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Cidade Barroca

Antonio Castelnou

Introdução

Entendida como um espaço político, centro poderoso de decisão e de grande importância

estratégica, a cidade medievo-renascentista do século XVI sofreu intervenções que permitiram a abertura de ruas e praças, edificadas dentro dos

princípios da simetria e da proporção.

Os ideais estéticos da RENASCENÇAdefendiam o alargamento de vias, as quais

deveriam confluir para construções monumentais, agora destacadas em praças ajardinadas, repletas de fontes esculturais,

estátuas e colunatas.

Sendo concebida como ARTEFATO HUMANO, a

cidade deveria ser a mais geométrica possível e seu crescimento ditado pela harmonia e pela Razão.

As partes da cidade teriam uma espécie de qualidade

expressiva, tal como as partes do edifício, que

manteriam um esquema de relações lógicas simples: de proporção e posição; de grandeza e medida.

Place des Vosges, antiga Place Royale(1609, Paris França)

Plaza Mayor

(1729/55, Salamanca Espanha)

Alberto de Churriguera (1676-1740)

Em I Quattro Libri dell’Architettura (1570),

ANDREA PALLADIO (1508-80) estabeleceu as premissas de concepção tanto da arquitetura como

da cidade, as quais se baseavam em uma atitude de lógica e de produção mental, estabelecendo a relação das partes e a

harmonia das suas grandezas, o que foi

muito bem exemplificado através do projeto de

suas villas.

Andrea Palladio(1508-80)

Villa Rotonda(1566/70, Vicenza)

Villa Emo(1558/64, Fansolo di Vedelago)

Palladio procurou reconduzir a cidade existente de VICENZA ao paradigma da cidade ideal, não através

de intervenções radicais de reforma morfológica, mas pela coerência de imagens – ligadas aos

diversos tipos de edifícios (teatro, palácio, basílica e igreja) – referidas a uma coerência de estados.

A partir de PALLADIO, a relação cidade-objeto

público passou a reger a ordem urbana – ou seja, a imagem da parte pelo todo – e a instituição urbana –como o teatro, a igreja ou

o palácio – tornou-se o elemento que determinava o “espaço-nó” da cidade,

este entendido como lugar importante e simbólico

(D’Alfonso & Samsa, 2006).

Palazzo Chiericati(1549/57, Vicenza)

Andrea Palladio (1508-80)

Palazzo della RazioneBasílica Palladiana (1546/49, Vicenza)

Urbanismo barroco No século XVII até meados

do XVIII, a arte BARROCApromoveu um

prolongamento em escala do Renascimento e, embora

negasse suas normas rígidas e proporções imutáveis, manteve a

perspectiva como elemento primordial na concepção espacial e da valorização das vias e monumentos

(Kostof, 1991).

Piazza del Popolo(1589/1680, Roma Itália)

Carlo Rainaldi (1611-91)

Piazza Navona(1648/57, Roma)

G. L. Bernini(1598-1680)

A classe dirigente passou a ser formada

pelos reis e suas cortes, por nobres ricos (burguesia) e pelo novo clero especializado da CONTRA-REFORMA.

Palais de Versailles (1662/70)L. Le Vau (1612-70) e

J. Hardoin-Mansart (1646-1708)

Jardin (1668/85) deAndré Le Nôtre (1613-1700)

Vista aérea

A CIDADE BARROCA teve que atender às aspirações estéticas aristocráticas pela

grandiloqüência de suas formas – expressão de poder, de ordem e de controle social – e, ao mesmo tempo, aos interesses burgueses pelo seu aspecto

socioeconômico (Goitia, 2003).

Place Stanilasant. Place Royale(Séc. XVII, Nancy,

França)

Vista geral

De um lado, alguns centros urbanos europeus adquiriram as feições de

verdadeiras cidadesABSOLUTISTAS

(Paris, Roma e Viena) enquanto de outro, alguns

centros importantes se transformam em cidades essencialmente LIBERAIS

ou propriamente BURGUESAS

(Amsterdã, Bruxelase Londres).

Amsterdã(Holanda)

Vista geral de Viena(Áustria)

Roma (Itália)com Vaticano em 1o plano

Opondo-se ao classicismo, a

EXPRESSÃO BARROCAera mais sensual e

movimentada, sendo composta por formas

esculturais onduladas, composições exuberantes

e traçados grandiloqüentes.

