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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula estudada, prova, diagnóstico.Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportunidade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação.
Para o curso de Economia (60 vagas), a FGVSP realiza um vestibular anual em duas fases.
1a FASEConsta de oito provas com testes de múltipla escolha das seguintes disciplinas:
Horário Disciplina Quantidade
Manhã(das 8h30 às 12h30)
Matemática 30Biologia 15História 15Geografia 15
Tarde(das 14h às 18h)
Inglês 15Língua Portuguesa 15
Física 15Química 15
Eliminamse os candidatos que acertam menos de 20% das questões de quaisquer das provas.
Classificam-se para a 2a fase os 250 candidatos com as melhores médias aritméticas simples das notas estatisticamente padronizadas. Aqueles que empatam na 250a posição são todos classificados para a 2a fase.
a2a fase
da GV-SPEconomia
dezembro de2013
oanglo
resolve
AulaEstudada
AulaDada
ProvaDiagnós-tico
GV — ECONOMIA/2014 — 2a FASE 2 ANGLO VESTIBULARES
2a FASE
Consta de três provas discursivas (cujo número de questões não é previamente divulgado):
Duração Disciplina Pesodas 8 às 10h Matemática 3
das 10h30minàs 13h
Língua Portuguesa (1h)
1
Redação e Língua Portuguesa
(1,5h)1
Eliminamse os candidatos que acertam menos de 20% das questões de cada prova.A média de cada candidato na 2a fase é a média ponderada das notas estatisticamente padronizadas. Ausência ou zero em qualquer das provas resulta em desclassificação.A média final (MF) é dada pela seguinte fórmula:MF = (0,4 × média da 1a fase) + (0,6 × média da 2a fase)
Observação: 1) Cada disciplina tem pontuação de zero a dez.2) Não é utilizada a nota do Enem.
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 3 ANGLO VESTIBULARES
▼ Questão 1
A distância horizontal percorrida por um dardo, denotada por d e dada em metros, pode ser calculada apro-
ximadamente pela fórmula d = v02 ⋅ sen (2α)
10 , sendo V0 a velocidade inicial do dardo, em metros por segundo,
e α o ângulo do lançamento.
a) Calcule a velocidade inicial (em m/s) de lançamento de um dardo que atingiu a distância de 80 metros ao ser lançado sob um ângulo de 15º.
b) O recorde mundial masculino da prova de lançamento do dardo foi estabelecido em 1996 por Jan Zelezny, com a marca de 98,48 m. Admitindo-se que o lançamento tenha sido feito com o melhor ângulo possível, e usando 98 m nos cálculos, determine a velocidade inicial do dardo de Jan Zelezny no lançamento. Entregue o resultado em km/h.(Adote nas contas finais 5 = 2,2 e lembre-se de que 1 m/s equivale a 3,6 km/h)
Resolução
a) Com d = v02 ⋅ sen(2α)
10, d = 80 e α = 15º, temos:
80 = v02 ⋅ sen30º
10 \ 80 =
v02 ⋅ 1
210
1600 = v02 (com v0 . 0) \ v0 = 40 (m/s)
Resposta: 40
b) Com d = v02 ⋅ sen(2α)
10, d = 98 e α = 45º (correspondendo ao valor máximo de sen 2α), temos
98 = v02 ⋅ sen90º
10 \ 98 = v0
2 ⋅110
98 ⋅ 10 = v02 (com v0 . 0)
v02 = 2 ⋅ 72 ⋅ 2 ⋅ 5
v0 = 2 ⋅ 7 ⋅ 5v0 = 2 ⋅ 7 ⋅ 2,2 \ v0 = 30,8 (m/s)
Em km/h, essa velocidade é dada por 30,8 ⋅ 3,6 = 110,9.
