Post on 04-Jul-2015
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Mini-Seminário Epistemologia da Administração – Prof. Dr. Onésimo CardosoErlana Castro
Out 2008
A morte da mãe faz com que o menino se refugie nos livros até para não ter que conversar com ninguém. Começa também a gostar e frequentar os cinemas da região onde vive, em companhia de seu primo Fredy. Torna-se um aficcionado por cinema e por livros.
Já adolescente, aos 16 anos (1937) engaja-se num ato militante em solidariedade aos anarquistas catalães e participa de seu primeiro comício político: uma reunião trotskista no cais de Valmy.
No clima tenso que antecede a Segunda Guerra Mundial, Edgar adere aos Estudantes Frentistas, liderados por Gaston Bergery que preconizava um socialismo nacional e rejeição à guerra.
Em setembro de 1939 Vidal Nahum é convocado e Edgar vai morar com Henriette, irmã de seu pai.
Morin é forçado a interromper seus exames da Sorbonne quando a França é invadida pelo exército de Hitler.
Foge, em julho de 1940, para Toulouse, onde se sente, pela primeira vez, livre do excessivo controle paterno. Dedica seu tempo a atividades assistenciais, como secretário da Associação dos Estudantes Refugiados. Faz amizade com alguns exilados estrangeiros.
Frequenta a Biblioteca Municipal, onde lê com avidez tudo o que encontra sobre sociologia, história, literatura contemporânea, Marx e autores marxistas como Daniel Guérin e Henri Lefebvre.
biografia
Edgar Nahoun (que mais tarde adotará o sobrenome "Morin") nasce em Paris no dia
8 de julho de 1921. É o filho único de um casal de judeus - Vidal e Luna Nahum.
Luna morre quando Morin tinha 10 anos e ele passa a ser criado pelo pai e pela
irmã mais velha da mãe, Corinne Beressi.
Participa de ações de grafitagem e de distribuição de panfletos. Impelido pelo amigo Jacques-Francis Rolland, Edgar decide
finalmente se filiar ao Partido Comunista, no final de 1941. A invasão da zona sul pelo exército alemão, obrigam os dois amigos
a fugirem para Lyon, em julho de 1942, onde passam a dividir um quarto na Casa dos Estudantes. "La Saison en Enfer"
(Temporada no Inferno) de Rimbaud, que se torna o "evangelho" dos jovens ativistas.
Em 1942, Cada vez mai envolvido em atividades subversivas, resolve substituir o sobrenome "Nahum" por "Morin". Vive uma
dupla clandestinidade - como judeu e comunista - atuando na Resistência Francesa como militante oculto do Partido Comunista
(ou "submarino", como o chamavam). Acuado pela Gestapo, retorna, no verão de 1943, a Toulouse, onde é acolhido por uma
família de operários.
Em 44 volta para Paris onde faz amizade com Marguerite Duras. Participa intensamente das ações da Resistência que
culminam na Insurreição de Paris, em agosto de 1944.
Após a libertação da França e final da guerra, tenta trabalhar como redator em jornais ligados ao Partido Comunista
Francês, mas é visto com desconfiança por causa de sua postura crítica. Por intermédio do amigo Pierre Le Moigne, resolve se
juntar como voluntário ao I Exército francês, na Alemanha.
Em 1945 casa-se em Paris com Violette Chapellaubeau, socióloga, amiga de escola e companheira desde 1941. Muda-se com
ela para Lindau e fica viajando entre a frança e Berlin.
Em 1946, dá baixa do exército e retorna, com Violette, a Paris. O casal é hospedado por Marguerite Duras, em seu apartamento
da rua Saint-Benoît, habitado também por Robert Antelm e onde Dionys Mascolo passa a maior parte do tempo. O apartamento
é palco de discussões acaloradas e encontros notáveis com Albert Camus, Raymond Queneau e Merleau-Ponty.
Volta a trabalhar como joirnalista free-lancer. Sem emprego fixo e cada vez mais discriminado no Partido Comunista, Edgar
Morin vive um exílio interior. Passa os dias na Biblioteca Nacional, escrevendo o livro "L’Homme et la Mort" (O Homem e a
Morte). Na feitura dessa obra Morin formaria a base de sua cultura transdiciplinar: geografia humana, etnografia, pré-
história, psicologia infantil, psicanálise, história das religiões, ciência das mitologias, história das idéias, filosofia, etc. Na
pesquisa, descobre as obras antropológicas de Freud, Rank, Ferenczi, Jung, Bataille e Bolk; e a biologia da morte via
Metchnikoff, Metalnikov e Carell.
