Post on 02-Feb-2021
Este guia foi elaborado pela senhora Otila Kawano, da Associação
Ciranda no Kai. Contribuíram a oficial de chancelaria Elisa Maia
Pereira Mendes (revisão, diagramação e arte-final) e a auxiliar
administrativa Saeko Rotondano Jorge (revisão dos termos em
japonês), do Consulado-Geral do Brasil em Nagoia.
Créditos das imagens da capa:
Esquerda superior – Bianca Tami Matayoshi Hanawa.
Direita superior – Jennifer Ayuri Tuzimoto Miahira.
Esquerda inferior – Raica Ayrim Suguiyama Miahira.
Direita inferior – Brian Yukio Matayoshi Hanawa.
APRESENTAÇÃO
É com grande alegria que o Consulado-Geral do Brasil em Nagoia
apresenta à comunidade brasileira no Japão este Guia de Ingresso na Escola
Primária Japonesa, produzido com carinho e dedicação pela Associação
Ciranda no Kai e elaborado pela educadora brasileira Otila Kawano.
Encontram-se aqui compiladas informações e dicas para a preparação e
adaptação das famílias ao sistema escolar público japonês, cujas
características únicas exigem planejamento cuidadoso de pais e familiares,
para apoiar o melhor desenvolvimento possível da criança de raízes culturais
brasileiras, em ambiente social tão distinto.
Há 110 anos, os primeiros imigrantes japoneses chegavam ao Brasil.
Hoje, a comunidade nipo-brasileira vive bem adaptada em nosso país, tendo
alcançado posições de destaque e prestígio nas áreas das artes, dos negócios
e da política, entre outros.
É nosso desejo contribuir para que a comunidade brasileira no Japão,
cuja vinda se deu há cerca de 30 anos, alcance, na sociedade japonesa, o
mesmo sucesso que seus antepassados alcançaram no Brasil. A
escolarização de jovens e crianças é talvez o maior desafio que famílias
brasileiras enfrentam ao vir para o Japão e esse guia busca prestar
orientação e preencher a lacuna de informação sobre o sistema educacional
japonês.
Nagoia, setembro de 2018.
Nei Futuro Bitencourt Cônsul-Geral do Brasil em Nagoia
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...3
2. INGRESSO NO SISTEMA ESCOLAR PÚBLICO JAPONÊS PARA
CRIANÇAS COM VÍNCULOS NO EXTERIOR………………………….……………..4
3. ENSINO FUNDAMENTAL JAPONÊS (ANTIGOS PRIMÁRIO E GINÁSIO NO
BRASIL) - SHOUGAKKOU E CHUGAKKOU………………………........................6
4. DESPESAS ESCOLARES E AUXÍLIOS MUNICIPAIS……….….........……8
5. MATERIAL ESCOLAR……………………………………………………..……9
6. UNIFORME ESCOLAR E REGRAS DE VESTIMENTA………………..……10
7. IR E VOLTAR DA ESCOLA COM SEGURANÇA………………………..…...11
8. O ANO LETIVO NA ESCOLA JAPONESA………………………….…..…….13
9. UM DIA DE ROTINA NA ESCOLA JAPONESA…………………….…….…..16
10. COMUNICAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA…………………….……18
11. CLASSES DE REFORÇO E CLASSES ESPECIAIS…………….…….…….20
12. INTIMIDAÇÕES E MAUS TRATOS – “BULLYING” (IJIME)…….……….…..21
13. DICAS PARA VERIFICAR A CONDIÇÃO ATUAL E PREPARAR SUA
CRIANÇA PARA A VIDA ESCOLAR……………………………………...…….……..25
14. PARA FINALIZAR…………………………………………………….…..……...27
15. PERGUNTAS E RESPOSTAS………………………………………….….….28
16. GLOSSÁRIO DE TERMOS ESCOLARES………………………………..….33
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1. INTRODUÇÃO Independentemente do país escolhido para viver, a educação das
crianças deve ser sempre uma prioridade. Muitos pais e responsáveis de
crianças em idade próxima ao ingresso escolar que já vivem ou que estão se
programando para residir no Japão se veem às voltas com dúvidas sobre qual
escola escolher, qual sistema educacional (brasileiro ou japonês) será
adequado para a criança, como se preparar para o ingresso, entre inúmeras
outras questões. Pensando nessas pessoas, selecionamos algumas
informações importantes sobre o sistema público das escolas japonesas, para
proporcionar às famílias maior segurança na hora de tomar a decisão mais
importante da trajetória educacional do filho.
A atenção para o ensino dos filhos é, por si mesma, uma prioridade
absoluta para os pais. Cuidar da educação das crianças é prevenir uma série
de consequências que, mais tarde, podem perseguir as famílias como
problemas muito maiores. Por inadequação do ensino, falta de atenção e de
acompanhamento dos pais, falta de tempo para dedicar aos filhos, simples
perda de interesse e, em alguns casos mais graves, puro abandono dos filhos
em casa, é comum ver jovens sem futuro profissional melhor. Alguns acabam
envolvidos com atividades ilícitas ou, em casos mais extremos, atraídos pelo
crime organizado para tráfico ou prostituição.
O processo de adaptação e acompanhamento da vida escolar de nossas
crianças no Japão requer tempo, disposição e compreensão do sistema
educacional, para assegurar que elas tenham o melhor aproveitamento
possível. Muitos pontos abordados neste guia são temas aos quais
naturalmente daríamos atenção, se estivessémos em nosso próprio país. Mas,
como a barreira do idioma no Japão pode ser um obstáculo, buscamos facilitar
o acesso à informação, para evitar dificuldades desnecessárias às famílias e,
principalmente, às crianças brasileiras.
Ao dar início ao processo de matrícula dos filhos na escola, as famílias
brasileiras entram em contato com aspectos da vida no Japão que mostram
bem as diferenças entre as duas sociedades e as muitas exigências e
cuidados que cercam a vida das famílias, neste país. Mostram também o
cuidado, a disciplina e a atenção para detalhes que se espera dos cidadãos
que vivem no Japão.
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2. INGRESSO NO SISTEMA ESCOLAR PÚBLICO JAPONÊS PARA
CRIANÇAS COM VÍNCULOS NO EXTERIOR
A matrícula escolar nas escolas públicas japonesas é opcional para
crianças estrangeiras. Entretanto, todas as famílias de crianças com vínculos
no exterior podem solicitar uma vaga no sistema público de ensino japonês.
Quando a criança chega à idade de ingresso escolar (6 anos), as prefeituras
onde a família tem o registro de residência enviam um aviso para os
responsáveis, e aqueles que desejarem podem matricular seus filhos nas
escolas públicas de ensino fundamental. Para isso, precisam comunicar ao
Setor de Escolas da Secretaria de Educação Municipal na prefeitura local
(shiyakusho kyouiku iinkai, gakkou kyouiku ka) através da “Solicitação de
permissão para matrícula” (nyuugaku negai sho). É necessário ir ao Setor de
Escolas da prefeitura levando o registro de estrangeiro (zairyuu card) da
criança e o carimbo do responsável (inkan).
Crianças que chegam ao Japão após o período de ingresso regular (por
exemplo, da 2ª série em diante), também podem ser matriculadas nas escolas
públicas japonesas. Para isso, os pais e/ou responsáveis devem visitar o setor
de escolas, no prédio da prefeitura da cidade onde residem, e fazer a
solicitação de matrícula para a escola mais próxima de sua residência. Atente
para o fato de que no Japão, via de regra, a escola determinada para a
matricula é a que se localiza no bairro onde a criança reside.
Apoio para alunos estrangeiros
No caso de alunos de origem estrangeira que necessitem de apoio para a
aprendizagem escolar, deve-se pesquisar, antes de tudo, se existem escolas
com apoio ao aluno estrangeiro perto do endereço que a família escolheu para
morar. Algumas escolas contam com intérpretes e auxiliares escolares, que
estão disponíveis em dias e horários específicos. Outras oferecem sala de
apoio ao reforço escolar ou aprendizado de base às crianças com vínculos no
exterior. Informe-se diretamente na escola sobre estes detalhes ou consulte o
balcão de escolas na prefeitura de sua cidade (gakkou kyouiku ka). Estar
informado sobre os tipos de apoio ao aluno e à família estrangeira oferecidos
pela escola pode ser um grande diferencial para acompanhar a educação de
sua criança.
