Post on 30-Jul-2015
Na edição anterior, contei como
iniciamos o programa de restauro dos
principais prédios de importância
histórica, arquitetônica e cultural de
Bagé.
Lembrei que opiniões publicadas na
imprensa levaram nossa equipe a mudar
o foco na busca de recursos para
programas culturais. Hoje, depois de já
ter abordado neste espaço os processos
de recuperação do Museu Dom Diogo de
Souza, do Coreto e do Imba, vamos falar
das intervenções em outros prédios,
ações que deixaram nossa cidade mais
bonita e que serviram de inspiração para
que proprietários de imóveis particulares
também fizessem o mesmo.
Antes de mais nada, é necessário
resgatar a qualidade dos técnicos,
engenheiros e arquitetos, os grandes
responsáveis pelo sucesso desses
empreendimentos. Falo de pessoas
como Adenaor Cassali, Cristina Wayne
Britto, Joelma Lemos Silveira, Magali
Nocchi Collares, Marlon Lameira, José
Memórias de um tempo
O brinde que deu problema
Eduardo Torrescasana, Maria de Fátima
Schmidt e Margot Jardim. Uns, como
servidores municipais, foram os fiscais
das obras. Outros, profissionais
autônomos, aceitaram o desafio de
elaborar os projetos para que
pudéssemos captar os recursos. Era um
contrato de risco. Receberiam pelos
projetos se obtivéssemos sucesso na
captação dos recursos. A comemoração
O restauro da Casa de Cultura Pedro
Wayne, que leva este nome graças a
projeto de minha autoria, do tempo em
que ainda era vereador, atendendo
sugestão do jornalista Mário Pinheiro, foi
patrocinado pela Eletrobrás, em 2006.
Foi um investimento de R$ 360 mil com
contrapartida da prefeitura.
Convidamos o diretor da Eletrobrás,
Walter Cardeal, para prestigiar a
inauguração da nova Casa de Cultura.
Tínhamos, à época, o programa Em
Ação, veiculado aos finais de semana,
em toda a mídia de Bagé. Era uma
prestação de contas do que fazíamos
com o dinheiro público e servia de
estímulo para que os contribuintes
pagassem os tributos, reduzindo a alta
inadimplência que encontramos. O
representante do Ministério Público à
época, entendia, ao contrário de nós,
que servia como promoção dos agentes
políticos.
Cenas captadas pelo câmera Mário
Pereira foram para a edição na
Stratégia, agência responsável pela
conta da prefeitura. O editor substituto -
pois o titular estava em férias - achou
bonita uma cena em que eu aparecia
brindando com o cardeal e colocou no
VT que iria ser veiculado na TV Bagé. Por
uma falha involuntária, não enviaram o
material para a revisão do Marcos Pérez,
nosso coordenador de Comunicação, e
foi ao ar. Soou, no Judiciário, como
provocação, o que nos deu muita dor de
cabeça.
Memórias de um tempo
O portão
Outro prédio que restauramos foi o
da prefeitura municipal. Entre os anos
de 2007 e 2008, com o patrocínio da
Petrobrás, investimos ali R$ 1,5 milhão.
Além do restauro, foi necessário,
igualmente, promover intervenções nas
partes elétrica e hidráulica do prédio,
além da criação de uma rede lógica.
Também criamos um anexo, onde
instalamos o Gabinete de Gestão
Integrada Municipal (GGIM).
Aqui, um dos aspectos mais
pitorescos foi o convite que fiz ao ex-
prefeito Carlos Sá Azambuja para visitar
o prédio durante a obra. Precisava
convencer a arquiteta Magali Nocchi
Collares Gonçalves, responsável pelo
projeto, de que não deveríamos
transferir a porta do salão de atos da
prefeitura para a entrada do prédio, seu
lugar original. Defendíamos que deveria
continuar guarnecendo o principal
acesso à prefeitura o grande portão de
900 quilos de ferro e 600 quilos de
bronze, doado ao município pelo
saudoso Roberto Magalhães Suñe, que o
havia adquirido de um antigo banco
uruguaio. Eu, como prefeito, tinha a
palavra final, mas sempre respeitei a
opinião dos técnicos.
Lembrei, então, do grande amor que
Azambuja tinha, a seu modo, pela
cidade. Não titubeei e fiz o convite para
uma visita, acompanhado da Magali.
Relembrou que o portão fora colocado
na entrada para preservar o original, de
Memórias de um tempo
*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.
madeira. Infelizmente, disse ele, nem
todos os governos são como o de vocês,
que preserva o patrimônio público. Por
isso, resolvemos proteger a porta da
intempérie, pois, submetida ao sol e ao
vento, não duraria muitos anos. Explicou-
nos as inscrições que havia no portão de
madeira e convenceu a arquiteta de que
a melhor solução seria aquela que eu
também defendia.
Esta foi a primeira vez que falei
pessoalmente com meu adversário de
tantos tempos na política de Bagé.