Por causa da gravidez simultânea de Violette e Marguerite, a comunidade da rua Saint-Benoît é forçada a se desfazer. O casal
se muda para Vanves, onde vivem com muita dificuldade financeira. Violette dá aulas de filosofia fora de Paris.
Em 1947 nasce Irène, a primeira filha de Edgar e Violette, e em 1948 nasce Veronique, a segunda filha do casal. Irène
Chapellaubeau é socióloga, mãe de uma filha, e lecionou durante algum tempo na Universidade de Pernambuco no Brasil.
Veronique Nahum - Grappe é antropóloga, professora e pesquisadora em Paris. É mãe de dois filhos.
Edgar Morin candita-se à comissão de sociologia do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) No CNRS, escolhe como
tema de pesquisa a sociologia do cinema, para dar continuidade à sua investigação sobre "a realidade imaginária do
homem", que havia esboçado em "L’Homme et la Mort". Seus estudos sócio/antropológicos sobre cinema renderiam dois livros:
"O Cinema ou o Homem Imaginário" (1956) e "As Estrelas: Mito e Sedução no Cinema" (1957).
bio
gra
fia
Espelhado na experiência de um boletim aberto de discussões italiano (Ragionamenti), no final de 1956, Morin funda a revista
"Arguments", dirigida por ele até o seu último número, em 1962.
Em 1961, faz uma longa viagem pela América Latina. Após uma temporada no Brasil, ruma para Santiago do Chile, onde
frequenta cursos na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Visita a Bolívia, Peru e México. Fascina-se pelo mundo
indígena e pelo mundo afro-brasileiro. Retorna a França, onde publica, em 1962, "L’Esprit du Temps" (O Espírito do Tempo).
Durante um congresso mundial de sociologia, em Washington, é acometido por uma forte febre que o leva a um estado de
letargia. Fica internado em Nova Iorque, para se recuperar. As primeiras palavras que escreve sobre o leito são: "Agora, não é
somente importante que as idéias atuem sobre mim, é preciso que eu atue nelas.“
Em 62, Morin retorna à França, decidido a aproveitar o longo período de convalescença para meditar sobre sua vida e seu
pensamento. Isolou-se em Monte Carlo, num apartamento emprestado, onde escreveu mais um livro: "Le Vif du Sujet".
Em 64, casa-se com a artista plástica Joahnne, de origem quebecoise-caribenha. Na sequência, é convidado a participar de um
grande projeto de pesquisa multidisciplinar, financiada pela DGRST (Delegação Geral de Pesquisa Científica e Técnica), na
comuna de Plozevet. Passa o ano de 1965 pesquisando, com ajuda de diversos colaboradores, vivendo numa rústica cabana,
em Poulhan, porto dos pescadores de Plozevet. O resultado das pesquisas levou dois anos para ser redigido e acabou gerando
polêmica. A transdisciplinariedade de Morin foi considerada "herética" e fez com que o DGRST lhe aplicasse uma "repreensão
científica". Com aversão crescente ao meio acadêmico parisiense, passa, cada vez mais, a exercer atividades fora de Paris.
É convidado por Jacques Robin, em 1967, a se tornar membro do "Grupo dos Dez", onde se aprofunda na biologia e descobre o
pensamento cibernético. Jacques Monod (prêmio Nobel de biologia) pede a Morin que leia os manuscritos de "Le Hasard et la
Nécessité" (O Acaso e a Necessidade).
No final dos anos 60, o Instituto Salk de pesquisas biológicas convida Morin a passar um ano na Califórnia. Lá conhece a
revolução biológica genética, iniciada com a descoberta da estrutura em dupla hélice da molécula do AND (Watson e Crick).
Inicia-se na "três teorias" que considera interpenetrantes e inseparáveis: a cibernética (Wiener e Bateson), a teoria dos sistemas
e a teoria da informação.
