Transcript of Implicitos pressupostos-subentendidos-ambiguidade
- 1. Professora Maria Marlene
- 2. Saber ler um texto saber fazer as inferncias corretas ou
plausveis que cada trecho do texto propicia. (Heronides Moura)
- 3. Uma famlia inglesa foi passar as frias na Alemanha. Durante
um de seus passeios, os membros da referida famlia, gostaram de uma
pequena casa de vero que era alugada para temporadas. Falaram com o
proprietrio, um Pastor Protestante pediram-lhe que mostrasse a
casa, a qual muito agradou aos visitantes. Combinaram ento, alug-la
para o vero vindouro. Regressando Inglaterra, discutiam os planos
para as prximas frias, quando o chefe da famlia lembrou-se de no
ter visto o banheiro. Confirmando o sentido prtico dos ingleses,
escreveu ao Pastor, para obter pormenores. A carta foi redigida
assim: "Sou membro da famlia que h pouco o visitou com a finalidade
de alugar sua propriedade no prximo vero, mas como esquecemos de um
importante detalhe, muito lhe agradeceramos se nos informasse onde
se encontra o W.C. Aguardando a sua resposta.
- 4. O Pastor Protestante, no compreendendo o sentido exato da
abreviatura W.C. mas julgando tratar-se da capelinha inglesa White
Chapel, respondeu nos seguintes termos.
- 5. Gentil Senhora, Recebi sua carta e tenho o prazer de
comunicar-lhe que o local a que se refere fica a 12 Km da casa.
Isto muito incmodo, sobretudo para quem tem o hbito de ir l
diariamente. Neste caso prefervel levar comida e ficar o dia todo.
Alguns vo a p, outros de bicicleta. H lugar para 400 pessoas
sentadas e mais 100 em p. H ar condicionado para evitar os
inconvenientes da aglomerao. Os assentos so de veludo. Recomenda-se
chegar cedo para conseguir lugar para sentar. As crianas sentam-se
ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada fornecida
uma folha de papel a cada pessoa, mas se algum chegar depois, pede
a do vizinho. Essa folha deve ser usada durante todo o ms. As
crianas no recebem folhas, dado o nmero limitado das mesmas.
Existem amplificadores de sons, de modo que, quem no entra, pode
acompanhar os trabalhos l de fora, pois se ouvem os mnimos sons.
Ali no h qualquer preconceito, pois todos se sentem irmanados, sem
distino de sexo ou cor. Tudo o que se recolhe l para os pobres da
regio. Fotgrafos por vezes tiram fotografias para o jornal da
cidade, para que todos possam ver seus semelhantes no cumprimento
do dever humano."
- 6. A leitura de um texto exige do leitor algo mais do que
conhecimento do cdigo lingustico, pois o texto no apenas um
amontoado de palavras e frases, e sua interpretao no produto da
decodificao de um receptor passivo. Isso significa que um texto no
contm o sentido em si, apenas.
- 7. Implcitos e interpretao textual A ideia de implcito em um
texto est naquilo que est presente pela ausncia, ou seja, o contedo
implcito pode ser definido como o contedo que fica margem da
discusso porque ele no vem explicitado no texto.
- 8. a) o que no est dito, mas que, de certa forma, sustenta o
que est dito; b) o que est suposto para que se entenda o que est
dito; c) aquilo a que o que est dito se ope; d) outras maneiras
diferentes de se dizer o que se disse e que significa com nuances
distintas etc. Implcitos e interpretao textual
- 9. Pressupostos O dicionrio Houaiss define pressuposto como
circunstncia ou fato em que se considera um antecedente necessrio
do outro. Ex.: Maria parou de fumar. Obs.: Para ser aceita como
verdadeira, essa frase, seu autor e o leitor precisam concordar
como antecedente a informao verdadeira de que Maria fumava
antes.
- 10. Marcadores de Pressuposio Alguns advrbios ou locues
adverbiais: Martiniana est bela nesta noite de formatura. Pronomes
adjetivos: Cartinlio foi meu primeiro namorado na capital de ms
estado. Verbos que indicam mudana ou permanncia de estado: O
presidente americano converteu-se ao catolicismo romano.
- 11. Marcadores de Pressuposio Determinadas conjunes: Casei-me
com uma menina bem alta, mas sou feliz. Oraes Adjetivas Os
americanos, que se consideram os guardies da democracia, esto
animados com seu novo presidente.
- 12. SUBENTENDIDO SUBENTENDER: perceber ou compreender o que no
est bem claro ou explicado, apenas sugerido.
- 13. Em Para Entender o Texto, os autores definem os
subentendidos,, como: [] so as insinuaes escondidas por trs de uma
afirmao (PLATO; FIORIN, 2000, p. 244); em Lies de Texto, So
insinuaes, no marcadas linguisticamente, contidas numa frase ou num
conjunto de frases (PLATO; FIORIN, 1997, p. 310).
