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«Dissertação / Projecto / Relatório de
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti
nos Doentes Diabéticos Vigiados na USF Aqueduto
Dissertação realizada por:
Andreia Sofia Gonçalves Dias6ºano de Medicina – ICBAS/UPandreiagoncalvesdias@gmail.com
Unidade Curricular
«Dissertação / Projecto / Relatório de Estágio»
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica
nos Doentes Diabéticos Vigiados na USF Aqueduto
Porto, 2011
Orientadora:
Dr.ª Patrícia Pereira Assistente de Medicina
Co-orientador:
Dr. António Barroso dos SantosAssistente Graduado de MGF e
Auxiliar Convidado
Andreia Sofia Gonçalves Dias ICBAS/UP
andreiagoncalvesdias@gmail.com
Estágio»
Pneumocócica
nos Doentes Diabéticos Vigiados na USF Aqueduto
Porto, 2011
Patrícia Pereira Assistente de Medicina Geral e Familiar
Barroso dos Santos Assistente Graduado de MGF e Professor
Auxiliar Convidado de MGF/ ICBAS
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
USF Aqueduto
Andreia Gonçalves Dias 2
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti - Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na USF Aqueduto
Resumo
Palavras-chave
Introdução: O Streptococcus pneumoniae é um dos principais agentes causadores de infecções do tracto respiratório. As doenças invasivas causadas pelo pneumococo afectam sobretudo crianças, idosos e imunocomprometidos.
A Diabetes Mellitus associa-se a uma maior susceptibilidade para complicações por doenças infecciosas. Objectivos: Avaliar a prescrição da vacina anti-pneumocócica, pelos Médicos de Família da Unidade de Saúde Familiar Aqueduto, nos utentes diabéticos vigiados.
Metodologia: Desenhou-se um estudo observacional, descritivo e transversal. A população foi constituída pelos doentes diabéticos vigiados na USF em Outubro de 2010. Os dados foram recolhidos pela autora no processo informático e em papel. Os dados foram tratados no programa Microsoft Excel 2007.
Resultados: Dos 114 processos analisados, 62 (54,4%) correspondia ao sexo masculino. A idade média foi de 63,7 (máximo de 92 anos e mínimo de 32 anos). Em 108 (94,7%) não foi encontrado qualquer registo de prescrição da vacina anti-pneumocócica. Existe registo de prescrição em apenas 6 (5,3%) processos. O número de diagnóstico de novo de diabetes no último ano foi de 31,6%.
Conclusões: A percentagem de prescrição da vacina anti-pneumocócica foi baixa. Este valor, pode ser explicado pela: ausência, em Portugal, de normas de orientação para a prescrição desta vacina, neste grupo de doentes; pelo número de utentes, que se encontravam sem médico de família, até ao presente ano, assim como pelo número de diagnóstico de novo de Diabetes no último ano. Para melhorar o padrão de prescrição da vacina anti-pneumocócica foram realizados e distribuídos panfletos, pela autora, aos Médicos de Família da USF e aos utentes.
Streptococcus pneumoniae, doença pneumocócica invasiva, pneumonia, Diabetes Mellitus, vacina anti-pneumocócica
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
USF Aqueduto
Andreia Gonçalves Dias 3
Assessment of Prescription Vaccine - Pneumococcal in Diabetic Patients at USF Aqueduto Watched
Abstract
Keywords
Introduction: Streptococcus pneumoniae is a major causative agents of respiratory tract infections. Invasive diseases caused by pneumococcus affect mainly children, elderly and immunocompromised individuals.
Diabetes Mellitus is associated with an increased susceptibility to infectious disease complications.
Objectives: To evaluate the prescription of anti-pneumococcal vaccine by family physician of the Unidade de Saúde Familiar Aqueduto in diabetic users watched.
Methods: An observational, descriptive and transversal study was devised. The population consisted of all diabetic patients monitored at the USF in October 2010. Data was collected by the author in computerized and paper form. The data was processed in Microsoft Excel 2007.
Results: Of the 114 cases examined, 62 (54.4%) corresponded to male patients. The mean age was 63.7 (maximum of 92 years old and minimum 32 years old). In 108 (94.7%) cases, there were not found any records of prescription of anti-pneumococcal vaccine, being present in only 6 (5.3%) cases. The number of new diagnosis of diabetes in the last year was 31.6%.
