Ferida Cirurgica e Cuidados de Enfermagem_plaforma

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ESAI I Salete Calvinho

Tipo de ferida com as seguintes características especificas:

Corte do tecido produzido por um instrumento cirúrgico

cortante, de modo a criar uma abertura num espaço do

corpo ou de um órgão, produzindo drenagem de soro e

sangue, que se espera que seja limpa, isto é, sem mostrar

qualquer sinal de infecção ou pus.

(ICN, 2005)

Resposta fisiológica complexa, altamente organizada, dos tecidos

orgânicos a uma agressão tecidular

Fase Inflamatória – até 3º- 4º dia:

Hemostasia; migração leucócitos e inicio da reparação tecidular

Fase Proliferativa ou Fibroplástica - 4º/5º - 21º dia:

Fibroplasia, angiogénese e reepitelização.

Fase Remodelação ou Maturação - 21º dia - 6meses -1 ano:

Remodelação do tipo de colagénio e reorganização das fibras para

recuperação da resistência da pele – Pode durar mais de 1 ano.

Recuperação da resistência cutânea da ferida: 1 semana depois a ferida

recuperou 3%; 3 semanas depois 30%; 3 meses depois 80%. A conclusão

do processo permite cerca de 80% da resistência anterior ao trauma

tecidular. Os 100% da resistência e elasticidade da pele normal nunca são

recuperáveis.

• Idade avançada

• Diabetes

• Alterações na resposta imunitária

• Estado nutricional deficiente ou obesidade

• Estado de hidratação deficiente

• Tabagismo

• Infecção coexistente

• Tempo de internamento pré-operatório prolongado

Preparação pré-operatória inadequada (tricotomia, higiene e desinfecção

da pele)

Ruptura na técnica asséptica: lavagem das mãos inadequada, esterilização

inadequada de vestuário, campos, instrumental, próteses, implantes, outro material)

Contaminação ambiente do BO

Técnica cirúrgica pouco precisa

Cirurgia demorada

Hipotermia

Hipoxia

Sangramento excessivo

Grande trauma tecidular

Corpo estranho (sistemas drenagem, prótese ou implantes de material não-humano,

acidental)

• 1ª Intenção

A ferida provocou mínima destruição e reacção tecidular, apresenta-se asséptica, tendo sido corrigida cirurgicamente.

• 2ª Intenção

A ferida é deixada aberta por impossibilidade de aproximação dos bordos: perda de substância; processo infeccioso. A cicatrização ocorre mais lentamente de dentro para fora.

• 3ª Intenção

Após um período em que a ferida permaneceu aberta, é executada a correcção cirúrgica com sutura. Utiliza-se quando ocorreu deiscência da sutura, processo infeccioso.

Quanto à contaminação/risco de infecção:

• Limpa

Ferida cirúrgica resultante de cirurgia electiva e encerrada com sutura dos

tecidos, em que não houve penetração cirúrgica no tracto respiratório,

digestivo ou genito-urinário.

• Potencialmente Contaminada

Ferida cirúrgica resultante de intervenção cirúrgica em que se penetrou no

aparelho respiratório, digestivo ou genito-urinário em condições

controladas e sem ruptura da técnica asséptica. Drenagens com sistemas

fechados.

Classificação 2

• Contaminada

Ferida cirúrgica resultante de intervenção cirúrgica com ruptura na técnica asséptica ou naquelas em que se penetrou no aparelho digestivo, respiratório ou genito- urinário, ou ainda nas realizadas na presença de infecção. Sistemas de drenagem aberto.

• Infectada

Ferida com evidência clínica de infecção confirmada por isolamento laboratorial do agente infeccioso (exame cultural do exsudado).

