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8/18/2019 Influências Da Retórica Na História Do Estudo Da Retórica
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INFLUÊNCIAS DA RETÓRICA NA HISTÓRIA DO ESTUDO DARETÓRICA
Lourenço Torres
1. Apresentando uma metodolo!a des"onstrut!#a a respe!to dotema.
Uma ideia defendida por um professor comum a todos os autores
deste livro é a de retórica como losoa; e segundo ele “a losoa do
direito é a vanguarda do conhecimento jurídico” (A!"A#"$ %&1'$ p )'*
!m decorr+ncia desse entendimento a retórica losóca procura
demonstrar ,ue n-o e.iste um mundo e.terior independente dalinguagem em/ora esta n-o possa ser individuali0ada ve0 ,ue é possível o
controle p/lico da linguagem “" ser humano é por,ue se comunica”$
mas o ,ue comunica se d2 por meio de suas percep34es !ssas
percep34es$ por sua ve0$ s-o constru34es ideais da mente ,ue jamais
correspondem precisamente aos eventos fugidios essas constru34es n-o
escapam a 5istória$ seus 6itos e suas 7erdades 8sso por,ue h2 uma
incompati/ilidade entre a mente humana$ ,ue só constrói generalidades$ eum mundo real ,ue é irracional por,ue jamais se repete Uma dessas
generalidades é a 5istória e acordo com a perspectiva retórica a 5istória
n-o deve se ater a etiologismos ou a escatologismos essa forma$ a vis-o
histórica da retórica é relativa e imprevisível e$ precisa se conformar com
o fato de ,ue n-o se pode compreender ou prever ,ual,uer evento ,ue
“tenha” 5istória$ pois a 5istória é humana e o ,ue é humano n-o pode ser
casualmente o/servado (A!"A#"$ %&1'$ passim*Assim$ o tema ,ue ser2 a/ordado neste capítulo envolve v2rios
pontos de refer+ncia e um grande e a/rangente decurso temporal
9ontudo$ este é um estudo despretensioso; ou seja$ devido a sua
limita3-o$ apenas o/servar2 a 5istória da :etórica de forma panormica e$
em conse,u+ncia$ além de apresentar$ divulgar e melhor informar a
respeito da retórica chegar2 a conclus4es genéricas
"s estudos históricos$ mesmo ,ue panormicos$ s-o importantespara os cientistas e estudantes das ci+ncias sociais$ nelas incluído
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o/viamente o ireito ,ue desempenha papel importante no controle
p/lico da linguagem contra o individualismo na percep3-o do mundo e da
ética$ e e.i/em possíveis formas de apresenta3-o dos discursos e
ideologias de poder (destacadamente as cientícas$ as políticas e as
religiosas* uenciaram e in>uenciam
o estudo da retórica na tradi3-o continental periférica /rasileira e sua
in>u+ncia no estudo do ireito
"s pontos de refer+ncia ,ue servir-o de paradigma a,ui
desconstruir-o o próprio título$ e s-o estes a linguística$ a pedagogia$ a
história e a retórica$ e n-o nessa ordem A linguística$ e em particular a
semntica$ especicar2 dentre v2rias acep34es o ,ue é a retórica a m de
,ue essas acep34es sirvam tam/ém ao ltimo ponto de refer+ncia desta
an2lise A pedagogia au.iliar2 em determinar alguns tipos de ensino daretórica e sua vincula3-o a cursos jurídicos A história$ logo de início$
demonstrar2 como os relatos (históricos* destacaram com maior ou menor
importncia o ensino da retórica !$ a retórica$ inicialmente delimitada
pela semntica$ sugerir2$ em conclus-o$ se esses relatos (históricos* a
respeito do estudo da retórica serviram (e servem* a estratégias de
domina3-o
!m síntese$ a pro/lem2tica deste estudo é in,uirir se o(s* relato(s*histórico(s* a respeito do estudo e o ensino da retórica relacionado(s* ao
estudo do ireito$ dentre outras disciplinas curriculares$ serviram (e?ou
servem* a estratégias de domina3-o de elites de poder disfar3adas de
políticas (diretri0es* educacionais$ sendo estas estratégias políticas
o/viamente tam/ém retóricas
$. H!st%r!a e &!stor!"!smo.
$.1. H!st%r!a.
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@egundo o icion2rio Aurélio (%&&'$ p 1&&* o termo$ história$
deriva do grego e do latim !le se refere B “narra3-o metódica de fatos
not2veis ocorridos na vida dos povos$ em particular$ e na vida da
humanidade$ em geral” ! compreende o conjunto de conhecimentos
ad,uiridos através da tradi3-o e?ou por meio de documentos$ relativos B
evolu3-o$ ao passado da humanidade e ,ue$ como ci+ncia e método$
podem tam/ém ser transmitidos !m suma$ é uma narra3-o de
acontecimentos$ de a34es$ em geral cronologicamente dispostos
o grego antigo ἱστορία$ (transl= historía*$ signica “pes,uisa”$ “um
conhecimento advindo da investiga3-o”* e é a ci+ncia ,ue estuda o
homem e sua a3-o no tempo e no espa3o$ concomitante B an2lise de
processos e eventos ocorridos no passado Cor metonímia$ é o estudo do
conjunto destes processos e eventos A palavra história tem sua origem
nas investiga34es de 5eródoto$ cujo termo em grego antigo é Ἱστορίαι
(historíai* ArmaDse ,ue foi #ucídides o primeiro a aplicar métodos
críticos$ como o cru0amento de dados e de fontes diferentes a respeito de
indivíduos e eventos " estudo histórico come3a ,uando os homens
encontram os elementos de sua e.ist+ncia nas reali0a34es dos seusantepassados !sse estudo$ do ponto de vista europeu$ divideDse em dois
grandes períodos= CréD5istória e 5istória
"s historiadores usam v2rias fontes de informa3-o para construir a
sucess-o de processos históricos$ como$ por e.emplo$ escritos$ grava34es$
entrevistas (5istória oral* e achados ar,ueológicos Algumas a/ordagens
s-o mais fre,uentes em certos períodos do ,ue em outros e o estudo da
5istória tam/ém aca/a apresentando costumes e modismos (o historiadorprocura$ no presente$ respostas so/re o passado$ ou seja$ é in>uenciado
pelo presente 8sso é conhecido como etiologia*
A escrita é o marco delimitador "s eventos anteriores aos registros
escritos pertencem B chamada CréD5istória ou B CrotoD5istória$ como no
caso de sociedades ,ue coe.istiram com sociedades ,ue j2 conheciam a
escrita (como por e.emplo$ os povos celtas da cultura de La Tène* !m
geral$ todas as concep34es históricas utili0am de fontes As fontes
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históricas s-o os vestígios da atividade humana$ logo o estudo do passado
n-o pode ser feito diretamente$ mas de forma mediada
6as$ o ,ue é a 5istóriaE Neste ponto seria proveitoso enumerar alguns
historiadores que fizeram relatos do ensino da retórica para que, através da análise de suas
posturas e vinculações ideológicas determinar se esses relatos são “isentos”, “neutros” ou
“construdos” para confirmar, ou não, a má!ima" “a história é o relato dos vencedores”#
$am%ém se poderiam apontar relatos “consagrados” academicamente ou até popularizados em
%uscadores virtuais para o%servar o grau de internalização que esses relatos históricos
atingiram nesses meios e que foram aceitos como verdades históricas# &omo frases famosas
que são atri%udas erroneamente a autores consagrados, a e!emplo da atri%uda a 'oltaire, mas
de origem de sua %iografa %uscando resumir sua filosofia li%eral" “(osso não concordar com o
