Dissertaçao Sergio Romagnolo

Post on 20-Mar-2016

219 views 3 download

description

alegoria arte

Transcript of Dissertaçao Sergio Romagnolo

Autor: Sergio Romagnolo

Tftulo: Esculturas, Rugas e Alegorias Exigencia Parcial para Obten~ao do Titulo de Mestrado,

no Corso de P6s Gradua~ao em Artes, da Escola de

Comunica~oes e Artes da U niversidade de Sao Paulo

Orientadora: ProF. Dfl. Regina S. Silveira

Autor: Sergio Romagnolo

Tftulo: Esculturas, Rugas e Alegorias Exigencia Parcial para Obten~ao do Titulo de Mestrado,

no Corso de P6s Gradua~ao em Artes, da Escola de

Comunica~oes e Artes da Universidade de Sao Paulo

Orientadora: ProF. Dfi. Regina S. Silveira

II

Membros da Comissao Julgadora

~~-------------------Prof. Dr.

Orie ad ora: ProfS. Dr8• Regina Silveira

III

Esta Pesquisa Teve o Apoio da Fapesp

Resumo

A pesquisa esta constitufda por urn resultado plastico-visual e por outro escrito.

0 resultado plastico-visual esta composto por urn conjunto de esculturas, pinturas, desenhos e gravuras, tendo como linguagem a constru~ao de volumes e formas atraves do enrugamento de chapas laminadas de plastico (nas esculturas), e do enrugamento de linhas (nas pinturas e desenhos).

0 conjunto de esculturas esta reproduzido neste memorial descritivo, bern como outras obras que lhe serve de antecedente.

No resultado escrito formou-se urn tronco tripartido, constituido pelos estudos de textos escolhidos de Filosofia, Matematica e Cosmologia. Na "ramifica~ao" da Filosofia foi importante a leitura de alguns textos de Leibniz e Deleuze no que conceme as rela~oes da ldade Barroca com o modelo das dobras. Desta forma, como aprofundamento no conceito de monada pode­se entender o porque das rugas nas esculturas de plastico adquirirem urn alto grau de presen~a e de entidade.

0 mesmo se deu em outras rarnifica~oes do estudo no campo da Matematica e da Cosmologia.

Na Teoria das Catastrofes, olha-se para a ruga por meio de urn grafico que representa as ideias de bimodalidade, ou seja de dualidade, e continuidade. Esta visao exemplifica como e possivel ter-se urn entendimento dubio e continuo ao mesmo tempo. Este modelo aporta no sentido de cume, onde todo o sistema representado da urn salto brusco, mudando totalmente de configura~ao, mas sem mudar de situa~ao.

0 estudo na Cosmologia mostra a dobra como semente de Tudo. Onde nao existia nada, uma primeira giga-explosao propulsiona ~ cria o espa~o .. A ruga vista como semente cosmol6gica traz para o entendimento plastico a ruga como semente escult6rica, uma analogia aplicada a obra de alguns artistas.

Os estudos foram complementados com analises sobre os significados de Alegoria e Par6dia, nos textos de Joao Adolfo

Hansen, Linda Hutcheon e Jean Petitot-Cocorda. Neste ultimo texto, a inten9ao e a de utilizar a Teoria das Catastrofes de Rene Thorn para entender as varia96es das representa96es de Sao Jorge em pinturas do perfodo Pre-Renascentista ate o perfodo Barraco.

Resumo em Ingles

The research is composed of a visual-plastic result and a written one.

The visual-plastic result is made up of a set of sculptures, paintings, drawings and lithographs, which use as language the building up of volumes and shapes resulting from plastic rolled plates wrinkling (in sculptures), and from line wrinkling (in paintings and drawings).

The set of sculptures has been reproduced in this memorandum, as much as the other pieces of work which have paved the way for them.

In the written result one will find a tripartite trunk composed of studies on selected texts of Philosophy, Mathematics and Cosmology. In the Philosophy branches it has been important to read some texts by Leibnitz and Deleuze referring to the relation between the Baroque Period and the model of folds. So, by going deeper in the Monad concept one is able to understand the reason why the wrinkles of the sculptures in plastic have acquired a quality of presence and entity.

In other study branches in the fields of Mathematics and Cosmology a similar fact has happened.

In the Theory of Catastrophes one looks at the wrinkle by means of a chart that stands for double-modality, i.e .. duality and continuity. Such a vision exemplifies how it is possible to have a dubious but simultaneously continuous understanding. Such a model leads toward the summit, where all the system represented suddenly jumps up thoroughly changing the configuration without, however, changing its situation.

A study on Cosmology shows a wrinkle as the seed of the Whole. Where once there was nothing, a first giga-explosion

propels and creates the space ... A wrinkle seen as a cosmological seed brings forth - within a plastic understanding - a wrinkle as a sculpture seed, an analogy applied to the work of some artists.

Studies have been completed with an analysis on some meanings of Allegory and Parody in texts by Joao Adolfo Hansen, Linda Hutcheon and Jean Petitot-Cocorda.

In the last text, the idea was to use the Theory of Catastrophes by Rene Thorn in order to understand the variations of Saint George representations in paintings from the Pre-Renaissance up to the Baroque periods.