Resposta: 110,9
M ACIÁEAM T T
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 4 ANGLO VESTIBULARES
▼ Questão 2
Uma garrafa esférica de refrigerante tem forma e medidas conforme indica a figura. As caixas 1 e 2 são uti-lizadas para acondicionar, sem folgas, 6 dessas garrafas de refrigerante. A caixa 1 tem forma de prisma reto de base retangular, e a 2, de prisma reto de base triangular. O material que compõe as faces das caixas é de espessura desprezível.
2cm
1cm
raio = 4cm
vista superior da caixa 1
vista superior da caixa 2
a) Calcule a área da base inferior das caixas 1 e 2.b) Considerando o bocal da garrafa como sendo um cilindro reto de altura 2 cm e raio da base 1 cm, calcule o
volume da região da caixa 1 que não está ocupada quando as seis garrafas estão acondicionadas nela.
Resolução
a)
h = 16
b = 24
8
8
A área do retângulo (base da caixa 1) é dada por b ⋅ h = 24 ⋅ 16 = 384 (cm2)
30ºx
4
4
x
b
h
x16
De tg 30º = 4x
, temos 13
= 4x
e, portanto, x = 43.
b = 16 + 2x = 16 + 83 = 8(2 + 3).
h = b ⋅ 32
= 8(2 + 3) ⋅ 32
= 4(2 + 3)(3) = 4(3 + 23).
A área do triângulo (base da caixa 2) é dada por 12
bh = 16(12 + 73) (cm2)
Resposta: 384 cm2 e 16(12 + 73) cm2
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 5 ANGLO VESTIBULARES
b)
10cm
16cm
24cm
O volume da caixa 1 é dado por:
VC = 24 ⋅ 16 ⋅ 10 \ VC = 3840 cm3
O volume da garrafa é dado por:
VG = 43
p ⋅ 43 + p ⋅ (1)2 ⋅ 2 \ VG = 262p3
cm3
Como há 6 garrafas na caixa, segue-se que o volume da caixa que não está ocupado é dado por:
V = VC – 6 ⋅ VG
V = 3840 – 6 ⋅ (262p3 ) \ V = 4(960 – 131p) cm3
Resposta: 4(960 – 131p) cm3
▼ Questão 3
De acordo com um modelo econômico, a função demanda de um bem expressa a relação entre o preço por unidade do bem e a quantidade demandada desse bem pelo consumidor. Em geral, a quantidade demandada de um bem decresce à medida que o preço por unidade do bem aumenta.
A função oferta de um bem expressa a relação entre o preço por unidade do bem e a quantidade ofertada dele pelo fornecedor do bem.
Em geral, a quantidade ofertada de um bem cresce à medida que o preço por unidade do bem aumenta. Neste problema, assuma que:
• pd(x) = –0,1x2 – x + 40 é a função demanda de um bem, sendo pd(x) o preço de demanda por uma unidade do bem (em R$), e x a quantidade demandada desse bem pelo consumidor se o preço de mercado for pd(x);
• po(x) = 0,1x2 + 2x + 20 é a função oferta do mesmo bem, sendo po(x) o preço de oferta por unidade do bem (em R$), e x a quantidade ofertada desse bem pelo fornecedor se o preço de mercado do bem for po(x).
a) Calcule o preço de equilíbrio, que é o preço unitário do bem para o qual a quantidade demandada do bem pelo consumidor se iguala à quantidade ofertada do bem pelo fornecedor.
b) Os dois gráficos ao lado mantêm relação com as fun-ções oferta e demanda usadas neste problema. Calcule a área do retângulo colorido no plano cartesia-no dos gráficos e, em seguida, registre uma interpre-tação econômica do valor calculado. Considere neste item que x pode ser um número real positivo qualquer eadote nos cálculos finais 7 – 6 = 0,2.