Nem todas as escolas oferecem apoio efetivo aos alunos e pais
estrangeiros. Algumas cidades aceitam que a criança frequente escolas fora
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de seu distrito, desde que os pais se comprometam a levar e buscar a criança
na escola, por segurança. Pesquise como funciona o sistema de sua cidade.
Exame médico
Toda criança que for matriculada em uma escola japonesa será
submetida ao exame médico para ingresso escolar (nyuugakuji kenshin), um
exame obrigatório antes de começar os estudos. A escola determinará a data
e hora do exame e comunicará ao responsável pela criança. Normalmente os
exames (clínica geral, oftalmologia, odontologia, QI simples etc.) são
realizados todos no mesmo dia e na escola onde a criança irá ingressar.
Nesse mesmo dia, os pais também recebem informações para cuidados de
saúde, preparação para o ingresso na escola e documentação escolar que
deve ser preenchida e devolvida no dia da palestra para ingresso (nyuugaku
setsumeikai).
Reunião explicativa
Depois do exame médico e antes da cerimônia de ingresso (nyuugaku
shiki) e início do ano letivo (shigyou shiki), é realizada a reunião explicativa
para ingresso escolar (nyuugaku setsumeikai), onde as famílias poderão
obter informações sobre a rotina escolar, valores das despesas escolares,
vestuário, objetos para levar à escola, agenda anual das atividades escolares
etc. É de extrema importância participar desta reunião para conhecer o
funcionamento da escola e saber como fazer os preparativos para o ingresso
de sua criança.
Período de adaptação
Nas primeiras semanas após o ingresso escolar, a criança passa pelo
período de adaptação, durante o qual vai à escola apenas no período da
manhã para se acostumar às instalações e à rotina. Recebe orientação sobre
como fazer as atividades em grupos, faz visitas guiadas pelas dependências
da escola e aprende a utilizar os banheiros.
Para que não se canse muito com a nova rotina, a criança vai para casa
antes do almoço e em grupos de percurso, para aprender a andar com
segurança pelas ruas. Somente com a introdução do almoço escolar é que
passa a cumprir o cronograma completo de atividades.
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3. ENSINO FUNDAMENTAL JAPONÊS (ANTIGOS PRIMÁRIO E
GINÁSIO NO BRASIL) - SHOUGAKKOU E CHUGAKKOU
O primário (shougakkou) tem duração de 6 anos, e o ginásio
(chugakkou), de 3 anos, totalizando 9 anos. Os dois estágios de ensino são
obrigatórios para os nacionais japoneses, mas qualquer criança estrangeira
também pode ingressar nesse sistema, bastando para isso cumprir os trâmites
necessários.
A taxa de alfabetização e de frequência escolar para os 9 anos de
escolaridade obrigatória é de 99,98%. A média de horas escolares diárias
é de 6 horas, exceto para algumas classes do primário.
Disciplinas e conteúdos
Normalmente, no ensino primário, um professor ensina todas as
disciplinas para cada classe, que tem em média de 30 a 40 alunos. Além
das disciplinas regulares, os alunos têm aulas extracurriculares e aulas
práticas em laboratórios, salas de música, laboratórios de culinária etc.
No primário, as disciplinas regulares são: língua japonesa, estudos
sociais, estudos gerais, matemática, ciência, estudos ambientais, música,
arte e artesanato, vida cotidiana, economia doméstica, educação moral,
educação física e caligrafia (shosha-shodou). As disciplinas também
incluem temas como poesia tradicional (haiku) e ábaco (soroban). A
língua inglesa foi incluída a partir do primeiro ano do fundamental, mas
ainda com uma carga de poucas horas anuais.
Obrigações do aluno dentro e fora da escola
O sistema de ensino japonês valoriza muito a higiene, a pontualidade,
a cooperação, o trabalho em grupo e a hierarquia . Para isso, os alunos
são incentivados a desenvolver diversas tarefas que visam promover a
responsabilidade, o respeito pelos mais velhos e a relação
novato/veterano (kouhai/senpai), em que os mais velhos cuidam dos
mais jovens e os mais jovens aprendem com os mais velhos. Essa
relação é bem notada principalmente nos grupos de percurso de ida e
volta da escola, nos quais um aluno veterano fica responsável por orientar
e guiar o grupo de alunos mais novos do ponto de encontro do grupo até a
escola, bem como por reportar aos professores quaisquer ocorrências no
percurso.Também na participação para a organização dos eventos
http://www.japaoemfoco.com/professores-no-japao/
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escolares, as responsabilidades são distribuídas de acordo com o ano
letivo, sendo que as maiores responsabilidades cabem aos alunos
veteranos.
Como forma de estimular os estudantes a pensar no bem-estar do
grupo onde vivem, as escolas japonesas realizam uma divisão das tarefas
de manutenção e organização escolar, e os alunos ganham funções em
diversas situações cotidianas, como na distribuição da merenda
(kyuushoku touban).
A merenda escolar é realizada em sala de aula e, em várias escolas
de Aichi-ken, é produzida no setor de merenda escolar localizado na
cidade, chegando às escolas um pouco antes da hora do almoço, pelo
sistema de distribuição dos caminhões da merenda. A maior parte da
organização, desde o momento em que o caminhão chega à escola e a
merenda é recebida na cozinha, até a distribuição adequada nos
carrinhos que irão para as salas de aula, é realizada pelos funcionários do
setor de merenda, que fazem a divisão de acordo com o número de
alunos e funcionários presentes no dia. Só depois que a merenda já está
dividida adequadamente nos carros de distribuição é que o grupo de
alunos escalados para fazer a distribuição da merenda nas salas toma a
frente neste trabalho.
Os grupos de rodízio de alunos para a distribuição da merenda e
outras tarefas são escolhidos por períodos. A cada período escolar, são
determinados os grupos e subgrupos de rodizío, tanto para a distribuição
da merenda, como também para limpeza das dependências escolares
(souji touban), radiodifusão (housou touban), organização do jornal de
divulgação dos eventos escolares e controle de saúde (hoken touban),
entre outros.
Os esportes também são bastante incentivados na escola, para
promover o bem-estar físico e mental, bem como a lealdade ao grupo.
Além das obrigações dentro da escola, as crianças do primário e
ginásio (shougakkou e chugakkou), devem seguir regras de
comportamento fora da escola, por questões de segurança. Por exemplo,
não é recomendável que crianças desacompanhadas dos pais ou
responsáveis frequentem locais como karaokês, casa de jogos
eletrônicos, shopping centers etc... Também é desaconselhável ir a
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bairros afastados do distrito da escola sem a companhia de um adulto
responsável.
Avaliação e faltas
Durante a escolaridade obrigatória primária (shougakkou) nas escolas
japonesas, os estudantes não fazem prova avaliatória até alcançarem a quarta
série (10 anos de idade). Fazem apenas testes para averiguação da
assimilação dos conteúdos ensinados. Acredita-se que o objetivo dos três
primeiros anos de escola não é julgar o conhecimento das crianças, mas sim
estabelecer boas maneiras, desenvolver seu caráter, ensiná-las a respeitar as
outras pessoas e a serem gentis com os animais e com a natureza. Elas
também aprendem sobre generosidade, compaixão, empatia, autocontrole,
coragem e justiça.
Na escolaridade primária também não há avaliação educacional severa
com um mínimo de pontos a ser alcançado. Não há reprovação ou repetência,
exceto em casos especiais, como por exemplo, número excessivo de faltas. A
criança passará de ano de acordo com a idade e não de acordo com os
conteúdos aprendidos. Por isso, é de extrema importância NÃO faltar às aulas
e participar ativamente de todas as atividades escolares, tais como aulas
regulares e experimentais, gincana esportiva, excursões, treinamentos etc.
Todas essas atividades são consideradas para transmissão dos conteúdos
necessários, além de permitirem uma boa inserção do aluno no ambiente
escolar. Incentive sua criança a participar das atividades escolares. Não dê ou
crie motivos para que ela falte, como por exemplo: faltar porque um primo veio
visitá-lo, ou porque chove ou neva, porque é seu aniversário, por que a família
tirou folga em dia de semana etc. No Japão, estes não são motivos para faltar
à escola e podem, a longo prazo, comprometer a compreensão de conteúdos
trabalhados em determinados períodos.