So mario

1. Introdu~io ..... · · · · · · ......................... 7

2. Antecedentes . . . · . . · · · · . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8

3. Enrugamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

4. Materiais e Procedimentos ......................... 11

5. A Dobra e a Ruga na Filosofia, na Matematica e na Cosmologia 13

5.1. Introdu~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ............ 13

5.2. A Dobra e a Ruga na Filosofia .•................. 14

5.2.1. A Alma da Dobra e o Fantasma ............... 14

5.2.2. Dobras e Rugas nas Esculturas ...•........... 18

5.2.3. 0 Fantasma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5.3. A Dobra na Matematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

5.3.1. As Bases para a Teoria ...•................ 24

5.3.2. Como Funciona a Teoria ................... 25

IV

5.3.3. 0 Click . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.3.4. 0 cao .............................. 29

5.3.5. As Catastrofes Elementares . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.3.6. As Catastrofes e a Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 42

5.4. A Dobra e a Ruga na Cosmologia . . . . . . . . . . . . . . . . .43

5.4.1. As Bases para o Big-Bang ................. 43

5.4.2. As Estruturas . . . . . . . . . ................ 47

5.4.3. As Dobras . . . . . . . . . . . . . . . . . .......... 51

5.4.4. Resumo do Tempo ••.................... 52

6. A Ruga Primordial de Resende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

7. 0 Plastico, a Argila e a Ruga . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . · .58

8. 0 Corpo Continuo . . • . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

9. A Parodia como Alegoria da Obra Ausente . . . . . . . . . . . . . 70

9.1. A Par6dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · 70

v

9.1.1 A Ironia ............................. 72

9.1.2. A S3tira ............................ . 73

9.1.3. Alusio e Cita~io ....................... 74

9.2. A Alegoria ............................... 76

9.3. A Obra Ausente . ........................... . 77

10. A Alegoria da Alegoria ......................... 79

11. A Alegoria da Catastrofe Tripla de Sao Jorge .......... 81

12. Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

12.1. Resumo em Ingles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .84

13. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

14. Reprodu~io das Obras .......................... 95

VI

1. Introdu~io

A constru~ao de formas com volumes enrugados, se da

basicamente de dois modos: primeiro de modo virtual e, segundo,

de modo ffsico.

As amassaduras virtuais nas esculturas come~am no Alto

Renascimento com as tor~oes dos corpos nas obras de Michelangelo.

Apesar de serem esculpidas em pedra e nao modeladas em argila,

apresentam uma busca de movimento e urn abandono do estatico. As

vestes e os corpos sao torcidos, porem com tor~oes virtuais

representadas atraves de ilusionismos no marmore.

Mais tarde, esses amassamentos surgem com maior freqtiencia

nas esculturas Barrocasi . Sobre esse aspecto Omar Calabrese define

categorias tais como: ritmo e repeti~ao, limite e excesso, fragmento

e detalhe, n6 e labirinto, desordem e caos2. Sobre a instabilidade e

monstruosidade ressalta que " .. .imperfeito e monstruoso e tam bern

aquila que ultrapassa os confins da medida media que distingue a

outra perfei~ao, a espiritual. "3

1 German Bazin fala da origem deste termo, o Barraco, localizando-a entre os joalheiro da peninsula iberica para designar uma perola irregular. A palavra barroco significaria dcfeituoso, irregular. Germain Bazin, BarrocoeRococ6, Sao Paulo, Martins Fontes, 1993, p.l. 2Calabrese, Omar, A !dade Neobarroca, Lisboa, Ediy5e 70, 1987, 209p. 3 __________ A !dade Neobarroca,Lisboa, Ediy5es 70, 1987, pl06.

7

Os amassamentos virtuais podem ser detectados tambem na

pintura. Rodrigo Naves escreve em seu livro sobre El Greco a

prop6sito do quadro Cristo na Cruz com Paisagem : "El Greco lida

com uma materia que reluta em galvanizar-se numa forma

permanente e que, por ser materia, pode-se sujeitar a todo tipo de

- " 4 tor9oes, . . . .

Em 1957, Baldaccini Cesar (n.l921) e John Chamberlain (n.

1927) retiram dos dep6sitos de ferro velho, pe9as de carro

comprimidas e as colocam como esculturas sobre bases, em galerias

de arte. Neste instante acontece o processo de amassamento ffsico.

Isto e, o material amassado nao e mais urn elemento virtual, como o

marmore esculpido que parece ter sido amolecido ou mesmo a

argila que e apertada e transformada em bronze, mas 0 que e

amarrotado e a propria estrutura da pe9a, nao mais a sua roupa, ou

a sua pele.

2. Antecedentes

Venho realizando esculturas modeladas em chapas de plastico

desde 1986. No infcio eram moldadas em maquinas de vacuum­

forming. Posteriormente, desenvolvi a tecnica que permitiu a

moldagem manual de chapas de plastico.

Ate 1990 os temas das esculturas giravam em torno de tres

elementos: Relevos Abstratos, Objetos do Cotidiano e Figuras de

Santos e da Mitologia Grega.

4 Rodngo Naves, El Greco, Sao Paulo, Colc~o Encanto Rudtcal, Edttora Bra..,thensc, 1985, p. l8.

8