que voc) diz, mas defenderei até a morte o seu direito de diz)*lo” +# inda assim, mesmo
correndo riscos, apresentam*se frases de personalidades famosas a respeito da história
facilmente encontradas na internet, a e!emplo daquela do -arques de -aricá= “in!uém
1 A esse respeito transcreveDse uma informa3-o de 8van Filheiro= “a t-o citadafrase foi ela/orada por uma /iógrafa de 7oltaire$ em uma o/ra do início do séculoGG$ portanto$ /em distante do período de vida e produ3-o do lósofo franc+s !m
um livro de 1H&I chamado The "rien#s o" $oltaire (J"s amigos de 7oltaireJ Dtradu3-o livre*$ pu/licado em Kondres pela @mith$ !lder L 9o$ a escritora !velMnFeatrice 5all (1NINDc 1H)H*$ ,ue durante um tempo usou o pseudOnimo @ P
#allentMre$ trata de de0 guras not2veis com ,uem seu /iografado$ de algumaforma$ se relacionou @-o eles= QAlem/ert$ iderot$ Paliani$ 7auvenargues$Q5ol/ach$ Primm$ #urgot$ Feaumarchais$ 9ondorcet e 5elvétius R na partededicada a este ltimo ,ue a /iógrafa apresenta a frase J8 disapprove of ShatMou saM$ /ut 8 Sill defend to the death Mour right to saM itJ (J!u discordo do ,uevoc+ di0$ mas vou defender até a morte seu direito de o continuar di0endoJ$ emtradu3-o livre* #alve0 por uma ,uest-o de estilo$ !velMn 5all colocou a frase
entre aspas e a construiu em primeira pessoa$ o ,ue aca/ou gerando a confus-oe a falsa atri/ui3-o 6as$ de fato$ a inten3-o da escritora era resumir oposicionamento ,ue 7oltaire teria adotado com rela3-o ao /animento de um livrode 9laudeDAdrien 5elvétius (1T1D1TT1*$ outro lósofo franc+s com ,uem eleteve certo desacordo !m 1TN$ 5elvétius pu/licou o livro %e l&espirit $ o ,ual foicondenado pela @or/onne$ pelo Carlamento de Caris e até pelo Capa$ chegando aser ,ueimado Apesar do desacordo e.plícito com rela3-o ao pensamento de5elvétius$ 7oltaire n-o acreditava ,ue o /animento da,uele livro fosse um atocorreto oi a atitude de 7oltaire frente a esta situa3-o ,ue !velMn 5all tentouresumir com sua frase$ inadvertidamente escrita entre aspas e em primeira
pessoa” isponível em= V http=??losoauolcom/r?losoa?ideologiaDsa/edoria?''?aDfalsaDcitacaoDdeDvoltaireDinvestigacaoDarmaD,ueDaD)&&'ITD1aspW Acesso em= 1I de0 %&1
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mente tanto nem mais #o 'ue a (ist)ria* $ ou a de 6arguerite Xourcenar=
“ A hist)ria s) se interessa pelos pri+ile!ia#os* $ a de Am/rose Fierce=
“(ist)ria, um relato !eralmente "also #e a-onte-imentos !eralmente
".teis/ -onta#os por !o+ernantes !eralmente +elha-os e sol#a#os
!eralmente tolos* $ ou tam/ém a de
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,ual contesta o chamado “Cositivismo 5istórico” (n-o relacionado ao
positivismo político de Augusto 9omte* e posteriormente com o
surgimento da !scola dos Annales$ no come3o do século GG !ssa escola
denominada tam/ém de a (ist)ria #os Annales advém dos historiadores
franceses 6arc Floch e Kucien e/vre ,ue a partir de 1H%H pu/licaram
uma revista de estudos$ a Annales #&histoire é-onomi'ue et so-iale$ onde
romperam com o culto aos heróis e a atri/ui3-o da a3-o histórica aos
chamados homens ilustres$ representantes das elites Cara estes
estudiosos$ o ,uotidiano$ a arte$ os afa0eres do povo e a psicologia social
foram os elementos fundamentais para a compreens-o das
transforma34es empreendidas pela humanidade Ainda surgiram outros
movimentos como o da
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\ilhelm riedrich 5egel$ autor de “enomenologia do !spírito” !le
defendeu ,ue os fatos históricos s-o produto do instinto de evolu3-o inato
do homem$ disciplinado pela ra0-o esse modo$ os acontecimentos s-o
primordialmente regidos por ideias “]^ a história é$ de acordo com o
conceito da sua li/erdade$ o desenvolvimento necess2rio dos momentos
da ra0-o$ da consci+ncia de si e da li/erdade do espírito$ a interpreta3-o e
a reali0a3-o do espírito universal” (5!P!K$ 1HHT$ p )&T$ _)'%`* !m
,ual,uer ocorr+ncia de ordem econOmica$ política$ intelectual ou religiosa$
deveDse o/servar em primeiro plano o papel desempenhado pela ideia
como geradora da realidade “A verdade e o destino das ideias concretas
dos espíritos dos povos residem na ideia concreta ,ue é a universalidade
a/soluta (;1i#em$ _)%`* A história do espírito é a sua a3-o$ pois reside
inteiramente no ,ue fa0 e age; é fa0er de si mesma$ e isso na medida em
,ue é espírito$ o o/jeto da sua consci+ncia$ conce/erDse a si mesma ao
compreenderDse !ste conce/erDse a si é o seu ser e o seu princípio ]^
(;1i#em/ _)')`* A história é a encarna3-o do espírito na forma de evento$
da realidade natural imediata ]^ (;1i#em/ _)'I`* Cara os defensores
dessa corrente$ toda a evolu3-o construtiva da humanidade tem ra0-oidealista
Cor outro lado$ h2 a :on-epç2o
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material da sociedade$ no encaminhamento da produ3-o e das trocas”
(6A:G$ 1NH$ p )*
inalmente a :on-epç2o 9si-ol)!i-o@so-ial apoiaDse na teoria de ,ue
os acontecimentos históricos s-o resultantes$ especialmente$ de
manifesta34es espirituais produ0idas pela vida em comunidade @egundo
seus defensores$ ,ue geralmente se /aseiam em \ilhelm 6a.imilian
\undt (“Csicologia das 6ultid4es” D $ol>erps-holo!ie*$ os fatos históricos
s-o sempre o re>e.o do estado psicológico reinante em determinado
agrupamento social
$.$. H!stor!"!smo
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#am/ém n-o se deve confundir o historicismo com o mar.ismo$
principalmente$ como insistiu Zarl Copper (1HN&*$ como tendo o propósito
de programar o futuro 5istoricismo é um modo de pensar ,ue
/asicamente se refere B condi3-o histórica dos pro/lemas e dos conceitos
concernentes ao homem " homem$ como ser histórico$ torna o/viamente
históricas todas as suas o/ras e re,uer$ do lósofo$ uma perspectiva
histórica para entend+Dlas (@AKA
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fundamental das institui34es
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teológica?mitológica$ ou ainda$ ,ue o direito positivo atual é melhor e mais
justo ,ue os anteriores !sses s-o os postulados ontológicos das etiologias
e das escatologias na 5istória e no ireito
A retórica pensa diferentemente A partir do mito de @ísifo (a
humanidade*$ ,ue ao sofrer o suplício dos deuses n-o sa/ia se conseguiria
carregar a pedra (a história* montanha acima (o mundo*$ ora de forma
linear$ ora circular$ ora em espiral$ “a humanidade tampouco pode sa/er
aonde vai chegar$ pois o presente é construído paulatinamente”
(A!"A#"$ %&1'$ p '* Assim$ dois s-o os postulados retóricos nesse
sentido diante do seu ceticismo a respeito das causas ve0 ,ue parte da
suposi3-o de ,ue os fenOmenos históricos jamais se repetir-o e de ,ue
todo evento é nico= primeiro$ “a retórica é contra a etiologia por,ue n-o
acredita em uma teoria so/re a origem das coisas estri/ada no conceito