Conclusion: The percentage of prescriptions of anti-pneumococcal vaccine was low. This value can be explained by: the absence, in Portugal, of guidelines for the prescription of this vaccine in this patient group; the number of users, who were without a family physician, until this year, as well as the number new diagnosis of diabetes last year. To improve the prescribing patterns of anti-pneumococcal vaccine, flyers were made by the author and distributed to the USF family physicians and consumers.
Streptococcus pneumoniae, pneumococcal disease, pneumonia, Diabetes Mellitus, pneumococcal vaccine
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Introdução
Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é um coco Gram-positivo, com uma
cápsula externa polissacarídica ligada à parede celular. Esta cápsula tem um papel
importante na sua virulência uma vez que evita e dificulta a fagocitose. Este mecanismo é
um factor essencial na sua capacidade de provocar infecção.1,2 Actualmente, mais de 90
sorotipos de pneumococos são reconhecidos com base nas diferenças antigénicas dos
polissacarídeos capsulares. A sua distribuição difere por faixa etária, sintomatologia clínica
e região geográfica.
O S. pneumoniae é frequentemente encontrado no tracto respiratório superior humano.
Em pesquisas isoladas pode ser encontrado em 20% a 40% das crianças saudáveis e em 5%
a 10% dos adultos saudáveis.1,2 É um dos principais agentes causadores de infecções do
trato respiratório, sendo responsável por casos de otite média, pneumonia, meningite e
bacteriemia/septicemia em todo o mundo. Estima-se que a doença invasiva pneumocócica,
na população geral, tenha uma incidência de 15/100000/ano, havendo uma forte correlação
com a idade.1
Os pneumococos causam doença pela sua capacidade de multiplicar-se nos tecidos do
hospedeiro e de originar uma intensa resposta inflamatória. Os principais mecanismos de
defesa do hospedeiro são os anticorpos, o complemento e as células fagocíticas. Defeitos
nestes mecanismos acarretam um grande impacto na susceptibilidade para a infecção
pneumocócica. Desta forma, a incidência de doença pneumocócica é elevada nas
imunodeficiências, infecção pelo VIH, neutropenias, diabetes, asma e doença pulmonar
crónica.2
A doença pneumocócica invasiva é definida como uma infecção confirmada pelo
isolamento do Streptococcus pneumoniae de um local asséptico (sangue, líquido
cefaloraquidiano). O pneumococo é um importante e bem conhecido causador de
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bacteriemia, quer em doentes imunocompetentes quer em doentes imunocomprometidos. A
bacteriemia pneumocócica pode surgir quer na presença, quer na ausência de infecção
pneumocócica.3
Um estudo realizado nos Estados Unidos da América (EUA), refere que mais
adultos morrem por infecção pneumocócica (40000/anualmente) do que por qualquer outra
doença possível de prevenir por vacinação, sendo a taxa de casos letais maior nos casos de
meningite pneumocócica.4
A incidência de doença pneumocócica invasiva em qualquer população é afectada
pela localização geográfica, estação do ano, prevalência dos sorotipos, idade e situação
vacinal.3
O risco de doença invasiva parece estar estritamente relacionado com o sorotipo
dos pneumococos. Um estudo revela que há uma correlação inversa entre a doença
invasiva e a prevalência de portadores nasofaringeos. Os sorotipos mais comummente
isolados de doentes com doença invasiva são os menos comummente isolados dos
portadores assintomáticos e vice-versa.