x20100–10–20
10
20
25
30
40
Pd(x), Po(x)
5 7 – 5�
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 6 ANGLO VESTIBULARES
Resolução
a) Pd(x) = –0,1x2 – x + 40 e Po(x) = 0,1x2 + 2x + 20
De Po(x) = Pd(x), segue-se:
0,1x2 + 2x + 20 = –0,1x2 – x + 400,2x2 + 3x – 20 = 0x2 + 15x – 100 = 0x = 5 ou x = –20 (não convém)
Pd(5) = Po(5) = 0,1 ⋅ 52 ⋅ 2 ⋅ 5 + 20 = 32,5
Resposta: R$ 32,50
b) De Po(x) = 25, temos:
0,1x2 + 2x + 20 = 25.x2 + 20x – 50 = 0 e x . 0 (da figura)x = 56 – 10
Sendo b a medida da base do retângulo, temos:
b = (57 – 5) – (56 – 10)
b = (57 – 6) + 5
Com 7 – 6 = 0,2, temos b = 6,0.
A área do retângulo é dada por 6,0 ⋅ 25 = 150.
Resposta: 150; a base representa o quanto a demanda supera a oferta; podemos concluir que a área do retângulo representa o quanto se deixa de receber: R$ 150,00.
▼ Questão 4
Um exame é composto de 25 testes de múltipla escolha, com cinco alternativas cada um. Cada teste certo vale 6 pontos, cada teste errado vale –1 ponto, e cada teste deixado em branco vale 1,5 ponto. Para ser aprovado nesse exame, o candidato precisa totalizar 100 ou mais pontos.
a) Um aluno fez o exame e errou exatamente 3 testes. Denote por x o número de testes que ele deixou em branco, e por T o total de pontos feitos por ele no exame. Determine a expressão de T em função de x, além do domínio e dos extremos (valor máximo e valor mínimo) da função T.
b) Nos minutos finais desse exame, outro aluno tem certeza de que já assinalou as opções corretas em 12 tes-tes. Nos demais testes, em 12 ele não sabe a alternativa correta e, se for assinalar uma opção, isso será feito por sorteio aleatório. No teste restante que completa os 25, ele tem certeza de que a resposta correta está entre duas das alternativas, mas, se for assinalar, terá que fazer um sorteio aleatório entre elas.Considerando plenamente corretas as expectativas do aluno, e tendo em vista o seu desejo de ser aprovado no exame, registre qual é a melhor estratégia a ser tomada com relação aos 13 testes que ainda não foram assinalados. Depois de registrada a estratégia, calcule a probabilidade de aprovação desse aluno no exame se essa estratégia for adotada.
Resolução
a) Resposta Valor Quantidade Pontuação
certa +6 22 – x 6 ⋅ (22 – x)
em branco +1,5 x 1,5x
errada –1 3 –3
Logo, T é dada por:
T = 6 ⋅ (22 – x) + 1,5x – 3T = 132 – 6x + 1,5x – 3T = –4,5x + 129
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 7 ANGLO VESTIBULARES
Como x ∈IN, 0 < x < 22, e T(x) é uma função do 1o grau decrescente, temos:Tmáx = 129, para x = 0.Tmín = 30, para x = 22.
Resposta: T = –4,5x + 129,D = {x ∈IN / 0 < x < 22},Tmáx = 129, para x = 0 eTmín = 30, para x = 22.
b) O aluno tem 12 ⋅ 6 = 72 pontos garantidos. A melhor estratégia é a opção que apresenta menor risco (maior probabilidade) e pontuação maior ou igual a 100.Seguem as opções em ordem crescente de risco.
Opção 1: Deixar as 13 questões em branco.• Pontuação:72+13⋅ 1,5 = 91,5. (Não aprovado)• Probabilidade=1.
Opção 2: Deixar 12 questões em branco e responder aleatoriamente a questão em que ele está entre duas alternativas.• Pontuação:72+12⋅ 1,5 + 1 ⋅ 6 = 96. (Não aprovado)
• Probabilidade= 12
.
Opção 3: Deixar 11 questões em branco e responder aleatoriamente a questão em que ele está entre duas alternativas e uma questão na qual ele está entre cinco alternativas.• Pontuação:72+11⋅ 1,5 + 2 ⋅ 6 = 100,5. (Aprovado)
• Probabilidade= 12
⋅ 15
= 110
.
