Comunicação científica e o custo do conhecimento

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Leitura - Manguel e Castro

Comunicao cientfica e a primavera acadmicaUniversidade de Braslia - UnBFaculdade de Cincia da Informao FCI

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Comunicao cientficaParte fundamental da prpria cincia. Funes, segundo Roosendaal e Geurts (1998):registro da autoria - propriedade intelectual; certificao e validao dos conhecimentos gerados; circulao dos resultados de pesquisa; arquivamento - preservao para uso futuro. Consequncia de uma prtica de pesquisa.Matria-prima para novos processos de gerao de conhecimento.

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Primrdios da comunicao - Meadows (1999) Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Peridicos e sociedades cientficasOs primeiros peridicos cientficos surgiram a partir de iniciativas das sociedades cientficas, ainda na metade do sculo XVII, com a inteno de fazer com que as cartas atingissem um nmero maior de pesquisadores. Elas se encarregavam de coletar e analisar as informaes, fazer resumos e distribuir cpias impressas das correspondncias trocadas pelos cientistas, alm de descrever os progressos cientficos que identificavam e ainda no estavam documentados. Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Outras iniciativas das sociedades cientficasEncyclopdie DAlembert (1750 a 1772) - seu objetivo era ser uma classificao de todo conhecimento humano produzido at ento. Atuao de Paul Otlet e Henry La Fontaine:Instituto Internacional de Bibliografia (1895);Repertrio Bibliogrfico Universal (RBU);Mundaneum (1919) perspectiva de mundialismo.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Proposta de Vannevar Bush (1945) para o armazenamento e recuperao da informao

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Comunicao cientfica e a Cincia da InformaoQuestes para a comunicao cientfica rpido crescimento da informao cientfica e tecnolgica no perodo das guerras mundiais; introduo das modernas tecnologias de comunicao propiciadas pela Internet. A problemtica da gesto da informao cientfica e tecnolgica fez com que surgisse a Cincia da Informao.

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Cincia da Informaorea interdisciplinar que se ocupa dos processos de coleta, organizao, armazenamento, recuperao e transmisso da informao (Borko, 1968). Conceituao de Borko -Fase conceitual e reconhecimento interdisciplinar primeira fase. Borko tambm vincula fortemente a Cincia da Informao Cincia e Tecnologia, da a nfase e at hegemonia da informao cientfica e tecnolgica na nova rea (Pinheiro, 2005).

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Cincia da InformaoNas fases seguintes o tema da comunicao cientfica comea seu espao prioritrio.Segundo Mueller (2007), o tema s volta a ganhar destaque na rea com a introduo das novas tecnologias de comunicao e a filosofia do acesso aberto.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Modelo de Garvey e Griffith (1979)

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Modelo de Hurd (2000)

Caractersticas modernizadasCaractersticas transformadorasMichelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Divulgao dos pr-printsA divulgao de verses pr-prints e o depsito das publicaes esto condicionados autorizao dos editores dos peridicos em que o trabalho foi ou ser publicado.

Fonte:http://www.sherpa.ac.uk/romeo/statistics.php?la=en&fIDnum=|&mode=simple>.

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Mudanas na comunicao cientficaAinda no se do da mesma forma em todas as reas do conhecimento.Tecnologicamente as mudanas so possveis, mas isto no garante uma alterao de comportamento entre os pesquisadores.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Crise dos peridicos cientficosEsta crise representou a incapacidade de bibliotecas do mundo inteiro em manter as assinaturas dos peridicos devido ao aumento no valor das assinaturas (VAN DE SOMPEL; LAGOZE, 2000). Segundo Kuramoto (2006), em alguns casos, esse aumento chegou a mais de mil por cento entre 1989 e 2001. Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

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Uma reao da comunidade cientficaUma velha tradio e uma nova tecnologia convergiram para tornar possvel o aparecimento de um bem pblico sem precedentes.

VELHA TRADIOBoa vontade de pesquisadores publicarem seus resultados sem qualquer remunerao, em prol da cincia e difuso do conhecimentoBEM PBLICO SEM PRECEDENTESDistribuio eletrnica da literatura cientfica com reviso pelos pares em escala global, de forma gratuita, sem restries de acesso a quem possa interessarNOVA TECNOLOGIAInternetBudapest Open Access Initiative Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

16Acesso AbertoConjunto de esforos empreendidos por diferentes atores da comunidade cientfica que visa promover a disponibilidade e o acesso informao cientfica que alimenta e que resulta das atividades de pesquisa. Tais contedos devem ser acompanhados de licenas que permitam aos usurios a sua utilizao ampla. Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Estratgias para o acesso abertoSinal verde dos editores para que autores depositem seus trabalhos em repositrio digitalAcesso aberto na prpria publicao do peridico cientfico eletrnicoVia Dourada(Golden Road)Via Verde (Green Road)Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Acesso Aberto Grtis X Acesso Aberto LivreAcesso Aberto Gratis:Usurias(os) no pagam para ler, ou seja, acesso gratuitoAcesso Aberto Libre: alm de gratis, livre tambm de restries de licenciamento e direitos de cpia de modo a favorecer a distribuio re-utilizao

Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

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- 9739 ttulos registrados- 133 pases

- 2655 repositrios registrados- Todos os continentes- 3003 fontes de dados- 60.425.852 itens indexados

- 466 polticas inst. registradasFernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

20Maximizar o impacto dos resultados da pesquisa realizada na instituiopor meio da maximizao do seu acesso e usoStevan HarnadFernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

21Esquema funcional do Acesso AbertoProvedores de dados: mantenedores de contedos. Expem metadados para que sejam coletados. Ex: RI, RT, peridicos cientficos, bibliotecas digitais, ETDs, etc.

Provedores de servios: mecanismos de buscas. Coletam metadados expostos por provedores de contedos.Fernando Leite (2014)22Coleta OAI-PMH

Provedores de servios

Provedores de dadosColeta via OAI-PMHFernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Peridicos cientficos de acesso abertoSituao tima;Automao e controle do fluxo editorial contribui para diminuir o tempo de tramitao;Porm muito mais que automao do fluxo editorial;Acesso aberto no momento da publicao;Peridicos de acesso aberto no tem mais ou menos qualidade que peridicos tradicionais.

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24Peridicos cientficos de acesso abertoNecessidade de observar critrios de qualidade de peridicos cientficos;Ferramenta mais popular: SEER;Explicitao do modo de licenciamento;No basta ser livre de custos, tem que ser interopervel.

Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

25A tradio cientfica requer a presena de elementos idnticos:Poltica editorialConselho editorialPeer reviewCritrios de qualidadeEspecializaoRegularidadeetc

Peridicos CientficosFernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

26O que so repositrios digitais de acesso aberto?Sistemas de informao que so destinados ao gerenciamento de informao cientfica, constituindo-se, necessariamente, em vias alternativas de comunicao cientfica;

O tipo de repositrio digital determinado pela aplicao e pelos objetivos aos quais se destina.Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

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Repositrios Temticos ou Disciplinares

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28Repositrios de Teses e Dissertaes

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29Repositrios Institucionais

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um servio de informao cientfica (em ambiente digital e interopervel) dedicado ao gerenciamento da produo intelectual de uma instituio de ensino e pesquisa. Contempla a reunio, armazenamento, organizao, preservao, recuperao e, sobretudo, a ampla disseminao da informao cientfica produzida na instituio.O que um RI?Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

31E como est o fluxo da informao cientfica nos dias de hoje?Fernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Bibliotecas e bibliotecrios: Licenas de recursosOrganiza e facilita o acesso Instrui usurios de informaoColaboram em novos modelos de publicao e desenvolvimento de softwareConstroem colees digitaisPreservam contedos digitais

33Pesquisa iniciadaPesquisa concludaManuscrito enviado para submissoEprint postado Publicao em peridico eletrnico e impressoIndexao em bases de dadosArtigo citado na literatura e em websitesNa pgina do autorEm arquivos de EprintsNa pgina do peridico eletrnicoGesto do conhecimento: contedo local nasce digital; capital intelectualWeb conferenceRelatrios em conferncias, proceedings publicados na internet e impressoRelatrio depositado no RILigao entre documentos e Open URL`sArquivos abertosCientistas: Criam um novo conhecimento, Disseminam por meio de listas, pginas de conferncias, arquivos de pr-prints, pginas na internet

Editores primrios e secundrios: Publicam peridicos eletrnicos e base de dados,Promover o acesso por meio de links entre referncias,Desenvolvem motores de buscas para colees,Provem digitalizao retrospectiva

Universidades: Colaboradoras de iniciativas como a SPARC,Hospedam repositrios digitais e arquivos de eprints,Hospedam as pginas dos pesquisadores,Gerenciam o conhecimento local

Novos participantes: CrossRefRegistros DOI Agregadores de contedosSPARCArquivos de Acesso Aberto

Fonte: Hurd (2004)Modelo de comunicao cientfica no mundo digitalFernando Leite (2014)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

3310 anos aps a publicao da BOAI...Ampliao de sistemas de acesso aberto.Manuteno dos altos preos cobrados pelas editoras para assinatura de seus peridicos.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

A primavera acadmica e o custo do conhecimento

por Moreno BarrosMichelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Primavera rabe

Universidade de BrasliaFaculdade de Cincia da Informao Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Primavera acadmicaMovimentos entre acadmicos e cientistas em favor do acesso livre e contra as polticas das editoras comerciais acadmicas... que possuem fins lucrativos.Texto de Timothy Gowers de proposta de boicote a editora academica Elsevier, em 2012.