Caso haja necessidade de faltar por motivo de doença, chegar atrasado
ou sair da escola antes do final da aula, é necessário avisar à escola o motivo.
Tenha sempre o telefone da escola anotado em local de fácil acesso e, sempre
que necessário, comunique emergências à escola. Mais adiante,
apresentaremos dicas de como se comunicar com a escola de forma simples,
mesmo para quem não domina o idioma japonês.
4. DESPESAS ESCOLARES E AUXÍLIOS MUNICIPAIS
Nas escolas japonesas, o valor das despesas escolares é arrecadado
https://awebic.com/animais/abracador-de-gatos/https://awebic.com/humanidade/como-ser-mais-generoso/
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antecipadamente no início de cada mês e se refere aos custos de almoço
(valor unitário por refeição em torno de 230 ienes) e material escolar (materiais
didáticos, apostilas etc.), que juntos somam cerca de 6.000 ienes (pode haver
variação desse valor de acordo com a região).
Além destas despesas, também é necessário pagar a mensalidade da
PTA (associação de pais e mestres). Para maiores detalhes, leia atentamente
a comunicação escolar sobre o assunto.
Para evitar riscos à segurança da criança e o extravio de valores
monetários, muitas escolas solicitam que a criança não leve dinheiro para a
escola, e sim que o pagamento das despesas seja feito por débito automático
em conta corrente. Para esse trâmite, as escolas costumam manter formulário
de cadastro para débito automático para distribuir, basta consultá-las.
Muitas cidades oferecem auxílio escolar para os pais que tenham
dificuldades para arcar com as despesas escolares. Para isso, a família deve
consultar a escola onde a criança irá ingressar ou o balcão de atendimento da
Secretaria de Educação, Setor de Escolas (gakkou kyouiku ka), sobre a
ajuda para as despesas escolares (shuugaku enjo seido).
5. MATERIAL ESCOLAR
A lista com todo o material básico para o primário estará disponível na
apostila que as escolas disponibilizam no dia da palestra explicativa para
ingresso. Em algumas escolas, é possível comprar alguns materiais como
piano de sopro, kit de matemática e outros no dia da palestra. Outras
oferecem uma lista com os nomes dos locais onde se pode adquirir os
materiais.
Os livros e cadernos didáticos são oferecidos gratuitamente pelo
município e entregues no dia da cerimônia de ingresso escolar. Caso tenha
alguma dúvida a respeito do material, mesmo com a lista em mãos, vale
consultar a escola sobre a necessidade de todos os materiais descritos ali.
Em alguns casos, conforme o nível de compreensão da língua japonesa pelo
aluno, poderá ser necessário adequar alguns materiais no início, ou adquirir
apenas o que será utilizado durante o período de adaptação.
Como regra geral, cada aluno deve levar todos os dias 5 lápis pretos e 1
lápis vermelho. O aluno deve apontar os lápis em casa todos os dias e
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também organizar o estojo para não esquecer nada. Embora haja
apontadores elétricos em todas as salas de aulas, é sempre orientado que o
estojo seja preparado em casa, no dia anterior à aula, devido ao tempo restrito
para realizar todas as atividades, e para evitar que a criança se distraía
durante as aulas.
Dicas para organização do material
☆ Anote o nome da criança em todos os objetos levados à escola,
mesmo os de menor tamanho (para melhor compreensão, é comum escrever
o nome da criança em hiragana). Assim, caso a criança esqueça ou perca
algo, o objeto retornará para ela. Ao anotar o nome da criança nos objetos,
peça ajuda dela, para que ela aprenda a identificar o próprio material.
☆ Quando a criança passar a fazer anotações no caderno de recados
(renraku chou), oriente-a a verificar o caderno todos os dias e a revisar os
materiais a serem levados para casa.
☆ Quaisquer mudanças no cronograma de atividades do dia seguinte
serão informadas no caderno de recados. Esteja atento para ajudar a criança
a preparar a mochila do dia seguinte.
☆ Não esqueça que é preciso levar o uniforme de Educação Física e a
sapatilha na segunda-feira. Leve-os de volta à casa na sexta-feira para lavar e
retornar na segunda-feira, sempre neste ciclo.
6. UNIFORME ESCOLAR E REGRAS DE VESTIMENTA
O uso de uniforme escolar durante os 6 anos de escola primária
(shougakkou) difere entre as regiões, cidades e até mesmo entre o tipo
de escola (pública e privada). Em Aichi-ken, província com grande
número de estrangeiros matriculados em escolas públicas japonesas, não
há obrigatoriedade do uso de uniforme na maioria das escolas públicas.
As crianças vão à escola com roupas confortáveis e que facilitem os
movimentos. No entanto, para todas as escolas de todas as regiões, é
necessário ter uniforme específico para as aulas de educação física,
natação e clubes esportivos.
Nas escolas japonesas, por questão de segurança, não é permitido o
uso de brincos, acessórios, maquiagem, esmalte, tintura de cabelo ou
perfume.
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7. IR E VOLTAR DA ESCOLA COM SEGURANÇA
Grupo de percurso escolar (Tsuugaku han)
Todos os alunos vão a pé até a escola. O “tsuugaku han” (grupo de
percurso escolar, ou simplesmente grupo de percurso) é o grupo de alunos
que faz o trajeto de ida à escola (em algumas escolas, ida e volta) todos os
dias, em períodos específicos, ou apenas em dias de eventos ou ocorrências
necessárias (o sistema varia de escola para escola). Esteja atento ao sistema
utilizado na escola de sua criança. No Japão, as crianças são incentivadas
desde cedo a desenvolver noções de segurança no trânsito, bem como
independência para ir e voltar da escola. Apesar dos altos índices de
segurança geral do Japão, existem ocorrências de raptos e crimes contra
crianças no percurso escolar, o que desperta grande preocupação nas
famílias estrangeiras. No entanto, deve-se levar em consideração que, antes
que a criança passe a ir e voltar sozinha da escola, ela passa por toda uma
preparação para isso, através de orientações e treinos.
Os grupos de percurso são definidos com base na distância da residência
do aluno e no tempo gasto para o percurso até a escola. Cada grupo de
percurso tem um aluno de série mais alta, que é responsável por comunicar o
local e horário da reunião do grupo de percurso até a casa do aluno da 1ª série,
em meados de março, antes do ingresso escolar. Ele lidera o grupo durante o
deslocamento nas idas e saídas escolares. Dependendo do grupo, o aluno
mais velho poderá buscar o aluno da 1ª série em casa até que este se
acostume com a nova rotina.
Recomenda-se que os pais ou responsáveis façam o trajeto escolar
junto com a criança antes do início das aulas. Isso ajudará a criança a
iniciar o aprendizado de segurança no trânsito, como esperar nos
semáforos, atravessar na faixa de pedestres e ter cuidados gerais para
andar nas ruas.
Quando, por motivo de força maior, a criança precisar faltar à escola,
é preciso avisar o líder do grupo de percurso, para que não fique
esperando desnecessariamente, pois todos os grupos têm horário certo
para chegar à escola.
Caso se sinta inseguro em deixar seu filho ir com o grupo de percurso, ou
sozinho, após o período de adaptação, sempre poderá acompanhá-lo no
trajeto, caminhando até a escola junto com o grupo. Como regra geral para
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evitar transtorno nos locais e ruas próximos, recomenda-se não fazer o
transporte das crianças em carro, pois, além de causar incômodo nas ruas
estreitas ao redor das escolas, isso limitará o aprendizado da criança sobre
regras de trânsito para andar pelas ruas com segurança.
Orientações para a criança
Respeitar as orientações da escola é de extrema importância para a
segurança da criança. Por isso, observe os pontos descritos a seguir.
Oriente a criança a:
○ Não sair correndo pelas ruas desatentamente.
○ Usar sempre o boné de segurança durante o trajeto, para chamar
atenção dos motoristas no trânsito (quase todas as escolas utilizam o boné de
cor amarela)
○ Usar sempre o mesmo trajeto definido pela escola. Assim será mais
fácil detectar algo errado e procurar a criança em caso de emergência.
○ Olhar para a direita e para esquerda, novamente para a direita e
levantar a mão antes de atravessar na faixa de pedestres.