Em qualquer outra opção o aluno deverá responder aleatoriamente 3 ou mais questões, podendo obter uma pontuação maior que 100, porém com maior risco, pois a probabilidade de aprovação será menor do
que 110
.
Resposta: A melhor estratégia é a descrita na opção 3.
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 8 ANGLO VESTIBULARES
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 03.
A decisão do Fed, banco central dos EUA, de prorrogar seu programa de estímulo monetário trouxe alívio aos mercados internacionais. As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se certa tranquilidade.
O filme será mais longo, mas o final não mudará: os juros nos EUA subirão nos próximos anos, em função da recuperação de sua economia. Como o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009.
É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, ainda que tardiamente, algu-mas das ações de estímulo adotadas para combater a crise.
Entre elas estão o crescimento do gasto e do crédito públicos — este foi de 33% a 50% do total de emprés-timos no Brasil desde 2008.
É bom o governo reconhecer a necessidade de mudar de rumo. Sem que as palavras se transformem em ações, contudo, todo ceticismo é pouco — sobretudo em ano eleitoral — diante de um governo até aqui per-dulário com as contas públicas.
(Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)
▼ Questão 1
Justifique o emprego da vírgula nas seguintes passagens do texto:
a) A decisão do Fed, banco central dos EUA, de prorrogar seu programa de estímulo monetário trouxe alívio aos mercados internacionais.
b) O filme será mais longo, mas o final não mudará…
Resolução
a) “Banco central dos EUA” está entre vírgulas por ser aposto de “A decisão do FED”.b) Em “O filme será mais longo, mas o final não mudará…”, a vírgula separa uma oração coordenada assin-
dética de uma oração coordenada sindética adversativa.
▼ Questão 2
Observe os períodos:
I. Como o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009.
II. É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, ainda que tardiamente, algumas das ações…
a) Explique que sentido estabelecem nos períodos os termos Como e ainda que.b) Reescreva os períodos, substituindo os termos Como e ainda que por outros de sentido equivalente.
Resolução
a) “Como” estabelece relação de causa e inicia uma oração subordinada adverbial causal. O fato de o dólar ocupar lugar central no sistema monetário global é a causa de todos os países deverem preparar-se para o fim do período de juros internacionais próximos a zero.“Ainda que” estabelece relação de concessão e inicia uma oração subordinada adverbial concessiva. Esse conectivo indica que é positivo que o governo comece a mostrar-se disposto a reverter algumas das ações de estímulo, embora essa iniciativa tenha demorado.
b) I. Porque o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009. Observação: também seria correto usar: “visto que” ou “já que”.
II. É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, embora tardiamente, algu-mas das ações…Observação: também seria correto usar: “conquanto”, “mesmo que”, “se bem que” ou “apesar de”.
UPORT UG ÊS
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 9 ANGLO VESTIBULARES
▼ Questão 3
Analisando os sentidos das palavras no texto,
a) explique a diferença que há entre o texto original e sua reescrita no seguinte caso:Original → As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se certa tranquilidade.Reescrita → As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se tranquilidade certa.
b) comente o significado da passagem — O filme será mais longo, mas o final não mudará... —, esclarecendo se nela se caracteriza a denotação ou a conotação.
Resolução
a) No original, a palavra “certa” está anteposta ao substantivo “tranquilidade”; nessa posição, ela funciona, é pronome e significa “alguma”: afirma-se que após a valorização das moedas foi estabelecida alguma tranquilidade.Na versão reescrita, a palavra “certa” está posposta ao substantivo “tranquilidade”; nessa posição, ela fun-ciona, é adjetivo e significa “que não é passível de dúvida, segura”: passa-se a expressar que a tranquilida-de estabelecida pela valorização das moedas dos países emergentes é “segura”, “não passível de dúvida”.
b) Na passagem, predomina a “conotação”, uma vez que “filme” não foi empregado em sentido literal, mas em sentido figurado, para indicar que a política econômica adotada pelo FED terá os mesmos desdobra-mentos de sempre.
