Bee, 2003; Doupe & Kuhl, 1999 citado
por Farran, 2001). Segundo Howard, Williams, Port e Lepper (2001), o desenvolvimento da
criança pode ser maximizado caso estejam disponíveis as condições necessárias a um
determinado período crítico de aprendizagem. Este conceito é importante em IP uma vez que os
períodos críticos, para a maioria das aprendizagens, ocorrem durante as idades mais precoces
(Bruer, 2001).
Atualmente, em Portugal, existe o decreto-lei n.º 281/2009, de 6 de outubro, o qual cria
o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI), que consiste num
conjunto organizado de entidades institucionais e de natureza familiar, com vista a
garantir condições de desenvolvimento das crianças com funções ou estruturas do corpo
que limitam o crescimento pessoal, social e a sua participação nas actividades típicas
II – Revisão da literatura
21
para a idade, bem como das crianças com risco grave de atraso de desenvolvimento
(artigo 1.º).
Os objetivos do SNIPI, de acordo com o decreto-lei referido anteriormente, são:
a) assegurar às crianças a protecção dos seus direitos e o desenvolvimento das suas
capacidades, através de acções de IPI em todo o território nacional;
b) detectar e sinalizar todas as crianças com risco de alterações ou alterações nas
funções e estruturas do corpo ou risco grave de atraso do desenvolvimento;
c) intervir, após a detecção e sinalização nos termos da alínea anterior, em função das
necessidades do contexto familiar de cada criança elegível, de modo a prevenir ou
reduzir os riscos de atraso no desenvolvimento;
d) apoiar as famílias no acesso a serviços e recursos dos sistemas da segurança social,
da saúde e da educação;
e) envolver a comunidade, através de mecanismos articulados de suporte social (artigo
4.º).
Este decreto-lei refere-se à IP como o “conjunto de medidas de apoio integrado centrado
na criança e na família, incluindo acções de natureza preventiva e reabilitativa, designadamente
no âmbito da educação, da saúde e da acção social” (artigo 3.º). Abrange as crianças até aos 6
anos, com “alterações nas funções ou estruturas do corpo que limitam a participação nas
actividades típicas para a respectiva idade e contexto social ou com risco grave de atraso de
desenvolvimento, bem como as suas famílias” (artigo 2.º).
Na literatura, são vários os autores que concetualizam a IP. Esta pode ser definida como
a prestação de apoios a famílias de crianças, por membros de redes de apoio sociais, de apoio
formal e informal, que influenciam direta e indiretamente o funcionamento da criança, dos pais e
das famílias (Dunst, 2000). Outros autores referem a IP como o conjunto de serviços, apoios e
recursos que são necessários para dar resposta às necessidades específicas da criança e da
família, no que diz respeito ao desenvolvimento da criança (Dunst & Bruder, 2004 citado por
Pimentel, 2004), desde o nascimento até à idade pré-escolar (Bailey & Wolery, 2002 citado por
Bairrão & Almeida, 2003; Papalia, Feldman, & Olds, 2001). Em suma, a IP inclui todo o tipo de
atividades, oportunidades e procedimentos que promovem o desenvolvimento e aprendizagem
II – Revisão da literatura
22
da criança e o conjunto de serviços, apoios e recursos necessários para que a família promova
esse desenvolvimento e aprendizagem (Dunst & Bruder, 2002 citado por Almeida, 2004).
Existem vários objetivos que estão na base das práticas da IP: identificar as
preocupações, necessidades e forças da família; ajudar a família a atingir os seus objetivos;
promover o desenvolvimento da criança; promover o treino da autonomia da criança; estimular o
desenvolvimento das competências sociais da criança; preparar a criança para as várias
experiências de vida; e prevenir atrasos ou incapacidades futuras (Bailey & Wolery, 1992 citado
por Almeida, 2000; Dunst, 1985 citado por Almeida, 2000).
Dunst, Bruder, Trivette, Hamby, Raab e McLean (2001), afirmam que em IP o
comportamento da criança e da sua família são considerados de acordo com o contexto onde
ocorrem. Assim, estes autores defendem que não faz sentido intervir com a criança sem o fazer,
em simultâneo, com a família, desvalorizando as influências recíprocas que existem entre
ambas. Considerando estas influências, atualmente, em IP a intervenção é feita centrada na
família.
Também em Equitação Terapêutica, o trabalho dos profissionais deve ser feito em
parceria com a família, nomeadamente na definição de objetivos e estratégias. Assim, torna-se
importante compreender o funcionamento do modelo de apoio centrado na família, o qual será
apresentado de seguida.
1.1 Modelo de apoio centrado na família
Para Bronfenbrenner (1975) citado por Dunst, Trivette e Deal (1988) os programas de
intervenção com maior impacto junto das crianças são os que incluem a família. Para uma
melhor compreensão sobre este tema, seguidamente será apresentado o modelo proposto por
Bronfenbrenner. A figura 1 apresenta o modelo da ecologia do desenvolvimento humano,
proposto por este autor.
II – Revisão da literatura
23
Figura 1. Modelo da ecologia do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner (Serrano &
Correia, 1998, p. 22)
Como se pode ver na figura 1, Bronfenbrenner considera a criança como elemento de
um conjunto de quatro sistemas que interagem entre si: microssistema, mesossistema,
exossistema e macrossistema (Serrano & Correia, 1998). Segundo Bronfenbrenner (1979), estes
sistemas são “estruturas encaixadas umas nas outras, quais matrioskas” (p. 22).
O microssistema é o conjunto de atividades, papéis e relações interpessoais
experimentadas pela criança em desenvolvimento, no contexto ou espaço em que está inserida.
O mesossistema refere-se às interações entre dois ou mais contextos, nos quais a criança
participa ativamente. Os contextos, nos quais a criança não participa diretamente, mas onde
ocorrem situações que afetam ou são afetadas pelo que ocorre no contexto imediato em que a
criança se movimenta, são denominados por exossistema. Por fim, o macrossistema é
apresentado como o conjunto de padrões, estruturas sociais e culturas (valores, crenças,
normas, ideologias, entre outros), que englobam a vida da criança (Serrano & Correia, 1998).
II – Revisão da literatura
24
As questões relacionadas com a família afetam direta ou indiretamente o
desenvolvimento da criança e vice-versa (McWilliam, 2003a). Os resultados que a criança
alcança, em termos de desenvolvimento, dependem bastante dos padrões de interação familiar,
como refere Guralnick (1997) citado por Coutinho (2000). É determinante a qualidade das
interações entre os pais e a criança, o tipo de experiências e vivências que a família proporciona
à criança, bem como os aspetos relacionados com os cuidados básicos em termos de segurança
e saúde (Coutinho, 2000).
Assim, faz todo o sentido que, atualmente, a IP assente numa abordagem centrada na
família. Esta abordagem teve a sua origem nas perspetivas de Bronfenbrenner, sobre o sistema
ecológico (McWilliam, 2003b) e de Sameroff, sobre o sistema transacional (Pimentel, 2004). De
facto, uma abordagem baseada nestes dois modelos é aquela que parece adequar-se melhor às
práticas atuais de IP. Esta abordagem baseia-se nas forças e competências da criança e da
família, onde o profissional constitui um recurso e um apoio, ajudando a família a identificar os
objetivos da intervenção e fornecendo toda a informação que permita a tomada de decisão de
forma autónoma (Bailey & McWilliam, 1993 citado por Pimentel, 2004). Desta forma, esta
abordagem baseada no modelo ecossistémico e transacional dá importância: 1) ao papel dos
contextos onde a família se insere e às relações que se estabelecem entre eles; 2) à família,
como unidade de intervenção nos programas de IP e como contexto principal do
desenvolvimento da criança; 3) à inserção da família numa comunidade, com as suas redes
sociais, normas, valores e atitudes próprias; e 4) à coordenação eficaz de serviços e recursos de
forma a permitir uma resposta integrada e atempada (Almeida, 2004). Assim, melhorar o bem-
estar de toda a família é o grande objetivo desta abordagem, o qual pode ser alcançado através
de vários tipos de intervenção (McWilliam, 2003a).
Nas práticas centradas na família existem dois conceitos de grande relevância, os quais
se torna importante referir: capacitar e corresponsabilizar. Capacitar significa criar oportunidades
para que todos os membros da família possam demonstrar e adquirir competências para o
funcionamento familiar. Corresponsabilizar diz respeito à capacidade da família em satisfazer as
suas necessidades, de forma a promover um controlo e domínio intrafamiliar sobre aspetos
importantes do funcionamento familiar (Dunst, Trivette, & Deal, 1988). Todos os indivíduos têm
pontos fortes e capacidades, nomeadamente para se tornarem mais competentes (Rappaport,
1981 citado por Dunst, 1998b). A corresponsabilização implica o recurso a várias caraterísticas
interpessoais, entre elas a reciprocidade, a comunicação aberta, a confiança e o respeito
II – Revisão da literatura
25
mútuos, a responsabilidade partilhada e a colaboração (Dunst, 1998b). As famílias que já
assentam neste princípio apresentam três caraterísticas: “1) capacidade para aceder e controlar
os recursos necessários, 2) capacidade para tomar decisões e resolver problemas e 3)
capacidade para interagir eficazmente com os outros no processo de intercâmbio social” (Swick
& Graves, 1993, p. 51). Se o trabalho dos profissionais de IP se basear nestes princípios, os pais
têm um papel fundamental na tomada de decisões em relação a todos os aspetos do seu
envolvimento nos programas de IP e de serviços de apoio à família (Dunst, 1998a). Tudo isto
significará mais capacidades, mais responsabilidades e também mais poder para os pais/tutores
(Coutinho, 2004).
Segundo McWilliam (2003b), podem enumerar-se os seguintes princípios das práticas
centradas na família:
Reconhecer os pontos fortes da criança e da família;
Dar resposta às prioridades identificadas pela família;
Dar resposta às prioridades, em constante mudança, das famílias;
Encarar a família como a unidade de prestação de serviços;
Individualizar a prestação de serviços; e
Apoiar os valores e o modo de vida de cada família.
Reconhecer os pontos fortes da família e da criança é o primeiro passo de uma
abordagem centrada na família. Todas as famílias e crianças os têm, mesmo que, por vezes,
pareça o contrário. Esses pontos fortes são mais facilmente identificados quando a família tem
valores e crenças semelhantes aos dos profissionais. Pode ser mais difícil reconhecer esses
aspetos em famílias cujos conhecimentos são mais reduzidos, cujas capacidades e recursos são
limitados e cujos valores diferem dos valores dos profissionais. No entanto, com a informação,
ensino e apoio adequado, estas famílias podem demonstrar as suas capacidades e abordar as
suas prioridades de um modo eficaz. Mesmo antes destas intervenções serem colocadas em
prática, os pontos fortes das famílias menos privilegiadas já são visíveis (McWilliam, 2003a).
A identificação das prioridades da família também é fundamental nestas práticas. As
prioridades da família são aquilo que os pais/tutores consideram importante para o seu filho ou
para a família e, por isso, diferem de famíla para família (McWilliam, 2003b). Este autor afirma
que o objetivo da identificação das prioridades da família é “assegurar que as intervenções
foram concebidas e serão implementadas de forma a ajudar as famílias a conseguirem o que é
importante para elas, e não o que os profissionais julgam ser importante” (p. 14).
II – Revisão da literatura
26
Dado que as prioridades de cada família são únicas, para as satisfazer deve conceber-se
um plano individual de serviços. É da responsabilidade dos profissionais de IP conhecer a
diversidade de serviços e recursos na comunidade e ajudar as famílias a aceder aos que
poderão responder às suas prioridades (Dunst & Trivette, 1994; Shelton & Stepanek, 1994
citado por McWilliam, 2003b). Por cada família ser única, os serviços devem ser concebidos de
forma a assegurar a “melhor opção”, sendo esta decidida pela família (McWilliam, 2003b). Para
Almeida (2000), os serviços de IP podem prevenir atrasos de desenvolvimento, reduzir os efeitos
das condições que levam a alterações do desenvolvimento e reduzir os custos inerentes ao
atendimento de crianças com necessidades especiais.
As prioridades da família estão em constante mudança, ou seja, não são estáticas, o que
significa que os serviços adequados num determinado momento podem não ser adequados no
futuro (próximo ou distante). Conhecer as prioridades da família e ter a certeza de que existe
uma resposta adequada à mudança de prioridades requer o desenvolvimento de uma relação de
confiança e a comunicação constante entre profissionais e pais (McWilliam, 2003b).
Os serviços disponíveis podem ser do tipo formal ou informal. A IP deve prestar serviços
com base nos recursos formais e informais existentes na comunidade (Dunst, 1995 citado por
Serrano & Correia, 1998). Dos serviços formais disponíveis, a IP apresenta-se como meio eficaz
para prestar ajuda à criança e à família (Coutinho, 2000).
A avaliação apresenta-se como um elemento fundamental no processo de atendimento
às crianças e famílias de IP. Para melhor compreender este tema, seguidamente serão
apresentados os modelos e técnicas de avaliação em IP.
1.2 Modelos e técnicas específicas de avaliação em Intervenção Precoce
A avaliação é um processo complexo, indispensável ao atendimento de crianças com
necessidades especiais. Envolve, da parte dos profissionais, um planeamento extensivo,
flexibilidade, conhecimento sobre o desenvolvimento e comportamento humano e capacidade
para trabalhar em colaboração com as famílias. A avaliação serve para detetar, diagnosticar,
planear e monitorizar comportamentos/competências (Hanson & Lynch, 1995).
De acordo com as práticas centradas na família, a avaliação da criança tem como
objetivo principal recolher informação sobre as preocupações e prioridades da família
(McWilliam, 2003c). Segundo este autor, a avaliação permite fornecer à família a informação que
II – Revisão da literatura
27
deseja sobre a criança; sublinhar as capacidades da criança; e assegurar que os pais tomam
decisões informadas no que diz respeito à criança. Com tudo isto, o mesmo autor afirma que a
avaliação deve contribuir para o desenvolvimento de um plano de intervenção adequado.
É possível encontrar na literatura a distinção entre dois conceitos de avaliação:
assessment e evaluation. Por assessment entende-se o processo de recolha de informação sobre
a criança e a família e o estabelecimento de uma linha de ação que envolva o nível de
desenvolvimento da criança e as expetativas da família (Bricker & Pretti-Frontczak, 1997).
Segundo o Zero to Three: National Center for Infants, Toddlers, and Families (2011), este
processo permite identificar as forças e necessidades da criança, os recursos, prioridades e
preocupações da família e os serviços que melhor respondem a todas as necessidades.
Evaluation refere-se ao procedimento para determinar a elegibilidade de uma criança para os
serviços de IP uma vez que determina ou diagnostica um atraso de desenvolvimento, ao mesmo
tempo que desenvolve estratégias para a intervenção (Zero to Three: National Center for Infants,
Toddlers, and Families, 2011). Bricker e Pretti-Frontczak (1997) acrescentam que este conceito
se refere à avaliação dos progressos da criança, ao processo de comparação entre o
desempenho da criança antes e depois da intervenção e à comparação entre os resultados da
intervenção e as expectativas estabelecidas pela família.
A avaliação em IP envolve a presença dos dois conceitos descritos anteriormente.
Durante a avaliação em IP é necessária uma recolha de informação considerando todos os
contextos em que a criança se desenvolve, as interações familiares e sociais que estabelece,
bem como as necessidades e preocupações da família – assessment. Em simultâneo, é
fundamental avaliar os progressos da criança e a concretização dos objetivos da intervenção,
refletir sobre as práticas desenvolvidas, reformular novos objetivos e readequar as estratégias
utilizadas – evaluation (Bricker & Pretti-Frontczak, 1997).
A avaliação em IP é um processo colaborativo, que deve ser encarado como a primeira
etapa do processo de intervenção, permitindo identificar as competências e forças da criança e
da família (Meisels & Atkins-Burnett, 2000). Segundo estes autores, a avaliação envolve
múltiplas fontes de informação e múltiplos componentes. Existem dois tipos de instrumentos
para recolha de informação: os instrumentos de avaliação formal e os instrumentos de avaliação
informal (Zero to Three: National Center for Infants, Toddlers, and Families, 2011).
Os instrumentos de avaliação formal permitem recolher medidas quantitativas do
desempenho da criança (Brown & Bortoli, 2010), as quais são comparadas com valores padrão.
II – Revisão da literatura
28
Estes instrumentos permitem o diagnóstico, a elegibilidade para os serviços de IP e a definição
de programas de intervenção (Brown & Bortoli, 2010; Hanson & Lynch, 1995) e a sua utilização
em IP é bastante habitual (McWilliam, 2003c). Nestes instrumentos estão incluídos os testes,
checklists, baterias e currículos de avaliação (Zero to Three: National Center for Infants,
Toddlers, and Families, 2011). Os instrumentos de avaliação formal podem ser de referência à
norma ou de referência a critério.
Os instrumentos de referência à norma são usados para comparar o desempenho da
criança com o grupo normativo (Taylor, 1993; Zero to Three: National Center for Infants,
Toddlers, and Families, 2011). Estes instrumentos são, geralmente, usados para determinar a
elegibilidade da criança e os objetivos gerais de intervenção (Taylor, 1993). De modo geral, os
resultados destes instrumentos são apresentados em forma de idade de desenvolvimento, QI’s
ou percentis (Zero to Three: National Center for Infants, Toddlers, and Families, 2011).
Os instrumentos de referência a critério são usados para determinar forças e
dificuldades da criança (Taylor, 1993). Estes instrumentos focam-se nas competências da
criança, não fazendo uma comparação com um grupo normativo. O comportamento a avaliar é
medido em relação à própria criança (Zero to Three: National Center for Infants, Toddlers, and
Families, 2011).
Os instrumentos de avaliação informal permitem recolher informação sobre o
desempenho da criança relativamente às condições do envolvimento. Para planear atividades
diárias e determinar as prioridades e preocupações da família, estes instrumentos são mais
apropriados do que os de avaliação formal (Hanson & Lynch, 1995). Nos instrumentos de
avaliação informal estão incluídas as entrevistas aos pais e prestadores de cuidados e as
observações informais da criança nas suas rotinas diárias (Zero to Three: National Center for
Infants, Toddlers, and Families, 2011). .
A Equitação Terapêutica apresenta-se como um serviço de IP uma vez que é um dos
recursos disponíveis para responder às prioridades e necessidades das famílias e das suas
crianças. Assim, para melhor compreender este serviço e qual o impacto que poderá ter nas
crianças com necessidades especiais, de seguida será abordado este tema.
2. Equitação Terapêutica
À semelhança do que acontece com outras áreas, quando se trabalha em Equitação
Terapêutica é importante compreender em que consiste e de que forma deve ser implementada.
II – Revisão da literatura
29
Esta preocupação aumenta se se considerar que é uma área, ainda, pouco explorada, o que
implica que quer alguns profissionais, quer as famílias, ainda tenham muitas dúvidas e pouco
conhecimento sobre a mesma. Assim, será feita uma descrição da Equitação Terapêutica, com
base na sua definição, objetivos, caraterísticas, benefícios e nos modelos de intervenção que
estão, atualmente, em vigor.
2.1 Definição
A Equitação com Fins Terapêuticos pode ser compreendida como um método
terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas
áreas da saúde, educação e equitação, promovendo o desenvolvimento biopsicossocial de
pessoas com necessidades especiais (Dotti, 2005; Uzun, 2005 citado por Faria & Santos,
2007). Este método baseia-se na prática de atividades equestres e técnicas de equitação
(Lermontov, 2004).
A prática da Equitação com Fins Terapêuticos tem vindo a difundir-se cada vez mais,
devido, principalmente, ao seu objetivo de estimular o indivíduo como um todo, favorecendo as
funções neuromotoras, cognitivas e psicossociais (Espindula, 2008).
A Equitação com Fins Terapêuticos destina-se a crianças, adolescentes e adultos
(Gavarini, 1995 citado por Lermontov, 2004) com dificuldades ao nível motor, cognitivo, social,
psicomotor ou da linguagem (Dotti, 2005; Lermontov, 2004).
A Equitação Terapêutica é umas das valências da Equitação com Fins Terapêuticos,
distinguindo-se das restantes pelos objectivos, profissionais responsáveis e formas de atuação
(Federation of Riding for the Disabled International [FRDI], 2006). Mais à frente serão explicadas
as valências da Equitação com Fins Terapêuticos e a forma como a Equitação Terapêutica se
distingue das restantes.
Existem três modelos de intervenção, nos quais assentam as práticas atuais de
Equitação com Fins Terapêuticos: o modelo alemão, o modelo norte-americano e o modelo
brasileiro. Estes modelos serão descritos de seguida, como forma de compreender como se
processa a intervenção nesta área.
II – Revisão da literatura
30
2.2 Modelos 2.2.1 Modelo alemão
Criado em 1970, este modelo foi aprovado em 1982, em Hamburgo (FRDI, 2006),
passando a ser referenciado tanto na Europa como na América (Leitão, 2008). Este modelo vem
salientar a vertente tecnicocientífica e contemplar três áreas distintas (saúde, educação e
desporto), as quais se refletem na existência de três valências (Leitão, 2008):
• Hipoterapia Clássica – refere-se, essencialmente, a uma forma passiva de
Equitação com Fins Terapêuticos, onde o cavaleiro recebe os estímulos provenientes do
movimento tridimensional do passo do cavalo (Kuprian, 1989 citado por Leitão, 2008). Esta
valência centra-se na recuperação de competências que permitam a reintegração do indivíduo no
trabalho e vida social e, por isso, está ligada à área da medicina física e reabilitação (Leitão,
2008). Assim sendo, a Hipoterapia Clássica deve ser encarada como um procedimento médico,
desenvolvido por uma equipa interdisciplinar de técnicos de saúde, onde o fisiatra supervisiona
cada intervenção (Kuprian, 1989 citado por Leitão, 2008);
• Equitação Psico-Educacional – de acordo com Kroger (1989), esta valência surge
para dar resposta a crianças com perturbações ao nível do comportamento. Este autor
aconselha a sua prática com base na proposta psicoterapêutica não-directiva de filiação
existencial, de Carl Rogers, onde se dá importância à qualidade da relação estabelecida e se
confia na capacidade de autodireção do indivíduo. Como tal, o autor refere que, durante a
sessão, o terapeuta raramente deve corrigir o comportamento da criança uma vez que as
reações do cavalo facilitam, de imediato, o insight necessário para que isso aconteça.
Os objetivos desta valência, baseados nas necessidades de cada cavaleiro, são de
natureza psicológica e/ou educacional. O cavaleiro adquire experiência através dos três
andamentos do cavalo: passo, trote e galope (Leitão, 2004). Pode ser praticada em grupo ou de
forma individual (Kroger, 2000).
Trabalha-se em equipa interdisciplinar, com profissionais da área da saúde, educação e
equitação (é fundamental uma ligação com o instrutor de equitação), onde os exercícios de
equitação desportiva dita normal são transformados de forma a promover o desenvolvimento, o
bem-estar, a autoestima, a confiança, a atenção, a concentração, a tolerância à frustração, a
iniciativa, o autocontrolo, entre outros (Leitão, 2008);
II – Revisão da literatura
31
• Equitação Desportiva/Recreativa Adaptada – embora o desporto e o exercício
físico sejam reconhecidos desde a antiguidade clássica, só no século XX a medicina do desporto
assumiu preocupações científicas relativamente a esta valência (Heipertz, 1989 citado por
Leitão, 2008). Nesta valência, desenvolvem-se competências equestres em populações com
necessidades especiais, utilizando-se o passo, trote e galope, em atividades de grupo ou
individuais (Leitão, 2008). Desta forma, o foco de intervenção não são as necessidades do
cavaleiro (Heipertz, 1989 citado por Leitão, 2008) mas sim as componentes ligadas ao desporto,
como o prazer de montar a cavalo, a melhoria ou manutenção da forma física, o aumento da
autoestima e a competição (FRDI, 2006).
2.2.2 Modelo norte-americano
Nos Estados Unidos, as primeiras décadas da Equitação com Fins Terapêuticos foram
caraterizadas por entusiasmo, crença, dedicação e devoção, assentes num corpo teórico e
prático, mal estruturado e cheio de limitações (Leitão, 2008). A sua prática baseava-se
essencialmente na vertente recreativa e desportiva e não na vertente terapêutica (Spink, 2000).
No século XX, nos finais da década de 70, vários fisioterapeutas estudaram a Hipoterapia do
modelo alemão e começaram a encarar a Equitação com Fins Terapêuticos enquanto matéria
científica (Erik, 2002). Assim, tornou-se imperativo, nos Estados Unidos, a exigência de
programas certificados no uso do cavalo para fins médicos, psicomotores e educativos e a
necessidade de credibilidade e de investigações científicas centradas na aplicação terapêutica do
cavalo (Spink, 2000). O modelo foi ajustado a estas novas realidades, surgindo a Terapia
Assistida por Equinos, que abrange um largo conjunto de atividades, conduzidas quer com o
cavaleiro montado, quer apeado, ou seja, no chão (Heine & Schulz, 2006). Esta abordagem,
holística e interdisciplinar, tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas com
necessidades especiais, trabalhando aspetos físicos, psicológicos, educacionais e sociais (Leitão,
2008).
Este modelo insere duas valências:
• Hipoterapia Americana – adota métodos de tratamento mais ativos do que a
Hipoterapia Clássica, do modelo alemão, e abrange um maior número de profissionais (Erik,
2002);
• Equitação Terapêutica Desenvolvimental – é uma atividade individual ou de
pares que consiste numa perspetiva holística do cavaleiro, utilizando um método de tratamento,
II – Revisão da literatura
32
simultaneamente, físico e psicológico. Existe a preocupação com o desenvolvimento das relações
entre o cavaleiro, o terapeuta e o cavalo. O ensino seletivo de competências equestres é um
objetivo desta intervenção, onde o terapeuta deve demonstrar um julgamento clínico rigoroso,
uma formação superior (na área da saúde ou educação) e um grande passado equestre (Erik,
2002; Heine, 2000; Spink, 2000).
A Equitação Terapêutica Desenvolvimental pode ser encarada de duas formas: como
complemento à Hipoterapia ou uma fase de transição necessária entre a Hipoterapia e o
trabalho de grupo que carateriza a Equitação Psicoeducacional e a Equitação
Desportiva/Recreativa Adaptada (Spink, 2000).
2.2.3 Modelo brasileiro
Este modelo tem uma forte influência dos trabalhos feitos na Europa, nomeadamente
em França e Itália. Atualmente, denomina-se por Equoterapia a conceção brasileira, a qual se
divide em quatro valências (Associação Nacional de Equoterapia - Brasil [ANDE-BRASIL], 2006):
• Hipoterapia – o cavalo é utilizado como instrumento cinesioterapêutico. Esta
valência é, essencialmente, da área da reabilitação e trabalha com pessoas com necessidades
especiais, quer físicas, quer cognitivas. Não existe aprendizagem de competências equestres e o
trabalho é realizado por profissionais da área da saúde;
• Educação/Reeducação – o cavalo é utilizado como instrumento pedagógico. Esta
valência é utilizada tanto na área da reabilitação como na educação. Os cavaleiros que já
apresentam alguma autonomia a cavalo, iniciam a aprendizagem de competências equestres,
utilizando o passo do cavalo;
• Pré-desportivo – o cavalo é utilizado como promotor da realidade social. Esta
valência pode ser utilizada tanto na área da reabilitação como na educação. As atividades
desenvolvidas, geralmente em grupo, têm o objetivo de organizar o espaço e o tempo e preparar
para a inserção na sociedade. Os cavaleiros começam a utilizar o trote e o galope, conduzindo o
cavalo de forma mais autónoma. O profissional de equitação começa a desempenhar um papel
mais evidente, com a participação de profissionais da área da saúde e educação;
• Desportivo – o cavalo é utilizado como promotor da inserção social, prazer pelo
desporto e competição, melhoria do bem-estar e da qualidade de vida. Esta valência também é
utilizada na reabilitação e educação. O cavaleiro já apresenta autonomia a cavalo, podendo
II – Revisão da literatura
33
participar em competições. Ainda que os profissionais de saúde e educação tenham de dar
algumas orientações, é o profissional de equitação que desempenha o papel principal.
2.2.4 Modelo utilizado em Portugal
Em Portugal, utiliza-se o modelo da FRDI (2006), que conjuga aspetos dos três modelos
anteriormente explicados. A Equitação com Fins Terapêuticos é a área da equitação que alia a
equitação clássica com os fundamentos teóricos da reabilitação. É considerada uma terapia
complementar uma vez que completa as terapias tradicionais (e.g. fisioterapia, terapia
ocupacional, terapia da fala) em vez de substituí-las. Segundo a FRDI (2006), a Equitação com
Fins Terapêuticos divide-se em três grandes valências, cada uma com caraterísticas muito
específicas relativamente ao cavaleiro, objetivos, profissional responsável e formas de atuação.
Essas três valências são seguidamente descritas, de acordo com a FRDI (2006):
• Hipoterapia – é uma abordagem de orientação clínica, contemplando
exclusivamente objetivos neuromotores. Os profissionais envolvidos são da área da saúde. O
cavaleiro frequenta esta valência quando existe uma patologia neurológica e/ou motora. Nesta
valência pode utilizar-se o backriding, que consiste numa técnica em que o terapeuta monta o
cavalo atrás do cavaleiro e destina-se a indivíduos com pouco, ou nenhum, controlo de cabeça
e/ou problemas de equilíbrio. O andamento utilizado é o passo;
• Equitação Terapêutica/Educacional e Volteio – nesta valência os objetivos são
psicomotores e direcionam-se para necessidades específicas na área educacional, psicológica ou
cognitiva: dificuldade intelectual e desenvolvimental, perturbações do espetro do autismo,
perturbação da hiperatividade e défice de atenção, patologias psiquiátricas, problemas de
comportamento, entre outros. Nesta valência o cavaleiro já apresenta alguma autonomia a
cavalo, começando a aprender algumas competências equestres. São utilizadas atividades
pedagógicas, exercícios equestres e tarefas ligadas ao maneio do cavalo para se alcançar os
objetivos. Consoante estes objetivos, o profissional responsável é da área da saúde, educação ou
equitação. Os andamentos utilizados são o passo, trote e galope;
• Equitação Desportiva Adaptada – os objetivos são de natureza desportiva,
competitiva ou de lazer e, por este motivo, o profissional responsável é o monitor de equitação.
Nesta valência não são contemplados objetivos terapêuticos. O cavaleiro apresenta total
autonomia a cavalo e os andamentos utilizados são o passo, trote e galope.