de causalidade”$ como visto$ e$ segundo$ “a retórica é contr2ria Bs
concep34es escatológicas por,ue n-o acredita ,ue a história tenha um m
ou nalidade detect2vel”$ pois$ “n-o se pode prever o futuro$ ,ue n-o
e.iste” As concep34es etiológicas e escatológicas “n-o passam de
paliativos para acalmar os seres humanos”$ ,ue como @ísifo$ “s-o
condenados a pensar so/re o inef2vel$ so/re o futuro$ so/re a,uilo ,ue
n-o e.iste e jamais e.istira$ posto ,ue ,uando vier ser2 presente”
(A!"A#"$ %&1'$ p '* e ,ue$ a n-o ser por grandes coincid+ncias
aparentes$ se assemelhar-o a ,ual,uer c3-o de previs-o anterior "
lenitivo da retórica é ,ue ela pode superar ,uais,uer otimismos ou
pessimismos a despeito dos relatos dos “fatos”$ pois sua desconan3a
so/re os relatos pode indu0ir esperan3as$ o ,ue tam/ém é retórico aí
outra importncia da retórica e a importncia de seu estudo$ comumente
negligenciado
* Um pou"o de Ret%r!"a, seu desen#ol#!mento- suas a"ep'(es esuas apl!"a'(es.
ando continuidade ao panorama descritivo proposto neste estudo$
e antes mesmo de fa0er uma escolha da metodologia retórica a ser usada
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para ,uais,uer conclus4es$ s-o ca/íveis algumas considera34es previas a
respeito da :etórica e de seus predecessores$ os @ostas
" surgimento da :etórica ocidental$ como admitida hoje$ é atri/uída
aos gregos e seus lósofos 8sso advém do fato$ entre outros fatos$ de ,ue
o primeiro estudo sistemati0ado acerca do poder da linguagem em termos
de persuas-o é atri/uído ao lósofo grego !mpédocles ,ue viveu por volta
de 'H& a 9 a ')& a 9 @uas teorias so/re o conhecimento humano iriam
servir de /ase para v2rios teori0adores da retórica posteriormente "
primeiro livro de retórica escrito é comumente atri/uído a 9ora. e seu
pupilo #ísias (I'& b T a9* !sta o/ra$ /em como as de diversos
retóricos da antiguidade$ surgiu das tri/unas jurídicas; #ísias$ por e.emplo$
é tido como autor de diversas defesas jurídicas (uma das fun34es
prim2rias de um sosta*
A :etórica foi populari0ada a partir do século 7 a9 por mestres
itinerantes conhecidos como “sostas” "s mais conhecidos destes foram
Crot2goras ('N1 D '%& a9*$ Pórgias ('N) D )TI a9*$ e 8sócrates (')I D
))N a9*
"s @ostas se compunham de grupos n-o homog+neosideologicamente de mestres ,ue viajavam de cidade em cidade reali0ando
apari34es p/licas (declama34es$ discursos$ defesas$ etc* para atrair
estudantes$ de ,uem co/ravam ta.as para oferecerDlhes educa3-o " foco
central de seus ensinamentos concentravaDse no lo!os ou discurso$ com
+nfase em estratégias de argumenta3-o "s mestres sostas alegavam
,ue podiam “melhorar” seus discípulos$ ou$ em outras palavras$ ,ue a
“virtude” seria passível de ser ensinada
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di2logo Górgias: Ou a oratória, ou sendo mais preciso, (latão procurou atacar a poltica ao
atacar a retórica#
9ontudo$ Aristóteles$ discípulo de Clat-o$ restaurou parte
signicativa da :etórica Assim$ a retórica se assemelha, por um lado, < dialética, por
outro, aos argumentos sofsticos# Duer dizer, a retórica não se ocupa apenas do que é
persuasivo, mas tam%ém “do que parece s)*lo” E Retórica, +7AAa+8F .>/3$G$=1=3, 4558,
p#4+9# ; que significava, para ristóteles, que a retórica era mais uma faculdade de
considerar teoreticamente os meios possveis de persuadir ou de atri%uir verossimilhança a
qualquer tema ou assunto de que esta venha tratar# Kogo, perce%eDse que o o%Ceto da retórica
não são as verdades, mas as palavras e os discursos proferidos# ; domnio prático de certas
técnicas para que se consiga uma linguagem persuasiva#
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A mudan3a de rumos se deve e.atamente ao am/iente em ,ue as
duas técnicas se encontraram !n,uanto a retórica grega e.istiu em
am/iente democr2tico$ a oratória (,ue se originou tam/ém da retórica*
desenvolveuDse em am/ientes totalit2rios Cor isso$ no Frasil (/em como
em grande parte do mundo latino*$ "ratória ainda se refere a /usca da
/ele0a na fala (estilo*$ en,uanto retórica é denida como a “arte da
persuas-o”
:alar .e estudar9 de retórica, assim como sua história, não é uma coisa simples# &omo
várias são as formas de desenvolver a História, tam%ém são variados os tipos de retórica que
se destacam .e se destacaram9 ao longo da História# =m resumo, e a partir dos precedentes
e!postos, pode*se dizer que as concepções semInticas de retórica incluem" .a9 o estudo da
;ratória, do =stilo e do ;rnamento na eloqu)ncia, incluindo a a 0ramática, a poética e a
literatura# .%9 =la o%serva os princpios dos tipos de discurso aristotélico .deli%erativo ou
poltico, Curdico ou Cudicial e epidtico ou e!i%icional ou laudatório ou panegrico9 e as partes
do discurso latino .inventio, dispositio, executio, memória, pronuntiatio9# =studa .c9 as :iguras
de 1inguagem .relacionadas a palavras, frases, te!tos9 tais como a metáfora, sinédoque,
metonmia, ironia, etc#, e .d9 ela tam%ém se dedica ao estudo de 1ugares &omuns .topoi9, seCa a
partir da Tópica aristotélica .do contrário*/, do mais e do menos*/', dos diferentes sentidosdas palavras*'///, da indução*J, da refutação*J//, etc#9 e outros catálogos, ou da Tópica de
$heodor 'iehKeg em seu conhecido livro Tópica e Jurisprudência como método não de
convencer por meio da argumentação .como na retórica clássica9, mas de argumentar por
meio de “argumentos” aceitos socialmente pela maioria das pessoas e universalizar a lógica
dialética e chegar*se a um consenso#
/nclui tam%ém .e9 o estudo do uso persuasivo da linguagem, genericamente conhecido a
partir dos meios de persuasão aristotélica .ethos, pathos e logos9# =, não poderiam ficar defora as tend)ncias atuais da retórica como" .f9 a :ilosofia da argumentação de &haLm (erelman
.>etóricas9 e as $eorias da rgumentação .le!M e Ha%ermas9# = finalmente, a tradição
alemã, .g9 da metódica analtica de mensura%ilidade comparativa ou metódica prudencial
.allKeg9 e o método analtico que estuda o convencimento dos silogismos refutáveis
.deodato9, com suas retóricas material, estratégica e analtica, a retórica realista#
=m%ora didaticamente estas variadas feições possam ser estudadas e até usadas
separadamente, há um caráter intrnseco que une todas elas# -as, inegavelmente, algumas
vertentes polticas e filosóficas deram )nfase apenas a alguns aspectos, o que gerou pelo
menos duas fortes tradições filosóficas" a tradição ontológica e a tradição retórica#
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&onsiderações a respeito dessas duas tradições ficarão para outra ocasião, porém, a%raçando a
tradição retórica, se tomará especialmente Oltimo aspecto .g9 para, ao fim e rapidamente, tecer
as conclusões aqui propostas, ou seCa, mais do que o%servar detalhes lingusticos e
persuasivos .tam%ém muito importantes9 se procederá a uma análise estratégica a respeito das