Existe uma associação temporal entre o aparecimento de doença pneumocócica
invasiva e a exposição a vírus respiratórios comuns, durante os meses de inverno.3 O vírus
Influenza predispõe os doentes para pneumonias bacterianas adquiridas na comunidade,
sendo um importante factor de doença e morte, onde os pneumococos adquirem um papel
importante como complicação entre os casos severos.5
A marca dos pneumococos é a sua facilidade de transformação do ADN, como
evidenciado pela diversidade e rapidez do aumento da resistência aos antibióticos. Sob
pressão selectiva dos anticorpos, será de esperar que os pneumococos evoluam
rapidamente para contornar as vacinas, que contêm um número limitado de sorotipos.4
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Os sorotipos componentes da vacina anti-pneumocócica polissacarídica estão
frequentemente associados com bacteriemia, sendo responsáveis por cerca de 80% das
infecções que ocorrem no doente idoso. Dos 23 sorotipos, seis estão relacionados com
mais de 85% da doença pneumocócica invasiva resistente à penicilina, nos EUA e Reino
Unido, ou estimulam a imunidade cruzada.6 Os sorotipos contidos na vacina cobrem cerca
de 85% dos sorotipos causadores de pneumonia e de doença pneumocócica invasiva na
comunidade.7
Segundo a literatura, não há associação entre infecção com sorotipos invasivos
1,5,7 e mortalidade, e não há diferença na doença severa ou mortalidade entre infecção
causada por sorotipos incluídos na vacina ou não incluídos.3
Um estudo realizado nos EUA, num período superior a seis anos, a taxa anual de
doença pneumocócica invasiva relacionada com os sorotipos contidos na vacina foi
reduzida a 29% por ano, mas a taxa anual de doença não relacionada com os sorotipos
contidos na vacina aumentou para 13%, resultando no aumento de 7% no total da taxa
anual de doença entre adultos.3
Durante muitos anos, o tratamento da doença pneumocócica, foi realizado com
penicilina, no entanto, nas últimas décadas tem-se tornado mais difícil, pela emergência de
cepas resistentes a este antibiótico. O aumento da resistência à penicilina tem sido seguido
pela resistência a cefalosporinas, macrólidos e multiresistências. A crescente resistência
deste microrganismo cria a necessidade de prevenir adequadamente as doenças invasivas e
não invasivas causadas por este agente nos grupos mais afectados. 8
A vacina anti-pneumocócica tem demonstrado capacidade em prevenir infecções
pneumocócicas nos idosos e doentes portadores de algumas comorbilidades crónicas.8
Actualmente, existem dois tipos de vacinas disponíveis no mercado: as vacinas
polissacarídicas e as vacinas conjugadas.
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A vacina anti-pneumocócica polissacarídica é composta por antígenos do
polissacarídeo capsular purificado dos 23 sorotipos mais prevalentes na Europa e EUA.
Esta vacina não é eficaz para crianças com menos de 2 anos de idade, porque os antigénios
polissacarídeos são T-independentes, sendo as suas principais indicações crianças com
idade superior a 2 anos e adultos com predisposição a doenças invasivas por pneumococo
(asplenia anatómica ou funcional; imunodeficiência adquirida ou congénita; doenças
crónicas cardíacas, renais, pulmonares, hepáticas, Diabetes Mellitus, doenças
mieloproliferativas e transplantados, alcoólicos e doentes idosos). 1, 2, 9, 10 Esta vacina
apresenta uma eficácia de 60% a 70% contra os sorotipos presentes na sua composição. 11
A vacina anti-pneumocócica conjugada é formada pela conjugação do
polissacarídeo com proteínas. Esta conjugação permitiu uma imunogenicidade aumentada,
sendo recomendada para crianças com idade inferior a 2 anos, doentes
imunocomprometidos e idosos. 12
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença de alta prevalência nas sociedades
modernas. Segundo o Estudo da Prevalência de Diabetes em Portugal, cerca de 11,7% da
população portuguesa é diabética. Trata-se de um grupo heterogéneo de doenças
metabólicas, caracterizadas por hiperglicemia crónica e distúrbios no metabolismo dos
carboidratos, lípidos e proteínas resultantes de um defeito na secreção e/ou acção da
insulina.13
A DM associa-se a uma maior susceptibilidade para complicações das doenças
infecciosas.14 Muitas infecções comuns são mais frequentes e mais graves na população
diabética. As razões para esta maior susceptibilidade incluem anormalidades na imunidade
celular e na função fagocítica, assim como a vascularização reduzida. A hiperglicemia
facilita a colonização e o crescimento de uma vasta variedade de organismos.13
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No que respeita às infecções usuais, as que envolvem o trato respiratório não têm
comprovadamente maior gravidade em doentes com DM, com excepção para o
pneumococos.15 Por isso, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia recomenda que todos os
doentes diabéticos realizem a vacinação anti-pneumocócica. Os doentes que foram
vacinados antes dos 65 anos deverão ser revacinados após esta idade e 5 anos após a
primeira administração.
Assim, a doença pneumocócica invasiva é uma causa major de morbilidade e
mortalidade, afectando particularmente crianças muito jovens, idosos e indivíduos com
doenças crónicas ou imunocomprometidos. A vacinação anti-pneumocócica é considerada
uma estratégia efectiva para diminuir as doenças associadas ao pneumococo,
particularmente na população idosa e com comorbilidades.