Volta a Paris em 1970 e inicia a constituição de um Centro internacional de estudos bio-antropológicos e de antropologia
fundamental (Centro Royaumont). Lá Morin é iniciado, por Henri Atlan, no pensamento de Heinz von Förster, na teoria da auto-
organização e na teoria dos automata auto-reprodutores de Von Neumann. Lê Prigogine, Serres e René Thom. Nesse processo
de encontros, reaprendizados e reorganização dos princípios do conhecimento, concebe a idéia de um livro que se chamaria "La
Méthode" (O Método).
Morin deixa o Centro Royaumont e torna-se co-diretor do Centro de Estudos Transdisciplinares (EHESS), onde começa a
construir sua proposta de conhecimento “enciclopedante” – ao invés de enciclopédico – ou seja, que apresenta os
conhecimentos dispersos ligando-os uns aos outros e propondo uma epistemologia da complexidade.
Morin permanece na direção do EHESS até 1989. Até hoje colabora ativamente com a instituição.
bio
gra
fia
O pensamento complexo
MORIN, E. & LE MOIGNE, JL. A inteligência da complexidade. Peirópolis.
São Paulo: 2000.
“Existe uma inadequação cada vez maior, profunda e grave entre os nossos conhecimentos disjuntos, partidos, compartimentados entre disciplinas, e, de outra parte, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários, enfim. Nessa situação tornam-se invisíveis os conjuntos complexos, as inter-relações e retroações entre as partes e o todo, as entidades multidimensionais, os problemas essenciais.” Edgar Morin
Descartes sugeriu a primeira separação de conhecimentos
delimitando dois campos distintos: o sujeito e as coisas.
Essa primeira disjunção afastou a filosofia (problemas do sujeito) da
ciência (questões das coisas externas ao sujeito).
E o sujeito filósofo foi ficando cada vez mais ensimesmado;
enquanto o sujeito cientista foi ficando cada vez mais distante e
isolado do objeto do conhecimento.
Assim, a ciência desenvolveu-se buscando esvaziar qualquer
subjetividade no trato do objeto.
A idéia é de que essa objetividade reflita a verdade científica. Aqui
se estabelece um abismo entre a reflexividade filosófica e a
objetividade científica. E aí a ciência ficou sem consciência.
Consciência moral, reflexiva ou subjetiva.
A certeza tem por causa e efeito o de
dissolver a complexidade pela
simplicidade.
Os pilares da certeza
(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):
1. O princípio da ordem postula que o universo é regido pelas leis imperativas.
Até Newton, essa ordem superior chamava-se Deus.
De Newton prá cá, essa ordem se fundamenta sobre ela mesma, ou seja o
mundo concebido como uma máquina perfeita onde as imperfeições ou
desordem são, na verdade, lacunas de nosso saber ainda para serem
descobertas e explicadas!
“Efeitos de nossa ignorância provisória”. Atrás dessa desordem aparente
existe uma ordem escondida a ser descoberta e é a pesquisa multiforme,
obsessiva da ordem escondida das leis da natureza que a conduz às
grandiosas descobertas da ciência física, de Newton a Einstein.
(MORIN, p.95)
Os pilares da certeza
(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):
2. O princípio da separabilidade:
Para resolver um problema é preciso decompô-lo em elementos simples –
Discurso do Método.
O problema é que “falta a consciência da dificuldade que coloca o conjunto
enquanto conjunto”. (MORIN, p.96)
Desde o início a separabilidade se impôs no domínio científico pela
especialização dos saberes que evolui para a hiperespecialização e
compartimentalização disciplinar, em que conjuntos complexos como
natureza e ser humano foram fragmentados em partes (especialidades) não
comunicantes.
Os pilares da certeza
(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):
3. O princípio da redução busca reduzir o conhecível àquilo que é
mensurável, quantificável, formalizável, segundo axioma de Galileu:
os fenômenos só devem ser descritos com a ajuda
quantidades mensuráveis.
O princípio da redução anima todos os empreendimentos destinados a
dissolver o espírito no cérebro, a reenviar o cérebro ao neurônio, a explicar o
humano pelo biológico, o biológico pelo químico ou pelo mecânico. Ele
anima todos os empreendimentos que tratam da história e da sociedade
humana fazendo economia dos indivíduos, da consciência, dos
acontecimentos.
(MORIN, p.96, 97)
Os pilares da certeza
(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):
4. A lógica indutivo-dedutivo-identitária identificada com a Razão.
A dedução e a indução são os processos animais e humanos mais correntes
para aquisição de um conhecimento. E essas são as bases da lógica
clássica que se impregnaram na argumentação e construção teórica das
ciências.
