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2012
ANO 1 • NÚMERO 4 • 2012 • R$ 14,90 Vinho e estilo de vida
Como investir em vinhos:em vinhos:dos leilões à montagem de uma vinícola
Mulheres:
Como investir
Mulheres:elas decidem a compra
Enoturismo
Puglia (Itália) e Buenos Aires
Vinhos do Leste Europeu
Melhores vinhos do ano
Uma seleção de 200 rótulos para todos os
gostos e bolsos
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APROVADA capa 4 copiar.pdf 3 02/10/2012 18:26:55
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BACO faz as malas
Região do extremo sudeste italiano, a Puglia
é conhecida como o salto da “bota”. Suas
origens remetem aos povos provenientes
dos Balcãs e da península grega. A lenta
miscigenação ao longo dos anos, entre esses
povos e os nativos da região, formou o que hoje é o simpático
povo pugliese. Artistas, artesãos e agricultores natos, eles
deixaram delicados desenhos em cavernas, vasos de cerâmica,
arquitetura em pedra, fina gastronomia e vinhos.
A proximidade da Puglia com a costa
do mar Adriático e do golfo de Taranto,
no mar Jônico, faz com que a região
tenha um microclima muito propício
à produção de uvas e olivais. Dias
quentes e noites frescas no verão
e um inverno rigoroso colaboram
para que a maturação das uvas
seja ideal para a produção de vi-
nhos.
Para chegar
lá, há várias
Puglia, umaviagem para os sentidos
companhias com voos regulares para o aeroporto internacio-
nal de Bari. A cidade, com pouco mais de 300 mil habitantes e
à beira-mar, é o centro difusor turístico da região. Sua proximi-
dade com o mar Mediterrâneo define a arquitetura da cidade
com muitas fortificações, além das igrejas, que eram símbolo do
poder eclesiástico.
As principais atrações são a Basílica de S. Nicola e o Castello Nor-
manno Svevo. Pelas ruelas de Bari podem-se encontrar senhoras fa-
zendo a massa (pasta, em italiano) tradicional e mais conhecida da
Puglia, o orecchiette. Peixes e frutos do mar são naturalmente encon-
trados e oferecidos nos restaurantes locais. Pode-se comer muitíssi-
mo bem em pequenas trattorias no centro antigo da cidade.
Para quem gosta de misticismo, um bom passeio é visitar Al-
berobello. Com pouco mais de dez mil habitantes, a pequena ci-
dade abriga as torres cônicas, feitas totalmente em pedras Trulli,
típicas da região. As várias torres, pintadas pelos seus habitantes,
são ligadas a símbolos pagãos geralmente relacionados aos nú-
meros 3, 5 e 7 e algumas peculiaridades astrológicas como luas,
estrelas ou planetas.
Por Gladstone Campos
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Em Trani, um pouco mais de 50 quilômetros ao norte, pode-
-se encontrar o porto, protegido por pedras. Logo pela manhã os
pescadores trazem frutos do mar e peixes que dão água na boca
de qualquer um que passe por lá. Mais uma vez as fortificações e
igrejas são imponentemente marcas da cidade: Castello di Trani
e a Cattedrale de Trani. Inúmeros restaurantes de peixes e frutos
do mar ao longo do porto da cidade ficam cheios de turistas mis-
turados aos locais. O restaurante Corteinfiore serve, em especial,
a gastronomia típica local.
Em Andria, a 15 quilômeros a oeste de Trani, os visitantes
têm a oportunidade de visitar o Caseificio Olanda, que é um
especialista na produção da mozzarella e da burrata, uma bola
de mussarela recheada também de mussarela, mas acrescida de
creme de leite. O processo artesanal de produção, cujas origens
datam de 1900, pode ser acompanhado pelos turistas no local.
Nas imediações da cidade encontra-se a vinícola Cantine Ri-
vera. No começo da década de 1950, já produzia grandes vinhos. Pelas ruelas de Bari podem-se encontrar senhoras fazendo a pasta tradicional da Puglia, o orecchiette
A pequena cidade de Alberobello abriga as torres cônicas, feitas totalmente em pedras Trulli
É possível se hospedar nas Masserias,
como a Masseria Potenti, ao lado.