II – Revisão da literatura
34
Apesar das diferenças que existem entre os vários modelos de intervenção, há um
elemento comum a todos eles: o cavalo. Os motivos que levam ao uso do cavalo como agente
terapêutico são universais e, por isso, serão descritos para uma melhor compreensão sobre este
tema.
2.3 O cavalo como agente terapêutico
O cavalo é um mamífero, herbívoro, não agressivo que vive em manada, o que lhe dá
segurança e permite um relacionamento afetivo (Lermontov, 2004). O primeiro encontro entre o
Homem e o cavalo ocorreu no período paleolítico. Desde essa época, este animal tem
apresentado um papel importante na vida do Homem, acompanhando-o na paz, na guerra, na
caça, nas atividades de recreação, na agricultura, nos transportes e no desporto (Sevestre &
Rosier, 1983 citado por Leitão, 2008). Por este motivo, o Homem e o cavalo estabeleceram um
vínculo com sentido educativo, pedagógico, terapêutico e recreativo/desportivo (Freire, 1999
citado por Leitão, 2008).
No que diz respeito à vertente terapêutica, o cavalo é considerado como um elemento
facilitador (Nascimento, 2006 citado por Campos, 2007).
Ainda que o pareça, o cavalo nunca está totalmente parado, o que permite transmitir ao
cavaleiro inúmeros movimentos: a troca de apoios das patas, o deslocamento da cabeça ao
olhar para os lados, as flexões da coluna, os movimentos do pescoço, entre outros. Todos eles
implicam no cavaleiro um ajuste tónico, com o objetivo de responder aos desequilíbrios
provocados por esses movimentos (Lermontov, 2004).
Outra forma do cavaleiro receber estímulos do cavalo é através dos seus andamentos e
estes constituem uma das razões pelas quais o cavalo é utilizado em terapia. O cavalo tem três
tipo de andamentos, ou sejas, três formas de deslocamento: passo, trote e galope. Os estímulos
transmitidos ao cavaleiro, bem como o seu impacto, diferem entre os três andamentos. Segundo
Miranda (2000), a adaptação do cavaleiro a estes estímulos é feita através de movimentos
reflexos e voluntários.
Embora o passo seja o andamento mais utilizado na prática da Equitação Terapêutica,
todos os andamentos apresentam caraterísticas que podem vir a beneficiar as sessões. Desta
forma, seguidamente serão descritos os três andamentos.
II – Revisão da literatura
35
2.3.1 Passo
Em Equitação Terapêutica, o passo é o andamento mais utilizado (Lallery, 1992 citado
por Lermontov, 2004; Strauss, 1995). Por este motivo, este será o andamento analisado com
maior detalhe.
O passo é um andamento simétrico, marchado e basculado, a quatro tempos
(Lermontov, 2004; Miranda, 2000; Strauss, 1995).
Este andamento é um movimento simétrico uma vez que os movimentos de um lado do
cavalo são iguais e simétricos aos que ocorrem no outro lado, em relação ao seu eixo
longitudinal (Lermontov, 2004; Wickert, 1995).
O passo é um andamento marchado, ou rolado, dado que existe sempre, no mínimo,
um membro em contacto com o solo, o que faz com que não exista tempo de suspensão
(Wickert, 1995).
Os amplos movimentos do pescoço fazem com que o passo seja um andamento
basculado (Lermontov, 2004).
O passo é um andamento a quatro tempos (Lermontov, 2004; Miranda, 2000; Strauss,
1995) uma vez que, para cada passada completa, existem quatro batidas bem definidas (The
British Horse Society & The Pony Club, 1998). Segundo estes autores, a sequência dos apoios,
em cada passada completa, é: 1) posterior esquerdo, 2) anterior esquerdo, 3) posterior direito, e
4) anterior direito (figura 2). Durante esta sequência o cavalo tem sempre dois ou três membros
apoiados em simultâneo (Davis, 2008). Cada passo completo do cavalo apresenta padrões
semelhantes aos da marcha humana (Lermontov, 2004). Isto permite que os cavaleiros que
ainda não adquiriam a marcha experienciem esta competência.
Figura 2. Sequência dos apoios no passo (Equisport, 2000, janeiro)
II – Revisão da literatura
36
O passo do cavalo é considerado um movimento tridimensional, do qual se retiram
muitos dos benefícios do uso deste animal como agente terapêutico (Freire, 1999 citado por
Alves, 2009). O cavaleiro recebe estímulos provenientes de três forças distintas: uma força de
cima para baixo (plano vertical), uma força lateral alternada (plano horizontal/eixo transversal) e
uma força sobre o plano posteroanterior (plano horizontal/eixo longitudinal). Isto leva a que o
corpo do cavaleiro se sujeite a movimentos verticais, laterais e horizontais, respetivamente. A
junção destes três movimentos exige do cavaleiro uma contração e descontração, em
simultâneo, dos músculos agonistas e antagonistas. Isto permite um ajuste tónico para
manutenção da postura e equilíbrio. A estes movimentos associa-se um quarto: a rotação da
anca do cavaleiro (Lermontov, 2004; Strauss, 1995). Embora o movimento tridimensional seja
um elemento comum ao passo de todos os cavalos, Miranda (2000) e Strauss (1995) alertam
para as diferenças que existem entre os cavalos. Segundo estes autores, a qualidade dos
impulsos transmitidos ao cavaleiro depende da sua fisiologia, ritmo, velocidade e direção do
movimento.
2.3.2 Trote
O trote é o segundo andamento do cavalo. Embora seja utilizado apenas em raras
exceções na Hipoterapia (Strauss, 1995), faz parte de sessões de Equitação Terapêutica e
Equitação Adaptada com maior frequência.
O trote é um andamento simétrico, saltado, a dois tempos (Lermontov, 2004; Strauss,
1995).
À semelhança do passo, o trote é um andamento simétrico uma vez que os movimentos
do cavalo, em relação ao eixo longitudinal, são iguais e simétricos (Lermontov, 2004; Wickert,
1995).
O trote é um andamento saltado porque existe um tempo de suspensão, no qual os seus
membros não estão em contacto com o solo. Esta caraterística faz com que seja um movimento
que implica maior esforço e movimentos mais rápidos por parte do cavaleiro (Wickert, 1995).
O trote é um andamento a dois tempos (Davis, 2008; Lermontov, 2004) uma vez que o cavalo
alterna de uma diagonal para a outra, marcando duas batidas (The British Horse Society & The
Pony Club, 1998). Uma diagonal é o apoio de um membro posterior e do membro anterior
oposto, ou seja, existem duas diagonais: 1) posterior esquerdo em simultâneo com anterior
II – Revisão da literatura
37
direito, e 2) posterior direito em simultâneo com anterior esquerdo. A sequência dos apoios de
um ciclo completo de trote é (figura 3): 1) posterior esquerdo simultaneamente com o anterior
direito, suspensão, e 2) posterior direito simultanemente com o anterior esquerdo (The British
Horse Society & The Pony Club, 1998).
Figura 3. Sequência dos apoios no trote (Equisport, 2000, fevereiro)
2.3.3 Galope
O galope é o terceiro andamento do cavalo. Embora não seja utilizado em Hipoterapia,
pode fazer parte de sessões de Equitação Terapêutica e Equitação Adaptada uma vez que
implica um melhor desempenho do cavaleiro (Strauss, 1995).
O galope é um movimento assimétrico, saltado e basculado, a três tempos (Lermontov,
2004).
Contrariamente ao passo e trote, o galope é um andamento assimétrico uma vez que os
movimentos em relação ao eixo longitudinal do cavalo não são iguais e simétricos (Lermontov,
2004; Wickert, 1995).
À semelhança do trote, o galope é um andamento saltado uma vez que existe um tempo
de suspensão, no qual os seus membros não estão em contacto com o solo (Wickert, 1995).
Os amplos movimentos do pescoço tornam o galope num andamento basculado
(Lermontov, 2004).
O galope é um andamento a três tempos uma vez que em cada ciclo completo existem
três batidas. No fim do ciclo completo, existe um tempo de suspensão, no qual o cavalo não está
apoiado em nenhum membro (Lermontov, 2004; The British Horse Society & The Pony Club,
1998). A sequência de apoios, para cada ciclo, varia consoante se considere o galope para a
mão direita ou para a mão esquerda.
II – Revisão da literatura
38
No galope para a mão direita, a sequência é (figura 4): 1) posterior esquerdo 2) posterior
direito em simultâneo com o anterior esquerdo e 3) anterior direito (figura 4). No galope para a
mão esquerda, a sequência dos apoios é: 1) posterior direito, 2) anterior direito em simultâneo
com o posterior esquerdo, e 3) anterior esquerdo (The British Horse Society & The Pony Club,
1998).
Figura 4. Sequência dos apoios no galope (Equisport, 2000, março)
Todas as caraterísticas do cavalo, acima mencionadas, permitem obter vários benefícios
no cavaleiro, durante a prática de Equitação Terapêutica. Torna-se, por isso, importante
descrever esses benefícios.
2.4 Benefícios
A Equitação Terapêutica é encarada por vários profissionais e famílias como uma terapia
que promove o desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos, quer sejam crianças, jovens ou
adultos. Embora seja uma área que ainda carece de investigação, alguns estudos internacionais
comprovam a existência de vários benefícios ligados a esta prática. Dotti (2005) apresenta a
Equitação Terapêutica como um serviço de Educação Especial que promove benefícios motores,
emocionais, cognitivos, da linguagem e sociais. A estes podem acrescentar-se benefícios
psicomotores (Lermontov, 2004) e comportamentais (Leitão, 2004).
A Equitação Terapêutica proporciona uma adequação do tónus muscular (Lermontov,
2004). Segundo o autor, a diminuição do tónus muscular consegue-se através do movimento do
passo do cavalo e do calor do seu corpo. O trote permite o aumento do tónus muscular. Estes
benefícios são muito importantes uma vez que a tonicidade é considerada um alicerce da
psicomotricidade (Fonseca, 2010). A Equitação Terapêutica também permite trabalhar a
II – Revisão da literatura
39
extensibilidade dos membros, elemento que carateriza a tonicidade (Fonseca, 2010), na medida
que em montar a cavalo estimula o alongamento e a flexibilidade de diversos grupos
musculares: adutores e abdutores da coxa, flexores da perna, abdominais e músculos das costas
(Lermontov, 2004).
A Equitação Terapêutica tem influência na equilibração, elemento fundamental na
organização psicomotora (Fonseca, 2010), uma vez que, como referem vários autores, aumenta
o nível do desempenho do cavaleiro no equilíbrio (Alves, 2009; Dotti, 2005; Hammer, Nilsagard,
Forsberg, Pepa, Skargren, & Oberg, 2005; Lermontov, 2004). Segundo Yack, Bartels, Irlmeier,
Lehan, Voyles, Haladay e Daly (1997), os aumentos ao nível do desempenho ocorrem no
equilíbrio estático e dinâmico, de olhos abertos e fechados.
A postura do cavaleiro melhora significativamente com a prática de Equitação
Terapêutica uma vez que o movimento do cavalo permite ao cavaleiro adquirir padrões de
movimentos de controlo da postura (Haehl, 1994 citado por Lermontov, 2004). Este processo é
auxiliado pelos estímulos que são enviados aos sistemas propriocetivos, vestibular e
sensoriomotor do cavaleiro (Lermontov, 2004). O movimento do cavalo estimula o controlo do
tronco e da cabeça, através de reações de equilíbrio e de endireitamento (Peniche & Frazão,
2002 citado por Alves, 2009; Shurtleff & Engsberg, 2010), o que também se apresenta como
fator importante na melhoria da postura. Aliado a isto, é possível verificar que a Equitação
Terapêutica promove a simetria muscular do tronco e da anca (Snider, Korner-Bitensky,
Kammann, Warner, & Saleh, 2007).
De acordo com Lallery (1988) citado por Alves (2009), as informações propriocetivas
provocam uma nova perceção corporal, que permite a criação de novos esquemas motores, o
que permite afirmar que a Equitação Terapêutica é uma técnica particularmente interessante de
reeducação neuromuscular (Alves, 2009).
A Equitação Terapêutica promove o desenvolvimento da praxia global – andar, correr e
saltar (Snider et al., 2007; Winchester, Kendall, Peters, Sears, & Winkley, 2002). Num estudo
realizado em 2007, por Hamill, Washington e White, foi feita uma avaliação relativamente à
intervenção em Equitação Terapêutica, com a qual se concluiu que os pais avaliam
positivamente esta terapia quanto à melhoria da função motora dos seus filhos. Existe, portanto,
um aumento da mobilidade nas crianças que usufruem de Equitação Terapêutica, evidente
perante a opinião dos pais.
II – Revisão da literatura
40
A coordenação motora é outro dos benefícios referidos por vários autores. Dotti (2005)
afirma que vários indivíduos com trissomia 21, esclerose múltipla ou perturbações do espetro do
autismo melhoram a coordenação motora através dos movimentos rítmicos do cavalo. Os
movimentos combinados entre os membros superiores, tronco e os membros inferiores também
melhoram a coordenação motora (Lermontov, 2004). Leitão (2004) acrescenta que a prática de
Equitação Terapêutica permite que os cavaleiros aumentem o seu nível de autosuficiência em
tarefas que requerem a coordenação das duas mãos. O autor também refere uma melhor
adequação da velocidade dos movimentos, agilidade e força.
A noção do corpo é um dos fatores que constitui o sistema psicomotor humano
(Fonseca, 2010). Alguns autores referem que a Equitação Terapêutica desenvolve este fator
psicomotor uma vez que melhora a organização do esquema corporal (Dotti, 2005) e a
consciencialização corporal, através da estimulação dos diversos sistemas sensoriais
(Lermontov, 2004; Medeiros & Dias, s.d. citado por Alves, 2009).
Através de atividades propostas para este fim, esta terapia facilita a orientação espacial e
desenvolve a estruturação temporal (Dotti, 2005) e rítmica (Lermontov, 2004), elementos da
estruturação espaciotemporal, que constitui outro fator psicomotor (Fonseca, 2010).
A perceção é outra área que melhora com a prática de Equitação Terapêutica. Espindula
(2008) refere evoluções no desempenho da perceção auditiva, temporal, espacial e tátil e, ainda,
no desenvolvimento percetivo.
Outro benefício da Equitação Terapêutica é o estímulo da memória, atenção e
concentração. Por meio de atividades, é possível melhorar a memória visual, auditiva e
cinestésica, a atenção visual e auditiva e a concentração (Dotti, 2005; Lermontov, 2004).
É possível afirmar que a Equitação Terapêutica, através de atividades propostas pelos
profissionais, permite melhorar a lateralidade, a associação de ideias, a noção de figura fundo, o
raciocínio lógico, a organização do pensamento (Lermontov, 2004) e a capacidade de resolução
de problemas (Dotti, 2005). Este autor refere, ainda, que pode ser utilizada para implementar
objetivos educacionais para crianças com necessidades especiais. Leitão (2004) descreve um
aumento na capacidade de imitação motora e da idade de desenvolvimento dos cavaleiros.
Outra área do desenvolvimento que beneficia com esta prática é a comunicação e
linguagem (Meregillano, 2004 citado por Alves, 2009). Segundo Dotti (2005), a Equitação
Terapêutica proporciona oportunidades de comunicação que se revelam importantes para o
desenvolvimento destas competências. O movimento tridimensional do passo do cavalo
II – Revisão da literatura
41
influencia os músculos responsáveis pela fala, ou seja, influencia os músculos da cavidade oral,
as pregas vocais, os músculos da laringe e os músculos da respiração (Lermontov, 2004).
O desenvolvimento emocional dos cavaleiros também retira benefícios desta prática.
Dotti (2005) e Lermontov (2004) defendem que a Equitação Terapêutica promove uma sensação
generalizada de bem-estar no cavaleiro, pelo facto de ser realizada num ambiente natural, longe
de hospitais e clínicas.
A Equitação Terapêutica aumenta a autoestima e a autoconfiança dos cavaleiros ao
longo das várias sessões de intervenção (Dotti, 2005; Espindula, 2008; Leitão, 2004). Isto
acontece uma vez que o cavaleiro realiza atividades com habilidades progressivamente mais
avançadas e começa a ter controlo sobre um animal grande e forte (Lermontov, 2004).
Dotti (2005) refere que a Equitação Terapêutica promove a espontaneidade e expressão
das emoções, a diminuição da ansiedade, solidão e sensação de dor e o aumento da sensação
de relaxamento, alegria e prazer. Em crianças com perturbações do espetro do autismo, a área
do relacionamento e afeto também melhora com esta prática (Leitão, 2004).
Outra área do desenvolvimento dos cavaleiros que beneficia com a prática de Equitação
Terapêutica é a área social (Meregillano, 2004 citado por Alves, 2009). O cavaleiro melhora ao
nível da socialização (Dotti, 2005), principalmente devido ao aumento da interação social, que
ocorre quer com a equipa, quer com os seus pares (MacKinnon & Ferreira, 2002). Este aspeto
faz com que o sentido de convivência e a cooperação aumentem no cavaleiro enquanto existe
uma redução do isolamento e do sentimento de solidão (Dotti, 2005). Assim, os praticantes de
Equitação Terapêutica evidenciam um prazer crescente na interação (Leitão, 2004) e maior
facilidade na construção de amizades (Lermontov, 2004).
O comportamento dos cavaleiros também se modifica perante esta prática (Meregillano,
2004 citado por Alves, 2009). É possível afirmar que existe uma tendência para que os
comportamentos agressivos, desorganizados, instáveis e de grande agitação diminuam,
principalmente enquanto o cavaleiro está montado a cavalo. O cavalo parece ser um organizador
do comportamento (Leitão, 2004).
Durante as sessões de Equitação Terapêutica, são estimulados os sistemas visual, oral,
auditivo, tátil, propriocetivo e vestibular do cavaleiro. A visão que o cavaleiro tem quando está
montado a cavalo confere uma noção diferente do mundo. Este sentido também é utilizado para
a realização das várias atividades propostas pelo profissional. Em simultâneo, os vários sons,
cheiros e texturas presentes no picadeiro estimulam a audição, o olfato e o tato, respetivamente.
II – Revisão da literatura
42
O sistema vestibular é estimulado pelos movimentos do cavalo, pelas mudanças de direção e de
posicionamentos a cavalo e pela velocidade dos andamentos do cavalo (Lermontov, 2004).
É importante salientar que todos os benefícios descritos anteriormente variam de acordo
com a fase de desenvolvimento de cada cavaleiro (Espindula, 2008). Não se pode esquecer que
cada cavaleiro é único e, por este motivo, os benefícios retirados da Equitação Terapêutica
diferem entre cavaleiros.
Considerando todos os benefícios já referidos, é possível concluir que esta prática é
indicada para alguns tipos de problemas. Lermontov (2004) refere que a Equitação Terapêutica
é indicada em casos de: i) problemas ortopédicos – dismorfismos esqueléticos, problemas
posturais (cifose, lordose, escoliose), doenças do crescimento, malformações, amputações,
artroses, lombalgia, dorsalgia ou cervicalgia e subluxações de ombro ou anca; ii) problemas
neuromusculares – poliomelite, encefalopatia crónica de infância, sequelas de traumatismo
cranioencefálico, hemiplegia, paraplegia, tetraplegia, spina bífida, doença de Parkinson, acidente
vascular cerebral, lesões medulares, hidrocefalia, macrocefalia e microcefalia; iii) problemas
cardiovasculares e respiratórias – cardiopatias, doenças respiratórias e problemas de circulação;
e iv) outros problemas – dificuldade intelectual e desenvolvimental, distúrbios
comportamentais/sociais, problemas sensoriais, dificuldades de aprendizagem específicas,
problemas de linguagem, fala e comunicação, distúrbios emocionais e atraso do
desenvolvimento.
Ainda que todas estas situações sejam indicadas para a prática de Equitação
Terapêutica, é fundamental a avaliação de contraindicações, as quais serão seguidamente
descritas.
2.5 Contraindicações
A prática da Equitação Terapêutica, apesar de todos os benefícios referidos
anteriormente, não é indicada para todas as crianças. Assim, no processo de avaliação para o
início desta prática, é indispensável uma avaliação médica que exclua a existência de
contraindicações (Strauss, 1995). Estas contraindicações são situações que comprometem a
saúde do cavaleiro durante e/ou após a prática.
Strauss (1995) refere a instabilidade ligamentar das primeiras vértebras cervicais (atlas-
axis), a insuficiência cardíaca e as alergias ao cavalo e/ou ao ambiente do picadeiro como
contraindicações para esta prática. A estes aspetos, Lermontov (2004) veio acrescentar que
II – Revisão da literatura
43
também são contraindicações os seguintes problemas: epilepsia não controlada; instabilidades
da coluna vertebral; luxações de ombro ou anca; escoliose de grau superior a 30; hidrocefalia
com válvula; processos artríticos em fase aguda; úlceras de decúbito na região pélvica ou nos
membros inferiores; patologias da medula com o desaparecimento da sensibilidade nos
membros inferiores e pacientes com comportamento autodestrutivo.
Há ainda que considerar a existência de problemas de respiração, doenças
transmissíveis entre pessoas e animais (zoonoses) e feridas abertas (Dotti, 2005).
Do ponto de vista psicológico, Nascimento (2006) citado por Campos (2007) refere que
são contraindicadas situações em que o cavaleiro apresenta: medos e fobias, relacionados com
o cavalo ou com o ambiente do picadeiro, em grau muito acentuado; problemas de
comportamento que constituam risco para si e para os elementos da equipa; e graves distúrbios
psiquiátricos.
É importante referir que a existência de alguma contraindicação não exclui
indiscutivelmente a prática da Equitação Terapêutica. Com um controlo rigoroso por parte da
equipa transdisciplinar, alguns casos podem praticar esta disciplina, o que deve ser analisado
caso a caso (Lermontov, 2004).
O planeamento das sessões de Equitação Terapêutica é a última etapa a realizar pela
equipa uma vez que, para isso, é necessário ter em consideração todos os aspetos
anteriormente referidos. Este planeamento requer uma atenção especial a alguns aspetos, pelo
que será apresentada a forma como deve ser feito.
2.6 Planeamento da sessão
As sessões de Equitação Terapêutica devem ser planeadas de acordo com as
caraterísticas de cada cavaleiro, tendo em conta os objetivos que se pretende alcançar. Assim, o
plano de sessão deve ser individualizado, com vista ao desenvolvimento biopsicossocial de cada
cavaleiro. Para a elaboração deste plano, é necessário fazer uma avaliação inicial do cavaleiro, a
qual permite definir objetivos de intervenção. Com base nesses objetivos e nas caraterísticas do
cavaleiro, deve proceder-se à definição das atividades e posicionamentos a cavalo e à escolha do
cavalo e dos arreios a utilizar (Alves, 2009).
II – Revisão da literatura
44
O primeiro passo a dar é recolher a autorização médica para esta prática ao mesmo
tempo que é feita uma avaliação pela equipa de Equitação Terapêutica (Alves, 2009), com o
objetivo de despistar a existência de alguma contraindicação.
Depois de realizada a avaliação inicial, a equipa, em conjunto com a família, define os
objetivos terapêuticos específicos que irão ser trabalhos ao longo da intervenção, através de
atividades definidas no plano de sessão (Benjamin, 2000 citado por Shurtleff & Engsberg, 2010).
Quando os objetivos são elaborados, é necessário criar atividades que permitam
alcançá-los. Estas atividades são, maioritariamente, lúdicas e apelam às necessidades
biopsicossociais do cavaleiro (Alves, 2009).
Outro aspeto que deve estar descrito no plano de sessão é o tipo de posicionamentos
que o cavaleiro deve adotar nas diversas actividades e fases da sessão (Alves, 2009) uma vez
que cada posicionamento permite trabalhar objetivos específicos. Para além da posição comum
de montar a cavalo, o cavaleiro pode montar de lado, para trás, em posição quadrúpede, de
joelhos, em pé ou em variações destas posições, dependendo da sua capacidade e dos objetivos
que se pretende alcançar (Shurtleff & Engsberg, 2010).
A forma como o cavaleiro deve montar e apear do cavalo também deve estar descrita no
plano de sessão (Alves, 2009).
Com o plano de sessão totalmente delineado, é necessário que a equipa se reúna com o
monitor de equitação a fim de escolher o cavalo mais adequado para se conseguir atingir os
objetivos elaborados e as atividades propostas (Alves, 2009).
A fisionomia do cavalo é um dos primeiros aspetos a ser considerado. Quanto à altura
do cavalo, apesar de não existir uma medida específica para a Equitação Terapêutica (Strauss,
1995), há autores que afirmam que os cavalos mais adequados são os de estatura baixa, com
um máximo de 1.5 metros de altura (Lermontov, 2004; Strauss, 1995). Acima de tudo, é
importante que o tamanho do cavalo seja apropriado ao tamanho do cavaleiro, ou seja, não deve
demasiado grande nem demasiado pequeno (Strauss, 1995).
Outro aspeto relevante durante o processo de escolha do cavalo, é a largura do seu
dorso. Deve considerar-se o limite do movimento de abdução do cavaleiro e se o objetivo é
aumentar a amplitude da sua abdução coxofemural (Alves, 2009). Esta caraterística é muito
importante pois um cavalo demasiado largo para o cavaleiro pode provocar dor ao longo da
sessão, ao forçar demasiado o movimento de abdução coxofemural.
II – Revisão da literatura
45
O cavalo de Equitação Terapêutica deve ter uma distribuição corporal proporcional. O
corpo do cavalo pode ser analisado em três partes: antemão ou terço anterior, dorsolombar ou
terço médio e postmão ou terço posterior. A antemão ou terço anterior do cavalo diz respeito às
partes do cavalo que ficam à frente do cavaleiro quando este está montado, ou seja, a cabeça, o
pescoço, as espáduas e os membros anteriores. (Lermontov, 2004). A cabeça não deve ser
muito larga em relação ao corpo do cavalo (Strauss, 1995) e as espáduas largas e musculadas,
para maior conforto do cavaleiro (Lermontov, 2004).
As partes do cavalo que ficam sob o cavaleiro quando está montado, ou seja, o dorso,
rins, ventre e flancos, constituem a dorsolombar ou terço médio do cavalo. Nesta parte do cavalo
é essencial que o garrote não seja muito saliente e que os flancos tenham uma circunferência
discreta, a fim de evitar uma grande abdução dos membros inferiores do cavaleiro (Lermontov,
2004).
A postmão ou terço posterior do cavalo compreende as partes do cavalo que ficam atrás
do cavaleiro quando montado, sendo estas a garupa e os membros posteriores. Estes devem ser
largos, musculados e confortáveis, de forma a permitirem a manutenção do posicionamento
correcto do cavaleiro (Lermontov, 2004).
A qualidade dos andamentos também é um elemento fundamental que deve ser
considerado durante o processo de seleção do cavalo, uma vez que é neles que se produzem os
movimentos úteis para o cavaleiro (Lermontov, 2004). Assim, o cavalo deve apresentar
caraterísticas que permitam retirar os maiores benefícios do uso do seu movimento. As
principais caraterísticas que devem ser analisadas são a frequência e a amplitude da passada.
Segundo Silva et al. (2006) citado por Alves (2009), ainda existe necessidade de estudos
mais específicos para definir qual a melhor frequência de acordo com as caraterísticas do
cavaleiro. Desta forma, cabe à equipa decidir se o cavaleiro beneficia mais com uma frequência
maior ou menor. Como esta caraterística atua principalmente ao nível do tónus muscular, é
importante ir avaliando se os objetivos referente ao tónus muscular estão a ser ou não atingidos
(Alves, 2009). Caso não o seja, deverá selecionar-se outro cavalo.
A amplitude da passada é outro aspeto importante a analisar. De acordo com este
critério, existem três tipos de passada: antepistada, sobrepistada e transpistada. A passada
antepistada é aquela em que o pé do cavalo não alcança a marca deixada pela mão do mesmo
lado do corpo sendo, por isso, a passada de menor amplitude. A passada sobrepistada ocorre
quando o pé pisa exatamente o mesmo sítio que a mão. Quando o pé passa a marca deixada
II – Revisão da literatura
46
pela mão do mesmo lado do corpo do cavalo, diz-se que a passada é transpistada (Medeiros &
Dias, 2002 citado por Alves, 2009). Alguns estudos mostram que a passada transpistada, ou
seja, a de maior amplitude, apresenta maior eficácia uma vez que solicita uma maior ativação
dos músculos do tronco do cavaleiro (Peniche & Frazão, 2002 citado por Alves, 2009; Silva et
al., 2006 citado por Alves, 2009).
Segundo Alves (2009), o cavalo utilizado em Equitação Terapêutica deve ter uma
passada transpistada em alta ou baixa frequência, ou seja, deve conseguir transpistar de forma
rápida, média e lenta. Desta forma, o autor defende que o cavalo pode proporcionar ao cavaleiro
uma maior quantidade de estímulos.
A idade do cavalo para Equitação Terapêutica é outro fator que deve ser considerado. O
cavalo deve ter uma idade que garanta a sua educação, o que não deve ser esperado de um
cavalo com menos de cinco anos (Strauss, 1995). Lermontov (2004) afirma que o cavalo deve
ter uma idade superior a dez anos por já ser um animal mais manso, mais dócil e menos
inquieto. Ainda assim, importa referir que mais do que pensar na idade propriamente dita, é
necessário perceber o temperamento do cavalo. Segundo Strauss (1995), o cavalo deve ser
calmo, nem demasiado enérgico nem preguiçoso, e não deve ser muito sensível ou nervoso, o
que poderá causar acidentes.
Embora vários profissionais afirmem que é preferível trabalhar com um cavalo em vez de
uma égua, Lermontov (2004) afirma que não existe diferença entre um e outro. O autor refere
que o importante é o temperamento do animal em si. Caso se utilize um cavalo, que este deve
ser castrado e, no caso das éguas, deve existir uma atenção especial no período do cio.
Depois de escolhido o cavalo ideal para a sessão de Equitação Terapêutica, é
fundamental que a equipa se certifique que o cavalo está preparado para o trabalho a ser feito.
O cavalo deve ser treinado de forma a ser tolerante a movimentos invulgares, barulhos e ao uso
de brinquedos e objetos nas atividades (Lermontov, 2004; Strauss, 1995).
Ao nível da equitação geral, a forma correta de montar e apear é do lado esquerdo do
cavalo. No entanto, em Equitação Terapêutica pode existir um cavaleiro cujas caraterísticas
físicas não permitam montar deste lado. Assim, o cavalo deve ser treinado para ser possível
montar e apear quer do seu lado esquerdo, quer do lado direito (Lermontov, 2004). O treino do
cavalo e a sua preparação para as atividades é da responsabilidade do monitor de equitação.