Sobre o tema, vacinação anti-pneumocócica em doentes diabéticos, não foram
encontrados estudos realizados em Portugal. No entanto, em todo o mundo, principalmente
nos Estados Unidos da América e Brasil, vários estudos sobre a eficácia da vacinação anti-
pneumocócica na morbimortalidade associada à doença pneumocócica invasiva, têm sido
realizados.
O objectivo deste estudo é avaliar a prescrição da vacina anti-pneumocócica pelos
Médicos de Família, nos utentes diabéticos vigiados na Unidade de Saúde Familiar
Aqueduto.
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Materiais e Métodos
Tipo de Estudo
Estudo observacional, descritivo e transversal.
Local do Estudo
Unidade de Saúde Familiar Aqueduto – CS Vila do Conde – ACES Grande Porto.
Duração do Estudo
De Outubro de 2010 a Maio de 2011.
Período do Estudo
De Outubro de 2005 a Outubro de 2010.
População do Estudo
Utentes diabéticos, vigiados, em Outubro de 2010, na Unidade de Saúde Familiar
Aqueduto.
Critérios de Inclusão
Diabéticos diagnosticados de novo no último ano.
Diabéticos vigiados que recusaram a vacinação.
Critérios de Exclusão
Doentes diabéticos não vigiados na USF.
Utentes seguidos na Endocrinologia.
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Amostra
A partir do programa informático SINUS®, foi obtida a listagem, por ordem
alfabética, de todos os diabéticos codificados e inscritos na USF em estudo e efectuada a
recolha da amostra. Esta foi constituída por 114 dos utentes diabéticos da USF Aqueduto.
A amostra foi seleccionada aleatoriamente, através da tabela de números aleatórios,
com compensação. Esta foi estimada a partir do programa Raosoft ®, sendo implicada
como variáveis: margem de erro (5%), intervalo de confiança (95%), tamanho da
população (635) e distribuição da resposta esperada (10%).
Tipo de Amostragem
Amostragem probabilística simples, com compensação.
Recolha dos Dados
Os dados foram recolhidos de processos clínicos informatizados (SAM®) e em
papel.
Tratamento de Dados
Os dados foram recolhidos e tratados no programa Microsoft Office Excel 2007.
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Andreia Gonçalves Dias
Resultados
O estudo englobou uma análise de 114 processos clínicos, destes 62 (54,4%)
pertenciam a utentes do sexo masculino. A idade
idade máxima de 92 anos e mínima de 32 anos. A
através da sua distribuição por sexo e idade.
Figura
Dos 114 utentes incluídos no estudo, 36 (31,6%) foram diagnosticados de novo
com Diabetes Mellitus no ú
a amostra quanto ao ano de diagnóstico de diabetes nos utentes estudados.
0 01 1
01
3
1
Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
Andreia Gonçalves Dias
estudo englobou uma análise de 114 processos clínicos, destes 62 (54,4%)
pertenciam a utentes do sexo masculino. A idade média dos utentes foi de 63,7 anos com
e mínima de 32 anos. A figura 1 caracteriza a amostra estudada,
da sua distribuição por sexo e idade.
Figura 1 – Caracterização da amostra estudada
Dos 114 utentes incluídos no estudo, 36 (31,6%) foram diagnosticados de novo
último ano (Outubro 2009-Outubro 2010). A
ano de diagnóstico de diabetes nos utentes estudados.
23
12
5
7
98
1
45
10
7
10
12
8
Faixa etária
Distribuição por Sexo e Faixa Etária
Feminino Masculino
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estudo englobou uma análise de 114 processos clínicos, destes 62 (54,4%)
dos utentes foi de 63,7 anos com
caracteriza a amostra estudada,
Dos 114 utentes incluídos no estudo, 36 (31,6%) foram diagnosticados de novo
A figura 2 caracteriza
ano de diagnóstico de diabetes nos utentes estudados.
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0 0
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USF Aqueduto
Andreia Gonçalves Dias
Dos processos analisados, em
da vacina anti-pneumocócica. Esta prescrição foi
processos. Na amostra não há registo
Dos processos analisados com prescrição, a
prescrição foi dos 70-74 anos
número de prescrições, com 4.
anti-pneumocócica, distribuído pelo grupo etário e sexo.
O ano com maior número de prescrições foi o de 2010, com 83,3% das prescrições.
O SAM® abrangeu 103 (90,4%) dos casos analisados, enquanto os processos em
papel foram utilizados em 11 (9,6%) casos.