descrições históricas a respeito do ensino da retórica#
4. Vertentes do ensino da retórica.
partir das informações precedentes é possvel fazer uma sntese para responder a
pergunta" quais as várias vertentes do ensino da retóricaP ;u seCa, pedagogicamente o%serva*
se que a retórica ocupou um espaço importante na formação do homem e do cidadão# -as, até
que ponto essa.s9 )nfase.s9 tam%ém não passa.m9 de uma estratégia dos próprios grupos, eseus interesses, que construram a HistóriaP ; que levaria as “escolas” a darem atenção a
determinados aspectos, ou nenhum, da retóricaP Qma análise desse tipo é e!tensa, mas um
pouco dela poderá ser perce%ida no item A deste tra%alho, em%ora em outros te!tos essa
análise possa ser mais aprofundada de forma pontual7#
&ontudo, de forma resumida e para os fins propostos aqui, e com todo respeito a
outras classificações, é possvel afirmar que tr)s são as vertentes de ensino da retórica que
compõem as várias tend)ncias do estudo da retórica ao longo da História# quais seCam" .+9 Aretórica textual, formal e ornamental que sintetiza a tradição mais difundida historicamente,
isto é, a retórica latina# =m%ora em alguns perodos, e quem sa%e um dos mais longos, esse
aspecto predominou nos manuais do falar e escrever %em# -as, pedagogicamente há escolas
de retórica te!tual que se dedicam a detalhamentos te!tuais muito especficos e pouco
difundidos nos estudos da linguagem entre os Curistas# =stas escolas não se dedicam apenas
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dediquem a te!tos escritos tam%ém são aplicáveis a te!tos orais, como a $eoria da =strutura
>etórica . Rhetorical Structure Theor96, a $eoria das >elações de &oer)ncia .Theor of
!oherence Relations9A e a $eoria 3egmentada da >epresentação do Riscurso .Segmented
"iscourse Representation Theor9@ que analisam sequ)ncias te!tuais narrativas, descritivas,
argumentativas e e!plicativas com a finalidade de o%servar o domnio da coesão te!tual, a
coesão gramatical ao nvel inter*frásico e ao nvel te!tual, através da analise de relações
retóricas que consideram os argumentos dessas relações uma correspond)ncia entre nOcleos e
satélites, ou orações ou frases, em termos sintáticos e que podem provir a partir de
informações le!icais#
Repois há .49 As retóricas das t#cnicas persuasivas e argumentativas que corporifica
a.s9 técnica.s9 aristotélica a partir do ethos, pathos e logos com as teorias da argumentação %aseadas numa retórica voltada < persuasão e que será %em entendida a partir do item A deste
estudo como Cá afirmado antes# Não há duvidas de que alguns estudiosos tam%ém se
dedicaram a correntes que estudam a retórica so% o aspecto da sedução 8 que não dei!a de ser
um tipo de persuasão# =, tam%ém .79 uma retórica anal$tica cr$tica da pequena tradição
' A Teoria #a Cstrutura Det)ri-a é uma teoria descritiva ,ue tem por o/jeto oestudo da organi0a3-o dos te.tos$ caracteri0ando as rela34es ,ue se
esta/elecem entre as partes do te.to previamente divididas em unidades ,ue serelacionam hierar,uicamente so/ ,uatro tipos de mecanismos= rela34es$es,uemas$ aplica34es dos es,uemas e estruturas
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retórica alemã, parcialmente difundida por estudiosos da Nova =scola >etórica do >ecife
.rasil9# =stes estudiosos, includos os autores deste livro, partem dos pressupostos de uma
retórica tripartida e dos postulados da sofstica clássica# respeito da tripartição retórica
deodato, que estudou e foi orientado por allKeg na lemanha, desenvolveu uma retórica
realista e radical para o estudo do Rireito# tripartição adotada por essa escola é inspirada em
allKeg que era fiel < tradição aristotélica e sempre achou que a retórica se reduziria aos
meios de persuasão e, por não %uscar a verdade, não teria uma atitude filosófica# allKeg
denominou as retóricas de materiais, práticas e analtica# deodato indo a desdo%ramentos
distintos as chamou de retóricas materiais, estratégicas e analtica que, são relacionadas a
métodos, metodologias e < metódica# (or sua vez, tanto allKeg como deodato se
inspiraram em :riedrich Nietzsche que tam%ém se referiu < retórica em tr)s nveis" a retórica
como d%namis .δγναµις9, a retórica como t#chne .τεχνη9 e a retórica como epist#me
.επιστηµη9# s influ)ncias da sofstica clássica são importantes porque precedem a redução
de ristóteles da retórica < persuasão#
5. Como os relatos vencedores destacaram o ensino da retórica?
evido B limita3-o deste te.to$ apenas uns poucos relatos
escolhidos ser-o apontados nessa vis-o panormica da história do estudoda retórica "u seja$ um pouco do ,ue chegou a nós desse possível estudo