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Comandada por Sebastiano de Corato, tem uma das poucas
qualificações de DOCG (Denominação de Origem Controlada e
Garantida) da região, a Castel Del Monte. Sua excelência está no
branco Marese – Bombino Bianco (DOC), o Pungirosa – Bombino
Nero (DOCG) e no Puer Apugliae – Nero di Troia (DOC).
Maravilhado fica o turista quando chega ao restaurante
Antichi Sapori, em Montegrosso, na região de Andria. A família
do chef Pietro Zito tem por orientação uma comida saudável,
com participação ativa no movimento Slow Food (http://www.
slowfood.com/ e http://www.slowfoodbrasil.com). Lá, no “jardim
dos vegetais”, são plantados todos os ingredientes utilizados na
cozinha do restaurante, com direito a uma aula aos visitantes,
que aprendem como preparar os ingredientes e as massas ser-
vidas. É uma festa. As nonas e o nono ensinam os segredos da
boa comida sempre sorrindo e em voz alta, bem ao estilo ita-
liano. Depois de um giro pela horta e o aprendizado básico de
preparação, começa a verdadeira festa, já com todos à mesa. Da
entrada ao café, são uma dúzia de deliciosos pratos preparados
pela brava squadra della cucina capitaneada pelo chef Pietro Zito,
que, brincalhão, corre de mesa em mesa e pela cozinha afora.
O Castel Del Monte, que dá nome à região, é uma visita im-
perdível. Perto de Andria, fica junto à costa, no alto de um morro
imponente. Na primeira metade do século XIII, Frederico II imor-
talizou a arquitetura pugliesa com a construção do castelo oc-
togonal, que hoje é patrimônio tombado pela Unesco. As oito
torres eram habitadas pelos templários, sendo as duas últimas
privadas, para o uso do próprio Frederico II. Toda a edificação
tem um ar místico, como era o próprio idealizador. Os leões,
como sentinelas na entrada, são orientados ao ponto do hori-
zonte onde surge o sol nos soltícios de verão e inverno, assim
como a direção de todo o castelo, que tem forte conexão com
os pontos cardiais.
Na vinícola Tomaresca, que é uma das mais importantes
da Puglia, o senhor Peppino Palumbo, CEO da empresa, nos
passou uma visão geral do negócio. Com altos investimentos
de quem conhece muito de vinhos de excelência, a família
Antinori, da Toscana, começou em 1998 a produzir nos seus
450 hectares de vinhas da região. Entre eles, Roycello Salen-
to Bianco (IGT), Trentangeli Castel Del Monte (DOC), Calafuria
Salento Rosso (IGT), Torcicoda Salento Rosso (IGT) e o Masse-
Prato de frutos do mar típico da região costeira
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ria Maime Salento Rosso (IGT). Na Masseria, que pode ser visi-
tada, há uma loja onde se compram os produtos da empresa
e visita a maravilhosa adega subterrânea.
Descendo para Torricella, a cerca de 17 quilômetros ao sul de
Trani, chegamos à Cantine Giordano. Há mais de um século pro-
duzindo vinhos na região do Piemonte, a família Giordano acredi-
ta no potencial dos seus vinhedos de Torricella e Taranto. Cuida de
focar especialmente nas uvas Sangiovese, Primitivo e Negroama-
ro. Ela acredita muito na relação direta entre os consumidores e a
empresa. Para tal, mantém um site (www.giordanovini.it), onde é
possível comprar seus vinhos e garantir que sejam entregues em
seu hotel. Uma construção típica da região, feita somente com pe-
dras, serve para degustação dos vinhos, em pleno jardim, ao lado
das videiras, que dão origem a seus vinhos.
O programa ideal para quem visita é se hospedar nas Mas-
serias, fazendas antigas da região, nas quais os produtores manti-
nham um grande pátio interno cercado de estrebarias e residência
quase no mesmo formato. Todas pintadas de branco, nitidamente
uma característica da região mediterrânica, onde o clima impõe
seus extremos. São rústicas, porém de bom gosto e muito agra-
dáveis. O silêncio e o céu de azul intenso compõem a paisagem.