1968 1984
2 1
nº d
e ut
ente
s
0 0 0 00 0 0 0
nº d
e p
resc
riçõ
es
Distribuição por faixa etária e sexo
Figura 2
Figura 3 – Distribuição
Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
Andreia Gonçalves Dias
Dos processos analisados, em 108 (94,7%) não foi encontrada qualquer prescrição
pneumocócica. Esta prescrição foi encontrada em 6 (5,3%, com IC de 95%)
não há registo de prescrição recusada pelo utente.
Dos processos analisados com prescrição, a faixa etária com maior
74 anos, com 3 prescrições. O sexo feminino foi o género com maior
de prescrições, com 4. A figura 3 caracteriza o número de prescrições da vacina
pneumocócica, distribuído pelo grupo etário e sexo.
O ano com maior número de prescrições foi o de 2010, com 83,3% das prescrições.
O SAM® abrangeu 103 (90,4%) dos casos analisados, enquanto os processos em
papel foram utilizados em 11 (9,6%) casos.
2004 2006 2007 2008 2009 2010
1 1
22 22
29
36
ano de diagnóstico
0 0
1
0
2
1
0 0 00 0 0 0
1 1
0 0 0 0
Faixa etária
Distribuição por faixa etária e sexo
Feminino Masculino
2 – Distribuição por ano de diagnóstico
Distribuição da prescrição da vacina anti-pneumocócica
Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
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,7%) não foi encontrada qualquer prescrição
6 (5,3%, com IC de 95%)
recusada pelo utente.
faixa etária com maior número de
O sexo feminino foi o género com maior
caracteriza o número de prescrições da vacina
O ano com maior número de prescrições foi o de 2010, com 83,3% das prescrições.
O SAM® abrangeu 103 (90,4%) dos casos analisados, enquanto os processos em
0
pneumocócica
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Discussão
A percentagem de prescrições da vacina anti-pneumocócica foi de 5,3% (IC 95%),
nos 114 processos analisados. Verificou-se que só 6 diabéticos tinham prescrição de vacina.
Este valor pode ser explicado pela ausência de normas de orientação definidas em
Portugal para a prescrição desta vacina, neste grupo de doentes. Assim como pelo número
de utentes, que se encontravam sem médico de família, até ao presente ano, bem como pelo
número de diagnóstico de novo de diabetes no último ano (31.6%, IC 95%). De igual modo,
a consulta de processos clínicos em papel poderá introduzir um viés de informação, pela
dificuldade de leitura, tal como poderá ter ocorrido falha no registo, uma vez que a vacina
pode ter sido prescrita, mas não registada no processo. Contudo, a fonte principal de
prescrição da vacina foi o processo informatizado, e pelos dados obtidos, conclui-se haver
pouca sensibilidade nesta prescrição. Em alguns casos pode ter sido recusada pelo utente
mas não há registo que tenha acontecido.
Na análise do número de prescrições por faixa etária e sexo, verificou-se maior
número de prescrições na faixa etária 70-74 anos e no sexo feminino, o que pode
representar uma maior sensibilização por parte dos médicos de família para este grupo
etário, todas as prescrições ocorreram em doentes com mais de 60 anos.
No último ano foram diagnosticados/codificados 36 dos 114 diabéticos. Apesar de
não ser o objectivo do estudo conclui-se que o trabalho em equipa e com indicadores
estabelecidos melhora a codificação e o registo dos problemas dos utentes. Também
reflecte a existência de médico de família, visto muitos só terem médico de família no
último ano, e ainda a elevada prevalência e incidência que a diabetes está a demonstrar.
A análise do número de prescrições por ano revelou que a grande maioria das
prescrições ocorreu no último ano (2010), o que pode traduzir uma maior sensibilização à
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Andreia Gonçalves Dias 14
prescrição da vacina por parte dos médicos e uma uniformização dos procedimentos
médicos e de enfermagem.
No que respeita à amostra populacional, trata-se de uma amostra representativa da
população diabética, inscrita na USF Aqueduto, tendo sido obtida de um modo aleatório
com compensação.
Vários estudos realizados em diferentes países obtiveram resultados controversos
quanto à eficácia da vacina anti-pneumocócica em prevenir pneumonias pneumococicas ou
causadas por outro agente.