da retórica a partir da Précia antiga e seus sostas$ um pouco tam/ém da
:oma antiga$ da 8dade 6édia e 6oderna e na contemporaneidade
5.1. O estudo da retórica na Grécia Antiga ou na ntiguidade &lássica#
5.1.1 A influência dos Sofistas.
Na 0récia antiga são conhecidos os principais grupos que detinham e difundiam osa%er" os filósofos e os sofistas, estes Oltimos tam%ém filósofos, mas não a%ertamente
T A retórica tam/ém é estuda para variadas formas de comunica3-o$ isso incluios media$ a pu/licidade$ a política e a losoa$ o direito e a literatura$ a conversa,uotidiana e as ideologias$ entre outros ,ue apelam B sedu3-o e B emo3-o @-oe.emplos desses estudos as pu/lica34es de 6ichel 6eMer$ 4uest(es deRet%r!"a 5 L!nuaem- Ra67o e Sedu'7o. Co!m/ra, !di34es Almedina$ %&&Te Pra0iela Facchi 5ora @edu3-o e convencimento= revalori0a3-o do elementoretórico pathos como a/ertura de perspectiva para o tema da seguran3a jurídica
8n= A!"A#"$ Yo-o 6aurício (org* A ret%r!"a de Ar!st%teles e o d!re!to=/ases cl2ssicas para um grupo de pes,uisa em retórica jurídica 9uriti/a$ C:=9:7$ %&1'
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1N
reconhecidos pelos primeiros por causa de sua aversão < retórica# primeira frase do livro de
Riórgenes 1a)rtios .455B, p# +79 afirma, ou pelo menos tenta refutar a afirmação de que, “o
estudo da filosofia começou entre os %ár%aros”, ou seCa, entre os povos que não falavam a
lngua grega# =m sua descrição desses sá%ios surge algo interessante que é a refer)ncia aos
indianos “ginosofistas”S uma indicação de uma relação entre a filosofia e os sofistas, e isso
não apenas entre os gregos# (orém, os ensinamentos desses primeiros “sofistas” estavam mais
voltados a enigmas, deuses e ascetismos que propriamente a uma filosofia, mas estes Cá
pregavam a Custiça e desenvolveram acepções de impiedade e ilicitude .1T>$/;3, 455B, p#
+69# =m%ora 1a)rtios não inclua o termo “sofistas” entre as escolas ou seitas filosóficas, ele
inclui e descreve os céticos, como aqueles que alegam que não se podem conhecer as coisas#
inda, afirma que “(itágoras foi o primeiro a usar o termo e a chamar*se de filósofo” pois, “oestudioso dessa matéria Esa%edoriaF rece%ia o nome de filósofo”S e continua" “outro nome
dado aos sá%ios era UsofistaV, e não somente para os filósofos mas tam%ém para os poetas”
. &'idem, p# +A9# -ais que isso, em seu livro /J ele inclui sofistas como Heráclito, (rotágoras
e (irro entre os filósofos esporádicos . &'idem, p# 4A+ e ss#9 Restes filósofos pré*socráticos
so%rou pouca coisa como as refer)ncias desta o%ra do século /// d#
inda assim, se pode deduzir que os sofistas faziam filosofia e retórica, em%ora
muitos retóricos para se afastarem da tradição dogmático*ontológica nem mais acreditassemque faziam filosofia# =sta tam%ém é uma tese de deodato, retórica é filosofia, em%ora se
oponha < filosofia ontológica, que é apenas parte de um todo# Rominando os relatos, os
ontológicos apossaram*se da filosofia a tal ponto que os próprio retóricos passaram a acreditar
que não faziam filosofia, pois esta consistiria na %usca da verdade .R=;R$;, 45+6, p# 49#
-as, filosofia é pensar refle!ivamente, em%ora, nem todo tipo de pensamento refle!ivo seCa
filosófico# 3e a filosofia procura a verdade, e a retórica não v) sentido nesse conceito,
evidentemente a retórica está fora da filosofia .R=;R$;, 45+6, p# 6*A9#lém dos filósofos dogmáticos, aqueles que faziam asserções acerca de coisas no
pressuposto de que elas podem ser conhecidas, os céticos .que alegam que não se podem
conhecer as coisas9 se dividiam em decorr)ncia dos princpios que defendiam em zetéticos
.%uscam sempre9, céticos .indagam e nunca chegam a uma conclusão9, eféticos .por causa do
estado mental su%sequente < indagação, a suspensão do Cuzo, ou seCa $ sua prática pela
disposição do Cuzo produzida pela investigação, mas sem nunca dei!ar de %uscar uma
resposta9 e aporéticos .por causa do constante estado de perple!idade ou em constante
“indecisão” ou dOvida9# =sse tipo de ceticismo é metodológico e estratégico# ;s retóricos
eram .e são9 mestres na erstica, aquela arte de discutir, mais precisamente, a arte de discutir
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1H
de modo a vencer, e isto per fas et per nefas# Ressa forma, não ca%em definições dentro do
seu relativismo# &omo Cá dizia 1a)rtios" “os céticos empenhavam*se constantemente em
demolir todos os dogmas das escolas, e nunca se e!pressavam dogmaticamernte# 1imitava*se
a apresentar e a e!por os dogmas dos outros sem Camais chegar a definições, não afirmando
sequer que não faziam qualquer definição# 3endo assim, eliminavam até o não*definir, e
portanto não afirmavam" UNada definimosV, porque, se assim não fosse, estariam dessa
maneira dando uma definição” .1T>$/;3, 455B, p# 48+9#
=m%ora acarrete imprecisões classificar os pensadores antigos nessas duas categorias
.ontológicos e retóricos9, é mais e!agerado ainda dizer que os sofistas nada tinham em
comum e!ceto o fato de serem mestres profissionais# ; historiador escoc)s e professor de
:ilosofia ntiga da Qniversidade de &am%ridge, William Xeith &ham%ers 0uthrie afirmouque" “um assunto pelo menos todos eles praticavam e ensinavam em comum" a retórica ou a
arte do logos” .0Q$H>/=, +??A, p# 6@9# =ssa arte, a oratória ou a retórica, que eles
praticavam e ensinavam pessoalmente, tam%ém era e!posta em manuais escritos .technai9 e
a%arcavam tanto a argumentação retórica como o uso correto da linguagem em geral# -estres
como 0órgias, (rotagoras, =ueno de (aros, Hpias, ntstenes, Heráclito, na!ágoras e
Jenofonte, além da retórica, ensinavam a arete .que tinha como pré*requisito o discurso
persuasivo9, a arete poltica, a poesia, matemática, mOsica e astronomia .0Q$H>/=, +??A, p#6@*689#
;s filósofos pré*socráticos tinham interesses mais semelhantes aos atuais teóricos de
fsica, qumica, %iologia ou astronomia, e, se pareciam mais com os modernos cientistas# :oi a
chamada “virada socrática”, denominação que segundo deodato é considerada apenas
parcialmente válida, posto que a nova atitude foi adotada tam%ém pelos sofistas, que colocou
a ação humana no centro das preocupações filosóficas .R=;R$;, 45+6, p# 69# 3e o seu
interesse pela filosofia natural não é reconhecido, não se pode duvidar que estivessemfamiliarizados com os escritos dos filósofos e sua perspectiva geral# &onheciam %em o
racionalismo, a reCeição da causação divina, tinham tend)ncia ao ceticismo, como visto antes,
e se preocupavam com a antropologia, a evolução do homem como produto da natureza e o
desenvolvimento da sociedade e civilização humanas# perspectiva filosófica geral que
partilhavam pode ser descrita so% o nome de empirismo .0Q$H>/=, +??A, p# 68, 6?9#
