Post on 16-Dec-2018
Módulo I -‐ Mecanismos de patogenicidade dos agentes de infeção (Docente: Teresa Gonçalves) Aula 1 -‐ Fatores de virulência e mecanismos de patogenicidade das bactérias Aula 2 -‐ Mecanismos de patogenicidade dos vírus Aula 3 -‐ Fatores moleculares de virulência e patogénese associada às infeções fúngicas Aula 4 -‐ Mecanismos gerais de patogenicidade dos parasitas (protozoários e helmintas) Módulo II -‐ Mecanismos de resistência a antimicrobianos (Docente: Célia Nogueira) Aula 5 – Alvos moleculares de ação dos diferentes grupos de antibióticos e mecanismos bacterianos de aquisição de resistências Aula 6 -‐ Alvos moleculares de ação dos antivíricos e mecanismos virais de aquisição de resistências Aula 7 -‐ Alvos moleculares de ação dos antifúngicos e antiparasitários e mecanismos de aquisição de resistências Módulo III -‐ Técnicas de colheita e de transporte de amostras (Docente: Rui Soares) Aula 8 – Procedimentos gerais e métodos laboratoriais. Manual de boas práticas. Aula 9 -‐ Colheitas, transporte e processamento de produtos microbiológicos. Aula 10 – Sistemas de Controlo de Qualidade Interna e Externa (amostras, equipamentos e métodos). Prática Laboratorial Segura.
Módulo IV -‐ Agentes de infeções nosocomiais: reservatórios (Docente: Diana Mota) Aula 11 -‐ Infeções mais prevalentes: principais microrganismos Aula 12 -‐ Reservatórios Aula 13 -‐ Medidas de prevenção e controlo intra-‐hospitalar Módulo V -‐ Interpretação clínica dos resultados de diferentes métodos de diagnóstico (Docente: Graça Rocha) Aula 14 – Métodos clássicos de identibicação microbiológica Aula 15 – Métodos moleculares Aula 16 -‐ Serologia
1ª Aula Teórico-Práticas Doenças Infecciosas Ano letivo 2015/2016
Módulo I
Mecanismos de patogenicidade dos agentes de infeção
Aula 1 -‐ Fatores de virulência e mecanismos de patogenicidade das bactérias
10 Setembro de 2015
Factores determinantes da interação parasita-hospedeiro (génese e desenvolvimento de uma infeção)
Ø Adesão às células do hospedeiro (adesinas)
Ø Quebra das barreiras mucocutâneas (invasinas) e colonização dos tecidos (agressinas)
Ø Estratégias para superar os mecanismos de defesa não especifica Ø Estratégias para superar a imunidade específica (produção de proteases para IgA, mimetização molecular e variabilidade imunogénica)
Ø Dano tecidular (citotoxicidade, exotoxinas e exoenzimas)
Ø Dano devido à activação de respostas específicas (reacção do complemento, fagocitose, produção de citocinas)
Agente de infeção Ø Patogenicidade – capacidade de um microrganismo infetar o hospedeiro
Ø Virulência – diferente graus de capacidade de infeção
Ø Fatores de virulência – fator que aumenta a probabilidade de microrganismo infetar um hospedeiro
Ilhas de patogenicidade (PAIs) Grupo de genes que codificam para vários fatores de virulência e que estão sob a regulação do mesmo promotor/repressor
Podem ser transferidas entre diferentes células bacterianas: da mesma espécie ou de espécies semelhantes
Ø Adesinas – proteínas ou oligossacáridos que se ligam a recetores dos tecidos evitando que as bactérias sejam eliminadas (por exemplo pelos líquidos orgânicos). As de origem proteíca podem fazer parte das fimbrias ou não. As não proteícas podem existir na membrana, parede celular ou cápsula.
Exemplos:
Pielonefrite por E. coli
Adesina (fimbria P) localizada na extremidade das fimbrias e que se liga a recetores que existem no uroepitélio
Adesão de Streptococcus a células epiteliais
Ácido lipoteicóico e proteína F (ligação a fibronectina)
Proteínas Opa de N. meningitidis (4) e N. ghonorrheae (11)
Phase-variable opacity-associated (Opa) adhesin proteins
(alternância de fase)
Ø Invasinas – proteínas de superfície que permitem às bactérias controlar o citoesqueleto das células.
Exemplos:
Salmonella
- Rearranjo da actina de forma a formar uma vesicula endocitica e penetrar a célula (células do epitélio intestinal)
Shigella, Listeria Rickettsia
- Endocitose
- Polimerização da actina que está no polo mais posterior da bactéria – motor que permite às bactérias moverem-se dentro da célula infectada
Ø Journal of Cell Science 112, 1697-1708 (1999)
Ø Cápsula – Secreção de exopolissacáridos que rodeiam as células bacterianas. Fator de virulência determinante para a resistência ao sistema imunitário, resistência a antibióticos, imunomodulador. (Biofilmes).
Exemplos:
Agentes de meningites
Cápsulas permitem sobrevivência dentro de células fagocíticas para atravessar a barreira hematoencefálica
Meningite neonatal por E. coli
Estirpes com antigénio capsular K1 sobrevivem em vacúolos das células endoteliais da barreira hematoencefálica
Infeção respiratória crónica por P. aeruginosa em doentes com fibrose quística
Exemplo de “quorum-sensing” com formação de biofilmes (alginato) por aumento da síntese da cápsula mucóide em doentes com fibrose quística
Ø Parede celular – Bactérias de grupos diferentes possuem elementos moleculares diferentes que por um lado constituem os padrões moleculares (PAMPs) reconhecidos por recetores membranares e os principais indutores de resposta imunitária grave (sepsis) – LPS (endotoxina) de gram negativos e ácido teicóico e lipoteicóico de gram positivos.
ü Libertação de endotoxina ü Ligação a recetores TLR4 e CD14 ü Libertação de citocinas de fase aguda
TNF-alpha, IL-1, IL-6 e prostaglandinas
Ø (Exo)toxinas – Produtos de secreção das bactérias que provocam diretamente dano tecidular. Existem 4 categorias de exotoxinas: Toxinas diméricas A-B; Exoenzimas; Toxinas formadoras de poros; e 4) outras toxinas.
1) Toxinas diméricas A-B
P. aeruginosa,E. coli, Vibrio cholerae, Corynebacterium diphteriae, Bordetella pertussis, C. tetani
Sub-unidade B liga-se a recetores membranares e promove a transferência da sub-unidade A para dentro da célula. Esta sub-unidade tem actividade enzimática – proteolítica (tétano e botulismo), inibição da ribosilação (reparação de DNA, regulação celular, apoptose)
2) Exoenzimas São mais frequentemente produzidas por bactérias anaeróbias. Uma vez secretadas destroem os tecidos para obtenção nutrientes. Os produtos desta degradação tecidular são também tóxicos (gases ou ácidos). Podem ser proteases, DNAases, fosfolipases, colagenases ou hialurodinases.
Exemplos:
Proteases de IgAs (mucosas) são muito comuns em bactérias cuja porta de entrada são as mucosas (N. meningitidis)
Clostridium perfringens: produz hialuronidase e colagenase destruindo assim os tecidos conjuntivos - gangrena gasosa
Treponemas orais: lesões necróticas da cavidade oral por destruição de proteínas
Toxinas formadoras de poros Ø Toxinas que destroem células fagocíticas profissionais (leucocidinas de Staphylococcus, estreptolisinas O e S de Streptococcus do grupo A; Listeriolisina O de Listeria monocytogenes)