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As vacinas na prevenção das IACS

Saraiva da Cunha

(Director do Serviço de Doenças Infecciosas do CHUC, EPE;

Professor da Faculdade de Medicina de Coimbra)

Palestrante em reuniões científicas promovidas pela Sanofi Pasteur MSD.

Conflito de Interesses

Vacinas destinadas aos Profissionais de Saúde (P.S.)

Vacinas que evitam a hospitalização

Vacinas em investigação

Vacinas e IACS Tópicos

O profissional de saúde como fonte de IACS

Microrganismos adquiridos na comunidade

Microrganismos adquiridos ao prestarem cuidados de saúde

Podem estar assintomáticos

Risco acrescido para doentes imunodeprimidos

Vacinação dos profissionais de saúde

Elementos Estatísticos: Informação Geral: Saúde 2009-2010 / Direcção Geral da Saúde

Não contempla todos aqueles que estão em formação

O profissional de saúde como fonte de IACS

Hepatite B

Risco maior em cirurgiões e dentistas

Risco de Transmissão depende do estado do P.S.

AgHBe+

Carga vírica (nº cópias ADN VHB) elevada

Rara nos últimos anos

Desde 1994 apenas um caso nos EUA

Vaccine 2014; 32: 4814–4822.

O profissional de saúde como fonte de IACS

Gripe Transmissão do vírus começa antes do início da

sintomatologia

Vírus persiste nas superfícies até 48 h e nas mãos até 5 minutos

No pico gripal os serviços de saúde são sujeitos a enorme pressão

Muitos P.S. mantêm actividade mesmo doentes

Cerca de metade dos casos de gripe nosocomial é da responsabilidade dos P.S.

O profissional de saúde como fonte de IACS

Sarampo

Entre 2001-2008 ocorreram 27 casos nos EUA (Vaccine 2014; 32: 4814–4822)

8 em P.S.

3 casos recentes em P.S. no ex CHC (Revista Portuguesa de Doenças Infecciosas 2012; 8: 20)

Caso índice foi um homem de 49 anos regressado da África do sul

Parotidite

Rubéola

Tosse convulsa

Varicela

Vacinas aconselhadas

Vacinação dos profissionais de saúde

Vacinas preconizadas: • Td • Hepatite B • Gripe

sazonal

Fevereiro de 2010

Praticamente omisso em relação a política vacinal, sugerindo apenas avaliação do estado vacinal para a hepatite B em caso de acidente profissional e a vacinação contra a gripe.

Vaccine 2014; 32: 4876-4880

CDC. Immunization of Health-Care Personnel. MMWR, 2011; 60(RR-7).

Porque não se vacinam os P.S. ?

Cobertura vacinal para a hepatite B é crescente, resultado da aplicação do PNV

Cobertura vacinal contra a gripe é muito insuficiente

Motivos irrealistas invocados para não se vacinar:

Vacina pode induzir a doença

Vacina não é eficaz

Vacina tem muitos efeitos secundários

Se vacinado e contrair gripe a doença é mais grave

Vacinação repetida anualmente é má para o sistema imunitário

Porque não se vacinam os P.S. ?

Fundamentação baseada em estudos controversos Thomas RE, Jefferson T, Lasserson TJ. Influenza vaccination for healthcare

workers who care for people aged 60 or older living in long-term care institutions. Cochrane Database Syst Rev 2013 Jul 22; 7: CD005187

Replicado em Rev Port Med Geral Fam 2013;29:339-40

Não há evidência que a vacinação de profissionais de saúde previna a infecção por influenza ou suas complicações (infecções do trato respiratório inferior, hospitalização ou morte devido a infecção do trato respiratório) em indivíduos internados com 60 anos ou mais, não existindo indicação para a vacinação obrigatória destes trabalhadores.

Adesão à vacinação contra a gripe nos P.S. Em Portugal (2013-2014)

http://www.agripe.com.pt/vacinómetro/resultados-20132014

Adesão nos hospitais, lares e RNCC é muito menor

Intensa discussão ética (e jurídica), principalmente nos EUA E na Europa?

Valores em confronto Autodeterminação dos P.S.

Protecção da saúde dos doentes

Uso obrigatório de máscara quando prestam cuidados de saúde nos que recusam vacinação contra a gripe?

Escasseiam os dados clínicos que suportem estas políticas Razões éticas para a escassez de estudos clínicos

Vacinação obrigatória dos P.S.

Todas as vacinas que previnem contra doença grave

Meningocócica

H. Zoster

Tétano

Vacina gripe

Vacina pneumocócica

Vacinas que evitam a hospitalização (prevenção diferida das IACS)

Dados controversos e contraditórios

Tendência para resultados positivos na prevenção

Resultados dependem das populações analisadas e são distintos de ano para ano e consoante a área geográfica

Gripe sazonal tem características diferentes em cada época gripal

Gripe pandémica versus gripe sazonal

Vacina contra a gripe (na prevenção da hospitalização)

2014; Vol 9 (6): e100497

Vacina contra a gripe (na prevenção da hospitalização)

The SHIVERS (Southern Hemisphere Influenza Vaccine Effectiveness, Research and Surveillance) study. Euro Surveill. 2014;19(34):pii=20884

Tipo de vacina utilizada e respectivos resultados são distintos em crianças e em adultos

Políticas vacinais diferem de país para país

No mesmo país as vacinas utilizadas vão evoluindo ao longo do tempo

Globalmente, eficácia moderada (30-40%) na prevenção da hospitalização em idosos Resultados distintos consoante o sexo

Justificação?

Vacina pneumocócica (na prevenção da hospitalização)

2014; 9(6): e98567

Vacina contra Staphylococcus

Vacina contra Pseudomonas

Vacina contra Acinetobacter

Vacina contra Clostridium difficile

Vacinas em investigação (úteis na prevenção das IACS)

Todas as vacinas baseadas em estruturas superficiais da bactéria falharam

Sugere-se maior utilização de superantigénios e citolisinas na construção de vacinas

Modelo animal mais adequado é desconhecido Coelho versus ratinho

J Infect Dis 2014 ;209:1955-62

Nat Rev Microbiol 2014;12:585-91

Vacina contra Staphylococcus

Vacina contra Pseudomonas

Vaccine 2008; 26: 1011—1024

Apena uma vacina em ensaios clínicos em fase 2/3 Confirmatory Phase II/III Study Assessing Efficacy,

Immunogenicity and Safety of IC43 ClinicalTrials.gov Identifier: NCT01563263

IC43 é uma proteína membranar recombinante (OprF- OprL)

População alvo: adultos com mais de 18 anos internados em UCI e com necessidade de ventilação invasiva por mais de 48 horas

Vacina contra Pseudomonas

Vacina contra Acinetobacter

Vaccine 2014; 32: 2534–2536

Toxinas A e B como alvo predilecto

Sucesso do toxóide tetânico e diftérico como base de trabalho

Ensaio clínico em fase III está em curso desde 2013 Study of a Candidate Clostridium Difficile Toxoid Vaccine in

Subjects at Risk for C. Difficile Infection

ClinicalTrials.gov Identifier: NCT01887912

Expectativas muito positivas

Vacina contra Clostridium difficile

Conclusão

As vacinas continuam a ser a forma mais eficaz de prevenir a doença

As vacinas em adultos são subutilizadas na população portuguesa e nomeadamente pelos P.S.

Os P.S. e os doentes beneficiariam de um programa nacional de vacinação destinado a estes profissionais

Muitos casos de IACS seriam evitados se as vacinas fossem mais amplamente utilizadas