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Boicote a Elsevier

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Boicote a Elsevier

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Boicote a ElsevierMotivos:altos precos das assinaturas dos periodicos cientificos e o valor cobrado pelos artigos avulsos;apoio oferido pela Elsevier a algumas politicas restritivas, como o Research Works Act (projeto de lei tentava reverter o NIH Public Access Policy);agrupamento - grande colecao de revistas, sem possibilidade de seleo.

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Boicote a ElsevierResultados:Mais de 14 mil assinaturas;Retirada do apoio da Elsevier ao Research Works Act.

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O custo do conhecimento Existe um custo para produzir e para comunicar o conhecimento cientfico.Denncias sobre o duplo pagamento.Editais de fomento a pesquisa;Bolsas de pesquisa;Oramento das universidades e institutos de pesquisa;Outros...Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Outras alternativas?Qual o custo do conhecimento?Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

O custo do conhecimento Portal de Peridico da CapesCerca de 120 milhes de reais por ano;Acesso para 326 instituies;Acesso a 31 mil peridicos;Modelo nico no mundo financiado exclusivamente pelo governo.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

O custo do conhecimento Obviamente o valor investido nesses contratos muito inferior ao que seria necessrio para dotar as instituies individualmente, com o mesmo acervo de peridicos, mas a premissa desses investimentos e ponto primordial...o preo das assinaturas de peridicos cientficos cresceu ao ponto de se tornar insustentvel...o financiamento pblico deve gerar bens pblicos.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

O custo do conhecimento Valor mdio do acesso por artigo:Elsevier $31,5 = R$95Springer - $35 = R$105Wiley-Blackwell - $42 = R$125Taylor and Francis - $40 = R$120

Juntas respondem por mais de 40% de todos os artigos publicados em peridicos acadmicos comerciais.

Barros (2012)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

O custo do conhecimento Lucro anual das editoras (2011)*Elsevier 36% de lucro 724 milhes de librasSpringer 33,9% de lucro 294 milhes de eurosWiley-Blackwell 42% de lucro 106 milhes de dlaresTaylor and Francis 32,4% de lucro 47 milhes de libras.

*De acordo com Barros (2012) os dados so da seguinte fonte: http://www.economist.com/node/18744177/A taxa de lucro da Apple em 2011 foi de29%Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

O custo do conhecimento As instituies de pesquisa e universidades podem sofrer um declnio no apoio da opinio pblica, j que ao grande pblico est sendo negado o acesso aos trabalhos acadmicos. Em algum momento essas instituies e universidades pblicas devem responder por que elas esto permitindo que professores e funcionrios doem seu tempo e esforos em apoio aos editores comerciais (DJSTATES, 2012). E as instituies pblicas acadmicas precisam explicar por que esto rotineiramente transferindo propriedade intelectual valiosa para esses editores sem receber compensao ou sem se submeter a um processo de negociao aberto e transparente.(p. 396)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

A verso do editorO preo elevado necessrio para:Fazer a manuteno do processo de reviso por pares de alta qualidade;Investimentos bancos de dados, navegao, sistemas de alertas, notificaes, anlise de referncias, tecnologias mveis, comunicao em redes sociais e minerao de dados.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

A verso do editorArgumentam que:A publicao um custo de pesquisa.Que esto abertos a abordagens alternativas:Acesso aberto pago;Depsito de artigos em repositrios aps perido de embargo.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

A verso do acadmicoO custo de produo de um artigo zero.A reviso dos artigos feita gratuitamente por outros pesquisadores.A gesto das submisses feita eletronicamente e podem ser feita com software livre.Selos de qualidade so utilizados como etiqueta.Imoralidade do comportamento das editoras.Diferena no valor do financiamento das reas do conhecimento.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Se a Primavera Acadmica for bem sucedida na tentativa de revolucionar o processo de publicao acadmica, poder ser considerada um novo membro do grupo de influenciadores como a Wikipdia, o movimento de software livre e a prpria internet, no inexorvel rumo a um modelo de acesso aberto ao conhecimento (APPLETON, 2012). (p. 374)Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

RefernciasBARROS, Moreno Albuquerque de. A Primavera Acadmica e o custo do conhecimento.Liinc em revista, v. 8, n. 2, 2012.

COSTA, Michelli Pereira da. Caractersticas e contribuies da via verde para o acesso aberto informao cientfica na Amrica Latina. 2014. 226 f., il. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao)Universidade de Braslia, Braslia, 2014.Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br

Obrigada!

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Universidade de BrasliaFaculdade de Cincia da Informao Michelli Costamichelli@unb.brwww.michellicosta.com.br