5.1. As !escolas" gregas.
lém dos ensinos itinerantes dos sofistas, as “escolas” gregas tam%ém ensinavam a
retórica, pois, um homem de “sucesso” era aquele que, primeiramente prevalecia na poltica e
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em segundo lugar na esfera forense e para isso era necessário persuadir# ssim, a arte da
persuasão . (eitho, que 2squilo chamou de “a feiticeira < qual nada se nega”9 veio a permear
as “escolas” gregas, em%ora pouco registro se tenha .0Q$H>/=, +??A, p# A+9# ; mais notório
é o conCunto de compilações feitas por ristóteles#
Na época de ristóteles duas grandes “escolas” disputavam a prefer)ncia dos Covens" a
escola de /sócrates, que era voltada para a vida poltica, e (latão e sua Academia, com
prefer)ncia < ci)ncia .episteme9 como fundamento da realidade# &om a morte de (latão .em
768 a# , a direção da Academia passou para =speusipo que começou a dar ao estudo
acad)mico da filosofia um viés matemático# (or discordar desse enfoque, ristóteles dei!ou
tenas e se dirigiu, provavelmente, primeiro a tarneu e depois para ssos# Re 768 a#& a 76A
a#&, dirigiu uma escola em ssos, Cunto com Jenócrates, =rasto e &orisco e depois .em 76Aa# conheceu $eofrasto e com sua cola%oração dirigiu uma escola em -itilene, na ilha de
1es%os# Repois de tutelar le!andre da -acedYnia, =m 77A a# ristóteles fundou sua
própria escola em tenas, em uma área do templo e do ginásio dedicado ao deus polo 1cio,
e, por isso, rece%eu o nome de )iceu# 3eus discpulos mais tarde foram chamados de
peripatéticos# ;s mem%ros do )iceu realizaram pesquisas a%rangentes e condizentes com seu
esprito enciclopédico, incluindo a retórica#
retórica de ristóteles teve uma enorme influ)ncia so%re o desenvolvimento da arteda retórica# Não apenas so%re os autores que escrevem na tradição peripatética, mas tam%ém
so%re os famosos professores romanos de retórica, como &cero e Duintiliano, que usaram
elementos da persuasão aristotélica#
2 na o%ra Retórica de ristóteles que se assentam os primeiros dados cuCa articulação
passa a definir a >etórica como a “faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode
ser capaz de gerar a persuasão”, mas que, o principal é a arte das provas, isto é, a ha%ilidade
de discernir, em cada questão, o que seCa apto a persuadir o auditório .$=11=3 Z[N/;>,455A, p# +6, 779#
Na introdução do 1ivro / de sua Arte Retórica, ele se refere < possi%ilidade se ter uma
técnica da retórica, de um método rigoroso não diferente do que seguem as ci)ncias lógicas,
polticas e naturais# ssim, nos assuntos em que os sofistas estavam primariamente
interessados, o ponto de vista de ristóteles estava de muitas formas mais pró!imo ao deles
que o de (latão .0Q$H>/=, +??A, p# A69#
5.. O estudo da retórica na #oma Antiga.
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%1
$anto na 0récia quanto em >oma, o direito de se e!pressar foi um elemento
fundamental para a afirmação do homem na comunidade# =m >oma, muitos polticos
construram sua carreira e se tornaram notáveis pela própria força de e!pressão# -uitos deles
utilizaram*se dos seus dotes oratórios para promover mano%ras polticas segundo interesses
partidários ou pessoais# ;s latinos tornaram a arte da eloqu)ncia uma disciplina lingustica
por e!cel)ncia, e produziram mestres como &cero e Duintiliano, que marcaram para sempre
os estudos retóricos#
=m >oma, dentro do conte!to de helenização geral da cultura, a arte retórica inseriu*se
com vigor a partir do século // a# pesar da resist)ncia de setores conservadores romanos,
o ensino da retórica, por muito tempo reservado a pequenos crculos, começou a se disseminar
.X>-, 455?9# &cero e Duintiliano que eram advogados foram os e!poentes em latinizar edifundir a retórica# ;s dois desenvolveram sistemas retóricos que dialogaram com o modelo
aristotélico resgatando para o campo da retórica as questões referentes < virtude civil e < ética#
(ara &cero, ao lado da razão, que permitia desvendar a verdade, a eloqu)ncia seria
indispensável por sua força persuasiva# (or outro lado, Duintiliano incorporou < arte de falar
%em um elemento valorativo, vez que, para ele, não se poderia atri%uir < retórica a qualidade
de ser o mais %elo dos ofcios se ela gerasse perversidades# tradição latina da retórica foi
preservada e difundida principalmente pela compilação do Rireito >omano, no !orpus &uris!ivilis de Zustiniano ./;>/; :/1H;, 455@, p# 84A9# -as, o tratado mais antigo preservado de
retórica latina até os dias atuais é a Retórica a *erenio .?5 a# e, que por muito tempo teve
sua autoria atri%uda a &ceroB, significou algo mais" ela foi escrita em latim como e!pressão
de um movimento de li%eralização popular# /sso significou uma popularização do sa%er
retórico em >oma# ntes a retórica estava adstrita oma naquela época a ensinar todas as disciplinas em latim# lém disso,
a Retórica a *erenio .livro /'9 foi o primeiro tratado a sistematicamente se dedicar
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de linguagem .sessenta e quatro figuras9 su%divididas em figuras de dicção e figuras de
pensamento# &aracterstica que se desviou da tradição persuasiva#
Não é difcil perce%er que a dedicação < retórica envolvia interesses forenses e
polticos de classes privilegiadas, mas sua popularização a%riu um leque em relação ao seu
ensino, mesmo que ainda para determinados grupos#
5.$. O estudo da retórica na %dade &édia.
Retórica a *erenio ganhou ainda mais popularidade na /dade -édia# 2 sa%ido que a
união poltico*religiosa entre >oma e o &atolicismo cristão e!igiu mais de persuasão que de
discernimento, portanto, esta%eleceu*se uma relação com a religião para a confecção de
“sermões” o que fez com que a retórica fosse ensinada nos mosteiros e seminários a partir dos
princpios latinos# =ssa popularização da retórica se deveu em parte pela própria confusão a
respeito da autoria da Retórica a *erenio e, mais ainda, pela recomendação dada por 3ão
ZerYnimo# =sse te!to se tornou inclusive o te!to padrão para o estudo da retórica no Trivium#?
