Post on 26-Jan-2015
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A contribuição da Antropologia para os estudos da sociedade
Roberto Mosca Junior
Sociologia• Estudo da sociedade europeia.• Descoberta de leis gerais que
regulamentam o comportamento social e as transformações da sociedade.
• Análises qualitativas e estudos estatísticos.
• Possibilidade de um modelo teórico único que explicasse os diversos aspectos da sociedade capitalista (urbano x rural/ agrário x industrial).
• Não perceberam a diversidade que marcaria o séc. XX.
Antropologia
• Estudo dos povos colonizados na África, Ásia e América.
• Método empiricista e qualitativo, voltado para descoberta das particularidades.
• Identificar de forma precisa o não europeu.
• Falsa imagem da cultura europeia: homogênea e integrada.
Antropologia• Ciência da alteridade, isto é,
que busca investigar o outro, aquele que é diferente de mim.
• Baseada na descrição dos exóticos costumes dos povos.
• A aparência fisíca, culturas milenares, línguas e um rico legado cultural da antiguidade, geravam uma amplitude de temas que precisava ser delimitada em subáreas.
Subáreas da antropologia• Arqueologia: estuda a evolução
da espécie humana, da chamada pré-história e do passado das civilizações já desaparecidas da antiguidade. (Egípcios e Hebreus)
• Etnologia: estuda a diversidade da espécie humana, ou seja, a identificação das diversas etnias existentes e sua herança genética.
• Antropologia cultural: estuda as sociedades não europeias e povos sem escrita, para que fossem desvelados seus modelos de organização social e dinâmica.
O evolucionismo
• Séc. XIX: Europa se organiza num modelo econômico e político único, que julgava universal: capitalista, industrial e nacionalista.
• Base teórica para os interesses econômicos e a expansão do capitalismo.
• Desenvolvimento uniforme numa escala evolutiva, indo da mais atrasada para as mais complexas.
Edward Tylor (1832-1917)
• Etnólogo e evolucionista inglês, defendeu a existência de uma natureza humana universal
• Demonstrou que a cultura é um conjunto de traços comportamentais e psicológicos adquiridos e não herdados biologicamente.
• Cultura: um conjunto “complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (Cultura Primitiva, 1871)
Franz Boas (1858-1942)
• Antropólogo norte-americano, criticou o evolucionismo.• Não estava interessado nas leis, mas nos processos e na
história do desenvolvimento de costumes e crenças.• Recusou-se a comparar culturas diferentes como parte
de um mesmo processo histórico • Pretendia estudar determinado fenômeno em relação
às complexas relações de cada cultura em particular • “Particularismo histórico”: cada cultura segue os seus
próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou.
A escola funcionalista• No séc. XX surgiu o
funcionalismo tentando responder as críticas que se faziam ao evolucionismo.
• eurocentrismo: tendência de julgar as sociedades não-europeias a partir dos valores europeus.
• Etnocentrismo: o princípio de considerar o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade como padrão e modelo.
Escola funcionalista
• Sociedades não devem ser comparadas, mas estudadas em si mesmas de forma particular e isolada.
• Cada sociedade constitui uma totalidade integrada e tem por função satisfazer as necessidades essenciais dos seus integrantes.
• Um traço cultural só pode ser entendido no contexto da cultural à qual pertence e não em relação a outra qualquer.
• A função que o traço ou costume desempenha é que justifica sua existência e sua permanência.
• Sua alteração vai depender não de um processo evolutivo, mas da perda de sua função, razão de sua existência.
Bronislaw Malinowski (1884-1942)• Definiu o conceito de função
como resposta de uma cultura às necessidades básicas: alimentação, proteção e reprodução.
• A função social de determinados costumes e instituições deveriam responder a necessidades sociais do grupo.
• “A função das relações conjugais e da paternidade é obviamente o processo de reprodução culturalmente definido”.
Bronislaw Malinowski (1884-1942)
• Estudou os nativos das ilhas Trobriand (Nova Guiné).
• Foi o primeiro a organizar e sintetizar uma visão integrada e totalizante do modo de vida não-europeu.
• Analisar as culturas em seu estado atual e na sua especificidade, sem preocupações com as origens.
• Observar cada detalhe da vida social - mesmo os sem importância e incoerentes, tentando descobrir seu significados e inter-relações.
Observação participante
• Método de pesquisa caracterizado pelo longo processo de investigação e convivência do antropólogo com o grupo estudado.
• Substitui as informações superficiais e questionários inadequados pelo estudo sistemático das sociedades.
• O investigador “mergulha” na vida nativa, penetra na cultura, desvenda significados, guiado por suas informações e não por teorias externas à realidade estudada.
Observação participante
• Observar• Escutar • Descrever• Interpretar
Conceitos funcionalistas
• Aculturação: processo pelo qual sociedades diferentes, entrando em contato, tendem a intercambiar traços culturais e costumes.
• Sistemas: relações constantes e repetitivas que o investigador é capaz de observar. Essas relações não se apresentam em forma de sistema, mas é a interpretação do cientista que o constrói.
• Estrutura: relações básicas a partir das quais uma sociedade se organiza. A partir da estrutura as demais relações sociais se organizam e se tornam inteligíveis.
Polêmicas do funcionalismo
• relativismo cultural - postura de tolerância e respeito em relação aos costumes e traços culturais diferentes do nosso.
• Método etnográfico• Crítica pela ênfase nas forças de integração,
não dando destaque aos conflitos sociais
ESTRUTURALISMO
• Séc. XX: estudo de aspectos subjetivos e ligados à linguagem e ao imaginário dos indivíduos
• Análise das manifestações simbólicas• Estrutura social: o que não pode ser
observado, mas apreendido pela interpretação científica
Lévi-Strauss (1908-2009)
• A estrutura é a elaboração teórica capaz de dar sentido aos dados observados em uma realidade
• Organizando de forma sistemática a sociedade e tendo por objetivo a sua preservação, a estrutura assemelha-se a uma “máquina” que “funciona indefinidamente”
ESTRUTURALISMO
• Desloca a ênfase da observação para a construção teórica e abstrata de um conceito
• Supervalorização do movimento sincrônico da sociedade e das forças que o mantêm
• Estudo de processos não-histórico, diferenciando a estrutura (elementos permanentes) da conjuntura (elementos variáveis)
• A história perde sua importância como elemento de compreensão e o indivíduo deixa de ser o protagonista da vida social
• Os problemas vividos pelos homens decorrem de relações estruturais que estão acima e aquém da decisão individual
CRÍTICAS AO ESTRUTURALISMO
• À semelhança dos evolucionistas, expressam uma visão naturalista da sociedade na medida em que a realidade social passava a ser dependente de estruturas pré-existentes, sobre as quais os seres humanos não tinham consciência nem responsabilidade
• Ênfase aos aspectos sincrônicos em detrimento dos aspectos diacrônicos e de mudança social.