O próximo passo no planeamento da sessão é a escolha dos arreios, ou seja, do
material que deve ser utilizado no cavalo. Esta escolha deve ser feita em parceria com o monitor
II – Revisão da literatura
47
de equitação (Alves, 2009). A primeira escolha a ser feita é o uso de sela ou manta. Num estudo
realizado por Corrêa et al. (2008) citado por Alves (2009) comprova-se que a manta permite
uma maior liberdade de movimentos e maior receção dos estímulos do movimento
tridimensional do cavalo, o que leva a uma maior ativação dos músculos do tronco e uma maior
amplitude de abdução coxofemural.
Outro elemento que deve ser pensado para ser ou não incluído no plano de sessão é o
uso de rédeas e estribos. As rédeas são utilizadas para o cavaleiro ter controlo sobre o cavalo e
podem ser adaptadas a cada cavaleiro de Equitação Terapêutica, principalmente no caso de
existir alguma dificuldade a nível motor (Alves, 2009).
Os estribos podem ser utilizados em sela ou manta e servem para o cavaleiro apoiar os
pés enquanto monta. À semelhança das rédeas, também os estribos podem ser adaptados ao
cavaleiro, caso seja necessário, com borracha ortopédica a fim de minimizar desvios em
inversão ou eversão dos pés (Alves, 2009). Segundo Corrêa et al. (2008) citado por Alves
(2009), os estribos ativam os músculos posteriores do tronco. Quando não se utiliza este
elemento, os músculos que são ativados são os abdominais.
O planeamento das sessões de Equitação Terapêutica é um processo complexo, que
envolve a equipa de profissionais que intervém no processo, no qual é preciso considerar vários
aspetos para promover um desempenho eficaz por parte do cavaleiro. Quando estas escolhas
estão concluídas, o profissional responsável pela sessão deve montar o cavalo com o material
escolhido e realizar as atividades e posicionamentos planeados, a fim de se certificar da sua
aplicabilidade (Alves, 2009).
Como já foi referido, a Equitação Terapêutica envolve a participação de uma equipa de
profissionais de diversas áreas, nas quais está incluída a intervenção psicomotora (Faria &
Santos, 2007). Desta forma, seguidamente, será feita uma descrição da intervenção
psicomotora.
3. Intervenção psicomotora
Ligados à intervenção psicomotora, existem inúmeros conceitos e aspetos que devem
ser bem conhecidos por parte dos profissionais. Assim, será feita uma descrição desta
intervenção, com base na sua definição, no desenvolvimento psicomotor e nos fatores
psicomotores que constituem o sistema psicomotor humano.
II – Revisão da literatura
48
3.1 Definição
A intervenção psicomotora é uma prática de mediação corporal, que permite ao
indivíduo reencontrar o prazer sensoriomotor através do movimento e da sua regulação
tonicoemocional, possibilitando o desenvolvimento dos processos simbólicos num envolvimento
lúdico e relacional (Fonseca & Martins, 2001). Para estes autores, esta prática reforça a relação
que existe entre o corpo e a atividade mental, entre o real e o imaginário, o espaço e o tempo, o
que vai melhorar o potencial adaptativo da criança.
Segundo Martins (2001), a intervenção psicomotora tem como principal objetivo a
realização da criança, enquanto pessoa, o que significa que se considera que as potencialidades
motoras, mentais e emocionais da criança estão em constante interação e que o corpo é o local
da sua manifestação.
Fonseca e Martins (2001) afirmam que a intervenção psicomotora é indicada para as
pessoas que podem evoluir melhor através da ação, da experimentação e do investimento
corporal, com dificuldades ao nível: 1) corporal: “dispraxia, desarmonias tónico-emocionais,
instabilidade postural, perturbações do esquema corporal e da lateralidade, estruturação
espacial e temporal, perturbações da imagem corporal, problemas psicossomáticos” (p. 7); 2)
relacional: “dificuldades de comunicação e de contacto, inibição, instabilidade, agressividade,
dificuldades de concentração” (p. 7); e 3) cognitivo: “défices de atenção, de memória, de
organização perceptiva, simbólica e conceptual” (p. 7). Assim, a intervenção psicomotora, pela
sua abordagem sistémica e holística do ser humano, é um recurso cada vez mais importante
para dar resposta ao nível da prevenção e reabilitação (Fonseca & Martins, 2001), constituindo-
se como um apoio ao nível da Educação Especial. Segundo Parreiral (2007), as técnicas usadas,
tais como a expressão corporal, relaxação, técnicas de contato, entre outras, podem ser
utilizadas em Equitação Terapêutica.
A intervenção psicomotora tem por base o conceito de psicomotricidade, pelo que
também se torna importante defini-lo. A psicomotricidade é uma das principais áreas do
desenvolvimento da criança, desempenhando um papel importante tanto na exploração do seu
mundo exterior e na descoberta do seu mundo interior, como no desenvolvimento afetivo e
cognitivo (Fonseca & Oliveira, 2009). Esta área pode ser compreendida como o “campo
transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências, recíprocas e sistémicas,
entre o psiquismo e a motricidade do ser humano” (Fonseca, 2008, p. 25). O Fórum Europeu de
Psicomotricidade acrescenta que a Psicomotricidade, baseada na unidade entre o corpo e a
II – Revisão da literatura
49
mente, dirige-se à integração dos aspetos cognitivos, emocionais, simbólicos e corporais do
indivíduo e à sua capacidade de interacção no contexto psicossocial (Frimodt, 2004). Esta área
do desenvolvimento na infância pode ser encarada como uma forma de abordar a educação ou
a terapia, a qual pretende desenvolver as capacidades da criança a partir do movimento e da
ação (Núñez & Berruezo, 2010), uma vez que se trata da capacidade de produzir movimentos
com intencionalidade (Faber & Souza, 2008).
Segundo Núñez e Berruezo (2010), a psicomotricidade relaciona duas áreas diferentes
do desenvolvimento da criança: o desenvolvimento psíquico e o desenvolvimento motor.
Considerando estes conceitos, importa definir o que se entende por psiquismo e por
motricidade. O primeiro diz respeito ao conjunto de funções mentais e aos processos relacionais
e sociais. A motricidade refere-se ao conjunto de expressões mentais e corporais (Fonseca,
2004, 2008). É impossível dissociar estas duas áreas uma vez que, para a criança desenvolver
as capacidades mentais, é necessário que estas sejam realizadas mediante a sua atividade
corporal. Assim sendo, o movimento e a ação são os elementos básicos do conhecimento e
compreensão do mundo (Núñez & Berruezo, 2010).
A ligação entre a motricidade e o psiquismo é de tal foma estreita que pode dizer-se que
o desenvolvimento cognitivo depende da maturidade do sistema nervoso. Isto significa que existe
uma grande influência entre o fisiológico e o cognitivo (Cuenca & Rodao, 2002). Essa influência
faz com que, no caso das perturbações do desenvolvimento, as suas causas não sejam visíveis
mas as suas consequências, ao nível da motricidade e comportamento, sejam observáveis
(Fonseca & Oliveira, 2009).
Dada a sua importância no desenvolvimento da criança, a Psicomotricidade deve ser
encarada como uma educação corporal básica e um meio de expressão (Silva & Martins, 2005)
uma vez que é através dela que a criança aprende vários tipos de participação e realização
social, ao mesmo tempo que aquire tarefas lúdicas, escolares, culturais, entre outras (Fonseca,
2003).
Segundo Simões (2004), a família e todos os profissionais que trabalham com crianças
devem conhecer o desenvolvimento dito normal, com base em referências universais. Assim, de
seguida será feita uma descrição do desenvolvimento psicomotor.
II – Revisão da literatura
50
3.2 Desenvolvimento psicomotor
O desenvolvimento psicomotor é uma componente fundamental do desenvolvimento
global da criança (Fonseca, 2010) e pode ser compreendido como a interação que existe entre o
pensamento, consciente ou não, e o movimento muscular (Conceição, 1984 citado por Faber &
Souza, 2008).
Torna-se importante compreender e conhecer esta área do desenvolvimento da criança
uma vez que, tal como referem Torres e Fernández (2002) citado por Silva e Martins (2005), as
dificuldades na área psicomotora podem comprometer a aprendizagem escolar. Isto acontece
porque áreas como a atenção, o processamento e a planificação ficam comprometidas (Fonseca
& Oliveira, 2009).
Durante o primeiro ano de vida, o bebé encontra-se na fase neuromotora, ou seja, na
fase em que desenvolve o sistema de respostas inatas (Faber & Souza, 2008). Os movimentos e
os reflexos do recém-nascido são descargas de energia muscular que se manifestam em
movimentos descoordenados desprovidos de significado ou intenção. Com estes movimentos, o
recém-nascido integra os movimentos dos outros como uma primeira forma de comunicação. A
transformação em movimentos intencionais virá a permitir as primeiras aquisições no seu
desenvolvimento. O movimento torna-se uma das principais formas de comunicação da criança
uma vez que, através dele, se relaciona e interage com o mundo exterior (Fonseca, 2008).
A partir dos seis meses, a criança começa a evoluir da posição de deitado para a
posição de sentado e de reptações a locomoções quadrúpedes. Esta evolução motora permite-
lhe iniciar a conquista do espaço que a rodeia (Fonseca, 2008).
A passagem para a posição vertical e o início da imobilidade gravítica marcam uma
etapa importante do desenvolvimento psicomotor. Estas competências permitem a procura da
segurança gravitacional bípede e alteram significativamente a sua percepção acerca de si e do
espaço exterior. Assim, a criança projecta-se da sensibilidade intero e propriocetiva para a
sensibilidade exterocetiva, evoluindo de uma motricidade indiferenciada para uma motricidade
mais subtil e cinergética (Fonseca, 2008).
Até aos dois anos de idade, a criança passa pela fase sensoriomotora, na qual ocorre o
desenvolvimento do sistema motor global (Faber & Souza, 2008). Nesta fase, multiplicam-se as
relações entre a criança e o seu envolvimento, aumentando a maturidade da organização das
II – Revisão da literatura
51
suas sensações, ações e emoções. A criança começa a procurar no outro a forma de satisfazer
as suas necessidade (Fonseca, 2008).
Os movimentos sem intenção, existentes na fase anterior, são eliminados uma vez que a
percepção se torna mais precisa e o movimento tende a ser repetido, permitindo a eficiência e a
inteligência do gesto. A criança já consegue antecipar o fim a que se destinam as suas ações
(Fonseca, 2008).
Um marco fundamental existente neste período é a aquisição da marcha bípede, a qual
favorece a relação da criança com o mundo exterior, uma vez que permite enriquecer a
exploração do meio envolvente. Esta aquisição também promove o desenvolvimento da
motricidade fina, ao permitir a manipulação dos objectos. A manipulação de objectos permite à
criança uma autodescoberta, fazendo com que os gestos que a satisfazem se repitam e
automatizem. Simultaneamente, a criança explora-se corporalmente, aumentando o seu
autoconhecimento (Fonseca, 2008).
Junto da manipulação dos objectos, a coordenação oculomanual é a condição essencial
para a exploração do espaço. Inicialmente, a criança faz a preensão dos objectos com as duas
mãos mas, posteriormente, aprende a utilizá-las de forma independente. Para que isto aconteça,
é necessária uma divisão funcional das mãos e uma dominância manual. O reconhecimento
espacial dos objectos permite à criança desenvolver competências essenciais para a linguagem
(Fonseca, 2008).
Wallon (1956) citado por Fonseca (2008) refere-se ao estádio sensoriomotor como um
período de individualização progressiva da criança, onde se opera uma representação de si
mesma, diferenciando o corpo e o envolvimento.
A partir dos dois anos de idade, na fase projetiva, a perceção dos objectos e a sua
descoberta através da manipulação permite a organização das primeiras representações
mentais. Assim, a acção deixa de ser apenas uma estrutura de execução ou expressão para
passar a ser, também, uma fonte de estímulos para a atividade mental (Fonseca, 2008).
Nesta idade, a criança adquire a sua verdadeira autonomia e segurança na posição
bípede e o controlo da marcha, o que aumenta a sua disponibilidade para a conquista do espaço
(Fonseca, 2008).
A imitação surge nesta e é uma componente indispensável no desenvolvimento de novas
aprendizagens, quer corporais quer sociais. Assim, a imitação apresenta-se como um
instrumento psicomotor, com o qual a criança integra modelos sociais (Fonseca, 2008).
II – Revisão da literatura
52
Aos três anos de idade, a criança entra no estádio personalístico, o qual se foca no
enriquecimento pessoal, na construção da personalidade e na consciência corporal. Ao tomar
consciência de si, a criança diferencia-se dos outros e começa a construir a sua personalidade.
Ao nível da motricidade, a criança começa a desenvolver a corrida, os saltos e a evolução ao pé
coxinho. Já apresenta uma dominância lateral e aparece o sentido das posições e das direções
no espaço em relação ao seu corpo (Fonseca, 2008). Tal como nos diz Sánchez e Buitrago
(2008), as crianças dos três aos seis anos de idade ampliam a sua experiência e o seu
conhecimento sobre o meio físico e social.
Dos três os seis anos de idade, na área da identidade e autonomia pessoal, a criança
desenvolve o conhecimento, valorização e controlo de si própria. Para isso, são fundamentais as
interações com o meio, o controlo crescente, o conhecimento das suas possibilidades e
limitações, o processo de diferenciação dos outros e a sua maior independência em relação aos
adultos (Sánchez & Buitrago, 2008).
Na área da comunicação e representação, existe uma melhoria das relações entre a
criança e o meio. As diferente formas de comunicação e representação servem de ligação entre
o mundo interior e exterior uma vez que são instrumentos que possibilitam as interações, a
representação e a expressão de pensamentos, sentimentos e vivências (Sánchez & Buitrago,
2008).
Existem alguns fatores que podem influenciar o desenvolvimento psicomotor da criança.
O papel da mãe (To et al., 2001 citado por Venetsanou & Kambas, 2010), o contexto familiar,
social e escolar onde a criança vive, as interações com os irmãos e as condições
socioeconómicas (Venetsanou & Kambas, 2010) são alguns dos fatores que devem ser
considerados.
Segundo Gallahue e Donnely (2003) citado por Roth, Mauer, Obinger, Lenz e Hebestreit
(2011), muitas das competências psicomotoras são adquiridas pela criança durante o período
pré-escolar. Por este motivo, é necessário que no jardim de infância exista uma prática que
promova a aquisição de competências psicomotoras. Esta prática tem como finalidade: i)
promover um meio lúdico e educativo para a criança se expressar, devendo possibilitar a
exploração corporal do espaço, dos objectos e dos materiais, ii) facilitar a comunicação das
crianças através da expressão corporal, iii) potencializar as atividades de grupo, e iv) favorecer a
libertação de emoções e conflitos por intermédio da vivência simbólica (Falkenbach, 2002 citado
por Faber & Souza, 2008). Deve existir uma estreita ligação entre o jardim de infância e a equipa
II – Revisão da literatura
53
de Equitação Terapêutica, no sentido de maximizar a aquisição das competências da criança.
Assim, no sentido de alcançar os mesmos objetivos, o trabalho realizado no jardim de infância e
na Equitação Terapêutica distingue-se nas atividades e estratégias utilizadas para atingir esses
objetivos.
Silva e Martins (2005) afirmam que, no jardim de infância devem promover-se atividades
que envolvam uma ligação progressiva entre as aquisicões sensoriomotoras, percetivomotoras,
simbólicas e concetuais, sendo isto possível através de uma pedagogia que apele à resolução de
problemas.
É possível encontrar na literatura objetivos psicomotores a alcançar no âmbito da
educação de infância. Segundo Núnez e Berruezo (2010), estes objetivos são: educar a
capacidade sensitiva da criança, a partir das sensações do seu próprio corpo; educar a
capacidade percetiva da criança, a partir de estruturas espaciotemporais, e educar a capacidade
simbólica e representativa da criança. Esparza e Petroli (2004) acrescentam que, para alcançar
esses objetivos, devem considerar-se as possibilidades da criança, a sua postura controlada e
económica, a sua mobilização harmónica, a sua localização espacial, a sua adequação temporal,
a expressividade no fazer, pensar e sentir, a descentração e a afirmação da personalidade num
processo único.
Para melhor compreender o desenvolvimento psicomotor, será descrito o sistema
psicomotor humano, bem como os fatores psicomotores que o constituem e os períodos nos
quais se desenvolvem.
3.3 Fatores psicomotores
O cérebro humano é composto por três unidades funcionais básicas, cada uma delas
com uma função específica, que, no seu conjunto, constituem a atividade mental humana. Estas
unidades trabalham em conjunto, ou seja, estabelecem uma inter-relação dinâmica entre si
(Fonseca, 2010). Estas unidades podem ser descritas da seguinte forma:
1) Primeira unidade funcional: refere-se à atenção, determinante para regular o tónus de
alerta e os estados mentais de vigilância (Fonseca, 2010; Mata & Cruz, 2008). Estas funções
são consideradas fundamentais para qualquer atividade humana e ficam ativas durante o
desenvolvimento intrauterino (Fonseca, 2010);
2) Segunda unidade funcional: refere-se ao processamento da informação (Mata & Cruz,
2008), sendo responsável pela receção, análise e armazenamento da informação recebida do
II – Revisão da literatura
54
mundo interior e exterior (Fonseca, 2010). Este autor refere que estas funções são essenciais
aos processos cognitivos, sendo ativadas no desenvolvimento extrauterino;
3) Terceira unidade funcional: refere-se à planificação da acção (Mata & Cruz, 2008).
Programa, regula e verifica a atividade mental, acompanhando todas as formas de atividade
consciente. Esta unidade é a última a entrar em funcionamento, o que só acontece quando as
duas anteriores já o fizeram (Fonseca, 2010).
O sistema psicomotor é constituído por sete fatores psicomotores – tonicidade,
equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação espaciotemporal, praxia global e praxia
fina – os quais interagem de forma integrada e harmoniosa. Estes encontram-se distribuídos, de
forma hierárquica, pelas três unidades funcionais de Luria. A primeira unidade funcional
compreende a tonicidade e a equilibração; a segunda unidade funcional é composta pela
lateralização, noção do corpo e estruturação espaciotemporal e a terceira unidade funcional
contém a praxia global e a praxia fina (Fonseca, 2010).
É possível encontrar na literatura referência a relações entre as funções psicomotoras e
a inteligência e género da criança. Garaigordobil e Amigo (2010) referem que, em estudos que
analisaram as relações entre o funcionamento motor e o nível cognitivo, foram encontradas
correlações significativas entre algumas funções intelectuais e funções psicomotoras específicas.
Os resultados obtidos por Garaigordobil (1998) citado por Garaigordobil e Amigo (2010)
evidenciam que a inteligência verbal está mais relacionada com funções psicomotoras como:
velocidade em tarefas de corrida; tempos de execução em tarefas que implicam controlo da
respiração; coordenação oculomanual e esquema corporal. A inteligência não verbal relaciona-se
com variáveis como: equilíbrio; pontaria no lançamento de objetos; perceção visual; orientação
temporal e tempo de execução em tarefas de organização percetiva. Os dados obtidos sugerem
que as crianças com cinco anos de idade, com alta inteligência verbal, têm maior probabilidade
de ter alto sentido de ritmo, boa coordenação de pernas, braços e mãos e alto conhecimento do
seu esquema corporal. Os participantes com alta inteligência não verbal têm maior probabilidade
de ter boa coordenação de braços e bom conhecimento do esquema corporal. Os dados
sugerem que alta inteligência verbal e não verbal implica bom sentido de ritmo, boa
coordenação de pernas, braços e mãos, bom esquema corporal em si mesmos e nos outros
(Garaigordobil & Amigo, 2010).
II – Revisão da literatura
55
Segundo Planinsec (2006) citado por Garaigordobil e Amigo (2010), as crianças com
alta inteligência apresentam melhores resultados, em diferentes testes motores, do que as
crianças de baixa inteligência.
No que diz respeito ao género da criança também existem diferenças significativas ao
nível das funções psicomotoras. O género feminino evidencia melhores resultados,
caraterizando-se por uma maior capacidade de imobilização postural, controlo e coordenação
das atividades digitais finas (Silva & Martins, 2005).
Quando se estuda o perfil psicomotor de uma criança, é necessário avaliar os seus
fatores psicomotores e compreender a sua significação psiconeurológica. Tal como afirma
Fonseca (2008), só assim é possível uma intervenção eficaz, que favoreça a emergência de
competências psicomotoras mais complexas. A avaliação em psicomotricidade é: considerar as
especificidades da criança; adaptar a técnica à criança; e conhecer os riscos de uma intervenção
psicomotora inadaptada (Pitteri, 2004). Por estas razões, no presente estudo é feita uma
avaliação psicomotora a cada criança, e os resultados obtidos em cada fator psicomotor serão
analisados com base na sua significação psiconeurológica.
Para melhor compreender o perfil psicomotor de cada criança, bem como a importância
que cada fator psicomotor desempenha no seu desenvolvimento, serão descritos os sete fatores
psicomotores.
3.3.1 Tonicidade
A tonicidade, primeiro fator psicomotor, é considerada como o alicerce da
Psicomotricidade uma vez que está na base das atitudes, posturas, mímicas e emoções, de
onde emergem as atividades motoras humanas (Fonseca, 2010).
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010), este fator psicomotor é definido na sua
componente corporal, ou seja, na tensão ativa em que se encontram os músculos da criança.
Trata-se de uma estrutura básica que prepara e guia a atividade muscular (Fonseca, 2010).
No que diz respeito à tonicidade, existem três estados: hipertonia, hipotonia e eutonia. O
primeiro é um estado de tensão ou desajustamento tónico extremo, o qual dá origem a uma
dificuldade neurofuncional grave que se reflete na postura, motricidade e comportamento
adaptativo. A hipotonia é o estado oposto ao anterior, no qual a tensão é mínima, onde também
existem repercussões na postura, motricidade e comportamento adaptativo. A eutonia reflete o
funcionamento ideal da função tónica, proporcionando uma harmonia da criança consigo própria
II – Revisão da literatura
56
e com o seu envolvimento. É um estado de tensão flexível, plástico e adaptado que carateriza o
comportamento adaptativo, o bem-estar, a qualidade de vida, o sentimento pleno de si e o
equilíbrio emocional interno (Fonseca, 2008).
Este fator engloba o tónus de suporte, que compreende os subfatores da extensibilidade,
passividade e paratonia, e o tónus de ação, cujos subfatores são as diadococinésias e as
sincinésias (Fonseca, 2010).
3.3.2 Equilibração
A equilibração, segundo fator psicomotor, é fundamental na organização psicomotora
uma vez que envolve múltiplos ajustamentos posturais antigravíticos, os quais suportam
qualquer resposta motora. Constitui-se, assim, como um elemento fundamental no processo de
aprendizagem (Fonseca, 2010).
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010), a equilibração é uma função determinante na
construção do movimento voluntário, condição indispensável de ajustamento corporal e
gravitacional, sem o qual nenhum movimento intencional pode ser atingido. Este fator
psicomotor compreende os subfatores da imobilidade, equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico.
3.3.3 Lateralização
A lateralização, terceiro fator psicomotor, resulta da integração bilateral do corpo e
traduz a capacidade de integração sensoriomotora dos dois lados do corpo (Fonseca, 2010).
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) a lateralização retrata a dominância da
organização inter-hemisférica. A identificação da predominância selectiva de um dos lados do
corpo reflete a qualidade de integração sensorial, o que explica a sua importância na
organização funcional da psicomotricidade e na atividade mental superior.
A existência de estruturas apropriadas à aquisição de uma lateralidade adequada não
significa que essa adaptação seja feita. Isto significa que a lateralidade resulta de uma
aprendizagem (Faber & Souza, 2008). De acordo com estes autores, no jardim de infância
devem ser realizadas atividades que permitam desenvolver esta competência da criança.
A estruturação espacial é parte integrante da lateralidade (Faber & Souza, 2008).
Kephart (1973) citado por Fonseca (2008), diz que a lateralidade surge como a capacidade
percetivomotora interiorizada, a qual traduz a perceção integrada dos dois lados do corpo. Todas
II – Revisão da literatura
57
as noções espaciais básicas – cima/baixo, por cima/por baixo, frente/trás, dentro/fora,
antes/depois e esquerda/direita – estão estruturalmente dependentes da noção de lateralidade
(Fonseca, 2008).
A lateralização subentende diferentes níveis de complexidade – identificação das partes
do corpo, identificação dupla homolateral, identificação dupla contralateral, identificação de
partes do corpo no outro e identificação de partes do corpo no outro e em si próprio (Benton,
1979 citado por Fonseca, 2010) – e compreende os subfatores da lateralização ocular, auditiva,
manual, pedal, inata e adquirida.
3.3.4 Noção do corpo
A noção do corpo, quarto fator psicomotor, é o resultado da organização e estruturação
de perceções simples noutras mais complexas, como representações do corpo, estando na base
de funções psíquicas superiores (Fonseca, 2010).
A noção do corpo revela a capacidade da criança se reconhecer como um objeto e,
simultaneamente, resulta de todas as atividades conscientes, o que permite atingir a
componente espacial das suas perceções e ações (Fonseca, 2010). É a noção que a criança tem
do seu corpo em relação a si própria e com o mundo exterior (Neto, 2002).
O esquema corporal é a capacidade de conhecer o próprio corpo, as suas partes, os
movimentos possíveis de realizar, as posturas e as atitudes. Assim, é através do esquema
corporal que a criança adquire a imagem, o uso e o controlo do seu corpo (Faber & Souza,
2008).
Até aos dois anos de idade, a criança delimita o seu corpo em relação ao mundo dos
objetos, através da ação. A partir dos dois anos, até aos cinco, o domínio do próprio corpo faz-se
a partir da tomada de consciência dos diferentes segmentos corporais (Faber & Souza, 2008).
Segundo Mattos e Neira (2007), a criança por ter noção dos elementos separados e só
porteriormente tem uma percepção da globalidade corporal, uma vez que esta exige maior
capacidade de simbolização e organização.
A noção do corpo compreende os subfatores sentido cinestésico, reconhecimento
direita/esquerda, autoimagem, imitação de gestos e desenho do corpo (Fonseca, 2010).
II – Revisão da literatura
58
3.3.5 Estruturação espaciotemporal
A estruturação espaciotemporal, quinto fator psicomotor, é o fundamento psicomotor
básico da aprendizagem e da função cognitiva uma vez que fornece as bases do pensamento
relacional, a capacidade de ordenação e de organização, a capacidade de processamento
simultâneo e sequencialização da informação, a capacidade de retenção e de reauditorização e
revisualização. Resulta da junção da estruturação espacial, a qual permite uma localização e
orientação mental face ao espaço e objetos, com a estruturação temporal, que permite a
localização na dimensão do tempo (Fonseca, 2010).
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) a estruturação espacial envolve funções de
receção, processamento e armazenamento (a curto prazo) espacial, que requerem uma
estruturação percetivovisual, envolvendo as áreas visuais do córtex occipital. Em simultâneo, a
estruturação temporal põe em jogo a receção, processamento e armazenamento (a curto prazo)
rítmico, naturalmente dependentes da integração das zonas nucleares auditivas do córtex
temporal (Fonseca, 2010).
A orientação espaciotemporal é a capacidade de: situar o próprio corpo no espaço, em
relação a referenciais e obstáculos fixos e móveis; localizar outros objetos com base nesses
referenciais (De Meur & Staes, 1993 citado por Mata & Cruz, 2008; Faber & Souza, 2008) e
perceber a velocidade de deslocamento do próprio corpo e de objetos, assim como a trajetória
de seus movimentos. Essa capacidade de localização permitirá antecipar o ponto do espaço que
será ocupado pelo próprio corpo ou por outro objeto móvel. Uma boa orientação
espaciotemporal depende de um bom esquema corporal e é fundamental para a adequação de
todos os movimentos de deslocamento (Faber & Souza, 2008).
Hohmann e Weikart (2009) apresentam algumas experiências que as crianças devem
ter durante o jardim de infância para desenvolver quer a componente espacial, quer a temporal.
No que diz respeito ao espaço, a criança deve: encher e esvaziar; encaixar e separar objetos;
observar pessoas, lugares e objetos a partir de diferentes pontos de vista espaciais; e interpretar
as relações espaciais em desenhos, imagens e fotografias. Quanto ao tempo, a criança deve:
parar e começar uma acção a um sinal dado; experienciar e descrever movimentos com
diferentes ritmos; experienciar e comparar intervalos de tempo; antecipar e descrever
sequências de acontecimentos.
II – Revisão da literatura
59
A estruturação espacial compreende os subfatores da organização, estrutura dinâmica e
representação topográfica e a estruturação temporal o subfator da estruturação rítmica
(Fonseca, 2010).
3.3.6 Praxia global
A praxia global, sexto fator psicomotor, refere-se à interação e comunicação entre o
cérebro e o corpo. Este fator dá informação sobre a organização práxica da criança,
nomeadamente ao nível da eficiência, proficiência e realização motora (Fonseca, 2010).
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010), a praxia global engloba a programação,
regulação e verificação da atividade, envolvendo as regiões pré-frontais e o córtex motor. Em
1976, Piaget, citado por Fonseca (2008), apresentou a praxia como um movimento cujo objetivo
é atingir um fim através de uma sequência espaciotemporal intencional, pressupondo uma
organização neurológica complexa.
Este fator psicomotor encontra-se associado à noção de aprendizagem, de experiência,
de repetição variada e de treino para ganhar automatismos (Fonseca, 2008). Assim sendo,
Hohmann e Weikart (2009) referem que existem vários aspetos que devem ser desenvolvidos
durante o jardim de infância, de forma a potencializar este elemento do desenvolvimento
psicomotor da criança. Para estes autores, a criança deve: movimentar-se sem locomoção
(dobrar-se, rodar, balançar-se e mexer os braços); movimentar-se com locomoção (correr, saltar,
rodar, saltar ao pé coxinho, pular, marchar e subir); movimentar-se transportando objectos;
expressar criatividade através do movimento; descrever o movimento; mover-se de acordo com
instruções; sentir e expressar um compasso constante; movimentar-se sequencialmente, de
acordo com um compasso definido.
A praxia global compreende os subfatores da coordenação oculomanual, coordenação
oculopodal, dismetria e dissociação (Fonseca, 2010).