Leve em consideração que o convívio e a educação familiar influenciam
em uma vida mais segura para a criança, pois é em casa que ela aprende os
hábitos de educação básica e cuidados como atenção ao caminhar pelas ruas
e não seguir a estranhos.
Apesar de as escolas escolherem o percurso escolar mais seguro, nada
garante que as crianças estarão cem por cento fora de perigo, pois algumas
negligenciam as normas de comportamento por se acostumarem ao trajeto
escolar ou desconhecerem orientações de segurança. Por isso, é importante
que os pais e responsáveis percorram o caminho juntamente com a criança,
para verificar os pontos importantes e dar a orientação necessária de como se
portar, andar pelas ruas e se defender, caso seja necessário.
Prevenção contra raptos
Apesar de o Japão ter uma segurança invejável, não é tão incomum ver
nos noticiários policiais casos de raptos de menores durante o percurso
escolar. Por isso, oriente a criança a nunca acompanhar estranhos – nem
pessoas conhecidas, se não estiver combinado com os pais e responsáveis.
Pessoas que oferecem carona e que parecem gentis na rua podem ter como
objetivo raptar a criança. As pessoas mal intencionadas podem ser tanto
homens quanto mulheres e estar de carro, moto ou mesmo a pé.
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Ensine seu filho a refugiar-se nas casas, lojas ou estabelecimentos com a
placa “KODOMO 110 BAN NO IE” quando sentir-se inseguro. Os locais com
essa placa são preparados para acolher a criança em situação de emergência
e entrar em contato com a polícia e a escola. Verifique junto com a criança
onde estes lugares estão localizados no seu bairro.
8. O ANO LETIVO NA ESCOLA JAPONESA
O ano letivo na escola japonesa começa em abril e termina em março e
é composto de 3 períodos.
Eventos escolares
Diferentemente de outros sistemas de ensino espalhados pelo mundo,
no Japão, os eventos e atividades escolares são de participação obrigatória,
pois fazem parte da aplicação de conteúdos escolares e também propiciam a
avaliação de participação e empenho do aluno.
Listamos a seguir os eventos mais importantes durante o ano letivo na
escola japonesa. Note que este calendário é apenas um exemplo, podendo
variar de acordo com a escola e a região.
1O
PERÍODO
Mês 4 (abril)
・Cerimônia de ingresso da 1ª série (nyuugaku shiki) e início do ano
letivo (shigyou shiki)
・Assembléia da Associação de Pais e Mestres – PTA (PTA soukai) (no
Japão, a associação de pais e mestres é muito importante e desempenha
ativamente papéis fundamentais na organização escolar)
・Visita do professor à casa do aluno (katei houmon)
・Visita dos pais e responsáveis às classes (jyugyou sankan)
Mês 5 (maio)
・Hasteamento das carpas de seda em homenagem ao dia das crianças
(kodomo no hi)
Excursão (ensoku)
・Visita do professor à casa do aluno (katei houmon)
Mês 6 (junho)
・Gincana esportiva (undoukai)
・Atividade para pais e filhos (oyako gakkyuu)
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・Aulas de natação (suiei shidou)
Mês 7 (julho)
・Reunião individual de pais e mestres (kondankai)
・Aulas de natação (suiei shidou)
Mês 8 (agosto)
・Férias de verão (natsu yasumi)
・Aulas de reforço e eventos durante as férias de verão
・Viagem de acampamento da 5ª série (kyanpu shizen kyoushitsu)
・Aula extras de natação
・Capinação e limpeza da escola para pais e filhos (oyako kusatori)
2O
PERÍODO - O período com mais eventos
Mês 9 (setembro)
・Volta às aulas (shigyo shiki)
・Escola aberta a visitação para os pais (gakkou koukaibi)
・Excursões para melhor compreensão de estudos sociais (shakai
kengaku)
Mês 10 (outubro)
・Viagem cultural da 6ª série (shuugaku ryokou) voltada à gradução do
primário
Mês 11 (novembro)
・Festival cultural (gakkou matsuri)
Mês 12 (dezembro)
・Atividades com os avós (ojiichan, obaachan to asobu kai)
・Reunião individual de pais e mestres (kondankai)
・Férias de inverno (fuyu yasumi)
3O
PERÍODO - O mais curto dos períodos
Mês 1 (janeiro)
・Volta às aulas (shigyou shiki)
Mês 2 (fevereiro)
・Comemoração do equinócio de primavera (setsubun)
・Visita dos pais e responsáveis às classes (jyugyou sankan)
Mês 3 (março)
・Apresentações escolares (gakushuu happyou)
・Cerimônia de formatura (sotsugyou shiki)
・Encerramento do ano letivo (shuuryou shiki)
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Férias
As férias escolares dividem-se em 3 blocos: férias de primavera (10 a
15 dias) férias de verão (40 dias) e férias de inverno (10 a 15 dias).
A escola japonesa não fecha durante períodos de férias. Os professores
fazem rodízio e sempre há alguém na escola, exceto em dias de feriados
nacionais. Também é comum encontrar os professores na escola após os
horários das aulas. Se a criança chegar em casa e percebe que esqueceu as
tarefas de casa na escola ou qualquer outro material necessário para levar à
casa, se não ficar muito tarde, é possível voltar na escola para pegar, mas se
perceber que ficou demasiado tarde, é recomendável ligar e explicar o
ocorrido e assim receber a orientação adequada de como deve proceder.
Durante as férias de verão, ocorrem diversas atividades na escola que
exigem a participação do aluno e do responsável, como por exemplo: aulas
de reforço, aulas extras para realização das tarefas de verão, aulas de
natação, acampamento escolar, limpeza geral - a capinação e limpeza
externa da escola (oyako kusatori) é de responsabilidade dos pais, alunos e
professores, que devem limpar e organizar a escola a fim de que o ambiente
escolar esteja seguro para as crianças na volta às aulas.
Tarefas de casa
Em geral, a criança levará tarefa para casa todos os dias. As tarefas de
casa têm o intuito de reforçar a aprendizagem diária na escola. Inclusive nas
férias de primavera, verão e inverno, os alunos também levam para casa
muito material para treinar e aprimorar os conteúdos ministrados nos
períodos. Nas férias de verão, as tarefas de casa englobam trabalhos de
artes, caligrafia, redação etc. que são enviados para concursos escolares,
com direito a reconhecimento e premiações. Por isso, mesmo durante as
férias de verão, há datas específicas em que o aluno deve ir à escola
entregar os materiais para os concursos.
Reuniões de pais e mestres
As reuniões de pais e mestres ocorrem uma vez por período, ou seja,
três vezes durante o ano letivo. Elas têm por objetivo informar sobre o
desenvolvimento do aluno e captar a atenção dos pais e responsáveis para
que possam acompanhar o processo educacional da criança. Apesar do
tempo limitado para as reuniões, elas são uma excelente oportunidade para
tirar dúvidas e expor preocupações aos professores. Uma dica valiosa para
aproveitar bem o pouco tempo é anotar as preocupações e dúvidas e
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enviá-las ao professor antes da reunião. Assim, ele terá tempo de organizar
os conteúdos e tornar a reunião mais produtiva.
Eventos para a família
Ao longo do ano letivo, a escola realiza eventos abertos à participação
de pais e familiares, com o objetivo de proporcionar à família uma
oportunidade de acompanhar o desenvolvimento escolar da criança.
Sabemos que, na comunidade brasileira, devido às longas jornadas de
trabalho, os pais muitas vezes não têm tempo disponível para acompanhar
todas as atividades escolares. Uma dica é deixar a programação anual dos
eventos escolares em local de fácil acesso (no início de cada ano letivo, a
escola disponibiliza uma folha com as datas dos eventos de todo o ano) e se
programar com antecedência para estar presente nos principais. Além disso,
muitos eventos, como as gincanas esportivas e as atividades para pais e
filhos, são programados para o final de semana, o que facilita a participação
familiar. Deve-se lembrar que a participação dos pais e responsáveis
transmite segurança à criança, que se empenhará ainda mais para evoluir
sabendo que será assistida e acompanhada.
Além dos eventos listados anteriormente, todos os meses a escola envia
a programação detalhada por série, e todos os demais eventos escolares são
notificados através de folhas informativas. Algumas escolas também possuem
site próprio, onde às vezes é possível ter acesso à programação traduzida em
idiomas estrangeiros.