O problema é que a dedução e a indução deixam de fora tudo que opera a
invenção e a criação.
“Essa lógica fortalece o pensamento linear de causa-efeito fazendo
obstáculo à inteligência da retroação do efeito sobre a causa. É uma lógica
da ordem que fortalece o Determinismo ao mesmo tempo que ele a fortalece.
Essa lógica armou a concepção de um mundo coerente, inteiramente
acessível ao pensamento, e tudo aquilo que excedia essa coerência se
tornava não somente fora da lógica mas também fora do mundo e fora da
realidade.”
(MORIN, p. 98)
Os quatro pilares são, de fato, interdependentes e se entre-reforçam um ao outro.
Disjunção e redução eliminam aquilo que não é redutível à ordem, às leis gerais, às unidades
elementares.
Elas ocultam não somente a multipresença da desordem no mundo, mas também o problema
da organização.
O único dilema possível fica entre disjunção (separação) e redução. Por conseguinte, é
impossível, no interior desse tipo de conhecimento, conceber a unidade do múltiplo ou a
multiplicidade do um.
É desse modo, de todos os problemas, até mesmo aqueles do ser humano: ou bem se vê a
unidade humana e as diferenças individuais culturais e históricas são negligenciáveis, ou bem
se vêem somente as diferenças, e a mesma unidade desaparece.
As ciências clássicas foram divididas entre duas obsessões: aquela da unidade e aquela da
variedade, cada uma correspondendo a um certo tipo de espírito e, aliás, seu antagonismo foi
produtivo, permitindo desenvolver ao mesmo tempo a diversificação e a unificação do saber,
sem contudo chegar à concepção da unitas multiplex.
(MORIN, p. 99)
A conjunção dos quatro pilares determina o pensamento
simplificador e este só concebe os objetos simples que
obedecem às leis gerais.
Produz um saber anônimo, cego, sobre todo o contexto e todo
o complexo; ignora o singular, o concreto, a existência, o
sujeito, a afetividade, os sofrimentos, os gozos, os desejos, as
finalidades, o espírito, a consciência.
Ele considera o cosmos, a vida, o ser humano, como máquina
deterministas triviais através das quais poderiam prever todos
os outputs se conhecêssemos todos os inputs.
Correlativamente, a inteligência
oriunda dos quatro pilares é de uma
terrível eficácia. Ela permitiu e
desenvolveu a manipulação de
inúmeras vitórias
técnicas, ignorando contudo os
efeitos perversos que elas possam
engendrar.
De fato, o extraordinário desenvolvimento das
ciências físicas e de suas aplicações técnicas
(utilização da energia nuclear, conquista do espaço)
foi ligado a uma capacidade inaudita de considerar
na sua complexidade as realidades humanas, a
favorecer a incompreensão, no seio da espécie
humana, a responder aos problemas humanos
como a guerra, a fome, a miséria. O
desenvolvimento das ciências físicas está ligado ao
desenvolvimento do subdesenvolvimento do
espírito tecno-científico.
(MORIN, p. 100 -103)
A desordem brotou no
coração da ordem-mestra,
isto é, no seio das ciências
físicas.
Da termodinâmica aos
buracos negros.
A desordem não substitui a ordem. Elas são inseparáveis e
complementares. Existe uma dialógica entre ordem/desordem e
organização. A regressão do determinismo suscitou não uma
regressão do conhecimento, mas o desenvolvimento do
conhecimento das nossas ignorâncias e dos limites do nosso saber.
O abalo da Ordem da Natureza suscitou um verdadeiro “corte
epistemológico” que começa com Bachelard, autor do termo, e
Popper.
(MORIN, p. 103-107)
“ A verdadeira ordem da natureza
é a ordem que nós colocamos
tecnicamente na natureza.... O
determinismo científico se prova
sobre fenômenos simplificados e
solidificados.... É preciso chegar
a desmanchar esse enorme
bloco do determinismo que pesa
sobre o pensamento científico”.
Bachelard – Nouvel esprit scientifique
(1934)
molécula
átomo
quark
célula
gene
genoma
A crise e o surgimento da inseparabilidade na separabilidade.
A pesquisa obstinada simples desembocou no complexo.
Perder a Ordem do mundo para os
cientistas formados na religião dos
quatro pilares é tão desesperador
quanto para um crente perder Deus.