- 14. O subentendido difere do pressuposto num aspecto
importante: o pressuposto um dado posto como indiscutvel para o
falante e par o ouvinte, no para ser contestado; o subentendido de
responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender,
esconde-se por trs do sentido literal das palavras e pode dizer que
no estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. (PLATO;
FIORIN, 2000, p. 244)
- 15. Texto 01 Flu se reapresenta nesta tera e deve ter mudanas.
Texto 02 Globo muda programao para atender a nova classe C. Texto
03 Frana acha mais partes do Airbus que caiu na costa do
Brasil.
- 16. Assim, no texto 01, temos: Posto: Flu se reapresenta nesta
tera e deve ter mudanas. Pressuposto: O time do Fluminense volta a
se apresentar na tera. Subentendido: O time do Fluminense j havia
se apresentado.
- 17. Vejamos o texto 02: Posto: Globo muda programao para
atender a nova classe C. Pressuposto 1: A TV Globo mudou a
programao que no atendia a nova classe C. Pressuposto 2: H uma nova
classe C. Subentendido 1: A programao anterior no atendia a nova
classe C. Subentendido 2: J existia uma classe C que no era
contemplada pela programao da Rede Globo. Subentendido 3: A classe
C passou a ser alvo da programao da Rede Globo.
- 18. Vamos ao texto 03: Posto: Frana acha mais partes do Airbus
que caiu na costa do Brasil. Pressuposto: Outras partes do avio
Airbus que caiu foram encontradas. Subentendido 1: Partes do avio j
haviam sido encontradas. Subentendido 2: Houve um acidente
envolvendo um Airbus que caiu na costa do Brasil.
- 19. Ambiguidade
- 20. Ambiguidade A ambiguidade a estratgia de o escritor ou
falante elaborar mais de um sentido a um mesmo enunciado ou
discurso em um mesmo contexto. Tudo isso seria resolvido se seu Joo
pagasse logo a galinha de sua me. Foi ai que o americano disse ao
brasileiro que estava impossvel viver no seu pas.
- 21. Ambiguidade decorrente da polissemia Ocorre quando uma
palavra prope mltiplo sentidos, em determinado contexto e situao de
uso.
- 22. Ambiguidade causada por anforas A anfora o processo pelo
qual um termo, geralmente um pronome, retoma uma palavra usada
anteriormente na mesma frase.
- 23. Ambiguidade por segmentao Esse tipo de ambiguidade ocorre
quando palavras juntas sugerem uma terceira na fala. Por exemplo,
referindo-se ao Hino Nacional Brasileiro, algum diz: Nosso hino um
dos mais poticos do mundo. A expresso Nosso hino sugere a palavra
suno. Na escrita, porm, a visualizao das palavras esclarece a
ambiguidade.
- 24. Denotao e conotao A conotao, mais do que a denotao, est
associada s informaes implcitas. Quando uma palavra, ou conjunto de
palavras, sai de seu uso corriqueiro estabilizado, propondo
significaes ambguas, ela passa para o nvel da conotao.
- 25. Atividades 1) Responda as perguntas a seguir com base na
tirinha da Mafalda abaixo. a) Que implcito se pode retirar da fala
de Mafalda, no ltimo quadro?
- 26. b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido? c) De que
maneira esse contedo implcito necessrio para a compreenso do texto?
2) Leia a tira abaixo e diga qual o subentendido em que se
fundamenta toda a historinha. Explique a importncia da recuperao
desse subentendido para a criao do humor, no texto.
- 27. 3) Leia a charge abaixo e responda s questes que
seguem
- 28. a) Que pressuposto ativado pela palavra agora? b) possvel
perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual
finalidade? 4) Qual o pressuposto e o subentendido no slogan da
propaganda?
- 29. 5. (UFMG 2009) Leia este texto: Pressupostos so contedos
implcitos que decorrem de uma palavra ou expresso presente no ato
de fala produzido. O pressuposto indiscutvel tanto para o falante
quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um
marcador lingustico, diferentemente de outros implcitos (os
subentendidos), que dependem do contexto, da situao de comunicao.
FIORIN, J. L. O dito pelo no dito. In: Lngua Portuguesa, ano I, n.
6, 2006. p. 36-37. (Adaptado) Observe este exemplo: Joo parou de
fumar. Nesse enunciado, a presena da expresso parar de que instaura
o pressuposto de que Joo fumava antes.
- 30. Leia, agora, estas manchetes: 1. Petrobrs vtima de novos
furtos. (O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.) 2. Dengue vira
risco de epidemia em BH (Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr.
2008.) Com base nas informaes dadas acima e considerando essas duas
manchetes de jornal, indique: a) quais so os pressupostos que delas
se depreendem. b) os marcadores lingusticos responsveis pela
instaurao desses contedos implcitos.