9. UM DIA DE ROTINA NA ESCOLA JAPONESA
Na escola, é necessário seguir corretamente o cronograma das
atividades para ter um melhor aproveitamento. A seguir, apresentamos um
exemplo da rotina diária/semanal de uma turma da 1ª série. Observe que a
programação pode variar de acordo com a escola e região.
17
18
10. COMUNICAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA
Alguns pais estrangeiros reclamam das exigências referentes à
organização para frequentar a escola japonesa. Vale lembrar que o apoio
familiar é indispensável para uma melhor educação escolar da criança. Uma
família bem orientada trabalhará junto à escola na evolução educacional da
criança. Além disso, a participação da família contribuirá para a segurança do
aluno. Quando uma criança falta à escola sem aviso, por exemplo, pode ter
ocorrido algo no percurso escolar. Somente a correspondência eficaz entre
família e escola possibilitará sanar qualquer dúvida ou emergência. Para estar
bem preparado, nada melhor que estar bem informado.
Faltas, atrasos e saídas antecipadas
Caso precise faltar por motivo de doença (falta = kesseki), ir a uma
consulta médica e chegar mais tarde (atraso = chikoku) ou ainda sair antes
do final das aulas (sair cedo = hayabiki / soutai), é necessário avisar ao
professor responsável da classe, sempre.
Para avisar ao professor, cada escola tem seu sistema próprio. O mais
utilizado é enviar o caderno de recados à escola. A seguir, demonstramos as
formas mais simples de comunicação com a escola japonesa para situações
de FALTAR, SAIR MAIS CEDO ou ATRASAR.
・Para quem consegue escrever em japonês: Escreva no caderno de
recados o motivo pelo qual a criança irá faltar/atrasar/sair mais cedo e envie o
caderno de recados por um irmão (caso tenha irmãos na mesma escola), um
coleguinha do mesmo grupo de percurso, ou o líder do grupo de percurso. O
próprio responsável pela criança também poderá deixar o caderno na escola
mais cedo, para que o professor receba o recado. A devolução do caderno de
recados será feita através de irmão ou de um colega da escola que more
próximo. Muitas escolas pedem que seja anotado na capa do caderno o nome
do colega que irá transportá-lo em caso de necessidade.
・Para quem não consegue escrever em japonês: veja a seguir formas
simples para comunicar à escola a falta ou atraso. É possível imprimir o
quadro abaixo e mantê-lo sempre à mão, para quando for necessário. Circule
ou recorte e cole no caderno de recados os trechos que necessita.
19
Outras situações
É recomendado também comunicar à escola os seguintes casos:
(a) alteração de endereço e/ou número de telefone;
(b) transferência de escola, mudança de bairro ou província;
(c) viagem ao país de origem (deve ser avisada à escola e ao conselho
de educação da cidade com pelo menos 1 mês de antecedência).
20
11. CLASSES DE REFORÇO E CLASSES ESPECIAIS
Classes de reforço (Nihongo gakkyuu)
Para os alunos com vínculos no exterior, muitas escolas japonesas
oferecem, além das classes regulares, as classes de reforço e apoio ao
estrangeiro, que podem ter muitos nomes (kokusai gakkyuu, nihongo
gakkyuu etc.). Muitos pais e responsáveis confundem as classes de reforço e
apoio ao estrangeiro com as classes de ensino especial (tokubetsu shien
gakkyuu), para crianças com algum distúrbio de desenvolvimento e
aprendizagem, das quais falaremos mais à frente.
Embora a organização das classes de reforço varia de escola para escola,
trata-se de um sistema criado pelo Ministério de Educação do Japão. Escolas
com número igual ou superior a 10 alunos com vínculos no exterior podem
solicitar professores designados para auxiliar esses alunos na compreensão
dos conteúdos acadêmicos e da rotina escolar. Após um tempo de apoio, o
aluno poderá acompanhar os conteúdos em classe regular. As classes de
reforço são ministradas em horário escolar, de acordo com agenda
pré-determinada e matérias específicas. Nas escolas onde o sistema funciona,
a criança é avaliada e o professor da classe de reforço trabalha em conjunto
com o professor da classe regular para que ela tenha acesso aos conteúdos
de acordo com sua necessidade. A agenda também é programada de acordo
com a necessidade individual do aluno, e ele vai ao reforço nos horários das
matérias que não consegue acompanhar em classe regular, mas faz todas as
demais matérias e atividades com a classe regular. No entanto, este sistema
nem sempre é ativo e eficiente. Há que se levar em consideração a situação
individual da criança, suas dificuldades com o idioma, o profissional
disponibilizado pela escola e principalmente o apoio familiar. Em várias
cidades, a evolução deste tipo de apoio é notável, e muitos alunos são
beneficiados pelas classes de reforço. Por isso, caso a escola em que sua
criança irá ingressar ofereça classe de reforço, vale solicitar permissão para
visitar antes do ingresso e observar de perto qual o tipo de apoio oferecido
para, assim, definir se é ou não necessário solicitá-lo.
Classes especiais (Tokubetsu shien gakkyuu)
São classes onde, independentemente da nacionalidade, são acolhidas
todas as crianças que apresentam distúrbios de desenvolvimento e
aprendizagem e necessitam de apoio especial na rotina escolar. Há alguns
tipos de classes especiais: classe para crianças com distúrbios leves, para
crianças com deficiências físicas e para crianças com distúrbios mais
21
acentuados ou dificuldade de convivência social.
Como regra, as crianças indicadas para frequentar essas classes passam
por uma triagem com profissionais de saúde e assistência social antes do
ingresso. Os pais e responsáveis também são orientados para saber como
ajudar em todo o processo, definindo metas de aprendizagem junto como os
profissionais que atenderão à criança. Por isso, caso observe que sua criança
tem algum tipo de dificuldade de aprendizagem, consulte os profissionais
escolares e de saúde, que poderão ajudar a orientar e organizar a melhor
forma de apoiar o aluno. Junto a esses profissionais, a família poderá definir
se há ou não necessidade de acolhimento em classe especial.
12. INTIMIDAÇÕES E MAUS TRATOS – “BULLYING” (IJIME)
Um ponto delicado que sempre gera conflitos e insegurança são as
ocorrências de intimidações e maus tratos nas escolas japonesas, o bullying,
conhecido em japonês como ijime.
Grande parte da insegurança dos pais diz respeito ao desconhecimento
de regras simples de convívio social que, quando não compreendidas ou mal
interpretadas, podem gerar situações negativas e mal-entendidos,
desencadeando no ijime. Na maioria das vezes, com uma boa comunicação,
chega-se a uma solução simples do problema, com compreensão de todas as
partes (famílias, crianças e escola). No entanto, existem casos reais de ijime.
Atitudes de preconceito e maus tratos podem ocorrer em qualquer tipo de
ambiente social, e a escola não está 100% protegida desse tipo de ocorrência,
seja entre os próprios colegas ou entre professores e alunos. Por isso, é
importante conhecer mais o assunto e saber identificar esse tipo de situação,
para poder agir corretamente a fim de evitar, eliminar e/ou buscar ajuda, em
prol do bem-estar das crianças.
Fatores como incompreensão quanto às diferenças culturais, barreira do
idioma ou postura inadequada no contexto das atividade escolares podem
deixar impressões erradas ou gerar confusão, levando ao ijime. Mas, mesmo
com toda atenção e esforço para seguir as regras escolares, qualquer um
pode sofrer maus tratos e preconceitos.
A melhor forma de detectar e impedir situações que podem levar ao ijime
é estar sempre atento ao que se passa na escola, dispor de tempo e
disponibilidade para ouvir o que seu filho reporta sobre a rotina escolar e estar
22
presente ao longo da trajetória educacional da criança.
Esteja atento a algumas mudanças de atitude de seu filho, tais como:
ficar taciturno, retraído, não querer ir à escola sem motivo aparente, falta de
apetite, sono irrequieto, recolhimento voluntário, marcas no corpo sem
justificativa, irritabilidade, revolta, entre outros comportamentos destoantes da
rotina comum de estudante. São indícios de que algo não está bem. Não
perca tempo e, com as informações em mãos, busque o professor e a escola
para conversar e investigar. Caso não seja ouvido com atenção, busque ajuda
em órgãos de apoio.