Passando a valorizar a contribuição espontânea

dos artistas – em seu sentido maneirista –, era

literalmente uma arte “aberta”, que permitia uma

multiplicidade de significados.

Place de la Concorde

Jardin des Tuileires

PlaceVendôme

Palais Royal

Musée du Louvre

Vista aérea deParis (França)

Place des Victoires

A ARTE BARROCAvoltou-se ao estudo das qualidades não-

objetivas, mas subjetivas e

sentimentais, servindo como instrumento para

controlar os sentimentos coletivos ou exprimir os individuais, oscilando

entre o conformismo e a evasão ou o protesto

(Benévolo, 2001).

L'Apoteosi dell'Ordine di Jesuiti(1661/94, Roma Itália)

Andrea Pozzo (1642-1709)

Pluto e Proserpina(1621/22, Roma Itália)

Gianlorenzo Bernini (1598-1680)

Houve ainda inegáveis avanços nas ciências e na filosofia – iniciados por GALILEU GALILEI (1564-

1642) e por RENÉ DESCARTES (1596-1650) –, além da progressiva supressão do poder espiritual (Igreja) em detrimento dos interesses do soberano temporal (Rei), afirmando-se o despotismo e o absolutismo.

Galileo Galilei(1564-1642)

René Descartes(1596-1650)Midas et Bacchus (1625, Paris)

Nicolas Poussin (1594-1650)

A cidade tornou-se um espetáculo para os olhos, emocionante e dinâmico

que utilizava um repertório mais rico que o

renascentista, composto por obeliscos, chafarizes,

estátuas, colunatas e arcadas, além de grandes

planimetrias, traçados radiocêntricos e ajardinamentos.

Place de la Liberátion(Séc. XVII, Dijon França)François Mansart (1598-1666)

Place de la Concorde(Séc. XVIII, Paris França)Jacques-Anges Gabriel(1698-1728)

Até o RENASCIMENTO, a arte dos jardins

resumia-se na apropriação pela cidade

de espaços verdes naturais, que eram

cercados e domesticados; ou então

no cultivo de áreas verdes domésticas.

A partir do BARROCO, os jardins expandiram-se em

amplas praças com desenhos geométricos e escalonados em diversos

planos.

Praça Central(1580, Zamosc Polônia)

King Circus & Royal Crescent(1754/67, Bath Inglaterra)

Eram estes os principais elementos do URBANISMO BARROCO, característico da

Europa dos séculos XVII e XVIII:

a) Traçados de bases renascentistas, guiados pela perspectiva, mas dotados de maior liberdade, movimento e escala, passando a simetria a ser relativa (em composição, mas não em detalhes);

b) Caráter monumental expresso pela busca da grandiosidade e pela criação de verdadeiras “cidades-cenário”, o que foi obtido por meio de rasgamento e alargamento de vias, assim como a criação de amplos espaços públicos.

c) Desenho urbano realizado com base na composição arquitetônica – simetria, ritmo, dominância de massas compactas e aspecto imponente e sólido das obras –, além da artificialidade dos jardins;

d) Paisagem concebida como construção humana, adquirindo assim um espírito mais arquitetônico artificial e cênico: proliferam eixos, ruas e avenidas radiais, composições geométricas e a retificação de canais, fontes e espelhos d’água.

Piazza di Spagna(1690/1720, Roma Itália)Francesco de Sanctis (1693-1731)

e) Arquitetura urbana exuberante e retórica, de escala monumental composta por igrejas, palácios e monumentos para os quais convergiam alamedas arborizadas e consistiam nos principais temas estéticos.

Piazza del Popolo(1589/1680, Roma Itália)

Carlo Rainaldi (1611-91)

Trivium

Barroco italiano

O BARROCO originou-se em Roma, motivado pela Contra-Reforma e pela interpretação

pessoal dos artistas maneiristas, entre os quais

MICHELANGELO (1475-1564), autor da Piazza del

Campidoglio (1538/1612).

Sob o domínio dos papas, a cidade tornou-se barroca e

sua fisionomia sofreu alterações radicais com o papa Sixtus V (1521-90).

A Piazza del Campidoglio C Palazzo del Senatore B Museum D Palazzo dei Conservatori

A

B

C

D

Papa Sixtus V(1521-91)

Plano di Roma(1588/91)

Porta Pia