s principais o%ras dessa porção de estudo vieram %asicamente de tr)s fontes" a Retórica a
*erênio, a "outrina oratória . &nstitutio oratoria, de Duintiliano9 e a tradição cristã .desde
3ão ZerYnimo E765*645 d#F até 3anto gostinho E7A6*675 d#F9 que retransmitiram a ética
clássica aos medievais, ZerYnimo através de suas cartas .>N3, +??79 e gostinho em suas
!onfiss+es .0;3$/NH;, +??59#
/sidoro de 3evilha .A@5*@7@ d# , por fim, fortaleceu a ponte entre os dois mundos, e
dedicou um livro de suas timologias .1ivro //9 < >etórica e < Rialética# Nele, o %ispo
realizou uma importante compilação de e!certos e circunscreveu a >etórica ao discurso
forense, sem, contudo, a%andonar seu cariz ético# 3ua o%ra tam%ém foi muito difundida e
consultada ao longo de toda a /dade -édia# partir de então, o estudo da >etórica ficou
restrito ao universo monástico, ou seCa, tanto educandos quanto educadores, salvo rarssimas
e!ceções, não a colocavam em prática# /sso só ocorreria a partir do século J/, quando a
>etórica passou a ser utilizada na composição de cartas e documentos, e tornou*se uma
epistolografia" era o nascimento da ars dictaminis .ou dictandi9 .&;3$, 455B, p# 69#
Zuntamente com a ars dictaminis .a arte epistolar9 tiveram origem tam%ém a ars
praedicandi .ou a arte da predicação, ou dos sermões9 e a ars poetriae .a gramática preceptiva
H " Tri+ium foi o nome dado na 8dade 6édia ao conjunto de tr+s matériasensinadas nas Universidades emergentes no início do percurso educativo=
gram2tica$ lógica e retórica " trívio representa tr+s das sete artes li/erais$ asrestantes ,uatro formam o 6ua#rí+io= aritmética$ geometria$ astronomia emsica
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%)
ou a retórica da versificação9 para comporem a arte do discurso da /dade -édia .-1='1,
455@, p# 49# 2 importante repetir que, para a aceitação e prestgio da >etórica entre os cristãos,
inclusive para que ela fizesse parte das disciplinas do Trivium foi fundamental a posição de
3anto gostinho que a defendeu veementemente de seus opositores, considerando*a um
eficiente meio de catequese das almas e canalizando*a para o ensino das virtudes cristãs# Na
verdade, gostinho afirmou que era vantaCoso ensinar*se de modo claro, agradável e
persuasivo as verdades cristãs# 2 a “nova” retórica da predicação, que dei!ando os aposentos
da poltica e dos fóruns, passou a ha%itar predominantemente nas “igreCas”#
Zames Z# -urphM .citado por -aleval .455@99 afirma que durante a /dade -édia cerca
de trezentos tratados de retórica foram produzidos com a finalidade de esta%elecer a prédica, a
pregação# =sse autor destaca os tratados de autores como le!ander de sh%M, $omás&ha%ham, >icardo de $hetford, Zoão dela >ochelle, 0uilherme de uvernia, Zaques de 'itrM,
rnoldo de (ódio, Zoão de 0alles e 0ualtério de (aris entre outros# $am%ém ressalta que nas
universidades se desenvolveu o sermão universitário dirigido aos clérigos das :aculdades de
$eologia, em%ora a predica, claro, não se limitasse
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ensino “superior”, a retórica foi includa e para o acesso aos ensinamentos de 1eis, o Rireito,
o estudo da retórica foi pré*requisito o%rigatórioS necessário que era ser aprovado nos cursos
preparatórios aos cursos Curdicos#
Re +AAA até +884 os Cesutas “dirigiam” o ensino na Qniversidade de &oim%ra, em
(ortugal# partir desse ano, com a reforma pom%alina, passaram a vigorar os Novos =statutos
daquela escola, e só em +B7@ é que foi criado o “curso de Rireito” em (ortugal, dei!ando de
e!istir a divisão entre as faculdades de 1eis e &Inones, pois os estatutos pom%alinos de +884
não promoveram a criação de tal curso# ntes, como visto, o ensino Curdico estava dividido
em duas faculdades, a de 1eis e a de &Inones que se concentravam, respectivamente, nos
estudos de Rireito >omano .!orpus &uris !ivilis9 e de Rireito &anYnico .!orpus &uris
!anonici9# ; curso de Rireito apenas somou o estudo do Rireito >omano ao estudo das 1eis#; Rireito &anYnico e a :ilosofia ficaram, por um longo tempo, adstritos < $eologia#
No rasil o padre -anoel da Nó%rega, chefiou a primeira missão Cesutica < mérica,
e após a chegada ao novo continente construiu uma escola em 3alvador\ onde quem
lecionou foi o padre 'icente >odrigues# (or mais de duzentos anos a educação ficou a cargo
dos religiosos e em especial dos Cesutas# Duando os Cesutas foram e!pulsos de (ortugal so% o
discurso do “interesse da li%ertação da ortodo!ia religiosa e sufocante do escolasticismo que
se irradiava até nos assuntos seculares” .RV]='=R;, +?44, p# +48 ^ +659,
eles o foramigualmente na colYnia, mas com a finalidade de preCudicar essa parca instrução .-=/>,
+?8?, p# A49, que, tornou o que era “ruim” na colYnia, ainda pior# ;s franciscanos passaram a
suprir a lacuna dei!ada pela e!pulsão Cesuta do território %rasileiro# 3eu ensino se limitava ao
ensino de lnguas, filosofia e religião# &ursos Curdicos não e!istiam ainda# Duem quisesse
estudar Rireito ainda precisava atravessar o tlIntico e %uscar as universidades ou de
&oim%ra ou da :rança e /tália# =ra de &oim%ra que o Rireito portugu)s e as fontes romanas se
irradiavam para as terras %rasileiras#pós a queda de (om%al e sua reforma, a -etrópole instituiu as ulas >égias# Há
refer)ncias a escolas, religiosas e seculares, com alguns cursos, que ensinavam tam%ém a
retórica, em 3ão (aulo, em -inas, em ;linda e no >io de Zaneiro# -as, o ensino superior
dependia totalmente de (ortugal# penas quando R# Zoão '/ veio para o rasil, instituram*se
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algumas escolas superiores++, mas foi com a independ)ncia do rasil que houve a necessidade
de formar os %rasileiros na nova origem# ;s cursos de ;linda e 3ão (aulo foram propugnados
por carta de lei, votada pela ssem%leia 0eral e sancionada pelo imperador R# (edro / .+8?B
^ +B769# través dela, em ++ de agosto de +B48 foram escolhidos os locais" 3ão (aulo e
;linda# m%os em casas religiosas# 3eguindo a tradição lusitana, o artigo B_ dessa lei
prescrevia que os interessados em se inscrever nesses cursos Curdicos deveriam ser aprovados
previamente na lngua francesa, na gramática latina, na retórica, na filosofia racional e moral,
e na geometria+4# (ara tal, o artigo ++ criava tam%ém nas cidades de 3ão (aulo e ;linda,
(ernam%uco, estudos preparatórios dessas cadeiras+7#
(orém, com o passar dos anos, com a predominIncia das matérias dogmáticas legais
nos cursos de Rireito no rasil, mais e mais as disciplinas humansticas e filosóficas foram perdendo espaço, e, se a retórica nunca foi ensinada no curso de Rireito, ela .a retórica9
terminou perdendo seu espaço até como requisito de ingresso para o mesmo#
(erce%e*se assim, que desde o passado, na educação, os estudos de gramática,
literatura, direito e filosofia foram controlados pela /greCa, que Cunto com o =stado, em maior
ou menor medida, deles se utilizaram para efetivar sua dominação# ; estudo da retórica, no
sentido de um meio esclarecido de compreensão e comunicação, foi um dos alvos desse
sistema# Revido a sua importIncia, esse controle, que sempre esteve muito velado, %uscou
evidenciar um preconceito+6 contra a própria retórica para camuflar*se# ssim, paulatinamente
desestimulou drasticamente sua prática e influ)ncia, razão porque seu estudo não é difundido
nas escolas de Rireito, e isso não só no rasil, e, com raras e!ceções, só é estudada no curso
de 1etras, quase que como parte de um passado, e na (ropaganda .-ar`eting9 atualmente#
11 A Academia :eal da 6arinha (1N&N*$ a Academia :eal 6ilitar (1N1&*$ aAcademia 6édicoD9irrgico da Fahia (1N&N*$ a Academia 6édicoD9irrgico do :io
de Yaneiro (1N&H*$ o !nsino de uímica no :io de Yaneiro$ (1N1%*$ o !nsino deAgricultura (1N1%* e de Fotnica (1N1'* e arm2cia (1N1'* na Fahia$ e da !scolade Felas Artes em 1N1I
1% “Artigo N`= "s estudantes ,ue se ,uiserem matricular nos 9ursos jurídicosdevem apresentar as certid4es de idade$ por ,ue mostrem ter a de ,uin0e anoscompletos$ e de aprova3-o da língua francesa$ gram2tica latina$ retórica$ losoaracional e moral$ e geometria” 9itado por 6!8:A$ 1HTH$ p
1) “Artigo 11= " Poverno criar2 nas cidades de @-o Caulo e "linda as cadeirasnecess2rias para os estudos preparatórios declarados no art N`” 9itado por6!8:A$ 1HTH$ p
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5.5. ,a contem-oraneidade.