Efetivamente, a Ordem do mundo
era o grandioso relicário da divina
Perfeição.
Há o desmoronamento
epistemológico do atomismo, do
elementarismo, do
positivismo, lógico ou não, da antiga
certeza absoluta. “Único ponto
pouco próximo ao certo nesse
naufrágio: o ponto de
interrogação”, diz o poeta Salah
Stetié.
Um mundo se arruína, o mundo
novo não emergiu. Uma revolução
se opera, mas ela está inacabada.(MORIN, p. 132)
O complexo surge como impossibilidade de simplificar lá onde a desordem e a incerteza perturbam a vontade do conhecimento, lá onde a unidade complexa se desintegra se a reduzirmos a seus elementos, lá onde se perdem distinção e clareza na causalidades e nas identidades, lá onde as antinomias fazem divagar o curso do raciocínio, lá onde o sujeito observador surpreende seu próprio rosto no objeto de sua observação.
(MORIN, p. 132)
O complexo é aquilo que é tecido simultaneamente, aí subentendido ordem/desordem, um/múltiplo, todo/partes, objeto/meio ambiente, objeto/sujeito, claro/escuro.
A complexidade se reconhece portanto pelos traços negativos: incertezas, insuficiência da lógica. Mas se reconhece também pelos traços positivos: o tecido comum onde se unem o um e o múltiplo, o universal e o singular, a ordem a desordem e a organização.
(MORIN, p. 133)
A complexidade é desafio e não solução.
O desafio de reunir.
O desafio de tratar as incertezas.
O desafio lógico:
Como tratar os paradoxos?
Como aceitar contradições e antagonismos?
Como manter a lógica transgredindo-a completamente?
Como integrar a indissolubilidade?
O desafio do método.(MORIN, p. 135)
O método de Morin.
Instrumentos:
1. A noção de SISTEMA.
2. A idéia da
Circularidade.
3. O looping auto-
produtivo.
4. O operador dialógico.
5. A introdução do
conhecedor no
conhecimento.
6. A ética da tolerância.
A noção de SISTEMA
Um todo organizado produz
qualidades e propriedades
que não existem nas partes
tomadas isoladamente.
Por exemplo: a sociologia
define a sociedade como
um sistema; e,
evidentemente , ela é
constituída de indivíduos e
de grupos sociais
extremamente diferentes.
Mas não podemos
conhecer a sociedade a
partir de indivíduos e
grupos tomados
isoladamente. É preciso
juntar as partes ao todo e o
todo às partes.
A idéia da circularidade diz
respeito ao caráter retroativo do
sistema.
Ao contrário da idéia linear de que
toda causa tem um efeito, ela
sugere uma causalidade circular,
onde o próprio efeito volta sobre a
causa.
A terceira idéia é do looping auto-
produtivo. Neste sistema, o
produto é ele próprio o produtor. O
efeito é ao mesmo tempo uma
causa.
CIR
CU
LA
RID
AD
E
CIR
CU
LA
RID
AD
E
Os indivíduos
produzem a
sociedade. Mas
ela mesma,
como sua
linguagem e
cultura retroage
sobre os
indivíduos
transformando-
os. Somos
produtos e
produtores ao
mesmo tempo.
A parte está
dentro do todo,
mas o todo
está dentro das
partes.
O operador dialógico.
Para compreendermos alguns
fenômenos complexos é necessário
juntar duas noções que a princípio
são antagônicas, e que são, ao
mesmo tempo, complementares.
“Viver de
morte.
Morrer de
vida.”Heráclito
A intr
odução d
o
conhecedor
no
conhecim
ento
“O c
on
trá
rio
da
verd
ade n
ão é
um
err
o, m
as u
ma
verd
ade c
ontr
ária
”
“Partindo de um método
do conhecimento cheguei
em um pensamento e, de
certo modo, em uma
filosofia.
Filosofia que não
significa somente o
conhecimento isolado da
ética e da ação, mas que
se prolonga nos diversos
campos da existência”.
Edgar Morin.
A bibiliografia de Edgar
Morin reunida por um aluno
da Universidade de
Carabobo na Venezuela -
Alejandro García Malpica –
até Maio de 2004 – tem 163
páginas.
Sua obra se espalha para
todos os lados, entre todas
as áreas do conhecimento.
Morin é o que pensa.
bib
liog
rafia