Post on 06-Jul-2015
ETICA APLICADA
PROF. MARCELO BOIA
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA
APLICADA.
O conceito “Ética Aplicada” surgiu
nos anos 60 do séc. XX, por
analogia com outras disciplinas,
como a física aplicada, a sociologia
aplicada, etc. e pretendeu,
sobretudo, dar uma resposta às
incertezas relativamente ao futuro
das próximas gerações humanas
provocadas pelo desenvolvimento
tecnocientífico.
Os desastres ecológicos, a
manipulação genética, a energia
nuclear, etc., criaram preocupações
relativamente à perversão das
características únicas e essenciais
do homem e relativamente aos
efeitos remotos, cumulativos e
irreversíveis da intervenção
tecnológica sobre a natureza.
Além disso, depois da queda do muro de Berlim
(1989), acelera-se o fenómeno da
globalização, com os novos problemas
económicos, políticos, sociais e culturais.
Mudou a natureza do capital: apareceram os
fluxos financeiros internacionais, com as
multinacionais. Mudou a natureza do trabalho-
antes, os fatores de produção eram três: o
Trabalho, o Capital e a Terra; -hoje, a produção
tornou-se mais intensiva no conhecimento. O
saber constitui um fator de diferenciação no
trabalho. O que vale é o trabalho qualificado e
criativo. Mudou o papel do Estado. Com a
globalização, o Estado tem de saber conciliar o
nacional e o internacional e criar condições
estruturais de competitividade em escala
global.
O QUE É MORAL E ÉTICA?
O ser humano, diferentemente dos
animais, segue
regras, princípios, valores e
normas. Podemos definir, então, a
moral como esse conjunto de
valores que rege a vida dos
indivíduos em sociedade. Não há
sociedade humana sem algum tipo
de preceito que orienta a vida das
pessoas.
Quando chamamos alguém de imoral, queremos
dizer que, às vezes, a pessoa até acredita nos
valores morais, mas, em algum momento, o
transgride. Por exemplo, uma pessoa pode
acreditar na fidelidade, mas se conhece alguém
interessante e "trai" o seu companheiro(a), ela
cometeu um ato imoral. Posso acreditar que
roubar seja errado e pautar as minhas ações na
honestidade, entretanto, por uma questão de
vida ou morte, posso abrir mão da honestidade
e matar a fome dos meus filhos, através de
algum ato "condenável": furtar uma fruta ou
qualquer outro alimento.
Evidentemente, posso cometer atos leves
ou pesados como o "chumbo". As
perguntas são: a minha consciência me
acusará? Eu terei paz? O que fiz foi justo?
Veja que não estamos nos referindo às
leis feitas pelos homens, ou seja, não se
trata de uma questão jurídica. Como
exemplo, podemos citar o salário de um
político no Brasil. Pode até ser legal, mas
será moral, num país onde a maioria do
povo ganha salários miseráveis? Pois é...
O amoral é alguém que não tem
nenhum compromisso com os valores
morais. Não segue uma regra; não
tem consciência moral; não sente
culpa, remorso ou arrependimento. É
capaz de enganar, manipular e até
assassinar pessoas, para satisfazer
desejos egoístas. São os chamados
psicopatas e outros adjetivos pouco
"nobres".
A ética, quase sempre, é confundida com a
moral. A palavra ética vem do grego (ethos) e
significa costumes. A palavra moral vem do
latim ("mores", "morus") e tem o sentido de
costumes também. A ética é a morada do
homem. Ela nos tira do estado de natureza
bruto e nos dar um verniz de cultura. Percebe-
se que ambas têm raízes comuns. De um ponto
de vista prático, podemos até usá-las com o
mesmo significado, todavia, filosoficamente, a
ética serve para designar a parte da Filosofia
que faz uma reflexão teórica a respeito dos
fundamentos da moral. Ela é também chamada
de Filosofia moral. Ela busca refletir e teorizar
sobre o que é o "certo e o errado"; o que é o
"justo e injusto"; o que é "permitido e proibido".
Em suma, busca os fundamentos sobre o conjunto
das ações humanas. Assim, uma pessoa pode agir
uma vida inteira moralmente, mas nunca agir
eticamente. A ética pressupõe o questionamento
sobre todos os nossos atos e procura dar-lhes um
significado. O agir ético exige a autonomia do
sujeito. Enquanto a moral é o agir de forma
heterônoma, ou seja, os valores vêm de fora, pois
são dados pela sociedade ou cultura em que
vivemos, e não são questionados, a ética é
autônoma, pois ao questionar, refletir e teorizar
sobre os fundamentos da moral, agora eu mesmo
posso aceitá-los ou rejeitá-los e, até mesmo,
preconizar outras formas de pensar, sentir e agir,
mas de forma consciente e livre.
Agir eticamente não é fácil. Exige
coragem e disposição para enfrentar os
obstáculos da moral constituída. Neste
sentido, é a partir do constituído ( a
moral ) que prescrevemos novos valores
constituintes. O indivíduo deve ser livre
para agir eticamente. O fundamento não
pode ser divino, porque senão a ética
passa a ser um meio sobrenatural para
resolver dilemas da consciência
humana.
Agir eticamente, é agir com a própria
consciência e assumir a responsabilidade
pelos próprios atos. O interessante é que o
que hoje pode ser considerado imoral e
antiético, amanhã poderá ser perfeitamente
aceito como um valor ético. Como exemplo,
podemos defender o direito de que todo
padre poderia casar-se e constituir uma
família. Talvez os escândalos de pedofilia
diminuíssem bastante. Seria quase que o
apocalipse, entretanto, com o passar do
tempo tornar-se-ia um fato banal. Daí o
fundamento tão somente humano...
Eis um dos maiores dilemas humanos: o
fardo de carregar a liberdade tal qual
uma praga que nos assombra; liberdade
de fazer escolhas o tempo todo. Os
animais não se preocupam com isso, já
são programados biologicamente; o
homem, infelizmente ou felizmente, não
sei, precisa escolher e assumir os seus
atos. Como já dizia Caetano Veloso:
"Cada um sabe a delícia e a dor de ser o
que é".
FONTE:http://marcoaureliofilosofia.blogspot.com
CONTEÚDO RELACIONADO AO
MODULO 11 CAPITULO 1: ÉTICA
APLICADA.