Como procurar ajuda
1. Contate o professor e comunique o que está ocorrendo com seu filho
ou suas suspeitas.
2. Caso não seja ouvido, busque o vice-diretor (kyoutou sensei), que
normalmente é o responsável por receber as ocorrências e solucionar os
problemas escolares.
3. Se este também não lhe der ouvidos ou não solucionar as
ocorrências, busque o setor de escolas da prefeitura de sua cidade. O nome
do balcão em japonês é 学校がっこう
教育課きょういくか
(gakkou kyouiku ka). Reporte as
ocorrências e solicite ação.
4. Há vários outros órgãos sérios que acompanham esse tipo de
ocorrência. Veja adiante uma lista de contatos para buscar ajuda ou denunciar
por telefone.
5. Em qualquer situação, mantenha um dialógo aberto com sua criança,
busque estar disponível e aberto ao que ela tem a lhe contar, ofereça
segurança e apoio incondicional. A criança que sofre maus tratos tende a se
fechar, mesmo para os pais, e precisa se sentir acolhida para reportar o que
sofreu. Seja paciente e compreensivo com seu filho até que ele se sinta
seguro para contar o que passou ou está passando.
23
24時間じかん
子供こども
SOSダイヤル「子こ
どもSOS ほっとラインら い ん
24」
全国ぜんこく
共 通きょうつう
ダイヤルだ い や る
0120-0-78310な や み い お う
フリーダイヤルで、通話料つうわりょう
は無料むりょう
です(IP電話の一部はつながりません)
*いじめの問題もんだい
だけでなく、自分じぶん
や友とも
だちの命いのち
に関かか
わるSOSを相談そうだん
してくだ
Atendimento SOS nacional 24 horas0120-0-78310な や み い お う
Ligações gratuitas
Não somente para consulta pessoal, mas também para denunciar
ocorrências com amigos e colegas.
さい
<小学校低・中学年用>
Escolas primárias e ginasiais
一人で悩なや
まないで 相 談そうだん
しましょう! Não segure sozinho as preocupações, faça consulta!
(平成 29年 4月発行)
いじめ,不登校ふとうこう
,虐 待ぎゃくたい
,非行ひこう
問題もんだい
…で悩なや
んでいるあなた,そして家族かぞく
の
皆みな
さんの悩なや
みの相談そうだん
に応おう
じます。秘密ひみつ
は守まも
られます。安心あんしん
して電話でんわ
してく
ださい。 Bullying, evasão escolar, violência, delinquência… Caso esteja em uma destas
situações, ou para consultas familiares. Guardamos discrição, sinta-se seguro para nos ligar.
Abaixo, a lista de outros órgãos que
também recebem consultas e denúncias:
○ 被害ひがい
少 年しょうねん
相談そうだん
電話でんわ
〔 愛知県あいちけん
警察けいさつ
本部ほんぶ
AICHI KEN KEISATSU HONBU〕
少年しょうねん
の犯罪はんざい
等とう
被害ひ が い
に関かん
する相談そうだん
は
0120-786770 (月~金 9:00~17:00)
○ いじめ不登校ふとうこう
相談そうだん
窓口まどぐち
〔愛知県あいちけん
教 育きょういく
委員会いいんかい
AICHI KEN KYOUIKU
24
IINKAI〕
いじめや不登校ふとうこう
等とう
の家庭か て い
教育きょういく
に関かん
する相談そうだん
は
052-961-0900 (月~金 9:00~16:00)
○ 教 育きょういく
相談室そうだんしつ
〔愛知県あいちけん
総合そうごう
教 育きょういく
センター AICHI KEN SOUGOU
KYOUIKU CENTER〕
いじめ、不登校ふとうこう
、非行ひ こ う
、学業がくぎょう
、進路し ん ろ
、先生せんせい
の指導し ど う
等とう
に関かん
する相談そうだん
は
0561-38-2217 (月~金9:00~17:00)
○ 教 育きょういく
相談そうだん
こころの電話でんわ
〔愛知県あいちけん
教 育きょういく
・スポーツ振興しんこう
財団ざいだん
AICHI KEN
KYOUIKU SPORTS SHINKOU ZAIDAN〕
進路し ん ろ
、学習がくしゅう
、生活せいかつ
等とう
に関かん
する相談そうだん
は
052-261-9671(年末ねんまつ
年始ねんし
を除のぞ
く毎日まいにち
10:00~22:00)
○ 児童じどう
相談所そうだんじょ
全国ぜんこく
共 通きょうつう
ダイヤル〔各かく
地区ち く
児童じどう
相談所そうだんじょ
KAKU CHIKU
JIDOU SODANJO〕
育児い く じ
や子育こ そ だ
て、虐待ぎゃくたい
等とう
に関かん
する相談そうだん
は
189(いち・はや・く) (月~金8:45~17:30)
25
13. DICAS PARA VERIFICAR A CONDIÇÃO ATUAL E PREPARAR
SUA CRIANÇA PARA A VIDA ESCOLAR
Este tópico é um apanhado geral de comportamentos e atitudes que
podem ser um divisor de águas na vida escolar de sua criança, e por isso
devem ser observados com atenção. Lembre-se que no Japão, em quase
todas as situações, inclusive na vida escolar, onde a convivência é em grupo,
as atitudes individuais têm um peso enorme. Uma criança que compreende as
regras sociais e sabe como agir no cotidianotem mais chances de ser feliz e
produtiva, dentro e fora da escola.
Acordar cedo: A criança acorda todos os dias no mesmo horário? Toma
o café da manhã? As crianças que tomam café da manhã todos os dias
apresentam melhores resultados no aprendizado e estudos em geral.
Lavar o rosto: A criança lava o rosto todas as manhãs? Após lavar as
mãos, enxuga direito na toalha? Na escola primária, cada criança carrega sua
toalha de mão e deve saber usá-la quando necessário.
Trocar de roupa: A criança consegue colocar e tirar a roupa sozinha?
Abotoar, abrir / fechar o zíper? Para as aulas de Educação Física e natação, a
criança precisará saber trocar de roupa rápida e corretamente.
Alimentar-se/escovar os dentes: A criança faz as refeições
corretamente? Come de tudo? Consegue comer utilizando hashi (palitinhos)?
Escova os dentes após as refeições?
Ir à escola: Pela manhã, a criança tem tempo para aprontar-se com
calma até sair de casa? Sai de casa bem humorada?
Dormir cedo: A criança sempre dorme num horário pré-determinado,
sem ficar até tarde vendo televisão, lendo ou jogando games?
Ser organizado: Guarda os objetos após utilizá-los no lugar
estabelecido?
Brincar: Brinca amigavelmente com qualquer um? Espera sua vez,
obedece às regras das brincadeiras?
Ir ao banheiro: Tem o hábito de ir ao banheiro todas as manhãs? Sabe
se limpar sozinha?
Cumprimentos: De manhã e à noite, faz os cumprimentos com polidez? Tenta corrigir a atitude, se for chamada à atenção?
Bom dia = ohayou gozaimasu
Boa noite,antes de dormir = oyasuminasai Estou saindo/indo = ittekimasu
Cheguei = tadaima
26
Responder: Ao ser chamada, responde “hai” em voz alta e clara?
Falar: Fala corretamente seu nome? Consegue expor claramente e até o
final os seus pensamentos, idéias e acontecimentos?
Condição física:Tem condições físicas para ir à escola diariamente?
Uma criança saudável é uma criança que se desenvolve plenamente. Caso
observe qualquer detalhe que inspire preocupação com a saúde da criança,
consulte um especialista o quanto antes.
Segurança no trânsito: Sabe o significado das cores do semáforo,
conhece as regras básicas para pedestres (ex.: pedestres caminham do lado
direito). Uma boa dica é, antes do início das aulas, percorrer o trajeto fixo para
a escola, dando orientações relativas à segurança.
Boa educação: Fala corretamente de acordo com a situação (por ex.:
Bom dia, com licença, por favor, desculpe, etc.)? Chama as pessoas usando o
sufixo Sr. ou Sra. (-san)? Não somente na escola japonesa, mas em todos os
ambientes sociais, saber usar as formas de tratamento educada e
corretamente é fundamental para um bom convívio.