3.3.7 Praxia fina
A praxia fina, sétimo fator psicomotor, integra todas as considerações da praxia global
mas a um nível mais complexo e diferenciado uma vez que compreende a micromotricidade e
perícia manual (Fonseca, 2010).
II – Revisão da literatura
60
Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010), as tarefas da praxia fina envolvem
programação, regulação e verificação da atividade, englobando as regiões pré-frontais e do
córtex motor.
Este fator psicomotor é uma componente fundamental nos processos de aprendizagem,
pois envolve a capacidade construtiva manual, a dextralidade bimanual (Fonseca, 2010) e a
coordenação oculomanual (Neto, 2002). É constituído pelos subfatores da coordenação
dinâmica manual, tamborilar e velocidade precisão (Fonseca, 2010).
Em suma, a Equitação Terapêutica é um serviço de IP, que se baseia nas práticas
centradas na família, para responder às necessidades e preocupações da família. A intervenção
psicomotora, no âmbito da Equitação Terapêutica, poderá ter impacto ao nível do
desenvolvimento das crianças.
O capítulo seguinte apresentará a metodologia utilizada neste estudo.
III – Metodologia
61
III – METODOLOGIA
Neste capítulo serão abordadas e fundamentadas as orientações metodológicas
utilizadas neste estudo. Em primeiro lugar será apresentado o método de investigação utilizado
e, seguidamente, será feita uma descrição dos participantes, do contexto e das variáveis
independentes e dependentes envolvidas no estudo. Posteriormente, será exposto o desenho da
manipulação da variável independente e, por fim, abordar-se-á o processo de análise dos dados
obtidos no estudo.
1. Utilização da investigação single-subject no estudo dos efeitos da Equitação Terapêutica nos fatores psicomotores em crianças com necessidades especiais
A investigação single-subject derivou do estudo da análise aplicada do comportamento
(Baer, Wolf, & Risley, 1968, citado por Reynolds & Fletcher-Janzen, 2007) e apresenta-se como
um meio válido de contributo ao conhecimento científico, inserindo-se no plano quasi-
experimental (Maxwell & Satake, 2006). Este tipo de investigação ocorre quando a análise do
efeito da manipulação da variável independente, na variável dependente, se foca num
participante de cada vez (Schiavetti, Metz, & Orlikoff, 2010).
Segundo Horner, Carr, Halle, McGee, Odom e Wolery (2005), a investigação single-
subject é uma metodologia rigorosa e científica, usada para definir princípios básicos do
comportamento e estabelecer práticas baseadas na evidência. É uma metodologia mais
experimental do que correlacional ou descritiva e a sua finalidade é encontrar relações causais
ou funcionais entre a variável independente e dependente (Martella, Nelson, & Marchand-
Martella, 1999 citado por Horner et al., 2005). É uma metodologia comum nos estudos de
análise de comportamento e na área da Educação Especial (Kennedy, 2005; Tawney & Gast,
1984 citado por Reynolds & Fletcher-Janzen, 2007).
Os principais objetivos deste tipo de investigação, segundo Maxwell e Satake (2006),
são: 1) ganho de controlo preciso nas condições experimentais, eliminando variáveis estranhas;
2) estabelecer um nível estável de resposta, antes de administrar a intervenção (variável
independente); 3) registar o comportamento de interesse tratado dentro de um determinado
período de tempo; e 4) realizar uma análise visual e/ou estatística dos dados para determinar o
resultado da intervenção.
III – Metodologia
62
Contrariamente à investigação mais tradicional, que compara o comportamento de um
grupo experimental com um grupo de controlo, na investigação single-subject todos os
participantes experienciam cada condição de intervenção (Repp & Lloyd, 1980). Em
determinados aspetos, este tipo de investigação é semelhante aos estudos within-subjects, no
sentido em que cada sujeito participa em todas as condições que representam todos os níveis
da variável independente. No entanto, estas duas metodologias diferenciam-se dado que o foco
dos estudos single-subject está na análise do desempenho de cada participante, em cada
condição, mais do que na forma como o grupo se desempenha em cada condição. Mais do que
medir cada comportamento do participante apenas uma vez em cada condição, são feitas
múltiplas medidas da variável dependente em diferentes condições experimentais (Schiavetti et
al., 2010).
À semelhança da investigação qualitativa e quantitativa, a investigação single-subject
assenta em regras específicas e pressupostos de um estudo experimental, incluindo variáveis
cuidadosamente definidas, observação sistemática nos períodos de linha de base e de
intervenção, controlo experimental e análise visual dos dados (Reynolds & Fletcher-Janzen,
2007). A caraterística central dos estudos single-subject é o uso de métodos sistemáticos para
aplicar várias intervenções de tratamento e documentar os seus efeitos, de modo repetido,
individualmente, durante um período de tempo (Maxwell & Satake, 2006).
A investigação single-subject pode envolver um único participante mas, de um modo
geral, inclui um pequeno grupo de participantes, de 3 a 8 elementos, os quais são avaliados de
forma individual (Horner et al., 2005; Schiavetti et al., 2010).
Tal como todas as metodologias de investigação, a investigação single-subject apresenta
vantagens e desvantagens. Uma grande vantagem é o facto de cada indivíduo servir de seu
próprio controlo, permitindo ao investigador evitar as diferenças que existem entre os
participantes (Prins, 1993 citado por Schiavetti et al., 2010). Schiavetti et al. (2010) apresentam
outras vantagens da investigação single-subject: examina o comportamento do participante ao
logo do tempo; o design flexível pode ser modificado durante a investigação e a diferença que
existe entre os participantes pode ser medida e controlada. É, ainda, importante realçar outra
vantagem apresentada por Repp e Lloyd (1980), que reside no facto desta metodologia anular a
contribuição de outras variáveis que possam influenciar mudanças de comportamento.
Tal como foi mencionado anteriormente, este tipo de investigação também apresenta
desvantagens. Uma das desvantagens é o facto de ser menos generalizável do que as
III – Metodologia
63
investigações de grupo ao mesmo tempo que necessita de mais repetições, mais tempo e maior
esforço dos participantes. Outra desvantagem é o desgaste ter maior efeito nos resultados
globais e a variabilidade dos participantes não ser bem representada (Schiavetti et al., 2010).
No presente estudo, utilizou-se a investigação single-subject para estudar o impacto que
a Equitação Terapêutica pode ter no desenvolvimento psicomotor de crianças de quatro e cinco
anos, nomeadamente ao nível da tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo,
estruturação espaciotemporal, praxia global e praxia fina. Comparar-se-á o resultado de cada
criança segundo um plano de intervenção com o resultado da mesma criança segundo outro
plano de intervenção.
2. Participantes
A descrição dos participantes é um dos indicadores de qualidade na investigação single-
subject (Horner et al., 2005). Segundo estes autores, os participantes devem ser descritos com
detalhes suficientes para permitir a outros investigadores selecionar indivíduos com
caraterísticas semelhantes. O mesmo acontece com o processo de seleção dos participantes, o
qual deve ser descrito com precisão replicável. Prins (1993) citado por Schiavetti et al. (2010)
salienta que a descrição das caraterísticas dos participantes nos estudos single-subject é
importante, especialmente considerando a validade externa do estudo uma vez que pode ser
fundamental para a interpretação dos resultados.
Neste estudo participaram quatro crianças com necessidades especiais, que frequentam
Equitação Terapêutica numa academia equestre, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa. Duas
crianças são do género masculino e duas são do género feminino, com idades compreendidas
entre os quatro e os cinco anos de idade. Mais à frente será apresentada uma descrição mais
detalhada de cada criança.
No processo de seleção dos participantes do estudo, foram utilizados os seguintes
critérios: as crianças devem ser alunas da academia equestre; devem apresentar um diagnóstico
que confirme a existência de necessidades especiais; devem ter iniciado a prática da Equitação
Terapêutica no ano de 2010; devem ter idades compreendidas entre os quatro e os cinco anos
de idade, podendo ser de ambos os géneros.
O anonimato dos participantes perante o investigador perde-se devido ao contacto
pessoal, caraterístico do estudo (Berg, 1998). Contudo, a identificação e confidencialidade foi
garantida através do uso de outro nome (Berg, 1998; Patton, 2002). Por decisão do
III – Metodologia
64
investigador, foram utilizados nomes de personagens da Disney para identificar cada
participante.
O quadro 1 apresenta as caraterísticas gerais de todos os participantes.
Quadro 1
Caraterísticas dos participantes no estudo
Nome Idade Género Necessidades Especiais
Mickey 4 anos
Masculino Perturbações do Espetro do Autismo e Perturbação da
Hiperatividade e Défice de Atenção associada
Simba 4 anos
Masculino Atraso global do desenvolvimento
Sininho 4 anos
Feminino Perturbações do Espetro do Autismo e Perturbação da
Hiperatividade e Défice de Atenção associada
Minnie 5 anos
Feminino Microcefalia e Perturbação da Hiperatividade
e Défice de Atenção associada
Os pais dos participantes foram informados sobre os seguintes aspetos (Patton, 2002):
- Função da informação recolhida;
- De que forma foi utilizada a informação recolhida;
- Como foi disseminada a informação recolhida;
- Tipo de atividades desenvolvidas;
- Confidencialidade; e
- Riscos/benefícios envolvidos na participação no estudo.
Face à participação das crianças neste estudo, foi informado que a mesma seria
voluntária e que os participantes poderiam abandoná-la a qualquer momento (Kvale, 1996).
O investigador foi o responsável pela avaliação das crianças e pelas sessões de
Equitação Terapêutica. Todas as crianças têm contacto com o investigador desde que iniciaram
a prática de Equitação Terapêutica uma vez que era o técnico de Equitação Terapêutica
responsável por estes casos.
III – Metodologia
65
3. Contexto
A descrição do contexto da investigação é um dos indicadores de qualidade da
investigação single-subject (Horner et al., 2005). Segundo este autor, as caraterísticas dos
ambientes físicos devem ser descritas com precisão suficiente para permitir a sua replicação.
O presente estudo foi realizado no contexto da academia equestre, onde as crianças já
frequentavam Equitação Terapêutiva.
As sessões de Equitação Terapêutica decorreram no picadeiro interior da academia
equestre. Este local tem 18 metros de comprimento e 12 metros de largura. A ligação com o
exterior faz-se através de uma porta, a qual estava fechada durante as sessões. Ao longo de uma
das paredes laterais, encontram-se janelas que fazem ligação com o local onde as famílias
assistem às sessões (bar do picadeiro). Estas janelas encontravam-se sempre fechadas durante
as sessões. A figura 5 apresenta a configuração do picadeiro.
Figura 5. Configuração do picadeiro onde decorreram as sessões de Equitação
Terapêutica.
Durante as sessões de Equitação Terapêutica, a criança estava no picadeiro
acompanhada pelo técnico (investigador) e por um auxiliar guia, cuja função era conduzir o
cavalo à mão e controlar o seu andamento, de acordo com as instruções do técnico. O técnico
acompanhava a criança, deslocando-se junto do lado esquerdo do cavalo.
A avaliação das crianças decorreu numa sala do picadeiro. Este local tem ligação com o
exterior através de uma porta, a qual estava fechada durante o período de avaliação. A figura 6
apresenta a configuração da sala.
Legenda:
Picadeiro
Porta
Janelas
III – Metodologia
66
Figura 6. Configuração da sala onde decorreram as avaliações.
Durante a avaliação, apenas estava presente a criança, o investigador e o auxiliar guia. O
auxiliar guia era responsável por recolher os dados da avaliação, assegurando, assim, a
fiabilidade da observação (descrita mais à frente). Para isso, assegurou-se que o auxiliar guia
conhecia o instrumento de avaliação e todos os critérios de cotação.
4. Variável dependente
As variáveis dependentes de um estudo são as caraterísticas que aparecem ou mudam
quando se aplica, suprime ou altera as variáveis independentes (Almeida & Freire, 2008). Na
investigação single-subject, são utilizadas uma ou mais variáveis dependentes, as quais são
definidas e medidas (Horner et al., 2005).
As variáveis dependentes devem ser definidas operacionalmente, de modo a permitir
uma avaliação válida e consistente de cada variável e a replicação do processo de avaliação
(Horner et al., 2005). Segundo o mesmo autor, estas variáveis são medidas repetidamente
dentro e através de condições controladas para permitir a identificação de padrões de
comportamento antes do período de intervenção e a comparação de padrões de desempenho ao
longo das condições ou fases do estudo.
Neste estudo, as variáveis dependentes são os resultados obtidos pelas crianças nos
sete fatores psicomotores: tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação
espaciotemporal, praxia global e praxia fina.
De seguida será descrita a forma como se recolheram os dados referentes a estas
variáveis.
Legenda:
Sala
Porta
Mesa
III – Metodologia
67
4.1 Instrumento de recolha de dados
Para a avaliação dos fatores psicomotores foi utilizado um instrumento de avaliação
(anexo C) elaborado com base na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) e no Body Skills (Werder
& Bruninks, 1988). Seguidamente será descrito esse instrumento, assim como os instrumentos
que estiveram na sua origem.
O instrumento elaborado para a recolha de dados do presente estudo consiste numa
bateria que avalia os sete fatores psicomotores, num total de 23 itens. À exceção do item que
avalia a praxia fina, todos os outros foram retirados da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) e,
posteriormente, adaptados às necessidades deste estudo e ao contexto da Equitação
Terapêutica. Todos os itens da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) que não se adaptam à
Equitação Terapêutica foram excluídos. Uma vez que todos os itens da praxia fina foram
excluídos, e dado que é importante avaliar este fator psicomotor, foi adaptado um item do Body
Skills (Werder & Bruininks, 1988), do módulo da motricidade fina.
A forma de descrição dos itens no instrumento de recolha de dados também foi
adaptada da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010). Para cada item é feita uma descrição do
material, do posicionamento da criança, da tarefa (procedimento e instrução) e da cotação, ao
mesmo tempo que se refere o tipo de demonstração e o número de tentativas que a criança
dispõe. As imagens utilizadas para ilustrar o posicionamento ou procedimento de algumas
tarefas foram retiradas dos instrumentos originais. Os itens que não apresentam imagem são
aqueles que também não a têm na versão original. A folha de registo e o perfil também foram
adaptados da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010).
A aplicação do instrumento de recolha de dados é feita individualmente e pode demorar
cerca de 30 minutos. Tal como diz Fonseca (2010), a este tempo será acrescentado um período
adicional de contacto com a família, para o levantamento das suas caraterísticas pessoais. A sua
forma de aplicação é semelhante à Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010). Uma vez que neste
estudo, serão avaliadas crianças de 4 e 5 anos de idade, a aplicação deve privilegiar a
componente lúdica das tarefas, mantendo a atenção da criança em condições motivacionais e
estruturando o envolvimento de forma a não originar dispersões de atenção. Para estas idades, é
frequente o recurso à demonstração e imitação durante a realização das tarefas (Fonseca,
2010).
III – Metodologia
68
Para cada item são descritos os critérios de cotação das tarefas e a cotação de cada
fator psicomotor corresponde à média arredondada dos seus respetivos itens. Caso seja
necessário fazer um arredondamento, este deve ser feito por excesso ou por defeito, de acordo
com as observações qualitativas do avaliador. Ou seja, o avaliador deve identificar aspetos no
desempenho da criança que permitam decidir se a cotação é arredondada por excesso ou por
defeito (e. g. se a cotação do fator psicomotor for 3.5, o avaliador deve analisar o desempenho
da criança nas tarefas que avaliam esse fator e decidir se o seu desempenho foi mais próximo
do 3 ou do 4).
A forma de cotação dos itens e dos fatores psicomotores, adaptada da Bateria
Psicomotora (Fonseca, 2010), é a seguinte:
• 1 ponto (apraxia) – ausência de resposta, realização incompleta, inadequada e
descoordenada;
• 2 pontos (dispraxia) – realização fraca com dificuldades de controlo e sinais
desviantes;
• 3 pontos (eupraxia) – realização completa, adequada e controlada; e
• 4 pontos (hiperpraxia) – realização perfeita, precisa e com facilidades de controlo.
No item retirado do Body Skills (Werder & Bruininks, 1988), foi necessário adaptar a
cotação de forma a ser semelhante aos restantes itens. Uma vez que o item original é cotado em
três níveis, atribuiu-se a cotação 2, 3 e 4 a cada um deles, respectivamente. A cotação 1 foi
criada para este estudo.
A cotação de cada fator psicomotor é transcrita para o perfil, que se encontra na
primeira página da ficha de registo, originando o perfil psicomotor da criança, no qual se podem
identificar as suas áreas de maior e menor realização. Com base nestes dados, será possível
formular objetivos ao nível da intervenção para cada criança (Fonseca, 2010).
Terminada a descrição do instrumento de recolha de dados, será feita uma breve
descrição dos dois instrumentos que estiveram na sua origem.
A Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) resultou de centenas de observações
psicopedagógicas em crianças com problemas de desenvolvimento, comportamento e
aprendizagem. É uma bateria constituída pelos sete fatores psicomotores, organizados num total
de 42 itens, cuja principal finalidade é detetar e identificar dificuldades ao nível psicomotor, em
crianças dos 4 anos aos 12 anos. Tem demonstrado utilidade na identificação de dificuldades
em muitas crianças e jovens (Fonseca, 2010). Permite, ainda, obter um índice de controlo
III – Metodologia
69
respiratório e de fatigabilidade, bem como identificar o aspeto somático e os desvios posturais
da criança (Fonseca, 2010).
A aplicação da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010) é feita de modo individual. A cada
item corresponde uma tarefa aplicada pelo avaliador e o desempenho da criança em cada item
deve ser registado na respectiva folha. A cada tarefa corresponde uma cotação, de acordo com o
desempenho da criança.
O Body Skills (Werder & Bruninks, 1988) é um currículo de desenvolvimento constituído
por cinco módulos (controlo do corpo, locomoção, condição física, objetos em movimento e
motricidade fina), organizados num total de 86 itens. A sua finalidade é avaliar as capacidades
motoras em crianças dos 2 aos 12 anos de idade. Constitui uma forma de avaliação,
planeamento e ensino de capacidades motoras e apresenta adaptações para as necessidades
especiais.
A aplicação do Body Skills (Werder & Bruninks, 1988) é feita de modo individual ou em
pequenos grupos. A cada item corresponde uma atividade aplicada pelo avaliador. Para cada
atividade é descrito o conjunto de instruções, o material e o espaço. O desempenho da criança
em cada actividade deve ser registado na respectiva folha. A cada tarefa corresponde uma
cotação, de acordo com o desempenho da criança.
4.1.1 A utilização do instrumento de recolha de dados
A avaliação foi realizada de modo repetido e sob condições rigorosamente controladas.
Para a aplicação do instrumento de avaliação deste estudo, são necessários: colchão,
mesa (1 metro de altura), cadeira (50 cm de altura), cronómetro, fita adesiva encarnada, caneta,
folha de papel, bola de futebol, bola de ténis, bola de Waboba, caixa (40cm × 40cm × 40 cm) e
fita métrica.
4.2 Fiabilidade da observação
A fiabilidade dos resultados obtidos é assegurada através da existência de dois
observadores, em simultâneo. Deve comparar-se os dados recolhidos pelos dois, encontrando-se
os instantes de acordo e de desacordo. Quando o número de acordos é alto e o número de
desacordos é baixo, a observação é considerada fiável (Kennedy, 2005; Repp & Lloyd, 1980).
III – Metodologia
70
No presente estudo, foram utilizados dois observadores, os quais procederam ao registo
simultâneo da cotação obtida por cada criança, em cada um dos itens do instrumento de
avaliação. Posteriormente, compararam-se os registos. A percentagem de acordo foi
determinada a partir da divisão do número total de acordos pelo número total de desacordos,
com posterior multiplicação por 100. Verificou-se que o acordo entre os dois observadores foi
total, o que permite afirmar que a observação é de confiança (Repp & Lloyd, 1980).
5. Variável independente
As variáveis independentes de um estudo são as caraterísticas que o investigador
manipula, para compreender o seu impacto nas variáveis dependentes (Almeida & Freire, 2008).
Num estudo single-subject, a variável independente é a prática, a intervenção ou o mecanismo
comportamental da investigação. Estas variáveis são definidas operacionalmente para permitir
uma interpretação válida dos resultados e uma replicação precisa dos procedimentos (Horner et
al., 2005).
Neste estudo, a variável independente é a aplicação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica. Por ser uma variável manipulável ou manipulada no estudo, esta variável
independente diz-se ativa (Almeida & Freire, 2008).
Foram utilizadas as intervenções denominadas por A e B, que serão seguidamente
descritas.
5.1 Período A – Linha de base
No período A, denominado por linha de base, são realizadas avaliações individuais
durante um determinado período de tempo, para estabelecer uma linha de base para os dados
recolhidos posteriormente (Maxwell & Satake, 2006; Schiavetti et al., 2010). Este período
permite estabelecer um padrão de resposta que pode ser utilizado para predizer o padrão de
desempenho futuro, caso não ocorra introdução ou manipulação da variável independente
(Horner et al., 2005). Inclui medições repetidas da frequência do comportamento a medir
(Barlow & Hersen, 1984 citado por Reynolds & Fletcher-Janzen, 2007), ou seja, da variável
dependente. A medição da variável dependente durante este período deve ocorrer até que o
padrão de resposta observado seja suficientemente consistente para permitir a predição do
comportamento futuro (Horner et al., 2005). Assim, o período de linha de base prolonga-se até
III – Metodologia
71
se observar uma estabilização do comportamento. Esta estabilização é identificada quando não
existem mudanças significativas no nível e quando a variabilidade é baixa (Schiavetti et al.,
2010).
A frequência com que ocorrem as observações varia de acordo com a situação em
causa. As observações podem ser diárias, semanais ou mensais, ou podem ser feitas várias
observações num dia, semana ou mês. Quanto maior a frequência das observações, mais
representativos serão os resultados. Embora alguns investigadores apontem para três
observações como o mínimo para o período de linha de base, este número pode variar de
acordo com a situação. Assim, este período pode ter apenas duas observações, caso esse
número seja suficiente para se estabelecer um padrão de comportamento (Kennedy, 2005).
Segundo o autor, cabe ao investigadores responsáveis pelo estudo a responsabilidade de decidir
a frequência dessas observações.
A descrição do período de linha de base deverá ser suficientemente precisa para permitir
a replicação por outros investigadores (Horner et al., 2005). Ao mesmo tempo, é fundamental
ter em atenção que a forma como o investigador conduz este período tem implicações
importantes nas conclusões do estudo (Kennedy, 2005).
Durante este período não devem ocorrer mudanças de condições ou manipulação da
variável independente (Maxwell & Satake, 2006; Schiavetti & Metz, 2006). Assim, neste estudo,
o período A diz respeito à intervenção individual utilizada regularmente pelo técnico de Equitação
Terapêutica. As tarefas utilizadas foram as que são habitualmente realizadas nas sessões de
Equitação Terapêutica na academia equestre.
5.2 Período B – Intervenção
O período B, ou período de intervenção, é introduzido quando a linha de base está
completa. Durante este período, o participante é exposto à variável independente (Schiavetti et
al., 2010), sendo esperadas mudanças na variável dependente face ao período A (Maxwell &
Satake, 2006). À semelhança do que ocorre no período A, neste período continuam a ser
realizadas medições repetidas da variável dependente (Reynolds & Fletcher-Janzen, 2007;
Schiavetti et al., 2010).
Cabe aos investigadores responsáveis pelo estudo a responsabilidade de decidir a
frequência das medições do comportamento, durante o período B (Kennedy, 2005).
III – Metodologia
72
Neste estudo, o período B consiste numa intervenção baseada no plano psicomotor
elaborado pelo investigador. Cada tarefa permite trabalhar os aspetos avaliados e encontra-se
descrita no Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica (anexo D).
5.3 Fiabilidade de implementação
Numa investigação single-subject, a fiabilidade de implementação é uma preocupação
significativa porque a variável independente é aplicada ao longo do tempo. Como resultado desta
preocupação, é esperada a documentação adequada da implementação através da medição
direta e contínua da variável independente (Gresham, Gansel, & Kurtz citado por Horner et al.,
2005). Assim, neste estudo, o investigador teve a preocupação de ler o plano psicomotor antes
de cada sessão e, no fim da mesma, apontou os aspetos que não realizou nesse dia, explicando
o motivo de não o ter feito.
6. Desenho da manipulação da variável independente
O tipo de manipulação utilizado neste estudo foi o ABA design, o qual serve para
determinar se o comportamento que foi alterado temporariamente retorna à linha de base
quando o tratamento é retirado (Lodico, Spaulding, & Voegtle, 2010; Schiavetti et al., 2010).
Com este tipo de estudo, verifica-se, em cada sujeito, o impacto da variável independente nas
variáveis dependentes, anulando o efeito de outras variáveis. Assim, cada participante serve
como sujeito de controlo e como sujeito experimental (Kennedy, 2005).
As mudanças no desempenho do participante, verificadas durante o período de
intervenção, são comparadas às avaliações da linha de base, servindo de indicadores do efeito
da variável independente na variável dependente (Schiavetti et al., 2010). Tal como estes autores
afirmam, na investigação single-subject, o padrão do desempenho ao longo do tempo é
comparado entre o período A e o período B.
O primeiro período A deste estudo teve a duração de duas semanas, com avaliações
semanais, ou seja, foram realizadas duas avaliações a cada criança durante este período. Não
foram necessárias mais avaliações uma vez que o desempenho das crianças foi muito
semelhante nas duas avaliações, permitindo estabelecer um padrão de comportamento. No
segundo período A, foram realizadas avaliações semanais, durante 4 semanas. Assim, cada
III – Metodologia
73
criança foi avaliada quatro vezes neste período. O período B teve a duração de 12 semanas, com
avaliações semanais, ou seja, cada criança foi avaliada 12 vezes ao longo deste período.
A vantagem do ABA design é que o investigador, retirando a intervenção durante o
segundo período A e observando o efeito na variável dependente, pode concluir que a variável
independente foi responsável pela mudança observada na variável dependente (Maxwell &
Satake, 2006). Isto resulta de um controlo experimental para a maioria das ameaças à validade
interna, permitindo confirmar uma relação funcional entre a manipulação da variável
independente e a mudança na variável dependente (Horner et al., 2005).
A validade interna dos estudos single-subject pode ser assegurada caso os dados das
avaliações do período A sejam recolhidos cuidadosamente: avaliações do comportamento
durante um período de tempo e após a implementação da intervenção (Lodico et al., 2010).
As ameaças à validade externa de um estudo single-subject são reduzidas por o estudo
incluir vários participantes, ambientes, materiais e/ou comportamentos. A validade externa
destes estudos é reforçada pela descrição operacional dos participantes, do contexto e dos
fatores que influenciam o comportamento do participante antes da intervenção (Horner et al.,
2005).
7. Análise dos dados
Na investigação single-subject, embora os dados possam ser interpretados com o uso de
análise estatística (Todman & Dugard, 2001 citado por Horner et al., 2005), a análise dos
dados, geralmente, envolve uma comparação visual sistemática da resposta nas várias
condições de estudo (Parsonson & Baer, 1978 citado por Horner et al., 2005).
Seguidamente será explicitado o processo de elaboração dos gráficos de monitorização
deste estudo e a forma como se realiza a sua análise.
7.1 Elementos do gráfico de monitorização
Os resultados obtidos por cada criança nos vários fatores psicomotores, foram
convertidos em gráficos, de forma a permitir a sua interpretação.
Ainda que possam existir várias formas de construir estes gráficos, há elementos
comuns a todos eles (Kennedy, 2005). Assim, o eixo vertical (eixo YY) indica os resultados
obtidos pela criança enquanto o eixo horizontal (eixo XX) indica os dias de avaliação.
III – Metodologia
74
Neste estudo, foram elaborados gráficos de monitorização para cada fator psicomotor
das quatro crianças. Para cada criança foram elaborados 35 gráficos, uma vez que, para cada
fator psicomotor, elaboraram-se os seguintes gráficos: linha de base; linha de progressão
esperada para a criança; progresso da criança ao longo do estudo; comparação do progresso da
criança com a linha de progressão esperada; e comparação da linha tendencial com a linha de
progressão esperada.
7.2 Análise do gráfico de monitorização
A análise dos dados recolhidos numa investigação single-subject requer a interpretação
de padrões específicos no gráfico de monitorização (Horner et al., 2005). Esses padrões, ou
dimensões, são o nível, a tendência e a variabilidade (Horner et al., 2005; Kennedy, 2005;
Schiavetti et al., 2010). Estas dimensões devem ser analisadas tanto nos períodos de linha de
base como nos períodos de intervenção (Horner et al., 2005).
A primeira dimensão a considerar na análise visual do gráfico de monitorização é o nível.
Este refere-se ao desempenho médio durante uma determinada condição do estudo, podendo
ser calculado através da média ou mediana dos resultados obtidos (Horner et al., 2005;
Kennedy, 2005). Analisar esta dimensão permite estimar a tendência central dos dados durante
um determinado período do estudo (Kennedy, 2005).
Uma segunda dimensão a considerar na análise visual é a tendência, a qual diz respeito
à taxa de aumento ou diminuição da linha da variável dependente em determinado período
(Horner et al., 2005), ou seja, se o gráfico está plano, crescente ou decrescente ao longo do
tempo (Schiavetti et al., 2010). Esta dimensão apresenta dois elementos distintos, so quais
devem ser avaliados em simultâneo: o declive e a magnitude (Kennedy, 2005). O declive pode
ser positivo, nulo ou negativo consoante exista uma tendência crescente, invariável ou
decrescente dos resultados, respectivamente. Um declive positivo indica que os resultados
aumentam o seu valor ao longo do período. Um declive nulo indica que os resultado não variam
o seu valor ao longo do período e um declive negativo indica que os resultados diminuem o seu
valor ao longo do tempo (Kennedy, 2005). A magnitude é o tamanho ou extensão do declive e é
qualitativamente estimada como alta, caso exista um aumento ou descida rápida do padrão dos
dados, média ou baixa, caso exista um aumento ou descida gradual do padrão dos dados
(Kennedy, 2005).
III – Metodologia
75
De acordo com Wright (s.d.) citado por Lopes (2009) e Machado (2008), para
determinar a tendência dos dados deve proceder-se da seguinte forma:
1. Contar os pontos do gráfico e traçar duas linhas verticais de forma a dividir os pontos
em três secções iguais (caso não seja possível dividir por 3, deve dividir-se em secções
exactamente iguais);
2. Considerando a primeira e terceira secção do gráfico, encontrar o ponto médio do
eixo vertical e horizontal, sinalizando o ponto de interseção de ambos em cada secção; e
3. Unir os dois pontos. A linha traçada será a linha tendencial dos dados.
A terceira dimensão a considerar quando se procede à análise visual é a variabilidade, a
qual se refere ao desvio dos dados relativamente à tendência geral (Horner et al., 2005;
Kennedy, 2005; Schiavetti et al., 2010). É qualitativamente estimada como alta, média ou baixa.