▼ Questão 4
Leia a tira.
(Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)
Com base no plano da linguagem verbal, especificamente quanto aos processos de formação das palavras, explique
a) como o autor da tira atribui humor à história;b) a diferença de emprego das palavras do primeiro quadrinho e de “ismo” no segundo quadrinho.
Resolução
a) O efeito de humor é obtido, sobretudo, por meio da exploração do trocadilho entre os substantivos enu-merados no primeiro quadrinho, o sufixo “-ismo” citado no segundo, e o substantivo “abismo”, presente no terceiro. Todos os termos citados no quadrinho inicial designam correntes ideológicas e são formados por sufixação, com agregação do sufixo “-ismo”, mencionado no quadrinho seguinte. O enunciado do segundo quadrinho cria a expectativa de que o personagem vá enunciar a corrente ideológica com que se identifica, empregando, para tanto, um substantivo formado por sufixação também com acréscimo de “-ismo”. Sua fala do terceiro quadrinho rompe essa expectativa ao apresentar um substantivo que, embora terminado em “ismo”, não é formado por sufixação. Além disso, a palavra “abismo” sugere uma postura niilista, que inverte o sentido do enunciado imediatamente anterior, configurando uma ironia. Tal proce-dimento reforça a comicidade da tira.
b) No primeiro quadrinho todos os substantivos são formados por sufixação, com agregação do sufixo “-ismo”. No quadrinho seguinte, esse sufixo é empregado como se fosse um substantivo isolado. O sufixo, portanto, foi convertido em palavra, em um processo similar a uma derivação imprópria.
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 10 ANGLO VESTIBULARES
▼ Questão 5
Ex-estrela em (ascensão/acensão/assenção) no obscurantista Partido Comunista que governa a China, o então líder Bo Xilai foi condenado na semana passada à prisão perpétua (sob/sobre) acusação de corrupção. Ainda que a classe média chinesa continue a ver “motivação política” na condenação, a prisão perpétua pareceu satisfazer uma nação na qual impera o autoritarismo burocrático no poder.
(IstoÉ, 02.10.2013. Adaptado)
a) Transcreva, dentre os termos em parênteses, aqueles que completam corretamente as lacunas do texto.b) A expressão prisão perpétua aparece duas vezes no texto. Em cada uma delas, qual a sua função na sintaxe
do período?
Resolução
a) Ascensão, sob.
b) Na primeira ocorrência o termo exerce a função sintática de objeto indireto. Na segunda, de sujeito.
▼ Questão 6
Identifique e explique o tipo de discurso presente nos trechos transcritos.
a) — Neste momento, Tupã não é contigo! replicou o chefe. O Pajé riu; e seu riso sinistro reboou pelo espaço como o regougo da ariranha. — Ouve seu trovão e treme em teu seio, guerreiro, como a terra em sua pro-fundeza. Araquém, proferindo essa palavra terrível, avançou até o meio da cabana; ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abriu-se a terra.
(José de Alencar, Iracema)
b) Rubião interrompeu as reflexões para ler ainda a notícia. Que era bem escrita, era. Trechos havia que releu com muita satisfação. O diabo do homem parecia haver assistido à cena. Que narração! Que viveza de es-tilo! Alguns pontos estavam acrescentados — confusão de memória — mas o acréscimo não ficava mal.