• Permitir a saída mais eficaz de fluídos orgânicos (sangue, linfa,

pus) e do soluto da lavagem de cavidades (ex. peritoneal)

• Promover a drenagem de líquidos fisiológicos, comprometida

por processos patológicos

• Evitar o desenvolvimento de infecção por retenção de fluídos

Tipos de sistema de drenagem

• Drenagem por sistema fechado

• Drenagem por sistema aberto

• Drenagem com vácuo

• Drenagem natural do fluído

• Infecção

• Hematoma

• Tecido exuberante ou hiper-granulação

• Necrose tecidular

• Gangrena

• Aderências

• Deiscência

• Evisceração

• Queloíde – tecido conjuntivo denso e excessivo ao nível da cicatriz

• Eventração

• Contaminação – colonização por microrganismos (sobretudo bactérias) que não provocam reacção no hospedeiro.

É o precursor da infecção.

• Infecção – colonização microbiana (sobretudo bactérias), em número acima do normal e que provoca reacção no hospedeiro.

A probabilidade/gravidade da infecção decorre do nº de bactérias, da sua virulência e da resistência do hospedeiro.

• Endógena – Agentes microbianos do próprio doente.

• Exógena – Agentes microbianos estranhos ao doente, provenientes de contaminação externa.

Incisiva superficial

Incisiva profunda

Órgão / espaço

Ocorre até 30 dias pós-cirurgia. Quando colocadas próteses ou implantes

permanentes o risco de ocorrer infecção mantem-se até 1 ano pós-cirurgia

• Dor, Rubor, edema e calor agravados, no local

• Febre (> 38º)

• Aumento do exsudado de feridas abertas

• Drenagem de líquido sero-purulento ou purulento

• Deiscência espontânea ou provocada

• Abcesso / tumefacção dos tecidos profundos

• Tecido de granulação sangrante ou com crescimento desorganizado, não homogéneo

• Cicatrização estacionária

• Exame cultural positivo

• Drenagem purulenta da incisão superficial ou profunda.

• Existência de sinais e sintomas clássicos de infecção local – dor agravada, tumefacção, calor e rubor.

• Temp corporal do doente > 38ºC

• Deiscência da sutura - espontânea (profunda) ou deliberada (pele).

• Microrganismo patogénico isolado em cultura laboratorial do exsudado ou fragmento tecidular da incisão por colheita asséptica.

• Drenagem purulenta por dreno colocado no órgão/espaço

• Temp corporal do doente > 38º C

• Calafrios/calor, dor/sensibilidade, mal-estar, sinais de locais infecção (…)

• Estudo analítico (leucocitose; prot C reactiva, VHS, hemoculturas)

• Microrganismo patogénico isolado por exame cultural de colheita asséptica de exsudado ou fragmento tecidular.

• Existência de abcesso ou outra evidência diagnosticada por exame histológico ou imagiológico.

• Avaliação pré-operatória do doente correta e completa

• Diminuir peso se excesso ou obesidade

• Reduzir/eliminar consumo de tabaco

• Controlo da diabetes

• Recuperar défices nutricionais e hidroelectrolíticos

• Tratar focos infecciosos

• Tratar alterações na resposta imunológica

• Período de internamento pré-operatório reduzido

• Adequada preparação da pele (higiene, tricotomia, desinfecção)

• Profiláxia antibiótica adequada e oportuna

• Manutenção rigorosa da técnica asséptica

• Identificar ruptura na assépsia e resolvê-las de imediato

• Lavagem cirúrgica/desinfecção correta mãos dos profissionais

• Antissepsia de todo o material/instrumental a ser utilizado

• Desinfecção da pele do local cirúrgico

• Técnica cirúrgica minuciosa e precisa

• Redução do tempo operatório

• Assegurar normotermia do doente

• Roupas do utente e do leito secas e limpas • Higiene corporal do doente correta (pele, unhas, cabelos)

• Penso cirúrgico nas 1ªs 48h cirurgia

• Penso cirúrgico limpo, seco e integro.

• Correto planeamento da execução de penso à ferida – periodicidade penso e vigilância, higiene pessoal diária realizada, condições de higiene do local adequadas (enfermaria, sala de pensos, cama, marquesas, etc)

• Lavagem ou desinfecção com SABA das mãos dos profissionais, conforme preconizado

• Material a utilizar na ferida cirúrgica sempre esterilizado – instrumentos, compressas, sacos colectores, placas, drenos, etc.