Uma variabilidade alta indica que os resultados obtidos estão muito dispersos face ao que seria
desejado. Pelo contrário, uma variabilidade baixa indica que os resultados obtidos estão muito
perto do que seria desejado (Kennedy, 2005).
Horner et al. (2005) afirmam que, para além das três dimensões apresentadas
anteriormente, na análise visual também se deve considerar os efeitos no começo e/ou retirada
da intervenção e a consistência do padrão dos dados através de várias intervenções e condições
sem intervenção.
A integração da informação resultante da análise de todos os aspetos acima
mencionados é usada para determinar se existe uma relação funcional entre as variáveis
independentes e dependentes (Horner et al., 2005). Esta relação funcional está comprometida,
segundo o mesmo autor, quando 1) existe uma grande latência entre a manipulação da variável
independente e a mudança na variável dependente; 2) as mudanças ao longo das condições são
pequenas e/ou semelhantes às mudanças dentro das condições e 3) as tendências não se
adaptam às preditas durante a introdução ou manipulação da variável independente (Horner et
al., 2005).
Neste capítulo, foram apresentadas e fundamentadas as diretrizes metodológicas que
orientam este estudo. De seguida, serão apresentados os resultados obtidos.
IV – Apresentação e análise dos resultados
76
IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A apresentação dos resultados será feita para cada participante do estudo. Numa
primeira fase, será apresentada uma breve caraterização de cada criança, de forma a permitir
uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Numa segunda fase, serão descritos os
resultados de cada participante durante o estudo, com uma interpretação dos mesmos.
1. Mickey
1.1 Caraterísticas pessoais
O Mickey tem quatro anos de idade e um diagnóstico de perturbações do espetro do
autismo com perturbação da hiperatividade e défice de atenção (PDHA) associada. Toma
medicação para a PHDA.
O Mickey encontra-se dentro do esperado para a sua idade ao nível motor. Revela uma
exploração muito rica ao nível da coordenação oculomanual e não tem dificuldades ao nível da
motricidade fina.
Esta criança apresenta uma grande impulsividade e excesso de atividade motora.
Embora tenha curtos períodos de atenção, tem evoluído bastante a este nível. Apresenta um
grande interesse por atividades lúdicas.
Embora tenha grande intencionalidade comunicativa, esta criança revela muitas
dificuldades ao nível da linguagem e fala. O Mickey faz vocalizações e lalações com o objetivo de
comunicar com o outro e já diz e repete muitas palavras e frases. Responde a algumas
perguntas como, por exemplo, nomeação de partes do corpo.
O Mickey apresenta um padrão de interação muito positivo. O contacto ocular é cada vez
mais adequado.
Reage frequentemente aos estímulos com gritos e choros.
1.2 Realização na monitorização
Durante os vários momentos de avaliação, o Mickey apresentou-se bastante agitado e
com curtos períodos de concentração. No entanto, verificou-se uma melhoria ao longo do
IV – Apresentação e análise dos resultados
77
período de investigação. De seguida, serão apresentados os resultados obtidos pelo Mickey
durante os períodos A e B e a sua progressão ao longo do estudo.
1.2.1 Estabelecimento da linha de base
As figuras que se apresentam de seguida mostram os resultados obtidos pelo Mickey
durante o período de linha de base.
No que diz respeito à tonicidade, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, o Mickey teve a cotação 3, o que, segundo Fonseca (2010), revela um estado tónico
apropriado, ou seja, eutonia (figura 7).
Figura 7. Resultados do Mickey na tonicidade, durante a linha de base.
Na equilibração, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, o Mickey
teve a cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela muita insegurança gravitacional (figura
8).
Figura 8. Resultados do Mickey na equilibração, durante a linha de base.
No que se refere à lateralização, no período em que se estabeleceu a linha de base, o
Mickey teve a cotação 3, o que, segundo Fonseca (2010), revela uma especialização hemisférica
adequada (figura 9).
1
2
3
4
1 2
Cot
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obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
78
Figura 9. Resultados do Mickey na lateralização, durante a linha de base.
No que diz respeito à noção do corpo, no período em que se estabeleceu a linha de
base, o Mickey teve a cotação 3, o que, segundo Fonseca (2010), evidencia a existência de uma
imagem mental interiorizada de forma adequada (figura 10).
Figura 10. Resultados do Mickey na noção do corpo, durante a linha de base.
Na estruturação espaciotemporal, no período em que se estabeleceu a linha de base, o
Mickey teve a cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), mostra uma capacidade incompleta e
inadequada para estruturar e organizar o espaço e o ritmo (figura 11).
Figura 11. Resultados do Mickey na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base.
1
2
3
4
1 2Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
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1 2Cot
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Dias de avaliação
1
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1 2Cot
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
79
Quanto à praxia global, no período em que se estabeleceu a linha de base, o Mickey teve
a cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela respostas incompletas, inadequadas e
descoordenadas ao nível da realização motora (figura 12).
Figura 12. Resultados do Mickey na praxia global, durante a linha de base.
No que se refere à praxia fina, no período em que se estabeleceu a linha de base, o
Mickey teve a cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela um desempenho incompleto e
inadequado ao nível da micromotricidade e perícia manual (figura 13).
Figura 13. Resultados do Mickey na praxia fina, durante a linha de base.
1.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada
Após o estabelecimento da linha de base, delineou-se a linha de progressão desejada
para cada fator psicomotor. Para isso, associou-se o desempenho do Mickey na linha de base ao
desempenho que poderá ser atingido no final do período B. O desempenho expetado, em todos
os fatores, é a cotação 4. O quadro 2 evidencia as linhas de progressão esperadas para cada
fator psicomotor.
1
2
3
4
1 2Cot
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Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
80
Quadro 2
Linhas de progressão esperadas para o Mickey, para cada fator psicomotor
Tonicidade
Figura 14. Linha de progressão esperada para o Mickey, na tonicidade.
Equilibração
Figura 15. Linha de progressão esperada para o Mickey, na equilibração.
Lateralização
Figura 16. Linha de progressão esperada para o Mickey, na lateralização.
Noção do corpo
Figura 17. Linha de progressão esperada para o Mickey, na noção do corpo.
Estruturação espaciotemporal
Figura 18. Linha de progressão esperada para o Mickey, na estruturação espaciotemporal.
Praxia global
Figura 19. Linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia global.
Praxia fina
Figura 20. Linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia fina.
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
81
As linhas de progressão traçadas permitiram comparar os resultados do Mickey, ao
longo de todo o estudo, com o que seria esperado que alcançasse.
1.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados
Seguidamente, serão apresentados, analisados e interpretados os resultados obtidos
pelo Mickey, ao longo do estudo, nos sete fatores psicomotores. A análise visual dos gráficos de
monitorização será feita com base no nível, tendência e variabilidade dos resultados obtidos.
A figura 21 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na tonicidade, ao longo do
período de investigação.
Figura 21. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na tonicidade.
O quadro 3 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na tonicidade.
Quadro 3
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na tonicidade
Período A Período B Período A
Média 3 3.42 3.25
Mediana 3 4 3
Desvio padrão 0 0.79 0.5
Máximo – Mínimo 3 – 3 4 – 2 4 – 3
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
A B A
IV – Apresentação e análise dos resultados
82
No que diz respeito à tonicidade, através da análise da figura 21 e do quadro 3, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio do
Mickey, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
– período B –, face ao primeiro período A. Ao longo do período B, o Mickey conseguiu atingir a
cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, no segundo período A, o desempenho diminuiu.
Figura 22. Comparação do progresso do Mickey, na tonicidade, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a tonicidade com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 22), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da oitava semana, a cotação obtida esteve acima
do esperado.
A figura 23 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na tonicidade.
Figura 23. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na
tonicidade.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
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Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
A A B
IV – Apresentação e análise dos resultados
83
Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da tonicidade (figura 23). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve
um aumento da cotação obtida pelo Mickey, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A
magnitude do declive é baixa, o que indica que esse aumento foi gradual.
Através da análise da figura 23, verifica-se que a linha tendencial é muito semelhante à
linha de progressão esperada. Isto significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
promoveu sucesso, na tonicidade, permitindo ao Mickey progredir como o esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 3). Os resultados
encontram-se perto da linha de progressão esperada (figura 22).
A figura 24 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na equilibração, ao longo do
período de investigação.
Figura 24. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na equilibração.
O quadro 4 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na equilibração.
Quadro 4
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na equilibração
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
84
Na equilibração, através da análise da figura 24 e do quadro 4 é possível verificar que
não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Mickey, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho do Mickey neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 25. Comparação do progresso do Mickey, na equilibração, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a equilibração com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 25), pode inferir-se que a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, não alterou o desempenho da criança. Assim, o seu
desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 26 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na equilibração.
Figura 26. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na
equilibração.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
85
Considerando a tendência dos resultados obtidos pelo Mickey na equilibração, através
da análise da figura 26, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de
período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pelo Mickey, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na equilibração, não permitindo ao Mickey progredir como era esperado.
Os resultados obtidos pelo Mickey na equilibração não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 27 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na lateralização, ao longo do
período de investigação.
Figura 27. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na lateralização.
O quadro 5 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na lateralização.
Quadro 5
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na lateralização
Período A Período B Período A
Média 3 3.75 4
Mediana 3 4 4
Desvio padrão 0 0.45 0
Máximo – Mínimo 3 – 3 4 – 3 4 – 4
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
86
No que diz respeito à lateralização, através da análise da figura 27 e do quadro 5, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio do
Mickey, durante o período em que se implementou o plano psicomotor de Equitação
Terapêutica, face ao primeiro período de linha de base. Ao longo do período B, o Mickey
conseguir atingir a cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no segundo período de linha de base, o desempenho do Mickey manteve-
se.
Figura 28. Comparação do progresso do Mickey, na lateralização, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a lateralização com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 28), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da sexta semana a cotação obtida esteve acima do
esperado.
A figura 29 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na lateralização.
Figura 29. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na
lateralização.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
87
Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da lateralização (figura 29). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que
houve um aumento da cotação obtida pelo Mickey, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A
magnitude do declive é baixa, o que significa que esse aumento foi gradual.
Através da análise da figura 29, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada, o que significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica teve
sucesso, na lateralização, permitindo ao Mickey progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação, uma vez que o desvio padrão é sempre inferior à unidade ou igual a zero (quadro
5). Os resultados encontram-se muito perto da linha de progressão esperada (figura 28).
A figura 30 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na noção do corpo, ao longo do
período de investigação.
Figura 30. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na noção do corpo.
O quadro 6 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na noção do corpo.
Quadro 6
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na noção do corpo
Período A Período B Período A
Média 3 3.75 4
Mediana 3 4 4
Desvio padrão 0 0.45 0
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
88
Máximo – Mínimo 3 – 3 4 – 3 4 – 4
No que diz respeito à noção do corpo, através da análise da figura 30 e do quadro 6, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio do
Mickey, durante o período em que foi implementado o Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, no período B. Ao longo deste período, o Mickey conseguiu atingir a cotação máxima
desejada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho da criança manteve-se igual.
Figura 31. Comparação do progresso do Mickey, na noção do corpo, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a noção do corpo com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 31), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da sexta semana a cotação obtida esteve acima do
esperado.
A figura 32 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na noção do corpo.
Figura 32. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na noção do
corpo.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
89
Quanto à tendência dos resultados obtidos pelo Mickey, é possível verificar um
aumento da taxa da linha da noção do corpo (figura 32). O declive da linha tendencial é positivo,
o que indica um aumento da cotação obtida pelo Mickey, ao longo do estudo, neste fator
psicomotor. A magnitude do declive é baixa, o que significa que esse aumento ocorreu de forma
gradual.
Através da análise da figura 32, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada. Isto significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
promoveu sucesso na noção do corpo, permitindo ao Mickey progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos pelo Mickey, na noção do corpo, manteve-se
baixa ao longo de toda a investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade ou igual
a zero (quadro 6). Os resultados encontram-se muito perto da linha de progressão esperada.
A figura 33 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na estruturação
espaciotemporal, ao longo do período de investigação.
Figura 33. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal.
O quadro 7 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na estruturação espaciotemporal.
Quadro 7
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na estruturação
espaciotemporal
Período A Período B Período A
Média 1 1.5 2
Mediana 1 1.5 2
Desvio padrão 0 0.52 0
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
90
Máximo – Mínimo 1 – 1 2 – 1 2 – 2
No que diz respeito à estruturação espaciotemporal, através da análise da figura 33 e do
quadro 7, é possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Mickey, ou seja,
do seu desempenho médio, durante o período B. Ainda assim, ao longo deste período, o Mickey
não atingiu a cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no segundo período A, o desempenho do Mickey neste fator psicomotor,
manteve-se em relação ao período B.
Figura 34. Comparação do progresso do Mickey, na estruturação espaciotemporal, com
a linha de progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a estruturação espaciotemporal com
os resultados obtidos pelo Mickey (figura 34), pode inferir-se que, com a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, ocorreram aumentos de nível, a partir da
nona semana. Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do
esperado.
A figura 35 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão desejada para o Mickey,
na estruturação espaciotemporal.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
91
Figura 35. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na
estruturação espaciotemporal.
No que diz respeito à tendência dos resultados obtidos pelo Mickey na estruturação
espaciotemporal, através da análise da figura 35, verifica-se um aumento da taxa da linha da
variável dependente. O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve um
aumento da cotação obtida pelo Mickey, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A
magnitude do declive é baixa, significando que esse aumento da cotação foi gradual.
Através da análise da figura 35, verifica-se que a linha tendencial encontra-se abaixo da
linha de progressão esperada, o que significa que o Mickey não progrediu, neste fator
psicomotor, como era esperado. Ainda assim, é possível afirmar que o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica promoveu algum sucesso, na estruturação espaciotemporal, uma vez que
a cotação aumentou um ponto.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação uma vez que o desvio padrão dos dados, em relação à tendência geral, é inferior à
unidade ou igual a zero (quadro 7). No entanto, os resultados encontram-se afastados da linha
de progressão esperada, ao longo do período de investigação.
Os resultados obtidos pelo Mickey, na praxia global, ao longo do estudo, são
apresentados na figura 36.
Figura 36. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na praxia global.
O quadro 8 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na praxia global.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
A
IV – Apresentação e análise dos resultados
92
Quadro 8
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na praxia global
Período A Período B Período A
Média 1 1.33 1.25
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0.49 0.5
Máximo – Mínimo 1 – 1 2 – 1 2 – 1
Quanto à praxia global, através da análise da figura 36 e do quadro 8, verifica-se um
aumento de nível nos resultados obtidos, ou seja, no desempenho médio do Mickey durante o
período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica. Contudo, ao
longo deste período, o Mickey não atingiu a cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser retirado
o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, no segundo período A, o desempenho do Mickey,
neste fator psicomotor, diminuiu.
Figura 37. Comparação da progressão do Mickey, na praxia global, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia global com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 37), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima primeira semana, verificou-se um
aumento de nível. Ainda assim, o seu desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo
do que era esperado.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
93
A figura 38 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na praxia global.
Figura 38. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia
global.
Quanto à tendência dos resultados obtidos pelo Mickey, verifica-se um aumento da
taxa da linha da praxia global (figura 38). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa
que houve um aumento da cotação obtida pelo Mickey, ao longo do estudo, neste fator
psicomotor. A magnitude do declive é baixa, o que indica que esse aumento ocorreu de forma
gradual.
Através da análise da figura 38, verifica-se que a linha tendencial para a praxia global
encontra-se abaixo da linha de progressão esperada, o que indica que o Mickey não progrediu
como era esperado. Contudo, pode afirmar-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
promoveu algum sucesso na praxia global, uma vez que o Mickey aumentou um ponto na
cotação deste fator psicomotor.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo do estudo, uma vez
que o desvio padrão dos dados, em relação à tendência geral, é inferior à unidade (quadro 8).
No entanto, os resultados encontram-se distantes da linha de progressão esperada.
A figura 39 apresenta os resultados obtidos pelo Mickey, na praxia fina, ao longo do
período de investigação.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
94
Figura 39. Progresso do Mickey ao longo do estudo, na praxia fina.
O quadro 9 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos resultados
obtidos pelo Mickey, na praxia fina.
Quadro 9
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Mickey, na praxia fina
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
Na praxia fina, através da análise da figura 39 e do quadro 9, é possível verificar que não
ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Mickey, ou seja, o seu desempenho
médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
– período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível inferir-se que o desempenho
do Mickey neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo do estudo.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
95
Figura 40. Comparação do progresso do Mickey, na praxia fina, com a linha de
progressão desejada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão desejada para a praxia fina com os resultados
obtidos pelo Mickey (figura 40), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, o desempenho não se alterou. Assim, o seu desempenho
neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 41 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Mickey,
na praxia fina.
Figura 41. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Mickey, na praxia
fina.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pelo Mickey na praxia fina, através da
análise da figura 41, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de período
de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pelo Mickey, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na praxia fina, não permitindo ao Mickey progredir como era esperado.
Os resultados obtidos pelo Mickey na praxia fina não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
2. Simba 2.1 Caraterísticas pessoais
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
96
O Simba tem quatro anos de idade e um diagnóstico de atraso global do
desenvolvimento.
Embora tenha muita facilidade ao nível da dissociação dos movimentos das mãos e pés,
apresenta dificuldades na coordenação motora e motricidade fina, sendo esta a sua área de
menor realização.
Esta criança apresenta uma grande impulsividade e curtos períodos de atenção nas
actividades.
O Simba é uma criança muito tímida. Em casa brinca muito com o irmão mas na escola
prefere brincar sozinho.
2.2 Realização na monitorização
Durante os vários momentos de avaliação, o Simba cooperou bastante bem em todas as
tarefas. De seguida, serão apresentados os resultados obtidos pelo Simba durante os três
períodos do estudo e a sua progressão ao longo do tempo.
2.2.1 Estabelecimento da linha de base
As figuras que se apresentam de seguida, mostram os resultados obtidos pelo Simba
durante o período de linha de base.
No que diz respeito à tonicidade, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, o Simba teve a cotação 3, o que, segundo Fonseca (2010), revela um estado tónico
apropriado, ou seja, eutonia (figura 42).
Figura 42. Resultados do Simba na tonicidade, durante a linha de base.
1
2
3
4
1 2Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
97
No que se refere à equilibração, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, o Simba teve cotação de 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela muita insegurança
gravitacional (figura 43).
Figura 43. Resultados do Simba na equilibração, durante a linha de base.
Na lateralização, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, o Simba teve
a cotação máxima, ou seja, cotação 4, o que, segundo Fonseca (2010), revela uma perfeita
integração bilateral (figura 44).
Figura 44. Resultados do Simba na lateralização, durante a linha de base.
No que diz respeito à noção do corpo, no período em que se estabeleceu a linha de
base, o Simba teve cotação 3, o que, segundo Fonseca (2010), evidencia a existência de uma
imagem mental interiorizada de forma adequada (figura 45).
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
98
Figura 45. Resultados do Simba na noção do corpo, durante a linha de base.
Na estruturação espaciotemporal, no período em que se estabeleceu a linha de base, o
Simba teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), mostra dificuldades em estruturar e
organizar o espaço e o ritmo (figura 46).
Figura 46. Resultados do Simba na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base.
Quanto à praxia global, no período em que se estabeleceu a linha de base, o Simba teve
cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela dificuldades de controlo das respostas, ao
nível da realização motora (figura 47).
Figura 47. Resultados do Simba na praxia global, durante a linha de base.
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
99
No que se refere à praxia fina, no período em que se estabeleceu a linha de base, o
Simba teve uma cotação de 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela um desempenho
imperfeito, incompleto e inadequado ao nível da micromotricidade e perícia manual (figura 48).
Figura 48. Resultados do Simba na praxia fina, durante a linha de base.
2.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada
Após o estabelecimento da linha de base, delineou-se a linha de progressão esperada
para cada fator psicomotor. Para isso, associou-se o desempenho do Simba na linha de base ao
desempenho que poderá ser atingido no final do período B. O desempenho expectado, em todos
os fatores psicomotores, é a cotação 4.
O quadro 10 evidencia as linhas de progressão esperadas para cada fator psicomotor.
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
100
Quadro 10
Linhas de progressão esperadas para o Simba, para cada fator psicomotor
Tonicidade
Figura 49. Linha de progressão esperada para o Simba, na tonicidade.
Equilibração
Figura 50. Linha de progressão esperada para o Simba, na equilibração.
Lateralização
Figura 51. Linha de progressão esperada para o Simba, na lateralização.
Noção do corpo
Figura 52. Linha de progressão esperada para o Simba, na noção do corpo.
Estruturação espaciotemporal
Figura 53. Linha de progressão esperada para o Simba, na estruturação espaciotemporal.
Praxia global
Figura 54. Linha de progressão esperada para o Simba, na praxia global.
Praxia fina
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
101
Figura 55. Linha de progressão esperada para o Simba, na praxia fina.
As linhas de progressão traçadas permitiram comparar os resultados do Simba, ao longo
de todo o estudo, com o que seria esperado que alcançasse.
2.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados
Seguidamente, serão apresentados, analisados e interpretados os resultados obtidos
pelo Simba, ao longo do estudo, nos sete fatores psicomotores. A análise dos gráficos será feita
com base no nível, tendência e variabilidade dos resultados obtidos.
A figura 56 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na tonicidade, ao longo do
período de investigação.
Figura 56. Progresso do Simba ao longo do estudo, na tonicidade.
O quadro 11 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na tonicidade.
Quadro 11
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, tonicidade
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 81
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
A B
IV – Apresentação e análise dos resultados
102
Período A Período B Período A
Média 3 3.42 3
Mediana 3 3.5 3
Desvio padrão 0 0.67 0
Máximo – Mínimo 3 – 3 4 – 2 3 – 3
No que diz respeito à tonicidade, através da análise da figura 56 e do quadro 11, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio do
Mickey, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
– período B –, face ao primeiro período A. Ao longo do período B, o Mickey conseguiu atingir a
cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, no segundo período A, o desempenho da criança, neste fator psicomotor, diminuiu.
Figura 57. Comparação do progresso do Simba, na tonicidade, com a linha de progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a tonicidade com os resultados
obtidos pelo Simba (figura 57), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da nona semana a cotação obtida esteve acima do
esperado.
A figura 58 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na tonicidade.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
103
Figura 58. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na tonicidade.
Quanto à tendência dos resultados obtidos, verifica-se um aumento da taxa da linha da
tonicidade (figura 58). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve um
aumento da cotação obtida pelo Simba, ao longo do estudo, neste fator psicomotor. A magnitude
do declive é baixa, o que significa que esse aumento ocorreu de forma gradual.
Através da análise da figura 58, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada, o que significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
promoveu sucesso, na tonicidade, permitindo ao Simba progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa, ao longo do período de
investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 11). os valores
encontram-se perto da linha de progressão esperada.
A figura 59 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na equilibração, ao longo do
estudo.
Figura 59. Progresso do Simba ao longo do estudo, na equilibração.
O quadro 12 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na equilibração.
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A
IV – Apresentação e análise dos resultados
104
Quadro 12
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na equilibração
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
Na equilibração, através da análise da figura 59 e do quadro 12, é possível verificar que
não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Simba, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho do Simba neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 60. Comparação do progresso do Simba, na equilibração, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a equilibração com os resultados
obtidos pelo Simba (figura 60), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, o desempenho não se alterou. Assim, o seu desempenho
neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 61 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na equilibração.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
105
Figura 61. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na
equilibração.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pelo Simba na equilibração, através
da análise da figura 61, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de
período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pelo Simba, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na equilibração, não permitindo ao Simba progredir como era esperado.
Os resultados obtidos pelo Simba na equilibração não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 62 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na lateralização, ao longo do
período de investigação.
Figura 62. Progresso do Simba ao longo do estudo, na lateralização.
O quadro 13 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na lateralização.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
106
Quadro 13
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na lateralização
Período A Período B Período A
Média 4 4 4
Mediana 4 4 4
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 4 – 4 4 – 4 4 – 4
No que diz respeito à lateralização, verifica-se que o nível dos resultados obtidos pelo
Simba, ou seja, o seu desempenho médio, mantém-se ao longo do estudo (figura 62 e quadro
13). Logo no início do estudo, no período A, o Simba já apresentava a cotação máxima – cotação
4 – neste fator psicomotor. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, no
segundo período A, o desempenho do Simba manteve-se. Assim, podemos afirmar que o
desempenho da criança ao longo do estudo, neste fator psicomotor, manteve-se inalterável.
Figura 63. Comparação do progresso do Simba, na lateralização, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Através da análise da figura 63, verifica-se que a linha de progressão esperada coincide
com os resultados obtidos pelo Simba, durante todo o estudo. Assim, a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, não causou qualquer impacto neste fator
psicomotor do Simba.
A figura 64 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na lateralização.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
107
Figura 64. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na
lateralização.
No que diz respeito à tendência dos resultados obtidos pelo Simba, na lateralização,
verifica-se que estes não se alteram ao longo do estudo. Isto é comprovado pelo declive nulo da
linha tendencial (figura 64).
Através da análise da figura 64, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada para a lateralização. Uma vez o Simba obteve cotação 4 desde o início
do estudo, pode inferir-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não teve impacto
neste fator psicomotor.
Os resultados obtidos pelo Simba na lateralização não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 65 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na noção do corpo, ao longo do
estudo.
Figura 65. Progresso do Simba ao longo do estudo, na noção do corpo.
O quadro 14 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na noção do corpo.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
108
Quadro 14
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na noção do corpo
Período A Período B Período A
Média 3 3.75 4
Mediana 3 4 4
Desvio padrão 0 0.45 0
Máximo – Mínimo 3 – 3 4 – 3 4 – 4
No que diz respeito à noção do corpo, através da análise de figura 65 e do quadro 14, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Simba, ou seja, do seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica (período B). Ao longo deste período, o Simba conseguiu atingir a cotação
máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho do Simba, neste fator
psicomotor, manteve-se.
Figura 66. Comparação da progressão do Simba, na noção do corpo, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a noção do corpo com os resultados
obtidos pelo Simba (figura 66), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da sétima semana a cotação obtida esteve acima
do esperado.
A figura 67 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na noção do corpo.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
109
Figura 67. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na noção do
corpo.
Quanto à tendência dos resultados obtidos pelo Simba, verifica-se um aumento da taxa
da linha da noção do corpo (figura 67). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa
que houve um aumento da cotação obtida pelo Simba, neste fator psicomotor, ao longo do
estudo. A magnitude do declive é baixa, o que indica que esse aumento foi gradual.
Através da análise da figura 67, é possível verificar que a linha tendencial coincide com a
linha de progressão esperada. Isto significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
teve sucesso, na noção do corpo, permitindo ao Simba progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de todo o estudo,
uma vez que o desvio padrão é igual a zero ou inferior à unidade (quadro 14). Os resultados
encontram-se perto da linha de progressão desejada (figura 66).
A figura 68 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na estruturação
espaciotemporal, ao longo do período de investigação.
Figura 68. Progresso do Simba ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal.
O quadro 15 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na estruturação espaciotemporal.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
110
Quadro 15
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na estruturação
espaciotemporal
Período A Período B Período A
Média 2 3.33 4
Mediana 2 4 4
Desvio padrão 0 0.89 0
Máximo – Mínimo 2 – 2 4 – 2 4 – 4
Através da análise da figura 68 e do quadro 15, é possível verificar um aumento do
nível dos resultados obtidos pelo Simba na estruturação espaciotemporal, ou seja, do seu
desempenho médio, durante o período B. Ao longo deste período, o Simba conseguiu atingir a
cotação máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho do Simba, neste
fator psicomotor, manteve-se.
Figura 69. Comparação do progresso do Simba, na estruturação espaciotemporal, com
a linha de progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a estruturação espaciotemporal com
os resultados obtidos pelo Simba (figura 69), pode inferir-se que, com a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, a partir da oitava semana a cotação esteve
acima do esperado.
A figura 70 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na estruturação espaciotemporal.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
111
Figura 70. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na
estruturação espaciotemporal. Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da estruturação espaciotemporal (figura 70). O declive da linha tendencial é positivo, o que
significa que houve um aumento da cotação obtida pelo Simba, neste fator psicomotor, ao longo
do estudo. A magnitude do declive é baixa, o que significa que esse aumento ocorreu de forma
gradual.
Através da análise da figura 70, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada. Isto significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
promoveu sucesso, na estruturação espaciotemporal, permitindo ao Simba progredir como era
esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de todo o estudo
uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 15).
A figura 71 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na praxia global, ao longo do
período de investigação.
Figura 71. Progresso do Simba ao longo do estudo, na praxia global.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
112
O quadro 16 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na praxia global.
Quadro 16
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na praxia global
Período A Período B Período A
Média 2 2.42 2.25
Mediana 2 2 2
Desvio padrão 0 0.51 0.5
Máximo – Mínimo 2 – 2 3 – 2 4 – 2
No que se refere à praxia global, através da análise da figura 71 e do quadro 16, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Simba, ou seja, do seu
desempenho médio, durante o período B. Ao longo deste período, o Simba não conseguiu atingir
a cotação máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho do Simba, neste
fator psicomotor, diminuiu, regressando aos valores iniciais.
Figura 72. Comparação do progresso do Simba, na praxia global, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia global com os resultados
obtidos pelo Simba (figura 72), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da nona semana a cotação aumentou um valor.
Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era esperado.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
113
A figura 73 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na praxia global.
Figura 73. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na praxia
global.
Quanto à tendência dos resultados obtidos, verifica-se um aumento da taxa da linha da
praxia global (figura 73). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve um
aumento da cotação obtida pelo Simba, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A magnitude
do declive é baixa, indicando que o aumento foi gradual.
Através da análise da figura 73, é possível verificar que a linha tendencial se encontra
abaixo da linha de progressão desejada. Isto significa que com o Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, apesar de ter melhorado o seu desempenho, o Simba não atingiu o que era
esperado – cotação 4.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 16).
A figura 74 apresenta os resultados obtidos pelo Simba, na praxia fina, ao longo do
estudo.
Figura 74. Progresso do Simba ao longo do estudo, na praxia fina.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
114
O quadro 17 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pelo Simba, na praxia fina.