(Machado de Assis, Quincas Borba)
Resolução
a) O tipo de discurso empregado para apresentar as falas das personagens é o discurso direto. O período inicial reproduz a fala do chefe, como se ele próprio tomasse a palavra. O terceiro período reproduz a fala de Araquém. A presença dos travessões, do vocativo (“guerreiro”), e das orações intercaladas (“replicou o chefe” e “Araquém, proferindo essa palavra terrível”) são traços característico dessa modalidade.
b) No fragmento de Machado de Assis, nota-se o recurso ao discurso indireto livre. Sobretudo nas passagens “Que narração!” e “Que viveza de estilo!” sugere-se que o fluxo de consciência do personagem, seus pen-samentos e impressões mais momentâneos, estão sendo postos ao alcance do leitor, sem intermediação da voz do narrador. O conteúdo carregado da impressão subjetiva do personagem, os pontos de exclamação e o emprego de frases nominais são traços característicos desse tipo de discurso.
▼ Questão 7
Bem parecida com a pera-do-campo é a cabacinha-do-campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espé-cie, lutescens. Ocorre no mesmo hábitat, tem o mesmo cultivo, a árvore é do mesmo porte…
(Revista Terra da Gente, setembro de 2013. Adaptado)
a) Reescreva o trecho, empregando no plural as expressões pera-do-campo e cabacinha-do-campo, fazendo as adaptações necessárias.
b) Reescreva o trecho, substituindo a expressão Bem parecida por Semelhante e a forma verbal ocorre por frequenta.
Resolução
a) Com as alterações exigidas, a nova redação passa a ser esta: Bem parecidas com as peras-do-campo são as cabacinhas-do-campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espécie, lutescens. Ocorrem no mesmo hábitat, têm o mesmo cultivo, as árvores são do mesmo porte…
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 11 ANGLO VESTIBULARES
Observação: Embora não haja razões sintáticas para que a expressão “as árvores” seja flexionada no plural, essa alteração é recomendável para ser mantido o paralelismo semântico: na nova versão, não mais o sin-gular e sim o plural passa a ser usado para fazer referência a toda a espécie “cabacinha-do-campo”; logo é coerente que a mesma alteração se dê em relação ao termo “a árvore”.
b) Com as alterações exigidas, a nova redação será: Bem semelhante à pera-do-campo é a cabacinha-do--campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espécie, lutescens. Frequenta o mesmo hábitat, tem o mesmo cultivo, a árvore é do mesmo porte…
▼ Questão 8
Há meses que eu não encontrava o Doutor Pundonor de Azevedo. Os primeiros ares de outono devem ter en-corajado o ilustre personagem a voltar às ruas, já que é conhecida a sua aversão ao contato humano durante o calor. Encontrei o Doutor na praça da Alfândega, agitadíssimo. Temendo seu gênio irascível, procurei começar nossa conversa num tom de otimismo.
(Luís Fernando Veríssimo, O gigolô das palavras. Adaptado)
a) Fazendo as adaptações necessárias, reescreva a passagem — Há meses que eu não encontrava o Doutor Pundonor de Azevedo. —, substituindo o verbo haver pelo verbo fazer e empregando o verbo encontrar na voz passiva.
b) Fazendo as adaptações necessárias, reescreva as passagens — Os primeiros ares de outono devem ter en-corajado o ilustre personagem a voltar às ruas… — e — Encontrei o Doutor na praça da Alfândega… —, substituindo na primeira a expressão o ilustre personagem por um pronome oblíquo e o verbo voltar por caminhar; e, na segunda, a expressão o Doutor por um pronome oblíquo.
Resolução
a) Com as alterações exigidas, a nova redação será: Faz meses que o Doutor Pundonor de Azevedo não era encontrado por mim.
b) As mudanças na primeira passagem resultam nesta redação: Os primeiros ares de outono devem tê-lo encorajado a caminhar nas ruas.A segunda passagem, em sua nova versão, passa a ser: Encontrei-o na praça da Alfândega
Observação: Além de “devem tê-lo”, seriam corretas ainda as seguintes redações:• (…)o devem ter (…);• (…)devem-no ter (…).