Relacionamentos: Fala mal dos outros? Tem atitudes agressivas?
Quebra coisas? Desconta sua raiva e frustrações em objetos? Em seguida,
sempre ganha o que quer? Saber esperar, ser tolerante, também faz parte da
aprendizagem e ajuda a evitar transtornos desnecessários.
Outros pontos importantes
Ter iniciativa e bons atos: Desde o primeiro ano, é necessário ter atos
solidários. Saber arrumar lado a lado os chinelos que utilizou no banheiro e os
calçados na prateleira da entrada, devolver os objetos utilizados aos locais
determinados, por exemplo, são atitudes importantes para a organização
escolar e a boa convivência em grupo.
Refletir e ser bondoso: Pensar antes de agir e ter atitudes educadas
são muito importantes. Se a família oferecer colaboração e tranquilidade para
que a criança se expresse com calma, tudo se encaminhará para o se melhor
desenvolvimento.
27
14. PARA FINALIZAR
Estar bem informado, buscar sempre aprender mais e estar presente e
participativo na educação escolar das crianças são condutas fundamentais
para que seu filho receba uma educação que fará a diferença para seu futuro
e sua sociedade.
Esperamos ter contribuído para ajudar sua família a escolher a escola
mais adequada para sua criança e a prepará-la para o início dessa nova fase
da melhor forma possível. Desejamos que sua criança experimente um
ingresso escolar tranquilo e feliz no Japão.
Nas páginas seguintes, apresentamos uma série de perguntas e
respostas e um pequeno glossário de termos educacionais frequentemente
utilizados nas escolas japonesas.
28
15. PERGUNTAS E RESPOSTAS
Que tipo de apoio meu filho terá para seu aprendizado na escola
japonesa?
Assim como o apoio as pais, o apoio oferecido à criança estrangeira pela
escola varia de cidade para cidade. Consulte diretamente a escola onde o
aluno ingressará, inclusive para expor as necessidades do aluno e da família.
Meu filho precisa de educação especial, onde consigo orientação?
Procure o balcão de atendimento do setor de escolas (gakkou kyouiku
ka) da prefeitura de sua cidade.
Não entendo japonês, terei apoio e orientação em minha língua
materna na escola japonesa?
Dependerá muito da região, cidade e escola que escolherá para seu filho.
Recomenda-se pesquisar isso antes de escolher o bairro onde irá morar, pois,
via de regra, a criança é matriculada na escola do bairro onde reside.
Posso matricular meu filho numa escola em outro bairro que não o
de minha residência?
Depende muito da cidade ou região. Em Aichi, muitas cidades já aceitam
esse procedimento, considerando que as escolas que oferecem apoio ao
aluno estrangeiro nem sempre estão localizadas no bairro de residência da
família. No entanto, é necessário contatar diretamente o setor de educação da
cidade e a escola desejada.
Preciso pagar pelos materiais e merenda escolar?
Sim. Caso a família esteja em situação de necessidade econômica
extrema e não tenha como custear necessidades básicas, poderá solicitar
auxílio financeiro para as despesas escolares; porém, a ajuda cobre apenas
parte dos gastos. Para mais informações, consulte diretamente a escola ou o
setor de escolas de sua cidade.
Qual é o valor do auxílio escolar para escolas japonesas?
Os auxílios para as despesas escolares no sistema público de ensino
cobrem parte dos gastos com merenda e materiais. Em algumas regiões, ou
em situações especiais, esses serviços podem ser oferecidos gratuitamente.
Consulte a escola de seu filho ou o setor de educação de sua cidade.
29
Onde comprar os materiais escolares?
Alguns materiais devem ser comprados na escola, outros em lojas de
material escolar ou lojas de departamentos. Os livros didáticos são fornecidos
gratuitamente pelo governo nacional.
Posso conseguir materiais usados gratuitamente?
A compra do material escolar, incluindo uniformes e mochilas, é
responsabilidade dos pais. Dependendo da cidade ou região, algumas escolas
primárias e ginasiais realizam bazares de produtos usados durante o festival
cultural escolar, onde se pode encontrar até mesmo mochilas e uniformes a
preços módicos. Pergunte se a escola onde pretende matricular seu filho
realiza esse tipo de evento.
Posso levar e buscar meu filho de carro até a escola?
Como regra geral, as crianças vão e voltam juntas da escola a pé, para
adquirir independência. Levar ou buscar de carro, somente em caso da
criança com necessidades especiais ou temporariamente impossibilitadas de
andar. Caso não se sinta seguro em deixar a criança ir com os colegas, o mais
recomendável é ir caminhando junto com o grupo, na ida e na volta da escola.
Meu filho pode ir à escola de bicicleta?
Via de regra, durante a escola primária (shougakkou), o aluno não pode ir
à escola de bicicleta. Já durante a escola ginasial (chuugakkou), o uso da
bicicleta pode ser liberado, dependendo da distância entre a residência do
aluno e a escola e das atividades de clube. Consulte diretamente a escola
para ter certeza se cumpre os requisitos necessários.
Em caso de emergência, posso enviar outra pessoa para buscar
meu filho na escola?
Pode, mas deve informar a escola antecipadamente. Por questões de
segurança, as escolas mantêm registros com os nomes das pessoas
autorizadas a buscar a criança em situação de emergência. Como regra, a
escola não permite que a criança saia com pessoas cujo nome não esteja na
lista.
Sou obrigado a ir às reuniões de pais e mestres?
Não é obrigado, mas deixar de ir às reuniões pode ser prejudicial ao
acompanhamento da vida escolar da criança, pois a família não saberá como
anda o rendimento e o comportamento escolar, além de perder a oportunidade
de tirar dúvidas ou expressar preocupações ao professor.
30
As viagens escolares (acampamentos e viagens culturais) são
obrigatórias?
Apesar de não serem obrigatórias, todos os alunos participam, salvo em
caso de doença ou de força maior. As viagens fazem parte do currículo e são
importantes para que o aluno desenvolva noção do espaço que ocupa na
sociedade e aprenda a ter atitudes que visem o bem comum.
Existem locais gratuitos no bairro que recebem a criança após o
final da aula na escola japonesa (after school)?
Cada cidade e região tem locais variados, mas poucos são gratuitos,
como o centro comunitário infantil (jidou center). Em geral, os clubes
pós-escola (gakudou hoiku) são pagos. Em alguns locais, existem demandas
para tornar esse acolhimento gratuito, por meio de associações e NPO’s
(organizações sem fins lucrativos).
Como funciona o gakudou hoiku (clube de acolhimento no horário
pós-escola regular)?
Os locais conhecidos como clubes de acolhimento de criança após o
horário de escola regular são clubes (gakudou), normalmente privados, onde a
criança faz atividades de interação e recreação. Alguns oferecem auxílio nas
tarefas de casa.
Meu filho não pára quieto e não escuta ninguém. Ele conseguirá se
adaptar à escola japonesa?
Caso tenha grande preocupação com a inquietude de seu filho, é
recomendável buscar ajuda profissional. Consulte o balcão de escolas da
prefeitura (gakkou kyouiku ka), que poderá indicar setores competentes para
investigar e oferecer apoio à criança.
Matriculado em escola japonesa, meu filho esquecerá o português?
Não necessariamente. Tudo dependerá do apoio e da orientação familiar.
Manter a língua nativa em casa influencia positivamente o desenvolvimento da
criança e contribui para que ela mantenha sua identidade cultural e adquira
mais facilidade para aprender outros idiomas. Entre inúmeros benefícios
divulgados por pesquisadores, dominar a língua nativa facilita a comunicação
familiar eficaz, transmite segurança e empoderamento cultural ao falante e
proporciona melhor assimilação de conteúdos aprendidos em outros idiomas.
Sem atenção da família à questão do idioma, a criança poderá ficar limitada
tanto na língua nativa quanto na língua estrangeira, sem dominar nem uma
31
nem outra.
Seguem orientações para assegurar o melhor desenvolvimento de seu
filho: quando em casa, mantenha o diálogo com seu filho em sua língua nativa;
converse sobre assuntos variados e não apenas trivialidades; fale sobre a
cultura do país de origem; faça com que ele adquira um bom conhecimento de
leitura e escrita em sua língua; incentive a leitura de livros em português;
ensine a seu filho palavras às quais ele não terá acesso durante o tempo
passado na escola japonesa; torne prazeroso falar em seu idioma (não fale
português apenas na hora de chamar atenção).