• Manter a assépsia do material durante todo o procedimento (campo penso limpo e seco; aberto só na altura em que vais ser utilizado)

• Identificar qualquer ruptura na técnica asséptica e substituir o material

• Descartar imediatamente para recipiente próprio material retirado ou utilizado na ferida (compressas fragmentos tecidulares, fios, agrafes, etc)

• Executar penso sempre que se verifique repasse, conspurcação externa (molhado ou sujo), ruptura na integridade do material

• Após a execução do penso mergulhar o material em solução desinfectante apropriada (procedimentos/protocolos)

• O transporte de instrumentos/material conspurcado e infectado deve ser feito com o mesmo coberto e isolado ou imediatamente descartado em segurança (corto-perfurantes, descartáveis conspurcados)

• Planear previamente a execução do Penso à(s) ferida(s) cirúrgica(s)

• Avaliar necessidade prévia de administração de analgésico

• Lavar /desinfectar as mãos com SABA para preparar material e para executar a

técnica

• Posicionar o doente, - confortável, resguardo do pudor, boa exposição do local

da ferida, privacidade

• Proteger as mãos sempre que risco de contacto com fluídos do doente

• Reduzir a conversação ao mínimo durante a execução do penso

• Executar técnica asséptica

• Executar penso às feridas limpas e só depois às contaminadas e por fim

infectadas (no mesmo doente, como a todos os doentes a cuidar)

• Abrir o campo de penso e outro material estéril só na altura da sua utilização,

com as mãos devidamente desinfectadas, preparando-o de modo funcional

• Manter a assepsia do campo de penso

• O contacto da pinça montada com a ferida deve ser delicado, sem causar

trauma por fricção, excesso de pressão, ou pelo material (pontas da pinça não

protegidas)

• Soluções em quantidade adequada às necessidades, sem salpicos ou escorrências

• Proteger a pele do doente circundante ao local cirúrgico e roupas, de eventuais

escorrências de solutos ou fluídos orgânicos

• Proporcionar ao doente a informação sobre estado/evolução da ferida, após

término da colocação do penso

Objetivos:

Promover cicatrização

Prevenir Infeção

Proteger a pele da maceração e ação lesiva dos exsudados

Diagnosticar precocemente complicações

Proteger de traumatismos

Assegurar conforto do utente

Avaliar eficácia do tratamento

(…)

Tesoura ou lâmina de bisturi -

para remoção de fios de sutura Tira-agrafos

• Recipiente para recolha de fluídos

• Recipiente para recolha de material descartável conspurcado

• Atender aos procedimentos unidade para execução de penso, controlo da infecção e

separação de resíduos

• Resguardo descartável

• Lençol para cobrir o doente

• Outro material de penso: Sonda cânula; estilete; drenos; clamps; material de sutura;

recipiente estéril para solutos, ligaduras, sacos colectores estéreis (…)

Posição de manipulação correta dos instrumentos

Prioridade de execução - feridas limpas, contaminadas, infectadas

Suturas – movimentos do topo proximal para o distal, da linha de sutura para a

periferia

Drenos, locas – do local de inserção ou centro para a periferia, em movimentos

circulares

Movimentos delicados em sentido único.

Suturas, local de inserção de drenos e pele circundante a locas – secar bem, sem

esfregar: Suturas e drenos em pensos isolados. Feridas expostas o mínimo tempo.

Pele

Dreno

• Princípios legais e éticos assegurados

• Comunicação intra-equipa e interprofissionais

• Permite avaliação da evolução cicatricial

• Permite avaliar eficácia do tratamento

O que registar?

Diagnóstico enf. – Foco: Tipo de ferida, Juízo, Recursos,

Localização

Avaliação do penso retirado

Avaliação da ferida

Avaliação da pele circundante

Drenos e características das drenagens

Procedimento realizado

Tipo de penso colocado

Reacções do doente