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 12 ANGLO VESTIBULARES
Texto 1MOBILIDADE URBANA…
(Correio do Povo, 01.10.2013)
Texto 2
SÃO PAULO — Há algo além dos mandacarus sucedendo-se ao longo das estradas do agreste e do sertão nordestino. Os vultos esquálidos avistados à frente, na beira do caminho, não se revelam retirantes da seca. É o homem montado na sua moto.
Centenas desses conjuntos cruzam com o viajante. São, no mais das vezes, motocicletas aparentando ser novas, de baixa cilindrada. Poucos condutores e passageiros vestem capacete.
Na mais recente pesquisa por amostra domiciliar do IBGE, vê-se que, em 2012, o Nordeste ultrapassou o Sudeste em número de casas com motocicleta. Contam com o veículo de duas rodas 4,2 milhões de residências nordestinas, uma em cada quatro. No Sudeste, essa relação é de um para quase sete domicílios.
Essa é a maneira pela qual se vai resolvendo na prática o problema da “mobilidade”, tão em voga. O poder de consumo de extensas camadas populares cresce, pelo salário e pelo crédito, e esse bônus vai sendo aplicado na parcela da moto.
Um índice do desenvolvimento brasileiro poderia ser criado com a relação de domicílios que possuem motos e carros. A próxima etapa esperada é a troca dos veículos de duas pelos de quatro rodas.
(Vinicius Mota, Progresso em duas rodas. Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)
Texto 3
No calor das manifestações de junho, por passagens mais baratas e melhorias no transporte público, o go-verno federal anunciou um investimento de R$ 50 bilhões, até 2017. O trânsito é um dos maiores desafios das grandes cidades no mundo inteiro — e também no Brasil. Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estima em 40 minutos o tempo que os brasileiros que vivem nas regiões metropolitanas levam para chegar ao trabalho. A cidade mais atravancada é o Rio de Janeiro, com 47 minutos no trajeto. Em São Paulo, o tempo de viagem aumentou 20% em duas décadas. Hoje, os paulis-tanos levam 46 minutos no trânsito. A situação piorou mais nas capitais do Norte e Nordeste. Boa parte disso ocorre porque o número de casas com carro na garagem cresceu 8% em apenas quatro anos. Pela primeira vez, mais da metade dos brasileiros têm carro próprio.
(Marcelo Moura, Para tirar você do trânsito. Época, 28.10.2013. Adaptado)
Texto 4
O carro, essa entidade mítica que já tinha sido o signo por excelência da liberdade individual, virou sinônimo de cárcere em pleno logradouro público. Motoristas solitários, com GPS, ar-condicionado dual zone, câmbio de oito marchas e rodas aro 18, são miseráveis prisioneiros enfileirados, vítimas de uma inovação que envelheceu, necrosou e entrou em colapso total. Numa cidade como São Paulo, tentar percorrer 100 metros num automóvel de luxo é como se refestelar num iate encalhado bem no meio do Rio Tietê, com sua fedentina pestilenta.
OR ÃEDAÇ
GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 13 ANGLO VESTIBULARES
Por isso, além de símbolo de pecados veniais, vaidade, desperdício, bandidagem e corrupção, o carro vai virando também um estigma de estupidez paralisante. E de breguice. Em pouco tempo, bem pouco, as cele-bridades grã-finas, até elas, passarão a se envergonhar de ter um Bentley no jardim e inventarão alternativas de exibicionismo: bicicletas com pneus cor de abacate, por exemplo. Assim como o cigarro, que saiu da boca dos símbolos sexuais mais incendiários para ir parar na “área de fumantes”, depois também banida para todo o sempre, o automóvel despencará do Olimpo na direção do castigo eterno — e em altíssima velocidade.