Quadro 17
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pelo Simba, na praxia fina
Período A Período B Período A
Média 1 1.58 1.25
Mediana 1 2 1
Desvio padrão 0 0.51 0.5
Máximo – Mínimo 1 – 1 2 – 1 2 – 1
No que diz respeito à praxia fina, através da análise da figura 74 e do quadro 17, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pelo Simba, ou seja, do seu
desempenho médio, durante o período B. Ao longo deste período, o Simba não atingiu a cotação
máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho do Simba, neste fator
psicomotor, diminuiu.
Figura 75. Comparação do progresso do Simba, na praxia fina, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia fina com os resultados
obtidos pelo Simba (figura 75), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da nona semana a cotação aumentou. Contudo, o
seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era esperado.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
115
A figura 76 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para o Simba,
na praxia global.
Figura 76. Linha tendencial e linha de progressão esperada para o Simba, na praxia fina.
Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da praxia fina (figura 76). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve
um aumento da cotação obtida pelo Simba, ao longo do estudo, neste fator psicomotor. A
magnitude do declive é baixa, o que significa que esse aumento deu-se de forma gradual.
Através da análise da figura 76, verifica-se que a linha tendencial se encontra abaixo da
linha de progressão esperada. Isto significa que o Simba, ainda que tenha melhorado o seu
desempenho na praxia fina, não progrediu como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa, ao longo de todo o estudo,
uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 17).
3. Sininho
3.1 Caraterísticas pessoais
A Sininho tem quatro anos de idade e um diagnóstico de perturbações do espetro do
autismo com PHDA associada. Toma medicação para a PHDA.
A Sininho nasceu com displasia da anca, no lado direito, tendo realizado uma cirúrgia
para a sua correcção, com 1 ano de idade. Após a análise de relatórios médicos e de reuniões
de equipa, chegou-se à conclusão que esta situação não constituia uma contraindicação à
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Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
116
prática de Equitação Terapêutica. No entanto, nota-se uma alteração ao nível da mobilidade da
anca, no lado direito.
Ao nível motor, a Sininho encontra-se ligeiramente abaixo do esperado para a sua idade.
Tem dificuldades ao nível da coordenação motora e do equilíbrio em pontas dos pés e em apoio
unipodal.
Esta criança apresenta curtos períodos de atenção e uma baixa tolerância à frustração.
Reage frequentemente aos estímulos com choros.
A Sininho tem muitas dificuldades na área da comunicação. A sua intencionalidade
comunicativa é baixa e, apesar de falar sozinha, não o faz com o outro. O olhar e o apontar são
as formas mais frequentes de responder a solicitações/questões, embora, por vezes, o faça com
palavras. Apresenta ecolália mediata e imediata.
Esta criança raramente inicia a interação com o outro e apresenta dificuldades ao nível
do contacto ocular.
3.2 Realização na monitorização
Durante os vários momentos de avaliação, a Sininho cooperou em todas as tarefas. No
entanto, em alguns dias revelou pouca vontade de realizar as tarefas. De seguida serão
apresentados os resultados obtidos pela Sininho, durante os três períodos do estudo e a sua
progressão ao longo do tempo.
3.2.1 Estabelecimento da linha de base
As figuras que se apresentam de seguida mostram os resultados obtidos pela Sininho
durante o período de linha de base.
No que diz respeito à tonicidade, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, a Sininho teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela dificuldades ao nível do
controlo tónico (figura 77).
IV – Apresentação e análise dos resultados
117
Figura 77. Resultados da Sininho na tonicidade, durante a linha de base.
Na equilibração, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, a Sininho
teve cotação de 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela muita insegurança gravitacional
(figura 78).
Figura 78. Resultados da Sininho na equilibração, durante a linha de base.
Na lateralização, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, a Sininho
teve a cotação máxima, ou seja, cotação 4, o que, segundo Fonseca (2010), revela uma perfeita
integração bilateral (figura 79).
Figura 79. Resultados da Sininho na lateralização, durante a linha de base.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
118
No que se refere à noção do corpo, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, a Sininho teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela a existência de uma
imagem mental interiorizada de forma insatisfatória (figura 80).
Figura 80. Resultados da Sininho na noção do corpo, durante a linha de base.
Na estruturação espaciotemporal, no período em que se estabeleceu a linha de base, a
Sininho teve cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), mostra uma capacidade imperfeita,
incompleta e inadequada para estruturar e organizar o espaço e o ritmo (figura 81).
Figura 81. Resultados da Sininho na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base.
Quanto à praxia global, no período em que se estabeleceu a linha de base, a Sininho
teve cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela respostas incompletas, imperfeitas,
inadequadas e descoordenadas ao nível da realização motora (figura 82).
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IV – Apresentação e análise dos resultados
119
Figura 82. Resultados da Sininho na praxia global, durante a linha de base.
No que se refere à praxia fina, no período em que se estabeleceu a linha de base, a
Sininho teve cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela um desempenho imperfeito,
incompleto e inadequado ao nível da micromotricidade e perícia manual (figura 83).
Figura 83. Resultados da Sininho na praxia fina, durante a linha de base.
3.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada
Após o estabelecimento da linha de base, delineou-se a linha de progressão esperada
para cada fator psicomotor. Para isso, associou-se o desempenho da Sininho na linha de base
ao desempenho que poderá ser atingido no final do período B. O desempenho expectado, em
todos os fatores psicomotores, é a cotação 4.
O quadro 18 evidencia as linhas de progressão esperadas para cada fator psicomotor.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
120
Quadro 18
Linhas de progressão esperadas para a Sininho, para cada fator psicomotor
Tonicidade
Figura 84. Linha de progressão esperada para a Sininho, na tonicidade.
Equilibração
Figura 85. Linha de progressão esperada para a Sininho, na equilibração.
Lateralização
Figura 86. Linha de progressão esperada para a Sininho, na lateralização.
Noção do corpo
Figura 87. Linha de progressão esperada para a Sininho, na noção do corpo.
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14
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obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
121
Estruturação espaciotemporal
Figura 88. Linha de progressão esperada para a Sininho, na estruturação espaciotemporal.
Praxia global
Figura 89. Linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia global.
Praxia fina
Figura 90. Linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia fina.
As linhas de progressão traçadas permitiram comparar os resultados da Sininho, ao
longo de todo o estudo, com o que seria esperado que alcançasse.
3.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados
Seguidamente, serão apresentados, analisados e interpretados os resultados obtidos
pela Sininho, ao longo do estudo, nos sete fatores psicomotores. A análise dos gráficos será feita
com base no nível, direcção e variabilidade dos resultados dados.
A figura 91 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na tonicidade, ao longo do
estudo.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
122
Figura 91. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na tonicidade.
O quadro 19 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na tonicidade.
Quadro 19
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, tonicidade
Período A Período B Período A
Média 2 2.5 2.25
Mediana 2 2.5 2
Desvio padrão 0 0.52 0.5
Máximo – Mínimo 2 – 2 3 – 2 3 – 2
No que diz respeito à tonicidade, através da análise da figura 91 e do quadro 19, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pela Sininho, ou seja, do seu
desempenho médio durante o período B. Ao longo deste período, a Sininho não conseguiu atingir
a cotação máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho da Sininho
diminuiu para os valores iniciais, cotação 2.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
123
Figura 92. Comparação do progresso da Sininho, na tonicidade, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a tonicidade com os resultados
obtidos pela Sininho (figura 92), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da nona semana a cotação obtida aumentou.
Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era esperado.
A figura 93 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na tonicidade.
Figura 93. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na
tonicidade.
Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da tonicidade (figura 93). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que houve
um aumento da cotação obtida pela Sininho, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A
magnitude do declive é baixa, pelo que se pode afirmar que esse aumento ocorreu de forma
gradual. A linha tendencial encontra-se abaixo da linha de progressão esperada, o que significa
que a Sininho, apesar de ter melhorado, não atingiu a cotação esperada (figura 93).
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Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
124
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 19).
A figura 94 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na equilibração, ao longo do
estudo
Figura 94. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na equilibração.
O quadro 20 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na equilibração.
Quadro 20
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na equilibração
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
Na equilibração, através da análise da figura 94 e do quadro 20, é possível verificar que
não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Sininho, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da Sininho neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
125
Figura 95. Comparação do progresso da Sininho, na equilibração, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a equilibração com os resultados
obtidos pela Sininho (figura 95), pode inferir-se que a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, não alterou o desempenho da criança. Assim, o seu
desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 96 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na equilibração.
Figura 96. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na
equilibração.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Sininho na equilibração, através
da análise da figura 96, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de
período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pela Sininho, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na equilibração, não permitindo à Sininho progredir como era esperado.
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Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
126
Os resultados obtidos pela Sininho na equilibração não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 97 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na lateralização, ao longo do
estudo.
Figura 97. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na lateralização.
O quadro 21 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na lateralização.
Quadro 21
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na lateralização
Período A Período B Período A
Média 4 4 4
Mediana 4 4 4
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 4 – 4 4 – 4 4 – 4
No que diz respeito à lateralização, verifica-se que o nível dos resultados obtidos pela
Sininho, ou seja, o seu desempenho médio, mantém-se ao longo do estudo (figura 97 e quadro
21). Logo no início do estudo, no período A, a Sininho já apresentava a cotação máxima –
cotação 4 – neste fator psicomotor. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, no segundo período A, o desempenho da Sininho manteve-se. Assim, podemos
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IV – Apresentação e análise dos resultados
127
afirmar que o desempenho da criança ao longo do estudo, neste fator psicomotor, manteve-se
inalterável.
Figura 98. Comparação do progresso da Sininho, na lateralização, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Através da análise da figura 98, verifica-se que a linha de progressão esperada coincide
com os resultados obtidos pela Sininho, durante todo o estudo. Assim, a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, não causou qualquer impacto neste fator
psicomotor da Sininho.
A figura 99 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na lateralização.
Figura 99. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na
lateralização.
No que diz respeito à tendência dos resultados obtidos pela Sininho, na lateralização,
verifica-se que estes não se alteram ao longo do estudo. Isto é comprovado pelo declive nulo da
linha tendencial (figura 99).
Através da análise da figura 99, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada para a lateralização. Uma vez a Sininho obteve cotação 4 desde o início
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Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
128
do estudo, pode inferir-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não teve impacto
neste fator psicomotor.
Os resultados obtidos pela Sininho na lateralização não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 100 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na noção do corpo, ao longo
do estudo.
Figura 100. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na noção do corpo.
O quadro 22 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na noção do corpo.
Quadro 22
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na noção do corpo
Período A Período B Período A
Média 2 3.17 4
Mediana 2 3 4
Desvio padrão 0 0.83 0
Máximo – Mínimo 2 – 2 4 – 2 4 – 4
No que diz respeito à noção do corpo, através da análise da figura 100 e do quadro 22,
verifica-se um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio da Sininho,
durante o período B. Ao longo deste período, a Sininho conseguiu atingir a cotação máxima
esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho da Sininho, neste fator psicomotor,
manteve-se.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
129
Figura 101. Comparação do progresso da Sininho, na noção do corpo, com a linha de
progressão desejada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão desejada para a noção do corpo com os resultados
obtidos pela Sininho (figura 101), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima semana a cotação esteve acima do
esperado.
A figura 102 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na noção do corpo.
Figura 102. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na noção
do corpo.
Quanto à tendência dos resultados obtidos pela Sininho, verifica-se um aumento da
taxa da linha da noção do corpo (figura 102). O declive da linha tendencial é positivo, o que
significa que houve um aumento da cotação obtida pela criança, neste fator psicomotor, ao
longo do estudo. A magnitude do declive é baixa, o que indica que esse aumento ocorreu de
forma gradual.
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Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
130
A linha tendencial coincide com a linha de progressão esperada (figura 102). Isto
significa que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica teve sucesso, na noção do corpo,
permitindo à Sininho progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos pela Sininho manteve-se baixa ao longo de todo
o estudo, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 22). Os resultados
encontram-se perto da linha de progressão desejada (figura 101).
A figura 103 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na estruturação
espaciotemporal, ao longo do estudo.
Figura 103. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal.
O quadro 23 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na estruturação espaciotemporal.
Quadro 23
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na estruturação
espaciotemporal
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IV – Apresentação e análise dos resultados
131
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
Na estruturação espaciotemporal, através da análise da figura 103 e do quadro 23, é
possível verificar que não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Sininho, ou
seja, o seu desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor
de Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da Sininho neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 104. Comparação do progresso da Sininho, na estruturação espaciotemporal,
com a linha de progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a estruturação espaciotemporal com
os resultados obtidos pela Sininho (figura 104), pode inferir-se que, com a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, o desempenho não se alterou. Assim, o seu
desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 105 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na estruturação espaciotemporal.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
132
Figura 105. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na
estruturação espaciotemporal.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Sininho na estruturação
espaciotemporal, através da análise da figura 105, pode verificar-se que a linha tendencial não
se altera ao longo de período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo,
o que significa que os resultados obtidos pela Sininho, neste fator psicomotor, não variam ao
longo do tempo. Estes dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
não promoveu sucesso na estruturação espaciotemporal, não permitindo à Sininho progredir
como era esperado.
Os resultados obtidos pela Sininho na estruturação espaciotemporal não apresentam
qualquer variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 106 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na praxia global, ao longo do
estudo.
Figura 106. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na praxia global.
O quadro 24 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na praxia global.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
133
Quadro 24
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na praxia global
Período A Período B Período A
Média 1 1.17 1.25
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0.39 0.5
Máximo – Mínimo 1 – 1 2 – 1 2 – 1
Quanto à praxia global, através da análise da figura 106 e do quadro 24, verifica-se um
aumento de nível nos resultados obtidos, ou seja, no desempenho médio da Sininho durante o
período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica. Contudo, ao
longo deste período, a criança não atingiu a cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser
retirado o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, no segundo período A, o desempenho da
Sininho, neste fator psicomotor, diminuiu.
Figura 107. Comparação do progresso da Sininho, na praxia global, com a linha de
progressão desejada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão desejada para a praxia global com os resultados
obtidos pela Sininho (figura 107), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima terceira semana a cotação obtida
aumentou. Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era
esperado.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
134
A figura 108 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na praxia global.
Figura 108. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia
global.
Quanto à tendência dos resultados obtidos pela Sininho, verifica-se um aumento da
taxa da linha da praxia global (figura 108). O declive da linha tendencial é positivo, o que
significa que houve um aumento da cotação obtida, ao longo do estudo, neste fator psicomotor.
A magnitude do declive é baixa, significando que esse aumento ocorreu de forma gradual.
A linha tendencial para a praxia global encontra-se abaixo da linha de progressão
esperada, o que indica que a Sininho não progrediu como era esperado (figura 108). Contudo,
pode afirmar-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica promoveu algum sucesso na
praxia global, uma vez que a criança aumentou um ponto na cotação deste fator psicomotor.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo do estudo, uma vez
que o desvio padrão dos dados, em relação à tendência geral, é inferior à unidade (quadro 24).
No entanto, os resultados encontram-se distantes da linha de progressão esperada (figura 107).
A figura 109 apresenta os resultados obtidos pela Sininho, na praxia fina, ao longo do
período de investigação.
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Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
135
Figura 109. Progresso da Sininho ao longo do estudo, na praxia fina.
O quadro 25 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Sininho, na praxia fina.
Quadro 25
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Sininho, na praxia fina
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
Na praxia fina, através da análise da figura 109 e do quadro 25, é possível verificar que
não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Sininho, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da criança neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
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IV – Apresentação e análise dos resultados
136
Figura 110. Comparação do progresso da Sininho, na praxia fina, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia fina com os resultados
obtidos pela Sininho (figura 110), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, o desempenho não se alterou. Assim, o seu desempenho
neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 111 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Sininho, na praxia fina.
Figura 111. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Sininho, na praxia
fina.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Sininho na praxia fina, através
da análise da figura 111, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de
período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pela Sininho, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na praxia fina, não permitindo à criança progredir como era esperado.
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Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
137
Os resultados obtidos pela Sininho na praxia fina não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
4. Minnie
4.1 Caraterísticas pessoais
A Minnie tem cinco anos de idade e um diagnóstico de microcefalia com PHDA
associada. Toma medicação para a PHDA.
A Minnie encontra-se abaixo do esperado para a sua idade ao nível da motricidade global
e fina. Tem muitas dificuldades de coordenação motora, nomeadamente ao nível da marcha,
corrida e coordenação oculomanual.
O equilíbrio é uma das maiores dificuldades da Minnie, tanto ao nível estático como
dinâmico. Para esta criança é bastante difícil manter-se em pontas dos pés ou em apoio
unipodal.
A Minnie apresenta uma grande impulsividade e excesso de actividade motora e
dificuldades de inibição motora. Embora tenha curtos períodos de atenção, tem evoluído
bastante a este nível. Apresenta um grande interesse por cavalos.
Embora tenha intencionalidade comunicativa, esta criança revela muitas dificuldades ao
nível da linguagem e fala. A Minnie faz vocalizações e lalações com o objetivo de comunicar com
o outro e utiliza-as, juntamente com o gesto, para responder a questões ou solicitações.
A Minnie tem um padrão de interação muito positivo, com contacto ocular adequado.
Explora tudo o que a rodeia com bastante curiosidade e atenção.
4.2 Realização na monitorização
No início do estudo, a Minnie apresentava-se agitada e com curtos períodos de
concentração, nos momentos de avaliação. Esta situação melhorou ao longo do estudo. De
seguida serão apresentados os resultados obtidos pela Minnie durante os três períodos do
estudo e a sua progressão ao longo do tempo.
IV – Apresentação e análise dos resultados
138
4.2.1 Estabelecimento da linha de base
As figuras que se apresentam de seguida mostram os resultados obtidos pela Minnie
durante o período de linha de base.
No que diz respeito à tonicidade, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, a Minnie teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela dificuldades ao nível do
controlo tónico (figura 112).
Figura 112. Resultados da Minnie na tonicidade, durante a linha de base.
Na equilibração, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, a Minnie teve
cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela muita insegurança gravitacional (figura 113).
Figura 113. Resultados da Minnie na equilibração, durante a linha de base.
Na lateralização, durante o período em que se estabeleceu a linha de base, a Minnie
teve a cotação máxima, ou seja, cotação 4, o que, segundo Fonseca (2010), revela uma perfeita
integração bilateral (figura 114).
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IV – Apresentação e análise dos resultados
139
Figura 114. Resultados da Minnie na lateralização, durante a linha de base.
No que se refere à noção do corpo, durante o período em que se estabeleceu a linha de
base, a Minnie teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela a existência de uma
imagem mental interiorizada de forma insatisfatória (figura 115).
Figura 115. Resultados da Minnie na noção do corpo, durante a linha de base.
Na estruturação espaciotemporal, no período em que se estabeleceu a linha de base, a
Minnie teve cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), mostra uma capacidade imperfeita,
incompleta e inadequada para estruturar e organizar o espaço e o ritmo (figura 116).
Figura 116. Resultados da Minnie na estruturação espaciotemporal, durante a linha de
base.
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1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
140
Quanto à praxia global, no período em que se estabeleceu a linha de base, a Minnie teve
cotação 1, o que, segundo Fonseca (2010), revela respostas incompletas, imperfeitas,
inadequadas e descoordenadas ao nível da realização motora (figura 117).
Figura 117. Resultados da Minnie na praxia global, durante a linha de base.
No que se refere à praxia fina, no período em que se estabeleceu a linha de base, a
Minnie teve cotação 2, o que, segundo Fonseca (2010), revela dificuldades de controlo ao nível
da micromotricidade e perícia manual (figura 118).
Figura 118. Resultados da Minnie na praxia fina, durante a linha de base.
4.2.2 Estabelecimento da linha de progressão esperada
Após o estabelecimento da linha de base, delineou-se a linha de progressão esperada
para cada fator psicomotor. Para isso, associou-se o desempenho da Minnie na linha de base ao
desempenho que poderá ser atingido no final do período B. O desempenho expectado, em todos
os fatores psicomotores, é a cotação 4.
O quadro 26 evidencia as linhas de progressão esperadas para cada fator psicomotor.
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
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Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
141
Quadro 26
Linhas de progressão esperadas para a Minnie, para cada fator psicomotor
Tonicidade
Figura 119. Linha de progressão esperada para a Minnie, na tonicidade.
Equilibração
Figura 120. Linha de progressão esperada para a Minnie, na equilibração.
Lateralização
Figura 121. Linha de progressão esperada para a Minnie, na lateralização.
Noção do corpo
Figura 122. Linha de progressão esperada para a Minnie, na noção do corpo.
Estruturação espaciotemporal
Figura 123. Linha de progressão esperada para a Minnie, na estruturação espaciotemporal.
Praxia global
Figura 124. Linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia global.
Praxia fina
Figura 125. Linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia fina.
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14
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1
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
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1
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14
Cot
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
142
As linhas de progressão traçadas permitiram comparar os resultados da Minnie, ao
longo de todo o estudo, com o que seria esperado que alcançasse.
4.2.3 Registo do progresso em cada período: análise e interpretação dos dados
Seguidamente, serão apresentados, analisados e interpretados os resultados obtidos
pela Minnie, ao longo do estudo, nos sete fatores psicomotores. A análise dos gráficos será feita
com base no nível, direcção e variabilidade dos resultados dados.
A figura 126 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na tonicidade, ao longo do
período de investigação.
Figura 126. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na tonicidade.
O quadro 27 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na tonicidade.
Quadro 27
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, tonicidade
Período A Período B Período A
Média 2 2.5 2.25
Mediana 2 2.5 2
Desvio padrão 0 0.52 0.5
Máximo – Mínimo 2 – 2 3 – 2 3 – 2
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
143
No que diz respeito à tonicidade, através da análise da figura 126 e do quadro 27, é
possível verificar um aumento do nível dos resultados obtidos pela Minnie, ou seja, do seu
desempenho médio durante o período B. Ao longo deste período, a Minnie não conseguiu atingir
a cotação máxima esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho da Minnie
diminuiu para os valores iniciais, cotação 2.
Figura 127. Comparação do progresso da Minnie, na tonicidade, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a tonicidade com os resultados
obtidos pela Minnie (figura 127), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima semana a cotação obtida esteve acima
do esperado. Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era
esperado.
A figura 128 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na tonicidade.
Figura 128. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na
tonicidade.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
144
Quanto à tendência dos resultados obtidos, é possível verificar um aumento da taxa da
linha da tonicidade (figura 128). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que
houve um aumento da cotação obtida pela Minnie, neste fator psicomotor, ao longo do estudo. A
magnitude do declive é baixa, o que indica que esse aumento foi gradual.
A linha tendencial encontra-se abaixo da linha de progressão esperada, o que significa
que a Minnie, apesar de ter melhorado, não atingiu a cotação esperada (figura 128).
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo de toda a
investigação, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 27).
A figura 129 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na equilibração, ao longo do
estudo
Figura 129. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na equilibração.
O quadro 28 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na equilibração.
Quadro 28
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na equilibração
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
1
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3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
145
Na equilibração, através da análise da figura 129 e do quadro 28, é possível verificar
que não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Minnie, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da Minnie neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 130. Comparação do progresso da Minnie, na equilibração, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a equilibração com os resultados
obtidos pela Minnie (figura 130), pode inferir-se que a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, não alterou o desempenho da criança. Assim, o seu
desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 131 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na equilibração.
Figura 131. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na
equilibração.
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4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
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Dias de avaliação
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
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Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
146
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Minnie na equilibração, através
da análise da figura 131, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de
período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pela Minnie, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na equilibração, não permitindo à criança progredir como era esperado.
Os resultados obtidos pela Minnie na equilibração não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 132 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na lateralização, ao longo do
estudo.
Figura 132. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na lateralização.
O quadro 29 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na lateralização.
Quadro 29
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na lateralização
Período A Período B Período A
Média 4 3.92 4
Mediana 4 4 4
Desvio padrão 0 0.29 0
Máximo – Mínimo 4 – 4 4 – 3 4 – 4
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
147
No que diz respeito à lateralização, verifica-se que o nível dos resultados obtidos pela
Minnie, ou seja, o seu desempenho médio, mantém-se quase inalterado ao longo do estudo
(figura 132 e quadro 29). Logo no início do estudo, no período A, a Minnie já apresentava a
cotação máxima – cotação 4 – neste fator psicomotor. Ao ser retirado o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no segundo período A, o desempenho da Sininho manteve-se. Assim,
podemos afirmar que o desempenho da criança ao longo do estudo, neste fator psicomotor,
manteve-se inalterável.
Figura 133. Comparação do progresso da Minnie, na lateralização, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Através da análise da figura 133, verifica-se que a linha de progressão esperada coincide
com os resultados obtidos pela Minnie, durante todo o estudo. Assim, a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, não causou qualquer impacto neste fator
psicomotor da Minnie.
A figura 134 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na lateralização.
Figura 134. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na
lateralização.
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4
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Dias de avaliação
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
148
No que diz respeito à tendência dos resultados obtidos pela Minnie, na lateralização,
verifica-se que estes não se alteram ao longo do estudo. Isto é comprovado pelo declive nulo da
linha tendencial (figura 134).
Através da análise da figura 134, verifica-se que a linha tendencial coincide com a linha
de progressão esperada para a lateralização. Uma vez a Minnie obteve cotação 4 desde o início
do estudo, pode inferir-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não teve impacto
neste fator psicomotor.
Os resultados obtidos pela Minnie na lateralização não apresentam qualquer
variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 135 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na noção do corpo, ao longo
do estudo.
Figura 135. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na noção do corpo.
O quadro 30 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na noção do corpo.
Quadro 30
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na noção do corpo
Período A Período B Período A
Média 2 2.83 4
Mediana 2 3 4
Desvio padrão 0 0.83 0
Máximo – Mínimo 2 – 2 4 – 2 4 – 4
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
149
No que diz respeito à noção do corpo, através da análise da figura 135 e do quadro 30,
verifica-se um aumento do nível dos resultados, ou seja, do desempenho médio da Minnie,
durante o período B. Ao longo deste período, a Minnie conseguiu atingir a cotação máxima
esperada, cotação 4. No segundo período A, o desempenho da Minnie, neste fator psicomotor,
manteve-se.
Figura 136. Comparação do progresso da Minnie, na noção do corpo, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a noção do corpo com os resultados
obtidos pela Minnie (figura 136), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima segunda semana a cotação obtida
esteve acima do esperado.
A figura 137 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na noção do corpo.
Figura 137. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na noção do
corpo.
Quanto à tendência dos resultados obtidos pela Minnie, verifica-se um aumento da taxa
da linha da noção do corpo (figura 137). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa
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3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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Dias de avaliação
1
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
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Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
150
que houve um aumento da cotação obtida pela criança, neste fator psicomotor, ao longo do
estudo. A magnitude do declive é baixa, o que significa que esse aumento ocorreu de forma
gradual.
A linha tendencial encontra-se abaixo da linha de progressão esperada, o que significa
que a Minnie não progrediu como era esperado. Contudo, as duas linhas estão próximas, o que
permite afirmar que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica teve sucesso, na noção do
corpo (figura 137).
A variabilidade dos resultados obtidos pela Minnie manteve-se baixa ao longo de todo
o estudo, uma vez que o desvio padrão é inferior à unidade (quadro 30).
A figura 138 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na estruturação
espaciotemporal, ao longo do estudo.
Figura 138. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na estruturação espaciotemporal.
O quadro 31 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na estruturação espaciotemporal.
Quadro 31
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na estruturação
espaciotemporal
Período A Período B Período A
Média 1 1 1
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0 0
Máximo – Mínimo 1 – 1 1 – 1 1 – 1
1
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3
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
151
Na estruturação espaciotemporal, através da análise da figura 138 e do quadro 31, é
possível verificar que não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Minnie, ou
seja, o seu desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor
de Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da Minnie neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 139. Comparação do progresso da Minnie, na estruturação espaciotemporal, com
a linha de progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a estruturação espaciotemporal com
os resultados obtidos pela Minnie (figura 139), pode inferir-se que, com a utilização do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, no período B, o desempenho não se alterou. Assim, o seu
desempenho neste fator psicomotor esteve sempre abaixo do esperado.
A figura 140 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na estruturação espaciotemporal.
Figura 140. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na
estruturação espaciotemporal.
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2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
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Dias de avaliação
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
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Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
152
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Minnie na estruturação
espaciotemporal, através da análise da figura 140, pode verificar-se que a linha tendencial não
se altera ao longo de período de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo,
o que significa que os resultados obtidos pela Minnie, neste fator psicomotor, não variam ao
longo do tempo. Estes dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
não promoveu sucesso na estruturação espaciotemporal, não permitindo à Minnie progredir
como era esperado.
Os resultados obtidos pela Minnie na estruturação espaciotemporal não apresentam
qualquer variabilidade uma vez que não se alteram ao longo da investigação.
A figura 141 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na praxia global, ao longo do
estudo.
Figura 141. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na praxia global.
O quadro 32 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na praxia global.
Quadro 32
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na praxia global
Período A Período B Período A
Média 1 1.17 1.25
Mediana 1 1 1
Desvio padrão 0 0.39 0.5
Máximo – Mínimo 1 – 1 2 – 1 2 – 1
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
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obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
153
Quanto à praxia global, através da análise da figura 141 e do quadro 32, verifica-se um
aumento de nível nos resultados obtidos, ou seja, no desempenho médio da Minnie durante o
período em que se implementou o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica. Contudo, ao
longo deste período, a criança não atingiu a cotação máxima desejada, cotação 4. Ao ser
retirado o plano psicomotor de Equitação Terapêutica, no segundo período A, o desempenho da
Minnie, neste fator psicomotor, diminuiu.
Figura 142. Comparação do progresso da Minnie, na praxia global, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia global com os resultados
obtidos pela Minnie (figura 142), pode inferir-se que, com a utilização do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, no período B, a partir da décima terceira semana a cotação obtida
aumentou. Contudo, o seu desempenho neste fator psicomotor não alcançou o que era
esperado.
A figura 143 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na praxia global.
Figura 143. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia
global.
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2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
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Dias de avaliação
1
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
IV – Apresentação e análise dos resultados
154
Quanto à tendência dos resultados obtidos pela Minnie, verifica-se um aumento da taxa
da linha da praxia global (figura 143). O declive da linha tendencial é positivo, o que significa que
houve um aumento da cotação obtida, ao longo do estudo, neste fator psicomotor. A magnitude
do declive é baixa, o que significa que esse aumento ocorreu de forma gradual.