Algumas são um tanto místicas e atendem somente a casais em
lua de mel ou em uma viagem de privacidade total. Para visitar e
conhecer a região das “cento masserias” (cem masserias) há opção
de agendar um passeio de jipe pelo email garganojones@yahoo.it
Comer uma boa carne na Puglia? Sim, é possível! No restauran-
te La Cuccagna trabalham apenas, desde 1967, os quatro integran-
tes da família Marsella. Os pratos de entrada são típicos da região e
a carne tem origem na criação dos pequenos fazendeiros da região
de Crispiano. Quando fizer a refeição por lá, uma boa pedida são os
vinhos da Feudi di San Marzano. Esta jovem vinheria iniciou os tra-
balhos de vinificação em 2003 na região típica do Primitivo di Man-
duria. Logo no começo deu mostras de que seria uma referência
para a vitivinicultura local. Por ser uma produção nova, investe em
tecnologia no campo e se aproveita do clima da região de Salento.
No “jardim dos vegetais”, o nono ensina os segredos da boa gastronomia, sempre sorrindo
O distrito de Grottaglie tem tradição ceramista. É possível testar suas habilidades em diferentes ateliêrs locais
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Hotéis: Tran – Marè Resort
Piazza Quercia, 8- 70059 Trani (Bari) Puglia - Italia.
Tel.: +39 0883.486411 – fax: +39 0883.488803
email: info@mareresort.it
Manduria (Taranto) - Masseria Potenti,
74024 Manduria, Itália - Tel.: +39 339 30 72960
e-mail: info@masseriapotenti.it
Restaurantes: Trani – Corte�ore: Via Ognissanti, 18 - 70059 Trani – Bat.
Tel.: +39.0883.508402 - info@corteinfiore.it
Andria – Antichi Sapori di Pietro Zito
Piazza Sant’Isidoro, 10 76123 Andria
Crispiano: Ristorante La Cuccagna – C. Umberto, 168
Crispiano. Tel.: 099 616087 Fax. 099 616087
e-mail cuccagnagirodivite@libero.it
Marina di Pulsano: La Barca da Ciro Ristoranti
Via Litoranea Salentina – Marina di Pulsano, 74122 Taranto, Itália
Tel.: 099 5333355
Taranto: Al Faro
Via della Pineta, 3 - 74123, Taranto, Tel.: 099 471 4444
alfarotaranto.it
Atrações:Fábrica de Mozzarella – Caseificio Olanda: Via Santa Maria dei
Miracoli, 150, Andria Barletta-Andria-Trani
Masserias em Crispiano: Masseria Pilano
www.pilano.it / info@pilano.it
Masseria QVIS VI DEVS – www.masseriaquisutdeus.com
info@masseriaquisutdeus.com
Vinícolas:Giordano: www.giordano.it
Vignie & Vini: www.vigneevini.it
Feudi di San Marzano: www.feidisanmarzano.it
Rivera: www.rivera.it
Tomaresca: www.tomaresca.it
Serviço
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Pouco mais 30 quilômetros ao norte de Manduria, chega-se à ci-
dade de Grottaglie, onde está localizada a charmosa Masseria Potenti.
Nesse distrito de tradição ceramista, encontramos várias pequenas
oficinas de artistas, nas quais podemos fazer um teste de dotes artísti-
cos utilizando um dos tornos de cerâmica da produção local.
Com pouco mais de meia hora de deslocamento em direção
ao sudoeste de Grottaglie, chegamos a Leporano, onde ficam o vi-
nhedo e as instalações da Varvaglione Vigne & Vini. Uma pequena
mas muito charmosa adega, que produz setecentas mil garrafas por
ano e exporta para 21 países. Cosimo Varvaglione faz parte da ter-
ceira geração de produtores de vinhos no coração da Magna Grécia.
As principais uvas lá trabalhadas são as Primitivo, Negroamaro e Mal-
vasia Nera. Nas cercanias de Marina di Pulsano, o restaurante La Bar-
ca oferece o que há de melhor em peixes e frutos do mar. Além das
iguarias, tem um ambiente agradável e uma bela vista para o mar.
Vinhos.A região da Puglia pode ser dividida em regiões vinícolas tam-
bém. No centro, perto da cidade de Andria, a região DOC Castel
del Monte, onde predominam as uvas Nero de Troia, Montepulcia-
no e Bombino Nero. Abaixo, em direção a Brindisi, Lecce e Salento,
as seguintes variedades: Verdeca, Negroamaro e Malvasia di Lecce
(ponta do salto). Já no golfo de Taranto (sola da bota) a maioria
planta a Primitivo. Pouco acima de Taranto e à esquerda de Castel
del Monte, a predominância é a Aglianico. Lá, no alto da região
pugliesa, perto de Gargano e Foggia, a Bombino Bianco.