Na escola japonesa, seu filho terá acesso aos conteúdos escolares em
japonês, por isso não se preocupe em ensinar em casa a língua japonesa.
Separe os ambientes para evitar que haja confusão, nunca fale com a criança
misturando os dois idiomas. Se optar por conversar em japonês, procure falar
sentenças completas e corretas, identifique as dificuldades de pronúncia e
incentive a repetição. Se possível, repita a mesma fala em português. Não é
uma tarefa fácil, mas vale a pena investir tempo e atenção para criar filhos
bilíngues que terão autonomia para se comunicar.
E se meu filho não se adaptar à escola japonesa?
Em sua grande maioria, os casos de inadaptação à escola japonesa se
devem à preparação inadequada para isso, devido à falta de informação e
planejamento familiar.
Famílias imigrantes cuja prioridade é o aspecto financeiro geralmente se
instalam nos locais que oferecem as melhores ofertas de trabalho, mas não
necessariamente as escolas mais bem preparadas para a educação do aluno
estrangeiro.
Se você tem uma criança que deseja ingressar no sistema escolar
japonês, pesquise! Busque informações sobre como funciona, onde há apoio,
onde não há, como obter etc. Converse com outros pais que já têm filhos
estudando. É possível pesquisar escolas mesmo antes de definir o local de
moradia. Muitos pais escolhem um local de residência, fecham contrato e só
depois descobrem que o filho terá que ingressar na escola do bairro, onde
pode não haver apoio ao estrangeiro. Outros creem que matricular na escola
japonesa uma criança com zero conhecimento de japonês a forçará a
aprender mais rápido. Como cada criança se desenvolve de maneira diferente,
essa situação pode se tornar uma barreira intransponível, fazendo com que a
criança perca o interesse pela escola e acabe abandonando os estudos.
Busque sempre apoio dentro da escola. Quase todas as escolas estão
abertas ao diálgo e à interação. Muitas equipes de professores se empenham
32
pessoalmente para que seus alunos participem de forma agradável do
ambiente escolar.
Se, mesmo que com todo planejamento, preparação e apoio, a criança
não se adaptar ao sistema escolar japonês, sempre poderá optar por um
estabelecimento privado que oferece serviços educacionais em português e
segue o currículo brasileiro, conhecido como “escola brasileira”. Pesquise
também sobre estes estabelecimentos e seu método de ensino.
Se meu filho estudar em escola japonesa, ele poderá continuar
estudando quando voltar ao Brasil?
Sim! Mas há pontos relevantes a serem considerados no caso de retorno
ao Brasil.
Todo aluno que estudou ou concluiu seus estudos obrigatórios no Japão
poderá prosseguir os estudos no Brasil, apresentando os documentos
comprobatórios de escolaridade do Japão. As escolas japonesas oferecem os
documentos necessários para a comprovação de escolaridade, como histórico
escolar e registro de matrícula. No entanto, é preciso considerar também o
nível de domínio da língua portuguesa do aluno, para que ele consiga
acompanhar bem as aulas no Brasil. As escolas públicas brasileiras
normalmente não oferecem apoio diferenciado aos alunos que voltam do
exterior e apresentam dificuldades de aprendizagem devido à barreira do
idioma. Como já citado anteriormente, é importante manter o vínculo forte com
a língua de herança, mesmo estando no Japão, para que o aluno tenha a
opção de estudar no Brasil futuramente.
REFERÊNCIAS
Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do
Japão – MEXT - http://www.mext.go.jp
Associação de Apoio à Língua Materna de Kansai -
http://education-motherlanguage.weebly.com
Hamamatsu NPO Network Center (N-Pocket) - http://www.n-pocket.jp
http://www.mext.go.jp/http://www.n-pocket.jp/
33
16. GLOSSÁRIO DE TERMOS ESCOLARES
Ábaco- soroban Ajuda para as despesas escolares- shuugaku enjo seido Aluno- seito / jidou Apresentações escolares- gakushuu happyou Apagador- kokuban keshi Apontador de lápis- enpitsu kezuri Arte e artesanato- zuga kousaku (zukou) / bijutsu Assembléia da associação de pais e mestres (PTA) - PTA soukai Atividades com os avós- ojiichan obaachan to asobu kai Atividade para pais e filhos- oyako gakkyuu Atraso- chikoku Aulas de natação- suiei shidou Bom dia- ohayou gozaimasu Boa noite,antes de dormir- oyasuminasai Borracha- keshi gomu Bullying/maus tratos- ijime Cadeira- isu Caderno- nooto Caderno de recados- renraku chou Caixa/estojo de lápis- fudebako Calculadora- keisanki / dentaku Caligrafia- shosha (com lapiz) / shodou (com pincel) Caneta- pen Caneta esferográfica- booru pen Capinação e limpeza da escola, para pais e filhos- oyako seisou,
kusatori Centro comunitário infantil- jidou center Cerimônia de ingresso- nyuugaku shiki Cerimônia de início do ano letivo- shigyou shiki Cerimônia de formatura- sotsugyou shiki Cheguei- tadaima Ciência- rika Classes de reforço- nihongo / kokusai gakkyuu Classes de ensino para pessoas com necessidades especiais-
tokubetsu shien gakkyuu Clubes pós escola - gakudou hoiku Cola- nori Compasso- konpasu Dia das crianças- kodomo no hi Dicionário- jisho Diretor escolar- kouchou sensei Economia doméstica- kateika Educação física- taiiku
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Educação ginasial- chuugakkou Educação moral- doutoku Educação primária- shougakkou Elástico- wagomu Encerramento do ano letivo- shuuryou shiki Enciclopédia- hyakka jiten Equinócio de primavera- setsubun Escola- gakkou Escola aberta a visitação - gakkou koukaibi Escrivaninha- tsukue Estou saindo/indo- ittekimasu Estudos ambientais/vida cotidiana,- seikatsuka Estudos gerais- sougou Estudos sociais- shakai Exame médico para ingresso escolar- nyuugakuji kenshin Excursão- ensoku Excursões de estudos sociais - shakai kengaku Falta- kesseki Férias de inverno- fuyu yasumi Férias de primavera- haru yasumi Férias de verão- natsu yasumi Festival cultural- gakkou matsuri / gakkousai Fita adesiva- serohan teepu Folder/Pasta plástica- forudaa / fairu Gincana esportiva- undoukai Giz- chooku Giz de cera- kureyon Grampeador- hocchikisu Grupo de percurso escolar- tsuugaku han Lápis- enpitsu Lapiseira- shaapu pensiru (shaapen) Limpeza-souji Limpeza geral- capinação e limpeza externa da escola para pais e
filhos-oyako seisou / kusatori Língua japonesa-kokugo Livro- hon Livro de consulta (referencial)- sankou sho Livro didático- kyoukasho
Local de abrigo em situação de emergência para crianças no
caminho da escola- kodomo 110 (hyaku jyuu) ban no ie
Lousa- kokuban Marcador- maakaa Matemática-sansuu Mesa- teeburu / tsukue Mochila- randoseru / bakkupakku
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Música- ongaku Novato/veterano-kouhai / senpai Pais e responsáveis- hogosha Palestra para ingresso escolar- nyuugaku setsumeikai Poesia- haiku / shi Prefeitura local- shiyakusho / kuyakusho / yakuba Professor- sensei / tannin Registro de estrangeiro- zairyuu card Régua- jougi Reunião individual de pais e mestres- kondankai / hogoshakai Revista- zasshi Rodízio de distribuição da merenda escolar- kyuushoku touban Sair cedo- hayabiki /soutai Setor de escolas da secretaria de educação municipal,na prefeitura local
-shiyakusho kyouiku iinkai, gakkou kyouiku ka Solicitação de permissão para matrícula- nyuugaku negai sho Tesoura- hasami Transferidor- bundoki Uniforme escolar- gakusei fuku / seifuku Viagem cultural- shuugaku ryokou Viagem de acampamento- kyanpu, shizen kyoushitsu Vice-diretor- kyoutou sensei Visita do professor à casa do aluno- katei houmon Visita dos pais e responsáveis à classe- jyugyou sankan