A linha tendencial para a praxia global encontra-se abaixo da linha de progressão
esperada, o que indica que a Minnie não progrediu como era esperado (figura 143). Contudo,
pode afirmar-se que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica promoveu algum sucesso na
praxia global, uma vez que a criança aumentou um ponto na cotação deste fator psicomotor.
A variabilidade dos resultados obtidos manteve-se baixa ao longo do estudo, uma vez
que o desvio padrão dos dados, em relação à tendência geral, é inferior à unidade (quadro 32).
No entanto, os resultados encontram-se distantes da linha de progressão esperada (figura 142).
A figura 144 apresenta os resultados obtidos pela Minnie, na praxia fina, ao longo do
período de investigação.
Figura 144. Progresso da Minnie ao longo do estudo, na praxia fina.
O quadro 33 apresenta alguns parâmetros estatísticos utilizados na análise dos
resultados obtidos pela Minnie, na praxia fina.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
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Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
155
Quadro 33
Parâmetros estatísticos dos resultados obtidos pela Minnie, na praxia fina
Período A Período B Período A
Média 2 1.92 2
Mediana 2 2 2
Desvio padrão 0 0.29 0
Máximo – Mínimo 2 – 2 2 – 1 2 – 2
Na praxia fina, através da análise da figura 144 e do quadro 33, é possível verificar que
não ocorreu um aumento do nível dos resultados obtidos pela Minnie, ou seja, o seu
desempenho médio, durante o período em que se implementou o Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica – período B –, não se alterou face ao primeiro período A. É possível
inferir-se que o desempenho da criança neste fator psicomotor manteve-se inalterável, ao longo
do estudo.
Figura 145. Comparação do progresso da Minnie, na praxia fina, com a linha de
progressão esperada para este fator psicomotor.
Comparando a linha de progressão esperada para a praxia fina com os resultados
obtidos pela Minnie (figura 145), pode inferir-se que não ocorreram modificações de nível, com a
implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica.
A figura 146 apresenta a linha tendencial e a linha de progressão esperada para a
Minnie, na praxia fina.
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
IV – Apresentação e análise dos resultados
156
Figura 146. Linha tendencial e linha de progressão esperada para a Minnie, na praxia
fina.
Considerando a tendência dos resultados obtidos pela Minnie na praxia fina, através da
análise da figura 146, pode verificar-se que a linha tendencial não se altera ao longo de período
de investigação. Desta forma, o declive da linha tendencial é nulo, o que significa que os
resultados obtidos pela Minnie, neste fator psicomotor, não variam ao longo do tempo. Estes
dados permitem inferir que o Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não promoveu sucesso
na praxia fina, não permitindo à criança progredir como era esperado.
A variabilidade dos resultados obtidos pela Minnie, na praxia fina, manteve-se muito
baixa ao longo do estudo uma vez que o desvio padrão é igual ou próximo de zero (quadro 33).
1
2
3
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cot
ação
obt
ida
Dias de avaliação
Linha de progressãoesperada
Linha tendencial
V – Discussão e conclusões
157
V – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Neste capítulo serão apresentadas as conclusões obtidas neste estudo, através da
análise e discussão dos dados recolhidos. Posteriormente, serão referidas as limitações
encontradas ao longo do período de investigação, bem como algumas recomendações para
futuros estudos.
Dado que este estudo teve como finalidade compreender o impacto que a intervenção
psicomotora pode ter no desenvolvimento de crianças de quatro e cinco anos, no âmbito da
Equitação Terapêutica, como serviço de IP, torna-se importante analisar os resultados obtidos
em cada fator psicomotor e, mais especificamente, em cada um dos itens do intrumento de
avaliação.
A implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica permitiu que todas as
crianças aumentassem o seu desempenho ao nível da tonicidade. Duas crianças atingiram a
cotação 4 neste fator psicomotor, revelando facilidades na adequação do tónus muscular
(Fonseca, 2010). Para melhor compreender estes resultados, serão analisados todos os itens
que avaliam a tonicidade.
Ao nível da extensibilidade dos membros inferiores, com a implementação do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, verificou-se um aumento dos ângulos de abdução e
extensão em todas as crianças, o que reflete uma aumento da extensibilidade dos músculos
adutores e extensores da coxa, respetivamente. Foram registadas maiores evoluções nos
adutores. Segundo Lermontov (2004), a Equitação Terapêutica estimula o alongamento e
flexibilidade de vários grupos musculares, nomeadamente os adutores e abdutores da coxa,
tanto pela posição do cavaleiro quando está montado como pelos exercícios de alongamento e
flexibilidade que podem ser realizados durante a sessão. Os resultados obtidos são corroborados
pelo estudo de Benda, McGibbon e Grant (2003), o qual refere uma maior incidência da
Equitação Terapêutica nos músculos adutores e abdutores da anca.
Todas as crianças evoluíram ao nível do seu desempenho na extensibilidade dos
membros superiores, alcançando a cotação 4. Embora todos fizessem a extensão total do
antebraço no início do estudo, com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica diminuiram a resistência durante a realização do movimento. Também no estudo de
Hammer et al. (2005) se verificou uma adequação do tónus muscular dos braços após a
implementação de um plano de Equitação Terapêutica.
V – Discussão e conclusões
158
Com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, todas as crianças
aumentaram o seu nível de desempenho na passividade. Contrariamente às restantes, uma das
crianças não alcançou a cotação 4 uma vez que, no final do estudo, ainda revelava dificuldades
na descontração muscular dos membros superiores e inferiores. Isto pode estar relacionado com
a hipertonicidade da criança. Embora não sejam conhecidos estudos sobre a passividade,
Lermontov (2004) afirma que o movimento do passo do cavalo proporciona uma adequação do
tónus muscular.
Apenas uma criança melhorou ao nível das sincinésias, nomeadamente ao nível das
sincinésias contralaterais. Ainda assim, não alcançou a cotação 4, ou seja, não realizou a tarefa
sem a identificação de sincinésias bucais ou contralaterais. As restantes crianças evidenciavam
sincinésias bucais e contralaterais, nas quais não se verificaram alterações com a
implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica. Fonseca (2010) explica que as
sincinésias são frequentes em crianças desta idade e só a partir dos 10/12 anos tendem a
desaparecer totalmente, o que pode explicar os resultados obtidos neste item. Na pesquisa
efectuada, não foram encontrados estudos nacionais ou internacionais que avaliem o impacto da
Equitação Terapêutica nas sincinésias.
Os resultados obtidos indicam que a implementação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica não teve impacto ao nível da equilibração uma vez que não foram registadas
alterações na cotação obtida pelas crianças. Todas as crianças registaram cotação 1 ao longo de
todo o estudo, o que revela um desempenho incompleto e com dificuldades nas tarefas que
avaliam este fator psicomotor (Fonseca, 2010). Para uma maior compreensão dos resultados
obtidos, serão analisados individualmente os cinco itens que avaliam este fator psicomotor.
Ao nível da imobilidade, com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, nenhuma criança alterou a cotação 1 registada no início do estudo. Esta cotação
indica que as crianças evidenciavam muitas reequilibrações, quedas ou hiperatividade estática
(Fonseca, 2010). Yack et al. (1997) verificou um efeito positivo da Equitação Terapêutica no
equilíbrio estático, mais concretamente ao nível da imobilidade. Assim, os dados recolhidos
neste estudo podem ser explicados pelas caraterísticas das crianças e pelos critérios de cotação
da tarefa. Três crianças revelaram dificuldades na realização desta tarefa devido à sua
hiperatividade estática (Fonseca, 2010), ou seja, revelaram uma grande agitação motora que
dificultou a atenção na tarefa e a capacidade de inibir os movimentos durante mais do que 1 ou
2 segundos. A outra criança, ainda que tenha permanecido imóvel sempre durante 5 a 7
V – Discussão e conclusões
159
segundos, este tempo não foi suficiente para aumentar a cotação obtida. A criança compreendeu
a tarefa mas revelou dificuldades em compreender que era necessário permanecer imóvel
durante mais tempo, chegando mesmo a referir que já tinha conseguido realizar a tarefa.
Assim, parece-nos, através da análise dos comportamentos observados, que o critério tempo
pode ter interferido na cotação.
A implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não alterou o
desempenho das crianças no equilíbrio estático, nomeadamente no apoio retilíneo, no apoio nas
pontas dos pés e no apoio unipodal. Todas as crianças obtiveram cotação 1 nestes itens, o que
indica a existência de reequilibrações frequentes (Fonseca, 2010). Segundo Zanon, Cavalcanti,
Porfírio e Filho (2011), estas componentes do equilíbrio estático requerem as mesmas
capacidades da imobilidade, o que pode ajudar a justificar os resultados obtidos. Em todos os
itens do equilíbrio estático, ainda que as crianças não tenham aumentado a cotação registada ao
longo do estudo (cotação 1), foram identificadas pequenas alterações no tempo de realização da
tarefa, ou seja, existiram alterações de 1 ou 2 segundos no tempo de realização da tarefa entre
os vários momentos de avaliação. Esta situação também ocorre no estudo de Silkwood-Sherer e
Warmbier (2007), onde os autores afirmam que isso pode sugerir que a Equitação Terapêutica
teve efeito nessa competência, ainda que esse efeito seja muito reduzido e não se reflita na
cotação.
Ao nível do equilíbrio dinâmico, com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, também não se verificou um aumento da cotação obtida pelas crianças (cotação 1).
Esta cotação revela que as crianças realizaram a tarefa de forma incompleta (Fonseca, 2010).
Embora todas as crianças percorressem a distância total da tarefa (3 metros), nenhuma andava
com o calcanhar em contacto com a ponta do pé contrário. Estes resultados podem ser
explicados pelas dificuldades que as crianças demonstraram em compreender que o calcanhar
tinha de estar em contacto com a ponta do outro pé.
Apesar de serem esperadas evoluções no desempenho no factor equilibração uma vez
que a equitação é, por si só, uma tarefa exigente relativamente ao equilíbrio (Pauw, 2000), a
implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica não teve esse impacto nos
resultados obtidos. Contudo, estes resultados são contrariados pela informação fornecida pela
família e pela observação do próprio avaliador, ao longo do estudo, verificando-se aumentos ao
nível do desempenho no equilíbrio das crianças durante a sessão de Equitação Terapêutica e no
seu desempenho diário. Segundo Pauw (2000), esta é uma das dificuldades referidas em várias
V – Discussão e conclusões
160
investigações na área da Equitação Terapêutica, ou seja, vários investigadores referem uma
discrepância entre os resultados quantitativos obtidos em testes, baterias, entre outros, e os
resultados qualitativos da família e profissionais de saúde, obtidos por observação, comentários,
entrevistas, entre outros. Esta informação é corroborada pelo estudo de Hamill, Washington e
White (2007), no qual os autores referem que os pais afirmam haver evoluções no desempenho
ao nível do equilíbrio, apesar dessas evoluções não se refletirem na cotação obtida. Estes
resultados podem ser explicados pelo tipo de avaliação feita pois, tal como refere Hammer et al.
(2005), quando não se verificam aumentos ao nível do desempenho no equilíbrio, uma das
causas pode ser a forma de avaliação. Este estudo indica que, se fossem considerados critérios
qualitativos, os resultados poderiam ser diferentes.
Ao nível da lateralização, apenas o Mickey aumentou a cotação obtida, sendo o único
que não apresentava cotação 4 (cotação máxima) no início do estudo. Isto indica que o Mickey
realizou as tarefas com hesitações, sem obter um perfil de preferência direita ou de preferência
esquerda. Durante o período B, o Mickey alcançou a cotação 4, obtendo um perfil de preferência
direita. Era esperado que as crianças aumentassem o nível de desempenho na lateralização,
uma vez que também no estudo de Leitão (2004) se verificou uma evolução na dominância
manual e podal. Contudo, não era esperado que alcançassem a cotação máxima pois, segundo
Brêtas, Pereira, Cintra e Amirati (2005), a maturação da dominância lateral ocorre por volta dos
6/7 anos de idade. Os resultados encontrados podem ser explicados pelos itens que avaliam
este fator psicomotor. Na Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010), a lateralização é avaliada por
quatro itens: lateralização ocular, auditiva, manual e podal. No presente estudo apenas se
avaliou a lateralização manual e podal uma vez que são as únicas que parecem fazer “mais”
sentido avaliar em Equitação Terapêutica. Os pés das crianças são utilizados para aumentar o
andamento do cavalo ou a sua direção e as mãos são utilizadas na condução com as rédeas e
na limpeza do cavalo. É mais fácil atingir a cotação 4 avaliando apenas dois itens do que
avaliando quatro itens (e.g. a probabilidade de obter um perfil de preferência direita com dois
itens – DD – é maior do que a probabilidade de obter um perfil de preferência direita com quatro
itens – DDDD).
A noção do corpo foi outro fator psicomotor onde o impacto da implementação do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica foi bastante visível. Todas as crianças alcançaram a
cotação 4, ou seja, alcançaram um desempenho preciso e com facilidades de resposta
V – Discussão e conclusões
161
(Fonseca, 2010). Serão analisados os resultados obtidos nos dois itens que avaliam este fator
psicomotor.
Ao nível do sentido cinestésico, com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação
Terapêutica, todas as crianças alcançaram a cotação 4, a qual é caraterizada pela nomeação
correta de sete ou oito pontos táteis. No fim do estudo, uma criança apontava os oito pontos
táteis enquanto as restantes apontavam sete pontos. Estas crianças não apontavam o cotovelo.
Segundo Fonseca (2010), as crianças de 4 e 5 anos de idade já devem apontar corretamente
estes oito pontos. As crianças que não apontavam o cotovelo, também não o faziam nas sessões
de Equitação Terapêutica. Este ponto tátil revelou-se como o mais difícil de ser integrado pelas
crianças, talvez por não estar representado na imagem utilizada durante as sessões. No estudo
de Freire (2000), as crianças iniciaram o reconhecimento do esquema corporal em si e nos
outros, o que confirma os resultados obtidos no presente estudo.
Com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, todas as crianças
alcançaram a cotação 4 no reconhecimento direita/esquerda, o que significa que responderam
corretamente às quatro solicitações (mão direita, olho esquerdo, pé direito, mão esquerda).
Estes resultados podem ser justificados pelo facto de o plano de sessão implementado solicitar,
em várias tarefas, o reconhecimento direita/esquerda. Assim, embora as crianças no início só
respondessem a uma, duas ou nenhuma solicitação, no fim do estudo já respondiam
corretamente às quatro solicitações. Embora não existam estudos conhecidos que relacionem a
Equitação Terapêutica com o reconhecimento direita/esqueda, Fonseca (2010) afirma que em
crianças de 4 e 5 anos de idade é esperado que alcancem o sucesso em tarefas de localização
intracorporal (instruções simples, de localização no próprio corpo).
A implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica permitiu que duas
crianças aumentassem o desempenho ao nível da estruturação espaciotemporal em 1 e 2
valores. A análise do item que avalia este fator psicomotor permitirá compreender melhor estes
resultados.
Com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, duas crianças
aumentaram a cotação obtida ao nível da estruturação rítmica. Uma dessas crianças conseguiu
obter a cotação 4, o que revela facilidade de memorização a curto prazo de sequências rítmicas
(Fonseca, 2010). Estes resultados são apoiados pelo estudo de Espindula (2008), onde a autora
refere evoluções no desempenho ao nível da perceção temporal após a implementação de um
plano de Equitação Terapêutica. Também Freire (2000) refere no seu estudo que as crianças
V – Discussão e conclusões
162
iniciaram a compreensão e reprodução de estruturas rítmicas, com um plano de Equitação
Terapêutica.
Os resultados obtidos pelas duas crianças que não alteraram a cotação neste item
podem talvez ser explicados pelas suas dificuldades de memória a curto prazo e pela dificuldade
em consciencializarem o ritmo e a igualdade dos intervalos de tempo. Segundo Fonseca (2010),
estas competências são fundamentais para a realização da tarefa que avalia a estruturação
rítmica.
A praxia global foi outro fator psicomotor que evidenciou evoluções no seu desempenho
com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica. Embora nenhuma criança
tenha alcançado a cotação 4, a qual é caraterizada pela realização precisa e com facilidades de
controlo no desempenho da tarefa, todas as crianças aumentaram 1 valor na cotação face ao
seu desempenho no início do estudo. Assim, as três crianças que apresentavam cotação 1 no
início do estudo, revelando um desempenho incompleto e dificuldades de realização,
aumentaram para cotação 2, indicando uma melhoria no desempenho das tarefas, ainda que
continuassem a evidenciar dificuldades. O Simba obteve cotação 2 no início do estudo,
aumentando para cotação 3, a qual revela uma realização completa, adequada e controlada das
tarefas. Será feita uma análise dos itens que avaliam este fator psicomotor para uma melhor
compreensão dos resultados obtidos.
Ao nível da coordenação oculomanual, com a implementação do Plano Psicomotor de
Equitação Terapêutica, todas as crianças aumentaram a cotação obtida. Duas crianças atingiram
a cotação 4, a qual indica que acertaram três ou quatro lançamentos, revelando uma realização
precisa no planeamento motor e autocontrolo (Fonseca, 2010). Duas atingiram a cotação 3, ou
seja, acertaram dois lançamentos, indicando um planeamento motor e controlo visuomotor
adequados. Estes resultados podem ser explicados pela tarefa realizada durante a sessão
(“basquetebol a cavalo”), a qual motivava e despertava o interesse das crianças. Todas as
crianças evoluiram bastante ao longo das sessões de intervenção, no período B. Estes resultados
vão ao encontro dos estudos de Freire (2000), Leitão (2004) e Wuang, Wang, Huang e Su
(2010). No primeiro, após um plano de Equitação Terapêutica, as crianças evoluíram ao nível do
desenvolvimento percetivo, seguindo a trajetória de um objeto e evoluíram no lançamento de
objetos e na coordenação de movimentos oculomanuais. No estudo de Leitão (2004), a
Equitação Terapêutica levou a uma melhoria em tarefas que requerem a coordenação das duas
mãos e a adequação da velocidade dos movimentos e da força (Leitão, 2004). Segundo Wuang,
V – Discussão e conclusões
163
Wang, Huang e Su (2010), a Equitação Terapêutica aumentou o controlo visuomotor dos
cavaleiros.
Com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica, apenas o Simba
melhorou o desempenho ao nível da dissociação, nomeadamente dos membros inferiores,
atingindo a cotação 4. Esta cotação indica um planeamento motor e autocontrolo precisos. O
Simba já apresentava a cotação 4, no início do estudo, na dissociação dos membros superiores.
As restantes crianças mantiveram a cotação 1 ao longo de todo o estudo, ou seja, não
realizaram nenhuma estrutura sequencial. Os resultados do Simba podem ser explicados pela
sua familiarização com este tipo de tarefas, nomeadamente com a dissociação dos membros
superiores. Assim, demonstrou muita facilidade na realização do item da dissociação dos
membros superiores e uma rápida evolução na dissociação dos membros inferiores. Contudo,
não era esperado que as restantes crianças não alterassem a cotação ao nível da dissociação.
Segundo o estudo de Blery e Kauffman (1996), a Equitação Terapêutica permite a aprendizagem
do uso de partes isoladas do corpo, nomeadamente das pernas e mãos, no controlo do
movimento do cavalo. Os dados recolhidos podem ser explicados pela dificuldade das crianças
em individualizar os vários segmentos corporais que fazem parte da planificação e execução
motora de um movimento ou de vários movimentos intencionais sequencializados (Fonseca,
2010).
Ao nível da praxia fina, apenas uma criança alterou a cotação registada no início do
estudo, aumentando da cotação 1, a qual significa que apertou a bola, de forma contínua,
durante menos de 9 segundos, para cotação 2, indicando que apertou a bola, de forma
contínua, entre 10 e 19 segundos. Estes resultados podem ter sido afetados pelos critérios de
cotação da tarefa, os quais se apresentam bastante rígidos ao considerar o tempo como um dos
critérios de sucesso. Embora as crianças conseguissem apertar a bola durante alguns segundos,
não o faziam no tempo necessário para aumentar a cotação obtida. Greenspan e Meisels (1996)
afirmam que este tipo de avaliação, circunscrita ao tempo de realização da tarefa, tem objetivos
muito limitados e parâmetros de avaliação que não vão ao encontro da competência
propriamente dita.
As caraterísticas pessoais das crianças também podem ter influenciado os resultados
obtidos no item que avalia a praxia fina. O excesso de atividade motora e os curtos períodos de
atenção podem ter levado as crianças a terminar a tarefa antes do tempo máximo que
V – Discussão e conclusões
164
conseguem alcançar. De acordo com a pesquisa realizada, não existem estudos conhecidos
sobre o impacto da Equitação Terapêutica na praxia fina.
Com o objetivo de sintetizar a informação e o conhecimento adquiridos neste estudo,
conclui-se que com a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica: 1) não se
verificaram alterações no desempenho ao nível do fator equilibração; 2) relativamente ao fator
tonicidade, verificou-se que todas as crianças aumentaram 1 valor (observando-se uma evolução
desde uma realização com dificuldades de controlo a uma realização precisa e controlada); 3)
relativamente ao fator lateralização, verificou-se que a única criança que não tinha a cotação
máxima neste fator, alcançou-a, atingindo um desempenho de realização precisa e controlada;
4) todas as crianças atingiram a cotação máxima na noção do corpo (observando-se uma
evolução desde uma realização com dificuldades de controlo a uma realização precisa e
controlada); 5) ao nível da estruturação espaciotemporal, uma criança evoluiu de uma realização
incompleta e inadequada para uma realização com dificuldades de controlo e outra criança
evoluiu de uma realização com dificuldades de controlo a uma realização precisa e controlada;
6) relativamente ao fator praxia global, três crianças evoluiram de uma realização incompleta e
inadequada para uma realização com dificuldades de controlo, e uma criança evoluiu desde uma
realização com dificuldades de controlo a uma realização completa e adequada; e 7) no fator
praxia fina, uma criança evoluiu desde uma realização incompleta e inadequada a uma
realização com dificuldades de controlo.
Em suma, com a implementação do PPET, observou-se um aumento ao nível do
desempenho na tonicidade, lateralização, noção do corpo, estruturação espaciotemporal, praxia
global e praxia fina, em todas as crianças, relativamente ao período sem a implementação do
PPET salientando-se a importância da Equitação Terapêutica como uma prática eficaz e
adequada junto de crianças com esta problemáticas.
De seguida, serão apresentadas algumas limitações encontradas no decorrer do estudo
e algumas recomendações para estudos futuros, no sentido de aumentar o conhecimento sobre
a Equitação Terapêutica e o seu impacto no desenvolvimento psicomotor.
Recomendações e limitações
Por se ter optado pela investigação single-subject, uma das limitações é o facto de
apenas se conseguir aferir se a implementação do Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
V – Discussão e conclusões
165
tem impacto no desempenho dos fatores psicomotores das crianças que constituem a amostra
ou de crianças em contextos semelhantes.
O tempo de duração da investigação limitou a implementação de cada uma das fases de
recolha de dados. Embora o número de avaliações tenha sido suficiente para tornar este estudo
válido, a sua duração restringiu-se ao período mínimo dos estudos single-subject (18 semanas).
Outra limitação encontrada durante a realização deste estudo foi a rigidez dos critérios
de cotação da Bateria Psicomotora (Fonseca, 2010). Nas tarefas de equilibração e praxia fina, os
critérios consideram o tempo estipulado para a realização da tarefa como o elemento principal
para considerar que a tarefa foi realizada com sucesso. Isto leva as crianças a registarem a
pontuação mínima em várias tarefas que elas realizam com sucesso, embora num período
inferior de tempo.
Recomenda-se que seja feita uma replicação do estudo em crianças com outros tipos de
necessidades especiais e/ou noutras regiões do país e ainda com uma amostra maior, para se
perceber se os resultados seriam ou não idênticos. Uma vez que a amostra que constitui este
estudo é heterogénea em termos de diagnósticos e idades, também seria interessante uma
replicação do estudo com amostras homogéneas relativamente ao diagnóstico e idades.
Tal como noutros estudos que utilizam este tipo de metodologia, recomenda-se que se
prolongue o período B, ou seja, que se aumente o período de implementação do Plano
Psicomotor de Equitação Terapêutica, comparando com o presente estudo. Caso seja possível,
poderá realizar-se um estudo utilizando o ABAB design, comparando os resultados com a
investigação ABA.
Sugere-se uma adaptação da cotação da Bateria Psicomotora, de forma a reduzir a
rigidez dos critérios de cotação.
Outra recomendação relativamente à avaliação é a introdução de uma avaliação
qualitativa em futuros estudos, uma vez que poderá complementar a informação recolhida
através da avaliação qualitativa. No seu estudo Leitão (2004) afirma que não se deve dispensar
uma leitura qualitativa dos dados, associada a outras avaliações.
Devido à reduzida quantidade de estudos encontrados sobre o impacto da Equitação
Terapêuticas no desenvolvimento psicomotor e considerando o contributo do presente estudo,
sugere-se a realização de mais estudos sobre este tema de modo a aumentar o conhecimento
sobre o impacto da Equitação Terapêutica na promoção do desenvolvimento, nomeadamente, no
desenvolvimento psicomotor.
166
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178
ANEXOS
Anexo A – Carta de autorização da academia equestre
179
Universidade do Minho
Instituto de Educação
Exma presidente da direcção da Academia Equestre João Cardiga,
A aluna Vanessa Filipa Carolino Martinho, do curso de mestrado em Educação Especial
– especialização em Intervenção Precoce, do Instituto de Educação da Universidade do Minho,
pretende realizar a sua dissertação com o título “O Impacto da Equitação Terapêutica nos
Fatores Psicomotores em Crianças em Idade Pré-Escolar com Necessidades Especiais: Um
Estudo Single-Subject” orientada por Anabela Cruz dos Santos, do Instituto de Educação da
Universidade do Minho e Sofia Santos, da Faculdade de Motricidade Humana. Nesse sentido
pedimos a vossa colaboração para a realização do referido estudo o qual será efetuado pela
própria, sendo também assegurados todos os procedimentos éticos e deontológicos,
nomeadamente a confidencialidade dos dados obtidos.
Vimos assim, por este meio, pedir a vossa autorização para realizar o estudo nas
instalações da Academia Equestre João Cardiga.
Obrigada pela sua colaboração.
Com os melhores cumprimentos,
Vanessa Filipa Carolino Martinho
Autorizo que a aluna Vanessa Filipa Carolino Martinho realize o seu estudo no âmbito da dissertação de
mestrado nas instalações da Academia Equestre João Cardiga.
Assinatura
_________________________________________________
Anexo B – Carta de autorização dos pais
180
Universidade do Minho
Instituto de Educação
Caros Pais,
A aluna Vanessa Filipa Carolino Martinho, do curso de mestrado em Educação Especial
– especialização em Intervenção Precoce, do Instituto de Educação da Universidade do Minho,
pretende realizar a sua dissertação com o título “O Impacto da Equitação Terapêutica nos
Fatores Psicomotores em Crianças em Idade Pré-Escolar com Necessidades Especiais: Um
Estudo Single-Subject”, orientada por Anabela Cruz dos Santos, do Instituto de Educação da
Universidade do Minho e Sofia Santos, da Faculdade de Motricidade Humana. Nesse sentido
pedimos a vossa colaboração para a realização do referido estudo o qual será efetuado pela
própria, sendo também assegurados todos os procedimentos éticos e deontológicos,
nomeadamente a confidencialidade dos dados obtidos.
Vimos assim, por este meio, pedir a vossa autorização para realizar o estudo de caso
com o seu filho.
Obrigada pela vossa colaboração.
Com os melhores cumprimentos,
Vanessa Filipa Carolino Martinho
Autorizo que o meu filho_________________________ participe no estudo no âmbito da dissertação
de mestrado da aluna Vanessa Filipa Carolino Martinho e manifesto a minha disponibilidade para
colaborar nos procedimentos necessários.
Assinatura
_________________________________________________
Anexo C – Instrumento de avaliação
181
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO
Descrição dos itens e cotação – adaptado da Bateria Psicomotora, de Fonseca
(2010), e do Body Skills, de Werder e Bruininks (1988)
TONICIDADE
• Item 1 – Extensibilidade dos membros inferiores
Material
- Colchão
Posicionamento
Para a avaliação dos adutores, a criança deve manter-se sentada, apoiando as mãos ao
lado do tronco, devendo afastar lateralmente as pernas, estendidas ao máximo. Para a avaliação
dos extensores da coxa, a criança deve estar deitada em decúbito dorsal.
Tarefa
Para a avaliação dos adutores, o avaliador deve pedir à criança que afaste as pernas
lateralmente, o máximo possível, dizendo: “Abre as pernas, o mais que conseguires.” As pernas
devem estar estendidas. A análise deverá incidir na amplitude de afastamento das duas pernas e
no grau de resistência, pela palpação.
Para a avaliação dos extensores da coxa, a criança deve elevar as pernas até fletir as
coxas sobre a bacia, ao mesmo tempo que o avaliador a ajuda a realizar a extensão máxima das
pernas. O avaliador deve dizer: “Levanta as tuas pernas. Agora vou ajudar-te a esticá-las”. A
análise deverá considerar a amplitude de extensão das pernas e o grau de resistência dos
músculos posteriores da coxa e das pernas.
Anexo C – Instrumento de avaliação
182
Demonstração
Não deve ser feita demonstração.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança atinge um afastamento dos segmentos aproximadamente entre 141º e
180º nos adutores e nos extensores da coxa; a resistência não deve ser máxima;
Se a criança atinge entre 101º e 140º de afastamento nos adutores e nos extensores
da coxa; a resistência é máxima e sem sinais tónicos disfuncionais;
Se a criança atinge entre 60º e 100º de afastamento nos adutores e nos extensores
da coxa; existe resistência e os sinais de contratibilidade e de esforço são visíveis;
Se a criança revela valores inferiores aos anteriores, sugerindo um perfil tónico
desviante compatível com uma disfunção tónica.
• Item 2 – Extensibilidade dos membros superiores
Material
Inexistente
Posicionamento
Na avaliação dos flexores do antebraço, a criança deve estar de pé, com os braços em
abdução a 90º.
Tarefa
Para a avaliação dos flexores do antebraço, o avaliador deve ajudar a criança a realizar a
extensão máxima do antebraço e a supinação da mão. O avaliador deve dizer: “Estica bem o teu
braço. Vira a mão para cima.”
Demonstração
Não deve ser feita demonstração.