Muitos estudos não mostraram redução quer nos casos de pneumonia
pneumocócica, quer nos casos de pneumonia provocado por outro agente.4 No entanto,
existem vários factores que podem influenciar a eficácia da vacina, sendo eles a idade, o
estado da resposta imune do indivíduo, a presença ou ausência de doença de base e o nível
de anticorpos pneumocócicos obtidos.16 Fine et al, concluiu que a vacina anti-
pneumocócica oferece protecção em cerca de 66% contra pneumonia pneumocócica em
doentes normais e de baixo risco, mas não em doentes de alto risco (com condições
médicas crónicas ou doenças imunossupressoras). 16
Assim, existe na literatura suporte suficiente para mostrar o benefício da vacina
anti-pneumocócica polissacarídica em evitar bacteriemia pneumocócica.17 Um estudo
demonstrou uma redução de 40-70% no risco de morte intra-hospitalar e um diminuído
risco de insuficiência respiratória em 33% dos casos.18 Outro estudo refere que a vacina
pode não ser eficaz em reduzir a incidência de pneumonia, mas pode reduzir a gravidade
da infecção pneumocócica.19 Isto é verdade, particularmente em combinação com a vacina
contra o vírus influenza, na medida em que tem sido mostrado que as duas vacinas são
aditivas em evitar pneumonia e doença pneumocócica invasiva.20
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
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Andreia Gonçalves Dias 15
Sendo a Diabetes também um factor de risco para bacteriemia em doentes com
pneumonia pneumocócica, levando a aumento da mortalidade. Estes doentes têm uma
resposta normal à vacinação anti-pneumocócica, mostrando-se esta eficaz na prevenção da
pneumonia. 21
Segundo a literatura, os níveis de cobertura vacinal são mais baixos para pessoas
jovens com indicação de vacinação. Entre doentes diabéticos com idades compreendidas
entre 18-64 anos, 37% receberam a vacina anti-pneumocócica e 49% a vacina anti-
influenza.22
Num estudo realizado no Centro de Saúde da Senhora da Hora, cujo objectivo era
avaliar a qualidade da prescrição da vacina anti-pneumocócica pelos médicos de família
aos idosos inscritos nesse Centro de Saúde, a prescrição foi encontrada em 8,6% dos
processos.23
Os resultados obtidos na USF Aqueduto para a prescrição da vacina anti-
pneumocócica foram menores do que os encontrados na literatura, no entanto é de
ressalvar que a metodologia empregue neste estudo pode não ser idêntica aos estudos
encontrados na literatura, podendo portanto surgir resultados diferentes.
Nos doentes com DM a vacinação é uma importante intervenção de saúde pública
para reduzir a mortalidade e morbilidade por influenza e pneumococos.9 Assim, a
vacinação nos diabéticos revela-se como uma das medidas preventivas mais importantes.
Na literatura encontram-se resultados controversos sobre a eficácia da vacina anti-
pneumocócica. No entanto, a maioria sugere que o grande benefício de vacina anti-
pneumocócica parece ser a prevenção de doença pneumocócica invasiva, assim a vacina
anti-pneumocócica é considerada apropriada para doentes com diabetes.
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
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Andreia Gonçalves Dias 16
Após discussão dos resultados apresentados em reunião na USF e como sugestão
para sensibilizar os profissionais e informar os doentes, como forma de divulgação da
prescrição da vacina anti-pneumocócica, foram realizados, pela autora, e distribuídos
panfletos aos Médicos de Família da USF a explicar os benefícios desta vacina no grupo de
doentes diabéticos. Foram, também, distribuídos panfletos aos utentes para tomarem
conhecimento da existência e benefícios da vacina. (Anexo)
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
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Agradecimentos
À minha orientadora de mestrado integrado, Dr.ª Patrícia Pereira, pela sugestão do
tema, por todo o conhecimento e saber que me transmitiu, e ainda, por toda a atenção e
tempo dispensado, o meu obrigado.
À Dr.ª Elisa Ribeiro, Assistente de Medicina Geral e Familiar na USF Aqueduto,
também por toda a atenção e tempo dispensado, o meu obrigado.
Aos meus pais, irmãs, restante família e amigos, agradeço, pela força e coragem
transmitida e pelo apoio incondicional.
Agradeço ainda ao ACES Vila do Conde e à USF Aqueduto, por terem permitido e
acompanhado a realização deste trabalho.
Avaliação da Prescrição da Vacina Anti-Pneumocócica nos Doentes Diabéticos Vigiados na
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Andreia Gonçalves Dias 18
Referências Bibliográficas
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9- Gomes L. Factores de Risco e Medidas Profilácticas nas Pneumonias Adquiridas na
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Anexos