(Eugênio Bucci, Os automóveis irão para o inferno. Época, 30.09.2013. Adaptado)
Com base nos textos apresentados e em outros conhecimentos que julgar pertinentes, elabore uma disser-tação, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A RELAçÃO ENTRE O AUMENTO dO POdER AqUISITIVO dOS BRASILEIROS E AqUESTÃO dA MOBILIdAdE URBANA
Análise da PropostaComo em anos anteriores, a prova da FGV-Economia pediu um texto dissertativo, com cerca de 30 linhas,
enunciando explicitamente o tema: A RELAÇÃO ENTRE O AUMENTO DO PODER AQUISITIVO DOS BRASILEI-ROS E A QUESTÃO DA MOBILIDADE URBANA. Como subsídio aos candidatos, foi oferecida uma coletânea de quatro textos.
O texto 1, uma charge extraída do Correio do Povo, aponta a sensação de aprisionamento e impotência de motoristas, encarcerados em seus carros, o que é provocado por um trânsito sem mobilidade. Na figura, mesmo uma barata, ironicamente, movimenta-se de maneira mais livre que os condutores dos veículos, que a observam com espanto.
O texto 2, um artigo de Vinicius Mota, publicado pela Folha de S.Paulo, compara os números relativos à utilização de motocicletas nas regiões Nordeste e Sudeste. Em 2012, segundo o IBGE, uma em cada quatro residências nordestinas possuía o veículo de duas rodas. No Sudeste, “essa relação é de um para quase sete domicílios”. O artigo associa ainda o crescimento da comercialização de motocicletas ao aumento do poder de consumo da população: “a próxima etapa esperada é a troca dos veículos de duas pelos de quatro rodas”.
Já o texto 3, trecho de reportagem de Marcelo Moura, da revista Época, mostra que os mais graves pro-blemas de mobilidade urbana ocorrem nas grandes cidades do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). Contudo, teria havido um agravamento no Nordeste, provocado pelo aumento do número de casas com carros na gara-gem, que, apenas em quatro anos, foi de 8%. A matéria lembra, ainda, que o governo anunciou investimentos vultosos no setor em resposta às manifestações de junho de 2013.
Por fim, o texto 4, um artigo de Eugênio Bucci, chama atenção para uma possível mudança em relação à maneira como os automóveis são vistos: de símbolo de liberdade e status, o carro pode se tornar representa-ção de cárcere e motivo de vergonha. Isso ocorreria porque, de acordo com o autor, um automóvel de luxo que não consegue se locomover é um “estigma de estupidez paralisante”.
Possibilidades de encaminhamentoPara dissertar sobre o tema, o candidato poderia levar em conta, por exemplo, as seguintes linhas de
raciocínio:• Otrânsitocaóticodasgrandesmetrópoles,sobumaperspectivaeconômica,éconsequêncianocivadeum
modelodedesenvolvimentoeconômicoesocialbaseadonaproduçãoindustrial,daqualaindústriaauto-motivaéexpoente.Ocrescimentodaproduçãodeveículosdesponta,pois,comoumtermômetrodarecu-peração da atividade industrial e da economia.
• Osautomóveis,alémdafunçãodetransporte,estãointimamenteligadosànoçãodestatus. As pessoas são reconhecidas pelo que consomem: ter poder aquisitivo não satisfaz apenas, é preciso demonstrar (as mídias sociais que o digam). Os problemas de trânsito, porém, começam a relativizar a importância desse aspecto. Em vez de pensar que o ideal seria que todos tivessem carros, não seria melhor projetar um país em que o transporte público fosse preferido até pelos mais ricos?
• Oaumentodopoderaquisitivodosbrasileirosteve,entreoutrosefeitos,ummaiorconsumodecarrosemotos. Isso pode ser usado como argumento de democratização e de redução da desigualdade, mas o fato équeofenômenoestáagravandoosproblemasdemobilidade.
• “Oproblemaéqueagoraqualquerumpodetercarro“.Essaafirmação,alémdeserumaformasuperficialde encarar a questão, revela preconceito social. Os brasileiros que tiveram aumento de renda, especial-mente os de menor poder aquisitivo, não podem ser responsabilizados pelo agravamento do trânsito nas grandes cidades. Se eles se sentiram levados a investir nos veículos, isso também tem relação com o caos do transporte público.