Anexo C – Instrumento de avaliação
183
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança realiza a extensão total do antebraço. A resistência atingida não deverá
ser máxima, sugerindo alguma flexibilidade, sem sinais de esforço evidentes;
Se a criança obtém a mesma realização descrita na cotação anterior, mas com uma
maior resistência e uma mobilização mais assistida e forçada, observando-se alguns sinais de
esforço;
Se a criança não realiza a extensão total do antebraço; sinais frequentes de esforço;
Se a criança revela sinais mais óbvios de resistência ou laxidez, com sinais claros de
hipertonia ou hipotonia a sugerir um perfil tónico desviante e atípico.
•Item 3 – Passividade
Material
- Mesa
Posicionamento
Na exploração dos membros inferiores, a criança deve estar sentada na mesa, de modo
a que os pés não toquem no solo. Na exploração dos membros superiores, a criança deve
manter-se de pé, com os braços pendentes e descontraídos.
Tarefa
Na exploração dos membros inferiores, o avaliador mobiliza as pernas da criança,
segurando no terço inferior da perna, de forma a que a articulação do pé fique livre. As
mobilizações devem ser efetuadas da frente para trás, observando-se a oscilação pendular das
pernas. De seguida, o avaliador deve mobilizar o pé até provocar uma rotação interna assistida e
rapidamente interrompida, observando-se a amplitude e a frequência dos movimentos passivos,
a resistência ou rigidez e as contrações ou torções dos pés. O avaliador deve dizer à criança:
Anexo C – Instrumento de avaliação
184
“Não faças força. Vou balançar a tua perna. Agora vou rodar o teu pé.” Deve começar por
mobilizar a perna e o pé direito e, de seguida, a perna e o pé esquerdo.
Na exploração dos membros superiores, o avaliador mobiliza os braços da criança,
segurando no terço inferior do antebraço, de forma a que a articulação do punho fique livre. As
mobilizações devem ser feitas elevando o braço até ficar perpendicular ao corpo, soltando-o de
seguida, observando-se a amplitude, frequência, rigidez, resistência, contrações ou torções dos
movimentos passivos. De seguida, o avaliador deve mobilizar as mãos e apreciar o grau de
libertação e abandono das extremidades. Deve dizer à criança: “Não faças força. Vou levantar e
soltar o teu braço. Agora vou fazer a tua mão mexer-se.” Deve começar por mobilizar o braço e a
mão direita e, em seguida, o braço e a mão esquerda.
Demonstração
Não deve ser feita demonstração.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para cada membro.
Cotação
Se a criança apresenta nos membros e respetivas extremidades distais movimentos
passivos, sinérgicos, harmoniosos e de regular pendularidade, objetivando facilidades de
descontração nos músculos proximais e distais e sensibilidade do peso dos membros;
Se a criança revela descontração muscular e ligeira insensibilidade no peso dos
membros, provocando pequenos movimentos voluntários de oscilação ou pendularidade;
Se a criança apresenta insensibilidade ao peso dos membros, não os descontraindo
nem realizando os movimentos passivos e pendulares provocados pelo avaliador; movimentos
involuntários nas extremidades; deteção de contrações de pequena amplitude e de lentas e
regulares torções nas extremidades;
Se a criança não realiza a prova ou se a realiza de forma incompleta e inadequada,
com total insensibilidade ao peso dos membros e dificuldade de descontração muscular;
detecção de movimentos descoordenados e de movimentos de torção mais amplos e contínuos.
Anexo C – Instrumento de avaliação
185
• Item 4 – Sincinésias
Material
- Mesa
- Cadeira
- Bola de Waboba
Posicionamento
A criança deve estar sentada com ambas as mãos em cima da mesa.
Tarefa
A criança deve realizar uma contração máxima da mão dominante, utilizando a bola. O
cotovelo deve estar em extensão. O avaliador deve dizer à criança: “Segura esta bola. Agora
aperta-a com muita força.” Deve observar-se os movimentos de imitação ou crispação
peribucais, linguais ou nos membros contralaterais, para a deteção de sincinésias bucais ou
contralaterais.
Demonstração
O avaliador deve demonstrar a tarefa à criança.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança realiza a tarefa sem qualquer vestígio de sincinésias bucais ou
contralaterais; movimento de contração da mão perfeitamente isolado e controlado; ausência
total de movimentos associados;
Se a criança realiza a tarefa com sincinésias contralaterais quase imperceptíveis;
realização adequada e controlada; deteção de ligeiros movimentos ou contracções tónicas
associadas;
Se a criança realiza a tarefa com sincinésias bucais e contralaterais marcadas e
óbvias; realização com sinais desviantes; presença de movimentos associados não inibidos;
Anexo C – Instrumento de avaliação
186
Se a criança realiza a tarefa com sincinésias evidentes, com flexão do cotovelo,
crispação dos dedos da mão contralateral, tensões tonicofaciais e sincinésias linguais;
movimentos difusos associados e reações de sobressalto involuntárias; tremores.
A cotação da tonicidade corresponde à média da cotação dos itens que avaliam este
fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
EQUILIBRAÇÃO
• Item 5 – Imobilidade
Material
- Cronómetro
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com os braços pendentes ao lado do corpo, com apoio
palmar das mãos e dos dedos na face lateral da coxa. Os pés devem estar juntos, simétricos e
paralelos.
Tarefa
A criança deve manter-se imóvel, na posição correta, com os olhos fechados, durante 60
segundos. O avaliador deve dizer à criança: “Fecha os olhos. Agora não te mexas até eu dizer
para parar.” Deve manter um contacto com a criança, na preparação da posição, transmitindo-
lhe confiança e segurança. Os sinais disfuncionais devem ser registados de acordo com a sua
sequência temporal.
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança a tarefa a realizar.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Anexo C – Instrumento de avaliação
187
Cotação
Se a criança se mantém imóvel durante os 60 segundos, evidenciando um controlo
postural perfeito, preciso e com disponibilidade e segurança gravitacional; não devem ser
identificados sinais difusos;
Se a criança se mantém imóvel entre 46 a 59 segundos, revelando ligeiros
movimentos faciais, gesticulações, sorrisos, oscilações, rigidez corporal, tiques, emotividade, etc;
realização completa, adequada e controlada;
Se a criança se mantém imóvel entre 30 a 45 segundos, revelando sinais
disfuncionais vestibulares; insegurança gravitacional;
Se a criança se mantém imóvel menos de 30 segundos, com sinais disfuncionais
bem marcados, reequilibrações abruptas,quedas, hiperatividade estática; segurança
gravitacional significativa.
• Item 6 – Equilíbrio estático: apoio retilíneo
Material
- Cronómetro
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com as mãos apoiadas na cintura.
Tarefa
A prova deve ser realizada com olhos abertos. A criança deve colocar um pé no
prolongamento exato do outro, estabelecendo o contacto do calcanhar de um pé com a ponta do
pé contrário, permanecendo assim durante 20 segundos. O pé que fica à frente é escolhido pela
criança. O avaliador deve dizer à criança: “Vais pôr um pé à frente do outro, assim como eu.
Agora não te mexas, até eu dizer.”
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança qual a posição a adotar.
Anexo C – Instrumento de avaliação
188
Tentativas
A criança dispõe de duas (2) tentativas para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança se mantém em equilíbrio estático durante, pelo menos, 20 segundos,
revelando um controlo postural perfeito e preciso; admitem-se ajustamentos posturais quase
impercetíveis; as mãos não devem sair da sua posição;
Se a criança se mantém em equilíbrio entre 16 a 19 segundos, revelando um
controlo postural adequado, com pequenos ajustamentos corporais;
Se a criança se mantém em equilíbrio entre 10 a 15 segundos, revelando
dificuldades de controlo e disfunções vestibulares e cerebelosas; frequentes movimentos
associados;
Se a criança se mantém em equilíbrio menos de 10 segundos, ou se a criança não
realiza a tarefa.
• Item 7 – Equilíbrio estático: equilíbrio na ponta dos pés
Material
- Cronómetro
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com as mãos apoiadas na cintura.
Tarefa
A prova deve ser realizada com olhos abertos. A criança deve colocar os pés juntos e
manter-se em equilíbrio no terço anterior dos mesmos, durante 20 segundos. O avaliador deve
dizer à criança: “Põe-te em bicos dos pés, assim como eu. Só páras quando eu disser.”
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança qual a posição a adotar.
Anexo C – Instrumento de avaliação
189
Tentativas
A criança dispõe de duas (2) tentativas para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança se mantém em equilíbrio estático durante, pelo menos, 20 segundos,
revelando um controlo postural perfeito e preciso; admitem-se ajustamentos posturais quase
impercetíveis; as mãos não devem sair da sua posição;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático entre 16 a 19 segundos, revelando um
controlo postural adequado, com pequenos ajustamentos corporais;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático entre 10 a 15 segundos, revelando
dificuldades de controlo; frequentes movimentos associados;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático menos de 10 segundos, ou se a
criança não realiza a tarefa.
• Item 8 – Equilíbrio estático: apoio unipodal
Material
- Cronómetro
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com as mãos apoiadas na cintura.
Tarefa
A prova deve ser realizada com olhos abertos. A criança deve apoiar-se apenas num pé,
fletindo o joelho da outra perna até formar um ângulo de 90º. A criança deve permanecer nesta
posição durante 20 segundos. O avaliador deve dizer à criança: “Dobra uma perna, assim como
eu. Só pões o pé no chão quando eu disser.” Deve registar o pé em que a criança se apoia (em
local próprio na ficha de registo), sendo esse o pé dominante na função de equilibração.
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança qual a posição a adotar.
Anexo C – Instrumento de avaliação
190
Tentativas
A criança dispõe de duas (2) tentativas para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança se mantém em equilíbrio estático durante, pelo menos, 20 segundos,
revelando um controlo postural perfeito e preciso; admitem-se ajustamentos posturais quase
impercetíveis; as mãos não devem sair da sua posição;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático entre 16 a 19 segundos, revelando um
controlo postural adequado, com pequenos ajustamentos corporais;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático entre 10 a 15 segundos, revelando
dificuldades de controlo; frequentes movimentos associados;
Se a criança se mantém em equilíbrio estático menos de 10 segundos, ou se a
criança não realiza a tarefa.
• Item 9 – Equilíbrio dinâmico: marcha controlada
Material
- Fita adesiva vermelha, com 3 metros de comprimento (colada no chão, em linha recta)
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com as mãos apoiadas na cintura, numa das extremidades
da linha.
Tarefa
A criança deve deslocar-se em cima da linha reta, em todo o seu comprimento. O
calcanhar de um pé deve tocar na ponta do pé contrário. O avaliador deve dizer à criança: “Vais
andar em linha desta linha, como eu fiz. Tens de ir até ao fim da linha.”
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança como se deve deslocar
em cima da linha, fazendo-o ao longo dos 3 metros.
Anexo C – Instrumento de avaliação
191
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança realiza a marcha controlada em perfeito controlo, sem qualquer desvio
da linha; as mãos não saiem da sua posição;
Se a criança realiza a marcha controlada com ocasionais e ligeiras reequilibrações,
sem se desviar da linha; as mãos não saiem da sua posição;
Se a criança realiza a marcha controlada com pausas frequentes, reequilibrações
exageradas, quedas, movimentos involuntários; frequentes reajustamentos das mãos; desvios da
linha;
Se a criança não realiza a tarefa ou se a realiza de forma incompleta e imperfeita.
A cotação da equilibração corresponde à média da cotação dos itens que avaliam este
fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
LATERALIZAÇÃO
• Item 10 – Lateralização manual
Material
- Caneta
- Folha de papel
- Mesa
- Cadeira
Posicionamento
A criança deve estar sentada à mesa.
Tarefa
O avaliador deve pedir à criança que desenhe na folha de papel. Para avaliar a mão
preferencial, devem também ser considerados os itens onde se pode avaliar a mão com que a
Anexo C – Instrumento de avaliação
192
criança realiza a tarefa. O avaliador deve dizer à criança: “Vamos fazer um desenho nesta folha”.
Deve ser registada a mão com que a criança pega na caneta.
Demonstração
Não deve ser feita demonstração.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
A cotação deste item é feita em conjunto com o item seguinte.
•Item 11 – Lateralização podal
Material
- Bola de futebol
Posicionamento
A criança deve estar de pé, com os braços pendentes ao lado do corpo.
Tarefa
O avaliador deve pedir à criança para dar um passo à gigante. Deve dizer à criança: “Dá
um passo grande, assim como eu”. Em seguida, o avaliador deve colocar a bola à frente da
criança e pedir-lhe para dar um chuto, dizendo-lhe: “Chuta a bola!” Deve ser registado o pé com
que a criança chuta a bola.
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança como deve dar o passo à gigante. O pontapé na
bola não deve ser demonstrado.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Anexo C – Instrumento de avaliação
193
Cotação
A cotação deste item envolve o item anterior.
Se a criança realiza as tarefas espontaneamente, sem hesitações e com proficiência,
podendo obter-se um perfil DD, no caso da preferência direita, ou um perfil EE, no caso da
preferência esquerda; nenhuns sinais difusos; realização precisa, económica e perfeita;
Se a criança realiza as tarefas com ligeiras hesitações e perturbações psicotónicas e
com perfis discrepantes (ex.: DE ou ED), sem, no entanto revelar confusão; realização completa,
adequada e controlada;
Se a criança realiza as tarefas com permanentes hesitações e perturbações
psicotónicas com perfis inconsistentes e na presença de sinais de ambidextria; presença de
sinais difusos mal integrados bilateralmente;
Se a criança não realiza as tarefas evocando ambidextria nítida, lateralidade mista
mal integrada ou lateralidade contrariada.
A cotação da lateralização corresponde à média da cotação dos itens que avaliam este
fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
Noção do corpo
• Item 12 – Sentido cinestésico
Material
Inexistente
Posicionamento
A criança deve manter-se de pé, com os olhos abertos.
Tarefa
A criança deve nomear oito pontos táteis: nariz, queixo, olhos, orelha, ombro, cotovelo,
mão e pé. Começando com “Onde é o teu...?”, o avaliador vai nomeando os vários pontos do
corpo e a criança tem de apontar para os mesmos.
Anexo C – Instrumento de avaliação
194
Demonstração
O avaliador deve demonstrar com duas experiências (nariz e boca).
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para cada ponto do corpo.
Cotação
Se a criança aponta corretamente 7 ou 8 oito pontos táteis;
Se a criança aponta corretamente 5 ou 6 pontos táteis;
Se a criança aponta corretamente 3 ou 4 pontos táteis;
Se a criança aponta corretamente apenas 1 ou 2 pontos táteis.
• Item 13 – Reconhecimento direita/esquerda
Material
Inexistente
Posicionamento
A criança deve manter-se de pé, com os olhos abertos.
Tarefa
A criança deve responder às seguintes solicitações do avaliador:
“Mostra-me a tua mão direita”;
“Mostra-me o teu olho esquerdo”;
“Mostra-me o teu pé direito”;
“Mostra-me a tua mão esquerda”.
Demonstração
Não deve ser feita demonstração.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para cada solicitação.
Anexo C – Instrumento de avaliação
195
Cotação
Se a criança responde corretamente às quatro solicitações;
Se a criança responde corretamente a três solicitações;
Se a criança responde corretamente a duas solicitações;
Se a criança responde corretamente apenas a uma solicitação ou não responde
corretamente a nenhuma solicitação.
A cotação da noção do corpo corresponde à média da cotação dos itens que avaliam
este fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
ESTRUTURAÇÃO ESPACIOTEMPORAL
• Item 14 – Estruturação rítmica
Material
- Mesa
- Cadeira
Posicionamento
A criança deve estar sentada na mesa, de frente para o avaliador.
Tarefa
A criança deve reproduzir corretamente as sequências de batimentos apresentadas pelo
avaliador. O avaliador deve dizer à criança: “Ouve com atenção o que vou fazer. Agora tens de
repetir.” A criança pode ver a mão do avaliador.
As estruturas rítmicas são as seguintes (o ponto representa um batimento, o ponto
representa uma pausa):
Ensaio
1
2
3
4
Anexo C – Instrumento de avaliação
196
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança o que é pedido, utilizando a estrutura rítmica de
ensaio. A demonstração deve ser feita antes do ensaio.
Tentativas
A criança deve realizar um ensaio, com a respetiva estrutura rítmica, o qual não é
considerado para cotação. Só se avança para a estrutura 1 quando a criança perceber o que é
pedido.
Para as estruturas 1, 2 e 3, a criança dispõe de uma (1) tentativa para realizá-las.
Cotação
Se a criança reproduz corretamente as quatro estruturas rítmicas;
Se a criança reproduz corretamente três estruturas rítmicas;
Se a criança reproduz corretamente duas estruturas rítmicas;
Se a criança só reproduz corretamente a estrutura rítmica de ensaio ou se não realiza
tarefa.
A cotação da estruturação espaciotemporal corresponde à cotação do item que avalia
este fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
Praxia global
• Item 15 – Coordenação oculomanual
Material
- Cadeira (50 cm de altura)
- Bola de ténis
- Caixa (40cm × 40 cm × 40 cm)
- Fita métrica
Anexo C – Instrumento de avaliação
197
Posicionamento
A caixa deve ser colocada em cima da cadeira. A criança deve estar de pé, de frente
para a caixa, a uma distância desta de 1,50 metros.
Tarefa
A criança deve lançar a bola para dentro da caixa. O avaliador deve dizer à criança:
“Atira a bola para dentro da caixa, com as duas mãos.”
Demonstração
O avaliador deve demonstrar à criança o que é pedido.
Tentativas
A criança deve realizar um ensaio, o qual não é considerado para cotação. Em seguida,
deve realizar quatro lançamentos, os quais contam todos para cotação.
Cotação
Se a criança acerta três ou quatro lançamentos;
Se a criança acerta dois lançamentos;
Se a criança acerta um lançamento;
Se a criança não acerta nenhum lançamento.
• Item 16 – Dissociação
Material
- Cadeira (50 cm de altura)
Posicionamento
A criança deve estar de pé, junto à cadeira.
Tarefa
Para a avaliação dos membros superiores, a criança deve realizar vários batimentos com
as mãos, em cima da cadeira, de acordo com as sequências apresentadas pelo avaliador. Este
Anexo C – Instrumento de avaliação
198
deve tocar nas respetivas mãos ao mesmo tempo que diz à criança: “Vais bater na cadeira...”,
completando a frase com as seguintes sequências:
i. 2 vezes com a mão direita e 2 vezes com a mão esquerda;
ii. 2 vezes com a mão direita e 1 vez com a mão esquerda;
iii. 1 vez com a mão direita e 2 vezes com a mão esquerda;
iv. 2 vezes com a mão direita e 3 vezes com a mão esquerda.
Para a avaliação dos membros inferiores, a criança deve realizar vários batimentos com
os pés, no chão, de acordo com as sequências apresentadas pelo avaliador. Este deve tocar nos
respectivos pés ao mesmo tempo que diz à criança: “Vais bater no chão...”, completanto a frase
com as seguintes sequências:
i. 2 vezes com o pé direito e 2 vezes com o pé esquerdo;
ii. 2 vezes com o pé direito e 1 vez com o pé esquerdo;
iii. 1 vez com o pé direito e 2 vezes com o pé esquerdo;
iv. 2 vezes com o pé direito e 3 vezes com o pé esquerdo.
Demonstração
O avaliador deve realizar duas demonstrações para cada sequência.
Tentativas
A criança tem quatro (4) tentativas para cada sequência. Todas as tentativas contam
para cotação.
Cotação
Se a criança realiza corretamente três ou quatro estruturas sequenciais;
Se a criança realiza corretamente duas estruturas sequenciais;
Se a criança realiza corretamente uma estrutura sequencial;
Se a criança não realiza corretamente nenhuma estrutura sequencial.
A cotação da praxia global corresponde à média da cotação dos itens que avaliam este
fator psicomotor. Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
Anexo C – Instrumento de avaliação
199
Praxia fina
• Item 17 – Força da mão
Material
- Bola de Waboba
- Cronómetro
- Mesa
- Cadeira
Posicionamento
A criança deve estar sentada, confortavelmente, de frente para o avaliador.
Tarefa
A criança deve apertar a bola com a máxima força. O avaliador deve dizer à criança:
“Aperta a bola com muita força. Só páras quando eu disser.”
Demonstração
Deve ser feita uma demonstração da ação de apertar a bola.
Tentativas
A criança dispõe de uma (1) tentativa para realizar a tarefa.
Cotação
Se a criança aperta a bola, de forma contínua, durante 30 ou mais segundos;
Se a criança aperta a bola, de forma contínua, durante 20 a 29 segundos;
Se a criança aperta a bola, de forma contínua, durante 10 a 19 segundos;
Se a criança aperta a bola, de forma contínua, durante menos de 10 segundos.
A cotação da praxia fina corresponde à cotação do item que avalia este fator psicomotor.
Este valor deve ser registado no perfil psicomotor.
Anexo C – Instrumento de avaliação
200
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO
Ficha de registo – adaptado da Bateria Psicomotora, de Fonseca (2010), e do Body
Skills, de Werder e Bruininks (1988)
Nome: ______________________ Género: ______________
Data de nascimento: ___/___ /______ (dd/mm/aaaa) Idade: ____ anos e ____ meses
Data da avaliação: ___/___ /______ (dd/mm/aaaa) Local da avaliação: _____________
Hora: ________
Obs.:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Perfil psicomotor
4 3 2 1
Tonicidade
Equilibração
Lateralização
Noção do corpo
Estruturação espaciotemporal
Praxia global
Praxia fina
Anexo C – Instrumento de avaliação
201
Fator psicomotor Nº Nome do item
Toni
cida
de 1 Extensibilidade dos membros inferiores 4 3 2 1
2 Extensibilidade dos membros superiores 4 3 2 1 3 Passividade 4 3 2 1 4 Sincinésias 4 3 2 1
Cotação da tonicidade
Equi
libra
ção 5 Imobilidade 4 3 2 1
6 Equilíbrio estático: apoio retilíneo 4 3 2 1 7 Equilíbrio estático: equilíbrio na ponta dos pés 4 3 2 1 8 Equilíbrio estático: apoio unipodal E D 4 3 2 1 9 Equilíbrio dinâmico: marcha controlada 4 3 2 1
Cotação da equilibração
Late
raliz
açã
o
10 Lateralização manual E D 4 3 2 1
11 Lateralização podal E D
Cotação da lateralização
Noç
ão
do
corp
o 12 Sentido cinestésico 4 3 2 1 13 Reconhecimento direita/esquerda 4 3 2 1
Cotação da noção do corpo
Estr
utur
ação
espa
ciot
empo
ral 14 Estruturação rítmica 4 3 2 1
Cotação da estruturação espaciotemporal
Pr
axia
gl
obal
15 Coordenação oculomanual 4 3 2 1
16 Dissociação Membros superiores 4 3 2 1
Membros inferiores 4 3 2 1
Cotação da praxia global
Prax
ia
fina
17 Força da mão 4 3 2 1
Cotação da praxia fina
O Avaliador
___________________________________________
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
202
Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
Nome da criança:
Data de nascimento:
Duração da sessão: 1 hora
Horário da sessão:
Local: Picadeiro interior da academia equestre
Cavalo: Napoleão (pónei com 1.20 m de altura; fisionomia baixa e larga e com andamento calmo, ritmado e basculado)
Ajudas técnicas: Cabeçada com bridão, rédeas fixas, cilhão com duas argolas, manta de volteio, guia e toque.
Tarefa Fator psicomotor
Descrição Tempo Material Estratégias
Cheguei ao
picadeiro • Praxia fina
A criança chega, cumprimenta o técnico e dá uma festa ao cavalo, no lado
esquerdo do pescoço. Segura na ponta da guia, com a mão bem fechada,
e leva o cavalo para o picadeiro.
3 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Montar
Quando chega ao picadeiro, o auxiliar guia encosta o cavalo ao estrado.
Para montar, a criança sobe os degraus, segura-se às argolas do cilhão e
passa a perna direita por cima da garupa do cavalo.
1 min • Estrado, com 5
degraus
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Ao passo • Praxia global Para começar a andar, o técnico diz “vamos andar” e a criança deve tocar 1 min Nenhum • Instrução
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
203
com as duas pernas, em simultâneo, na barriga do cavalo. verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Festas ao
cavalo
• Noção do corpo
• Praxia global
A criança deve dar festas ao cavalo, em andamento. Começa por dar
festas no pescoço do cavalo, primeiro com a mão direita e depois com a
mão esquerda. Em seguida, faz festas na garupa do cavalo, primeiro com
a mão direita e depois com a mão esquerda. O técnico deve solicitar o uso
de cada mão.
2 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Avião • Tonicidade
Em andamento, a criança deve abrir os braços à altura dos ombros e
esticar bem os cotovelos. Dá uma volta ao picadeiro nesta posição. No
final da volta, e ainda na posição de “avião”, o técnico deve ajudar a
criança a realizar a supinação da mão.
3 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Demonstração
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Alongar as
pernas
• Tonicidade
• Praxia global
Com o cavalo parado, a criança deve inclinar-se à frente, abraçando o
pescoço do cavalo. Nesta posição, o técnico alonga-lhe a perna esquerda,
fazendo a extensão do joelho, durante 20 segundos. Em seguida, faz o
mesmo na perna direita. A criança deve ter a cabeça virada para o lado do
técnico e este deve contar até 20 em voz alta.
2 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
O meu corpo • Noção do corpo Ainda com o cavalo parado, o técnico coloca à frente da criança a imagem 10 min • Imagem do corpo de • Instrução
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
204
• Praxia global do boneco. A criança deve colocar os vários elementos (olhos, nariz, boca,
orelhas, mãos e pés) no local correto. A criança recebe um elemento de
cada vez. Sempre que a criança coloca um elemento, o técnico pergunta
onde está aquele elemento no corpo da criança. Quando termina, o
técnico pergunta e nomeia outros pontos do corpo da criança que não
tenham sido referidos. No fim da atividade, a criança deve pôr o cavalo a
andar.
um boneco, com
espaços para colar em
velcro as partes que
faltam.
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Volta ao mundo
com ritmo
• Estruturação
espaciotemporal
Em andamento, a criança passa a perna direita por cima do pescoço do
cavalo, ficando sentada para o lado esquerdo do cavalo. De seguida,
passa a perna esquerda por cima da garupa do cavalo, ficando sentada
para trás. Nesta posição, o técnico produz 5 sequências rítmicas, batendo
com a mão na garupa do cavalo, e a criança deve reproduzi-las. Quando
termina, a criança passa a perna direita por cima da garupa do cavalo,
ficando sentada para o lado direito do cavalo. De seguida, passa a perna
esquerda por cima do pescoço do cavalo, voltando à posição inicial.
12 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Demonstração
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Basquetebol a
cavalo • Praxia Global
Com o cavalo parado, a criança tem de acertar com a bola dentro dos três
aros. Os aros estão colocados à frente do cavalo, do lado direito e do lado
esquerdo, a uma distância máxima de 2 metros. O técnico vai
aumentando a distância de acordo com a evolução da criança. Quando
termina a atividade, a criança deve pôr o cavalo a andar.
2 min
• Bola de ténis
• 6 pinos
• 6 bastões (1 m de
altura)
• 3 aros (20 cm de
diâmetro)
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
205
Andar de
joelhos • Equilibração
Com o cavalo parado, a criança deve colocar-se de joelhos enquanto
segura as mãos nas argolas. Em seguida, deve abrir os braços à altura
dos ombros, ficando na posição de “avião”. Dá uma volta ao picadeiro, a
passo, nesta posição.
3 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
De pé no cavalo • Equilibração
Com o cavalo parado, e ainda na posição anterior, a criança segura nas
argolas e coloca-se de pé. Em seguida, deve fazer a posição de “avião”.
Dá uma volta ao picadeiro, a passo, nesta posição. Quando termina,
segura-se nas argolas e senta-se no cavalo, voltando à posição inicial (com
o cavalo em andamento).
3 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Dissociação • Praxia global
Com o cavalo parado, a criança deve reproduzir com as mãos (festas no
respetivo lado do pescoço do cavalo) e com os pés (toque na barriga do
cavalo) as sequências que o técnico diz. O técnico deve tocar nas
respetivas mãos e pés da criança consoante enumera a sequência. Cada
sequência deve conter apenas as mãos ou os pés, implicando sempre o
uso do lado esquerdo e direito e começando sempre com o lado direito. O
técnico só deve avançar para a sequência seguinte quando a anterior foi
realizada com sucesso. Em cada sessão devem ser feitas duas sequências
com as mãos e duas sequências com os pés. Em cada sequência, cada
membro é solicitado, no máximo, três vezes.
Exemplo: duas vezes com a mão direita e duas vezes com a mão
5 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
206
esquerda; uma vez com a mão direita e duas vezes com a mão esquerda;
uma vez com o pé direito e uma vez com o pé esquerdo; duas vezes com
o pé direito e três vezes com o pé esquerdo.
Deitado na
garupa • Tonicidade
Com o cavalo parado, a criança deve deitar-se na garupa do cavalo, com
os braços ao lado do corpo. O técnico alonga o membro inferior da
criança, durante 20 segundos, levando o joelho ao peito. O técnico conta
até 20 em voz alta. Deve começar com a perna esquerda. Quando termina
a actividade, a criança deve sentar-se novamente na posição inicial.
2 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Desmontar
Em andamento, a criança dá uma festa no pescoço do cavalo. Em
seguida, o cavalo pára e a criança desmonta. Para desmontar, a criança
inclina-se ligeiramente à frente, passa a perna direita por cima da garupa
do cavalo e escorrega até ao chão, com ajuda do técnico.
1 min Nenhum
• Instrução
verbal
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Maneio • Praxia global
• Praxia fina
Com o cavalo preso, a criança deve realizar a limpeza do cavalo (apenas
no lado esquerdo), utilizando o ferro de cascos, a cardoa e o pente de
crina. Os utensílios devem estar colocados no chão, perto do cavalo. Para
limpar os cascos, o técnico segura no casco do cavalo e a criança deve
realizar movimentos de cima para baixo. Com a cardoa, a criança deve
realizar movimentos no sentido do pêlo do cavalo. Com o pente de crina, a
crianças deve realizar movimentos de cima para baixo. Após terminar a
limpeza do cavalo, a criança dá uma festa no lado esquerdo do pescoço.
10 min
• Ferro de cascos
• Cardoa
• Pente de crina
• Instrução
verbal
•Demonstração
• Ajuda (física e
verbal)
• Reforço verbal
Anexo D – Plano Psicomotor de Equitação Terapêutica
207