Qm dos primeiros lampeCos de lucidez que reagiria contra a condenação tradicional da
retórica partiu de um Covem professor de filologia na asiléia chamado :riedrich Nietzsche#
Nos seus escritos de +B84 a +B88, por inspiração de suas leituras da antiga retórica greco*
latina, Nietzsche apontou a importIncia da retórica e de seu estudo para a filosofia# No fundo,
ele perce%eu que a atividade filosófica era inseparável da refle!ão so%re a linguagem# =le
chegou < conclusão, a partir de sua tripartição retórica, de que a linguagem é uma função
%asicamente retórica, essencialmente fundada so%re a opinião .dóxa9, e não so%re a ci)ncia
.epistême9# 2 evidente aqui a retomada do de%ate antigo entre sofstica e filosofia# ;s gregos
haviam criado o am%iente poltico e cultural propcio para a valorização social dos discursos e
do poder da palavra, e isso se perdeu com a modernidade# Nietzsche evidentemente preparou
uma rea%ilitação da retórica como instrumental crtico do conhecimento, mas suas anotações
acerca do tema não tiveram grande repercussão até o incio do século JJ, e como autor e
filósofo, ele não se tornaria então conhecido por causa de sua defesa da retórica#
tualmente há um sil)ncio da retórica nas escolas+A, vez que, do fim do século J/J até
os anos A5 do século JJ seu ensino foi suprimido, mesmo com o surgimento da virada
lingustica e a Nova >etórica# virada lingustica .em ingl)s" linguistic turn9, ou giro
lingustico, teve seu foco na filosofia e na relação entre filosofia e linguagem# Re acordo com
1' Um e.emplo do parado.o ,ue foi (e é* ensinar a retórica e ao mesmo tempo difundir omal do seu uso foi a prega3-o de :amom Klull desde a 8dade 6édia
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>ortM, a frase the linguistic turn .a virada lingustica9 foi criada pelo filósofo austraco
0ustav ergmann# 1udKig Wittgenstein pode ser considerado um dos idealizadores da virada
lingustica, mas outros pensadores tam%ém estão associados a ela, tais como :erdinand de
3aussure, Zudith utler, 1uce /rigaraM, Zulia Xristeva, -ichel :oucault e Zacques Rerrida# =la
constatou que a linguagem “constitui” a realidade e não a intuição, o que é contrário a grande
parte da tradição ocidental da filosofia#
Qma das teses mais conhecidas da retórica é -ova Retórica de (erelman que
sedimentou*se como uma teoria do processo de argumentação, cuCos limites permanecem
ine!istentes, onde cada frase tem uma conclusão clara e o%Cetiva dando, todavia, oportunidade
para a refle!ão a seu respeito pelos participantes# argumentação contém vários estágios e,
assim, perpassa por considerações tanto práticas quanto intelectuais, e!altando o viésrefle!ivo, meditativo e até hesitante do pensamento# (ara (erelman, a construção de uma
teoria da argumentação adviria necessariamente da lógica aristotélica, conce%ida Cá para
funcionar como uma teoria geral do discurso, utilizando*se dos raciocnios retórico e
dialético#
(orém, no rasil, recentemente, Cuntamente com o despertar ocorrido no mundo
ocidental, novos estudos do Rireito se voltaram para o estudo da retórica# 2 interessante notar
que esses estudos estiveram .estão9 vinculados tam%ém < :ilosofia do Rireito, < $eoria 0eraldo Rireito e < Hermen)utica e /nterpretação Curdica# =ntre professores, filósofos e Curistas,
ca%e citar $ércio 3ampaio :erraz Zunior e Zoão -aurcio deodato# ; professor $ércio foi
orientador do professor Zoão -aurcio e envolvido pelo pensar teórico e a lingustica
pertinentes ao Rireito não pYde dei!ar de impressionar seu orientando# ; professor deodato,
isolado por sua opção retórica, é um pensador que arranca da alma sua impressão da
circunstIncia e a converte em conceito# partir de uma intransigente dOvida cética quanto a
uma verdade essencial, sua tese retórica, realista, aponta para reconstruções retóricas dodireito .tópica Curdica, teoria da argumentação9, porque desconstrói até mesmo as próprias
construções retóricas, ao fazer da retórica um o%Ceto em si mesma .:=>>] ZQN/;>, 45+6,
p# JJ/// ^ JJ'//9# lém disso, ao elevar a retórica ao nvel de uma filosofia do
conhecimento e da ética, sua retórica realista radicaliza de forma que insere definitivamente o
historicismo, o ceticismo e o humanismo e afasta de vez as certezas incutidas pelas
concepções dominantes de senso comum, religião e ci)ncia, os milenares adversários da
retórica, a%rindo caminho para uma ética retórica da tolerIncia .R=;R$;, 45+6, p# JJ//9#
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$odavia, como visto, o ensino da retórica como forma de pensar o Rireito não voltou
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com grande mérito$ a retórica como estratégia$ erística ou persuas-o$
contudo$ n-o d-o o passo radical da retórica material$ ,ue é$ compreender
a realidade do mundo como relato vencedor (A!"A#"$ %&1'$ p GG8*
" estudo da retórica é li/ertador !le pode$ ao menos$ “iluminar” a
mente a m de ,ue uma pessoa n-o seja “marioneti0ada” em suas
convic34es !m adi3-o a isso$ se o “direito” tam/ém aspira dirimir e
controlar con>itos dentro de uma sociedade comple.a$ além do “/em” e
do “mal”$ o estudo apropriado de disciplinas 0etéticas pode suprir a
necessidade da emancipa3-o do ireito em rela3-o B política$ B religi-o e
a outras ordens normativas !sta é tam/ém uma das li34es ,ue ca da
o/serva3-o do >u.o da retórica da história da retórica
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